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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 28/03/2025.

Annabeth abraçou uma última vez, contendo as lágrimas.
— Nos vemos nas próximas férias, querida.
— Até, mamãe — disse, retribuindo seu abraço.
Depois de dezessete anos vivendo com a mãe e recebendo algumas visitas mensais de seu pai, ambos haviam decidido que ia se mudar para a Inglaterra para morar com ele, pois acreditavam que o novo diretor de Ilvermorny estava negligenciando a educação dos alunos. Não só a garota teria que mudar de escola, estava mudando de país. Ou melhor, de continente.
— Vamos? — O pai estendeu a mão.
olhou para trás pela última vez, respirou fundo e pegou a mão dele. Sentiu imediatamente o ar ser comprimido em seu corpo e tudo ficar preto. Quando parecia que não aguentaria mais um segundo, tudo voltou ao normal, e a garota se viu em frente a uma casa bonita, mas simples.
— Chegamos — o pai anunciou, orgulhoso. — Venha, vou lhe mostrar seu quarto.
Os dois subiram uma velha escada que levava a um corredor pequeno com duas portas. ainda estava meio desnorteada por ter viajado para outro país e outro continente em poucos segundos e seguia um pouco hesitante.
— Esse aqui será seu quarto, embora seja temporário, já que logo você irá para a escola. Esse aqui é o meu. E aquela porta do fundo é o banheiro — ele falou, apontando tudo, parecendo estar em uma mistura de nervosismo e animação. — Espero que seja suficiente.
— Vai servir, obrigada, pai — ela agradeceu, meio formal, pela pouca intimidade que tinha com ele. Apesar de ele e sua mãe serem casados, por questões do trabalho dele, os três conviviam apenas em alguns feriados, e ela nunca havia estado na casa dele, mas, uma coisa que havia aprendido era se adaptar.
Naquele momento, a campainha tocou, o deixando tenso.
— Quem pode ser a essa hora? — ele tentou falar, descontraído, mas parecia assustado.
ainda estava analisando a quarto, quando viu um brilho vermelho e ouviu um barulho forte vindo lá de baixo. A garota voltou correndo para olhar o que estava acontecendo e se arrependeu na mesma hora. Seu pai estava estuporado no chão, enquanto seis adultos e um adolescente a encaravam.
— Pai! — Ela correu para ele, mas logo freou perante àqueles estranhos.
— Ora, ora, então é você que meu irmãozinho Alphard esteve escondendo esse tempo todo. — A mulher mais velha se aproximou, puxando uma mecha do cabelo de para analisar, mas ela desviou. Ao contrário do que esperava, isso fez a mulher sorrir. — Certamente, tem o sangue dos Black.
— Quem são vocês? — perguntou, completamente confusa e apavorada. Era inteligente o suficiente para saber que não tinha como duelar, seria uma batalha perdida. E não tinha a menor ideia do que aquelas pessoas queriam.
— Ora, somos sua família — um homem com idade próxima à da mulher e Alphard se pronunciou. — Ah, que rude não nos apresentarmos! Meu nome é Cygnus Black. Essa — ele apontou para a mulher que falava antes — é Walburga Black. Somos irmãos do seu pai, embora ele não pareça tão contente com isso quanto achávamos.
— Eu sou Regulus Black. Como vai, priminha? — o adolescente de cabelos escuros cacheados a cumprimentou com escárnio. — Essas são Bellatrix e Narcisa, suas primas também. — Ele apontou para uma morena com um ar sádico e uma loira de nariz em pé. — E seus maridos, Rodolpho Lestrange e Lucio Malfoy. — Ele apontou para o homem moreno e o loiro, respectivamente.
estava apavorada. Mesmo assim, respirou fundo.
— Eu creio que vocês estão enganados. — Ela se manteve firme e séria, embora parte de si estivesse quase fazendo xixi nas calças. — Eu não conheço vocês e creio que nem nosso sobrenome é o mesmo. Sinto muito, mas é a casa errada.
— Ah, mas isso é apenas um erro de informação — Cygnus falou. — Não é mesmo, Lynx Picquery? — A garota se sobressaltou ao ouvir seu nome todo. Nem seus amigos da escola tinham como saber disso. — Ou, melhor dizendo, Black.
— Como sabem quem eu sou?
— Sabe, nem o seu nome do meio é por acaso — a loira falou, a ignorando. — É tradição de família usarmos nomes de constelações. Nossa antiga e nobre família puro sangue sempre viu essa homenagem com bons olhos.
— E, como família, você deve confiar em nós. — Walburga sorriu para a garota.
— E por que eu confiaria em pessoas que eu nem sequer conheço? — falou, alarmada. Vamos, pai, ela pensava. Acorda.
— Talvez confiança não seja a palavra certa para o caso — a morena sádica disse, se aproximando do pai de com a varinha na mão. — Sabe, por anos, o seu papaizinho manteve você e sua mamãe escondidas. Não vejo o porquê.
— Por sorte, um contato americano vem me avisando sobre o segredo do seu pai nos últimos meses e descobrimos sobre você. E, como uma boa família, ao descobrirmos da sua vinda, viemos recepcioná-la! — Cygnus comentou, em um falso entusiasmo.
— E agora você vai aprender a confiar na sua família. Por bem ou por mal — Walburga comentou, e aquilo tirou do sério.
— Como vocês ousam pisar na casa de meu pai e nos ameaçar? Para uma família que se diz tão respeitável, não conseguem nem manter as boas maneiras — revidou, tentando se impor.
— Orgulhosa. É uma de nós. — Cygnus sorriu.
— Isso é mentira! — ela rebateu, perdendo o controle. Estava apavorada. Aquela gente era maluca e estava atrás dela.
— Ah, queridinha! Não viemos te matar! — Walburga falou. — Apenas desacordamos Alphard para ele não querer complicar as coisas. Não, nós a queremos bem viva. Você é uma de nós! E vai servir o seu propósito.
— E se eu não quiser? — rebateu.
— Se não quiser — Cygnus olhou para o lado, despreocupado —, digamos que o meu contato mora ao lado da Mansão Picquery. Que coincidência! Não é lá que sua mãe, a mestiçinha Annabeth Picquery, mora?
— E seu papai não parece muito bem, não é? — Bellatrix disse, sorrindo como uma maluca.
Aquela família a tinha palma na mão. Eles sabiam disso. E também. Eles haviam vencido.
— Então, , se quer que os dois vivam, é melhor ouvir com muita atenção — Walburga falou, se acomodando em uma poltrona, enquanto erguia os olhos malignos para a garota. — Pronta para ouvir sua missão?



olhava em volta, estava em uma estação de trem em Londres, onde ia pegar o expresso para sua nova escola: Hogwarts. Ela estava extremamente nervosa: não tinha amigos lá, não conhecia ninguém, já era uma garota velha e intrusa, enquanto todos eram entrosados e, além disso, tinha uma missão nas costas.
Depois que a família Black foi embora, eles acordaram seu pai e o obliviaram, além de ameaçarem os pais dela explicitamente caso contasse para qualquer um sobre o que eles haviam falado. Por isso, a garota teve que fingir extrema surpresa quando seu pai veio falar com ela antes de entrar no trem.
, é melhor eu te contar uma coisa agora, para não se assustar depois. Eu te inscrevi em Hogwarts com o meu sobrenome, enquanto na sua antiga casa e escola você usava o da sua mãe, por conta da influência da sua família por lá. Portanto, não se assuste quando te chamarem de Black. Esse também é seu nome. E não significa nada — ele se apressou em dizer, nervoso. — É só por questões burocráticas. — Ele engoliu em seco, parecendo querer evitar aquela conversa ao máximo. — E existem na escola duas pessoas com o mesmo sobrenome — ele disse, cada vez mais nervoso. — São seus primos, Sirius e Regulus Black. Regulus é um garoto confuso, mas acho que pode confiar em Sirius. Conte para ele que sou seu pai. Ele costumava gostar de mim, talvez isso o ajude a te acolher.
Depois disso, ele pediu várias desculpas pelo inconveniente, a abraçou e falou que a amava antes da garota embarcar no trem.
Já dentro do trem, em uma cabine vazia, ela pensava em tudo o que ele havia dito. Ela já sabia que tinha dois primos. Um, conhecera pessoalmente duas semanas atrás, enquanto ele agradavelmente invadiu sua nova casa e, ainda mais gentil, dissera que ia ficar de olho nela na escola para garantir que estava cumprindo a missão. O segundo, Sirius Black, fazia parte de sua nada espontânea missão. Merda, ela nem sabia como ia fazer tudo aquilo.
— ... e aí nós pensamos: com a quantidade de água que essas crianças engolem, e se nós enchêssemos uma piscina inteira de pó de arroto? — A porta da cabine se abriu. Um garoto de cabelos cheios e escuros, com uma postura charmosa, falava com o sotaque britânico carregado que agora todos possuíam, se jogando para dentro do vagão, sem nem notar a garota já instalada.
— Essa foi genial! Eu tive que comprar a ideia! — Um outro garoto de óculos se jogou no banco de frente para o amigo, ainda a ignorando. bufou. Seu humor já não estava dos melhores.
— Er, acho que já tá cheio — um garoto alto e pálido, com cabelos castanhos claros, falou, parecendo meio culpado de ter invadido o lugar. Aquilo fez com que ela se acalmasse um pouco. Só um pouco.
— Ora, então temos companhia! — o garoto de óculos falou, sorrindo para , como se não tivesse problema nenhum eles invadirem o seu vagão.
— Olá, tudo bem? Estranho não nos conhecermos. Eu lembraria de um rosto assim — o moreno charmoso falou, sorrindo.
— Cheguei! Desculpa o atraso, eu tentei escolher bem qual sapo de chocolate eu ia querer. Sabe, isso muda tudo, porque a figurinha de cada um é diferente! — um quarto garoto baixinho e gordinho, com cabelos cor de palha disse, entrando na cabine. — Opa — ele disse, se acuando, e sussurrou nervoso para o amigo alto. — É pra gente sair?
Na mesma hora, um baque atingiu . Ela havia visto uma foto daquele exato grupo semanas atrás.
Por acaso, sua missão começava exatamente em tentar conseguir a confiança daqueles garotos que, por acaso, haviam entrado na sua cabine. E percebeu que sabia o nome de cada um.
Na verdade, o garoto piscando para ela era, inclusive, seu primo.
— Podem ficar — ela disse, lutando contra toda sua vontade de berrar até o ser humano mais próximo dela estar a cinco metros de distância. — Prometo que não incomodo.
O garoto gorducho, que agora ela sabia ser Peter Pettigrew, suspirou aliviado e se sentou para comer seus doces. O garoto alto entrou, ainda a observando, e se sentou em frente à , logo pegando um livro para ler. Ela o reconheceu como Remus Lupin.
— Sabia que íamos chegar a um acordo. — O garoto moreno, que agora ela reconhecia como Sirius Black, sorria abertamente para a garota.
— Não conheço seu rosto. Eu achei que conhecia todos naquela escola — o moreno de óculos, James Potter, retrucou.
— Isso, caro amigo, se deve a um caso especial de cegueira em que tudo que você vê se resume a Lily Evans — Black retrucou, lhe acertando uma bolinha encantada com um estilingue. Pera, de onde ele havia tirado um estilingue?
— Mas é verdade, não conheço você. Quem é você? — Pettigrew perguntou, acanhado, com sua voz fininha. Ela se controlou para ser educada.
— Meu nome é ... Picquery. — Decidiu manter o novo sobrenome encoberto. Walburga havia a alertado que Sirius poderia reagir mal se descobrisse sua ligação com a família logo de cara, mesmo que seu pai achasse que ele seria receptivo. Ela não arriscaria. — E vocês?
— Eu sou Sirius Black — seu primo a cumprimentou, piscando.
— Não liga pra ele. Bateu a cabeça quando nasceu. Eu sou James Potter. — O garoto de cabelos arrepiados apertou a mão dela, cordial.
— Eu sou Peter Pettigrew. — O garoto de cabelos cor de palha ia imitar os amigos, mas os dedos estavam enlambuzados e ele os recolheu, envergonhado.
— E eu sou Remus Lupin — o garoto pálido e alto disse, lançando um rápido olhar gentil por cima dos livros, mas depois voltando a se perder neles. — Você é nova aqui? — ele perguntou, sem tirar os olhos da leitura.
— Sim, eu vim de Ilvermorny, nos Estados Unidos, onde eu morava com minha mãe, mas eu vim para a casa do meu pai esse ano e me mudei para Hogwarts. Vou cursar o sétimo ano.
— Olha, você tem sotaque! — Pettigrew falou.
— Isso é óbvio, cabeça oca — Black falou, revirando os olhos pro amigo. — Bom saber que estamos no mesmo ano. Você já chegou conhecendo as melhores companhias que pode ter.
— Já sabe que casa você quer entrar? — Pettigrew perguntou.
— Bom, eu não conheço as casas de Hogwarts, mas na minha antiga escola eu era da casa Serpente Chifruda — comentou, casualmente. — É dita como a casa dos inteligentes.
— Talvez seja como a nossa Corvinal. Quem sabe você vá para lá — Lupin comentou, agora parecendo atento e curioso com a conversa. Mas, quando olhou para , desviou os olhos para sua leitura novamente.
— Seria bom que você fosse da Grifinória. É a melhor casa. Mas sou suspeito de falar — Potter comentou, rindo. Tinha um sorriso travesso e simpático.
— Olha, só espero que essa sua serpente seja diferente da serpente que representa a casa da nossa escola, a Sonserina. Não queira ir para lá, aquilo é espaço apenas de bruxos malignos — Black falou, carrancudo.
— Nem todos são ruins. Mas ultimamente parece que todos são praticamente Comensais da Morte. — Pettigrew estremeceu.
franziu a testa, confusa.
— O que é isso?
Os amigos se entreolharam, sérios.
— São tempos difíceis por aqui — Lupin começou a falar. — Bruxos das trevas estão se tornando mais fortes.
— Defendendo supremacia dos sangues puros, atacando trouxas e nascidos trouxas. Essa gente é cruel por conta de ideais estúpidos — Sirius disse e parecia estar rosnando.
— Existe um bruxo poderoso das trevas que tá liderando tudo isso e seus seguidores são os Comensais da Morte. Praticamente, todos os sonserinos saem daqui já dentro do grupinho de seguidores malucos dele — James completou.
O clima ficou bem pesado por um tempo. Que incrível, ela pensou. Então, além da sua mudança de continente, casa e escola, além de estar cumprindo uma missão sob ameaça, ela ainda estava em um país cuja guerra podia explodir a qualquer segundo. Cada segundo parecia cada vez mais animador.
— Essas coisas sérias me deixam de mau humor. Vamos falar de algo mais alegre — Sirius disse, bocejando.
— É, conta pra gente da sua escola, — James falou, retornando ao tom animado.
Os cinco ficaram conversando o resto do caminho, só Remus que saiu por um período para patrulhar os corredores porque ele era monitor chefe. Era meio parecido com os representantes de Ilvermorny. No fim, acabou que conversar com eles ajudou a garota a se distrair das coisas ruins e já não ficou tão emburrada.
Talvez aquela missão não fosse tão ruim. Eles pareciam um grupo engraçado e divertido. Se aproximar deles não parecia ruim e ela não estava dispensando amigos. Só tinha medo de causar algum mal a eles. Mas era melhor não ficar martelando isso. Por enquanto, só tinha que fazê-los confiar nela.
Quando estavam chegando, os deixou na cabine e foi se trocar no banheiro do expresso. Já era noite quando chegaram à escola. Diferente de Ilvermorny, que a lembrava um palácio de veraneio, Hogwarts a fazia se sentir como se estivesse em um castelo da Idade Média, mas ele tinha sua beleza, especialmente com aquele céu estrelado refletido em um grande lago. Quando ela desceu do expresso perto dos meninos, contemplou a beleza daquele lugar.
— Alunos novos, por aqui! — Ela ouviu uma voz grave dizer. O seu dono era um homem gigantesco que, se ela não soubesse que gigantes tinham no mínimo 5 metros, ia achar que ele poderia ser um.
— Aquele é o Hagrid. -- James apontou de uma maneira gentil para o homem grande. — Ele é nosso guarda caças.
— É melhor você ir com ele — Remus pontuou.
— Te vemos lá dentro e espero que você seja da Grifinória! — Sirius disse, acenando, e assim todos os quatro entraram em uma carruagem que era puxada por nada visível.
Seguindo junto aos alunos do primeiro ano, ela se dirigiu até aquele homem grandão.
— Hm... É, com licença, sr. Hagrid? — tentou chamar educadamente.
O homem procurou quem o chamava e a encarou com olhos confusos.
— Boa noite, perdeu as carruagens?
— Na verdade, eu sou nova aqui. Transferida de Ilvermorny — ela falou, apressadamente. — Meu nome é . Um monitor me falou que você poderia me levar.
— Ah, claro, claro! — ele falou, dando tapinhas nas costas dela, que provavelmente eram para ser gentis, mas quase a mandaram para dentro do lago. — Entre em algum barco. Quatro alunos por vez!
Ela se sentiu completamente desconfortável e levemente humilhada entre aqueles alunos pequenos. Alguns a olhavam com curiosidade, outros com admiração e alguns com zombaria. Para esses, ela levantou levemente a varinha e olhou séria. Aquilo os fez ficarem quietos.
Quando finalmente desembarcaram, Hagrid os deixou na porta que se abriu e revelou uma mulher de cabelos negros com a cara bem séria. O tipo de pessoa que ela logo percebeu que não se brincava.
— Aqui estão, professora McGonagall, os alunos do primeiro ano. Ah, e nossa transferida. — Ele apontou para , como se fosse necessário apontar pra única garota de 17 anos no meio das crianças de 11.
— Obrigada, Hagrid, agora eu cuido deles.
A professora os conduziu escadas acima até pararem na frente de uma grande porta que abafava o barulho de várias pessoas conversando.
Ela fez um discurso de boas-vindas e falou que ocorreria a seleção que nos dividiria nas quatro casas. Explicou rapidamente o que eram essas casas e seus nomes. Bem parecidas com Ilvermorny mesmo.
— Agora, façam fila e me sigam — ela anunciou no final do discurso.
As portas foram abertas, revelando um lindo salão encantado. O teto tinha um grande céu estrelado, mas havia velas penduradas. Quatro mesas compridas se estendiam na vertical e ela viu de longe quatro garotos na mesa vermelha que pareciam os meninos do trem. Na frente, uma mesa onde todos os professores e diretores estavam sentados. Hagrid estava lá também.
Mas então ela percebeu. Onde estavam as estátuas que faziam a seleção?
A professora McGonagall colocou um banco simples de madeira na frente de todos com um chapéu muito velho em cima. E, de repente, o chapéu estava cantando. Era algo bem idiota sobre a criação de Hogwarts, os fundadores e que, para os alunos serem selecionados, só precisavam experimentar o chapéu que ele anunciaria a casa. Tão diferente de Ilvermorny, onde a estátua representante de cada casa se manifestava se queria o aluno na sua casa.
Quando todos terminaram de aplaudir a música do Chapéu Seletor, como ele tinha se autodenominado, a professora McGonagall falou, lendo um longo pergaminho:
— Quando eu chamar seus nomes, vocês porão o chapéu e se sentarão aqui para a seleção.
E nisso, ela começou a chamar todos os alunos em ordem alfabética, mas o nome da estrangeira nunca chegava. Então, depois que todos os alunos novos foram selecionados e só sobrava ela, no meio do salão, com todos os olhos a encarando, curiosos, a professora anunciou:
— Black, .
Se antes as pessoas estavam a encarando, agora estava tudo muito mais intenso. Especialmente os olhares das mesas vermelhas e verdes. ignorou a todos e andou até o banco de cabeça erguida. Se quisessem a olhar, que vissem seu melhor ângulo.
se sentou no banco de madeira e o chapéu foi colocado na sua cabeça, cobrindo toda a sua visão. Tudo estava preto e uma voz começou a falar em seus pensamentos.
— Interessante. Corajosa, mas não se jogaria em qualquer batalha. É esperta. Inteligente e poderosa. Mente aberta. Mas uma grande vontade de se provar. E não podemos esquecer que é mais uma Black. — Uma pausa se seguiu, com uma risada em seguida. — Ah, mas eu vejo que é mais do que isso. Criança, você não sabe o que você tem dentro de si.
O que isso queria dizer? Tudo era melhor quando era apenas um simples sinal de uma pedra entalhada. Aquilo estava a irritando.
— Não fique impaciente tão cedo! Pois bem, você tem um grande potencial e muito a descobrir. Eu já sei onde você deve ser colocada.
Ele fez uma pausa dramática e agora, em vez de falar apenas na cabeça dela, falou para todo o salão:
SONSERINA!



A mesa verde explodiu em aplausos, e foi para lá, meio receosa. Não era aquela casa que os garotos falaram que era ruim? Mas ela não era ruim. Era?
olhou para a mesa verde e percebeu que Regulus estava lá, com sua gravata verde e um sorriso enviesado. A garota engoliu em seco. Estava ferrada. Aquele garoto agora ia poder observá-la 24 horas por dia. Como se ela precisasse de mais algo.
Quando se sentou, o diretor Alvo Dumbledore, um dos bruxos mais famosos e poderosos da história, falou algumas palavras esquisitas e falou para o jantar começar. Definitivamente, não era o que ela esperava do grande vencedor do duelo mais famoso do século, mas, na mesma hora, a mesa se encheu de comidas quentinhas e frescas. O estômago de se remexeu, ela nem havia percebido que estava morrendo de fome até aquele momento.
— Ei, Black — uma garota na sua frente falou. — Black! — ela repetiu, e piscou, despertando. Ainda não se acostumara com o sobrenome.
— Ah! Eu?
— É, né? Quem mais? — A garota revirou os olhos. — Então, você é parente do Regulus e do Sirius?
— É, acho que sim! — ela disse, engolindo os bolinhos de carne. — Ouvi falar que eles são meus primos, mas só descobri hoje. Só conheço minha família americana e sempre respondi pelo meu sobrenome americano.
— Que doido chegar a um lugar sem nem conhecer ninguém, sendo que algumas dessas pessoas são até da sua família — ela disse, jogando o cabelo que estava preso em um elaborado penteado para trás e pegando mais suco de abóbora.
— É. E você, qual seu nome? — perguntou.
— Sou Snyde. Reydana Snyde. Mas pode me chamar de Rey — ela disse, estendendo a mão.
— Pode me chamar de ou , como você preferir — ela respondeu, sorrindo. Rey não parecia ser ruim nem nada daquilo que os meninos haviam falado. Pelo contrário, ela parecia legal. E era estilosa.
— Adorei o seu cabelo e suas pulseiras.
— Ah, valeu — Reydana disse, automaticamente, passando as mãos no cabelo e ajeitando o penteado complicado. — Então, você veio dos Estados Unidos? Em que ano você vai estudar?
— Eu era de Ilvermorny e vou fazer meu último ano aqui em Hogwarts — respondeu e percebeu assombrada que o jantar magnífico havia sido substituído por sobremesas mais magníficas ainda.
— Então vamos ser colegas de quarto — ela disse, com um sorriso pequeno, mas sincero. — Se você quiser, eu te ensino a fazer alguns penteados assim.
— Eu amaria! — respondeu, animada.
— Ei, Rosier! — Rey chamou, e tanto um garoto quanto uma garota olharam. — Essa é a . A outra Black.
— E aí — a garota de cabelos loiros e olhos verdes com um rosto enviesado falou, antes de se voltar de novo para a garota do seu lado.
— Tudo bem? — o garoto falou, mais simpático. Tinha traços muito bonitos, mas, diferente da outra, tinha um rosto mais gentil. — Eu sou Evan e aquela é minha irmã, Martha.
— Prazer. — sorriu para eles.
— Aquela conversando com Martha é Layla Greengrass. Elas também são do nosso ano, então elas tão no nosso dormitório. Layla é a monitora chefe e aquele ali — ela apontou para um garoto de cabelos pretos até o ombro e oleosos — é o Severo Snape, o outro monitor chefe. Do lado dele — ela apontou para um garoto de sobrancelhas grossas — é o Jake Wilkes, também do nosso ano e bem amigo do Rosier.
— Quem você fala mais? — perguntou, mordendo um pedaço de uma torta de limão e soltando um gemido. Aquela comida estava simplesmente maravilhosa.
— Normalmente, falo mais com o Rosier e às vezes o Wilkes. Layla também é gente boa, mas vive grudada com Martha e a gente não se bate muito. A gente só se ignora — Rey disse, como se isso fosse super normal. — Você vai adorar nosso salão comunal. Ele é embaixo d'água.
— Que irado! — ela respondeu, tentando parecer animada.
Rey analisou a garota.
— Você não sabe o que é um salão comunal, né?
— Não — ela admitiu.
Por fim, Snyde explicou a ela sobre as aulas, as casas, o quadribol, os salões, os exames (NOMs e NIEMs) e várias outras coisas da escola. Muitas coisas eram parecidas e outras bem diferentes. Como Ilvermorny tinha sido criada por imigrantes bruxos, fazia sentido ter tido tantas inspirações, ela pensou.
Reydana estava terminando de contar sobre a rivalidade da Grifinória e da Sonserina (que era milenar! Briga entre fundadores? Hogwarts tinha. Enquanto isso, em Ilvermorny, os fundadores eram uma família feliz. Bem menos drama), quando o diretor Dumbledore se levantou e começou a discursar.
— Agora que estamos de barriga cheia e mais bem humorados, gostaria de dar algumas palavrinhas.
— Ele é tão engraçado! — sussurrou para Rey. — Não imaginava o maior bruxo do último século assim.
— Ele é um louco. Um velho caduco e chato. Mas é um gênio — Rey murmurou de volta.
— Primeiro, para avisar aos alunos novos e relembrar os antigos, é proibido andar na floresta da propriedade.
— Qualquer um que vá é louco, não se sabe tudo que existe naquela floresta — sua nova amiga falou baixo para ninguém em especial.
— O nosso zelador Argo Filch — o diretor continuou — pediu para lembrar que é proibido fazer magia nos corredores. A lista atualizada de produtos mágicos proibidos estará pendurada perto da sala do sr. Filch. É proibido andar pelos corredores depois do toque de recolher. Mas falemos de coisas boas. Os testes para o time de quadribol começarão daqui a duas semanas, quando seus capitães marcarem. Agora, vamos dormir! Alunos novos, fiquem perto de seus monitores!
Rey fez um gesto com a cabeça, chamando a nova sonserina para segui-la, e ela se levantou da mesa. a seguia e se sentia igual a um cachorrinho perdido, mas fingiu que estava bem resolvida.
Enquanto saíam, viu, do outro extremo do salão, um grupo de quatro alunos vindo em sua direção e a encarando. Ela imaginou que eles estivessem confusos e irritados. Peter tinha uma expressão intrigada, James tinha as sobrancelhas franzidas, Remus a olhava como uma questão particularmente difícil e confusa de uma prova. E Sirius... Não era surpresa que ele estava furioso. Ela olhou para cada um e seguiu sua amiga. Já era muito tarde para explicações.
Seguindo o corredor, ela percebeu que muitos ainda tinham olhos fixos nela.
— Reydana, é impressão minha ou estão realmente me encarando?
— O que você esperava? Você é uma estrangeira novata, com o nome Black e bem atraente — ela disse completamente direta e indiferente, como se estivesse falando do clima.
— Então eles tão interessados em mim? — Ela riu com a ideia.
— Não duvido nem um pouco. Esse bando de bombas de hormônios... Evan tava quase te engolindo com os olhos.
— Não... Afinal, vocês têm alguma coisa, né? — perguntou, cautelosa.
Reydana deu uma gargalhada completamente sarcástica.
— Acredite, a última coisa que eu quero é me envolver com alguém minha vida toda. Beijos são nojentos e amor é uma fraqueza.
— São maneiras de pensar — ela disse, olhando para um garoto que a encarava por alguns segundos já. Em resposta, ela abriu um sorriso. Ele ficou vermelho como um pimentão. não se aguentou de rir. — Você viu aquilo? As pessoas aqui são malucas. Menos você, claro — ela se apressou em completar.
Elas caminharam até o subsolo e chegaram às masmorras.
— Ei, Snape, qual a senha? — Reydana falou, completamente seca.
Serpensortia — o garoto de cabelos pretos sebosos respondeu no mesmo tom, sem nem olhar para ela. Nesse momento, uma sala se revelou.
Era muito bonita. A luz mais escura não doía os olhos e a visão do que estava submerso no lago era fascinante. Até as chamas verdes da lareira eram hipnotizantes.
— Vamos, vou te mostrar seu dormitório. Já devem ter colocado a cama extra pra você. — Rey a guiou para um corredor na direita. — Aqui são os dormitórios femininos. E aqui é o nosso — ela disse, abrindo uma porta.
Quatro camas de dossel com cortinas e cobertas verde e prata se estendiam com o malão de cada uma, demarcando as camas. Elas haviam chegado primeiro e trocaram o malão de Layla com o de para sua cama ficar do lado da de Rey.
— Elas não vão reclamar. Tão sempre juntas. E se reclamarem, estou o verão todo querendo treinar novos feitiços agora que sou maior de idade — Rey disse, simplesmente.
Elas se ajeitaram para dormir e, pouco depois, as outras garotas chegaram. Basicamente, ficaram a noite inteira em conversas paralelas, até Layla e Martha deitarem e ameaçarem as outras colegas para que calassem a boca (a ameaça veio mais de Martha mesmo). Rey revirou os olhos e parecia prestes a falar ainda mais, contudo, já estava cansada e não queria mais problemas do que a simples existência do Regulus o tempo todo perto de si já iria trazer.
No dia seguinte, acordou bem mais cedo do que queria. Teve um sonho confuso em que sua mãe aparecia na escola com aquelas malditas Walburga e Belatriz, enquanto Regulus dizia de fundo “quem mandou você afastá-los?”. Mesmo assim, para , até alguns pesadelos eram melhores do que acordar cedo para assistir aulas e talvez encontrar um dos personagens do pesadelo tão cedo. Isso se os quatro grifinórios não viessem pedir satisfação antes.
A única coisa que a convenceu a se levantar era que, se o jantar já estava delicioso, o café da manhã, que era sua refeição preferida, teria comidas ainda mais maravilhosas. Seu estômago já roncava com expectativa.
Quase valeu a pena acordar cedo quando, já no Salão Principal, ela se sentou com Rey e devorou deliciosas panquecas. Ah, sua saúde ia se acabar nessa escola.
Quando terminou de comer, decidiu passar seu batom vermelho antes de ir para a aula. Não gostava de passar antes de comer, mas não podia deixar de usar sua marca registrada. Na mesma hora, vários garotos a encararam.
— Ah, isso é meio bizarro, mas tão engraçado — ela disse, rindo para Rey.
— Essa cor é muito Grifinória. Por que não usa um roxo ou preto? — ela respondeu, simplesmente.
— Porque, infelizmente, vermelho é minha cor.
Ela analisou a nova colega.
— É verdade. Combina com sua pele clara, seus cabelos e olhos escuros. E se quer mesmo ter efeito, deixa a gravata meio solta e abre os dois primeiros botões — ela disse. — Coloca a blusa pra dentro da saia.
— Que besteira, Rey — disse, revirando os olhos. Era só uma brincadeira.
— Quem você disse que era extremamente estilosa? Tá duvidando agora?
— Tá bom, Snyde! Você venceu. — pegou as suas coisas e se levantou da mesa. Na mesma hora, olhares de todas as mesas a seguiam. — Caramba, garota, você é boa!
— Claro que eu sou — ela disse, dando de ombros.
— Senhorita Black? — Ouviu uma voz a chamar.
Era o professor Horácio Slughorn. Era o diretor da Sonserina. Ah, por Merlin. Será que ela já tinha feito algo errado? Será que havia quebrado algum código de vestimenta?
— Olá, professor Slughorn. Algum problema? — falou, nervosa.
— Ho-hô! Não mesmo! Vim apenas te entregar seu horário. Baseado nos exames do seu país e das matérias que você assistia, acho que essas vão ser suas aulas — ele disse, entregando um papel para ela.
— Ah, muito obrigada, professor!
— Não há de quê! Mal espero para te ver nas aulas de Poções. — Ele deu dois tapinhas em seu ombro e saiu.
— É claro que ele tá interessado em você — Rey falou. — É uma Black intercambista que ninguém conhecia. Ele vai querer saber da sua família toda e talvez te colocar no Clube do Slugue.
— Que isso?
— Algo muito estranho pra ser descrito por palavras — ela disse, com uma cara de nojo.
— Então, é ruim? — perguntou, nervosa.
— Depende. Tem gente que mal espera pra entrar. Mas acho que artistas como eu não são tão bons pra entrar num grupo como esse apenas para os melhores e mais talentosos.
Ali estava. Um pouco de rancor por não ter sido convidada.
— Qual sua primeira aula? — Rey perguntou, arrancando o papel da mão da garota. — Ah, é Herbologia. Eu também. Bora lá.
Ela guiou a novata até as estufas e assim o dia foi preenchido por várias aulas, algumas matérias mais conhecidas que outras. Foi muito legal conhecer os professores e até outros alunos. E até que estava se saindo muito bem e isso a deixava muito feliz. Nada a deixava melhor do que ser boa em algo e ganhar destaque. Não havia nada errado em uma garota alimentar um pouco seu ego, né? Mas ela logo descobriu que tinha concorrentes à altura.
Esses concorrentes, inclusive, não eram ninguém menos do que os quatro grifinórios. Ela podia sentir a presença deles em todas as aulas que frequentava, cercando-a, deixando-a receosa com o que estava por vir.
No final da última aula do dia, Transfiguração, ela percebeu pelo olhar dos seus quatro acompanhantes do Expresso que não ia conseguir fugir daquele interrogatório. Por isso, no final da aula, ela se virou para Rey e disse:
— Já aprendi o caminho pro Salão. Vai na frente e guarda lugar pra gente. Tenho só que resolver umas coisas.
Ela olhou para os quatro garotos que as encaravam e depois para , por fim dando de ombros, saindo da sala.
A garota fingiu estar organizando sua mochila e ouviu aqueles passos se aproximando.
— Então, olha quem tá aqui. — Ela ouviu a voz de Sirius, cheia de raiva. Ela continuou arrumando a mochila, mas, quando percebeu que eles não falariam nada até ela encará-los, se levantou, jogando o cabelo para trás.
— Até que vocês demoraram — ela disse, num sorriso discreto que eles confundiram com sarcasmo.
— Chega de piadas, sua mentirosa — Sirius exclamou, ainda mais irritado. — Que palhaçada de história é essa que você tá se passando por uma Black?



suspirou, colocando a mão na cintura.
— Eu vou ser bem honesta com vocês. — Os quatro pares de olhos a encaravam, carrancudos. — Eu descobri ontem sobre isso do meu nome também — ela mentiu. — Sempre usei o sobrenome da minha mãe, que foi o que disse pra vocês...
— Com licença — a professora McGonagall chamou, sem paciência. — Existem dezenas de espaços nesse castelo para conversinhas, mas essa sala precisa ser trancada.
— Ah, certo, professora — Lupin disse, nervoso.
— Já estamos saindo — Potter acrescentou.
— Foi mal, professora! — disse, acenando um tchauzinho.
Os cinco já haviam saído da sala, quando Black agarrou o braço da garota.
— Que porr...
— Nem pense em sair. Você não vai a lugar nenhum — ele disse, me interrompendo.
— E quem disse que eu ia?! — protestou, tentando soltar seu braço, mas ele continuou preso.
— Sirius, larga ela — Remus colocou.
— É, cara, pode machucar — Pettigrew falou, assustado como se fosse ele na situação.
— Me solta — murmurou, chocada com a força do garoto. — Eu quero falar com vocês.
Black a encarou profundamente, com ódio nos olhos, mas depois olhou os amigos e se acalmou um pouco. Por fim, ele a soltou. mexeu o braço com cuidado, ainda sentindo a pele arder. Aquilo ia deixar marca, com certeza.
— É melhor continuar falando, Picquery. Antes que eu mude de ideia.
suspirou. Aquele garoto tinha muitos problemas, mas ela tinha que conquistar a confiança dele e dos amigos, então continuou:
— No dia do embarque, meu pai me chamou em um canto e me disse que eu estava inscrita com o sobrenome dele, um sobrenome que eu nem conhecia. — Ela respirou fundo, tentando passar vulnerabilidade em seu olhar, o que não era difícil considerando sua situação. — E ainda me disse que eu tinha dois primos na escola. Regulus, que ele disse ser complicado. E você.
— Então você já sabia na cabine, mas não falou nada — James constatou.
— Eu tinha acabado de descobrir! E meu pai falou que você não era muito fã da família — ela disse, olhando para Sirius. — Eu sou nova, de outro continente, chegando a um lugar onde todos já se conhecem e ainda descubro que tenho outra família não muito amigável. Vocês foram minha primeira chance de amizade, não queria perdê-la por um sobrenome que eu nem sinto que é meu.
Ela deixou um suspiro escapar, não estava de todo mentindo. Parecendo perceber uma pontada de honestidade, Peter, Remus e James passaram a olhá-la de forma mais simpática. Mas Sirius ainda a encarava feio.
— Então seu pai me conhece e conhece meu irmãozinho — ele disse, sarcástico, o sotaque britânico gritante. — E disse que somos primos. Quem é seu pai?
— Alphard — ela falou, simplesmente, mas viu o choque em seu olhar.
— O quê?! Tio Alphard... tem filhos?
— Eu diria só filha, a não ser que eu também tenha irmãos e não saiba — falou, confusa. — Não seria a maior surpresa da semana.
— Então ele te escondeu da família esse tempo todo. Esperto... — Sirius disse, com raiva.
— E Regulus? Como reagiu? — Remus perguntou, curioso.
— Ele não veio falar comigo, só me olha feio de longe. Parece meio maluco.
— Ele com certeza é. — James revirou os olhos.
— Olha, não importa suas desculpas. Você mentiu — Sirius disse, a raiva voltando aos olhos. — E ainda foi pra Sonserina, então coisa boa em você não tem.
— Pera lá — a garota disse, irritada. — Você tá me julgando sem me conhecer só pela minha casa. E um monte de gente de lá foi simpática comigo.
— Claro que foram simpáticos com você, você é da casa deles — James falou.
— Eles só tratam bem os seus iguais — Sirius confirmou.
— Ué, e você não tá assumindo coisas ruins sobre mim só por ser da Sonserina? Não tá sendo rude? Mas os seus iguais você trata com respeito. Acho que isso não é exclusivo da minha casa, é?
Touché — Lupin exclamou.
— Cala a boca, Remus. Tá do lado de quem? — Sirius disse, emburrado. O amigo só abriu um sorrisinho e revirou os olhos.
— Olha, eu sei que eu menti, mas eu já expliquei o porquê e disse tudo o que podia. Falei a verdade.
— E por que a gente deveria acreditar se você já mentiu antes? — Pettigrew falou. A garota se encolheu um pouco. Peter parecia o mais gentil, mas aquela alfinetada havia doído.
— Eu não sei — ela admitiu. — Mas já respondi vocês. Cabe a vocês acreditarem ou não.
Naquele momento, o braço de ardeu onde Sirius havia apertado, e ela instintivamente o segurou com a outra mão. O movimento não passou despercebido pelo garoto. Subitamente, seu rosto ficou mais sombrio.
— Eu... me desculpa. Preciso... preciso pensar — Black disse e seguiu o corredor em direção às escadas.
— Você não parece má gente, . Espero que não seja — Potter falou, sorrindo, antes de correr atrás do amigo.
— Desculpa o jeito que falamos com você. Er… tchau! — Pettigrew saiu como um rato apavorado atrás dos outros.
— É melhor dar uma olhada nesse braço — Lupin, o último que tinha ficado, constatou.
— Não é nada demais, já passa.
— Por experiência própria, machucados que deixamos de lado são muito piores depois de cuidar.
— Ainda acho desnecessário, mas obrigada pela preocupação. É parte do trabalho de monitor ou você é assim? — ela o provocou, sorrindo.
— Acho que tá mais pra parte de um pedido de desculpas. — Ele deu de ombros. — Não se chateie com o Sirius. Ele foi um babaca, mas não é assim sempre. Família é algo delicado pra ele, e sei que ele se arrepende te ter te machucado.
— Você é um bom amigo ao falar isso, mas quem precisa se tocar disso é ele. — Os dois se encararam, as expressões amistosas, e Remus mexeu no cabelo castanho claro. Era um cabelo bem bonito, não pôde deixar de notar. — Bom, acho melhor você encontrar seu grupinho. Tenho a impressão de que vocês estão sempre grudados.
— É, os marotos gostam de andar juntos. Tchau, — ele se despediu, gentil, antes de seguir o mesmo caminho dos seus amigos.
Marotos? Que nome ridículo, ela pensou, rindo. Mas, por algum motivo, sentiu que combinava com eles.
Com todos longe, respirou fundo. Aquilo havia sido muito mais intenso do que havia pensado que seria. Seu braço ainda ardia e seu coração batia acelerado no meu peito. A sonserina sentia a missão escorregar para longe de seu alcance. Ela tinha que fazê-los gostarem dela. Mas, droga, como ia fazer aquilo com eles cheios de desconfiança?
sentia saudades da antiga escola e o jeito que todos eram unidos. Claro, todos tinham competições e rixas, mas nada nesse nível. Sentia falta de estar em um lugar que conhecia. De falar com Ashley, que entenderia tudo o que ela falava e a ajudaria naquela missão ridícula. De estar no conforto de casa. Sentia falta da mãe.
E sentia falta de não ver a vida de seus pais ameaçada.
respirou fundo e decidiu ir para o Salão Principal jantar. Seu estômago roncava, mesmo ainda um pouco embrulhado de nervosismo, e nada melhor para afastar as preocupações do que comer.
Mas, logo na entrada, ela já encontrou alguém capaz de arruinar o seu humor.
— Ora, ora, se não é minha priminha estrangeira — Regulus disse, sorrindo sem nenhum humor, e ela revirou os olhos.
— Olha, se não estiver claro, eu estou morrendo de fome, não tenho tempo para uma reunião de família — reclamou, começando a se afastar. A garota sempre quisera primos, mas, pensando bem, antes ela estava muito melhor sem eles.
— Olha aqui você, sua vadia — ele disse, agarrando seu braço machucado. não pôde evitar gemer de dor. Ele se aproximou e começou a sussurrar. — É melhor você lembrar a sua posição aqui. Então respeite quem pode mudar sua vida em apenas um segundo. Sou eu quem pode dizer que você tá se esforçando na sua missão e deixar seu papaizinho salvo. Ou... — Ele segurou o braço dela ainda mais forte, fazendo-a gritar de dor. — Sou eu que posso dizer que você tá falhando, e aí sua mamãezinha sofre nas nossas mãos
Antes que ela pudesse reagir de raiva, ele já tinha sumido na massa de alunos. Ninguém havia o visto ameaçando . E mesmo que tivessem visto, o que poderiam fazer?
Ela entrou no Salão, dividida entre o ódio e a dor. Reydana a encarou e ergueu uma sobrancelha enquanto a garota sentava.
— Parece ter sido uma conversa bem agradável — Snyde disse, botando mais ensopado no prato.
— Esses garotos me estressam — Black reclamou, bufando.
Aos poucos, ela foi se acalmando com a comida e ficou mais feliz vendo que tinha torta de limão no jantar. As duas sonserinas conversaram um pouco sobre o primeiro dia para se distraírem, até que Rey olhou na cara de com uma expressão de quem conseguia ler a alma dos outros.
— O que tá te preocupando?
ficou assustada, mas tentou tirar o assunto de foco.
— Eu? Nada. Qual a aula de amanhã?
— Você tá sim. Parece... frustrada. Como se algo tivesse dado errado.
— É que... sinto saudades de casa.
— Verdade. Mas não é isso que tá na sua cabeça.
— Reydana, você já pensou em ser vidente? — A amiga continuava a encarando, e Black percebeu que ela não daria trégua. — Tá bom, é que... algo que eu queria muito que acontecesse não aconteceu.
— E tem a ver com o grupinho irritante da Grifinória? — Ela não conteve o susto e arregalou os olhos. — Foi o que pensei. O que você quer com eles?
— Eu... — Droga, Reydana ia perceber que ela estava mentindo. Tinha que falar a verdade. Só que omitida. — Eu queria muito me aproximar deles.
— Hm — ela disse, provavelmente percebendo a sinceridade. — E por quê?
— Assunto meu — replicou. Gostava de Rey, mas ainda eram recém conhecidas. Precisava de um pouco de cautela, e não seria errado ter alguns segredos.
— Então tá — Rendaya disse, mas os olhos apertados. Duvidando da amiga.
Ela ia ficar curiosa e ia acabar investigando. E descobrindo tudo.
Não. precisava dar um motivo convincente para que ela se contentasse. Mas qual seria um motivo justo e suficiente para uma adolescente fazer isso?
Black se lembrou dos olhares gentis do garoto que ficou para trás para checar se ela estava bem e sua respiração acelerou de leve, constrangida. Ali estava um bom motivo para uma garota adolescente fazer qualquer coisa: um garoto.
— Promete que não vai contar pra ninguém?
— Prometo.
Reydana a olhou e, embora tentasse fingir sua indiferença de sempre, conseguia perceber que ela estava ávida para descobrir tudo.
— Ok. — suspirou e deixou seu nervosismo aflorar. Aquilo tinha que soar real. — Bom, eu sei que eles são da Grifinória, mas... — Mordeu o lábio, segurando uma risadinha. — Eles também são bem bonitos.
Reydana soltou uma risada.
— Claro que tinha que ser sobre esse seu joguinho de conquistas. E o truque do batom vermelho não funcionou com eles?
— Infelizmente, não. — Ela suspirou. — Acho que vou ter que conseguir ser amiga deles primeiro. Só que eles me odeiam só por eu ser da Sonserina. Coisa daqueles caras da morte, não lembro.
— Comensais da Morte — Rey disse, fechando a cara. — Entendo a suspeita deles. Realmente, muitos alunos da Sonserina estão se aliando ao Lorde das Trevas. Até meu irmão e a namorada entraram. E o grupinho do Regulus e do Snape tem adoração por isso. Mas eu não quero — ela disse enfática, levantando o queixo. — E nem vários outros alunos. E já ouvi de vários alunos de outras casas que se aliam. Então, não é a casa que define. A questão é que a maioria dos puros sangues estão aqui na Sonserina e defendem essa supremacia.
— Isso é tão louco! É praticamente impossível não ter uma mistura mesmo que pequena no sangue.
— Pois é, mas quem disse que eles são muito racionais? — Rey disse, limpando a boca e se levantando. — Vamos voltar.
Depois de um dia completamente longo e exaustivo, quando chegaram ao quarto, só pensava em tomar um banho e depois dormir. Dormir por muito tempo. Será que ela podia dormir até a semana seguinte e dizer que alguém havia lhe dado uma poção para dormir? Não seria muito culpa dela, certo?
Quando entraram no dormitório, no entanto, a primeira coisa que ela notou foi um pedaço de pergaminho na sua cama. o cutucou com a varinha e, ao perceber que nada pegou fogo, ela o abriu.

“Seus cabelos são escuros
Seus lábios são carmim
Se eu te pedir para me encontrar
No sábado, depois do toque de recolher, na Torre de Astronomia,
Você dirá que sim?
Responda nesse papel e o deixe embaixo do livro amarelo da terceira mesa. Não tente me ver, pois não conseguirá.”


Black se acabou de rir. Ela estava recebendo a proposta de um encontro? Que baboseira de poema brega!
— Que isso? — Rey perguntou e a amiga, ainda rindo, só conseguiu lhe passar o papel. Logo, ela também estava gargalhando. — Pois é, então confirmamos que o batom vermelho fez sucesso!


Continua...


Nota da autora: Sem nota.

🪐



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