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Revisada por: Selene 🧚‍♂️ (Mia) | Capítulos 11 e 12: Sagitário♐

Última Atualização: 07/03/25

"Walkin' out of time
Lookin' for a better place
Something's on my mind
Always in my headspace"


— Lovely, Billie Eillish


A vida é mesmo uma coisa doida. Com todas as minhas décadas de vida e tudo o que já presenciei, nunca imaginei que chegaria a esse momento. Nunca pensei que encontraria em minha antiga casa, castigada pelo tempo, as respostas que tanto procurei. Meus pais me deixaram cedo demais. Você deve estar pensando, como assim cedo? Bem, hoje fazem 150 anos que perdi meus pais tragicamente. Nesse momento, estou aqui, sentada no chão do sótão da minha casa. Cômodo este que desconhecia a existência até 5 minutos atrás.

Meus pais sempre foram muito amorosos, mas tinham também muitos segredos. Esse é o motivo de terem sido brutalmente assassinados. Aparentemente, o local em que estou abriga todos eles. Pego em minhas mão a caixa de madeira com meu nome, já está muito deteriorada pelo tempo, mas está inteira. Nota-se que pensaram com antecedência em deixar tudo que precisaria um dia, todas as minhas respostas estavam aqui? Só há um jeito de descobrir.

Com delicadeza, abri a caixa. Há uma leve camada de poeira dentro do compartimento. Junto com duas cartas e dinheiro. Uma caixa tão trabalhada para ter apenas isso dentro dela? Abro uma das cartas, prestando muita atenção ao que parecem ser as ultimas palavras de meu pai.

, se está lendo essa carta, é porque eles nos encontraram. Estamos mortos e você está sozinha no mundo para entender os seus poderes e controlar sua natureza. Tenho velhos amigos que poderão te ajudar, no verso desta carta está o nome do líder do Clã. Espero que consiga encontrá-los apenas pelo nome dele. Como fazem décadas desde que nos encontramos pela última vez, não tenho ideia de onde podem estar residindo. Eles são como eu, então não representam nenhum perigo para você. Leve esta carta com você quando encontrá-los. Sabemos que vai conseguir, confiamos em você, . Não deixe que eles te achem, lembre-se disso. Somos parecidos, sei o que está sentindo, você quer vingança. E terá, mas não agora. Tenha paciência, treine, se aperfeiçoe. Você não veio de onde veio em vão. Seus genes são poderosos, e por isso que não pudemos ficar com você por muito tempo. Você é valiosa demais para ter o mesmo fim que nós. Não se esqueça de viver. Chore, sorria, viva e, principalmente, ame. Espero que encontre o seu prometido, como eu e sua mãe nos encontramos. Pode não gostar da ideia, mas não resista a ela mais, pare de bloquear a magia. Deixe-a fluir, não sabe o que está perdendo. Permita-se amar e ser amada. Assim como nós amamos você. Fique bem.

- Com amor, papai.

Terminei de ler a carta com lágrimas nos olhos, que logo secam - Ótimo Bjorn, me deu várias informações hein, muito obrigada. - Disse para o além, afinal, estava sozinha naquela casa. Deixei a carta de lado, para poder procurar na internet em que lugar aquele homem estava, esperando que, quando fosse ao seu encontro, ele me aceitasse e me ajudasse a treinar. Deixo a carta de lado e vou para a segunda, ela é breve, está mais para um bilhete do que uma carta em si.

Olá, filha, acredito que já tenha lido a carta de seu pai. Só queria te dizer que eu me orgulho muito da mulher que se tornou. Você é forte, é guerreira, herdou e muito, diga-se de passagem, os genes do seu avô. Fico feliz em saber que consegui passar para você, pelo menos essa parte, uma vez que você é uma copia de seu pai. Tenho apenas um conselho para te dar: Lembre-se quem é, de onde veio. Você pode muito mais, pode unir os dois mundos. Seu nome não foi dado ao acaso, você sabe de suas origens. Minha terra natal sempre será o seu lar, chegou a hora de ir atrás de suas origens. Saberão quem você é quando chegar lá, a magia é muito forte. Lembre-se das histórias que te contei. Provavelmente, no século em que estiver lendo essa carta, elas não passaram de lendas. Está na hora de voltar para casa, , ficaremos bem.

- Amo você, mamãe.

Peguei o dinheiro que estava na caixa e coloquei em minha mochila, como se eu fosse precisar, meus pais conseguiram acumular uma quantia exorbitante no decorrer dos séculos. Aparentemente, eles estavam se preparando para o pior há muito tempo. Minha casa está muito destruída, só vou conseguir reunir informações em uma biblioteca, não tem internet aqui. Acho que está na hora de me despedir de vez desse lugar. Começo a arrumar minhas malas, pego o máximo de roupas que consigo, até encher minhas malas. A cada roupa que dobro cuidadosamente e guardo, sinto como se um pedaço do meu coração se despedaçasse. Sempre vivi aqui, ainda não superei.

Pego a caixa e percebo um fundo falso, sem muita dificuldade abro-o, fazendo mais uma carta cair. Ela tem a caligrafia de minha mãe. Confusa e curiosa, começo a ler a carta. Não consigo imaginar o que minha mãe pode ter escrito aqui.

A magia ainda vive, ela está adormecida no momento, mas sei que nosso povo conseguirá acordá-la. Por enquanto, não deixem que saibam quem você é, isso pode causar represálias, ainda mais por conta do que fiz. Mostre-se apenas quando for preciso. Não deixe que a peguem. Sinto muito não poder ter treinado você do jeito que esperava, mas fiz o meu melhor. Em minhas viagens, acabei descobrindo algumas coisas muito interessantes. Se, em sua jornada, precisar de ajuda e não souber em quem confiar, confie nos Black. Confio em você, una a todos, sei que consegue.

- Tala Uta

Essa carta me deixou muito confusa, quem são essas pessoas? Eu nem mesmo sei onde ficam nossas origens, ela nunca me disse. Tala sempre foi assim, cheia de mistérios. Não a culpo, ela já sofreu muito na vida. Sua mãe se sacrificou para ajudar sua aldeia. Seu pai, enlouqueceu com a perda de seu grande amor, e saiu vagando pelo mundo, nunca mais sendo visto. Ao encontrar meu pai, se odiaram no início, não aceitando a magia que os rondava. Quando finalmente ficaram juntos, demoraram séculos para conseguir me ter, tanto que sou filha única. Eles nunca conseguiram repetir tal feito.

Depois de um longo tempo, termino de arrumar todos os meus pertences e começo a colocar as malas em meu carro. Preciso saber ainda hoje se vou precisar deixar meu carro para trás ou se vou poder ir dirigindo, caso estejamos no mesmo continente. Entro em meu carro e vou em direção à biblioteca.

Com a carta de meu pai em mãos, começo a procurar pelo nome da pessoa que vai me ajudar. Fico horas procurando, uma vez que tenho apenas nome e sobrenome; mais nenhuma informação. O que faz sentido, uma vez que, sendo quem é, não é muito seguro ter informações na internet. Vejo vagamente que reside nos Estados Unidos. Ótimo, são vários quilômetros, mas poderei ir com meu carrinho. Gosto de dirigir, posso pensar no que direi para ele quando chegar. Procuro um hotel em uma cidade próxima, uma vez que a que ele reside é minúscula. Assim que tenho tudo pronto, vou em direção ao meu carro. Está na hora de ir para o meu destino, aprender a controlar minhas naturezas.



Ain't runnin' from myself no more
I'm ready to face it all
If I lose myself, I lose it all


— Runnin, Naughty Boy

Segundo meu GPS, demoraria pouco mais de dois dias. Durante o caminho, vou pensando no que falar. Não posso simplesmente chegar e falar: “oi, tudo bem, meu pai disse que você poderia me ajudar”. Preciso chegar com calma, explicar as coisas. Só preciso acostumar-me com o cheiro, muito tempo sem conviver com eles. Sei que vou precisar ficar por muito tempo em sua companhia. Nesses anos, eu só desenvolvi as minhas outras habilidades, sendo que uma delas nem sei se funciona, já que eu estava sozinha todo esse tempo.

Depois de muito dirigir, chego em meu destino. Como já havia reservado um hotel para ficar, vou direto para ele, deixando grande parte de minha bagagem no carro, uma vez que o hotel é minúsculo e pretendo alugar uma casa para ficar, caso ele aceite me ajudar. Assim que estou no quarto, vou direto tomar um banho demorado para poder relaxar. Coloco uma roupa quente para sair, por mais que eu não precise disso. Saio do hotel e vou na lanchonete que fica em frente, afinal, uma parte de mim precisa comer comida. Como rapidamente e volto para o hotel, preciso dormir para me acostumar com o fuso. Por mais que tenha sido poucas horas de diferença.

———————

No dia seguinte, acordo por volta das 9 horas da manhã. Gostaria de ter dormido mais, mas estava muito ansiosa e nervosa pelo encontro com o amigo de meu pai. A cidade em que residem é bem nublada e pequena. Pelo que aprendi em minhas pesquisas, a cidade tem menos de quatro mil habitantes e é extremamente nublada e chuvosa. Perfeito para eles, penso. Escovo meus dentes e meus cabelos. Coloco uma calça jeans, uma blusa branca de gola alta e mangas compridas e um sobretudo marrom (tem que disfarçar o frio) com um coturno preto. Entro em meu carro e vou em direção ao hospital local, afinal, ele trabalha lá. O que é levemente estranho, levando em conta a natureza deles.

Chego no hospital e estaciono meu carro do outro lado da rua. Respiro fundo, criando coragem para encarar essa nova fase. Pego a carta de meu pai, colocando-a no bolso do agasalho, e caminho até a recepção do hospital. Ao entrar, me deparo com uma recepção super vazia, tendo apenas a recepcionista e eu no local. Ela deve ter cerca de 25 anos, ela lê uma revista de moda que não tive curiosidade de ver qual é. Ao notar minha presença, levanta o olhar levemente.

— No que posso ajudar? — pergunta ela com um tom de voz entediado, não deve existir muitas emergências em uma cidade tão pequena.

— Gostaria de falar com o Doutor Carlisle Cullen, ele está?

— Está sim, vou chamá-lo. Qual o seu nome?

, — respondo. A recepcionista assente e vai atrás do médico. Nossa, vai ser fácil assim? Essas pessoas têm que ser um pouco mais curiosas, e se eu fosse uma assassina de aluguel e estivesse aqui para matá-lo?

Fico alguns minutos na recepção esperando o Cullen chegar, o que não demora muito.

No final do corredor, avisto a mulher voltando, sendo seguida por um homem extremamente pálido. Ele devia ter quase 1,80 de altura, com uma aparência de no máximo 30 anos, cabelos loiros penteados cuidadosamente para trás. Não podia negar, ele era bonito. Todos são, é o charme do predador. Olho para seu rosto, e não posso deixar de notar seus olhos. São extremamente caramelos, mais claros que os meus até, porque essa é 100% da formação deles. Ele usava um sapato social preto, calça chino também preta, uma camisa social azul com uma gravata da mesma cor. Por cima da roupa estava com seu jaleco branco, e um estetoscópio em volta do pescoço. Quanto mais perto ele chega, mais consigo sentir o cheiro doce que só eles têm. Preciso me controlar para não torcer o nariz, afinal, 150 anos sem conviver com vampiros é muito tempo.

— Senhorita ? — Assinto. — Estava à sua espera, me acompanhe, por favor. — Oi, ele me esperava? Ou isso é apenas para ela não desconfiar? Ele mostra o corredor com uma de suas mãos, esperando eu ir na frente. Assim que o faço, andamos juntos e em silêncio até o final do corredor, entrando em uma porta à direita. Ele mostrou uma cadeira em frente à mesa do consultório enquanto sentava-se na cadeira do outro lado.

— Desculpe vir assim sem avisar, você nem sabe quem sou eu — falei enquanto me sentava na cadeira. — Meu pai me deu o seu nome e disse que você poderia me ajudar. O nome dele era Bjorn . — Nesse momento ele pareceu recordar de meu pai, e me olhou com curiosidade.

— Pai? — Assinto. — Você diz, filha biológica? — pergunta, curioso. — Nós somos amigos de longa data, tem cerca de 200 anos que não o vejo. Não sabia que tinha uma filha. Mas —, ele para de falar, como se as peças estivessem encaixando — você é muito parecida com ele para… e seu coração bate. Como você é humana e tem pelo menos 200 anos?

— Eu tenho 169 anos. — Dou de ombros. — Sou uma híbrida, fui gerada como uma criança normal. — Entrego a carta que meu pai fez para Carlisle. Como não era endereçada a mim, não li a carta, afinal, privacidade é bom e eu gosto. O médico leu atentamente à carta, parecia interessante, pois ele franzia as sobrancelhas conforme seus olhos passavam pelo papel.

— Certo, o que seu pai disse é no mínimo interessante. Então os Volturi descobriram que seus pais estavam juntos. — Assenti, essa história ainda era muito complicada pra mim. Só de pensar nisso, meu ser era tomado por um ódio indescritível. — E, por conta disso, você tem pouquíssimo treinamento de seus dons, por conta de sua natureza. — Assenti novamente.

— O único que eu tenho total controle são as viagens espirituais, se é assim que posso chamar. Se eu me concentrar bem, meu espírito deixa meu corpo e posso vagar para o lugar que eu quiser. Foi assim que vigiei aqueles assassinos por 150 anos — falei com raiva, sentindo meu corpo tremer. Preciso me controlar, não é a hora de me mostrar, por mais que ele provavelmente saiba por conta da carta.

— Entendo, seus dons são muito poderosos. Compreendo completamente o medo de seu pai.

— Posso perguntar umas coisas? — Ele assente. — Quando disse que estava à minha espera, você disse isso apenas para não levantar suspeitas da recepcionista, não é?

— Não, eu sabia que você viria. Óbvio que não sabia o porquê nem nada, mas sabia que você me procuraria — respondeu ele calmamente.

— Mas, como?

— Não sei se sabe, mas não vivo sozinho. Eu tenho uma família, claro, todos vampiros, até hoje não sabia que um ser como você poderia existir. Então, uma das pessoas que moram comigo prevê o futuro. Ela viu que você viria, foi com dificuldade, era como se estivesse borrado, ela diz. Mas conseguiu saber que alguém viria me procurar. E aqui estamos.

— Entendo…. outra coisa, dessa vez eu paro. Seus olhos, não são vermelhos. Sangue animal? — pergunto, praticamente já sabendo a resposta.

— Sim, e suponho que mantenha a mesma dieta. Ou não se alimenta de sangue humano?

— Bem, isso depende da minha outra forma. Se eu me manter humana por muito tempo, sentirei sede como qualquer outro vampiro. Se não, sinto fome e sono como um humano normal. É como se uma natureza balanceasse com a outra dependendo da situação.

— Certo, isso é muito interessante. Claro que vamos aprender mais, já que espero que fique conosco — disse ele, enquanto pegava o celular e digitava alguma coisa. — Claro que vou ajudá-la.

— Eu não sei como agradecer, eu não saberia nem por onde começar a treinar sozinha sem ajuda — respondo, aliviada. Escrevo meu número em um papel e entrego a ele. — Esse é meu número, quando pudermos nos falar melhor, me ligue, gostaria de treinar o mais rápido possível.

— Certo. — diz ele enquanto salva meu número em seu celular. — Gostaria de conhecer minha família? Alice está louca para te conhecer. — Quem?

— Mas, e o plantão? — digo enquanto me levanto, não gostaria de ser incômodo a ninguém.

— Está muito tranquilo ultimamente, garanto que a doutora Sullivan da conta do plantão de hoje — respondeu ele, enquanto guardava seu material em sua mala, cuidadosamente. — Vamos? — Assinto. Sigo-o para fora do hospital, ele avisa para a recepcionista que iria resolver um problema de família. Ele foi em direção ao seu carro.

— Só tem um problema, eu vim de carro para cá, e agora? — Aponto para o meu mini cooper vermelho.

— Vai me seguindo então, assim não deixa o carro na rua. — Assinto e vou até o meu carro. Ele logo dá a partida, começando a dirigir até sua casa.

Em pouco tempo eu já estava dirigindo em direção à casa do Dr. Presas.



It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good


— Feeling Good, Nina Simone

Ao chegar na residência dos Cullen, não pude deixar de notar o quão arejada e transparente a casa era. No meio da floresta não precisavam se esconder, o sol poderia entrar sem se importarem com a exposição ao mundo humano. A casa era realmente muito bonita, a arquitetura moderna que mesclava o concreto com a madeira de forma harmoniosa era realmente impressionante. A casa era tão grande que não era possível ver se havia movimentação.

Ao sair de seu carro, Carlisle vem em velocidade vampírica abrir a porta do meu. Eu saio do carro, ainda olhando maravilhada para a casa. Ele rapidamente abre a porta da grande residência e me convida a entrar. Deixo meu sobretudo no carro, afinal, não preciso fingir sentir frio aqui. Assim que entro na casa, sou recebida por 6 vampiros, que me olham com curiosidade. É como se soubessem o que eu sou e o que estou fazendo aqui. Senhor, o cheiro, se controle, , não é a hora de se mostrar, penso; fazendo o vampiro de cabelos cor de bronze olhar para mim com curiosidade. Saia da minha cabeça, digo enquanto faço um grande esforço para bloquear minha mente. Realmente, vou precisar de ajuda para treinar. Quando seu olhar fica confuso, percebo que consegui. Sorrio de lado com esse feito.

— Pessoal, essa é , ela é filha de um velho amigo meu. Ele deixou uma carta para mim, pedindo para que cuidasse dela caso acontecesse alguma coisa. E de fato aconteceu, os Volturi descobriram seus pais. Ela é extremamente especial. Ele a descreve como Única de sua espécie. — introduziu ele. — , essa é minha família: Esme, minha esposa; Alice e Jasper, eles são casados; Emmet e Rosalie, também estão juntos; por último, temos Edward. — Assenti e dei um sorriso tímido a eles. Não posso negar, mas que família bonita. Claro, é charme de vampiro. Mas principalmente Rosalie e Edward são extremamente bonitos.

— Quando você diz filha... — começa Jasper, deixando a frase no ar.

— Biológica, sim. Acho que dá para ouvir meu coração batendo. — digo, dando um sorriso sem graça enquanto coço a cabeça.

— Isso é muito legal! — diz Emmett animado, recebendo um tapa no ombro de Rosalie. — Ei! Isso é legal mesmo, nunca achei que vampiros pudessem ter filhos.

— Ok, mas isso não explica o porquê você se incomodou com nosso cheiro. — diz Edward, atraindo todos os olhares caramelo para mim, menos Carlisle, que já sabia o motivo da leve repulsa.

— Lê mentes? — Ele assente. Eu bufo. Vou ter que aperfeiçoar esse dom sozinha, aparentemente. — Bem, isso é porque minha mãe é uma loba. — Eles ficaram calados, esperando eu continuar. — Bem, eu não esperava falar isso de cara, não sabia que vocês tinham dons também. — Jasper ia falar alguma coisa, mas eu o interrompi antes de fazê-lo. — Eu vou explicar tudo. Isso não pode sair daqui, pois envolve o segredo de mais pessoas; eu não os conheço, mas sei que existem. Não estou preparada para lidar com duas naturezas ao mesmo tempo. Vou aprender a controlar os meus dons e depois eu penso no que fazer com a outra parte. Mas enfim. Eu sou meio vampira, meio humana. Sou metade vampira e metade metamorfa.

— Como assim? Eles não deveriam querer se matar? — perguntou Emmett, confuso como os demais. Menos o chefe do clã, provavelmente em sua carta meu pai explicou tudo.

— Minha mãe e meu pai se apaixonaram à primeira vista, como se isso realmente pudesse acontecer. — Sim, pode acontecer, infelizmente. — Eles foram inimigos mortais, brigaram muito e tentaram resistir, mas acabaram ficando juntos e, anos depois, eu nasci. Foi uma gravidez rápida, uma vez que sou metade vampira. Pelo que eles falaram, foi uma gestação de aproximadamente 4 meses. É isso. Quando o Sr. Cullen disse que sou única é verdade. Pelo que sabemos e procuramos, sou a única híbrida que existe. — Terminei de contar minha história, todos ficaram calados. Estava pronta para represálias e julgamentos, mas quando Emmett soltou uma gargalhada e começou a falar algo sobre ter um cão de guarda, levando um tapa de Rosalie e fazendo todos rirem da situação, suspirei aliviada.

— Então, quais dons você tem? — perguntou Jasper, pude notar um ar de curiosidade em seu olhar. — Me proponho a te treinar com todo prazer. — Dou um sorriso de alivio, eles me olham de um jeito tão amistoso que já me sinto em casa.

— Olha, eu tenho alguns, meus pais achavam que isso se deu por conta da mistura de raças. Eu consigo bloquear meu pensamentos. — Pisquei para Edward. — Crio ilusões na cabeça das pessoas, posso fazer você pensar que algo aconteceu, sendo que você só viveu isso na sua cabeça; e controlar sentimentos, por exemplo, posso fazer uma pessoa deixar de gostar da outra e vice-versa; e o melhor de todos, consigo apagar memórias. — Todos me olharam assustados. — Claro que não sei fazer isso direito, só fiz duas vezes, foi um leve treinamento com minha mãe. Eu consigo fazer elas voltarem, caso eu queira.

— E como foi isso de você ser meio vampira? Como foi o crescimento? — perguntou Carlisle dessa vez.

— Eu parei de crescer quando atingi 10 anos de idade. Não envelheço desde então. Além disso, eu me transformei em lobo pela primeira vez aos 17 anos. E sigo assim.

— E como se alimenta? — Dessa vez foi Emmett. — Aliás, quantos anos você tem? — Dou uma leve risada com a segunda pergunta.

— Isso depende do meu modo de vida. Caso eu fique muito tempo sem me transformar, sinto sede como qualquer vampiro. Sono eu sinto independente do que eu fizer. Ah, tenho 169 anos. — Faço um esforço e desbloqueio minha mente. Quase 170 anos e estou muito gata. Edward olhou para mim assustado. Dou de ombros.

— Então você come? — pergunta Esme; assinto. — Vou poder estrear minha cozinha finalmente — completa ela, animada. Oi?

— Nossa, vamos fazer várias compras. Ver muitos filmes juntas. — diz Alice animada, tirando um sorriso tímido de Rosalie.

— Mal posso esperar para começar a treinar você, aposto que consegue evoluir rapidamente. — disse Jasper.

— Você vai morar aqui, né? Podemos decorar o seu quarto hoje mesmo. — disse Alice novamente, dando pulinhos. — Rose é maravilhosa decorando, podemos fazer isso bem rápido. — Gente, o que está acontecendo? Todo esse tempo, todos falavam, menos Edward, ele apenas me olhava com curiosidade.

— Calma, gente, calma. , você gostaria de morar aqui? Imagino que esteja ficando em um hotel. A casa é grande, temos quarto de sobra. E como vamos treinar você, ficaria mais fácil de você sair de casa sem levantar suspeitas, sabe como é, cidade pequena.

— Como assim?

— Nós somos vistos como um casal que adotou vários adolescentes, porque a esposa não pode ter filhos. Estava pensando em dizer que você era filha de um casal de amigos nossos de longa data, e que seus pais morreram em um acidente de carro, onde só você sobreviveu. — ele conta a história. Parece colar, já que eu não me pareço em nada com os vampiros que me encaram. Pondero por uns instantes. Esses rostos desconhecidos me passaram uma segurança que nenhum outro lugar conseguiu me passar em muito tempo. Acho que vai ser uma boa, como meus pais me aconselharam, eu precisava viver. Dessa vez, de verdade.

— Eu topo. — disse, dando um sorriso sincero para todos, sendo retribuída imediatamente. Pela primeira vez em mais de 150 anos, me sentia em casa.



Quando disse que topava, todos se mostraram bem animados. Parece que não acontecia muita coisa de diferente em suas vidas havia tempos.

— Ótimo, agora você precisa pegar suas malas no hotel, para ficar com a gente. — disse Carlisle. Por um momento, ele ficou pensativo. — Edward, por que não a acompanha? Ela não sabe o caminho de volta para Forks.

— Claro. — Disse Edward. Me despedi de todos com um aceno e fui em direção ao meu carro, com Edward ao meu encalço. Andamos em silêncio até o carro. Percebo que os dois estão indo para o lado do motorista.

— Onde você pensa que vai? — Pergunto, colocando a mão na cintura. — Meu carro, eu dirijo. Pode ir dando a volta. — Indico o lado do passageiro. Ele bufa e entra à contragosto no carro. Do lado de fora, consigo ouvir Emmett gargalhar de dentro da casa. Vou ter que me acostumar a ser ouvida cem por cento do meu tempo. Entro no carro e começo a dirigir, sendo guiada por Edward.

— Então, o que houve com seus pais? — pergunta ele, depois de termos ficado grande parte do caminho em silêncio. Respiro fundo, tomando coragem para contar algo que não penso há 150 anos. — Não precisa contar se não quiser. Posso perguntar ao Carlisle depois.

— Relaxa, já faz muito tempo. — Digo, acalmando-o. — Foi no meu aniversário de 19 anos. Minha mãe e eu corríamos pela floresta, ela estava me treinando. Não estávamos muito longe de casa, morávamos em uma parte bem arborizada, mas ainda era perigoso sermos vistas. Estava tudo bem, até minha mãe sentir uma sensação de que meu pai estava correndo perigo. Ela me deu uma ordem de alfa que me fazia ficar longe de casa. Não sei se você conhece alguma coisa dos transformos, mas quando o alfa nos dá uma ordem, é praticamente impossível desobedecer.

"Quando minha mãe me deu a ordem, ela rapidamente correu até minha casa e se destransformou, fazendo com que eu ficasse sozinha na floresta por um longo tempo. É um pouco difícil saber o quanto eu fiquei ali, exatamente. Porém, senti um grande aperto em meu peito, como se meus pais estivessem mal. Com muito esforço, consegui me livrar da ordem dela e corri até minha casa com toda a velocidade. Quando estava chegando, meu pai me envia seus pensamentos. Ele diz para eu não me aproximar ou eles poderiam sentir meu cheiro ou me ouvir. Claro, eram os Volturi, conseguia ver pelos olhos de meu pai. Nunca havia os visto, Bjorn apenas comentava sobre eles. Tentaram recrutá-lo diversas vezes por conta de seus dons. Ele conseguia ler e transmitir pensamentos. Para eles, seria muito útil.”

"Por meu pai, consegui ver minha mãe, ela estava imobilizada por um vampiro com um manto cinza-escuro. Ela tentava de todas as formas se livrar dos braços dele. Mas ele era muito mais forte que ela, alimentava-se de sangue humano, era possível perceber por conta de seus olhos vermelhos. Uma vampira baixinha, de cabelos loiros presos perfeitamente, estava falando algo com meus pais. Ela vestia um manto totalmente preto. Aparentemente, quanto mais escuro o manto, mais importante a pessoa era. Ela estava julgando meus pais, o relacionamento deles era proibido, sabíamos disso. Eles eram inimigos mortais, não deveriam se amar. Meu pai parou de me transmitir sons no momento em que ela disse a sentença.”

Say something, I'm giving up on you
I'm sorry that I couldn't get to you
Anywhere, I would've followed you
Say something, I'm giving up on you


— Say Something, Christina Aguilera

"Fuja, saia daqui. Eles não podem te encontrar. Não se preocupe conosco. Você merece uma vida longa e bela, seja feliz. Não volte tão cedo, tivemos sorte de que Aro não veio com eles, senão, iriam caçar você até o inferno. Vá, e não volte. Amamos você, nunca se esqueça disso. Com essas palavras, meu pai parou de transmitir seus pensamentos, me deixando no escuro, sem saber o que estava havendo. No momento que ouvi o grito da minha mãe, corri para a direção oposta e fiquei lá, escondida até o anoitecer. Quando estava escuro o suficiente para nenhum humano estar na floresta, voltei para a minha casa."

”Havia uma fogueira, perto da porta dos fundos, onde meus pais estavam antes de eu correr. No centro do fogo, vi de relance a mão esquerda de meu pai. Sua aliança começava a derreter pelo calor. Ele estava morto, isso era um fato. E, pelo jeito, fazia tempo. O corpo de minha mãe jazia próximo da fogueira. Acho que nunca chorei tanto na minha vida; eu apaguei a fogueira e os enterrei juntos, na entrada da floresta. Coloquei algumas roupas em minha mochila, peguei uma parte de nossas economias e saí de casa. Voltei 50 anos depois para pegar o dinheiro e depositar em um banco. Depois, voltei apenas no dia em que descobri a carta."

Quando percebi, meus olhos estavam cheios de lágrimas, e minha voz embargada. Tenho que respirar fundo pra fazer com que elas não escorram. 150 anos se passaram e ainda dói como se fosse ontem. Edward coloca a mão em meu ombro, em uma tentativa de me confortar.

— Desculpe ter que fazer você relembrar isso. — Disse ele, enquanto tirava sua mão.

— Está tudo bem agora, já faz um tempo. E foi bom poder contar isso para alguém. Guardei para mim por um longo tempo. — Dou um sorriso triste para ele. Ficamos mais uns minutos em silêncio.

— Sabe, aquela hora que Carlisle falou para eu ir com você, ele pensou que você poderia vir a ser minha parceira. — Disse ele, rindo pelo nariz.

— Mal cheguei e já estão me empurrando para você. — Dei risada. — Não que você não seja bonito, não me leve a mal. Você é um gato. — Ele gargalhou. — Mas olha, o máximo que pode rolar entre a gente são uns beijinhos, não estou a fim de me envolver tão cedo, obrigada.

— Por quê? Alguma desilusão amorosa?

— Bem longe disso... Nunca cheguei a me apaixonar perdidamente por alguém. Acho que essa mistura toda de gene fez de mim uma pessoa incapaz de se apaixonar. — Dou de ombros enquanto rio pelo nariz. — Na sua casa você ficou todo calado e agora parece outra pessoa, desatou a falar, por quê?

— Você é a primeira pessoa que eu vejo, em toda a minha existência, que consegue bloquear o meu dom. — Disse ele, olhando para a estrada. — Mantenha-se à direita, virando no próximo cruzamento. Bem, eu fiquei assustado no início. Agora, estou curioso. — Rio pelo nariz. Aproveito para desbloquear minha mente de vez, já estava ficando muito cansada de ficar barrando-o. Até que você não é ruim, Ed. — Bom saber que gostou de mim também, prevejo o início de uma grande amizade. — Sinto seu olhar sob mim, retribuo rapidamente e pisco para ele, fazendo-o gargalhar. — Você ficar dando em cima de mim vai ser engraçado. — Paro quando pedir para parar, penso. — Relaxa, pode continuar. — Dessa vez, ele piscou para mim, fazendo com que eu gargalhasse. — Chegamos.

Saio do carro rapidamente e vou até a recepção, fazer o check-out. Pego minhas malas, com a ajuda de Edward — para não dar na cara que não precisava de ajuda —, e colocamos a bagagem no carro. Entro no lado do motorista antes que ele me impeça, e logo dou partida no carro, dirigindo em direção à casa dos Cullen. Não gostava de admitir, mas eu sentia que gostaria muito dessa nova fase da minha vida. Quem sabe eu não fico com eles? Isso eu só vou conseguir saber com o tempo.



'Cause I, I'm in love
With my future
Can't wait to meet her
And I (I) , I'm in love
But not with anybody else
Just wanna get to know myself


— My Future, Billie Eilish

Duas semanas se passaram desde que eu cheguei a Forks. Nunca achei que fosse encontrar um lugar em que me sentisse tão bem como aqui. Eles até estão aprendendo a cozinhar para que eu possa comer, precisavam estrear a cozinha, palavras de Carlisle. Como eu prefiro comida do que sangue, nem reclamei, afinal, eu não sei cozinhar um ovo. Todos me tratam extremamente bem, é até engraçado às vezes, pois é como se eu fosse a irmã caçula de todos, o que não faz sentido, já que só sou mais nova que Carlisle. Rose e Alice redecoraram o meu quarto, deixando bem a minha cara. Eu insisti em pagar, uma vez que tenho bastante dinheiro sobrando, mas foi em vão.

O treinamento vai bem, consigo controlar meus pensamentos como ninguém, o que deixa Ed uma pilha de nervos. Hoje vamos tentar entender como o dom das memórias funciona. Todos estão receosos, se eu me descontrolar posso fazer a pessoa esquecer quem é. Jasper teve a ideia da minha "cobaia" escrever em um caderno a informação que eu vou apagar de sua mente, para o caso de eu não conseguir devolver a memória. Mas que louco iria se voluntariar? Emmett, é claro.

— Você tem certeza? Eu posso fazer merda. — Pergunto para o brutamontes que caminha ao meu lado até a sala. Nesse pouco tempo, nós desenvolvemos uma amizade extremamente fraternal. É como se Emmett fosse o irmão mais velho que eu nunca tive. Ele pode ser bem insuportável às vezes, mas é só ameaçar morder ele enquanto estou em forma de lobo que ele para.

— Maninha, é claro que eu tenho, vai ser muito louco. E outra, sei que você não vai fazer eu ficar babando verde pra sempre. — Responde ele, piscando para mim e passando os braços pelos meus ombros, bagunçando todo o meu cabelo. Dou um empurrão nele, que obviamente não faz nem cócegas. — Ih, tá fraquinha, hein, tá na hora de caçar. — Mostro o dedo do meio para ele.

— Eu vou fazer você babar verde de propósito. Não me provoque.

— Uiaa, muito medo de você, viu, estou até me tremendo. — Reviro os olhos para ele.

— Vocês tem quantos anos? — Pergunta Rosalie, irritada. — Parecem duas crianças. — Olho para Em, recebendo um olhar do vampiro no mesmo instante. Nos encaramos por alguns segundos. Olhamos para Rose e mostramos a língua ao mesmo tempo, fazendo com que nós dois gargalhe, enquanto ela faz um sinal de negação com a cabeça.

— Chega, vamos, Emmett, senta no sofá que eu vou tentar fazer você esquecer de como se anda. Acho menos pior do que esquecer uma lembrança. — Ele me obedeceu e sentou-se no sofá. Sento-me na poltrona em sua frente para que eu possa me concentrar.

Olho para seus olhos, pensando nos movimentos de suas pernas se movendo. Como ele estava disposto a cooperar, foi até que fácil achar o comando e apagá-lo de seu cérebro. Quando dou uma leve vasculhada em sua mente, tentando achar algum resquício da memória em sua mente, sinto minha cabeça doer levemente. É o sinal de que devo parar; desvio o olhar do vampiro e encosto na poltrona, enquanto solto um ar que nem sabia que eu estava segurando. Nossa, como isso cansa, pensei. Claro que Ed não ouviu. Por mais que eu confie nele, gosto de ter privacidade em minha mente.

— Funcionou? — Perguntou Jasper. Ele sempre acompanhava meus treinamentos, pois, já que consegue manipular as emoções também, pode me ajudar caso eu perca o controle.

— Não sei. Emmett, tente andar.

— Oi? O que é isso? — Ele pergunta, confuso. Será que deu certo?

— Andar, sabe? Vai até a Rose, por favor. — Nesse instante, percebemos que ele não tinha a mínima ideia de como chegar até ela, que estava a menos de 2 metros de distancia dele. Ele fica alguns segundos pensando em como fazê-lo. Então tenta ficar de pé, mas cai com força no chão, fazendo todos gargalharem, obviamente, menos ele.

— O quê? Sei que você tem alguma coisa a ver com isso. Desfaça, por favor. — Ele estava claramente desesperado. Jasper senta Emmett desajeitadamente no sofá enquanto me concentro em devolver as lembranças dele. Isso é bem mais difícil do que roubá-las. Quando percebo que todas as memórias estão de volta em sua cabeça, sinto uma gota de suor descer por minha testa e uma grande tontura.

Quando dei por mim, estava deitada em minha cama. Levanto com dificuldade, minha cabeça latejava. Será que consegui? Acho que sim, o esforço foi tanto que apaguei. Vou ter que caçar antes de tentar fazer isso de novo. Saio do cômodo e vou até a sala, onde escuto vozes animadas. Assim que percebem minha presença, algo que não demora muito, visto que ouvem meu coração batendo, Carlisle logo vem em minha direção para ver se estou bem. Como me recupero rápido, apenas a dor de cabeça permanece, então o pessoal fica mais aliviado.

— E aí, consegui? — Pergunto enquanto sento em uma poltrona, e Esme me oferece um chá. Quando digo que eles estão felizes em usar a cozinha, eu não estava brincando. Pelo cheiro, estavam cozinhando alguma coisa nesse instante. Tudo é motivo para me enfiarem comida. Emmett veio ao me encontro, andando perfeitamente, e bagunça meu cabelo. — Aparentemente, sim. Que bom. Como se sente, grandalhão?

— Muito bem, ainda bem que você devolveu com a adição do que houve no meio tempo. Se não eu ia ficar com cara de ué, por que a Rose e o Jasper não paravam de rir dizendo que eu parecia um desesperado por voltar a andar?

— Ótimo, da próxima vez eu faço você me esquecer, só para ver a confusão de ver uma híbrida pela primeira vez de novo. — Dou risada em imaginar a cena, automaticamente Edward também ri. Ué, minha mente está desbloqueada? Ele afirma com a cabeça. — Esse negócio de memória me deixa mais vulnerável do que pensei. Saia da minha cabeça, Ed.

— Não posso fazer nada se você está vulnerável. — Disse ele em um tom zombeteiro. Com um rolar de olhos, bloqueio minha mente novamente. Ele olha pra mim, com uma falsa expressão de raiva, enquanto eu mostro a língua para ele. — Mas uma coisa temos que dizer, você é mais poderosa do que pensa. — Todos olham para mim em aprovação.

— O cheiro está ótimo, o que vocês estão inventando agora? — Pergunto, finalizando o assunto antes que ele comece.

———————

Estávamos todos na sala conversando quando Carlisle chega do trabalho. Ele parecia levemente preocupado. Algo provavelmente aconteceu.

— Sinto muito em interromper, mas eu acabei me esquecendo de um fato importante. Como você sabe, , até porque é um deles, temos transmorfos na região. Fizemos um acordo com eles, décadas atrás, para que não fôssemos atacados.

— Sim, vocês me contaram quando decidi ficar aqui.

— Então, cidade pequena, você sabe como é. Eles ficaram sabendo que você chegou e eu acabei esquecendo totalmente de deixá-los a par da situação.

— O que isso quer dizer? — Perguntou Alice.

— Eles querem conhecer a . — Respondeu Edward, lendo os pensamentos do médico.

— Mas, pelo que eu entendi, vocês não podem cruzar a fronteira do acordo.

— Não podemos mesmo, sem autorização. — Ele suspira. — Como eles querem te conhecer, autorizaram.

— Vamos, então. — eu disse, me levantando e sendo seguida por Ed e Emm; finjo que não percebi.

— Só nós dois. — Disse Carlisle, fazendo as minhas duas sombras pararem no meio do caminho. Eles quiseram protestar, mas o "pai" deles tratou de os interromper. — Ela estará em boas mãos, fiquem tranquilos.

— Temos que cuidar da caçula, sabe. — Disse Emmett, bagunçando meu cabelo. Reviro os olhos e olho para ele como quem diz eu sou bem mais velha que você. — Isso não importa, você chegou depois, é mais nova.

— Socorro. Vamos? — Viro-me para Carlisle, que assente para mim. Entramos em seu carro e damos partida, estou indo para La Push, a terra de minha mãe. Nunca imaginei que visitaria esse lugar tão cedo. Ainda mais por conta do tratado.

Fazemos todo o trajeto em silêncio. Posso perceber que, por mais que não demonstre, ele também está nervoso. O que aconteceria caso eles não me aprovassem? Será que eu teria que ir embora? Eu não apresento perigo algum, muito pelo contrário. Caso eu me junte a eles um dia, eu seria de grande ajuda. Mas será que eles me aceitariam?

? — Carlisle me chamou, tirando-me de meus pensamentos. — Chegamos.

Descemos do carro apreensivos. Afinal, esse não era nosso território. Por mais que eu pertença a esse lugar, não está nem um pouco na hora de mostrar quem eu sou. Minha mãe era a única mulher, e foi muito rejeitada por acharem que ela era fraca. Caminhamos até uma casa de madeira de aparência simples, porém muito aconchegante. Não precisamos bater, provavelmente sentiram nosso cheiro. A porta se abre e revela um homem de aparência mais velha do que eu imaginei que um metamorfo teria, uma vez que eu me transformei com 17. Era extremamente alto e de músculos definidos. Seus olhos eram negros assim como seus cabelos, cortados bem baixo para facilitar a movimentação na forma de lobo, acredito eu.

— Samuel, boa noite.

— Carlisle. — Sam o saúda, seca e rapidamente, claramente incomodado com a nossa presença ali. Ele olha para mim, esperando alguma coisa.

— Sam, essa é . Recém-chegada em nossa família. — Carlisle nos apresenta cuidadosamente. Assim que cruzo meu olhar com o de Sam, sinto meus pelos se arrepiarem levemente. Então, você é o alfa. Sei que ele não vai estender a mão para mim, então apenas aceno com a cabeça, recebendo o mesmo movimento de volta. Seu olhar para mim é de desconfiança.

— Vamos entrar, o concelho está esperando. — Ele abre a porta para nós, dando espaço para que entremos na casa.

No centro da sala havia 5 pessoas, além de nós 3. Apenas Quil Atera, ou Velho Quil, Harry Clearwater e Billy Black faziam parte do concelho. Os demais eram membros da alcateia; eram eles: Paul Lahote e Jared Cameron. Confesso que fiquei um pouco mexida ao mencionarem o Black. Lembrei claramente das palavras de minha mãe, dizendo-me para confiar nos Black. Assim que sou apresentada a todos, que me recebem com um olhar de desconfiança, começam as milhões de perguntas.

— Seu coração bate e você não tem o cheiro deles. — Afirma Paul. Ele tem cara de esquentadinho, ah, se eu pudesse…

— Sou metade humana.

— Como você se alimenta? — Pergunta Quill.

— Comida normal e sangue. Mas, prefiro comida.

— Então, pela cor dos seus olhos, posso supor que não se alimente de sangue humano. — Dessa vez é Harry quem fala.

— Não. — Mais.

Eles fazem mais algumas perguntas, como o motivo de eu aparecer ali ou a minha idade, nada demais. A única pessoa que não falou foi Biily, ele apenas me encarava, como se procurasse alguma pista em meu rosto. Sorte que não puxei minha mãe em nada, senão, estaria ferrada. Após ponderarem, eles concordam em me deixar ficar, o que foi um grande alívio. Eu só gostaria que deixassem eu frequentar a reserva, mas isso já era pedir demais. Carlisle e eu nos despedimos rapidamente, não tínhamos a intenção de ficar, já testamos o autocontrole de ambas as espécies por tempo demais.

Vamos para casa em silêncio. Dessa vez não era o mesmo que fomos, era mais confortável. Os dois estavam aliviados, dava para perceber. Não saberíamos o que fazer caso me rejeitassem. Não demoramos muito para chegar, mal podia esperar para contar a novidade para todos.



Ladies and gents, this is the moment you've waited for

— Panic! At The Disco

— Sério que vou ter que ir para o colégio?

— Sim. Como já viram você na cidade e você aparenta ter 17 anos, caso você não for, vão estranhar. — Edward respondeu. Estávamos voltando da caça. Apenas nós dois. Fazemos isso regularmente. Aposto que todos achavam que estávamos juntos.

— Só falar que eu estudo em casa, problema resolvido.

— Você sabe que não é bem assim. Além do mais, como vamos justificar que apenas a filha mais nova do casal não frequenta a escola? — Reviro os olhos, ficando emburrada. — E vai ser legal. Sei que você adora uma atenção. — Dou um meio sorriso. — Carlisle gosta que frequentemos o colégio. É bom para o nosso controle com sangue humano também. Falando nisso, você não me contou sobre aquele pensamento que teve na reserva.

— Como você sabe?

— Você desbloqueia sua mente quando está dormindo. Você ficou pensando que não se alimenta de sangue humano mais.

— Faz muito tempo. — Tento deixar o tom de voz como quem diz: não quero falar sobre isso. — E então… parece que a Ali teve uma visão com a sua futura companheira, é isso? — Tentei mudar de assunto.

— Parece que ela chega no começo do ano letivo. — Ele olha para a floresta, pensativo. Senta-se em um tronco caído no chão, e eu sento-me ao seu lado. — Fico preocupado com o que posso fazer. Dizem que às vezes o cheiro do sangue da pessoa destinada a ficar conosco é muito chamativo. — Ele olha para mim. Seu olhar é de preocupação. — E se eu acabar me descontrolando e atacá-la?

— Bem, isso não vai acontecer. Nem com sede você vai estar, vamos caçar até esses olhos ficarem caramelo-brilhante. — Dou uma piscadinha para ele, que dá uma risada pelo nariz.

— Sabe, por um momento eu acabei achando que ficaríamos juntos. — Sua face é séria e calma. Ele me encara, esperando uma resposta. Confesso que fui pega de surpresa. Fico sem palavras, olhando para seu rosto. Sinto-o se aproximar de mim lentamente.

— Você sabe que seríamos muito mais carnais do que sentimentais, né?

— Eu sei, mas pra mim, basta. — Ele estava cada vez mais perto. Um beijinho não faria mal, não? Fecho meus olhos na medida que ele se aproxima e também fecha os seus. Quando nossos lábios estão quase colados, um animal se move, fazendo barulho nas árvores ao redor. Ele se afasta rapidamente. — Desculpe, eu não sei onde estava com a cabeça. Você deve achar que eu sou um garanhão, não é mesmo? Me perdoe.

— Ei, tá tudo bem. Não que eu me arrependa. Mas você é à moda antiga. Vem, vamos para casa, ainda tenho que arrumar as coisas para ir para o colégio amanhã. — Termino a frase revirando os olhos com a palavra colégio.

— Você é mais velha que eu. Como assim moda antiga?

— Olha, você provavelmente cortejaria alguém e tudo mais. Eu já passei dessa fase faz tempo. O que me lembra que preciso ir até Seattle. Abriu uma casa noturna ótima. — Edward ri da minha fala, como se fosse algo super aleatório de se fazer. — Querido, não é só porque não me apaixono que eu não vou viver a vida, viu...

————————————

Foi horrível começar no final do ano letivo. Tive poucas semanas de aula apenas. Mas bem que Ed tinha razão, cidade pequena o pessoal fica todo animado com uma cara nova. Ficaram em cima de uma maneira que, quando pararam por conta da chegada de Isabella, admito que fiquei feliz. Edward, por outro lado, está extremamente preocupado. O fato de ter a chance de atacar sua futura amada é doloroso para ele.

Caçamos por um bom tempo até que ele se sentisse preparado para encarar esse encontro. Estávamos indo até o refeitório, sentar mesa de sempre, enquanto as pessoas nos encaravam maravilhadas. Sabe como é, aquela "aura" de vampiro que faz como que fiquemos bem mais atraentes.

— Ei, você tem que se acalmar. Todos vocês. Esses olhos pretos aí não vão ajudar em nada.

— Você diz isso porque nunca provou sangue humano. - zomba Jasper. Edward olha de relance para mim, como quem sabe que está presenciando uma mentira.

— Você consegue, Jas, confio em você - diz Alice, confortando-o.

— Prontos? — pergunta Rosalie. Olho para ela, confusa.

— Rose ama entradas triunfais quando há alunos novos, assim as pessoas prestam atenção em nós. E você sabe como ela ama chamar a atenção. - diz Emmett, passando um braço pelos ombros de Rose.

— Ok, vamos. — Rosalie vai na frente. Podemos ouvir que as conversas ficam mais baixas. Alguém está nos apresentando para Bella, por sorte, consegui decorar os nomes rapidamente.

— Quem são? - Bella pergunta com curiosidade, assim que vê Rose cruzando a porta do refeitório.

— Os Cullen. — Angela sussurra.

— São filhos adotivos do Dr. Cullen e sua esposa. Se mudaram para cá do Alasca há alguns anos. — Dessa vez é Jessica quem fala.

— Eles ficam muito na deles. — Angela complementa.

— É, eles estão sempre juntos. — diz Jessica. Bem fofoqueira ela. — Tipo, juntos mesmo. A garota loira é a Rosalie, e o cara com ela é o Emmett. São uma coisa só. Eu nem sei se isso é legal. — Maluca.

— Jessi, eles não são parentes — Angela defende.

— É, mas eles moram juntos, é estranho. — ela responde. — Tudo bem, a baixinha de cabelo escuro é a Alice, ela é bem estranha. Ela está com Jasper, que parece sempre estar com dor. — Ela abaixa para sussurrar mais, como se não pudéssemos escutar: — O Dr. Cullen é pai adotivo e casamenteiro.

— Ele podia me adotar — Angela comenta. Confesso que ri em pensamento. Ah, se ela soubesse.

— E ele? — Bella pergunta, assim que vê Ed entrar no refeitório. Consigo perceber, por mais que ele tente disfarçar, que está tenso e nervoso. Ele nem conhece a garota e está nervoso dessa maneira? Que trouxa.

— Aquele é Edward Cullen. — Jessica anuncia. — Ele é um tremendo gato. Mas parece que ninguém aqui é boa o bastante para ele, quer dizer, uma pessoa só, mas você logo vai ver. Mas eu nem ligo, sabe. — bufa. Sei, não liga. Foram incontáveis vezes que ela deu em cima dele. — Sério, não perca seu tempo.

— Eu nem pensei nisso. — Bella, claro que pensou, xuxu. Bem, está na hora de entrar, penso.

Não sei muito bem como agir em relação a isso, então apenas caminho com confiança até a mesa que estamos acostumados a sentar. Claro que não deixo de prestar atenção na introdução que dão de mim.

— A última é . Ela chegou tem cerca de 6 meses. Ela não foi adotada pelo casal; parece que seus pais sofreram um acidente de avião e ela ficou sozinha. Seus pais eram amigos do Dr.Cullen, então ele perguntou se ela não queria ficar com eles. — Dessa vez, quem me apresentou foi Angela, ela havia feito uma mini entrevista comigo para o jornal da escola.

— Nossa, ela é linda. — sussurra Bella. Obrigada, querida, penso.

— Pior que é. E o Cullen solteiro fica seguindo-a como se ela fosse a última garrafa de água do deserto. — debocha Jessica. Já falei que ela é fofoqueira? Tá bom. — Ela não parece dar muita bola para ele. — Ignoro a conversa que elas iniciaram quando finalmente me sento à mesa.

— Você foi ótima, maninha — brinca Emmett. Reviro os olhos para ele.



— Ei! — Tentei pará-lo. — Por que agiu desse jeito? Você não é assim.

— Você não entenderia — Edward estava transtornado. Dirigiu feito um louco até em casa. Não falava com ninguém. — Você não sabe o quão difícil foi ficar na mesma sala que ela.

— Realmente, eu não entenderia mesmo.

— Então por que diabos está brigando comigo?

— Porque, como eu já disse, você não é assim. Você é todo cordial e educado com todos e com ela foi extremamente grosseiro e mal-educado!

— Eu não sabia como agir, tá legal!? O cheiro dela é tão... Eu não sei. — Estava genuinamente desesperado. Ninguém sabia como agir. Todos observavam calados. Carlisle não estava em casa para ajudar a lidar com um vampiro com uma sede dessa maneira.

— Olha, só vai caçar. Não importa que você acabe com toda a fauna desse lugar. Vai logo e só volte quando estiver com a cabeça no lugar. Pelo amor dos deuses, Edward. — Dou as costas para ele, indo até meu quarto. Sei que fui dura com ele, mas, independentemente dela ser humana ou não, ele a tratou como lixo. Tadinha.

Edward realmente seguiu minha "ordem". Há dias que ele não aparece. Sei que ele está bem, mas temo por seu autocontrole. Quando foi transformado, demorou para aceitar a dieta “vegetariana", e matou muitas pessoas. Só espero que ele fique bem. Bella, aparentemente, percebeu algo errado, ela não para de procurá-lo. Confesso que isso já estava me deixando de saco cheio. Ela ficou obcecada muito rápido, sei que temos uma espécie de charme com os humanos, mas nunca vi algo assim.

Cá estou eu, fazendo meu mantra diário para aguentar mais um dia naquela escola, quando sinto uma brisa gelada entrar em meu quarto, o que é estranho, pois deixo minha janela fechada o tempo todo. Tento voltar a dormir, mas percebo que tem uma claridade estranha entrando pela janela do meu quarto também. Quando viro para me levantar, percebo que tem alguém sentado na borda da minha cama. Não é preciso ao menos abrir meus olhos para saber quem se encontra em meu quarto.

— Caramba, até que enfim, Hein? – digo enquanto abro meus olhos lentamente.

— Nossa, esperava uma recepção mais calorosa vinda de você. — Reviro meus olhos enquanto mostra a língua para ele.

— Vai, sai daqui que eu preciso me arrumar para a aula. E aposto que você também, imagino que mal vê a hora de vê-la.

Optei por usar uma camisa de um tecido levinho, com uma jaqueta de couro marrom. Vesti uma calça preta, colocando uma parte da camisa para dentro, dando um ar despojado. Penteei meus cabelos, fazendo uma nota mental de que deveria cortá-lo quando quisesse me transformar, ou vou ficar parecendo um shih-tzu gigante.

Hoje estava nevando levemente, então coloquei um gorro branco e botas para neve, assim ninguém desconfiaria de meu equilíbrio e da falta de capacidade de sentir frio, como se minha temperatura fosse normal. Rolo os olhos com o pensamento. Claro, minha temperatura beirava os 38 graus, por conta da parte lupina, mas não era quente como minha mãe, que passava dos 40 fácil, ou congelante como meu pai.

Acabo indo para Forks School no carro de Ed. Confesso que acho até melhor que eu não vá dirigindo hoje, pois adoro observar a paisagem coberta de neve. O caminho até o colégio é demorado, mas nem ligo, já que fico o caminho todo olhando para a janela.

O dia passa tranquilo e bem engraçado, pois os humanos não têm o melhor equilíbrio do mundo, então me divirto com vários tombos que o pessoal leva ao tentar mudar de prédio. Estamos sentados na mesa do refeitório, observando Jasper e Emmett tentando secar seus cabelos, acabaram entrando em uma guerra de bolas de neve; quando percebo que Bella está olhando para nós com curiosidade.

— Você tem uma admiradora, viu, Ed? – Chamei sua atenção para a humana. Ele retribuiu o olhar para ela. Nesse momento, voltei minha atenção para a algazarra dos meus dois “irmãos”.

Estávamos no estacionamento, conversando antes de irmos para a próxima aula, quando ouço um carro freando com força. Olho na direção do barulho e percebo que uma mini van se aproxima rapidamente de Bella. Preparo-me internamente para o que vai acontecer.

Porém, como se tudo passasse em câmera lenta, Edward corre em direção ao quase acidente. Joga Bella para baixo e para o carro com uma das mãos. “Fudeu”, penso. As pessoas vão fazer perguntas e teremos que nos mudar. Sempre fazia isso quando começavam a suspeitar da minha idade, então suponho que façam o mesmo por aqui. Olho de relance para os meus “irmãos”, e suas faces só confirmam meu pensamento.

Para a nossa sorte, todos ficam preocupados demais com Isabella para pensar no que realmente aconteceu ali. Logo uma ambulância é chamada, já que o cara que dirigia se machucou e Bella bateu a cabeça.

Estou no corredor do hospital com Rosalie, que está visivelmente alterada, já que Ed quase revelou nossa identidade. Logo ele aparece, seguido de Carlisle. Ela começa a brigar com ele, em voz baixa, mas percebo que estamos sendo observados. Edward vai até ela e nós três vamos embora.

— É questão de tempo para ela descobrir. – digo.

— Sim, ela estava questionando muito. — responde Carlisle, fazendo Rose bufar. — Ela vai aceitar bem. – Olho para Carlisle, confusa.

— Alice teve uma visão, eles vão ficar juntos. Não demorará a descobrir e vai questionar bastante, mas vai ficar tudo bem. – Assinto. Teremos uma nova integrante na família logo menos.

Estávamos caçando, como tem alguns meses que não me transformo, comecei a sentir sede. Edward e eu não estamos nos falando direito. É possível sentir a tensão no ar, um espera o outro dar o primeiro passo. Corremos por entre as árvores, em silêncio. Ouço um barulho, parecendo um cervo, e vou em direção ao som sem pensar duas vezes. Sinto a presença do vampiro atrás de mim. Assim que chego perto o suficiente do animal, viro para a direção de meu seguidor enquanto paro bruscamente, fazendo o peito de Ed chocar-se contra mim. No momento em que nossos corpos se chocam, cambaleio para trás, sendo amparada pelo vampiro, que me segura pela cintura. Nossos corpos estão próximos o suficiente para ele sentir minha respiração.

Tension is building with drinks
I wanna know what you're thinking
Hoping you're getting the hints
Getting more obvious with them
Who'll be making the move?
Feels kinda weird when it's you and I
And I


Sem pensar, nossos rostos se aproximam cada vez mais. Quando nossos narizes roçam um no outro, fecho meus olhos involuntariamente, ao mesmo tempo em que meus lábios se entreabrem. Não demora muito para que eu sinta seus lábios frios tocarem os meus. Uma de suas mãos vai até a minha nuca, trazendo-me para mais perto dele, enquanto aprofunda o beijo. Minha mão sobe instantaneamente para sua nuca, puxando levemente seus cabelos. A outra repousa em seu peito. Sinto meu corpo ser prensado com força em uma árvore, força essa que machucaria gravemente qualquer humano. Sua mão escorrega para dentro da minha blusa, dando um choque de temperatura, uma vez que eu sou levemente mais quente que um humano normal.

Our bodies tangled tight in the purple light
We're making love, passed out, we look so damn good tonight
And Sunday's shining in, feel the shame coming
You don't belong to me
Are you gonna tell her?

— Are u gonna tell her, Tove Lo


A mão livre desce pela minha perna, dando-me impulso para que eu possa entrelaçar minhas pernas em volta de sua cintura. Edward percebe que estou ficando sem ar, então decide separar nossos lábios e começa a beijar e morder meu pescoço, arrancando alguns suspiros altos de mim. Puxo seu cabelo com força, fazendo sua cabeça ir levemente para trás, quando trocamos um olhar cheio desejo. Seus olhos estão escuros como a noite, mas ao mesmo tempo em chamas pelo que estamos fazendo. Sem pensar duas vezes, puxo-o pela nuca, juntando nossos lábios novamente em um beijo ardente. Sua mão livre vai até a barra da minha blusa novamente, fazendo menção de levantá-la.

Nesse momento, foi como se uma chave fosse ativada em minha cabeça. Reúno todo o meu autocontrole e, com muita dificuldade, interrompo nosso beijo enquanto desço de sua cintura. Ele olha para mim com uma leve confusão estampada em seu rosto.

— Eu fiz algo de errado? – ele perguntou. Era possível ver que, apesar de ser um vampiro, ele estava levemente ofegante.

— Longe disso. — Mordi levemente meu lábio. — Mas, você tem a Bella. Posso adorar ficar me envolvendo com outras pessoas por uma noite, mas não aceito traição. Isso não pode continuar. Vocês podem não estar juntos agora, mas todos sabemos que isso vai acontecer, então prefiro encerrar isso agora. – eu disse, rindo pelo nariz. — Como eu vi uma vez em algum lugar, posso ser piranha, mas sou uma piranha com princípios. — terminei, dando uma risada sem graça enquanto arrumava minha roupa e meu cabelo. — Mas, se quer saber, você está no caminho certo. Aposto que ela vai adorar. – termino de falar, piscando para ele.

— Sabe, foi o meu primeiro beijo. – Ele ri de mim. Provavelmente estava com uma cara de descrença. Como era possível ser o primeiro beijo dele e já ter toda essa pegada? — Ei, não me olhe assim, eu sou da moda antiga, sabe. Você viveu sua vida de uma forma bem livre, por mais que sozinha, tem a mente aberta. Por isso quis que fosse com você. Eu estava pensando em fazer isso com Bella. Logo ela descobrirá tudo e poderemos ficar juntos. Sei que o beijo acabará acontecendo, mas estava com medo de perder o controle.

— Fico honrada em saber que confia em mim para isso. E não pense que fico chateada em saber que queria "praticar" antes de beijar Isabella, foi uma boa ideia, até porque, se você amassou o tronco da árvore comigo, imagina com ela. Tente se controlar, ou vai ficar sem namorada antes mesmo dos primeiros meses. — Andamos lentamente por entre as árvores.

— Será que posso pedir para que isso fique entre nós?

— O quê, o beijo? — Ele assente. — Minha boca é um túmulo, vai ser o nosso segredinho, gato. — Pisco novamente, fazendo-o gargalhar. — Vem, vamos embora.



Todos estavam super animados com a visita de Bella em nossa casa, estavam até fazendo um almoço especial. Eu que não sou boba nem nada, já estava aproveitando um pouco da salada caesar, enquanto eles faziam a macarronada com molho pomodoro bem rústico. Amo quando eles deixam os pedaços grandes de tomate. Ouvimos o carro de Edward estacionando em frente à casa. Conseguimos ouvir uma breve conversa entre o casal sobre a casa ser toda aberta, conforme ela se aproximava, era possível sentir o cheiro do sangue humano.

— Bella! Estamos fazendo uma comida italiana para você — disse Esme animada.

— Bella, essa é Esme, a nossa "mãe" — Ed apresentou Esme para Bella, que a cumprimentou com a cabeça, claramente estava nervosa.

— Espero que esteja com fome! — Bella ia falar alguma coisa, mas foi interrompida por Edward.

— Na verdade, ela já comeu. — Nesse momento, Rose, que estava com a tigela da salada em mãos, quebrou o recipiente. Senhor, que doideira. Tadinha da salada, estava tão boa…

— Isso é ridículo — disse Rose, irritada.

— É que Edward disse que vocês não comiam, então não quis incomodar — Bella tentou justificar.

— Será que ninguém vê que isso vai acabar pondo todos nós em perigo? — esbravejou Rose. Emmett tentava acalmar a companheira, mas em vão. Eu apenas observava a cena, comendo minha salada em paz.

— Não estamos falando de que foram vistos juntos. Mas, que isso pode acabar trazendo problemas para nós — Emm tentou explicar.

— Você diz no caso de eu virar a... refeição — concluiu Bella. Nessa hora não consegui segurar a risada, e quase me engasguei com ela, atraindo a atenção de todos para mim.

— Está tudo bem — disse com a voz rouca, pegando um copo d'água e tomando calmamente. Percebi que Edward estava se segurando para não rir de toda a situação.

— Espera, você come? — perguntou Bella, confusa. — Achei que vampiros só se alimentavam de sangue. — Ela agora olhava para Edward, procurando uma explicação.

— É que eu sou uma híbrida. Filha de vampiro com humano. Então tenho algumas diferenças, no caso eu durmo e sinto fome quando não me alimento de sangue. Mas, prefiro comida.

— Não te falei sobre a , pois não acho que seja justo dizer o segredo de outra pessoa.

— Nossa, não sabia que vampiros poderiam ter filhos.

— Nem nós, quando chegou, foi uma surpresa para todos — concluiu Carlisle. Nesse momento, Alice e Jasper chegaram, depois de caçar todos concordamos que seria melhor Jasper voltar sem nenhuma sede, para a segurança de todos.

— Bella! — disse Ali animada, dando um abraço na humana. — Nossa, você tem um cheiro bom... — Pqp, isso pode ficar pior? Coloquei uma de minhas mãos na testa. Jasper estava extremamente tenso. — Esse é Jasper, meu companheiro. — Ele apenas assentiu, com os olhos extremamente escuros. — Relaxe, não vai machucá-la — ela sussurrou para ele. Será que tinha como isso ficar mais estranho? Ed tinha uma feição nada agradável.

— Tá bom, família, vamos deixar o casal em paz. — Levantei e fui em direção aos dois, após um silêncio super constrangedor se instaurar. Peguei no ombro de cada um e os virei, levando-os para fora da cozinha. — Porque não mostra o resto da casa para ela? Aproveita e fica lá em cima. — Ou saia daqui, esses vampiros são loucos, acrescentei mentalmente. Isabella não disse nada, estava confusa demais para tal. Edward olhou para mim como um olhar de agradecimento, e eu apenas pisquei de volta, arrancando um sorriso maroto do ruivo.

Esperei o clima dar uma acalmada e fui para o meu quarto. Sexta-feira e eu vou ficar em casa? De jeito algum. Pego uma saia preta de cintura alta e uma regata frente única branca. Com essa combinação, não tem como errar. Coloco um salto preto e faço uma maquiagem leve. Solto meus cabelos, penteando com os dedos para não tirar o movimento. Pego minha bolsa preta com alça de corrente prata. Checo meu visual no espelho mais uma vez.

— Vou para Seattle! Estou levando o celular, não volto tão cedo! — digo enquanto desço as escadas e vou em direção ao meu carro. Vamos nos divertir um pouco.

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Acordei extremamente animada. Alice previu que uma tempestade se aproximava. O que isso significa? Isso mesmo: Beisebol. Levanto rapidamente quando sinto cheiro de café. Pego uma camiseta de manga comprida preta e meu colete com listras brancas e azuis de sempre, coloco uma legging branca e um tênis cinza. Pego meu boné azul escuro e desço as escadas animada.

— Bom dia, família — digo enquanto pego uma xícara generosa de café e umas torradas. — É verdade que hoje o Ed vai levar a Bella pra jogar com a gente? — pergunto enquanto tomo um gole do meu café.

— É sim, e já estamos atrasados, porque a madame resolveu voltar tarde de Seatle ontem — disse Alice, irritada. Ela odiava atrasos, sempre pontual.

— O que você estava fazendo para chegar tão tarde assim, senhorita? — perguntou Emmett, zombeteiro.

— Não é da sua conta. Além disso, é um longo caminho de lá até aqui. Não posso correr na estrada, sabe, tenho que ser uma boa motorista — respondi, desconversando.

— Isso é um chupão? — grita Emmett. Na hora largo meu café e minhas torradas e corro para o espelho, arrancando risadas de todos e uma gargalhada de Emm. Olho meu pescoço na procura de algum resquício da noite anterior, não encontrando nada. Eu me curo rápido, não deveria ter mais nada a essa altura do campeonato. — Tá devendo, ? — perguntou Emmett enquanto gargalhava.

— Engraçadinho — disse irritada. — Vamos, vamos nos atrasar mais — relembrei enquanto terminava meu café.

Não demoramos muito para chegar à clareira, uma vez que estávamos em velocidade vampírica. Tive que aguentar Emmett zoando da minha cara. Logo Edward chegou com Bella, e o pessoal começou a separar os times. Eu ficaria no time de Rose, Carlisle e Jasper. Como eu seria a arremessadora, pude ficar de fora nesse round.

— Por que Emmett está te zoando tanto? — pergunta Bella, com Ed em seu encalço. Ele obviamente já tinha lido a mente do vampiro e já sabia o que tinha acontecido.

— Emmett insinuou que eu estava com um chupão no pescoço, e eu fui conferir no espelho achando que tinha ficado alguma marca.

— Mas... Você... Não tem um… — Bella estava tentando formular a pergunta, mas estava claramente sem graça de perguntar.

— Um parceiro? Não, fixo não. — Ela me olhou surpresa. — Consigo me camuflar melhor que os vampiros na multidão. Claro, tenho todo esse glamour de predador, mas é mais difícil de descobrirem que tenho parte vampírica. E, bem, eu estava em Seattle ontem. O resto você já pode imaginar. Mas eu fui pega de surpresa, é impossível um humano deixar uma marca em mim. — Se um vampiro não deixou, ninguém deixa, pensei. Percebi o olhar de Ed em mim, mas ignorei, dando apenas um sorriso de canto de boca. — Agora vai lá, juíza, Esme acha que os meninos roubam. — Logo o jogo começa. Mas não dura muito. Quando Rose rebate uma bola de Alice, o vento muda de direção, fazendo a vidente ficar estática, claramente tendo uma visão.

Levanto e, instintivamente, vou perto de Bella, que não sabe o que está acontecendo. Alice explica que nômades estavam indo embora, quando nos ouviram. Precisamos tirar a humana daqui, mas seria impossível sem que nos notassem. Todos nós vamos ao redor de Bella, para tentar camuflar seu cheiro. Em segundos eles chegam, são apresentados por Laurent, aparentemente o "líder" do clã. O casal é James e Victória. Algo nele não me parece confiável. Carlisle, como um bom apaziguador que é, disse que Edward, Bella e eu (já que meu coração bate, não podíamos deixar suspeitas) estávamos indo embora, e que eles poderiam ficar em nosso lugar. Porém, por ironia do destino, o vento muda sua rota, fazendo com que os nômades sintam o cheiro do sangue de Bella. James fica alucinado, mas Laurent consegue controlá-los, e eles vão embora.

— Nós precisamos ir embora, agora. Já! — diz Edward. Ele está visivelmente transtornado. Rapidamente ele explica que James é um rastreador e que sua reação para proteger Bella fez com que uma caçada se iniciasse. Ele queria se alimentar do sangue de Isabella, e isso não poderíamos permitir.

Enquanto Ed ia até a casa de Bella para que ela pensasse em algo para tapear seu pai e pegar algumas roupas, nós seguíamos para casa, a fim de despistar James. Logo eles chegam e Edward me dá uma jaqueta de Bella para que seu cheiro fique em mim. Nos separamos. Alice, Jasper e Bella vão para Phoenix, a fim de despistar o rastreador. O restante, vai para o caminho oposto, para marcar o cheiro de Isabella em alguns lugares, para atrasar o vampiro. Mas, como se o universo zombasse de nós, isso não dura muito tempo.

— Ela o quê!? — grita Edward no telefone enquanto dirige para Phoenix. Estamos apenas eu, ele e Emmett no carro. Os demais estão vindo em outro veículo. — Estamos chegando. — Ele desliga, acelerando ainda mais o carro.

Em instantes chegamos na antiga academia de Balé que Isabella costumava ir quando criança com sua mãe. É possível ouvir um diálogo dentro do local, mas não prestamos muita atenção, entramos correndo no salão, a tempo de ver James quebrar a perna de Bella, com Edward à nossa frente, ele sempre foi o mais rápido. Ele luta com James e tenta pegar Bella no colo, mas o vampiro os derruba, fazendo a humana rolar em alguns cacos de um espelho que se quebrou durante a luta. O cheiro de sangue invade o lugar. Tento não me concentrar no cheiro que adentra meu nariz, mas é difícil, a adrenalina somada com o enorme tempo que estou sem caçar faz com que flashs de memória venham à minha mente. Memórias essas que eu apaguei de mim mesma. Quantas vezes será que eu fiz isso?

Antes que eu pudesse focar no que estava retornando à minha cabeça, James morde o pulso de Bella, fazendo-a começar a gritar de dor. O urro faz com que eu retome o controle do meu corpo e comece a agir. Edward está quase arrancando a cabeça de James sozinho, enquanto Bella se contorce de dor. Alice tenta estancar o sangue, mas é perceptível que ela não irá aguentar muito tempo. Então, testando o pouco autocontrole que me resta, troco de lugar com ela. Seguro a perna de Bella, que está sangrando muito, enquanto Carlisle orienta Edward a tirar o veneno que está se espalhando pelo corpo da garota. Logo ele começa a sugar o sangue da namorada, no mesmo lugar que James mordeu. Os pedaços do perseguidor logo são queimados, mas não presto atenção nisso. Apenas me concentro em não perder o controle. Quem perde o controle, no final das contas, é Edward, que não para de beber o sangue da humana. Não temos como interferir, e Carlisle pede para que o vampiro volte a si e pare com o que está fazendo. Demora um pouco, mas ele o faz.

James estava morto. Bella ficaria bem.



Alguns meses se passaram. Tivemos um tempo de calmaria, aparentemente tudo estava bem. Hoje é aniversário de Bella, e todos estão animados com a pequena festa que iremos fazer hoje à noite. Alice fica andando de um lado para o outro, para deixar todos os detalhes certos. Ela entrega uma lista para Esme com o cardápio do jantar. Obviamente a quantidade é desnecessariamente grande, será que ela esqueceu que só eu e Bella comemos? Tento ignorar o caos da vampira e vou me arrumar para ir para o colégio. Visto uma camisa branca bem soltinha e coloco uma calça de cintura alta, colocando a camisa para dentro da calça levemente, para dar um movimento. Coloco meu all star preto e pego minha bolsa.

Decido que vou no meu carro hoje, com Edward no banco do passageiro. Não ligava em voltar sozinha, afinal, os casais foram em seus respectivos carros, e eu não estava a fim de ficar de vela. Não sei por quê, mas algo me dizia que eu não deveria ir para o colégio hoje, mas se eu ficasse em casa não teria nada para fazer, então, mesmo com uma sensação estranha, eu fui. Ed tentava falar comigo durante o trajeto, mas eu não conseguia prestar atenção em nada que ele falava. Ele não conseguia ouvir nada dos meus pensamentos, pois eu deixava minha mente trancada. Hoje era um dia muito importante para ele, queria que fosse perfeito, uma vez que sua namorada odiava fazer aniversário.

Não demorou muito para chegarmos, logo Edward desceu e foi parabenizar Bella, enquanto eu ficava com Alice e Jasper, esperando-os para irmos para a sala. A sensação estranha só aumentava, Jas olhava para mim, preocupado. Ele conseguia sentir o que estava acontecendo comigo, olhei para ele como quem agradece, mas eu mal sabia que a sensação era um "aviso" de que algo realmente iria acontecer.

Estava com Alice e Jasper, esperando Edward terminar de falar com Bella para entrarmos na escola. Eles trocaram um beijo calmo, e vi Ed dizer algo para ela. Ele parecia tenso. Alguém queria falar com ela. Mas, quem? Olho na direção em que Bella está andando, para falar com um homem. Ele tinha traços indígenas, claramente era da reserva. Seu corpo estava mudando, era perceptível que a transformação estava próxima. Então esse era Jacob? Nossa, como ouvi reclamações e xingamentos a ele. Quando olho para seu rosto, sinto meu corpo congelar e meu coração perder uma batida. Era como se diversas cordas fossem amarradas a ele, me puxando com força em sua direção. Seu sorriso iluminava o ambiente e aquecia meu coração. Eu sabia o que estava acontecendo comigo, sabia que não era um caso isolado. Isso poderia acontecer, afinal, sou resultado de um. Mas logo com o cara que está apaixonado pela namorada do meu amigo?

Pisquei com força, para me tirar do transe em que estava presa. Alice e Jasper me encararam com um misto de susto e curiosidade. Claro, por que eu encararia um desconhecido do nada, como se essa pessoa fosse a única pessoa na terra? Eu definitivamente não quero e não estou nem um pouco a fim de participar desse triângulo amoroso estranho. No mesmo momento, usei as forças que eu nem sabia que tinha e bloqueei o sentimento; ninguém é obrigado a sentir o que eu sinto. Quando ele olhar para mim, ele não vai ficar petrificado.

— O que foi, pessoal? — perguntei para Alice e Jasper, como se nada tivesse acontecido.

— Você ficou congelada olhando para o amigo de Bella — percebeu Jasper. — Não foi só isso, seus sentimentos... Ficaram confusos, afinal, o que foi isso?

— O quê? Isso? Não foi nada — disse, desconversando enquanto pegava minha mochila. — E. e.eu preciso ir. — Dou meia-volta e vou até o meu carro, dando partida e indo o mais longe possível dali. Dirijo até Port Angeles, não sei como cheguei aqui.

Eu estava muito desorientada, meu corpo mandava eu voltar e ir até ele, me apresentar, me fazer presente em sua vida. Mas eu não podia fazer isso. Minha cabeça, que no momento era a que mais mandava, fez com que eu bloqueasse um Imprinting, algo tão forte que uniu uma loba e um vampiro, que fez meu avô perder a sanidade quando viu sua esposa morrer. Não sabia as consequências desse ato, teria de descobrir com o tempo. Não posso fazer alguém gostar de mim por conta de um olhar.

Eu estava apenas caminhando pelas ruas, tentando espairecer minha cabeça, mas tudo me lembrava ele. Um cheiro amadeirado chegou até mim, deixando minha cabeça doida. Olho em sua direção e vejo-o caminhando até mim, mas isso não era possível, ele estava na escola até 20 minutos atrás, eu dirigi muito rápido, ele não teria me encontrado tão rápido assim. Esfrego minhas mãos em meus olhos, na tentativa de afastar a visão da minha mente, e funciona. Eu vou enlouquecer.

I was walking down the street the other day
Trying to distract myself
But then I see your face
Oh, wait, that's someone else, ah ah
Oh, I'm tryna play it coy
Tryna make it disappear
But just like the battle of Troy
There's nothing subtle here, ah ah


Olho em meu relógio, já estava a quase 2 horas longe de Forks, e nada fazia eu me acalmar, nada tirava aquele sorriso da minha memória. Bem, já que não posso simplesmente esquecê-lo, posso agir como se não tivesse nada de errado.

Respiro fundo e volto até meu carro. Se eu correr, consigo chegar no segundo período e alegar que acordei meio mal. Minha cara consegue me ajudar, já que estou um caco. Ligo meu carro e volto para Forks. Não demoro muito, uma vez que dou uma corrida. Como ele estuda na escola de reserva, não corro o risco de encontrá-lo por aqui. Chego no colégio a tempo de ver os alunos indo até o refeitório.

— Bom dia, família — digo, sentando-me na mesa. Todos olham para mim, como se eu estivesse escondendo alguma coisa. Logo Ed chega com a Bella, não demora muito para ele olhar para mim de rabo de olho, levemente assustado. Meu Deus, será que minha mente está desbloqueada? Ele assente fracamente, para que ninguém perceba. É isso, estou perdida.

Oh, with my feelings on fire
Guess I'm a bad liar


— Bad Liar, Selena Gomez

Fico conversando com o pessoal, que logo “esquece” de perguntar o que houve comigo de manhã. O resto do dia segue normalmente, e vamos para casa terminar de nos arrumar, enquanto Alice termina de arrumar a casa para a pequena festa de Bella. Assim que saio do banho, coloco um vestido salmão, que vai um pouco abaixo do joelho, com um salto bege. Faço uma maquiagem leve e deixo meu cabelo parcialmente preso.

Bella estava abrindo os presentes. Alice estava tirando fotos do casal para a humana colocar em seu novo álbum. Estava tudo correndo bem, até ela abrir o presente de Carlisle e Esme. É possível ouvir o som do papel cortando levemente seu dedo, um corte superficial, mas que faz seu dedo sangrar. Tudo acontece muito rápido. Minha cabeça começa a doer, como se alguma lembrança que eu havia apagado de mim mesma estivesse voltando. Não seria a primeira vez.

O cheiro ferroso invade meus sentidos, mas sei que não posso me descontrolar. Jasper rosna e parte para cima de Bella. Edward, na tentativa de afastar sua namorada do vampiro, a arremessa em direção a um móvel cheio de taças. Emmett e Carlisle conseguem deter Jasper, e eu corro em sua direção, fazendo-o olhar em meus olhos.

— Parado, Jasper! Agora! — falo imponente. Não sei o que estou fazendo, mas algo dentro de mim me diz que isso vai funcionar. Assim que ele ouve minhas palavras, é como se entrasse em um transe. Ele para de tentar atacar Bella e fica com os olhos vidrados em mim. — Não tem nada acontecendo aqui. Vá para fora. — Nesse instante, ele começa a andar, quase roboticamente, e vai em direção à saída, com Alice e Emmett em seu encalço. Assim que ele sai, solto o ar que nem sabia que estava segurando.

— Edward, vá ficar com ele. , consegue me ajudar? — pergunta Carlisle calmamente. Ed hesita, mas acaba saindo.

Olho para Isabella pela primeira vez desde o corte, e vejo que ela está com o braço ensanguentado. A manobra de Ed só piorou as coisas. Olho para o médico após alguns segundos, tentando controlar minha sede, e assinto, indo em direção à Bella. Logo estamos em outra sala, Carlisle está retirando os cacos de vidro do braço da humana enquanto eu limpo o local com cuidado.

— Como você conseguiu controlar o Jasper tão rápido? — pergunta Bella.

— Eu não sei — suspiro. As memórias iam e vinham. Minha cabeça doía. — Não sei o que o Ed te falou, mas eu consigo apagar a memória das pessoas. — Olho para ela, procurando alguma confirmação. Ela assente. — Consigo apagar a minha também. — Falo como se não fosse nada. Vejo Carlisle me olhando de canto de olho. Sei que meus olhos estão ficando escuros. Estou muito perto de sangue humano, estou abusando do meu autocontrole, mas sei que consigo.

— Você está bem, ? – ele pergunta, preocupado. — Posso continuar daqui se quiser, seria bom caçar hoje.

— Estou bem sim, só minha cabeça que dói um pouco — digo, quase em um sussurro. Vejo que Isabella está confusa. — Não se esqueça que sou metade humana. Quando uso meus dons, minha cabeça dói. Eu já estava acostumada, mas acho que nunca treinei esse. Como eu apaguei de minha memória, não consigo lembrar se eu tinha treinado ele.

— Você sabe por que acabou apagando-o? — Ele estava curioso. Era bom para poder distrair Bella também, uma vez que ele estava dando pontos em seu braço.

— Não, eu tinha um diário onde eu anotava as vezes em que eu usava meus dons contra mim mesma. Mas não sei onde ele está — respondi, desconversando. Era verdade, eu não sabia o porquê de eu ter apagado um dom da minha memória. Mas sabia muito bem onde estava o meu diário.

Carlisle termina de fazer os pontos enquanto eu termino de limpar o local e a sala. Edward volta logo, visivelmente abalado, pega Bella e a leva para casa.



Estávamos todos na sala. Edward pediu para que nós não saíssemos, pois ele queria falar conosco. Pelo tom de voz no telefone, não era coisa boa. Todos especulávamos o que poderia ser, mas sem nenhum sucesso. Já estava a ponto de ligar para ele novamente quando sentimos seu cheiro.

— Caramba, você demorou — reclamou Emmett.

— É eu sei, eu precisava pensar — respondeu Edward.

— Mas e aí? Por que queria falar conosco assim tão urgente? — perguntou Rosalie.

— Vamos embora. O que aconteceu hoje só me mostrou que fui longe demais com esse namoro. Está na hora de nos mudarmos — disse Edward calmamente. Olho para ele abismada. Ele só podia ter pirado. — Não, não estou louco, . Eu só coloquei Isabella em perigo com tudo isso. — Ninguém fala nada. Estão todos chocados demais para tal.

— Se é o que você quer, respeitaremos — disse Carlisle calmamente. — Só preciso dar alguns telefonemas, acho que os Delani concordariam em nos receber por algum tempo. — Com isso, ele sai para seu escritório.

Todos começam a guardar as coisas rapidamente. Fico parada na sala. Só a ideia de ir embora me dá um aperto no peito. Eu não tinha bloqueado essa porcaria? Por que estou assim então? Tento afastar os pensamentos da minha mente e me concentro novamente em bloquear os sentimentos que deixam minha mente conturbada. Minha cabeça volta a doer com força, mas pensar em ir embora não me dá uma sensação sufocantemente forte. Sinto apenas um leve aperto, mas é algo que consigo lidar.

Não demoramos muito empacotando as coisas. Dou adeus ao meu quarto, que me abrigou nesses quase 2 anos. Faço minhas malas e coloco no porta-malas do meu carro, ou melhor, Emmett coloca as malas no porta-malas do meu carro. Todos perceberam que a saída repentina tinha me afetado, eu estava claramente baqueada. Quando perguntaram, disse que era porque estava apegada ao lugar. Chegaram até a perguntar se eu não gostaria de ficar. Mas onde?

Termino de arrumar minhas coisas, vou ir sozinha dirigindo, já que temos que levar nossos carros. Coloco uma garrafa térmica de café no descanso e vou me despedir de Edward; ele não vai com a gente.

— Promete que não vai sumir? Por favor — digo enquanto dou um abraço no vampiro. Se comunica só comigo se for o caso, mas não some. Ele assente.

— Pode deixar, . Qualquer coisa volta, ok? Você está fazendo muito esforço com uma coisa e está deixando outra descoberta. Então eu sei o que aconteceu ontem de manhã. — Apenas olho para ele, sem dizer qualquer palavra.

— Eu vou ficar bem. — Me afasto dele. — Se cuida, gatinho. — Pisco para ele, arrancando um sorriso do ruivo. Ele dá um beijo em minha testa e eu entro no meu carro, dando partida e seguindo minha família.

Dirigimos por várias horas. Eram mais de dois dias de carro. Algumas vezes tínhamos de parar, por minha causa, para trocar de motorista e eu poder dormir um pouco. Mas logo chegamos a uma casa enorme, bem perto das montanhas do parque Delani.

Carlisle, em uma das trocas que fizemos para alguém dirigir o meu carro enquanto eu descansava e comia um pouco, me contou que os Delani seguiam a mesma dieta que nós, ou seja, não se alimentavam de sangue humano. Vegetarianos, como brincamos dizer. Não demoramos muito a descer dos carros, uma vez que o clã nos ouviu chegar há tempos. Sou rapidamente apresentada ao clã, que tem apenas dois vampiros com dons, sendo eles Kate e Eleazar.

Assim que todos me conheceram e nós nos "acomodamos", ficamos na sala de estar para a sessão de perguntas sobre a minha natureza. Eu sabia que elas viriam mais cedo ou mais tarde, e respondi todas sem pestanejar.

Os dias foram se passando lentamente, eu sabia que estava em um estado de apatia severa. Parecia que eu tinha sido tomada por uma depressão profunda, não conseguia dormir, e quando dormia tinha pesadelos que me faziam acordar gritando. Todos pareciam nitidamente preocupados comigo, inclusive o clã Delani, que me acolheu rapidamente como parte da família e estavam sempre se esforçando para me animar; até aprenderam a cozinhar com Esme para tentar me dar doces sempre que podiam, em uma tentativa de me fazer sentir melhor. Ninguém sabia o que estava acontecendo comigo, não disse para ninguém o real motivo de estar assim. A única pessoa que sabia, só o fez porque leu minha mente. Sabia o porquê de eu estar assim, uma vez que eu estava muito tempo longe do meu imprinting, e eu sabia o que isso iria me afetar. Tinha medo de perder o controle, todos estavam tensos, eu estava uma pilha de nervos, a ponto de surtar. Meu lado vampiro estava tentando tomar as rédeas para que a loba que havia em mim parasse de sofrer, meu corpo precisava de sangue, e não era sangue animal.

— Quais poderes você disse que tem mesmo, ? — pergunta Eleazar enquanto se senta em minha frente. Eu sabia o que estava acontecendo. Ele estava vasculhando quais poderes eu tinha, e eu sabia que um dos poderes estava oculto por eu ter apagado da minha memória. Meu diário me diria o porquê, mas eu não queria mexer no caderno guardado ao fundo da minha mala tão cedo.

— Bloqueio meus pensamentos, apago memórias, distorço a realidade das pessoas e consigo fazer minha "alma" viajar sem que meu corpo vá junto — respondo, calma e pausadamente.

— Você esqueceu de um — ele me responde com um sorriso zombeteiro. Todos os vampiros me encaram. — Você sabe que tem mais um poder dentro de você, que não quer ou não pode se lembrar. — Eleazar estava me testando. Eu sabia disso. Ele queria que eu usasse o dom contra ele.

— Eu sei que tem mais um, mas se eu o apaguei de minha mente, é porque eu tenho bons motivos — respondo sem medo. Minha família sabia que eu tinha um poder que eles não conheciam. Perceberam isso no momento em que fiz Jasper sair da sala como se fosse um fantoche. Mas nem eu sabia que esse dom existia. Aos poucos a dor de cabeça começa, fraca mas constante.

— De qual poder ele está falando, ? — pergunta Emmett, animado.

— Nós podemos te ajudar a treinar esse dom, sabe disso — diz Carlisle calmamente. Aos poucos percebo mais olhares em cima de mim. A dor de cabeça começa a aumentar. Logo ouço Jasper dizer algo sobre eu não ter medo. Alice sussurra algo sobre não conseguir prever meu futuro com clareza. Esme me olha com um misto de preocupação e empatia, uma vez que deve ser visível o quão desconfortável estou com a situação.

— Nos deixe te ajudar, , vai ser melhor você aprender agora do que em um momento de descontrole — diz Eleazar calmamente, enquanto estende uma das mãos e a leva em direção à minha cabeça. Ele sabe que é perigoso, mas não recua. Vejo Kate se aproximar lentamente, como se eu não fosse perceber. A qualquer vislumbre de descontrole, ela iria lançar um choque em mim, para me fazer parar. Sabia disso e, do jeito que estava ficando, provavelmente seria necessário. Sinto Jasper tentar lançar uma onda de calmaria para mim, mas isso só me deixa mais nervosa. No momento que a mão de Eleazar encontra a minha cabeça, é como um "click" na minha mente, algumas memórias aparecem como flashes, borrões. Não consigo ver muito, tamanha a dor de cabeça que começo a sentir, mas sinto o cheiro de sangue humano. Muito sangue. Um massacre. E eu causei isso, sei disso com clareza, pois vejo-os fazendo exatamente o que mando.

— Você. — Olho para Eleazar com toda a minha fúria. — Tire a mão de mim. Agora. — Minha voz é baixa, mas cheia de raiva. Eu estava literalmente mandando nele. — Sente-se o mais longe de mim. — Em um piscar de olhos, é como se ele entrasse em transe, e faz exatamente o que eu mando, sem hesitar. Levanto. — E você. — Olho para Kate, que está cada vez mais perto, com a mão levantada para chegar em meu braço. Ela se movia rapidamente, mas em minha visão estava tudo em câmera lenta. — Pare, volte para onde estava. Você não vai conseguir me atacar. Não hoje. — Sinto um sorriso sádico aparecendo lateralmente em minha boca. — Jasper. — Olho para o vampiro, que continua a tentar mandar ondas de calma para mim. — Pare de usar seus poderes contra mim, você está me deixando mais irritada ainda. Chega. — No mesmo instante a onda cessa, e tenho três vampiros agindo como fantoches, esperando minhas ordens. Minhas mãos tremem. Todos os vampiros estão petrificados olhando para mim. Eu não sei como parar o que estou fazendo, até o momento em que uma dor cruciante atinge minhas têmporas, fazendo-me gritar. E então, tudo ficou escuro.

Welcome to my dark side
(Ooh-ooh, ooh-ooh)

Não sei quanto tempo apaguei, não sei nem onde estou precisamente. Sinto apenas que estou deitada em uma cama bem macia e rodeada de travesseiros. Não faço menção de levantar a cabeça, pois, mesmo sem fazer qualquer esforço, sinto-a latejar. Isso realmente mexeu com a minha mente. Nunca me senti tão fraca, quer dizer, pelo menos não tanto quanto daquela vez. Tento me lembrar da última vez que usei esses poderes, dessa vez as imagens chegam até a minha memória com mais facilidade, minha cabeça nem doeu. Bem, acho que minha família e nossos amigos merecem explicações. Reúno todas as minhas forças e abro os olhos lentamente, para me acostumar com a claridade, mas, para a minha surpresa, o quarto está escuro, as janelas fechadas e as cortinas com um blackout que deixa o quarto todo no breu. Desde que começamos a treinar meus poderes, quando tenho um apagão, Carlisle sempre deixa o meu quarto bem escuro por conta da enxaqueca. A claridade está toda do lado de fora, mas muito mais fraca. Parece estar escurecendo, isso faz me perguntar por quanto tempo eu dormi.

Levanto lentamente, sentindo uma pontada forte nas têmporas que, por pouco, não me faz soltar um gemido de dor. Vejo que há um conjunto de moletom aos pés da cama, um par de meias felpudas, tenho quase certeza de que foi Alice quem deixou as roupas separadas; ela sabe que, mesmo não sentindo frio algum, quando tenho esses desmaios meu corpo fica fraco, e eu só quero ficar quentinha e confortável. Sem pestanejar, troco minha roupa pomposa pelo conjuntinho cinza, que já faz eu me sentir muito melhor. Vou com certa dificuldade até a porta e abro-a lentamente. O barulho leve da porta rangendo faz com que outra pontada me atinja. Dessa vez o apagão foi forte, penso eu. Antes que eu possa dar mais algum passo, sinto braços gelados me pegando no colo, e descendo as escadas lentamente comigo até o sofá. Sei que é Emmett, uma vez que é sempre ele que vem me buscar quando estou vestida. Dessa vez só sabiam que eu acordei por conta da porta, essa era tarefa de Ed.

Sinto Emm me colocar no sofá, sentada de lado com delicadeza enquanto Rose arruma as almofadas pra que eu me sinta melhor e me cobre pra que eu me sinta mais confortável. Ela senta no sofá e faz com que eu estique as pernas sobre as delas, e começa a fazer carinho nelas em uma tentativa de melhorar meu desconforto. Jasper me manda ondas de conforto e calma, para que as dores passem mais rapidamente. Olho para o vampiro em uma tentativa de me desculpar pelo que havia feito a ele, mas antes que eu possa falar algo, Esme chega com uma sopa de tomate bem quentinha para que eu possa começar a repor a energia gasta no apagão. Ela provavelmente deve ter mais comida na cozinha, pois sabe que a sopa só abre meu apetite. Quando vejo, estou comendo como nunca. Fazer o quê se meu corpo prefere repor com comida em vez de sangue animal? Era isso ou sangue humano, como... Como da primeira vez.

? O que está pensando, querida? — pergunta Esme assim que me encara. Olho para a vampira com cara de dúvida. — Seus olhos... — Ela dá um sorriso sem graça. Ah, eles estão escuros, suponho. Respiro fundo, está na hora de contar.

Welcome to my dark side
It's gonna be a long night
Oh, la, la, la, la


— O que vou falar agora aconteceu há mais de um século, e eu havia apagado da minha memória, então vocês não sabem — começo, olhando para minha família. Todos os vampiros estão atentos para ouvir, é uma novidade para todos, praticamente até para mim, uma vez que as lembranças voltaram tão repentinamente. Termino minha sopa e sento ereta no sofá. — Quando perdi meus pais, eu fiquei muito assustada, afinal, tinha apenas 19 anos de vida humana e, mesmo estando sem crescer há mais de 10 anos, ainda não me considerava uma vampira controlada, por isso, nunca fiquei muito tempo com humanos. — Minha voz era baixa e inconstante, falar alto só faria a dor aumentar e eles sabiam disso. Conseguia ver que todos os vampiros estavam completamente atentos e, como tinham a audição apurada, não tinha necessidade de falar mais alto.

— Antes de continuar, eu gostaria de pedir desculpas a todos, principalmente a Jasper, Kate e Eleazar, não tinha a intenção de controlar vocês, eu nem ao menos lembrava que eu podia usar esse poder. — Recebi um sorriso tímido de Kate e Eleazar, como quem me diz que não há nada, e um olhar carinhoso de Jasper.

— Sabe que eu não ligo de usar os poderes em mim, quando disse que seria um prazer treinar você, falava sério — ele diz brincalhão, percebo que ele também fala baixo, e os outros apenas acenam. Minha família deve ter explicado como fico quando abuso dos meus dons.

— Mesmo assim, se for para usar o dom em vocês, eu prefiro que vocês estejam preparados para isso — digo mais relaxada. — Certo, onde eu parei mesmo? Ah, sim, meus pais assassinados pelos Volturi.

Welcome to my darkness, I been here a while
Clouding up the sunlight, hurting for a smile
Or something, but something always turns into
nothing


"Eu era muito inexperiente e não sabia muito como viver no meio dos humanos, até porque, minhas referências eram um vampiro e uma transmorfa. — Rio pelo nariz. — Naquela época o Canadá ainda era dependente do Reino Unido, então roubei algumas roupas da aristocracia e embarquei no primeiro navio para a Europa, desembarcando no Reino Unido. Lá era muito diferente de tudo que presenciei, cidades grandes, um grande fluxo de pessoas, muito dinheiro correndo solto. Mas não tinha muitos lugares para caçar, então eu comecei a ficar com sede. Por ter puxado meu pai em quase todas as características físicas, ficou muito fácil me infiltrar na sociedade londrina. Ia para alguns bordéis a fim de conseguir roubar aristocratas que eu seduzia com meus poderes. Nunca cheguei a fazer nada com eles, eu não precisava, afinal, era só eu olhar em seus olhos que eles faziam o que eu mandava. Aproveitava que eu não tenho veneno e bebia do sangue de alguns "clientes", sempre tentando não acabar com o sangue que existia em seu corpo, eu não podia deixar pistas. Aproveitava esse momento para conseguir uma boa quantia em dinheiro, que eu guardava e trocava sempre que uma nova moeda aparecia."

Oh, I'll drain your life 'til there's
Nothing left but your blood shot eyes
Oh, I'll take my time 'til I show you how I feel inside


"Eu comecei a ficar mais profissional, mais experiente, mais ousada. Sabia quanto tempo eu podia beber de seus sangues e comecei a cobrar ainda mais por cada "trabalho" que eu executava, com isso fui ficando famosa e cada vez mais ambiciosa. Mas todos sabem, quanto maior a subida, maior a queda. Num certo dia o bordel estava cheio, não me recordo o motivo no momento, mas em certo ponto houve uma briga. Uma pessoa levou um tiro e a gritaria começou. Pessoas correndo, sendo pisoteadas, roubando umas às outras. Eu fiquei petrificada, nunca havia passado por isso, nessa altura eu deveria ter mais de 25 anos humanos, não tinha muita experiência com badernas, eu nunca fui disso. Cometi o erro de ficar um tempo sem caçar e estava com muita sede."

Welcome to my dark side
We're gonna have a good time
Oh, la, la, la, la


"Imaginem, uma pessoa que não caça há um tempo, somado à ansiedade por conta da baderna, nervosa por não saber o que fazer nem a quem recorrer. Foi no momento em que algum homem sacou a faca e atingiu a jugular de um garçom que a merda estava feita. Meus instintos me dominaram, nesse momento deveria ter umas 20 pessoas naquele lugar. Eu gritei para que parassem e todos pararam, eu não precisei de contato visual, eu não precisei de esforço e, para a vampira que há em mim, isso era um verdadeiro banquete. Eu tinha 20 pessoas pra que eu pudesse beber, havia sangue em toda parte, eu estava descontrolada, eu me alimentava sem pensar nas consequências. Devo ter ficado nesse estado de torpor por uns 7 dias. Deixei o bordel fechado, então ninguém veio investigar, uma vez que eles eram extremamente reservados e, como a cidade sabia que eram perigosos, não teve interesse em entender por que aquele lugar estava fechado. Confesso que não sei até hoje o que me fez sair do estado de caçar e matar, mas isso aconteceu. E quando se fez, eu me vi em uma cena digna dos filmes do Tarantino. Era sangue por toda parte, era morte por toda parte. Homens, mulheres, eu não tive distinção nem cuidado. Eu entrei em pânico, sabia que era questão de tempo para acharem os corpos e as desconfianças começarem. Em pouco tempo os Volturi iriam aparecer, e todo o sacrifício de meus pais seria em vão."

Acting like I'm heartless, I do it all the time
That don't mean I'm scarless, that don't mean I'm fine
But you'll see, when someone else makes you this way
Oh, I'll drain your life 'til there's
Nothing left but your blood shot eyes
Oh, I'll take my time 'til I show you how I feel inside


"Elaboro um plano para que eu possa sair e acabar com os rastros. Decido colocar fogo no bordel e ir para outro lugar, pego bastante pólvora, espalho pelo local e utilizo todas as bebidas alcoólicas que existem no estabelecimento para que o fogo seja conduzido com mais rapidez. Pego todas as minhas coisas, compro uma passagem de navio para a França, evito pegar os melhores lugares para não levantar suspeitas e viajo como se fosse uma viúva que estava apenas à passeio. Aproveito o véu para esconder meus olhos vermelhos. Coloco fogo no bordel e parto assim que o sol raiou, sem olhar para trás. Assim que cheguei em Paris, me acomodei em uma pensão, e a primeira coisa que fiz foi apagar os poderes e as memórias de mim, assim eu conseguiria acabar com a sede e não teria como usar os poderes novamente. Fiquei naquele pensionato até conseguir trocar todo o dinheiro, comprei uma casa para mim e me estabeleci como modista, uma coisa que eu fazia muito quando ficava com minha mãe e sempre fazia os vestidos das garotas do bordel. E desde então fico mudando de lugar de tempos em tempos, para que não descubram minha origem. Acumulei uma boa quantidade de dinheiro com isso, e muita experiência em conviver com os humanos. Nunca mais coloquei uma gota de sangue humano na boca."

Welcome to my dark side
— Dark Side, Bishop Briggs


Quando terminei o relato, percebi que estava abraçando minhas pernas enquanto encarava o vazio. Ninguém ousou falar uma palavra por um tempo. Não pude deixar de sentir um certo alívio, guardar aquela história para mim, mesmo que eu não lembrasse, por tanto tempo estava me fazendo mal, e só agora que coloquei para fora sinto que tirei um grande peso das minhas costas.

, eu não sabia que você tinha passado por isso, eu não tinha a intenção de fazer com que tivesse um apagão — diz Eleazar, com uma expressão que parecia um misto de dor e culpa. Dou um sorriso sincero em sua direção.

— Está tudo bem, não há com o que se desculpar. Usei meus poderes em Jasper algumas noites atrás, a dor de cabeça estava aqui comigo tem dias, era questão de tempo para que as memórias voltassem. — Sinto que a dor de cabeça está bem melhor, então me permito sentar direito no sofá. — Fico feliz que as memórias tenham voltado enquanto estou com vocês. — Olho para minha família. — Não sei o que poderia ter acontecido comigo se eu tivesse perdido o controle assim, sozinha.

— Nós também ficamos felizes que pudemos te ajudar, sei o que é perder o controle por conta da sede e agir feito um animal descontrolado. — Jasper passa a mão na cabeça, sem graça. — Mas agora não há motivos para que você não treine esses poderes, quem sabe agora que você tem as memórias de como usá-lo não seja até mais fácil que os outros que já treinamos. — Ele pisca pra mim, arrancando um sorriso sincero de mim.

— Cobaia a seu dispor. — Emmett bate continência para mim, arrancando uma gargalhada de todos na sala e recebendo uma almofada na cara, arremessada por Rosalie.

— Ok, pessoal, eu vou treinar, mas amanhã, ok? Acho que tive aventuras demais por hoje, preciso comer alguma sustância e dormir. — Todos assentem, visivelmente mais calmos.




— Vamos lá, , mais uma vez.
Jasper está a postos ao meu lado enquanto Emmett está pronto para me atacar. Minha cabeça começa a dar sinais de cansaço mental, estou usando meus dons há algumas horas.
— Você precisa se desafiar, só assim vai conseguir ficar mais tempo com domínio mental — ele fala calma e tranquilamente. Respiro fundo, fazendo meu corpo ignorar o cansaço. Olho para Emm e assinto, mostrando que estou pronta.
O vampiro parte ao meu encontro. Tento capturar seu olhar, para conseguir entrar em sua mente. Está mais fácil dessa vez, em pouco segundos tomo poder de sua mente.
— Parado — digo imponente, e ele para no mesmo segundo. Consigo sentir sua mente lutar com a minha, tentando retomar o poder, mas enquanto estou mantendo o contato visual, consigo me concentrar melhor. — Ande até mim. Fique do meu lado.
Jasper queria testar meu controle em dois vampiros ao mesmo tempo. Então, quando menos espero, ele me ataca. Sem que eu precise dizer em voz alta, mando Emmett me defender. Somos rápidos em imobilizar Jasper e, quando menos percebo, ele já foi derrubado no chão e está impossibilitado de se mover. Alguns segundos depois, sinto a mente de Emmett retomando o poder, saindo do meu controle mental.
— Muito bem, . Você conseguiu lutar e controlar a mente do grandão aqui ao mesmo tempo, já é um avanço e tanto – diz Jasper enquanto se levanta. — E você, Emmett, como é ser controlado por uma meio-humana?
Reviro os olhos.
— Sinceramente? É estranho, eu me senti um fantoche na mão dela. Foi bem desconfortável. Mas não pense que você vai tirar uma com a minha cara. Ela já te controlou mais vezes do que eu. — Emmett empurra os ombros de Jasper.
— Tá, chega vocês dois. Vamos entrar porque minha cabeça está latejando e eu preciso comer alguma coisa.
As próximas semanas se passam da mesma forma. Posso dizer que tive uma grande melhora no meu rendimento. Consigo controlar muito melhor os meus poderes e as dores de cabeça se tornaram muito mais toleráveis depois de alguns treinamentos. Já conseguia controlar até três vampiros de uma vez, claro que por um curto período de tempo, mas nada que não pudesse melhorar.
O que me deixa apreensiva são os pesadelos. Eu estava cada vez mais cansada e apática, como se meu corpo se recusasse a fazer algumas tarefas básicas. Eu sabia que precisava me mover, mas nada que eu fizesse me deixava motivada. Todos estavam superfelizes com o meu desenvolvimento, no fundo eu também estava, mas não conseguia esboçar entusiasmo.
Eu conseguia ver que todos estavam começando a ficar preocupados comigo. A única pessoa que me entendia era Edward, que de vez em nunca me mandava um sms ou outro por algum celular pré-pago que ele usava apenas para falar que estava bem e tentar me convencer a voltar a Forks para ver se eu melhorava. Ele era o único que sabia o que estava acontecendo comigo e só sabia porque havia lido minha mente.
Hoje, o dia está chuvoso. Eu olho para a janela, pensativa. Por mais que meu treinamento tivesse melhorado muito algumas semanas depois do episódio em que perdi o controle, tem aproximadamente um mês que eu não tenho forças para fazer nada. Passo o dia todo sentada ou deitada, minha mente não está mais funcionando direito. Tentar ignorar o que aconteceu no fatídico dia em que fomos embora de Forks só faz com que eu fique cada vez mais esgotada mentalmente.
— Já chega — disse Carlisle me tirando dos meus pensamentos. — Nós precisamos conversar — ele diz decidido. Atrás dele, vejo os outros vampiros também se aproximando. Os Denali estavam caçando, então acredito que acharam que essa era a melhor hora para falar comigo.
— O que é isso? Uma intervenção? — pergunto sarcástica.
— Pode se dizer que sim — diz Esme com seu jeito materno de ser. —Estamos preocupados com você. Algo aconteceu e você não quer nos contar, não é? — Ela se senta ao meu lado tentando me deixar confortável para conversar.
— Você perde o controle e fica muito estressada com facilidade, além do treinamento ter estagnado e até começado a regredir com o passar dos meses que estamos aqui — diz Jasper, enquanto me manda ondas de calmaria.
— Algo aconteceu no dia do aniversário da Bella, seu futuro ficou bem mais incerto para mim. Mal conseguia ver seu futuro por conta dos genes, mas agora é tudo um grande borrão — complementa Alice.
Penso nas palavras de todos. Se eu dissesse para eles o que estava acontecendo, será que entenderiam? Afinal, já estamos no meio sobrenatural, mais um efeito dele não seria nenhuma surpresa, não é?
Tomo coragem e respiro fundo. Está na hora de falar.
— Certo. — Me endireito no sofá enquanto penso em como começar. — A tribo Quileute, a tribo de minha mãe, sempre foi ligada à magia, todos sabemos. Além de nos transformarmos em lobos para acabar com os vampiros, o que parcialmente me incluiria, mas não vem ao caso já que eu sou um caso único, nós temos também uma coisa chamada Imprinting – começo a explicar lentamente.

How can you miss someone you've never met?
'Cause I need you now but I don't know you yet


— O Imprinting é o modo de encontrarmos o nosso par, afim de passarmos os genes para frente, para que a tribo sempre tenha os guerreiros de prontidão para proteger nosso povo. Isso acontece apenas com quem carrega o gene dos lobos. Então não é toda a tribo que passará por isso. Na verdade, eu nem sei se eles continuam tendo isso, pois quando minha mãe me explicou, disse que não era obrigatório para todos os membros da alcateia.
“Quando temos um Imprinting é como se passássemos pela forma mais clichê possível de um amor à primeira vista. É como se nosso mundo começasse a girar em volta dessa pessoa, é como se ela fosse o sol e nós precisássemos orbitá-la para que nossa vida fizesse sentido. Ela é o ar que respiramos, o que ela precisar nós iremos dar, caso contrário nós sofremos. Se essa pessoa estiver sofrendo, nós sofremos junto. Se ela padecer, padecemos junto dela. É uma coisa muito forte. Minha mãe e sua alcateia chegavam a dizer que era mais forte do que qualquer magia que nosso povo possuía, mais forte até do que a capacidade de nos transformarmos.
“Se nós marcamos alguém, mas tentamos ignorar esse sentimento, nosso lobo começa a ficar irritado, até doente. Melancólico até, pois não estamos perto do nosso par, não podemos dar a atenção que essa pessoa precisa. Como eu fiquei tanto tempo no mundo e não tive um Imprinting, imaginei que isso não aconteceria comigo. Uma vez que eu sou metade vampira e metade loba, meus pais e eu não sabíamos se isso aconteceria comigo. Não é como se fossemos achar alguém como eu para perguntar. Vivi minha vida sem me preocupar com isso. Até o aniversário de Bella. Naquele dia, no estacionamento da escola, eu tive um Imprinting.”
Termino de contar e espero a reação das pessoas. Não sabia se iriam acreditar, muito menos entender o que eu tinha dito.
— Bem, isso é bom, não é? — Carlisle perguntou, cauteloso. — Você achou a pessoa com quem estava destinada a ficar.
— Seria, se não tivéssemos ido embora no mesmo dia. E seria melhor ainda se ele não fosse apaixonado por Bella — disse, voltando a olhar para a floresta.
— Não me diga que é o... — Rose começou a dizer, mas deixou a frase morrer no ar, incrédula.
— Sim, é o amigo de Bella de que Edward tinha um ciúme descomunal — digo em um muxoxo.
— Mas isso não deveria ser mútuo, ? — pergunta Jasper. — Ele não deveria ter se apaixonado por você também?
— Ele não olhou para mim, quando eu percebi o que estava acontecendo comigo usei todo o meu autocontrole para desviar o olhar antes que fosse tarde. Eu nunca concordei muito com esse lance de obrigar alguém a ficar com a outra. Não queria que ele viesse correndo atrás de mim só porque olhou para a mim e, puff, se apaixonou — respondo. — Além de que ele estava com alguns sinais de transformação, então não sabia se o Imprinting iria ser mútuo de verdade. Nenhuma das histórias que me contaram sobre esses encontros envolvia dois lobos.

But can you find me soon because I'm in my head?
Yeah, I need you now but I don't know you yet
— IDK you yet, Alexander 23


— Então você vem guardando tudo isso para você esses meses todos? — pergunta Esme condescendente. — Por que não nos disse? Não iríamos ligar de você ficar em Forks.
— Eu não queria preocupar vocês, mas acho que foi o que eu acabei fazendo de qualquer forma, não é mesmo? — Dou um sorriso triste. — Apenas Ed sabia. Nesses poucos momentos em que nos falamos ele sempre manda eu voltar, nem que seja para que eu o veja de longe pois a distância está me fazendo mal. Não é à toa que eu acabei surtando quando chegamos aqui. Era tudo muito novo e eu estava concentrando todos os meus esforços mentais em bloquear a vontade de voltar correndo para lá.
— E por que não voltar, ? Nós podemos conversar por telefone. Você sabe que é livre para ir e vir a hora que quiser — diz Carlisle. — Não leve isso como uma ordem, mas se você for se sentir melhor, acho que todos concordam que você deveria ir atrás da sua felicidade.
Olho para a minha família. Todos estavam tentando passar conforto e apoio para mim, claro, cada um à sua maneira. Tomo algum tempo para pensar. Como eu faria isso? Como eu voltaria para Forks sem mais nem menos? O que falaria para o conselho me aceitar de volta e cogitar deixar eu frequentar a reserva?
— Tudo bem, eu vou voltar.



Assim que tomo minha decisão, a família começa a me ajudar a arrumar as malas. Tudo é arrumado rapidamente. Procuramos um hotel para que eu fique, nossa casa é muito grande para que eu fique sozinha lá. Acabaria me sentindo solitária e isso poderia chamar atenção do pessoal da cidade. Cidade pequena é o ninho das fofocas, a notícia se espalharia rapidamente, isso não seria bom para nós, nem para Isabella que, segundo as visões de Alice, estava em um estado de depressão profunda devido ao rompimento com Edward.
— Você promete que nos dá notícias? — pergunta Esme preocupada. Estávamos colocando as malas no meu carro enquanto me despedia dos Denali. Assinto. — E de Edward também? E de Bella?
Quando contei para Edward que estava voltando, ele pediu para que eu ficasse de olho em Bella por ele, quando eu conseguisse.
— Pode deixar, não vou sumir. Vocês têm meu número, não vou trocar que nem certos filhos desnaturados — Respondo rindo enquanto fecho o porta-malas. Tudo pronto para a viagem. Termino de me despedir de todos, entro no carro e dou partida, voltando para Forks.
A viagem corre sem maiores problemas. Acabo tendo de fazer algumas paradas, já que preciso comer e dormir graças à minha parte humana, mas isso não me incomoda. Minha parte lupina está animada para voltar para perto de seu Imprinting.
Já tenho todo o itinerário na cabeça: iria primeiro para o loft em Port Angeles que alugamos, já que não sei quanto tempo vou ficar, achamos melhor um Loft do que um hotel. Iria arrumar as coisas e deixar de um jeito confortável. Enquanto arrumo o loft, vou pensar em como chegar em La Push e ver um jeito de deixarem eu frequentar a reserva. Essa seria a parte difícil: para eles, eu sou apenas metade vampira e metade humana. Claro, eles nunca tocaram em mim, ou saberiam que minha temperatura é levemente mais alta que a de um humano normal.
Fico com isso na cabeça pelo resto do dia, enquanto decoro meu pequeno apartamento. Ele ficava próximo ao centro da cidade, assim eu poderia ir para Seattle quando quisesse ir para alguma festa e ficaria fácil ir para Forks/La Push. Assim que esvazio minhas malas e guardo minhas roupas, vou para o mercado mais próximo fazer algumas compras, já que pretendo parecer o mais humana possível enquanto estiver sozinha, então preciso de comida humana e utensílios de cozinha. Não demorou muito para comprar tudo que preciso e logo estou de volta ao meu apartamento, guardando tudo que adquiri.
Aproveito e faço um lanche rápido antes de tomar um banho e ir para a reserva. Só espero não ser atacada no meio do caminho. Vou precisar fazer uma reunião com o conselho antes de tudo, mas como chegar em alguém do conselho? Precisaria falar com algum lobo e pelo que me lembre só havia três deles naquele dia. Não sei se outros de transformaram. Se ele se transformou.
Termino meu lanche e tomo um banho rápido. Acabo optando por vestir uma blusa de manga comprida azul marinho, um jeans preto e uma jaqueta marrom. Nos pés, coloco um All Star preto e sigo viagem até La Push.
Sei que não vou conseguir chegar tão longe, uma vez que não podemos tecnicamente cruzar a linha do acordo, então, para não causar mais confusão e vou até alguns metros antes divisão, sei que não demorarão muito para sentirem o meu cheiro. Sei que não cheiro como um vampiro, mas também não tenho cheiro de lobo nem de humano, é um cheiro diferenciado segundo minha família mesmo me dizia. Quem estiver na ronda vai acabar vindo até mim.
Estaciono o carro próximo das árvores e espero. Alguns minutos se passam até que eu sinta o cheiro dos transmorfos. Pelo barulho, o bando todo ou grande maioria dele está aqui.
— Ora ora, se não temos uma sanguessuga de volta — diz Paul. Lembro-me dele, o lobo esquentadinho.
— Como podem ver, eu vim em paz — digo, desencostando do carro e colocando as mãos para cima.
— O que você quer aqui? — pergunta Jared, que também não parece lá muito calmo.
— Eu gostaria de uma reunião com o conselho — respondo calmamente.
— O que você quer falar com o conselho? — pergunta Sam. Esse sim parece calmo. — Quem mais voltou com você?
— Apenas eu voltei, os outros não tem a menor intenção de voltar. Estou sozinha. — Observo-o, ele está claramente pensando se me mata agora ou vê até onde quero chegar.
— Jared, Paul, reúnam o conselho na casa dos Black. Jacob vai estar com a humana a essa hora, então não teremos problema dele ouvir algo, além de não precisar tirar Billy de casa — ele dá a ordem para os lobos e logo eles somem na floresta. — Você sabe o caminho?
— Não me lembro direito, vim apenas uma vez para cá — digo, dando os ombros.
— Certo. Vou me transformar e você me segue, não faça nenhuma gracinha — ele diz enquanto vai para as árvores. Reviro os olhos.
Não demora muito até que um lobo de pelos pretos se aproxime. Entro no carro e dou partida, seguindo o lobo gigante que passava pelas árvores e tomando cuidado para não ficar muito perto da estrada, assim não seria visto por nenhum carro. Não demoramos muito para chegar na casa dos Black. Espero Sam aparecer em sua forma humana novamente para sair do carro.
Assim que o faço sou surpreendida por um quarto cheiro de lobo. Mais alguém se transformou? Sigo Sam com cautela até a porta, que é aberta sem cerimônias por um quarto lobo, totalmente desconhecido por mim. Posso perceber que ele tenta controlar seus tremores, acho que nunca esteve tão perto de um vampiro antes, mesmo que seja apenas meio vampiro.
, esse é Embry, ele se transformou há algumas semanas. — Apenas assinto para o lobo. Seus cabelos estavam cortados como os demais e ele já estampava a tatuagem da tribo em seu braço. Ele assentiu de volta e vai para o outro lado do cômodo, seguido de perto por Sam. Caso ele se descontrole, teria o alfa por perto para contê-lo.
A sala é pequena. Por mais que estejam poucas pessoas dentro dela de uma vez, é possível ver que está quase apertada, uma vez que os transmorfos são enormes. O conselho está reunido em uma meia lua. Há uma cadeira para mim, bem na frente dos três anciões que aqui se encontram. O resto da alcateia se posiciona atrás deles como forma de proteção para o caso de eu atacá-los.
— Os garotos nos disseram que você queria uma reunião com o conselho — começa Sr. Black. Assinto. Ele aponta para a cadeira, indicando-me para sentar. Obedeço. — Pode começar.
— Primeiramente, gostaria de agradecer por me receberem assim, tão em cima da hora. Sei que não foi a melhor maneira de entrar em contato com vocês, mas não sabia de outra maneira de fazê-lo — digo, olhando para os três homens à minha frente. — Gostaria de acrescentar também que o resto do clã não voltou. Apenas eu. Eu vim aqui para fazer um pedido na verdade. Sei que é um pedido ousado, mas gostaria de fazer mesmo assim. — Observo as expressões, todos parecem impassíveis, não demonstram nenhum esboço emocional para o que estou dizendo, mas parecem abertos a ouvir. — Gostaria de saber se posso frequentar a reserva — digo de uma vez e espero.
— De jeito nenhum! Uma sanguessuga em nossas terras? — esbraveja Paul, seguido pelos outros membros. Apenas Sam se mantém impassível, seu rosto é uma pedra, não demonstra nenhum sentimento. Sr Black apenas levanta as mãos, pedindo silêncio. Sam olha para seu bando e os garotos se calam na hora, mas consigo ver os ombros tremendo e as respirações entrecortadas, eles se controlam para não me atacar.
— Gostaria de lembrá-los que sou metade humana, a única parte vampírica que eu tenho é a imortalidade. Uma vez que durmo e me alimento como um humano comum. Eu sangro e meu coração bate. As poucas vezes em que me alimento de sangue é sangue animal. Caso me deixem ficar prometo que não caço. Me alimento apenas de comida normal, até prefiro.
Os anciões olham um para os outros. Se não fosse muito impossível, diria que se comunicam telepaticamente, mas sem seus olhares sei o que estão fazendo. São muitos anos no conselho, imagino eu, ler as expressões um dos outros não deve ser tão difícil.
— Ela pode nos ser útil. Ainda somos poucos e não sabemos quando os outros vão se transformar. Além de ela se misturar com os humanos — Sr. Atera começa a falar, como quem tem uma ideia.
— Desculpe, mas o que está acontecendo? — pergunto, curiosa.
— Os nômades que apareceram por aqui há quase dois anos reapareceram, óbvio, apenas dois deles. Ainda não sabemos o que querem, mas está difícil de localizá-los pois ainda somos poucos — Explica Sr. Clearwater.
— Bem, eu acho que sei o que querem. Isabella — conto brevemente o que houve desde o fatídico jogo de beisebol até matarmos James. — Eles devem estar procurando vingança. Posso ajudar, posso fazer rondas em Forks ou ficar de guarda próximo à casa dos Swan.
— Certo, acho que temos um trato então — diz Black. — Não nos decepcione, vamos dar um voto de confiança.
Ele estende a mão para selarmos o acordo. Aperto e no mesmo momento vejo ele olhar para mim por um instante, levemente assustado. Retribuo o olhar por uma fração de segundos, desejando que ele perceba o desespero em minha expressão por alguns segundos. Ele assente e seu rosto volta a ficar impassível com a mesma rapidez com que mudou.
— Sam ou os outros garotos vão te procurar de tempos em tempos para podermos marcar algumas reuniões. Como estou tomando a frente dessa decisão, gostaria de reportasse a mim qualquer avanço que você tiver. — Assinto. Percebo que essa é a deixa para que eu saia. Me despeço de todos com rapidez. Já testei o autocontrole dos lobos mais novos por tempo demais.
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Quase um mês havia se passado desde que eu estava de volta e que eu fui permitida a frequentar a reserva.
Tenho feito rondas constantes na casa dos Swan e tenho acompanhado-a até a escola, de longe para que ela não me visse. Não sabemos qual vai ser a reação dela quando ver que eu voltei, então fizemos tudo na encolha. Por sorte, consegui ver Jacob de longe. Ele ainda não me conhece e sei que não vai demorar para isso acontecer, Sam disse que os sinais de transformação nele estão cada vez piores.
Ter voltado para cá realmente conseguiu acalmar meus sentimentos. Por mais que meu lado lupino esteja louco para que eu me apresente e faça parte da vida dele, algo me diz que não é a hora. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde, assim que ele se transformar, assim como aconteceu com os meninos. Essa semana serviu para que eles perdessem um pouco da desconfiança que tinham em mim.
Hoje é domingo e acabei de trocar a ronda com Paul. Nesse momento estou aproveitando alguns poucos raios de sol aqui na praia, enquanto como alguns sanduíches que trouxe de casa. O tempo vai dar uma leve fechada em breve, então vou aproveitar esse milagre de sol para ser o mais humana possível. Estou deitada em minha toalha quando sinto o cheiro de um dos meninos se aproximando.
— Você não brilha como eles? — pergunta Embry.
— Olá pra você também viu... — respondo tirando os óculos escuros e virando para o lobo. — E não, eu não brilho. — Rio pelo nariz. — A única coisa que tenho deles, tirando a velocidade que você já viu, é me alimentar também de sangue, mas isso eu não faço tem tempos. — Aproveito para tomar um gole de suco. Pego um sanduíche de atum e ofereço para o garoto. — Sanduíche de atum?
— Claro, eu amo! — ele responde animado, sentando-se ao meu lado todo desengonçado, levantando um pouco de areia e sujando a toalha. Reviro os olhos. Logo, ele já está devorando um dos lanches que trouxe na bolsa enquanto dividimos a garrafa de suco. — Na verdade, eu vim para falar com você mesmo. A humana vai sair com o Jacob, parece que vão vir para La Push, então teremos um tempo de folga. Queria saber se você não gostaria de fazer uma loucura com a gente hoje.
—Agora você está falando a minha língua — respondo curiosa enquanto sento na toalha, apoiando meu corpo nos braços. — Que tipo de loucura?
— Pular de penhascos, já fez isso? — Seus olhos brilham conforme ele fala. — Nós fazemos isso sempre que o tempo está melhor. Tem vários por aqui, mas gostamos dos mais altos, sabe? Se você tiver medo, tudo bem. — Ele olha pra mim com um tom desafiador.
— Eu não tenho medo dessas coisas, seu besta. — Empurro-o com os ombros. — Eu posso ser metade humana, mas ainda sim sou resistente. Quando vocês vão?
— Na verdade, já estamos indo. O pessoal já estava indo, só faltava você e o Paul — ele diz despreocupado. Fico feliz em perceber que eles já me consideravam como "uma deles". Espero que, quando descobrirem minha verdadeira natureza, as coisas continuem do mesmo jeito. Espero ele terminar seu sanduíche e arrumamos as coisas para que possamos ir até o tal penhasco.
O caminho até o penhasco é até animado, Embry adora fazer palhaçadas e vive falando besteiras. Vamos no meu carro até um pedaço do caminho, deixo o veículo próximo da floresta e vamos em direção à trilha que havia ali. Espero Embry se transformar e logo estou na companhia de um lobo cinzento com algumas manchas pretas. Ele faz com a cabeça como quem diz para que eu o siga e sai em disparada pelo caminho. Corro na velocidade vampírica atrás dele.
Conforme corremos, percebo o quanto sinto falta de estar em minha forma de loba, como eu queria estar correndo sob quatro patas também, sentindo o chão da floresta sob as patas e o vento passando pelos meus pelos. Quem sabe um dia, precisaria cortar meu cabelo antes disso. Está muito comprido, atrapalharia na hora de me transformar, eu ia parecer um shitzu.
- Até que enfim! Achei que Embry tinha acabado se embrenhado com você por aí. — reclama Jared.
— Que isso, somos apenas amigos, Jared — digo enquanto espero Embry voltar para a forma humana.
— Tadinho, deixa ele ouvir isso. Vai ficar desiludido. Ele tem uma quedinha por você, sabia? — Dessa vez, quem tira sarro é Paul.
— Quedinha? Ele tem esse penhasco todo, isso sim — Jared complementa rindo, enquanto um Embry levemente envergonhado e bravo sai de trás das árvores. Reviro os olhos. Esses garotos são impossíveis mesmo.
— O que vocês estão falando aí? — Embry tenta se defender. — Não é nada do que você está pensando, , ignora esses dois. — Ele continua. Sam, que não disse uma palavra, apenas ri de lado. Balanço a cabeça em negação, tentando mudar de assunto.
— E aí, como funciona? Quem vai primeiro? — pergunto enquanto tiro meus tênis.
— Basicamente, você vai correr e se jogar. Não tem muito erro, só não cair de costas nem de barriga na água. Sei que somos resistentes, mas isso dói. Muito — explica Embry, levemente incomodado com a parte final. Acho que já viveu na pele o que é cair de mau jeito na água.
Depois da explicação, os meninos começam a pular na água. Realmente, é muito alto, mas é só desviar das pedras na hora de se jogar que tudo ficava bem. Vejo os garotos, um por um se jogando e logo chega minha vez.
Tomo distância, criando um pouco de coragem, uma vez que é a primeira vez que faço uma coisa dessas. Assim que pulo, sinto meu corpo no ar, com o vento forte batendo nele. A adrenalina é grande, mas fico no ar por pouco tempo. Estou emergindo do mar, com os lobos gritando palavras de incentivo para mim.
Ficamos pulando por alguns minutos, até que, enquanto começo a sair do meio das árvores, sou invadida pelo cheiro fraco de Bella e Jacob. Sam olha para mim como quem diz para que eu espere um pouco até que o cheiro se distancie. Não sei quanto tempo fico ali, mas me parece uma eternidade. Eu daria tudo para poder ver como ele está, quase nunca consigo fazê-lo pois quando eles estão juntos, não preciso ficar observando a humana, já que eles ficam dentro da reserva e sempre tem alguém do bando nas rondas. O pouco que consegui ver deles nos últimos dias só me comprova que sua transformação está mais próxima do que nunca. É questão de uma ou duas semanas no máximo, pelo que ouvi comentarem. Sam olha para mim após alguns minutos, assente, indicando que eles já foram, e se joga do penhasco. Pego uma distância e me jogo também, em seguida.
Depois do episódio do penhasco, as coisas ficam um pouco mais tranquilas.
Bem, até hoje de manhã.
Meu telefone toca perto da hora do almoço. Eu estava em meu apartamento tirando um cochilo depois da troca de turno com Jared, na ronda por perto da casa dos Swan. Olho no display e percebo que é o número de Billy Black, que havia me passado seu telefone há alguns dias.
Confesso que fico nervosa com essa interação. Por mais que minha mãe tenha me dito que eu devo confiar nos Black, fico receosa — afinal, o Black que minha mãe teve contato não é o mesmo que me liga. Basicamente, ele marca uma conversa comigo, conversa essa que estou surtando para saber o motivo. Nesse momento estou tentando entender o porquê de ele querer falar comigo assim, tão de repente, e sozinho aparentemente, pois quando são reuniões com o conselho, quem me chama é o bando.
O caminho até a reserva é um borrão na minha mente, não consigo pensar em nada além do motivo dessa conversa repentina. Me vejo parada na porta de Billy Black, completamente petrificada. Averiguo os arredores, não há nenhum cheiro do bando por perto. Tomo coragem e bato na porta. Não demora muito para que eu ouça o barulho de sua cadeira se aproximando.
, venha, entre. — Ele me dá passagem para que eu entre em sua casa. Assim que entro, ele fecha a porta e se encaminha até a sala. — Acho que precisamos conversar, não é? Tenho algumas coisas para perguntar e acho que visto as circunstâncias, creio que não vou conseguir fazer isso com privacidade antes de meu filho se transformar. — Ele começa, mais direto impossível. Ele indica o sofá para que eu sente enquanto se serve uma xícara de café. — Café? — Assinto e aceito a xícara enquanto ele serve uma para si. Ele toma um longo gole enquanto olha para o relógio e então olha para mim. — Então, , acho que precisamos ser sinceros uns com os outros, não concorda?
— Desculpe, eu não estou entendendo.
— Acho que preciso começar do começo. Somos descendentes de Taha Aki e sua tribo, guerreiros que tinham o dom de se transformarem em grandes lobos para proteger nossa tribo dos frios. Esse gene vem passando pelas gerações e temos defendido nosso povo e qualquer humano dos vampiros. Há quase dois séculos, meu ancestral Ephraim Black encontrou vampiros diferentes que tinham o estilo de vida diferente. Eles não se alimentavam de sangue humano e estavam dispostos a fazer um acordo. E assim o tratado foi criado. —Assinto e espero onde ele quer chegar com isso. Nunca estive mais confusa. — Bem, essa é a lenda que todos sabem. Agora eu vou te contar a história que eu sei.
"Quando esse clã de vampiros apareceu, uma guerra quase começou. Nossa tribo não queria aceitar que frios ficassem perto das nossas terras e os frios não queriam sair do local em que se instalaram. Todos estavam nervosos e o futuro dos Quileutes era incerto, se não fosse o surgimento de uma mulher. Ela era como os outros da tribo, era uma Quileute. Mas claramente ela não era daquela época, apesar de aparentar ser jovem, dava para notar que ela era bem mais velha. Sua pele era quente como a dos outros transmorfos, ela era extremamente forte e resistente como o resto deles. A diferença era que ela era uma mulher. Até aquele momento, não se sabia se mulheres poderiam se transformar. Ela, com toda a sua sabedoria e paciência foi crucial para que o tratado fosse selado.
“Os frios nunca ficaram sabendo de sua existência, assim como o resto da tribo. O único que teve contato com ela foi Ephraim, que jurou segredo sobre sua existência com a condição de poder contar para as próximas gerações da sua família o real motivo do tratado ser criado. Ninguém nunca acreditou que o motivo dela ter ajudado frios seria esse. Ninguém achou que fosse possível, até agora.
“Eu mesmo demorei para acreditar, não fazia sentido. Por que agora a verdade viria à tona? Mas eu comecei a pensar. Não sei o porquê, mas algo em você lembra vagamente a tribo, acho que seus cabelos, por mais que não sejam negros iguais os do nosso povo. Mas eu tinha minhas dúvidas, Sam ficou muito desconfortável perto de você, mas te aceitou mais rápido do que eu esperava. Os meninos também, você foi aceita pelo bando rápido demais para uma híbrida de vampiro com humano.
“Depois teve o seu pedido, uma reunião com o conselho, depois de meses longe. Você veio sozinha, sabendo que poderia ser morta pelo simples fato de pisar nas nossas terras. Você estava muito calma, algo devia ter te dito que não tinha o que temer. Eu tive certeza de minhas teorias quando apertamos as mãos. Esperava-se que, como metade humana e metade vampiro, você fosse mais gelada do que um humano, mas não tanto. Mas não foi assim, você é mais quente que um humano, mas não tanto quanto os 100% transmorfos. Porém, ainda sim é quente. Sua aparência pode não demonstrar, mas seus genes sim. Você é mais lupina do que vampira. Você é filha dela, não é?"


Continua...


Nota da autora: -


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