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Revisada por Aurora Boreal 💫
Finalizada em: 17/02/2025

Every time I, fuck, fight, we scream
(All night)
I thought it was
(This ain't how it's supposed to be)
That means I feel
(Something)
I want your love
(You bring out the worst in me)
The Worst In Me - KAYTRANADA, Tinashe


Nova York estava vestida de branco. A neve caía em silêncio, cobrindo ruas e telhados com uma delicadeza que contrastava com o peso em seu peito. Enquanto andava pelas calçadas mais cedo, os passos de eram lentos, ela queria sentir o frio cortante que refletia como ela sentia por dentro: gelada.
pensou muito durante a noite anterior. Considerou o fato de estar sozinha com novamente. Era uma má ideia, ficar longe dele era o melhor para os dois, mas foi inútil e mais uma vez, ela deixou que ele vencesse pelo cansaço. Os dois teriam aquela conversa naquele dia. A conversa, embora dolorosa, era inevitável. Ela sabia que precisava encerrar aquele assunto. havia sido um furacão na sua vida, arrancou raízes, deixou cicatrizes que agora ela precisava de tempo para curar.
A decisão de dar um tempo havia sido mútua, mas se arrependeu no dia seguinte e começou a rotina diária de implorar para que e ele tentassem resolver o problema e finalmente pudessem ficar em paz no namoro que já durava dois anos. Era um ciclo interminável de transar, brigar, transar novamente.
, está subindo! — anunciou Mel, do lado de fora do banheiro, onde ela estava nos últimos quinze minutos encarando o espelho.
Ela não respondeu.
Os dois haviam concordado em ter a conversa em um lugar neutro e o escolhido foi o apartamento em que Mel morava sozinha. Lá ela poderia escapar dele com mais facilidade se quisesse.
? — ela chamou novamente, um tom de preocupação na sua voz.
— Estou ouvindo — disse ela, abrindo a porta.
Lá fora, uma neve fina e molhada ainda caía constantemente, e mesmo com as janelas fechadas, ela conseguia escutar o barulho do trânsito que começava a ficar caótico. Ainda era cedo, mas o apartamento estava quase que totalmente escuro, com as luzes apagadas e o tempo fechado. Tudo parecia triste.
— Tem certeza que quer fazer isso hoje? Você não parece segura. — Mel olhava para ela como se encarasse um animal ferido e indefeso.
colocou a mão nos bolsos do jeans e deu de ombros.
— Tarde demais para amarelar.
— Ok, vou deixar vocês sozinhos, e volto quando você me mandar uma mensagem.
— Obrigada. — Ela sorriu sem vontade.
Mel sorriu de volta, pegou suas chaves e o celular na mesa de centro na sala e abriu a porta da frente quando se preparava para bater.
Os dois se cumprimentaram rapidamente antes que Mel os deixasse. voltou-se em direção ao sofá da sala, sem esperar para ver se estava a seguindo.
… — ele chamou.
— Olá! Tudo bem? Não teve problema para chegar aqui com esse tempo? — perguntou, os dois não se viam há quase um mês, e sentiu seu coração palpitar ao vê-lo.
— Estou bem. Peguei um táxi — respondeu, ficando de frente para ela — Podemos conversar?
— Claro, mesmo que você não tenha nada novo para falar — disse, sem conseguir evitar o tom acusatório.

, esse tempo era uma oportunidade para nós dois decidirmos se devemos ou não continuar esse relacionamento, e você concordou com isso. E então, menos de 24 horas depois, mudou de ideia. Você mentiu para mim que estava disposto a fazer isso. Acreditei que estava disposto a tentar.
— Eu não menti para você. Concordei em tirar um tempo para pensar no nosso relacionamento e cheguei a conclusão que amo você e quero continuar com-
— Continuar um namoro em que brigamos ao menos uma vez por dia — ela interrompeu. — Você não pensou em nada. , não podemos continuar assim. Nosso relacionamento não é saudável.
— Entendo…
levou as mãos até a cabeça, sacudindo o cabelo molhado pela neve. Só então reparou nos seus dedos arranhados e ainda vermelhos.
Ela sentia falta daquilo, cuidar dos arranhões que os gatos deixavam nas mãos dele. Deitar-se com ele no sofá da sala e esperar os gatos que logo se juntavam a eles. Era doloroso constatar que sentia falta do homem com quem ela estava tentando terminar. Seu coração apertou no peito e sua boca ficou seca. Droga, ela adoraria agarrá-lo ali mesmo e beijá-lo com força.
— Eu não sei o que você quer que eu diga, . — enfiou as mãos no casaco escuro que ainda estava usando.
— Quero ficar em paz com você. Quero que você se esforce para isso. Quero poder suportar a presença do meu namorado sem me sentir sufocada.
Ela tentava inutilmente não olhar para ele. Achando suas próprias mãos mais interessantes, ela começou a tirar o esmalte vermelho de uma semana das suas unhas curtas, observando enquanto um grande floco caia no chão.
— Se sente sufocada na minha presença? O que mudou, ? Não me ama mais?
não confiava em si mesma para falar com coerência, não quando estava ali na sua frente com aquele olhar desamparado, mesmo quando tudo o que saía da sua boca era mentira. Se fosse sincera consigo mesma, ela o amava, sempre o amou, mas só amor não era o suficiente para um relacionamento dar certo. E ela não tinha mais certeza se o que sentia por ela era amor ou se ele estava apenas obcecado em não a perder.
Qual era o propósito de ter essa conversa se não chegariam a nenhum lugar?
— O que você acha, ? — Ela respirou fundo e caminhou em direção à cozinha. — Quer chá?
A cozinha do apartamento era o lugar mais bem iluminado da casa. Mel gostava de cozinhar. No canto, havia uma pequena mesa redonda com duas cadeiras e sobre ela, um vaso com uma planta suculenta.
— Não, obrigado. — Mesmo assim, ele a seguiu. — Acredito que você ainda gosta de mim, tenho certeza de que sim. Mas não entendo o que está faltando.
não olhou na direção dele enquanto colocava água quente da chaleira elétrica em uma xícara e um pacotinho de chá de camomila logo em seguida.
— Se você leu todas as respostas que mandei pra suas mensagens, você sabe muito bem o que eu queria com esse tempo separado — disse, enquanto adoçava sua bebida, ainda sem olhar pra ele, que permanecia parado na entrada da cozinha.
— Eu li, e também escutei todos os recados que mandou pela Mel. Sei o que você queria com esse tempo, apenas não entendo. Se existe uma longa discussão em sua cabeça, pode esquecer. Eu não precisei de um mês pra saber o que quero, eu ainda quero estar com você, .
— Meu Deus! Com essa atitude? Cada vez mais acredito que não.
levou a xícara aos lábios, dando um pequeno gole no líquido fumegante e sentindo a língua queimar. Ela queria que aquela conversa acabasse, estar no mesmo ambiente que ele não estava ajudando a clarear seus pensamentos.
— Me chamou aqui pra terminar comigo?
demorou a responder enquanto dava outro gole no seu chá.
— Te chamei pra termos uma conversa sobre os problemas no nosso relacionamento. Mas, já que você nem sequer os reconhece, vou apenas tomar um chá e ir pra casa.
Ela colocou a xícara quase vazia na pia e virou-se para o outro.
— Na verdade, já estou indo.
— Não. Não antes de me aceitar de volta.
, o que eu disse está valendo. Não existe você e eu até que possamos resolver nossos problemas.
Ela caminhou para a sala, passando por ele, se esforçando para não tocá-lo. Encostar nele seria perigoso, seu corpo não a obedecia sempre quando se tratava de . Ele a seguiu, agarrou-lhe o braço e a puxou na sua direção.
tentou se libertar.
— O que está fazendo? Me solta!
soltou seu braço, mas levantou uma mão para tocar seu rosto. Ela recuou, mas ele acariciou sua bochecha.
ficou paralisada. A mão deslizou mais para baixo, para seu pescoço. Ele olhou profundamente em seus olhos, suas feições não revelaram nada enquanto seu aperto em volta dela apertava, seus dedos cravados em sua pele enquanto seu polegar traçava a linha da garganta. Na base, na cavidade onde se junta ao peito, ele pressionou para baixo. Não o suficiente para a impedir de respirar. Apenas forte o suficiente para deixá-la com muito medo e excitada. Seu coração disparou no peito, um calor subiu pelo seu corpo. Aquilo era um mau sinal.
Ele a puxou novamente para perto dele. tentou se soltar com mais força dessa vez. Precisava se manter longe dele, ou tudo o que disse não teria valido de nada. procurou sua boca, ignorando a força que fazia para se soltar de seus braços. Ela ergueu a mão para lhe acertar o rosto, mas ele era mais forte e a segurou. Mesmo assim, sem querer, ela o atingiu com o cotovelo enquanto tentava se esquivar. Não sabia ao certo contra quem lutava, se era contra ou contra si própria. arrastou-a de costas em direção ao quarto. Desistindo da luta, passou os braços ao redor do pescoço dele e mordeu o maxilar dele com força. Seu corpo parecia queimar pelo desejo que sentia por aquele homem. Se odiava por isso. Por ser tão fraca.
O ciúme de e o comportamento obsessivo que ele apresentava haviam destruído o relacionamento que eles tinham. Mas essa não era toda a verdade. Se era ciumento, a culpa também era dela por provocá-lo flertando com outros homens na frente dele. Se eles brigavam todos os dias, era porque estava sempre descontando nele todos os seus problemas. Juntos, os dois despertavam o pior um do outro.
E a verdade era que era tão obcecada quanto ele e o desejava tanto que sentia sua calcinha molhada apenas pela ideia de ter ele dentro dela novamente depois de tanto tempo.
A porta do quarto machucou as suas costas quando a empurrou contra ela com força antes de finalmente abri-la com um chute. A expressão no rosto dele era selvagem, ele parecia desesperado. O cheiro do chá de camomila e a colônia de fragrância almiscarada de se misturavam e inflamavam seus sentidos. Um pouco tonta, ela puxou o casaco dele com força, arrancando-o do seu corpo e o beijou, provando o sangue nos lábios dele, onde ela havia o acertado. Mordeu a pele dos seus ombros e o pescoço enquanto ajudava a se livrar das barreiras de tecido que os separavam.
Não havia tempo para preliminares, e eles não precisavam. A verdade era que ela estava sempre molhada quando ele estava por perto. Era como se seu corpo soubesse a quem pertencia.
Quando notou que já havia vencido, ele desacelerou um pouco. a deitou na cama macia e começou a tocá-la. A beijá-la como sabia que ela gostava, incendiando seu corpo até espantar do cérebro dela qualquer pensamento sobre deixá-lo. estava quebrando suas regras, mas não pensava em outra coisa que não a língua de dando voltas ao redor dos seus mamilos durinhos, alternando mordidinhas leves com chupadinhas.
A maciez dos lábios dele a enlouquecia e a fazia gemer. Achou que pudesse gozar só com aquilo. Não seria a primeira vez. Ela arqueou as costas de prazer. Todos os seus argumentos não tinham mais sentido, graças ao tratamento delicioso que ele dava ao seu corpo, eles voaram para longe.
seguiu para baixo com seus beijos até chegar a sua cintura e a beijou bem abaixo do umbigo. sentiu seu corpo tremer, e a pontada entre as suas pernas ficou ainda mais forte. pôs os dedos por baixo do elástico e puxou sua calcinha de renda, até tirar completamente.
E então ele a segurou pelos quadris com força e a penetrou. Os quadris dele a forçaram a abrir mais as pernas, conforme ele metia fundo e com força. Ele a beijou na boca, a língua esfregando na sua, em movimentos casados com os lá de baixo, e apesar da dor, prendeu as pernas ao redor dele, forçando-o mais para dentro. Ele se levantou para olhar para ela, sua expressão de desespero ainda estava lá.
Raiva e desejo misturavam-se, e cada movimento tornou-se uma disputa de quem provocava mais dor no outro. Gemidos agudos saiam da sua garganta e as mãos de agarravam seu corpo com força em todos os lugares. Ele debruçou-se sobre para morder sua orelha.
— Você é minha.
Foi a única coisa que ele disse antes de tomar a boca dela novamente com um beijo sensual e possessivo. Uma de suas mãos segurou ao redor do seu pescoço e apertou. E ele continuou, acompanhado de alguns golpes mais fortes ao som dos murmúrios que repetiam:
— Minha, minha, minha…
— Não… — disse, entre os gemidos de prazer que saíam da sua boca.
— Minha — ele sussurrou no ouvido dela. — Toda minha.
O fogo explodiu dentro de e ela gozou, gritando o nome dele. Seu corpo tremendo em espasmos violentos.
não parou. Continuou penetrando até chegar sua vez de gozar. Com o pescoço rígido, os olhos inflamados, meteu com mais força ainda. sabia que ele estava perto e o apertou com toda a força até sentir o corpo dele enrijecer. Ele soltou um som gutural e se desmanchou em cima dela, os olhos brilhando na meia-luz do quarto. jamais tirou os olhos dos seus enquanto gozava dentro dela.
Por alguns segundos, ela permaneceu quieta. Enjoada. Estava satisfeita depois de um orgasmo incrível, mas também estava arrependida.
Empurrou os ombros de , tentando fazer com que ele se movesse. Quando ele não se moveu, ainda respirando ofegante, ela girou o corpo, saindo de debaixo dele, e levantou-se. O suor frio na sua pele a incomodava, queria tomar um banho, mas já havia abusado do apartamento da amiga. Apanhou suas roupas no chão e começou a se vestir.
Enquanto a adrenalina passava, já começava a sentir os efeitos do sexo violento que haviam feito. Ela podia ver as marcas das mãos de começarem a ganhar uma cor mais escura na sua pele. Estava envergonhada. Olhou rapidamente para a cama onde agora sentado, ele a olhava de volta com um sorriso perturbador.
— Vai embora, . Já teve o que queria — disse, por sobre o ombro.
— Acredito que você também queria, a menos que seja melhor atriz do que pensei.
virou-se para ele no momento em que o outro se curvava para apanhar a camiseta do chão. Havia marcas avermelhadas nas suas costas e nos seus ombros, feitas pelas unhas e dentes de .
Ela afastou os olhos.
— Não devíamos ter feito isso — resmungou ela.
Ele não respondeu imediatamente, concentrado em se vestir.
— Devíamos sim. É assim que resolvemos nossos problemas, não é? Espero você lá fora pra irmos embora juntos.
observou sair do quarto batendo a porta. Soltou um suspiro quando finalmente relaxou o corpo e escorou-se na parede para não cair. O que havia feito?
Ela tinha certeza que por um momento parou de respirar olhando os pedaços dele que acabaram embaixo das suas unhas. Entre as suas pernas, dava para sentir o sêmen dele, úmido, escorrendo, e ela sentiu vontade de chorar. Devagar, ela caminhou até a cama e sentou ali olhando ao redor do quarto escuro.
Ela olhou para as mãos novamente, como se nelas pudesse encontrar alguma resposta, alguma explicação para o que sentia. Mas não havia respostas. Só havia o vazio que sempre voltava, aquele vazio que o amor de preenchia, mas só por um instante. Porque depois vinha o resto. As brigas, os gritos, as palavras que machucam mais do que deveriam. E ela sabia, sabia muito bem, que amor não era o suficiente. Nunca foi.




Fim.


Nota da autora: Esse homem morou na minha cabeça quietinho durante muito tempo e do nada resolveu começar a gritar comigo... e assim saiu isso!! Se gostar comente!! XoXo


💫


nota da beth: Eu li o aviso que era relacionamento tóxico, mas não levei muito a sério rs meu Deus, eu tava torcendo o tempo todo que ela reagisse e TERMINASSE com ele de uma vez. Sky, mulher, acorda!! Mas apesar dessa toxicidade que os dois exalaram nesse relacionamento, sua escrita estava impecável como sempre, Autumn! ❤️

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