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Revisada/Codificada por: Calisto

Última Atualização: 06/09/2024
(Oito de novembro de 1976 – Castelo de Hogwarts, Escócia)
A jovem bruxa se moveu lentamente pelas estantes, equilibrando seus livros nos braços e com a varinha mantendo os fios fora do rosto, o entardecer na janela iluminando sua face com um resplendor acobreado.
havia passado uma grande parte do dia na biblioteca, tanto para colocar matérias em dia após longas sessões de estudos de Herbologia, quanto para fugir do mero fato de seu nome não estar no pergaminho que Slughorn havia pregado na porta da sala dele no amanhecer. A ausência na lista de chamada suscitava características que a grifinória não admirava em si mesma, em especial, o elevado nível de autocrítica que conseguia levá-la a subestimar seus próprios talentos.
Com o passar dos anos e o rápido adaptar ao ritmo em Hogwarts, a busca pela perfeição havia se tornado parte de seu perfil escolar. reconhecia todo o esforço que os Clark faziam para entender e financiar seus estudos no Mundo da Magia, a longa transição não tendo sido muito fácil para uma família de trouxas que descobriu sobre os poderes fantásticos da filha. Então, em busca de valorizar cada momento na mais nova realidade, a filha prodígio tinha dificuldades em aceitar falhas como a sua ausência no Clube do Slug.
Ademais, o não ingressar no clube elitista do Professor Slughorn denotava, ainda, o fim de uma era com Remus Lupin. Ambos haviam perdido em uma competição, não um ganhando e outro ficando em segunda colocação. Perderam para Lily, e havia certo alívio em ser desclassificada por uma amiga tão querida, mesmo que isso significasse que ainda havia uma dívida a ser quitada com Lupin. E, obviamente, reconhecia que ele lhe cobraria a quitação assim que possível, afinal, nenhuma chantagem emocional de Lily Evans se demonstrou capaz de controlar a boca do fofoqueiro James Potter, e a notícia chegaria em Remus cedo ou tarde.
E Clark só conseguia desejar que Lupin não fosse tão cruel em seu favor.
Porém, como ele podia quando ela se curvava contra uma mesa para apanhar certo livro e sua saia erguia-se sobre a parte posterior das coxas fartas? Ou os fios macios de seu cabelo escorregavam da varinha e emolduravam a nuca, escorregando para a gola do uniforme, este que ocultava o que seus olhos mais desejavam ver em todo o esplêndido mundo dos bruxos? Não havia como Remus não ser cruel em seu pedido, não quando ainda não entendia seus sentimentos tão confusos e imaturos por ela. Era uma ideia terrível, o Maroto reconhecia, mas ainda assim, sua única chance de conseguir um momento a sós com sem que ela fugisse como uma coelhinha assustada.
Bunny, Bunny, Bunny — Lupin cantarolou ao se aproximar, ciente que o som que seguiu a primeira estrofe da música infantil fora um livro escapando dos braços de Clark quando ela se endireitou de imediato ao lhe ouvir. — You're so funny. — Remus não pôde evitar um sorriso largo ao perceber o claro efeito que o apelido causava na bruxa, somado à conclusão de seus embates em sala. — With your twitching nose...
— Lily foi bem na avaliação — murmurou e encheu os pulmões de ar, uma falha tentativa de acalmar-se do susto e evitar lançar um manual de Adivinhações no Maroto. — Não esperava menos, principalmente após eu a tutorear.
Remus mordeu o lábio quando, outra vez na ponta dos pés, Clark tentou alcançar um exemplar em especial, infelizmente obtendo êxito na tarefa que o recompensou com uma segunda amostra das pernas dela.
— Não se dê tanto crédito, Bun. — Ele apoiou em uma mesa individual abaixo de uma outra estante e inclinou-se para puxar a cordinha de uma luminária. O iluminar dourado mesclou-se com o pôr-do-sol na janela, e os fios de Lupin assumiram um tom de mel. — Foram as minhas aulas que colocaram a Lils no Clube do Slug. Se fossem as suas, bem… — O bruxo deu de ombros, mesmo sem qualquer demonstração de interesse vindo dela. — Talvez você houvesse ficado em segundo, não é?
— O nosso diálogo vai ter alguma parte interessante ou vai ser você se vangloriando por perder? — Virando-se para ele, precisou manter os olhos fixos nos de Remus, em uma tentativa de ignorar o esparadrapo que mantinha algum unguento na sua maçã do rosto. — E não me venha com colocações porque, se não ficou em primeiro, ainda é um perdedor. Décimos não salvam ninguém. — Respirando fundo de novo, ela detectou o mesmo aroma que sentiu quando ele se aproximou na primeira vez.
Calêndula dourada, um bom cicatrizante que ambos conheciam bem por razões opostas. Ele por experiência, e ela por estudo.
— Uma pergunta antes de tudo. — Remus ergueu as mãos enquanto Clark empilhava os livros nos braços outra vez, pronta para zarpar da biblioteca e fingir que a aposta dos dois nunca havia existido. A jovem suspirou antes de assentir. — Se eu cantar a música do coelhinho de novo, você faz aquele negocinho fofo com o nariz para mim?
o atingiu no ombro com um livro, sem saber que havia outro unguento ali, e o som emitido pelo lobisomem foi de dor real, apesar do sorriso que ele se forçou a dar. Ela não podia saber sobre sua natureza não-humana, de forma alguma.
— Idiota. — Ela rosnou com um segundo golpe no braço de Lupin. — Canalha! — Remus interceptou o último ataque com a mão no pulso de , ainda rindo, mas sem mentir desta vez.
— Se esqueceu de erudito, bem-educado e respeitoso... — Ele sorriu, ladino, ao enumerar suas qualidades e não a soltou. — Mas, vou te dar o crédito porque, apesar de queimar os neurônios na prova do Slug, não conseguiu entrar no clube e deve estar passando por um momento difícil.
— Deveras — cuspiu, ríspida.
— E, por isso, eu vou ser bem bonzinho. — O peito da bruxa encostou-se no dele quando Remus puxou seu braço para que se aproximasse mais. E o ar quase lhe escapou. Em tantos anos, a cor dos olhos de seu “inimigo” nunca havia sido percebida, mas agora, devido à proximidade, o caramelo parecia mais diferente. Vívido. — E só irei pedir um encontro em troca de ceder a minha vaga para a Evans. Por mais que eu goste da ideia de uma fantasia de coelhinho, combinaria mais com você do quê comigo, Bun.
— Um encontro?
Clark gargalhou alto ao ponto de ser reprovada pela bibliotecária que soltou um “shiu” altíssimo de onde diabos estivesse. O pedido de Lupin foi absurdo, mas o sorrisinho vitorioso dele não cedeu momento algum. Até segundos antes, ela imaginou que no mínimo teria de dar uma mãozinha para Lupin no banheiro dos monitores, mas agora, sentia que estava em um problema de verdade. Por Merlin, ela já havia até mesmo feito o mesmo por um Severo Snape sexualmente frustrado (antes de sua amizade ir pelos ares devido a seu elitismo). Mas um encontro? Isso parecia pessoal demais, e só podia ser parte de um joguinho dele.
— É isso o que quer, Remus? — Lupin assentiu, apesar de reconhecer que havia uma provocação vindo em seguida. — Me deixar mais abatida ainda e me forçar a ir em um encontro com o Maroto mais sem graça? — Infelizmente, ele não pareceu se afetar tanto como a nascida-trouxa desejava e apenas tocou na pontinha do nariz dela com dedo ao soprar um “Sim, BunBun”. Certo, era o seu momento de entrar em pânico. Remus Lupin era parte dos Marotos e certamente tiraria vantagem disso. só podia pedir aos céus que Lily ameaçasse James Potter o suficiente para que Lupin não fizesse nada demais contra ela. — Puxa... Até mesmo o Peter parece mais divertido, porém...
Ela jamais deixaria de honrar um acordo, mesmo apreensiva com seu desfecho.
— Três Vassouras no sábado. — O coração de Clark estava na boca quando o bruxo piscou, tão próximo que ela sentia a respiração dele em seu rosto, a fragrância marcante parecendo se fixar no espaço que os separava. se xingou por ser vítima do artifício do rapaz. — Às três, Clark.
*
— É inútil. — Marlene McKinnon balançou os caracóis loiros em sua cabeça após aplicar uma dose generosa de tônico nos fios. Um tônico que havia criado no quarto ano após uma armadilha dos Marotos que fez Severo Snape perder quase todo o cabelo. — Tentei falar com o Six, mas não vai funcionar, . O melhor que pode fazer é ir para o encontro e deixar que Remus a provoque um pouco.
— Encontrei com o James na biblioteca hoje, mas ele não parece muito inclinado a nos ajudar — Evans adicionou com um suspiro e colocou um pirulito na boca. A ruiva franziu o rosto com a acidez da guloseima. — A Lene está certa.
permaneceu parada na porta do banheiro no dormitório, descrente da situação. Remus não havia lhe dado muito tempo, claro, parte de sua tentativa de mantê-la em sua presença o máximo possível. Com o sábado se aproximando, Clark sentia os nervos vibrando ao imaginar ter que realmente ficar sozinha com Lupin. Ela obteve êxito em evitá-lo durante a sexta-feira, mas, com algumas horas até o encontro, o pesadelo pareceu tornar-se realidade diante da bruxa ainda incrédula que ele não havia brincado ou se esquecido do acordo.
— Então serei eu a não ir! — A jovem bateu o pé no piso aquecido. Enquanto ela podia solucionar todos os problemas do ciclo de amizade com poções, ervas e alquimia, era Lily que as garantia tudo o que desejassem por meio de feitiços, até aquecer o chão. — Não vou passar a tarde com o Lupin se vangloriando por um mínimo décimo!
— Dois décimos. — Lilian entortou os lábios.
— Se contarmos com o da Lills que te desbancou, são dois décimos. — Marlene ergueu dois dedos de cada mão para simbolizar o número antes de usá-los para fazer orelhinhas de coelho que fizeram franzir o nariz em irritação. Logo, as outras meninas se desfizeram em gargalhadas.
— É como se você nem tentasse evitar, ! — Evans apontou e arfou em surpresa. — Talvez ela goste de seu a Bunny do Lupin, Lene! — Lily provocou, batendo em Marlene com uma almofada após a realização que fez a loira soltar uma exclamação exagerada antes de cobrir os lábios. revirou os olhos antes de adiantar-se para seu malão, ignorando a provocação das amigas.
— Vamos, , assuma: você gosta de ser a Bunny do Big Bad Wolf? — O “auch” de McKinnon, oriundo de um beliscão vindo da namorada de James Potter, foi ocultado pelo som do baú de Clark. Lily trocou um olhar duro com a amiga, que se desculpou o mais baixo que pôde.
O segredo de Remus não era mais tão secreto entre elas, mas ele mesmo havia contado. Lily havia o ajudado mais vezes que deveria, sendo quem roubava as poções do velho Slughorn para tentar curar os ferimentos de Lupin, então merecia saber a origem de tantos machucados. Já Marlene foi quem ensinou os outros Marotos sobre os animagos, espelhando-se na experiência do pai auror, este um animago registrado no Ministério.
— Não, não gosto — reprovou a analogia. — E não tenho interesse de ir nesse encontro.
— Mas você prometeu. — Lilian soou como uma criancinha teimosa, deveras interessada que a amiga cumprisse com sua promessa. — Vai ser só motivo para que ele continue provocando você.
— Perdedora e amarelona.
Segurando o pijama, ergueu os olhos para Marlene.
— Do que me chamou?
A loira coçou a garganta.
— Amarelona.
— Muito bem. — Clark bateu a tampa do malão e voltou para o banheiro. — Eu irei para o encontro com o Lupin, mas com a condição que me encontrem no Três Vassouras às cinco. — As outras bruxas concordaram veementemente, disfarçando a satisfação que sentiam com o dar a torcer. — Duas horas para o imbecil me tratar da mesma forma que trato o Snape... — esfregou a testa, impaciente. — Vai ser um inferno.
*
Remus grunhiu quando a mão de James tremeu ao puxar o fio, todo o corpo do bruxo se arrepiando na mais pura agonia, a pele dolorida e ferida cobrando por uma folga. Peter Pettigrew não sustentou o olhar na direção da cena por muito tempo, retornando para seu diário enquanto Sirius Black surgia no dormitório com um segundo frasco de cicatrizante. O lobisomem mordeu os lábios para evitar reclamar de um segundo puxão e questionar de onde todo o tratamento vinha, as mãos largas apertando os joelhos em uma tentativa de não lançar Potter pela janela ao demorar-se tanto com o simples ponto.
A lua-cheia da segunda-feira não fora gentil com ele de forma alguma. As que seguiam a abstinência de acônito eram as mais terríveis, o monstro interior desejando vingar-se pelo enclausuramento químico que sofrera e utilizando-se de mais fervor ao fazê-lo. Remus havia destruído a suíte na Casa dos Gritos e quase mordido Sirius em todo o descontrole, mas James fora forte o suficiente para impedi-lo, utilizando os chifres de sua forma animaga para freá-lo, apesar de cravar uma das pontas no braço da fera que havia aprisionado seu amigo. O ferimento demorou mais que os outros a cicatrizar, e por isso foi decidido que um novo assalto ao boticário de Slughorn e pontos seriam ideais.
— Como estamos indo? — Sirius questionou com as sobrancelhas franzidas ao separar um pouco do cicatrizante para o amigo, colocando-o em uma xícara de chá roubada da cozinha.
— Bem...
— Mal — Lupin completou a resposta de James, que suspirou devagar. — Não quero te convencer que fez o certo de novo, Prongs. Sério. — Com um bufar, Remus o acalmou apesar da rispidez. — Ou o meu braço ou dois lobisomens para você controlar na lua-cheia. Fez a escolha certa.
— Eu ia ser um ótimo lobisomem — Black se vangloriou ao colocar os pés para cima quando se sentou na poltrona ao lado da porta, atraindo a atenção dos amigos. — Você é muito magrelo, Lupin. Nem dá medo. — O bruxo de fios escuros deu de ombros. — Já eu? Ia palitar os dentes contigo — garantiu ao entregar a xícara para o verdadeiro lobo entre eles, este que, segurando o sorriso, engoliu o “chá” amargo de uma vez. — Peter, você seria um petisquinho.
Quando o curativo estava finalizado, James se jogou contra os travesseiros, fingindo exaustão para que Remus sorrisse após todo o dolorido procedimento. Euphemia Potter, apesar de toda a fortuna de sua família, insistiu em tornar-se uma Curandeira, além de estudar a medicina dos trouxas por livros que serviram para os estudos de seu filho, tão interessado em ajudar o amigo que fez dias de leitura e treinamento no último verão. O esforço foi recompensado com um tapinha vindo de Remus, seu mudo agradecimento ao interesse de Potter em ajudá-lo em seus momentos mais conturbados.
— Apesar de tudo, entendo você — Potter suspirou ao remover os óculos.
— Então também concorda que eu seria um ótimo lobisomem.
— Isso também, caro Padfoot. — A resposta gerou risadas baixas no dormitório masculino, muito silencioso há algum tempo. — Mas entendo o nosso amigo tentar se livrar de sinais do seu “probleminha peludo” tão rápido.
— Mas é claro! — Sirius bateu as palmas, fazendo Pettigrew saltar em sua cadeira e Remus revirar os olhos claros ao imaginar que caminho os amigos seguiriam com tal raciocínio. — Ele tem um encontro amanhã!
— Ela não vai aparecer — Lupin os interrompeu ao ficar de pé, os dedos ainda fazendo pressão no curativo no braço ao caminhar pelo dormitório em busca de sua camisa. Black e Potter trocaram sorrisos, conhecedores da descrença alheia. Eles haviam implorado que as namoradas convencessem a comparecer no encontro, cientes que ela precisaria de empurrões para tal. — Ficou enfezada por não entrar na turma, então não vai aparecer por nada. Nem mesmo com aquela saia vermelha dela... — Ele precisou se conter para não morder os lábios.
— A saia vermelha... — Potter e Black suspiraram em conjunto com Peter.
— Os dois tarados namoram e você está tentando ficar com a Brown, Wormtail — Remus relembrou de mal humor. — Vou para os Três Vassouras, mas tentem aparecer por volta das cinco, por favor. — Houve um breve desconforto enquanto vestia a camisa, mas ele o fez mesmo assim, a abotoando ao considerar de teria coragem de ir para tal “encontro”. Ela não gostaria de ser vista como quem não cumpria as promessas, mas ainda assim seria capaz de faltar apenas para não ouvir as suas provocações. O lobisomem não percebeu estar sorrindo até flagrar seu reflexo na janela do dormitório. O rápido vislumbre das cicatrizes faciais foram o necessário para que seus lábios se apertassem e ele agarrasse sua varinha. — Duvido que ela apareça, mas...
— Vai aparecer. Com a saia vermelha e tudo — James garantiu.
Sirius assobiou com um sorrisinho e Peter riu baixo, balançando a cabeça.
— Se aparecer mesmo, e com a saia, eu chego às duas e meia só para me preparar.
Black grunhiu no instante que sentiu um repuxar nas gengivas e o alargar de seus dois dentes frontais, arrancando um gargalhar desesperado de James Potter. Remus passou por ele sem reação alguma após ter azarado o melhor amigo sem abrir a boca, o feitiço Densaugeo aumentando os dentes de Padfoot em retaliação a sua reação com as roupas de . Black xingou com os enormes dentes enquanto o amigo fugia para o banheiro e os outros dois gargalhavam.

*

Remus estava olhando na direção de uma janela quando chegou no Três Vassouras, ainda incerta sobre a veracidade do encontro e se James Potter e Sirius Black não lançariam tinta sobre ela em uma encenação de Carrie. Ela segurou firmemente na alça da bolsa no ombro, vermelha para combinar com a saia e se destacar na blusa de gola rolê preta, decidida a arriscar-se com Lupin apesar da incerteza gerada pelo súbito convite para um encontro. Se realmente quisesse algo concreto com ela, ele poderia ter feito o mesmo esforço que James havia feito com Lily, não apenas ter perdido uma aposta e a forçado a comparecer desta forma. Ainda assim, engoliu todas as dúvidas e caminhou até ele, ombros erguidos enquanto firmava a expressão de seriedade que ele merecia pela aposta.
Tal expressão foi soprada para longe de seu rosto quando o Maroto se virou para ela, os expressivos olhos castanhos entregando sua surpresa e se demonstrando igualmente atônitos com a presença dela e, apesar de culpada, sentiu-se satisfeita por ele ter imaginado que não viria. Não poderia facilitar a tarde para Remus, não quando era tão imprevisível e teria facilidade em enganá-la. No entanto, Clark precisou conter a surpresa ao vê-lo pôr-se de pé com rapidez quando ela se aproximou ainda mais da “cabine” que dividiriam. Se não o conhecesse, poderia até mesmo acreditar que Lupin estava verdadeiramente nervoso.
— Você... — O bruxo engoliu em seco, molhando os lábios com a agilidade de uma serpente. — Veio.
— Este é um péssimo sinal — suspirou alto ao sentar-se no banco acolchoado, e ele a imitou, as sobrancelhas robustas curvadas em desentendimento por um mero instante. Certo, cavalheirismo não lhe levaria a nada com ela. — Nem mesmo se acha o suficiente para que eu me desse o trabalho de vir, Lupin. — Remus relaxou de imediato, um sorriso convencido surgindo em seu rosto.
Essa é a minha garota”, ele grunhiu em sua mente.
— Talvez seja porque esperava ter de entrar no seu dormitório a arrancá-la de lá com minhas próprias mãos, Clark — ele retrucou com facilidade, estreitando os olhos. era óbvia em suas provocações e sempre lhe dava o devido espaço para responder à altura. — Está linda, Bun. — Os olhos dela, que também estavam cerrados, após o elogio se reviraram com terrível intensidade, especialmente quando o apelido deixou os lábios dele. — Assumo que estava esperando um franzir de nariz. Aquele bonitinho que só você faz para mim.
Madame Rosmerta colocou um prato de pasteizinhos de abóbora sobre a mesa antes que pudesse retrucar a segunda provocação de Remus, apenas tendo de se conter com um morder forte em seus lábios. O sorriso canalha dele se tornou mais gentil quando a senhora se apoiou no estofado do banco, esperando pelos pedidos seguintes.
— Quero só uma cerveja amanteigada — pediu. — Pequena, por favor, não planejo ficar muito tempo — ela se justificou para a senhora com um leve e gentil sorriso que transpareceria o seu desgosto para Lupin.
— Nada disso — ele interviu, reprovador. Tinham um trato, não tinham? Madame Rosmerta pareceu intrigada com o desenvolvimento da situação. — Bun, nós estamos em um encontrou, esqueceu? — quis enforcar-se. — Normalmente, eles duram mais de vinte minutos.
A dona do restaurante sorriu apreciativa, pois era claro que Lupin conseguia convencer qualquer ser humano no mundo que ele era a pessoa perfeita. E era claro que andar com as pragas, Sirius e James, era uma forma de convencimento: o bom garoto e seus amigos encrenqueiros. Talvez tenha sido por isso que a Madame Rosmerta riu da situação.
— Lupin, você acredita que, depois de bater a cabeça na parede umas vinte vezes, ainda não esqueci desse pesadelo? — A proprietária do Três Vassouras coçou a garganta, divertida com o comentário desproporcional de .
— O que vão querer, queridos? — a senhora indagou.
— Um tiro na boca — a bruxa suspirou baixo, cruzando as pernas por baixo da mesa.
Lupin alargou a gola do suéter com o indicador e molhou os lábios. parecia deliciosa, mas era igualmente difícil e revoltante quando desejava. E sempre desejava ser difícil com ele.
— Se continuar assim, vou colocar outra coisa na sua boca, Bunny. — Ali estava ela, a fera em Remus Lupin, a mesma que disfarçava suas intenções sujas com um sorriso tão delicado que enganaria um padre. E era claro que Madame Rosmerta estava ocupada brigando com um funcionário e não havia ouvido. Com sorte, ela notaria a expressão horrorizada de ou o engolir em seco que Remus não viu. — Ela vai querer pasteizinhos assados e cerveja. Eu quero com geleia e chocolate quente.
— Ok, querido. — Os olhos arregalados de não alcançaram o campo de visão da senhora. — Já volto com seus pedidos. Comam os pasteizinhos! — Ela apontou com a pena para o prato antes de se afastar.
Remus estava apanhando um guardanapo quando foi interrompido pela mão de em seu pulso.
— Posso colocar na sua boca se quiser — ele ofereceu, erguendo o pastelzinho. — Não era bem o que eu estava planejando, mas… — O sorriso cafajeste a fez suspirar.
Remus somente era ladino assim com ela, e sabia.
— Sem piadinhas de duplo sentido, Lupin. — A bruxa balançou a cabeça. A pele dele era mais quente do que ela esperava e isso a surpreendeu um pouco, mente correndo contra o relógio para conseguir acabar com o encontro o mais rápido possível. — Estou aqui e você, pelo visto, está adorando a situação. Então a arruíne ainda mais, porém rápido, para que eu possa ir embora logo.
— Bun, esse é o seu problema: você acha que eu estou adorando a situação. — Ela empurrou o pulso dele e voltou a encostar-se no banco, desatenta para a sombra de culpa que passou pelo rosto do rapaz. Remus sentia um prazer juvenil em a provocar, mas deixá-la minimamente desconfortável era algo que jamais faria. — Se lembra que eu pedi um encontro? Se fosse para ver você sentada e irritada, iria para a aula do Slug.
— Juro que ainda não consegui entender qual seu problema comigo, Lupin — Clark suspirou, ponderando se Lily e Marlene realmente estavam de guarda na porta do bar e iriam azará-la se a vissem saindo antes do horário estipulado. — Se seu intuito era me humilhar, podia ter escolhido qualquer outra coisa.
— Marquei um encontro com você para que resolvêssemos as nossas diferenças. — Remus deu de ombros, pressionando a língua contra um canino. Ela não conseguia ver que estava tentando? — Iremos nos formar em menos de dois anos, e eu não quero passar metade desse um ano e pouco discutindo com você em aula e sendo ignorado na outra metade. Não temos mais treze anos.
— Nós resolveremos nossas diferenças quando deixar de me tratar como uma inferior — ela retrucou, sincera, as sobrancelhas apertadas ao olhá-lo.
Se ele queria as cartas na mesa, era exatamente o que faria. E, por mais infeliz que fosse a possibilidade, Lupin estava certo: iriam se graduar em menos de dois anos, mas teriam que se aguentar pelo resto de suas vidas devido aos amigos em comum. Remus precisou de um instante para compreender o que Clark dizia e não pedir que ela repetisse tudo.
— Você acha que eu a trato como inferior, ? — Ele raramente usava o nome dela, optando sempre pelo apelido para a provocar, porém aquilo era demais até mesmo para brincar. — Não pode estar falando a verdade. — Seus olhos estavam um pouco arregalados, tanto que uma cicatriz na sobrancelha se ressaltou. — Se não tem motivos para não me suportar fora “simplesmente não gostar” de mim, é só dizer. Não precisa inventar isso.
Logo, era Clark que assumia a feição confusa. Só pode ser brincadeira...
— Estou falando da sua paixão por me menosprezar, Lupin. E como ousa me chamar de mentirosa? — ela ralhou baixo, estapeando a mão dele que estava sobre a mesa e havia se erguido para pedir uma pausa.
— Não pode me dizer que isso é lucidez, Clark! — Lupin retrucou em uma fusão de riso e confusão, desviando de um pastelzinho e o apanhando antes que caísse no chão, mordendo o lábio. Ela preferiu ignorar os bons reflexos dele.
— Você sempre faz isso! Principalmente durante as aulas! Adora me avisar antes da óbvias armações do Potter e do Black, assim como falar por cima de mim em aula e discordar de meus pontos só por fazer, e também explicar coisas para mim que eu já sei! — prosseguiu, enfezada. — Tem noção do quão irritante mansplaining é?
— Em primeiro lugar, nem tenho certeza de que essa palavra existe!
— Seu infe... — Clark mordeu com força outro pastelzinho de amêndoas quando Madame Rosmerta retornou com os seus pedidos, mesmo que seu objetivo fosse atingir a testa de Remus com o doce.
A jovem mordiscou a língua, se questionando o motivo de não ter pedido um chocolate-quente também, já que o dele parecia tão apetitoso e rico em sabor. Claro que Lupin tinha que arruinar tudo e pedir cerveja amanteigada para ela, algo que ela nem mesmo gostava de beber, pois tomava decisões ruins. Madame Rosmerta se afastou e Lupin piscou paciente, aguardando pelo prosseguir da explosão de e tentando não sorrir ao notar que uma xícara de chocolate havia a distraído tanto.
— Divido o chocolate com você se me deixar falar sem levar um pastel na cara. — Lupin não precisou dizer duas vezes antes de sua xícara ser puxada por ela. Também em silêncio, ele afastou a cerveja de e a observou por um instante enquanto soprava sua bebida, os cílios quase juntos ao analisar o chocolate-quente e lábios se afastando ao beber um pouco. Remus balançou a cabeça, incrédulo que um pouco de chocolate havia conseguido a distrair, e ele tomou uma golada da cerveja, evitando se atentar na maneira que correu a língua pelos lábios que haviam ficado um pouco sujos. — Gostoso?
A bruxa estreitou os olhos para ele, porém assentiu relutante ao pegar um pastelzinho.
— Quer conversar e resolver as nossas desavenças agora que vai encher a barriga? — Lupin riu.
— Eu não gosto de você. — Ela detestou que sua voz foi fraca ao proclamar tal mentira.
Remus Lupin podia não ser a sua pessoa favorita no mundo todo, mas ela não o desgostava, só tinha certa relutância e rivalidade com ele. De certa forma, ele compreendeu o que quis dizer, seu sorrisinho maroto inabalável provando-se resistente, e seu conhecimento sobre também o garantiu que ela não quis dizer aquilo daquela maneira. Havia muita bondade nela para arriscar ferir alguém, mesmo que ele soubesse merecer algumas vezes.
— Isso é mentira. — ergueu a sobrancelha com o afirmar dele que balançou um pastelzinho entre os dois, como se estivesse a corrigindo como um professor. — Sabe como eu sei que é mentira? — Lupin insistiu ao molhar a pontinha do salgado em geléia de uva, arrastando-o pelo prato e segurando perto de sua boca. — Se esse restaurante pegasse fogo, eu provavelmente seria a primeira pessoa que você ia salvar.
— Humanidade me faz gostar de você? — Remus fez uma careta ao vê-la pegar um sachê para o chocolate quente. Açúcar demais ia arruinar o gosto do cacau.
— Não. E eu me refiro ao açúcar e você se fazendo de idiota. — Ele revirou os olhos ao afastar o terceiro sachê e somente bufando impaciente quando o ignorou, salvando o pacotinho das garras dele e o rasgando com as unhas rubras. — Mas prova que não não gosta de mim. — Desistindo, Lupin encostou-se no acolchoado no banco, passando mais geleia no pastelzinho de creme de baunilha, evitando questionar-se se o batom dela havia ficado marcado na xícara. — Agora, quero saber o que te fez pensar nisso.
Você me fez pensar isso. — indicou o mais alto com ambas as mãos, exasperada.
— Te protegendo, Bun? — Ela realmente não havia percebido, após seis anos, que sempre que se irritava com ele e apertava a sobrancelha o seu nariz se franzia?
Remus esfregou a língua no céu da boca, ponderando como poderia a irritar um pouco mais, mas ainda assim validar o que dizia. Havia se sentindo inferior a todos os outros alunos de Hogwarts e todos os trouxas na face da Terra em pé de igualdade, portanto, não conseguia compreender como havia a feito sentir-se da mesma maneira.
— Me chamando de "Bunny". — reconheceu a reclamação ridícula quando a disse em voz alta após tantos anos tentando ignorá-lo, pois sua mãe disse que era a melhor opção, pois logo o “menino chato” esqueceria a brincadeira e tudo perderia a graça.
— É uma bruxa talentosa — Lupin elogiou para pontuar o seu argumento. — Se quisesse usar um feitiço tabu, poderia me azarar quando eu dissesse isso. Não me venha com essa. — Ele deu de ombros ao balançar a cabeça, como se lavasse as mãos e finalizasse o tópico ali. Se ainda o permitia chamá-la de Bunny sem consequências maiores, ele continuaria, pois no fundo ela certamente não se importava tanto ao ponto de tomar providências que Remus sabia que ela era capaz de tomar e já devia ter ponderado há muito tempo.
Clark engoliu outra golada fumegante do chocolate-quente com a avidez de uma dose de vodka.
— Odeio que seja mais inteligente que eu. — Desta vez, não havia mentira. Até certo ponto, a competição com ele a excitava e tornava os estudos mais divertidos, contudo tornou-se questão de honra e simplesmente um dever ser melhor que ele, apesar de Lupin não se esforçar tanto nos estudos como ela e ainda ser um bruxo genial e mais habilidoso que muitos adultos. — Que não se esforce da mesma forma que eu faço, e ainda seja a única pessoa que consegue ajudar a Marlene quando ela vai tirar minhas dúvidas fingindo serem dela.
O sorriso que escapou de Remus não foi nem um pouco sarcástico ou oriundo de zoação, como se apontasse o dedo na cara dela, avisando que já sabia do planinho de . Foi um sorriso suave e sem esforço ou sem que ele nem mesmo houvesse percebido ter dado para ela, o que a pegou de surpresa.
— E é claro que você sabia disso, uma vez que sempre pergunta se “a Bun não conseguiu te explicar isso?” — reclamou.
— Eu sempre soube que eram as suas dúvidas pois eram as mesmas que as minhas nas aulas, e você se desliga por completo quando ouve a minha voz, então não prestava atenção. — Havia certo orgulho ali; em lembrar-lhe que ele era conhecedor de cada detalhe e que estava consciente da maneira que agia com ele em sala mesmo que fingisse nem perceber. Remus sorriu pelo tom das bochechas dela, um rubor difícil de ignorar e um suspiro irritado a escapando. — E, no tópico de eu ser mais inteligente do que você, precisamos assumir que eu realmente pareço mais inteligente quando diz uma coisa dessas, Bun. — o viu sorrir e pela primeira vez, o ato não a deixou irritada. Ela quase riu junto, distraindo-se com seu pastel de abóbora enquanto ele bebia mais da cerveja, apertando a boca como se o sabor não o agradasse assim como ela. — É algo a se debater. Temos habilidades divergentes.
— Herbologia é a prova viva disso… — Lupin ignorou a provocação quando empurrou a xícara pálida para o centro da mesa, tirando uma mordida de seu pastel e fingindo não reparar na surpresa dele. Ela bebeu cerveja. — Você é um lixo em Herbologia. — Um, dois, três. Remus tomou três goladas de chocolate-quente ao concordar, evitando atentar-se para o batom vermelho na beira da xícara. — E, por mais que deteste assumir isso, é brilhante em Defesa Contra as Artes das Trevas, onde eu ainda falho um pouco.
— É brutal em duelos, . — Não era um elogio, apenas a verdade.
havia começado a ouvir sobre um ou dois levantes naquele ano escolar, mas havia estudado sobre a história do Mundo Bruxo muitos anos antes, até mesmo por meio dos arquivos do Profeta que eram guardados na biblioteca de Hogwarts. Ela sabia sobre Gellert Grindelwald e seus planos. E sabia que era claro que um dia alguém tentaria reproduzi-los, principalmente os sangues-puros que lutavam com unhas e dentes contra a presença de nascidos-trouxas como ela em Hogwarts.
Ela leu sobre a Guerra Bruxa, sobre os levantes, sobre as torturas e as mortes no continente dos americanos. E reconheceu que precisava estar pronta no caso de uma seguinte ressurreição da Magia das Trevas se findar no Reino-Unido ou em qualquer lugar. Temia não por si, mas pela família trouxa que não tinha chances se o pior acontecesse.
— Porém, você se defende muito bem, Lupin, então a minha brutalidade passa despercebida — ela comentou quando a xícara de chocolate voltou para o centro da mesa.
— O segredo é saber que a sua adversária não hesitaria em te machucar. — A brincadeira não a fez sorrir, mas Lupin prosseguiu. — Ou não saber que um chocolate-quente ia a deixar dócil. — balançou a cabeça, tentando acostumar-se com a ideia de que estava lanchando com ele e não era tão terrível como pensou que seria. — E quanto ao negócio do esforço que não me vê fazendo… Já ouviu falar de memória fotográfica?
Seu desgraçado! — Remus não podia acreditar que a risada que deixou os lábios de Clark foi para ele e causada por ele. Isso também o fez rir, desviando o rosto e tentando não se prender na forma que os olhos de se iluminavam com o mais gentil riso. — Jurei que não podia te odiar mais… Você é um escroto, Remus Lupin! — Desta vez, não conseguiu evitar olhá-la, seu nome deixando os lábios da bruxa sendo algo tão raro que era quase milagroso. “Lupin” ou “imbecil” eram as opções favoritas dela. “Remus” soava incrível, principalmente pelo seu sorriso dar um tom melodioso para cada palavra. — E quanto ao fato de sempre me dizer os planos dos meninos como se eu não fosse inteligente o suficiente para adivinhar, hmm? Qual sua defesa da vez?
Lupin respirou, pois estava sorrindo para ele e investida nele.
Madame Rosmerta retornou com mais uma porção de pasteizinhos e algumas mini-tortinhas de amora, mesmo que nenhum dos dois tivesse pedido, avisando-os que eram cortesia para o casal. E ela usou o termo “casal” os olhando, sorrindo para eles e dando uma piscadela para , o que fomentou um esquentar nas orelhas dela e também atraiu a atenção de Lupin, que estava certo de James Potter ou Sirius Black haviam chegado e enviado mais comida para eles a fim de prolongar o “encontro”, seguindo a ideia de Marlene enquanto eles saíam para Hogsmeade antes de .
respirou fundo, pois não entendia de forma alguma o motivo de Lupin a ter convidado para um encontro, mas sentiu-se quase confortada com o fato de ele aparentemente estar fazendo um verdadeiro esforço para diminuir a tensão entre eles.
Enquanto checava a hora no relógio de pulso e olhava de soslaio a embalagem com papel pardo e um ramo de eucalipto ao seu lado no banco, Remus não percebeu que aproveitou-se da distração dele e o observava de forma descarada, algo que ela nem mesmo reparou estar fazendo, tremenda a distração que Lupin era. Após anos convivendo com ele, as cicatrizes não mais a surpreendiam como faziam quando era mais nova, na época que ficava com vergonha de olhar muito e acabar o magoando.
Agora, eram partes do rapaz que, se um dia sumissem, fariam falta.
Elas seguiam por seu pescoço como os arranhões que ficavam na pele dela durante o verão na fazenda, com os mosquitos a deixando louca, mas eram cicatrizes fundas, com um tom rosado. Ela ainda se lembrava da vez que Lucius Malfoy havia comentado que Lupin parecia um monte de retalhos costurados um no outro — lembrava de observar enquanto Sirius Black fazia Malfoy engolir as próprias palavras com socos em seu rosto. Lembrava de como gostou de ver Malfoy e sua cara inchada no dia seguinte durante a aula.
via mais beleza em Remus do que em muitos outros alunos de Hogwarts e muitos outros caras que já havia conhecido, e ele se sobressaia com extrema facilidade, o que lhe enfurecia ainda mais. Remus Lupin não conseguia se satisfazer em ser inteligente e boa-pessoa, não, não. Ele tinha de ter os olhos mais lindos que já tinha visto, principalmente quando os amigos faziam piqueniques no jardim nos fins de semana e o Sol os faziam parecer potes de mel. O sorriso dele também a irritava em níveis inimagináveis, ainda que a dualidade fosse louvável, e Lupin podia dar o sorriso mais ladino e cachorro possível em um instante, e sorrir como um menino no momento seguinte. Era absurdo.
— Você quer a verdade? — A pergunta vinda de Remus a surpreendeu, afinal, não havia percebido que checar as horas no relógio era a única maneira que ele tinha encontrado para não entrar em combustão com a insinuação vinda de Madame Rosmerta.
— Hmm? — Um erguer da sobrancelha de o lembrou que deixou tempo demais passar antes de se decidir e responder à pergunta dela.
Remus engoliu em seco enquanto segurava uma tortinha de amora e buscou, assim como a ansiosa , alguma distração da presença alheia e pegou outro pastelzinho.
— Sobre sempre avisar sobre os planos dos meninos e não deixar que descobrisse sozinha?
Clark apertou os lábios antes de respondê-lo:
— Pode tentar, Lupin. — E ele sentiu o coração palpitar, uma vez que não havia escárnio na menção de seu nome apesar do sorrisinho dela, o que indicava que não facilitava em nada para ele.
— Não era para te irritar, humilhar ou algo do tipo. Me conhece o suficiente pra saber que eu não faria isso... — o lobisomem garantiu, certo que, de alguma forma, a irritar realmente o agradava em níveis preocupantes.
Ainda que o olhasse cética como fazia naquele momento, ela sorria com um bom-humor novo aos olhos dele. “Hmm…” O som delicado do fundo da garganta dela o agradou, mas não acreditava na justificativa. Nem mesmo ele acreditava, então era algo ignorável, mas apenas por ela demonstrar interesse, Remus se sentia vitorioso.
— Mentira, era para irritar sim, perdão — disse rápido, tomando um gole de chocolate-quente e a olhando por trás da xícara branca.
acertou o nariz dele com um guardanapo, mas não jogou com força, nem tinha raiva atrás de sua expressão. Ela se demonstrava entretida ao rir junto a ele, mesmo que tentasse manter uma postura incrédula.
— É tão divertido assim me irritar? — questionou a bruxa, limpando a boca com outro guardanapo caso precisasse jogar algo nele novamente.
— Não faz ideia, Bunny — Remus regozijou, pendendo a cabeça para trás. O seu pomo-de-adão chamou atenção de , que umedeceu os lábios em revolta. — É a melhor parte do meu dia, só perdendo para a cara de nojo que a Lils faz para o Snape. E eu me preocupo com o seu coração, Bun. — Remus limpou o canto da boca, a massa folheada saborosa tendo lhe sujado. — Fica tão desesperada na semana de provas quanto fica quando estamos perdendo no quadribol. Tenho que te distrair.
— Olha só… — Ela mordeu o lábio inferior, mexendo a colher no chocolate. — A causa do meu estresse, preocupado com os reflexos de seus atos. — Remus sentiu uma alegria tão boba em seu peito que se achou o cara mais idiota do mundo. Mas ela estava sorrindo sem graça por causa dele. sorria para ele. — E, de nada, Lupin. — abaixou a cabeça, como se fizesse uma reverência. — Por iluminar os seus dias com o puro estresse que você me causa.
Eles sorriam um para o outro, vulneráveis como nunca.
— E não mencione Severo Snape novamente enquanto eu estiver comendo, costuma me deixar enjoada. — apertou a boca, lembrando-se do outro que, por não ter conseguido dormir com Lily, foi elitista de sangue e ofendeu o elo mais fraco de todo o mundo mágico.
— Não pareceu tão enjoada assim ano passado no banheiro dos monitores — Lupin murmurou baixo, contendo seu tom de voz para que somente ouvisse. Ela afastou os lábios para dizer algo, mas se conteve e fechou os olhos. — Prometo que nunca contei para ninguém, fiquei com pena demais de você.
— Obrigada por proteger minha reputação, Lupin. — esfregou a sua têmpora, tentando não rir. Claro que havia sido ele que tinha visto a cena dela dando uma mãozinha para Snape. — É motivo suficiente para ser exilada, certo?
— Seria motivo, se não levantasse questionamentos quanto a sua sanidade.
mordeu os lábios para conter o riso que Lupin não segurou.
— Que tipo de feitiço ou chantagem te levou a fazer aquilo, Bunny? — Remus esfregou o rosto quando esticou a mão para a cerveja, mas Clark chegou mais rápido e tomou alguns goles enquanto ele tentava não rir. — Fiquei preocupado, de verdade.
— Lembra a vez que o peste do Sirius Black azarou o Snape, mas eu estava atrás dele e fomos nós dois que caímos no Lago? — iniciou a explicação, erguendo as sobrancelhas. Remus fechou os olhos, pois se lembrava que Lily havia ficado dois dias sem falar com Potter pois havia gripado ao ponto de faltar quase duas semanas de aula. — Então, como a idiota que era por um amigo que se tornou um grande elitista, eu implorei que o Snape me desse aulas de Poções, e ele pediu ajuda com a Lils em troca. — Remus engoliu em seco, incerto de onde a história ia, e se não devia ter feito um escândalo naquela noite no banheiro.
— Está me preocupando — ele comentou, apoiando os cotovelos na mesa. — Muito.
— Relaxa, Lupin. — revirou os olhos. — Obviamente a Lily foi sincera e disse que não queria nada com o Severo além de amizade, então ele chorou como um bebê e eu senti pena ao ponto de… — Ela não prosseguiu, mas Remus a entendeu. — Como estava devendo um favor a ele de qualquer forma…
Ele tomou o último gole da cerveja amanteigada, balançando a cabeça.
— Se soubesse que este tipo de favor estava incluso em nosso acordo, não teria pedido por um encontro. — Esperava levar outra bolinha de guardanapo no rosto, mas o golpe não se concretizou e Remus olhou para , que o observava como se ele tivesse uma segunda cabeça no ombro. — Não vai me julgar agora, Clark, você bateu uma para o Snape.
quis rir. Era desse grande idiota que sentia tanta raiva?
Clark imaginou que havia deixado suas intenções claras quando firmou tal acordo com Remus Lupin: qualquer coisa que ele quisesse. O que, inerentemente, lhe incluía. Sua surpresa foi gigantesca ao saber que Remus planejava um mero encontro, no entanto, imaginou que parte de tal encontro seria uma rapidinha em qualquer lugar de Hogsmeade. Porém, se viu surpresa ao perceber que ir para a cama com ela não foi nem sequer considerado por ele.
— Quando eu disse que você é mais inteligente, não considerei convenções sociais a exemplo da nossa, Lupin. — correu os dedos pelo cabelo, e Remus teve exatos dois segundos para reconhecer o que sua acusação significava. Sua Bun estava mesmo disposta a transar com ele como havia insinuado quando fixaram seu acordo? — “Sem restrições” significava que você podia pedir o que quisesse como favor, e por isso me surpreendeu quando escolheu um encontro.
Clark, o orgulho de Minerva McGonagall e a mais formidável aluna da Grifinória dos últimos anos estava disposta a ir para cama com ele. Não por uma mera forma de cumprir o que haviam concordado. Ela poderia ter ignorado isso por completo, mas fez questão de retornar ao assunto e lhe garantir que estava disposta a tal quando fizeram a aposta. Sua tão adorável Bunny estava se revelando cada vez mais uma caixinha de surpresas.
Lupin apertou os lábios finos e delicados, tentando pôr seus pensamentos em ordem.
Ele se sentia absurdamente atraído por ; fosse sua personalidade que conquistava qualquer um sem esforço, seu intelecto e indiscutível talento, ou a sua beleza que o atraía cada dia mais. Mas não imaginava que Clark conseguia vê-lo com algo além de desdém ou camaradismo. Sabia que ela não o faria por pena como fez por Snape, pois nos olhos dela não havia qualquer sinal de tal, e Remus se considerava um bom entendedor de guias visuais.
Poderia ela realmente desejar ele, ainda que de forma mínima? Algumas alunas tinham se declarado a ele nos últimos anos, por meio de cartas ou confissões bêbadas em festas — fato que lhe fez imaginar que talvez sua aparência não fosse tão repulsiva assim. Quando perdeu sua virgindade aos dezesseis, Sirius o congratulou por ter enfim crescido o suficiente para acomodar as cicatrizes e elas não mais serem tão maiores que ele. Quando as ocasiões com colegas se repetiam, ele se sentia um tanto menos terrível, mas ainda assim, saber que aceitaria dormir com ele foi razão para seu ego inflar.
— Não esperava isso de você, Bun. — Ele sorriu ladino, mesmo que sentisse as pontas das orelhas quentes. o olhou com a mesma expressão, talvez só um pouco mais entretida com a inocência dele, afinal, não sabia das inúmeras ocasiões em que Lupin precisou encontrar prazer na própria palma ao a imaginar no banheiro dos monitores com ele. — Se bem que… — Remus olhou a hora em seu relógio. O tempo havia voado desde o momento que a fez rir pela primeira vez. Sentiu um aquecer em sua virilha ao ouvir um “Hmm” interessado dela. Ele iria realmente fazer aquilo? Em sua defesa, quando olhou para e ela mordiscava a unha em tom de cereja como se aguardasse seu veredito, Clark parecia igualmente tentada. — Ainda temos um bom tempo nesse nosso encontro, e já ouvi reviews muito bons sobre o banheiro do Três Vassouras.
pendeu a cabeça, evitando se atentar para o clamor por atenção do espaço entre suas pernas. Remus Lupin não havia apenas tornado os estudos e a competitividade algo excitante, mas também isso.
— Quanto tempo precisa, Lupin? — a bruxa questionou com a sobrancelha erguida. Remus sorriu complacente, apesar do fogo atrás de seus olhos. Já a desejava há tempo suficiente para nem sequer ter ideia de tudo o que queria fazer. Claramente, iriam extrapolar muitos limites e poderiam se arrepender depois, mas não via motivo para não agir segundo seus incertos e perigosos desejos. — Dois minutos?
Quando Lupin sorriu largo, assentindo devagar, Clark quase se arrependeu.
— Por aí — ele confirmou. — Um a mais, um a menos… sentiu-se um tanto intimidada. Caras detestavam piadas deste tipo, mas ao entrar na brincadeira, Remus inerentemente se demonstrava muito superior ao tempo por ela estipulado. — Mas, antes de você começar a cronometrar alguma coisa e antes que eu me esqueça, comprei um presente para compensar que perdeu a vaga no Clube do Slug.
Remus engoliu em seco ao colocar o pacote sobre a mesa, incerto se havia necessidade de um presente. Por mais torto que fosse, aquele ainda era um primeiro e, possivelmente, único encontro. Mas Lily Evans havia o confortado e dito que era algo que gostaria o suficiente para viabilizar um segundo encontro. Mesmo sem um grande concordar, Lupin aguardou pacientemente enquanto a bruxa o analisava.
— Se isso explodir, arranjo fotos do Severo nu e faço inúmeros corações no verso unindo os sobrenomes de vocês dois, Lupin — ameaçou ao remover o ramo de eucalipto do presente, reconhecendo o cheiro que sentiu quando chegou. — E distribuo por toda Hogwarts, bem como digo para todo mundo que trepou com ele e o Malfoy.
Enquanto Remus ria horrorizado com as ameaças brutais, desfez a embalagem, pronta para pular no pescoço do rapaz no caso de ser uma armação. No entanto, ao invés de tinta ou qualquer outra coisa, havia um quadro emoldurado a aguardando. Era um de seus posters favoritos de Carrie do Stephen King, bem como um bilhete da primeira apresentação do filme. Onde Remus teria encontrado isso, ela não saberia dizer a ninguém, mas sabia que era obra de Lily Evans que trabalhava de agente dupla para Remus e para ela.
Querendo ou não, Remus havia feito sua pesquisa e muito que bem.
— Preciso ir ao banheiro. — apanhou sua bolsa e seu presente, de pé em pouquíssimos instantes. — Provavelmente vou demorar só uns dois minutos, um a mais ou um a menos.
Quando deixou a mesa e seguiu não até a porta, mas ao banheiro há alguns metros de onde se sentavam, porém em uma zona mais reclusa do local, o bruxo fechou os olhos, mordendo com força os lábios para segurar um sorriso.
Sua Bunny estava se demonstrando mais libertina do que podia imaginar.




(Vinte e sete de maio de 1977)
— Vocês tem noção que não vão precisar de todos estes livros, certo? — James Potter apontou para as pilhas de livros e pergaminhos que ocupavam mais de dois assentos no banco durante o café da manhã. — Acho que só a semana de revisão é o suficiente, ou eu estou perdendo toda e qualquer noção de sanidade e deveria ler os livros de novo?
— Já parei de entender as minhas anotações faz dois dias, não te julgo. — Marlene suspirou com uma xícara de chá preto perto dos lábios, segurando seu resumo e o angulando para que o namorado também pudesse ler. Sirius nunca tinha ficado tão confuso com um conteúdo em toda a sua vida. — Isso é um “possivelmente” ou…
— Devia ter ficado ontem à noite comigo na biblioteca, Prongs — Lily bufou ao prender o cabelo e sentar-se ao lado de Potter, lhe dando um beijo na bochecha ao se esticar para roubar o pão dele. O Capitão do time da Grifinória estava tão confuso quanto ao seu material de estudo que nem mesmo reagiu. — e eu revisamos os conteúdos de DCAT e Transfiguração.
— Ficamos a noite inteira terminando o projeto de Poções e estudando Transfiguração. — Remus Lupin suspirou ao sentar-se diante de Sirius e Marlene, a sua pilha de livros também ao seu lado. — Minha aposta é que essa semana será Poções.
Hogwarts havia recém instituído uma modalidade nova de ensino: o terror.
As provas finais ocorreriam uma por semana, sempre na sexta-feira. Com uma prova semanal, as coisas pareciam mais fáceis, contudo, Dumbledore havia feito o possível para manter os alunos sempre atentos: a disciplina seria uma surpresa aos alunos. Portanto, não era mais incomum que o pequeno grupo se mantivesse em constante estado de alerta e exaustão, tendo que estudar no mínimo seis disciplinas a fundo e sem saber qual realmente seria cobrada.
— Slughorn datou o projeto para hoje no intuito de nos enganar. — se sentou ao lado de Sirius, encostando a cabeça no braço do bruxo, que a agarrou no ombro e puxou para mais perto ainda, como se fosse uma despedida pois a prova iria lhe matar. — Vai ser DCAT.
— Se vai ser DCAT, por que estudou Herbologia, Bun? — Remus atazanou, a sua provocação soando exausta enquanto esfregava os olhos. Dormiu somente quatro horas, e parte desse tempo sonhou, que a prova era de Voo e ele caiu da vassoura.
— Porque, se me pedir para escrever meu nome, o meu cérebro entra em tilt e eu morro, Lupin. — Com a mesma elevada energia, Clark retrucou. Ela pôs comida no seu prato, mas considerava seriamente ir para um lugar quieto e estudar para Poções. — Se for qualquer coisa além de Herbologia, eu vou chorar. — Peter gemeu.
sorriu para Pettigrew, afagando seu ombro por cima de uma pilha de livros e uma planta qualquer. Remus, que os observava, aproveitou a distração para colocar algumas torradas no prato dos dois, o que não foi ignorado pela bruxa que lhe deu um aceno sereno com a cabeça, começando a espalhar geleia na torrada.
Lupin fitou a bruxa que voltou a tentar ler a caligrafia péssima de Marlene, sua expressão cada vez mais confusa e franzida revelando o quão confusa a letra era. Mesmo após mais uma semana exaustiva, Remus não podia tirar os olhos dela. Mesmo no ápice de seu cansaço e chegando ao fim do ano letivo, Clark ainda estava tão linda e cativante quanto em seu primeiro encontro, com a mera e dispensável exceção das sombras abaixo de seus olhos. Suas bochechas estavam coradas, os lábios molhados de suco de abóbora e um sorrisinho cansado adornando seu rosto.
Apesar de igualmente cansado e sem muito tempo de sono, Lupin estava cada vez mais atraente aos seus olhos, fato que tinha se tornado tão cômodo como incômodo nos seis meses seguintes ao seu encontro no Três Vassouras e os inúmeros eventos onde encontraram prazer no outro dentro e fora das paredes de Hogwarts. No curto período, haviam se conhecido tão bem ao ponto de Remus mapear as estrias na perna dela, marquinhas que considerava um mapa para a felicidade, e saber o número de sinais nos ombros e braços dele.
— Estou morto — Remus murmurou, tomando um copo de água antes de se levantar. — Se precisarem, vou estar na sala de Estudo dos Trouxas. — Sirius Black lhe ofereceu um polegar para cima, apesar de pouco enfático.
— A gente se encontra para o suicídio coletivo na Torre de Astronomia que horas? — Black resmungou.
— Meio-dia — Potter marcou, recomeçando a ler seu livro de DCAT.
Minutos após a partida de Lupin, seguindo a rotina costumeira dos últimos meses, também se despediu dos amigos, avisando que iria para a Biblioteca. Em dias em que tinham aulas pela manhã, diferente da semana de provas, era ela que se despedia primeiro e contava estar indo estudar perto da fonte até o início da aula. No entanto, se desviava e ficava próximo a um dos corredores que levava à Torre de Astronomia, onde somente Remus a encontrava.
seguiu pelos corredores pouco movimentados de Hogwarts, já que a maioria dos alunos da escola ainda dormia após madrugarem ou tentavam estudar na Biblioteca, o que lhe daria uma boa desculpa para não estar lá quando Lily fosse a procurar. A jovem se adiantou pelos corredores apesar de estar cansada, pois talvez o encontro às escondidas com Lupin pudesse conter sua ansiedade.
Na porta da sala de Estudo dos Trouxas, Clark parou por um momento e se arrumou o melhor que podia. Deu volume ao cabelo, assentou o suéter cinza com o seu orgulhoso brasão da Grifinória e esfregou as bochechas, no intuito de dar certa cor ao seu rosto. Sentia o coração saltar, afinal, sempre havia um risco enorme com Remus e em fazer qualquer coisa que fosse dentro de Hogwarts. Hogsmeade no fim de semana já era costumeiro, mas com tantos alunos, precisavam ser cuidadosos.
— Podia ter escolhido um lugar mais perto — resmungou ao entrar na sala e deixar seus livros sobre uma das mesas vazias. — Minhas pernas doem.
A sala estava vazia, uma vez que as aulas haviam se encerrado, somente o pobre Flith que abria as janelas e acendia os candelabros caso fosse necessário. Mas, ainda que um pouco escura e vazia, era um dos lugares favoritos dela em Hogwarts pois se lembrava de casa. Com televisores, liquidificadores e rádios analógicos.
— E facilitar a sua vida? Acho que não, Bun.
Ela também gostava de ver Remus Lupin no seu lugar favorito, sendo este a poltrona elétrica de massagem perto da janela, da qual os alunos sangue-puro tinham um medo irracional. Mas Remus estava muito confortável nela, relaxado até, com um livro na mão e atenção completa nela no momento que fechou a porta atrás de si com um feitiço silencioso.
gostava de o observar e da forma que Remus se vestia. Usando os suéteres mais macios de todo o mundo, calças sociais (sempre e sempre, pois odiava a textura de jeans em suas pernas) e as camisas de algodão macio. Mas gostava ainda mais quando a camisa por baixo do suéter estava amarrotada e desabotoada no peito e as mangas emboladas em seus antebraços. Da forma que estava agora.
Já Lupin gostava do quão polida tentava ser em todas as ocasiões, mesmo que naquela tarde em que os amigos estavam fora, ela tenha vestido a cueca dele para poder ir ao banheiro do dormitório dos meninos sem ouvir comentários dele sobre suas nádegas lindas. Nas vezes em que estavam juntos, era livre e seu cabelo ficava bagunçado. E seus sorrisos eram maiores e cheios de vida.
— Detestável, Lupin. — suspirou. Mesmo assim, ela seguiu na direção dele quando Remus estendeu a mão em sua direção. — Você é detestável.
Remus enterrou o rosto no cabelo de quando ela encontrou pouso no seu colo, coxas macias pressionadas contra o fêmur esquerdo e nádegas generosas na sua coxa direita. ergueu o rosto ao se acomodar melhor no corpo quente do rapaz, suas pernas pendendo no braço da poltrona mesmo com a palma grande de Remus amparando a curva de seu joelho para que coubesse ali o melhor possível. Era uma poltrona relativamente pequena, mas ele preferia beijar James ao invés de não se sentar em seu colo.
— Você que é sedentária, Clark — Remus provocou novamente, passando o braço pela cintura dela enquanto apoiava o braço no ombro dele, aproveitando da rara ocasião em que o olhava de cima. — Lembra da semana passada? — Seu sorriso ladino se mostrou presente novamente e ela quis morder o lábio dele. — Três minutos e já está implorando que eu te ajudasse.
Lupin havia deixado de mencionar que já tinha lhe feito ter três ou quatro orgasmos minutos antes de colocá-la por cima dele. E que enquanto o montava com as pernas trêmulas, ele deslizava o dedão em um ritmo implacável no clitóris dela, sem permitir um descanso sequer.
— Tem um problema muito sério, Lupin. — , apesar da provocação, se permitiu sorrir para ele, coisa que acontecia mais e mais com o passar do tempo. — Não sei se alguém já morreu de algo do tipo, mas acho que é possível — comentou ao lembrar-se de como o coração acelerava e seu corpo vibrava quando Remus a fazia atingir o ápice em ocasiões repetidas daquela forma.
— E você é dramática, Bun. — Ele sorriu verdadeiro, o ego inflado ao afagar as coxas nuas de , no pequeno espaço entre as meias e saia que tinha subido. Ela sentiu o corpo aquecer com os dedos dele ali, como costumava fazer ao provocar prazer nela com a boca em seu centro. Remus, por outro lado, estava distraído em como as pernas dela balançavam por cima do braço da cadeira e suas costas estavam na curva de seu braço, com a sua testa encaixada no queixo dele. Um quebra-cabeças dele e . — Rainha do drama.
— Faço mais drama ainda se você não me distrair dessa prova de DCAT…
Remus riu verdadeiro quando formou um beicinho para ele.
— Poções, Bun — ele a corrigiu antes de capturar seus lábios.
suspirou de imediato, pois era exatamente isso o que precisava. Os lábios delicados e perfeitos de Remus, suas mãos no corpo dela e o calor de sua pele. Há semanas não conseguiam nem mesmo encaixar uma rapidinha nas sessões de aula e estudos, mas os beijos dele conseguiam saciar parte de seu desejo. E todas as vezes ela morria um pouquinho com o sorriso dele antes de cada beijo, tão satisfeito e quase ansioso pela oportunidade.
Remus Lupin foi o beijo mais intoxicante de toda sua vida, o mais quente e mais gostoso de todos. Sempre roçava o nariz no dela antes de beijá-la, angulava o rosto com perfeição e sempre dava toda atenção do mundo ao lábio superior de e então ao inferior, antes de sequer considerar intensificar o selar. Era como se soubesse que teria todo o tempo do mundo.
E ele sabia que teria, principalmente quando ela encolhia os ombros e se pressionava mais contra ele, com um desespero que Remus lutava para não retribuir. merecia algo certo, sem pressa. Por isso, segurava o rosto dela no intuito de a conter e também conter seus próprios desejos. Sentia que poderia lhe devorar e, para piorar, que adoraria. Ela suspirou contra seus lábios quando sentiu o toque da língua dele, todo o seu corpo relaxando ao ponto que Remus precisou fortalecer o braço ao redor da cintura dela e soltou seu próprio suspirar sôfrego quando lhe acariciou a nuca, as unhas curtas arranhando a pele quente dele.
No entanto, um beijo tão gentil e sereno nas condições em que estavam foi o suficiente para pender a cabeça, roçando os lábios abusados na bochecha dele, tentando recuperar o ar e não cair no sono. Remus deslizou a ponta do nariz na face dela também, olhos fechados e respirando o perfume gostoso de .
— Desculpa. — Ela suspirou, escorregando a mão da nuca até o ombro dele. Encostou então o queixo no ombro de Remus, se esforçando para não beijar a pele ali exposta. Gostava muito das sardas dele. — Desculpa, eu estou exausta.
— Eu sei. — Remus se aproveitou a guarda-baixa e deslizou a mão pela coluna dela, a assentando. não permitia toques muito gentis assim. Ele engoliu em seco, molhando os lábios. — Relaxa, a gente termina isso depois. — A promessa lhe deixaria ansiosa se tivesse forças para tal. Na última vez que ouviu isso, os dois ficaram debaixo das arquibancadas durante uma chuva forte. Apesar da lembrança agradável, ela bocejou baixinho. — Você precisa dormir, nem que seja um pouco.
A competição estúpida havia ficado menos intensa, mas ainda era a mais esforçada de todos e sempre dava o melhor nos estudos, mesmo que isso fosse o mesmo que ficar dias sem dormir direito.
— Acredito que nem vamos terminar, já que nem começamos. — Clark apoiou ambas as mãos nos ombros dele, tentando não o afagar com os dedões quando Remus a olhava com os olhos lindos e doces dele. A palma grande em sua coxa era coisa à parte. Ela deu um soquinho no braço dele, o que o fez sorrir. Minha Bunny estressadinha. — Não sei como consegue dormir, Remus.
— Quando você aprende a dormir com o trator do Sirius na cama ao lado, estresse deixa de interferir com a rotina de sono. — Ambos pensaram em Marlene de imediato. Pobre Lene e seu porco de estimação. nunca havia dormido ao lado de Remus, mas não imaginava que ele roncava assim. Uma vez, na sala comunal, uma garota pediu que James segurasse uma almofada na cara de Sirius. — Agora, sabe o que relaxa mesmo? — questionou, esperançoso. — Um banho bem longo e quente. — Ele ficou satisfeito apenas com a sombra de um sorriso nos lábios alheios.
soube de primeira as intenções de Remus e ergueu a sobrancelha.
— Ah, é mesmo? — Ela fingiu pensar na ideia dele, voltando a envolver um braço em seu ombro. Remus beliscou sua coxa ao apertar os lábios num biquinho fingido.
— Com uma ótima companhia, é claro. — Sua mão que estava na parte de fora da coxa dela, se curvou para acariciar a parte interna muito mais sensível e mais delicada. prendeu a respiração, mantendo os olhos fixos no dele. Em momento em que olhavam-se nos olhos, ela se sentia o mais vulnerável possível. Lupin deixou os dedos navegarem norte, onde sentia calor. — E um orgasmo. — soprou o ar que segurou e Lupin sorriu, pincelando o indicador no tecido que o separava de um de seus lugares favoritos no mundo. — Uns três, para garantir.
suspirou, abaixando a cabeça, e Remus beijou seu queixo. Então, seu maxilar e o lóbulo da orelha, tudo isso enquanto a importunação dele continuava por cima da calcinha dela. Lupin não tinha pressa alguma, novamente, mas ergueu o queixo e ele não pôde evitar pressionar o nariz atrás da orelha dela, onde o perfume de bergamota e rosas brancas era mais forte. Sabia que estava exagerando e ela iria o repreender igual fez há alguns meses, quando Remus lhe pediu para passarem uma tarde estudando juntos.
“Nós só transamos, Lupin. Qualquer coisa que não leve a isso está fora dos limites do nosso acordo.” Ela havia dito. E agora ela também se lembrava disso.
— Nunca vai superar o banheiro dos monitores, Lupin? — indagou.
Remus a observou por baixo dos cílios claros, os olhos cor de mel brilhando com a luz do sol que se infiltrava pelas cortinas da sala. gostava muito do rosto de Remus. Gostava das sobrancelhas bonitas, do nariz protuberante e elegante, da barba e bigode que tentavam nascer mesmo que ele cuidasse para que não acontecesse, e os lábios. A boca perfeita de Remus era o ponto fraco dela. Junto com as mãos grandes e as veias saltadas.
— Se me encontrar lá hoje na hora do jantar, acho que supero. — Lupin fez a sua proposta enquanto removia a mão de onde estava e assentava a saia dela.
Clark balançou a cabeça e se aqueceu com o sorrisinho dele.
Ela iria para onde ele quisesse se Remus fosse sorrir assim de novo.

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A prova havia sido de Transfiguração. E Peter havia chorado.
Fora logo após o almoço e durou duas horas, o suficiente para Sirius Black arrancar quase todos os fios de cabelo em sua cabeça e James Potter roer suas unhas ao ponto de sangrarem.
Quando retornaram para o dormitório, Lily trocou de roupa e começou a se preparar para mais uma maratona de estudos para a semana seguinte, isso enquanto se jogava na cama e Marlene tomava um banho quente o suficiente para sair do banheiro parecendo uma lagosta escaldada. tinha rido do apontamento de Lily antes de cair no sono e, ao acordar algumas horas depois, seguiu para o banheiro enquanto era a vez das amigas dormirem, o que lhe deu tempo suficiente para pensar nos seus novos problemas e em Remus Lupin.
Enquanto pegava seus itens de banho, observou o que tinha em sua cesta. O shampoo de óleos marroquinhos que usava desde sempre e Remus cheirava em seu cabelo todas os dias. O sabonete de camomila que havia ganhado de presente de Marlene e esteve em dúvida se gostava, até que ele disse que a pele dela estava macia. Tinha pedido para a mãe outro shampoo igualzinho, pois não queria mudar o cheiro que Remus gostava.
Somente assim, percebeu que estava demais.
Medo não era a palavra certa para descrever o que sentia, mas apreensão.
Lupin, até o momento, havia se provado bom para ela. Ele tentava levá-la para as aulas quando os amigos iam na frente e ela demorava comendo, falava mais com ela quando se reuniam na sala comunal, e sempre, sempre estava disposto se ela também estivesse. Fora o sexo incrível, Remus conseguia fazer as rapidinhas e raras vezes em que tinham mais de dez minutos, valerem a pena. Ele a tocava com cuidado e quase com reverência, igual havia feito na sala de aula; como se tivesse todo tempo do mundo.
E eles conversavam, é claro. Quando se vestiam, conversavam. Ele havia se proposto a ler Carrie e começou a gostar de mais livros do autor, e somente os discutia com ela. havia começado a comprar chocolates para experimentarem, também e, se abriu sobre sua família trouxa. Remus lhe contou sobre seus pais e sua infância, ainda que ocultasse parte significante de sua vida. E eles torciam juntos quando tinha jogo de Quadribol, dividiram uma cópia do Profeta Diário em algumas manhãs, até.
Porém, a apreensão não ia embora, afinal, havia se apegado a ele e tinha medo do lance com Remus ser somente isso, um lance.
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conhecia bem o banheiro dos monitores, mas pouco o usava.
Havia uma regra entre os monitores que jamais poderia chegar ao ouvido de outra pessoa: somente use o banheiro quando estritamente necessário. O que podia ser traduzido para: no caso de não estar extremamente “necessitado”, deixe que outros possam usá-lo a sós. Obviamente, havia um controle feito por Ethan Braker, um aluno da Corvinal e que “alugava” certos horários. Era ridículo, mas costumava funcionar.
Quinto andar. Quarta porta à esquerda da estátua de Boris, o Pasmo.
Frescor de pinho.
Contudo, o cheiro incrível vindo do lugar era de lavanda, e não de pinho. E o banheiro não era mais o mesmo que conhecia de tantos anos sendo monitora e sim, parecia uma versão bastante diferente, menor e muito mais íntima. Claramente havia sido obra de Remus Lupin e seus feitiços que ninguém descobria como ele tinha aprendido.
— Até mesmo quer me fazer esquecer como o banheiro era, Lupin? — Clark indagou.
Diferente da enorme piscina, havia uma banheira branca de mármore mais que decente no centro do espaço muito menor do que era antes. O banheiro havia se tornado do tamanho de um banheiro em uma mansão, com as altas paredes e uma pia enorme com espelhos enevoados no centro do local.
— Conhecendo você — Remus iniciou, correndo os dedos pelo cabelo ao se fazer presente com algumas toalhas brancas fumegantes que colocou sob o mármore da pia. — Provavelmente tentaria escapar de mim naquela piscina.
— Então, por esse motivo, decidiu encantar um cômodo de Hogwarts? — O sorriso de não era para o provocar, mas para destacar sua surpresa. Lupin lhe demonstrava cada vez mais, as suas inúmeras faces. — Pode me ensinar como fez isso ou eu vou precisar bater uma para você, Lupin?
Remus havia se aproximado dela, imediatamente pousando as mãos nas curvas da cintura de , pairando sobre ela enquanto Clark se encostava na pia. A face de se ergueu para ele, observando os fios de seu cabelo que grudaram na testa em razão do vapor e os lábios de Remus antes de erguer o rosto para beijá-lo. O lobisomem envolveu os braços ao redor dela de maneira possessiva, lhe grudando a ele, e retribuiu o selar com a mesma intensidade, apreciando o sabor de menta do selar que dividiram.
— Déjà vu. — Lupin suspirou contra a boca dela e sentiu o sorriso de . Ela segurou o cabelo dele, afastando do rosto aquecido apesar das janelas abertas. — Não sei como gosta do seu banho, mas fiz o meu melhor.
— Não deve ser grande coisa, mas… — Um gritinho a escapou quando ele a beliscou na barriga, Remus já havendo se infiltrado por baixo de sua camisa. , o surpreendendo, riu divertida e encostou a boca na garganta dele. — Vai me ajudar a tirar a roupa ou prefere só ficar me apalpando como um pré-adolescente?
— Ficar apalpando como um pré-adolescente sem essa roupa no caminho.
Lupin reuniu a barra da camiseta de dormir de e a levantou, sem se arrepender um instante sequer quando foi agraciado com os seios dela, sem qualquer sutiã para impedir que, impaciente, abocanhasse um mamilo ereto. pendeu sua cabeça para trás, mãos imediatamente segurando rosto e cabelo dele quando Remus sugou com vontade. Como se fosse uma breve interrupção da programação, Lupin tirou o seio alheio da boca e escorregou as mãos para a calça de , ávido para a sentir nua contra si.
— Maldoso — ela reclamou e ergueu os quadris para que Remus removesse sua calça, sorrindo de volta quando ele a olhou. sentiu a umidade de seu centro escorrer para as coxas quando Remus recolheu o lábio inferior entre os dentes quando notou que ela também não vestia calcinha. — Falei rápido demais?
— Falou, Bun — ele reprovou, posicionando-se entre as pernas dela, dois dígitos deslizando do curto monte de pelos até alcançar a úmida e quente boceta de , o que a fez estremecer. O pequeno botão que a deixava louca estava inchado e implorando por atenção.
engoliu em seco ao perceber que a atenção dele estava vidrada no trabalho excelente que seus dedos faziam escorregando entre seus lábios inferiores. O rapaz ainda estava completamente vestido e era injusto demais, afinal, também tinha uma função que adorava cumprir. Quando um dedo a adentrou, arfou, e os olhos de Remus se grudaram no rosto dela, um sorriso surgindo quando sentiu as unhas dela se agarrarem em seu suéter marrom, dando puxões para que ele o removesse.
— Não pensei direito — Ela lamentou manhosa quando Remus recolheu-se e levou o dedo que reluzia com o prazer dela até os lábios. Lupin utilizou-se de todo o seu autocontrole para não cair de joelhos entre as pernas de , mas optou por a agradar e removeu a peça de roupa sem tanta hesitação como havia tido na primeira vez que o fez. — Mudei de ideia — balançou a cabeça ao agarrá-lo pelo cinto de couro marrom e desfazer habilidosamente a fivela.
Remus apoiou as mãos nas coxas grossas dela, lhe dando toda a liberdade para o despir como quisesse, pois não mais tinha vergonha de seu corpo e as marcas nele. Ela havia reclamado uma vez quando transaram na sala comunal de madrugada, as sobrancelhas apertadas ao queixar-se que ele sempre se mantinha vestido. E que as cicatrizes que o faziam tão sexy sempre ficavam ocultas. Então, enquanto se dedicava em desfazer o botão da calça dele, Remus não mais se preocupava com as cicatrizes pálidas, pois ela não as via como um problema.
— Odeio essa calça. — grunhiu ao quase estourar o botão para abrir. Ela gostava da calça marrom, da preta, da grafite e da cinza. Mas a azul era a pior. — Sempre é isso!
Ele a conteve com um beijo, suas mãos a ajudando a abrir o botão que era realmente complicado. No momento que conseguiu, desviou da boca dele e se dedicou então a empurrar as boxers para fora de seu caminho, ansiosa para enfim o tocar. Sempre se maravilhava com o membro perfeito de Remus. Todas as vezes que transavam, era como na primeira vez, pois o tamanho considerável era sempre razão para Remus a oferecer gentilmente alguns segundos para se adaptar com sua intromissão. Com a glande rosada e tão linda, o resto de seu membro acompanhava a estética perfeita de onde surgia abaixo da trilha da felicidade de Lupin.
— Banheira — Remus cantarolou ao dar um passo para trás somente para irritar . E funcionou. Ela apertou os dentes, furiosa. E o nariz se franziu tanto que ele sorriu largo ao remover as peças de roupa e as jogar sobre o balcão de mármore. — Anda, Bunny. Não quer ficar sentada aí a noite inteira, quer?
escorregou da pia quando ele se virou para a banheira/piscina, se afundando nas bolhas e no aroma de lavanda que certamente ficaria impregnado nele e lhe lembraria na manhã seguinte do que iriam fazer em poucos momentos. Remus se encostou em uma das paredes, tentando conter seus ânimos para que o momento não acabasse tão rápido e pudesse passar um tempo de qualidade com .
Sua tentativa teve o primeiro abalo quando, com cuidado, ela desceu uns degraus e estendeu a mão para ele. Sem hesitar, Remus segurou no braço de , a ajudando a descer e que as bolhas cheirosas cobrissem todo seu corpo. Ao fechar seus olhos, segurou com força em Remus, outro que sentia os músculos relaxarem na água quente. Quando os pés dela roçaram em sua panturrilha, ele percebeu que ela não alcançava o chão da piscina e por isso se apoiou nele.
— Aqui, Bun — chamou ao segurar na cintura da mais baixa, trazendo-a o mais perto possível dele. A bruxa abriu os olhos para Lupin, enlaçando os braços pelo pescoço dele, pressionando os seios no peito alheio e roçando o nariz no dele. Remus sorriu um pouco com a aproximação, principalmente pois tinha bolhas no rosto e nem parecia ter notado. — Espera — ele pediu e soprou as bolhas na bochecha dela. — Melhor.
— Tem na sua orelha. — Na piscina, na água quente e nos braços dele, a voz dela ficou mais morna. Não manhosa, mas mais terna. Remus observou enquanto ela sacudiu a mão para remover as bolhas e então tocou na orelha dele gentilmente e se pôs a remover a espuma ali. — Ficaria legal com um brinco, Lupin. — sorriu.
— Como o Sirius? — Remus indagou risonho. Sirius tinha uns seis na orelha.
— Não, aquilo foi exagero. — Clark balançou a cabeça, batendo os pés para flutuar mesmo que estivesse segura junto de Remus. Ambos riram. — Só um. — Indicou com o dedo na frente do rosto dele, e Remus concordou. — Como seu anel.
— Que metal? — perguntou de novo.
Devíamos estar transando agora, Remus ponderou e sabia que não tinha opinião diferente da dele. No entanto, era interessante conversar com ela. Tanto que podia ignorar sua ereção dolorida encostando na virilha dela. Bun fechou os olhos, tentando decidir.
— Prata. Combina com você — prosseguiu, respirando fundo. — Seu relógio também é prata. — Remus mordeu a língua. Seu relógio era velho e estava ficando enferrujado ao ponto de ele ter deixado no dormitório. — Um brinquinho só. — era insistente, massageando o lóbulo da orelha dele como Marlene fez com o dela antes de furá-lo no segundo ano. — Argola, por favor.
— Próximo ano. — Lupin se arrependeu rápido. o olhou nos olhos, se esforçando para sorrir, pois também estava ciente que passariam bons três meses sem se verem. E três meses eram o suficiente para Remus arranjar uma namorada trouxa e mais bonita que ela. Suas escapadas acabariam em breve. — Até deixo você escolher. — Ele tentou amenizar o baque e assentiu. — Ainda tem três semanas para me usar como quiser, Bun. Não precisa de bico.
— Vou sentir falta do meu brinquedo favorito, eu assumo. — Apesar de sua frase perigosamente brincalhona, falava a verdade. Sentiria falta dele. Não só do sexo, mas de momentos como o que dividiam.
— E eu sou maldoso, é incrível — Remus sussurrou, balançando a cabeça e fingindo revolta com a troca de papéis. Ele viu a leve decepção no sorriso dela. — Não fica com essa cara.
— Estou de luto pela perda enorme — mentiu, entortanto os lábios.
Remus tentou rir e ela o beijou simplesmente por poder.
O beijo tinha sabor de menta, pois haviam jantado cedo e ambos correram para escovar os dentes antes de se encontrarem. Mas sentia algo além, sendo o seu gosto na boca alheia e que a deixava insana. Rapazes normalmente não gostavam de performar oral, mas Remus se sentia orgulhoso de poder sentir o gosto de na sua língua.
Diferente de muitas das últimas vezes, não o beijou com ardência, e sim com a calma que ele sempre demonstrava. Sua mão afagou a nuca dele e então o pescoço, onde havia uma cicatriz que ela queria beijar. Remus apertou as sobrancelhas, também ciente que talvez fosse uma despedida. Fazia semanas que os dois não ficavam em razão das provas e nada lhe garantia que teriam uma última vez antes de partirem de Hogwarts para as férias. A perspectiva o assombrou e Remus agarrou o cabelo dela, intensificando o beijo e se deliciando com o suspiro gostoso que soprou.
A piscina era extremamente intuitiva, ao ponto de um degrau alto surgir no momento que Remus desejou sentar-se e mantê-la em seu colo. Agradecido, ele o fez, puxando as coxas de para descansarem ao lado das dele.
— Nunca havia entrado aqui — confessou, pressionando um beijo na cicatriz. Remus arfou, não tão somente pois se permitiu deslizar sobre o membro rígido dele, mas pelo beijo. Na última lua-cheia, ele se feriu ali, tentando rasgar a pele de lobisomem em um dos delírios causados pela lua e a transformação. — Devíamos ter vindo antes.
O quadril dele se contraiu quando sentiu a mão de em seu pau, os minutos que haviam esperado tendo o sensibilizado. Remus pendeu a cabeça para trás e apalpou o seio direito dela, utilizando apenas a memória do corpo alheio, grunhindo quando deslizou o dedão pela fenda em sua glande ao mesmo tempo em que deslizava sua boceta lubrificada na coxa dele. Se não precisasse a segurar em seu colo para que o sabão não a fizesse deslizar para longe, estaria com dois dedos afundados dentro nela. Detestava ser o único a sentir prazer.
Mas , ciente de tal dinâmica, sentou-se com mais afinco na coxa de Remus, arfando com o músculo firme que acomodava com perfeição sua intimidade e roçava seu clitoris quase tão bem como o próprio Remus. Gemendo contra a clavícula dele, ela manteve o incentivo no membro de Lupin, se sentindo umedecer ainda mais com a perspectiva de o sentir a adentrando e preenchendo até que fosse transbordar.
— Sabe que não gosto que goze sem ser na minha boca, dedos ou pau, não sabe? — Remus arfou, pressionando a boca na orelha dela, sentindo bem a contração involuntária dos músculos internos de na sua coxa e como suas mãos vacilaram. A que brincava com as bolas fartas e inchadas dele havia até mesmo tremido.
— Remus… — Era raro que choramingasse e mais raro ainda que lhe chamasse por seu nome, mas o relativamente longo período sem qualquer toque mais íntimo havia a atingido como um trem.
Lupin mordeu o lábio com força, alcançando os pulsos de debaixo das bolhas e os removeu de seu pau, o que de imediato a fez conter o delicioso mover e atrito em sua intimidade.
— Vira. — Remus indicou com o queixo a direção e agarrou o quadril dela, a auxiliando, pois a perda na corrida ao ápice havia a deixado um pouco confusa. Com a costa contra o peito alheio, respirou fundo, encostando a cabeça no ombro de Remus e fechando os olhos. — Abre. — Atenta às instruções, obedeceu e abriu as pernas, expondo seu sexo que certamente devia estar avermelhado. Ela também sentiu a ereção de Remus pressionando sua costa, mas tentou não se mover demais. Queria que ele sentisse prazer. Deixar sua marca. — Boa menina, Bunny — Lupin sussurrou no ouvido de Clark quando ela o obedeceu sem hesitar, as palavras de afirmação úteis para a encorajar a ser paciente.
— Remus, céus — gemeu quando ele usou uma mão para afastar os lábios babados e os dedos da destra começaram a desenhar círculos fechados no doce ponto no topo de sua intimidade. Assim, tornou-se impossível não mover os quadris em resposta ao estímulo imediato, buscando o auxiliar e acabando por deslizar a orbes de suas nádegas contra o pau de Lupin. Ele inclinou-se para fincar os dentes na orelha dela, mesmo que o aviso não fosse mudar nada. Sabia como ficava. — Merda…
Em um piscar de olhos, dois dedos de Remus se acomodaram no interior de . Com a costa arqueada, ela fixou os olhos no lustre enorme sobre eles, som algum lhe escapando, fosse pela surpresa da intromissão repentina ou o fato dos dedos livres dele ainda pressionarem mais o seu clitóris, mantendo os movimentos infalíveis.
— Não tem nada como isso aqui — Lupin confessou no ouvido dela. — Mas, se fechar as pernas, já era. Cuidado, Bun… — emitiu um som como um choro com a ameaça que soava mais dura quando somada ao curvar insistente dos dedos de Remus em seu interior, na busca do ponto delicado que havia a feito estremecer no Três Vassouras quando tiveram a primeira vez.
gemeu, fincando as unhas nos braços dele, sensível após o quase orgasmo há tão pouco tempo.
— Precisa respirar, Bun — Lupin a lembrou, beijando-lhe a bochecha. Gostava de como ela ficava desesperada com a mera perspectiva de não conseguir gozar, uma coisa que ele jamais lhe privaria sem motivo, principalmente nas circunstâncias de uma despedida. se contorceu, soprando o ar preso em jatos trêmulos, temendo que, se não se concentrasse, não atingiria o ápice. — Sabe que dou tudo que me pede, não? — estremeceu, mordendo os lábios. Maldito. — Só precisa pedir.
— Remus! — A voz dela falhou, claro. Lupin havia diminuído seu ritmo de propósito, para dificultar o implorar dela. Ela gemeu entrecortada, rotacionando o quadril na direção que ele rolava seu clítoris entre os dedos. Quando alcançou o ritmo dele, sentiu lágrimas se formarem nos olhos. Não era o suficiente mais. — Por favor. — O seu suplicar foi lento e trêmulo. Mas Remus precisava de mais. “Me deixa gozar” Lupin se entretia ao soprar para ela. estava tão desesperada que quase estava de pé. — Me... — O calor no seu ventre era absurdo. — Me deixa gozar, Remus… — implorou sem timidez, tentando respirar.
— Essa é a minha garota. — Lupin beijou a bochecha dela, acelerando seus movimentos, sem se surpreender que sabia exatamente o ritmo perfeito dela. — Pode ir em frente.
Quando finalmente atingiu o ápice do prazer que Remus lhe provocava, arfou no ouvido dele, agarrando suas mãos e implorando que não prolongasse mais. Sua visão estava um pouco turva quando fechou os olhos após Lupin remover as mãos de seu centro e as espalmou em suas coxas. estava sem fôlego quando sentiu os lábios dele traçando uma trilha de beijos de sua orelha aos ombros.
— Você... — Clark engoliu em seco, ainda agarrada aos braços alheios. Lupin fechou os próprios olhos, sentindo seu membro implorar por atenção, mas se recusou a tal enquanto não estivesse completamente satisfeita e recuperada. — Precisa de ajuda, Lupin. — Ela suspirou, e Remus riu, mordiscando a pele macia do ombro dela. adorava o chamar pelo nome e reclamar da maldade dele, o que era regra após as sessões deles. — Deve estar dolorido.
Remus a auxiliou a virar-se, o montando como antes, mesmo que para sua surpresa. ainda estava focada no prazer dele, ele reconheceu. No entanto, ela se inclinou para o beijar antes de qualquer outra coisa, segurando o rosto do rapaz em ambas as mãos. Lupin a apoiou com cuidado ao retribuir o selar enquanto se posicionava sobre ele e, antes que ele pudesse sequer se preparar, ela alinhou-se e o acolheu em seu interior delicioso.
Lupin gemeu alto contra a boca dela, dedos firmemente agarrando as nádegas de para contê-la pelo bem dos dois, mesmo que quisesse se afundar até preenchê-la por completo e jamais sair. Remus manteve a testa encostada na de , respirando apertado e lutando para não forçar espaço dentro dela pois já arfava novamente.
— Devagar, Bun. — Remus rosnou entre dentes. Iria machucá-la se insistisse, e ele não suportaria a machucar, mesmo que por pura glutonaria de .
— Eu quero você, Remus. — O lobisomem fechou os olhos com força. Como podia dizer não para um pedido assim?
— Vai se machucar.
— Tudo bem — ela sussurrou de volta, ainda segurando o rosto dele. Remus a olhou, tentando manter seu desejo sob controle. Os olhinhos lindos de brilhavam com algumas lágrimas que surgiam de puro tesão. Ele não poderia negar nada.
— Nada bem — Lupin garantiu, apesar de ela o estar apertando e a barriga dele estar em chamas. iria fazê-lo perder todo o limite. — Devagar — repetiu com mais intensidade e controle. Ela abriu a boca e soprou contra a dele o "devagar" mais manhoso que Remus havia ouvido em sua vida. Ele apertou os dentes com força e ajudou que ela deslizasse mais, o envolvendo por completo com o seu calor intenso. — Tá me apertando como se esse fosse o primeiro pau que leva na vida… — Ele grunhiu, encostando a cabeça no ladrilho da piscina quando rebolou, o clítoris pressionado na pélvis dele e as paredes internas pulsando ao seu redor.
Clark segurou no rosto alheio enquanto tentava domar o próprio desejo, a boca aberta dele permitindo uns gemidos escaparem e ecoarem no banheiro junto com os dela. Ela beijou a bochecha de Remus, acelerando a sentada contínua e dura. O bruxo arfou e a ajudou com os movimentos, lutando contra a vontade de enfiar a cara entre os peitos de que saltavam em seu rosto ou dar um tapinha na bochecha da dona deles, que mantinha a boca encostada em seu pescoço e lhe agarrava os ombros com força.
— Já te dei pau o suficiente pra você aguentar mais que isso, não acha? — ele provocou, começando a encontrá-la no meio do caminho da cavalgada deliciosa, pressionando a glande em um pontinho específico que roubava o ar de a cada uma das estocadas fortes e a fazia jogar a cabeça para trás.
Remus a agarrou pelas coxas, afastando mais suas pernas e conseguindo assim meter mais fundo, e que Clark deslizasse até a sua base toda vez que descia sobre ele, ambos em um ritmo intenso e que arrancava gemidos de ambos, que sempre eram muito vocais. Logo, na ausência de uma resposta para sua provocação, ele desviou os olhos de onde a água permitia que se visse entrando e saindo da boceta de e voltou a atenção para o rosto dela. Com cabelo grudado na testa, bochechas e ao redor do colo e garganta, o rubor intenso era mais óbvio, assim como a expressão de puro êxtase no rosto dela.
Vaidoso, Lupin deu dois tapinhas na bochecha rosada dela, a chamando de volta para a terra ainda que mantivesse o ritmo impiedoso que a deixou aérea.
— Hein, Bun? — chamou ao voltar a agarrar as nádegas dela, amassando a carne protuberante e a fazendo sentar com mais força, porém diminuindo o ritmo da bruxa, que jogou a cabeça para trás. Ela sentia que ia acabar chorando. Estava com tanto desejo por ele e por mais um orgasmo delicioso, que podia muito bem implorar de novo. — Tava tão carente pela minha pica assim? — Lupin rosnou quando a sentiu dar um rebolado maldoso em troca do ritmo lento. A castigou com uma mordidinha no pescoço que a fez gemer alto, logo depois repetir o mal comportamento quando ele pressionou a língua molhada e quente no local ardido.
— Tava — não se escondeu por trás de seu ego que já estava já tão machucadinho e maltratado como seu coração. Clark voltou a se pressionar por inteiro contra Remus, encontrando com a boca dele e envolvendo os braços molinhos ao redor do pescoço quente dele. O beijo que dividiram foi lento e intenso, assim como os movimentos dos dois que só os castigava mais. Remus a agarrou pelo cabelo úmido, se deliciando com o deslizar sedutor e os mamilos de contra o corpo dele. — Só você me come gostoso assim, Remus… — Clark confessou sem vergonha, a água que se agitava entre os corpos deles respingando no seu queixo. Os olhos dele se mantiveram vidrados nos dela, ambos quase fechados de tanto prazer.
O choque da boca dos dois foi duro e sentiu um gosto metálico na língua dele, sem saber de quem era o sangue extraído ou sequer ligando ao receber a língua de Remus em sua boca. Lupin a manejou de maneira que estava deitada onde ele havia se sentado anteriormente, a habilidade do banheiro de se transformar respeitando os desejos dele e a água escorreu para longe conforme a piscina se moldava, mesmo que tanto ele quando estivesse com os corpos molhados quando se posicionou por cima dela novamente.
— Só eu sei comer essa bucetinha do jeito que você gosta, eu sei. — Lupin sorriu ladino ao deslizar a mão para a entrada pulsante dela e dar um tapinha gentil que a fez erguer os quadris e sorrir apesar do vazio onde o desejava fundo. — Me implorando por pica, tadinha…
De tão molhada que ela estava, Remus soube que o gemido que ressoou no cômodo não foi pelo ardor ou incômodo da estocada única que deu para entrar em , mas do prazer que o ato provocou na bruxa ao ponto de ela até arquear a coluna. fechou os olhos com força, mordendo os lábios para conter seus sons e se concentrar na sensação avassaladora que lhe arrepiava a cada intromissão de Remus em sua intimidade sensível. O quadril dele se movia com maestria, lentinho, se ondulando contra o seu corpo, fazia seu íntimo pulsar ao redor do comprimento generoso dele, a deixando quentinha. Com um dos mamilos dela na boca e o pau “até o talo” como Sirius diria, Remus apoiou um braço no ladrilho seco perto da cabeça dela, e agarrou o quadril de para pegar o impulso que precisava, indo fundo.
posicionou as mãos no corpo dele na medida de suas habilidades, uma palma envolta no ombro tenso com os músculos saltados e a outra com as unhas fincadas na costa dele, um pouco acima de onde havia envolto a perna no quadril de Remus, a fim de que a penetrasse mais fundo e forte — o que ele fez. O vapor da água quente tinha o feito suar, e sentiu ao pressionar a boca na garganta de Lupin, o sabor salgado misturando com a lavanda grudada em sua pele.
— Remus! — Todo o corpo dela se contraiu com uma estocada em especial, tão perfeita que sua voz se elevou quando gemeu. sentiu um arrepio quente e arfou quando Remus repetiu o movimento, testando as reações dela. — Bem aí. — Ela se agarrou com mais força nele, dentes apertados pela onda de prazer. Lupin, sempre tão dedicado, tentava não falhar, mesmo que a sensibilidade de seu membro e o contrair rítmico do interior de testassem a sua resistência.
— Aqui, né? — Lupin detestou como sua voz quase falhou quando um som do fundo de sua garganta o interrompeu. Sentia o próprio corpo em chamas, metendo com mais intensidade apesar do ritmo controlado conforme sua Bun demonstrou ser o mais prazeroso para ela. — Vai gozar pra mim, Bun? Vai?
Seu sorriso maldoso foi substituído por uma expressão de regozijo, as suas sobrancelhas curvando e boca abrindo ao senti-la pulsar duro, coagindo o prazer de dentro dele. Remus pressionou os dedos no clítoris lambuzado e escorregadio dela, arrancando mais alguns gemidos e suspiros sôfregos de que o arrematou em um beijo segundos antes que o prazer os dominasse.
Engolindo e abafando os sons alheios, ambos permaneceram conectados por mais alguns segundos antes de Remus despertar e, pressionando longos beijos no rosto ruborizado de , se removesse do aconchegante interior dela. Se fosse um outro momento, ele observaria como o resultado da foda deles escorreria de dentro dela, a provocaria por isso e até mesmo levaria um pouco aos lábios de . Mas, em vista da possível despedida, Remus não ousou afastar-se e salpicou mais beijos na face quente dela, que tentou os retribuir apesar do cansaço.
— Esquecemos a camisinha. — suspirou, deslizando a perna de onde tinha se envolvido no quadril dele e descansando-a no ladrilho frio. Ela ainda respirava ofegante quando afagou o cabelo alheio, mantendo os olhos fechados pois não queria lembrar que iriam embora em poucos dias. — Não tenho mais poções.
— Comprei na semana passada em Hogsmeade — Lupin respondeu, o seu rosto pressionado no pescoço dela e boca aberta para respirar. — Adoro quando fala sacanagem comigo depois da transa.
— Sacanagem? — riu verdadeiramente, curvando um braço ao redor do corpo dele. O bruxo já estava praticamente deitado sobre ela, também exaurido. — Sacanagem é gravidez, Lupin.
— E doenças sexualmente transmissíveis — ele relembrou, a voz abafada pela carne do peito de ao escorregar ao sul do corpo alheio. Remus ponderou colocar um dos mamilos dela em sua boca, mas sabia que ela ia o enxotar para longe. Bunny sensível, ele pensou. — Os jovens de hoje em dia não aprendem… — Estalou sua língua.
— E você está transando com mais alguém? — franziu o cenho, seus olhos direcionados a ele. Remus estava adorável aninhado em seu peito, os olhinhos cansados, boca rosada pelos beijos trocados e cabelo grudado na testa. — Não que isso seja justificativa pra não usar camisinha, mas… — Clark sentiu um ciúme grosseiro ao imaginá-lo na mesma posição com outra pessoa. A imagem de Remus sonolento nos peitos de outra garota a deixou fraca.
— Bun, eu mal tenho tempo de dormir, imagine transar com outra pessoa se não a minha garota favorita. — Apesar do elogio, Remus sorriu ladino quando levou um tapa no ombro e um empurrão.
— Patético.
E apesar do comentário dela, os dois permaneceram daquela forma mais um momento antes de decidirem que iriam ficar doentes na água fria. Após se banharem de verdade e vestirem suas roupas, caminharam juntos de volta para o dormitório da Grifinória. E mesmo que houvesse puxado a mão para longe quando o rapaz se fez de tolo e tentou segurá-la, ainda estavam lado a lado, a proximidade óbvia deixando claro que estavam juntos e não em passeios noturnos individuais.
Remus permaneceu surpreendentemente quieto e comportado durante a caminhada, coisa que notou, mas não sabia explicar. Contudo, o rapaz dividia as mesmas preocupações que ela: a partida. Não se veriam por quatro meses e Remus tinha dificuldade em imaginar passar tanto tempo longe dela, de seus comentários tão ácidos, mas também tão engraçados e gentis, ou do corpo de que o acolhia com a perfeição que somente era reservada a ele, ou sua mera presença.
— Também é de Monmouthshire, não é? — Lupin questionou com a maior suavidade que podia. Não queria soar tão desesperado como se sentia.
— Highmoor — respondeu, ainda utilizando a toalha para secar o cabelo úmido. Lily iria brigar se ela ficasse gripada. — Não, não quero comprar uvas.
O riso de Remus ecoou no corredor vazio e a fez sorrir.
— Pega. — Ele ergueu a cabeça, parando de encarar o chão, e estranhou o papel na mão dela. — Anda, Remus! — bufou, o entregando o papel e voltando a secar o cabelo, tentando cobrir seu rosto para que ele não visse o óbvio rubor.
Remus, com um sorrisinho no rosto, abriu o pequeno bilhete, o sorriso se alargando ao ver um número de telefone escrito ali. Seus amigos, em sua maioria, trocaram endereços no primeiro ano, e Lily e Marlene fizeram o mesmo nos dois últimos, mas se ela tinha passado seu endereço para alguém, não foi para ele. E ele entendia, claro: demoraram para se aproximar. Mas, apesar de não ser um endereço para correspondências, tratava-se de um número de telefone por onde poderiam se comunicar
— Tem pessoas que trabalham só com isso, sabia? — Lupin dobrou novamente o bilhete e o colocou no bolso da calça. Iria guardar com cuidado quando chegasse em seu dormitório. — Sexo por telefone. É uma indústria em constante crescimento.
— E é claro que você saberia. — revirou os olhos, satisfeita que ele decidiu brincar com a situação e não a provocar. Mais um "Vai sentir a minha falta?" e ela explodiria. — Para emergências, apenas.
— Bunny safadinha... — Remus riu apesar do tapa que levou após fingir se esticar para apalpar as nádegas alheias.
— Você é impossível, Lupin.

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(1 de junho de 1977 - Londres, Inglaterra)

segurou firmemente na mão de Lily enquanto desciam do trem em Londres, o braço de Marlene também pousando em seu ombro ao caminharem em busca dos rapazes que haviam sumido no meio da viagem. apertou os dedos de Lily, tentando prestar atenção na forma que a amiga comentava sobre o aniversário de James "bem no meio das férias" e alguns filmes que podiam ir ver no cinema. Marlene já havia planejado quatro passeios em menos de vinte minutos, também. Contudo tentava não se atentar para a maneira que Sirius Black havia reagido à nova edição do Profeta Diário sobre dois levantes que teriam ocorrido na Escócia. Ou pelo fato de Marlene ter ficado pálida quando leu se tratar de famílias de bruxos nascidos trouxas e que serviam ao Ministério da Magia.
"Provavelmente não é motivo de preocupação", Lily havia tentado aliviar a situação. "Em breve serão encontrados".
Remus manteve sua atenção direcionada à paisagem através da janela, a expressão impossível de ser lida apesar de não deixar, um minuto sequer, de girar os anéis em seus dedos, demonstrando sua semelhante inquietação. E entendia o motivo, afinal, seu pai era funcionário do Ministério e ocupava um cargo de poder, possuindo sua própria divisão onde coordenava algo referente a criaturas mágicas. Remus tinha motivo de tamanha preocupação, mas não todos os rapazes e, ainda assim, o resto da viagem para Londres foi quieta e a tensão se manteve alta e palpável na cabine que dividiam.
— Ali estão os fugitivos! — Marlene apontou para os quatro rapazes que descarregaram suas malas do trem, bem como as delas.
Quando se encontraram de novo, toda a tensão dos meninos parecia ter sido varrida para debaixo de um tapete, coberta por um véu de piadas e risos, como de costume, mas não conseguia esquecer da forma que reagiram no trem. Quando James riu para Sirius, ela só conseguia lembrar-se da forma que o olhar petrificado do outro rapaz buscou o rosto do amigo que estava sentado no chão da cabine apertada. Havia um claro... pavor na expressão de Sirius Black — suficiente para causar um arrepio gelado nela. E sentiu todo o corpo se arrepiar outra vez.
A bruxa atentou-se para a expressão póstuma de Remus enquanto empurrava a mala-baú dela de onde um funcionário ajudava a descarregar o trem, mas sabia que não era possível que se tratasse apenas de uma chateação pela partida deles. Havia algo que os quatro amigos optaram por esconder delas.
— Obrigada.
Remus assentiu com a cabeça, evitando olhá-la quando se aproximou para pegar suas malas, detestando a forma que ficou agradecido por ela ter sido curta com ele. Sirius havia sido mais que sincero com eles no começo do ano letivo. "As coisas estão mudando para pior", Black suspirou durante uma noite em particular. Nunca haviam lhe visto tão sério ou esgotado. "O preconceito que antes era minoria só tem crescido. Voldemort tem ganhado apoio das casas nobres mais fortes e as mais antigas."
"Minha família foi informada sobre ele"
James também decidiu comentar, abandonando o café que tomava. "Ele e alguns dos seus seguidores tentaram... Levar o meu pai para o caminho que seguiam. Por isso ele decidiu sair do Ministério."
"Ouvi falar sobre Voldemort e que o Ministério está perdendo força, mas..."
Remus tinha sussurrado. Ele olhou para James, surpreso. “Não sabia que estava assim tão contaminado por dentro.”
"Os alvos estão mudando e o apoio de dentro do Ministério está crescendo, por isso estão ficando mais astutos. Antes eram trouxas e nascidos trouxas. Agora todos parecem ter se tornado alvo."
Sirius prosseguiu, repetindo as palavras sopradas de Andrômeda. “Eleger o Nobby Leach como Ministro foi a gota d'água" Explicou-se, mesmo que soubesse o quão errado era culpar um nascido trouxa pela insanidade dos bruxos sangue-puro com quem conviveu a vida toda. "De oito anos pra cá, as tropas dele tem se fortificado e o Ministério está ocultando tudo, mas estão perdendo a mão. Daqui pra frente, tudo que acontecia com os trouxas vai começar a acontecer com a gente."
"Não com você"
Peter bufou, iniciando uma discussão que havia causado quase dois meses de enormes tensões no grupo e Remus preferiu não lembrar-se.
Sirius, repetindo as palavras da prima mais velha e mais sábia, bem como o que havia ouvido sua mãe comentar inúmeras vezes, garantiu a Remus que os “tempos estão mudando”. Voldemort, pelo que todos sabiam de suas então rasas ameaças ao Ministério da Magia, planejava impor uma Nova Ordem Mundial, iniciando o seu plano por aniquilar qualquer trouxa ou nascido trouxa que ousasse ameaçar a então pureza de sangue dos bruxos, formando assim um estado social dominado pela raça superior que iria, desta forma, “limpar” o mundo da ameaça genética que era a raça inferior.
Todos conheciam a história de Salazar Slytherin e Gellert Grindelwald, portanto, a ameaça de Voldemort já havia sido enfrentada pelo Mundo Mágico com aparente mastria, e muitos imaginavam que Voldemort teria o mesmo destino, porém sabendo o que sabia através de Sirius e seu contato direto com os apoiadores do ditador, Remus percebeu que estavam muito enganados. O Ministério da Magia não havia contido os avanços da marcha dele, apenas ocultado tudo o que podia.
“Quanto mais despreparados estivermos, mas facilmente podem destruir” Era a lógica, segundo Sirius. Trouxas não os conheciam, e não tinham o mesmo poder de destruição, portanto, morrem com facilidade e em grandes números. Voldemort e os seus seguidores deixavam montanhas de trouxas mortos em pequenos e esquecidos vilarejos da Grã Bretanha, criando rios de sangue e lançando uma marca sob os lares daqueles que matavam.
— Seus pais estão chegando? — Remus ouviu Lily perguntar ao namorado. Do outro lado das montanhas de malas, Marlene estava nos braços de Sirius, dando a risada mais alta do mundo, pois ele havia sussurrado algo para ela e eles gargalharam. — Pete, e sua vó?
— Vão vir buscar você? — A voz de nada se assemelhava com a da pessoa com que ele havia convivido por meses. Ela soava quase retraída, contudo, seu interesse em falar com ele o agradou.
— Não, eu vou de trem para casa — ele respondeu, enfiando as mãos nos bolsos de trás da calça, a observando assentir rapidamente.
A ouviu falar no trem que os pais iriam buscá-la em Londres e iriam viajar para Irlanda. Ele quis dizer algo, porém não sabia o que. O Profeta Diário havia roubado toda a sua energia e parecia ter feito o mesmo com . E ela ponderou questioná-lo do sumiço no trem, dos olhares trocados e a razão das tensões que percebeu, porém chegou à realização de que eram cobranças que não lhe cabiam.
— Então… — As palavras lhe fugiram quando pôs os olhos sobre um casal que adentrava a estação, identificando os seus queridos pais mesmo em meio a tantas pessoas. — Minha família chegou, gente! — avisou, roubando a atenção dos amigos enquanto pegava suas malas, sorrindo largo quando a mãe acenou para ela, mesmo que o pai ainda lhe procurasse. O Sr. Clark mantinha os óculos no topo da cabeça careca, mas lutava para enxergar a filha mesmo assim.
— Tchau, princesa! — Marlene deu um abraço de urso na amiga, e Sirius se inclinou para dar um beijo na bochecha de , apertando seu braço com carinho.
— Vai com cuidado, . — Foi o pedido de Lily ao abraçá-la. James veio em seguida para um abraço tão forte como o de Marlene e que arrancou risadas de todos os presentes. — Assim vocês vão espocar a coitada! — Evans repreendeu enquanto Peter a abraçou, sempre gentil.
— Boa viagem, Lupin. — Surpreendendo a todos, virou-se para o tal Lupin, passando por algumas malas para alcançá-lo.
Remus a encontrou no meio do caminho, a envolvendo em um abraço bem praticado, afinal, conhecia cada curva do corpo de . Ele a segurou com força, o rosto pressionado na lateral da têmpora alheia e mãos afagando sua coluna. Não foi o típico abraço de quando se beijavam, em vista a audiência atenta a cada movimento, mas foi o suficiente para sentir-se próximo a ela outra vez. apertou o tecido do casaco dele, respirando o perfume cheiroso antes de se afastar, apanhando as suas malas e dando um último beijo no ar para as amigas antes de partir na direção de sua família, preocupada que notassem o óbvio rubor em seu rosto ou o tremor em seu lábio inferior.

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(Sete de junho de 1977 — Monmouthshire, País de Gales)

Seis dias é pouco tempo. Remus tentou acalmar-se mesmo que estivesse cavando uma vala entre seus suéteres e camisas, procurando o maldito papel. Quem arranja um namorado em seis dias? Com certeza, não Clark, ele resmungou em sua mente agitada, ponderando também procurar o bilhete dentro de suas meias bem dobradas. Alguém tão exigente e difícil, é claro que ela não arranjou alguém em seis dias.
— Quem é ? — Ele já estava suando quando a voz de Hope Lupin o despertou de seu surto. O rapaz soltou o suspiro mais aliviado de toda a sua vida, arfando de onde estava de joelhos no chão, tendo lançado o conteúdo de seu baú no tapete vermelho e marrom do quarto, sua pele em chamas e estômago revirando após quase quarenta minutos buscando o pequeno bilhete em sua bagagem.
Sua mãe era uma mulher muito bonita apesar de sua idade já avançada, assim como seu pai, que em breve iria celebrar sessenta e oito anos. Com o avental de cozinha que o filho havia feito na escolinha trouxa, Hope cruzou os braços bem acima da faixa que a nomeava “MMM – Melhor Mamãe do Mundo”. Ela tentou até mesmo lhe enganar, fingindo estar confusa, mas quando o filho suspirou e fechou os olhos após a ver segurando o pequeno bilhete, soube de imediato do que se tratava.
Pelo que sabia, o filho nunca havia tido uma namorada (o que era, claro, uma mentira deslavada dele) ou sequer demonstrado interesse em alguma garota. No entanto, o número de telefone havia caído do caderno de notas dele e, pelo desespero de Remus, claramente era de alguma garota que gostava.
Clark. — Ele soprou ao se levantar, apoiando as mãos no quadril. Ainda precisaria de um momento para respirar e acalmar o coração. Não sabia o que faria se houvesse perdido o nome de : em menos de uma semana, já sentia falta da voz dela. — A senhora conhece ela, lembra? — Remus deu um passo na direção da mãe, que de imediato afastou o papel, segurando atrás de si. O rapaz ergueu a sobrancelha, mas não conseguiu conter um sorriso tímido.
Clark… — Hope pendeu a cabeça para o lado, fingindo pensar. — Não lembro. — Na verdade, Hope se lembrava de . Já havia lhe visto com seus pais trouxas no Beco Diagonal, e também havia visto, no ano anterior, como James Potter (“Um menino de ouro”, segundo a própria Hope) cutucou Remus quando ela passou por eles. Ela também se lembrava da expressão no rosto do filho naquele dia. — Acho que vou ligar para o Potter e perguntar para os meninos se essa “” não é uma má-influência… — A senhora deu de ombros, se fazendo de difícil.
A mera menção dos Potter’s, incluindo o boca de sacola do Sirius, foi o que faltava para Remus voltar a se pôr de joelhos diante da mãe.
— Eu imploro… — Remus se aproximou, rindo junto à sua mãe, abraçando a cintura dela e sorrindo de volta quando ela tocou em seu cabelo com imenso carinho apesar de ter ameaçado cortá-lo. — Aqueles caras não sabem o que falam, mãe. — Fez drama somente para ouvi-la rir de novo. — Te disse que pegaram oito detenções? — Ele estalou a língua como se reprovasse a conduta dos amigos.
Tinha sim participado na maioria dos fatos que geraram tais detenções, mas o que poderia fazer se todos o acham um anjo e duvidam que estaria envolvido nas gracinhas de Sirius e James?
— Uma vergonha, mãe! — Balançou a cabeça, encostando a bochecha na barriga da mais velha e sentindo o delicioso cheiro de canela que emanava da cozinha. — A senhora tem tanta sorte que eu sou comportado e monitor da minha casa… — Ele suspirou sonhador ao tentar roubar o papel que Hope segurava. — Tão responsável!
Revirando os olhos verdes, a Sra. Hope Lupin depositou o bilhete no bolso da camisa do filho, segurando o rosto dele em seguida. Enquanto o marido tentava se abster de tocar em Remus, ou sequer olhar por muito tempo para o rapaz, ela sentia o contrário da repulsa magoada de Lyall afinal, apesar das cicatrizes que o cobriam dos pés à cabeça, Remus permanecia sendo uma das pessoas mais bondosas que ela teve a sorte de conhecer. Apesar de tanto sofrimento e dor, seu filho havia escolhido sorrir e espalhar bondade em um mundo tão maldoso.
— Remus? — ela chamou, afagando as bochechas dele.
— Mamãe? — A resposta foi sorridente e infantil, mas ainda a fez sorrir.
— Você está sendo educado com essa moça? — Era por esse motivo que ele morreria antes de permitir que sua mãe ouvisse sobre pela boca dos seus amigos. Sirius já teria gargalhado, mas Remus apenas concordou, contendo o riso. Sua mãe era querida demais para seu próprio bem. — Certeza? — ela o pressionou. — Está puxando a cadeira para ela?
— Puxando a cadeira, acompanhando para as aulas… Tudo. — Ele prometeu e beijou as palmas da mãe para selar suas palavras. — Até levei um presente no nosso primeiro encontro. — Os olhos dela se arregalaram, mas não de surpresa, de alívio e um tasquinho de orgulho. Sabia que havia criado bem o filho. — Um poster do filme favorito dela.
— Meu garoto! — Apertando as bochechas dele, Hope o beijou na testa.
Horas depois, após um tenso almoço com seus pais e Lyall retornar ao Ministério da Magia para o fim de seu turno, Remus permaneceu estirado em sua cama, evitando sentir seu coração pesado.
James havia sido sincero com ele quando conversaram uma vez sobre isso, lhe confortando que Remus não era culpado pelo que aconteceu, mas sim seu pai e, consequentemente, a culpa por ter infligido tamanho sofrimento no filho era algo que Lyall não podia suportar. E o rapaz sabia que fazia sentido; sabia que não podia culpar o pai pela distância que decidiu manter dele e que dizia ser para sua própria proteção. Mas como ignorar que sentia falta de ser tratado como filho, e não só um fantasma que visitava o lar da família por dois meses do ano?
Remus ouviu de muitos amigos da família e de sua própria mãe que ele era a luz dos olhos de seu pai quando pequeno. Que se tivessem outro filho, dificilmente o outro seria tão amado e objeto de preferência como ele. No entanto, tudo mudou após ter sido atacado por Fenrir Greyback na infância. Tinha ouvido histórias de que Lyall já tinha até mesmo contemplado suicídio após o ataque e ter sido responsável pela briga com os lobisomens e que resultou na condenação do filho a uma vida de sofrimento. E, dessa forma, o ciclo continuava: como um pai poderia superar tal coisa? E ao mesmo tempo, como um filho poderia viver daquela maneira, sentindo-se culpado por viver na situação que o pai causou? A culpa dominava ambos.
E talvez por isso seu laço com os amigos era tão forte, pois não tinha culpa alguma envolvendo a relação. Bom, Remus obviamente sentia-se culpado pelas noites de lua-cheia em que os feria, ou lhes fazia passar longe das namoradas — mas era um assunto que os amigos não tocavam. O suporte que davam a ele era solidário, sem lhe pedir nada em troca, além de algumas colas nas provas complicadas. Era diferente de como a licantropia era tratada em seu lar.
Em casa, a doença era discutida através de sussurros com sua mãe. Ela lhe entregava xícaras de chá, bolsas quentes e fazia massagens em seu corpo dolorido ao assistirem televisão. E Lyall o trancava no celeiro construído nos fundos da propriedade quando a lua-cheia chegava, sem nem mesmo trocar uma palavra sequer com o filho, apesar de passar toda a noite do lado de fora empunhando sua varinha caso Remus conseguisse fugir em sua forma lobisomem.
Já em Hogwarts, a condição de saúde dele era tratado como o seu mero “probleminha peludo”. James havia aprendido suturas com seu pai, Sirius sabia tudo sobre licantropia devido a extensa coleção literária da Casa Black, e Peter fazia de tudo um pouco. Lily lhe entregava xícaras de chá para a dor e Marlene preparava uns lanches para eles quando cuidavam de Remus. Em seu círculo de amizade, não havia culpa ou obrigação, o que tornava o fardo mais leve.
E Remus imaginava qual seria a “função” que sua assumiria se ela soubesse da condição dele. Se ela aprenderia primeiros-socorros com James, ou tudo o que pudesse sobre a doença, como Sirius. Mas então, as dúvidas começavam a lhe sufocar: a) permaneceria dormindo com ele se soubesse a verdade? b) Ainda seria amiga dos demais ao saber que escondiam isso? c) Ela sentiria medo dele? d) Se sentiria enojada pela doença?
O segredo em si não o preocupava, pois sabia que ela o guardaria. era evoluída demais para o expor daquela maneira. Mas sua preocupação era como a reação dela seria. Tinha medo que os estigmas da doença falassem mais alto. Ora, ela nem mesmo queria assumir a situação deles para os amigos quando o via como uma pessoa normal, imagine quando soubesse da licantropia. Não que Bun fosse elitista, ou fosse realmente reagir mal, mas os estigmas da doença ainda o apavoraram e criaram tal medo. O mundo era um lugar muito cruel para aqueles diferentes da norma.
Um pouco antes das três da tarde, quando o livro que tentava ler estava o entediando, Lupin voltou os olhos para o bilhetinho em sua mesa de cabeceira. tinha escrito seu telefone em vermelho, os números bem desenhados e a caligrafia tão bem-feita que o fez sorrir. Ela sentia orgulho em fazer tudo com perfeição. Orgulhosa e se achando melhor que a maioria. E era. era brilhante em tudo que se propunha a fazer. Sua única falha, ao menos acadêmica, era nas aulas de voo. Era péssima. E no mesmo pé que James era excelente e Sirius tinha um equilíbrio invejável, ela era ruim.
Apanhando o telefone ao lado da cama, a Lupin discou o telefone dela, se sentindo orgulhoso por ter descoberto como desconectar a linha no quarto da central. Com o coração martelando no peito e sentando-se de maneira mais confortável, Lupin aguardou três chamadas antes de ser atendido.
Clark falando. — Remus cobriu os olhos ao cair de costa nos seus travesseiros, a voz que tanto sentia falta soando em seu ouvido e lhe fazendo sorrir. — O Dr. Clark e a Dra. Plinth-Clark não estão disponíveis no momento. Como posso ajudar?
Há quase uma hora de distância, com a cabeça apoiada numa almofada bordada e um livro no colo, segurava o telefone no ouvido.
Seus pais não haviam se planejado tão bem como tinham lhe prometido, o boticário sendo vítima de uma carência de funcionários bem no início do verão e, logo, ambos precisavam ficar algumas horas a mais para cumprirem os prazos e pedidos de clientes. Não que ela fosse ousar reclamar de um momento a sós, mas sentia falta dos gritos entre a cozinha e os escritórios, de seu pai perdendo ou sentando-se nos óculos e da mãe descabelada queimando torradas enquanto anotava pedidos no telefone e lhe chamava para almoçar.
Adicionando-se ovos, as torradas são um almoço perfeito, sua mãe dizia.
amava Hogwarts com todo o coração, bem como as oportunidades que a escola de bruxaria havia lhe concedido, mas amava o seu lar ainda mais. Amava a estufa no jardim e as plantas por todos os cantos, as pilhas de livro perto do sofá e a televisão empoeirada. Gostava de deitar-se em um lençol no jardim com os pais e ver como ainda eram tão apaixonados um pelo outro. De ver o pai catando flores durante os passeios matinais e fazendo buquês improvisados enquanto a mãe preparava o chá mais aguado do mundo e que ele, ainda assim, tomava com gosto e fazia caretas para a filha.
Enquanto alguns dos alunos de Hogwarts, principalmente aqueles de casas mais nobres, foram criados em lares problemáticos, foi criada com mais amor e carinho do que poderiam imaginar existir. No seu lar, o toca-discos velho dos pais sempre estava ligado, havia comida fresca da horta e conversas longas sobre tópicos científicos e vizinhos engomadinhos. A ausência de amor na Casa Black, por exemplo, foi objeto de enorme horror dela. Sirius que era sempre tão carinhoso e cheio de vida não aparentava ter saído de uma família tão problemática, mas era a dura realidade. E quando comentou isso com ele certo dia, ele apenas deu de ombros, dizendo que em breve teria sua própria família agitada e feliz.
Pode me ajudar com um problema amoroso, Srta. Clark? — Dizer que ela havia saltado do sofá era loucura: a voz de Remus Lupin, objeto de todos os seus sonhos nas últimas seis noites foi o suficiente para que até mesmo derrubasse o livro. — Tem essa pessoa que eu tô gostando já faz um bom tempo e que eu não vejo há… Seis dias, eu acho. Seria isso abstinência?
Não aguentou uma semana sem ligar? arriscou a pergunta, se preocupando caso a voz saísse trêmula ou muito animada. Certamente foi a segunda opção e ela voltou a se sentar no sofá, sentindo a vibração do riso dele ecoar por seu corpo. — Certamente é abstinência.
Imaginei que sim. — Remus sorriu e ela conseguiu imaginar tal cena. Um dos sorrisos absurdamente lindos dele. — E você, Bun? Não vai admitir estar com saudade de mim? Nem um pouquinho?
Não quero mentir. — Era mentira e ambos sabiam. sentia falta de mentir para ele e ocultar seus sentimentos. — Você já é bem metidinho para o próprio bem. Não quero te estimular mais.
Mesmo sentindo falta dele, tentou manter a marra novamente: era orgulhosa. Mas a voz saiu em um tom que Remus conhecia muito bem, era um tom que usava para disfarçar quando sentia-se relaxada perto dele. Às vezes, vinha antes de um empurrão e lembrete dos limites das ficadas. Remus sentiu a resposta atravessada bater diretamente em sua virilha e o fato não o surpreendeu, como de costume. Os desafios de lhe causavam tanta vontade de tê-la, quanto a suavidade dela quando estavam juntos. Tinha até sonhado na noite anterior que estavam de volta na piscina, nus e abraçados, e ela sorrindo com os olhinhos brilhando.
Ah, não — ele reclamou, deitando-se de maneira mais confortável. — Me estimula, vai, Bun. — Fez questão de suspirar alto no telefone, como sabia que deixava ela insana.
Você é um pervertido, Lupin. — A bruxa estava ciente de que, se Remus estivesse ali, ele estaria tascando beijinhos bem molhados em seu pescoço, o que lhe fez arrepiar só de lembrar. O arrepio desceu direto para o calor entre suas pernas. Ela suspirou, esfregando os olhos. Remus não tinha esse direito. — Estamos de férias e você não tem nada melhor para fazer do que me ligar?
Apesar da provocação, ainda sentia o coração pulsar acelerado em seu peito. Remus havia a ligado em meio às férias, somente para a perturbar. Como se dava o trabalho de fazer o Hogwarts e, assim como na escola, um certo orgulho a fez sorrir, igual quando ele a abraçava por trás na biblioteca e enchia de beijos. Orgulho no efeito que conseguia causar no rapaz e que podia bater de frente com aquele que ele causava nela.
Patético, Lupin — Clark prosseguiu, suspirando pesado ao se deitar no sofá, a mão pairando sobre o elástico do short de pijama. — O que está fazendo se tem tanto tempo livre assim?
— Pensando em você. — Remus foi mais que claro, correndo as mãos pelo cabelo, pois sabia que era o tipo de coisa que fazia recuar e podia muito bem a fazer encerrar a ligação. — Que tô com saudade de incomodar você todo dia…
Clark balançou a cabeça, fechando os olhos mesmo que estivesse sorrindo.
— Foi para isso que me ligou? Dizer que está com saudade de mim? — E no mesmo pé que ela fingiu reprovar o ato dele, não conseguia evitar sentir seu coração soar feliz que ele tenha realmente ligado ou assumido sentir falta dela. Do outro lado da linha, Remus mordeu os lábios com força ao assentir silenciosamente. Só um beijo dela ia ser o suficiente para aliviar o sentimento. — A minha dúvida é: saudade de mim ou das coisas que a gente fazia?
empurrou o cós do short para baixo, aproveitando-se da solitude e a voz de Remus tão pertinho de seu ouvido. Mesmo se ele não estivesse fazendo isso, ela não conseguia evitar sentir um ardor em seu ventre ao ouvi-lo.
Da gente — Lupin respondeu sincero até demais para seu próprio gosto, rememorando os momentos íntimos que dividiram. Fosse o sexo incrível, ou os olhares durante os dias, os sorrisos dela para ele, a forma que ela sempre procurava incluí-lo nas conversas. Tudo sobre ela e sobre eles dois. — Da sua voz, da sua boca, das mãos habilidosas — Remus sorriu quando a ouviu rir incrédula. — Essa risada aí… — Ele molhou os lábios, imaginando-a. — O meu lugar favorito no mundo inteiro, óbvio… — Remus não ligou para o fato de parecer um tarado. Já tinha falado coisas mais sujas ao vivo, e se derretia por ele. Involuntariamente, segurou no membro rígido por cima da calça e olhou para a porta, tendo certeza se está trancada.
Também está com saudade de mim, então. sorriu, sentindo sua face aquecer. Não era o seu papel costumeiro ser respondona, a presença de Remus a desestabilizando demais para sequer conseguir formar alguma resposta à altura das provocações dele. Contudo, a distância lhe deu um pouco mais de coragem. — Tenho a total certeza que já bateu umas pensando em mim, não foi?
Porra, Bun… — O grunhido de Remus, quase desesperado, bateu direto no clítoris dela, que de imediato o tocou. Não tinha tanta habilidade em o estimular como Remus, que parecia sempre saber o ritmo ideal, mas tentou mesmo assim, indo bem devagarzinho. Lupin, seguindo o mesmo rito, enfiou a mão por baixo da calça e apalpou o membro, semelhante às últimas seis noites. — É uma pena ter de desperdiçar tanta porra que devia estar na sua boquinha, .
Lembra quando fodeu a minha boca no seu dormitório? — Ela suspirou com as ondinhas de prazer em seu ventre ao estimular a pérola úmida. — E gozou nos meus seios? No sutiã vermelho que gosta?
Remus arfou, iniciando os já tão bem conhecidos movimentos em seu pau, a boca seca ao ouvi-la relembrar do momento. estava linda de joelhos diante dele, com o cabelo solto e selvagem, a maquiagem um pouco borrada pelas lágrimas e os lábios vermelhos e inchados após ele foder a boca dela a pedido da mesma.
Quer me provocar, mas tenho uma suspeita de que está com a mão dentro de uma das suas calcinhas bonitinhas, se tocando pensando em mim… — Suspirando, assentiu. Remus sempre conseguia tomar as rédeas da situação, ainda que a distância. Ela sabia que se ele estivesse aqui, estaria beijando o seu rosto daquela forma concedente de sempre antes de a comer como uma vadia. — Sei que ama que eu coloque meu pau na sua boca, mas tenta usar pra outra coisa, e me responde, Bun: seus dedinhos não são suficientes, né?
Inferno, Remus. — O rapaz sorriu com a confirmação necessitada, deslizando o dedão por sua glande úmida e se iludindo com a memória da língua quente de ali. Estava tão carente quanto ela.
Eu sei, eu sei… — Ele tentou imaginar os dedos de a tocando e voltou a acelerar os movimentos em seu membro. — Pode colocar uns dedinhos dentro pra mim, Bun? Acha que consegue gozar sozinha?
Sim. — Veio a resposta trêmula dela ao deslizar dois dedos para o interior quente e úmido que Remus sonhava em mergulhar novamente. tentou o imitar na vez em que transaram na piscina: dedos dentro dela e palma da mão no clítoris, no entanto, não era tão bom quanto. — Queria ver você. — A confissão a escapou sem um filtro. Ela desejava o ver alcançar o ápice e se desfazer nas próprias mãos. Acelerando o entra e sai em sua intimidade, arfou com a cabeça pressionada no apoio do sofá. — Remus…
Eu sei, Bun. — Sentindo as bolas apertando, Lupin erguia os quadris para perseguir a própria mão em busca do orgasmo, com os seus olhos fechados com força ao tentar se concentrar nos suspiros baixinhos de . Podia a imaginar nua diante dele, respirando pesado e caçando o próprio ápice.
Por favor, não para de falar… gemeu, finalmente encontrando um ritmo que podia manter. Não era como Remus e nunca seria, mas a voz dele a guiando ajudava a manter-se rendida ao prazer, mesmo que não tão grandioso. — Por favor, não para. Remus…
Respira, Bun — ele grunhiu, apertando seu pau sempre que alcançava a glande avermelhada e de onde escorria o pré-gozo, sentindo a veia debaixo dos dedos pulsar. — Não vou parar, fica tranquila. — Remus arfou, mordendo o lábio para evitar gemer alto e chamar atenção de sua mãe. Ele deveria estar com naquele momento, afagando as coxas dela e a beijando para a acalmar como sempre fez. — Prometo que, assim que a gente se ver de novo, eu vou te comer bem gostoso, ok? — O som que ela deixou escapar confirmou o quão necessitava estava e Remus respirou o mais fundo que podia, os quadris flexionando com o estímulo. — Lentinho e duro do jeito que você gosta, Bun. Por enquanto, goza bem gostoso pra mim, tá?
Obediente como de costume, atingiu o ápice meros segundos após ele, os gemidos e suspiros sôfregos dos dois ecoando pelos telefones. Remus suspirou ao ver a bagunça que tinha feito em suas mãos e no próprio estômago, enquanto Bun tentava aliviar seu embaraço pelo que tinha feito, apavorada que seus pais a vissem de tal forma e imediatamente puxando alguns lenços da mesa de centro para limpar as mãos.
No silêncio da ligação, Remus não pôde evitar sorrir.
— Eu odeio você — resmungou, mesmo sabendo ser uma mentira.
Ela já havia contado inúmeras para ele.
— Bunny mentirosa. — Lupin balançou a cabeça com um muxoxo. — Mesmo horário semana que vem? — ele propôs.
— Tchau, Remus.
Durante as doze semanas de férias, foram feitas doze ligações entre o casal.


(Quatro de agosto de 1977 - Londres, Inglaterra)
já havia ouvido falar sobre a fortuna da família de James Potter, e já tinha até mesmo sido alvo de um dos gastos excessivos dele em seu aniversário em que Potter a presenteou com uma bolsa de couro legítimo e que ela usava diariamente dentro e fora de Hogwarts. No entanto, a nascida-trouxa não conseguia nem sequer ponderar quantas bolsas o jovem poderia comprar no valor da enorme propriedade de sua família, ou a “casa de campo” como ele mesmo chamou na carta que enviou para ela ao lhe convidar para comemorar seu 18º aniversário com os amigos.
Marlene saiu do táxi junto com ela, proferindo um “puta merda” baixinho e sem fôlego quando parou nos portões da residência de campo e que se parecia muito com uma mansão.
— E isso é levando em consideração que o seu namorado é mais rico que o James — comentou ao entregar o dinheiro da corrida para o motorista.
Não demorou muito para que Lily aparecesse na porta de entrada ao longe, correndo por entre as pilastras da casa principal para as alcançarem, os fios ruivos e vibrantes se reluzindo na luz do sol enquanto corria até elas, o seu vestido azul esvoaçando no vento de verão. O abraço que as amigas dividiram não foi nada gentil, mas um tranco bruto que quase as derrubou apesar do riso delas. Lily já cheirava a protetor solar e melancias, indicando que já estava na piscina há um tempo e elas haviam se atrasado.
— Obrigada por virem! — Evans agradeceu em um suspiro baixinho, soando verdadeiramente grata. — O James já estava pensando que iam dar um bolo nele.
— Como se a gente fosse perder a chance de saber como os ricos vivem. — McKinnon revirou os olhos, engatando-se nos braços das amigas por um mero momento antes de finalmente ver o namorado no jardim. — Six! — Com o maior sorriso do mundo, ela se soltou e começou a correr na direção do bruxo semi-nu e com o cabelo preso no topo da cabeça.
— Eu trouxe um presente para o James — comentou com Lily assim que Marlene e Sirius caíram no chão. Eles viveriam. — É um kit de manutenção de vassouras. Comprei em Hogsmeade antes do fim das aulas, espero que ele goste.
Lily afagou a mão da amiga.
— Ele vai adorar, ! — a mais baixa garantiu, feliz por rever os amigos. — Os meninos estão no jardim de trás na piscina e os pais do James estão lá dentro, só vão sair mais tarde, então ainda estamos sob vigia — Lily explicou, e riu. — Padfoot comprou tanta bebida que eu acho que pode apagar um gigante.
Quando chegaram no segundo jardim da casa, se chocou com o tamanho da cada dos Potter. A piscina era maior que um dos lagos na fazenda de seus pais, as espreguiçadeiras de madeira nas margens da água estavam na casa das 12, havia frigobares retrôs, coolers, comida suficiente para um batalhão e várias redes para se deitarem. Mais adiante, uma quadra de tênis e uma de futebol. Plaquinhas também indicavam uma sauna seca e outra úmida.
Enquanto cortava um sanduíche para dividir com Peter, Remus apertou a faca com o susto da cotovelada recebida por James Potter. O lobisomem encarou em primeiro lugar o amigo que usava um chapeuzinho de aniversário que soltava faíscas vermelhas, antes de olhar na direção de Potter apontava ao petiscar em quadradinhos de queijo e azeitonas. James e Lily tinham uma aposta de que eles iriam assumir o rolo antes de voltarem para Hogwarts, mas Sirius e Marlene ainda duvidavam e foram contrários.
E, para todos os efeitos, James Potter odiava perder.
— Olha, a trouxe cupcakes! — Peter passou por eles, mais focado na embalagem de cupcakes que Clark segurava do que na expressão faminta do amigo.
Remus, apesar de já ter bebido vários drinks com James, sentiu a boca seca ao fixar os olhos em . Eles haviam passado as férias inteiras distantes e somente podiam contar com ligações semanais para matarem a saudade, logo, lhe ver tão perto era um pouco demais para o coração dele, afinal, já tinha tomado uma decisão.
Assim que chegassem em Hogwarts, ele iria chamá-la para uma conversa sincera e expor todos os seus sentimentos em relação a ela. Remus tinha planos de lhe contar sobre a licantropia, acima de tudo, pois não gostaria que o relacionamento que tanto desejava fosse iniciado com mentiras. E ele havia se prometido que iria aceitar caso ela lhe desse um “não” na lata.
Ao menos ele tentaria.
Fora o acelerar de seu coração devido à perspectiva de um futuro namoro, ou o que fosse que ela decidisse que teriam, Remus estava ansioso para finalmente lhe tocar novamente. Queria abraçá-la, beijá-la e cumprir com todas as promessas feitas no telefone. E o vestido longo e branco que vestia estava testando todos os limites da sanidade dele.
— Sei que teoricamente não tem nada acontecendo — Lily Evans soprou enquanto entregava um cupcake para Peter Pettigrew após o dar um abraço —, mas o Remus não sossegou até alguém confirmar que você ia vir.
Seguindo o aceno singelo da ruiva, virou-se na direção dos amigos, ambos os rapazes largando suas atividades na área da cozinha e seguindo até ela pra um cumprimento. Ela precisou engolir em seco algumas vezes ao passar a caixa de cupcakes pra Lily e abraçar James com o carinho que ele merecia, ainda que somente tivesse olhos para Remus, logo atrás do anfitrião.
Com os olhos claros apertados por causa do sol e o cabelo um pouco mais curto do que ela se lembrava, Remus parecia combinar bem com a estética da família Potter e o estilo de vida que levavam em sua mansão de férias. Com uma bermuda azul escura, camiseta branca e pés descalços, Lupin demonstrava estar confortável com a ocasião, assim como os demais, e seu conforto foi suficiente para sentir o mesmo, também. Meses atrás ele evitava sequer tirar a camisa na frente dela, mas agora mostrava os braços livremente mesmo com as cicatrizes.
Ela sorriu para ele assim que se afastou de James após lhe dar um beijo na bochecha e sentir o rosto úmido pelo exagero de protetor solar que Lily possivelmente tinha feito o namorado usar. E, muito diferente do abraço desengonçado que deram na estação, quando Remus se aproximou de , o enlace do abraço apertado quase a tirou do chão. O pressionar de seus corpos a fez sorrir largo, matando a saudade que quase os matou por dois meses. enterrou o rosto no pescoço quente dele, o seu perfume fresco ficando impregnado no nariz dela ao mesmo tempo em que Remus tentava se acostumar com o calor do corpo alheio e o novo shampoo de uva dela.
— Você não falou que cortou o cabelo! — acusou ao se afastar, suas mãos ainda segurando com firmeza nos braços dele como se temesse que Remus pudesse se dissolver no ar.
— Não fui eu que cortei. — Lupin sorriu largo com o revirar de olhos dela.
Se James e Lily haviam se surpreendido com o cumprimentar mais que íntimo dos dois, a jovem foi atenta o suficiente para enfiar um cupcake na boca do namorado antes que ele dissesse algo e simplesmente foi o empurrando de volta para a mesa de lanches. A expressão de alívio de arrancou outro sorriso de Remus, suas palmas ainda na cintura dela ao dar um passo para trás e olhar o vestido dela com mais atenção.
— O sol não está muito quente pra usar um vestido tão longo? — Clark se surpreendeu pela genuína preocupação dele.
— Espera para ver o que eu tenho por baixo, Lupin.
Com um tapinha no rosto corado de sol do rapaz, se afastou de forma definitiva, apanhando sua bolsa de cima de uma das espreguiçadeira. Remus molhou os lábios com a língua, sua imaginação fértil sendo mais que problemática no momento e ele balançou a cabeça, o calor intenso de verão começando a ficar mais agradável. estava tão mais afável que ele se questionou a possibilidade de se adiantar e conversar com ela naquele momento, mas se conteve ao lembrar-se que só James deveria ser importante no dia de seu aniversário e a conversa que teriam podia esperar.
— Ei, sem fazer filhos no jardim dos meus pais! — Potter gritou quando Sirius e Marlene finalmente se reuniram aos demais amigos, o horror de James explícito o suficiente pra expressão se tornar a mais repetida durante a rápida manhã de verão, seguida muitos risos e reclamações de Marlene pois o seu batom havia ficado melhor em Sirius. Assim que a tarde se aproximou e o Sr. e Sra. Potter se despediram dos mais jovens (com tão adoráveis beijinhos e abraços nos dois filhos), Sirius fez as honras de abrir a primeira garrafa de vodka, sua animação o suficiente para que e Remus trocassem um olhar preocupado que apenas Lily retribuiu na mesma intensidade.
No entanto, o sol e a piscina (que foi palco para uma competição de saltos e polo aquático, além de desafios de plantar bananeira) conseguiram conter o espírito travesso de Sirius e James, ambos acabando por passar a tarde agradável estirados em suas espreguiçadeiras um do ladinho do outro. E somente quando os rapazes decidiram se acalmar, mas permaneceram lutando contra o sono, decidiu remover o vestido e entrar na piscina junto com Lily e Marlene.
— Eles são tipo crianças — Marlene soprou baixinho, segurando sua latinha de refrigerante enquanto nadavam para o centro da piscina. — Sol, cloro e comida. Só isso e eles apagam tranquilo.
Remus havia removido a sua camisa igual aos amigos (menos Peter, que se justificou em razão de uma incomum alergia ao sol) e também se deitando em uma das espreguiçadeiras confortáveis, decidido a se comportar o máximo, mesmo que estivesse atento a cada respirar de no adorável biquíni de bolinhas que ela havia decidido vestir.
— A gente já tem quatro tendas, Moony — Sirius comentou ao tentar beber o seu drink no canudinho, sem nunca acertar o caminho da boca. — Precisa dessa aí da tua bermuda não, irmão. — A risada de Prongs foi alta o suficiente para as meninas se preocuparem com o engasgo dele quando Padfoot bateu com uma almofada na virilha de Remus, gargalhando também.
Apanhando um dos protetores solares em spray, Remus direcionou um jato para a face do amigo. Sirius estava bêbado o suficiente para querer tirar um cochilo e depois tomar um banho agarradinho com a namorada, mas não estava cego.
— Coragem é uma virtude, Moony! — Potter piscou por baixo dos óculos de sol e deu um tapinha no peito de Lupin, sem deixar de dar um peteleco no mamilo do amigo que fez o mesmo no nele, o fazendo se escolher e abraçar a toalha de Evans para cobrir-se.
— Não foi você que ficou quatro anos enrolando pra chamar a Lils para um encontro? — Remus apontou para James com sua garrafinha de refrigerante diet. — E não foi você que tava tão louco de amores pela Lene que broxava com qualquer outra pessoa com quem ia transar? — O lobisomem resmungou dolorido quando levou um tapão ardido no peito, Sirius aparentando estar subitamente sóbrio. — Ok. Broxar não é brincadeira. — James deu risada de novo, balançando a cabeça.
— O que eu quero dizer é que nós dois estamos indo devagar.
— A última coisa que estão fazendo é ir devagar, se me permite opinar — Pettigrew interferiu e Prongs fez questão de se esticar na espreguiçadeira para brindar com a água que o amigo bebia.
— Posso confirmar isso. — Sirius ergueu um joinha, cobrindo o rosto com uma toalha e Remus bufou ao removê-la “Vai morrer assim nesse calor”. — Um só encontro e você já estava planejando o segundo, o terceiro, comprando um presente pra ela…
— Fui bem educado pela minha mãe, ok? — Remus se defendeu.
— Eu não, mas fiz isso com a Lene também. — Sirius sorriu com carinho.
— Perde tempo não, Moony — James aconselhou, sua expressão um pouco mais séria do que a situação demandava. Remus sentiu um frio na barriga. — Tá tudo tão doido, não deixa essa alegria escapar. — Eles comentariam sobre o suspiro que todos deram ao mesmo tempo, mas a situação não era tão cômica a este ponto. — É o meu aniversário, estamos com nossas namoradas/ficantes/amigas aqui e eu declaro que estamos proibidos de falar sobre o futuro! — James bateu a mão na mesa onde Peter estava, fazendo-a vibrar.
— Você que começou com essa história, James. — Pettigrew riu.
— E foi um erro! — Sirius tapou um ouvido com o exclamar alto de Potter. — Vamos focar no arregão do Moony ou no broxa do Sirius, Wormtail — o aniversariante declarou mais animado do que deveria estar com os respectivos assuntos. A almofada que o atingiu no rosto quase empenou os seus óculos, mas James brindou com Peter de novo. — Temos problemas maiores para resolvermos. Sem ofensas, Padfoot.
Remus balançou a cabeça apesar do sorriso enorme em seu rosto.
Sentia mais saudade dos amigos do que imaginava e esse dia facilmente entraria na lista dos seus favoritos, pois, além de celebrar a vida de James, também se sentia mais querido do que sentiu-se nos últimos meses em casa. Não aguentava mais se desentender com o pai ou ver a mãe chorar por causa disso. Precisava sorrir até as bochechas doerem e os ouvidos buzinarem com tanta bobagem que os amigos diziam. E poder fazer tudo isso com a visão espetacular de Clark relaxada na piscina com um biquíni justinho era exatamente o que precisava para ser feliz.
A bruxa também podia concordar que o dia estava incrível, a começar pela presença de todos os amigos mais próximos, somando-se a feliz notícia de que seu pai havia recebido uma oferta de emprego em Londres, multiplicada pela visão do paraíso que era Remus Lupin só de bermuda e a pele bronzeada pelo sol londrino. Enquanto ele conversava sorridente com os amigos, tentava não se prender muito no fato que Lupin apoiava o dedão no elástico da bermuda escura, ou que o contraste com sua pele deixava ainda mais óbvias as veias que desciam de seu estômago na direção da virilha, ou a curva de seu quadril.
— Se o meu namorado não estivesse parecendo um burrito com a minha toalha, eu ficaria preocupada de ser para ele que você está olhando, . — Lily riu de onde estava apoiada na borda da piscina, os óculos de sol refletindo a cena.
— E a bunda do Sirius não é tão gostosinha assim pra ficar tanto tempo de olho, então você só pode estar babando no Lupin — Marlene comentou com os braços esticados para fora da enorme bóia cor de rosa que ela fez o namorado encher. James apostou cinco libras com Remus que Sirius iria desmaiar.
— A gente se fala toda semana — confessou para as amigas, os pés tocando no fundo da piscina após ficar uns bons minutos boiando. Lily e Marlene sorriram animadas e a bruxa revirou os olhos, sentindo o rosto esquentar não pelo sol, mas pela timidez. — Meus pais acham que é uma de vocês.
— Ficam tanto tempo assim no telefone? — Evans questionou gentil. Não tinha nada em sua expressão além de pura felicidade pelos dois amigos.
— Semana passada, ele me ligou depois do almoço e nós só desligamos o telefone quando minha mãe me chamou para o jantar. — Era impossível não sorrir com a memória. e Remus não tão somente trocavam palavras de teor sexual, mas acabaram por se conhecer mais ainda durante as longas ligações. Certa vez, ligaram as televisões no mesmo canal e assistiram Full House juntos. Remus detestou a série americana, principalmente porque fazia questão de dizer que o Tio Jesse era encantador. — Só acho melhor irmos devagar.
— Amorzinho, eu ainda lembro da cara que você fez quando se sentou na biblioteca antes da prova de DCAT… — Malene foi sincera e direta, fazendo Lily rir ao concordar. considerou a possibilidade de se afogar para fugir da conversa. — A última coisa que estão fazendo é ir devagar.
— Depois dessa, eu vou tomar um picolé e mergulhar de cabeça na parte rasa, tá? — sorriu embaraçada para as amigas, mandando beijinhos para as duas antes de começar a subir as escadas para sair da piscina.
— Não vai se engasgar! — Marlene fez questão de gritar e lhe deu um joinha enquanto Lily tentava parar de gargalhar da situação.
Do lado de fora, Sirius bateu com a almofada em James quando Remus se levantou na mesma hora que deixou a piscina. Eles dois haviam sido “uns queridos” e comentaram com Remus sobre o banheiro perto da quadra de tênis, que cada vez menos via problema na intromissão deles. Ainda mais quando a sua Bun se curvava para alcançar um picolé no fundo de um dos coolers, as nádegas se escondendo sem muito sucesso por trás do tecido preto de bolinhas brancas.
só se ergueu quando abriu a embalagem de um picolé de morango, o som de uma latinha de soda sendo aberta a indicando que ela tinha companhia debaixo da tenda vermelha.
— Quando me falou para esperar e ver o que tinha por baixo do vestido, eu não imaginei que ia ser um biquini tão bonitinho assim, Bunny — Lupin comentou ao se sentar em uma das cadeiras baixas, abrindo bem as pernas bronzeadas e apoiando a latinha gelada no osso do quadril.
— Fala como se já não tivesse me visto sem nada — soprou para ele, a ponta do picolé encostando em seu lábio inferior enquanto falava. Ela teve de conter sua vontade de dar um beijinho na pele de Remus que estava iluminada por uma fina camada de suor. — E está me provocando com essa bermuda baixa como se eu nunca tivesse ficado de joelhos para mamar você.
Lupin sorriu, observando a maneira que ela manteve a ponta do picolé nos lábios, mesmo que a temperatura elevada fizesse o doce derreter e uma trilha úmida houvesse se formado entre os dedos dela. ia acabar o matando.
— Também não tá facilitando as coisas pra mim, Bun… — Remus comentou, encostando a latinha gelada na testa, como se fosse o suficiente para lhe ajudar a ignorar a tensão em sua virilha. — Tá querendo me dar e não sabe pedir… Tsk, tsk.
— É só pedir? — Clark usou o dedo indicador para secar a gotinha de picolé que havia derretido em sua mão, e levou a ponta do dedo para a boca, saboreando o doce. Remus cerrou os olhos, mas concordou com a cabeça lentamente, planejando como devia sair dali para que os amigos não vissem o volume na sua bermuda. — Tipo, só pedir que me coma no banheiro como nos velhos tempos?
— Não é como se você houvesse sido tão explícita da última vez, mas sim. — Remus assentiu novamente, os olhos presos nas longas pernas dela, as coxas firmes e o quadril que sentia falta de deixar marcas das unhas curtas. — É só pedir.
deixou o picolé sobre a mesa de madeira, mãos nos quadris ao dar de ombros, virar-se de costas para ele e seguir na direção que Marlene havia lhe indicado mais cedo. Como esperado, e diferenciando-se da última vez que precisaram escapar para um banheiro a fim de se aliviarem, Remus a alcançou antes que ela conseguisse atravessar a porta, a agarrando por trás e virando-a em sua direção a fim de colidir sua boca com a dela. Ela não havia pedido explicitamente que ele a acompanhasse, igual a como aconteceu no Três Vassouras, mas a forma como retribuiu o beijo revelou o quanto o desejava.
Toda a saudade que guardava bem fundo em seu coração transpareceu no selar firme, nas mãos que seguravam o rosto de Remus próximo do seu e o suspiro tão necessitado que ela soltou quando ele retribuiu o ósculo com a mesma intensidade, lhe segurando tão perto que podia sentir os ávidos batimentos do coração dele. Remus abraçou a cintura de com um braço e entrelaçou os dedos no cabelo úmido dela com a mão livre, curvando-se quando o trouxe mais para perto, o selar intenso o deixando igualmente faminto.
Lupin segurou e apalpou com desejo a carne sedosa da cintura de enquanto ela corria os dedos pelo cabelo dele ao procurarem apoio na pia gigantesca do banheiro, a boca quente do lobisomem deixando selares molhados na coluna da garganta dela, embriagado pelo aroma do perfume dela e o suave cheiro de cloro que se impregnou em sua pele. , por sua vez, não suportou o desvio dele, o trazendo de volta na direção de seus lábios com um punhado dos fios de Remus em sua mão, o que o fez suspirar antes de beijá-la novamente.
Ela corria as mãos ansiosas e gulosas por toda a pele exposta dele — do peito até os ombros largos, para a costa firme e o estômago flexionado. E ele, em um simples movimento, agarrou o quadril farto dela e pressionou sua ereção contra a virilha de , o volume quente e conhecido a fazendo sorrir entre os beijos quando o rapaz deslizou os quadris contra ela, pressionando na intimidade coberta.
— É — Lupin arfou quando escorregou os lábios para a bochecha dele, a língua percorrendo um caminho curvo até o lóbulo da orelha. Detestando se permitir ficar para trás, ele invadiu a parte de baixo do biquíni e quase gemeu junto a quando mergulhou os dedos no centro dela. — Só realmente não sabia me pedir, né, Bun? — Remus pressionou dois dedos na entrada mais que receptiva de , a penetrando com cuidado e sentindo a respiração dela falhar e soprar ar quente no ombro dele enquanto Clark ondulava os quadris contra os dedos em seu interior. Ao ouvi-la chamar seu nome baixinho, Lupin sentiu suas bolas apertarem e o pau latejar por atenção, corpo tão desesperado por ela que quase vibrava ao senti-la. — Shh, eu vou cuidar de você, tá?
Com a mão livre, ele afastou o rosto ruborizado de do espacinho no qual se escondia contra o pescoço dele, correndo o dedão pelos lábios rosados antes de a beijar com carinho, mantendo o entra e sai de seus dedos na intimidade sensível dela. Com tamanho o cuidado de Remus, mesmo tão excitado como estava, se sentiu nas nuvens, buscando os olhos dele conforme as ondas de prazer a dominavam. A jovem se deparou com o indiscutível afeto corrompido das irises dele e imaginou que as suas também estampavam tamanho apreço e lascívia.
— Sei que eu prometi que ia te comer bem lentinho do jeitinho que te deixa toda burrinha por pica — Remus sussurrou para ela, tentando se convencer que era a melhor decisão por causa dos amigos deles bem do lado de fora. Contudo, a mera menção de uma foda lenta e dura fez os olhos de brilharem e o pau dele doer de tão duro. — Mas agora não vai ter como, tá, princesa? — assentiu, suspirando com os beijos que o rapaz deixou em seu rosto apesar das palavras sujas. A dicotomia de Remus era insana, mas não tanto como o descarte de sua promessa enquanto a fodia tão delicadamente com os dedos longos. — Então eu vou puxar o seu biquíni de lado e te foder igual uma putinha, ok?
— Tá bem — ela conseguiu sussurrar e virou-se para o espelho, as mãos um tanto trêmulas agarrando com força as dobras da pia de mármore. — Só quero sentir você. Agora. — engoliu em seco, o olhando pelo reflexo na sua frente. Remus se inclinou e pressionou um beijo na nuca dela, os olhos fixos no rosto alheio.
— Empina pra mim, — Remus pediu sereno ao afagar as nádegas de , suspirando quando ela o obedeceu sem hesitar. — Isso, Bun. — O elogio seguiu o abaixar mínimo de sua bermuda, o suficiente para o membro duro escapar e entrar em contato com a pele macia das nádegas de , o que a fez arquear-se ainda mais, demonstrando o quão sedenta estava. O desejo ficou mais escancarado quando Remus deslizou a cabecinha do pau contra os lábios encharcados dela após afastar o biquini, a fazendo arfar e pender a cabeça para trás, encostando no ombro dele.
Lupin a penetrou com zelo, ciente que não transavam há um tempo e que o alargar podia ser um pouco dolorido, mas o gemido baixinho e satisfeito de lhe tirou dos eixos. Com o encaixe perfeito, os braços do rapaz a envolveram, uma das mãos deslizando pela curva de sua barriga e infiltrando-se na parte de baixo do biquini. Os dentes dele se fincaram na pele sensível do ombro de da mesma forma que as unhas dela fizeram nos braços firmes dele.
Apesar de ser quem a abraçava, foi Remus que sentiu-se abraçado por ela, com a mesma estima que um herói de guerra sente ao voltar para seu lar. E o recebeu com a mesma reverência que ele tinha ao desenhar círculos no clítoris dela, como se pudesse a marcar ali, sinalizando que somente ele podia e sabia tocá-la de tal forma.
As estocadas de Remus assumiram um ritmo mais agitado após instantes, os gemidos deles e o som do choque de seus corpos ecoando no banheiro, arrancando arfares e suspiros longos de quando os corpos se encontravam e ele a invadia ainda mais fundo, a agilidade dos dedos somando-se à dos quadris. Remus manteve a boca pressionada no pescoço dela, tentando conter seus sons de prazer e se perder novamente no cheiro e calor que emanava, ora ou outra pressionando beijos tortos na boca entreaberta de ou nas bochechas quentes que imploravam por atenção.
Quando enfim atingiram o ápice, Remus a abraçava com o mesmo fervor que um náufrago faria com uma boia salva-vidas, e tinha absoluta certeza de que que realmente não havia mais como negar os sentimentos por ele.

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O bolo que Lily Evans havia preparado para o namorado facilmente seria o mais delicioso que os convidados na festa haviam comido. O chocolate amargo da massa junto do caramelo com flor de sal foi suficiente para todos repetirem suas fatias enquanto o jogo de “truco-bruxo” prosseguiu a todo vapor. Sentados no chão da casa dos Potter, com roupas quentinhas e salgadinhos espalhados em bowls, a reunião de amigos não se diferenciava muito daquelas feitas no salão comunal da Grifinória, o que acabava por torná-la tão mais especial ao provar que nada mudava entre eles.
E não era como se conhecesse do que se tratava o tal truco-bruxo, mas ela não ousou se afastar quando Remus sentou do seu lado para auxiliá-la, ainda que estivesse óbvio que a verdadeira competição no jogo confuso era entre Marlene e James. Ela o deixou olhar suas cartas, roubar seu bolo e rir quando se dava mal. Tão distantes de como agiriam antes, eles conversaram durante todo o jogo, com as coxas se tocando e o suéter de Remus sendo objeto de apertões vindo dela quando um vento frio soprava na casa.
— Esse jogo realmente existe? — a nascida-trouxa indagou baixinho, seu rosto virado para o rapaz, mesmo que se atentasse à jogada de Sirius. Ainda não tinha certeza de que havia entendido o jogo, apesar da paciência de Lupin e Peter para lhe ensinarem. — Ou é uma invenção do James para deixar a Lily louca?
Remus observou a curva da maçã do rosto dela à luz das janelas adiante, o ângulo do nariz pequeno e empinado, e o meio-sorriso satisfeito ao ver os amigos se divertindo — cada mísero detalhe exigindo muito autocontrole para que Lupin não se permitisse avançar nela e a encher de beijos diante de todos.
— Foi uma invenção deles pra me deixar louco no primeiro ano, para falar a verdade — ele explicou, raspando o restinho de cobertura que tinha ficado no seu prato antes de pôr a colher na boca. — Mas descobriram que faz sentido e que deixa a Lils doida. — Evans estava com uma carranca, empurrando o rosto do namorado o mais longe possível a fim de que ele não visse as cartas dela. — O que já é uma vitória para o James.
Ela iria comentar algo sobre a ausência de regras conexas, mas o som de uma buzina ritmada do lado de fora da propriedade chamou atenção dos bruxos.
— Meu pai! — anunciou ao pegar a última colherada do bolo e ficar de pé, limpando as migalhas que teriam se acumulado no vestido branco.
— Já vai, gatinha? — Sirius indagou, surpreso e de cabeça para baixo, suas pernas elevadas em uma poltrona. “Assim o sangue flui para a cabeça que pensa”, ele tinha se justificado minutos atrás.
— Desisto dessa porcaria. — Lily jogou as cartas no colo de Potter e imitou a amiga, também se pondo de pé. — Vou buscar a sua bolsa, .
Enquanto calçava seus sapatos, deu uma rápida olhada em Remus, sorrindo um pouco quando percebeu que ele arrumava o cabelo e o suéter marrom ao também se calçar, um evidente rubor colorindo as bochechas dele e que nada tinha relação com o sol de mais cedo.
Marlene agarrou-se à amiga enquanto desciam as escadas da casa para o jardim, comentando que ainda estava cedo demais para ir embora, mesmo que a casa não fosse sua. O último comentário fez James rir um pouco enquanto acompanhava o amigo um tanto mais alto no lado oposto de Sirius e na diagonal de Peter, de forma a impedir que a presença do futuro sogro fizesse Lupin dar para trás. Havia toda uma organização ocorrendo por trás do casal, que incluía até mesmo Lily se demorar em buscar a bolsa de e a insistência de Marlene que eles fizessem a escolta do rapaz.
Quando chegaram no portão, o Sr. Clark estava do lado de fora do carro, se esforçando para ler as instruções da campainha complicada e de vários botões, sua expressão confusa devido à ausência dos óculos.
— Não perdi os óculos. — Foi a primeira coisa que ele disse para o grupo de jovens, erguendo as mãos ao se render enquanto James abria o portão dando risada. — Ele caiu na estufa e quebrou a lente.
— Bem melhor que não perder, papai. — sorriu para o mais velho.
Outros nascidos-trouxas comumente demonstraram embaraço ao apresentar os pais para os amigos bruxos, fato que ela soube bem cedo que não seria um problema, pois poderia morrer de tanto orgulho e admiração que tinha dos pais. E seus amigos também gostavam muito da família Clark, suficiente para Lily e Marlene terem passado três dias na fazenda deles na semana anterior.
— Sua mãe me matava. — O Sr. Clark fez uma careta, mesmo que a mãe de fosse tão desorganizada quanto ele. Eram o par perfeito. — E quem são esses?
— Esse, que também é cego sem os óculos, é o James, o aniversariante. — James sorriu divertido quando o homem mais velho apertou sua mão e desejou “feliz aniversário-bruxo”. balançou a cabeça e segurou nos braços dos demais rapazes em ordem, apresentando-os ao seu pai. — Esses são Sirius, Remus e Peter. — Ela fez questão de apresentar Remus entre Sirius e Peter, no intuito de não erguer suspeitas do pai. — E a Marlene o senhor já conhece…
— Um prazer conhecê-los, rapazes! — O Sr. Clark cumprimentou todos com tanta boa vontade e educação que Remus sentiu o rosto pegar fogo. Ele tinha feito coisas inimagináveis com e agora estava conhecendo o pai dela. Lupin teve certeza que podia morrer de tanta vergonha ali mesmo. — Srta. McKinnon, como está?
— Bem, Sr. Clark! E as galinhas?
— A Grace chocou quatro filhinhos essa semana! — Remus trocou um olhar confuso com , que sorriu, entretida. Remus havia transado com ela há poucas horas e estava com vergonha do seu pai? — Meu bem, o que estamos esperando?
— A Lily foi buscar minha bolsa, mas já deve estar chegando.
— Oh, certo. Ok. Precisamos chegar cedo ou vamos perder a estreia do novo episódio de Full House — o Sr. Clark justificou para os demais o motivo de sua pressa e Remus ignorou o olhar de em sua direção. Certo, ele daria uma outra chance para o seriado ridículo. — Bom, alguém aceita uma carona? Estamos indo para o norte de Monmouthshire.
Remus ouviu um risinho vindo de Sirius.
— Remus, não era você que ia pegar o trem para Monmouthshire?
Sirius Black indagou com uma falsa inocência invejável, mas que perdurou poucos segundos após ele se tornar o alvo de um olhar assassino vindo de Lupin. Sirius até mesmo engoliu em seco. Clark estava abrindo a boca para intervir quando James deu um tapinha no braço de Lupin, como se a ideia apenas tivesse surgido ali.
— Se os Clark estão indo para o norte, acho que podia ir com eles! — Potter fingiu somente tomar nota da oferta naquele momento, sorrindo de forma convincente para o Sr. Clark que já estava com os olhos arregalados igual a filha. Já Remus parecia mais uma folha de papel. — Claro, se estiver tudo bem com o senhor, Sr. Clark.
— Um trem tão tarde, rapaz? — o biólogo reprovou, horrorizado, e prendeu os lábios entre os dentes, olhando para qualquer lugar, menos para Remus. — Os seus amigos estão certos, pode ser perigoso uma hora dessa. Onde mora? — O Sr. Clark prosseguiu solícito e preocupado. — A gente te dá uma carona, sem problemas!
Um tapa em sua costa, advindo de Peter, foi o que fez soltar a informação:
— Abergavenny, se-senhor. — O gaguejar quase fez Sirius irromper em uma gargalhada, mas um beliscão de Marlene o conteve. — Mas não precisa se preocupar e…
— Nada disso! — O Sr. Clark bateu as palmas da mão, vendido. — Pegue suas coisas, filho. Você mora a vinte minutos de nós e eu espero que goste de ouvir as músicas do Elvis Presley!

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(Trinta e um de agosto de 1977 - Monmouthshire, País de Gales)

Um dia antes do retorno à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, o maior e mais letal ataque orquestrado por Lord Voldemort até o momento deixou quarenta mortos e um ferido em uma chacina ocorrida a meros cinco quilômetros do condado de Monmouthshire em Wales. E Tannyhill, a adorável fazenda habitada pela família Clark, ficava há vinte minutos de caminhada da cena do crime, distância suficiente para que a notícia fosse transmitida por uma vizinha que, aos gritos, lamentava a morte do filho que pereceu em razão do ataque.
Enquanto tentava entrar em contato com Lily Evans, Clark manteve atenção na movimentação da casa: a mãe correndo para guardar roupas e sapatos na mala que havia puxado de cima do guarda-roupa, e seu pai juntando documentos em uma pasta de couro. “Vamos fugir de Monmouthshire”, ela indicou para Lily após ir para a caixa postal, “Em um voo para a Itália em quarenta minutos”. Porém, pouco antes que desligasse o telefone, um flash de luz do lado de fora fez seu sangue congelar nas veias.
Seus pais ainda estavam caminhando de um lado para o outro quando ela se esticou para a varinha dentro de sua mochila, estabilizando a mão trêmula com um apoio firme vindo da outra ao caminhar devagar na direção da porta, observando o vitral de vidro onde uma figura caminhava pela trilha de pedrinhas até a porta. O feitiço silencioso lançado por ela fez a madeira se soltar das dobradiças em um estrondo que arrancou um grito apavorado de sua mãe, som que doeu na alma da jovem bruxa cujo primeiro feitiço após a maioridade foi lançado para proteger sua família.
Um segundo feitiço foi lançado em seguida, em rápida sucessão, o mais poderoso “Estupefaça” que havia sido proferido por ela. Contudo, a figura escura o bloqueou, e na ausência de um devido contra-ataque, prosseguiu com um “Bombarda” furioso que ergueu um pedaço considerável de grama e pedras, pois o oponente se desviou com rapidez, outrora seria brutalmente impactado pelo agressivo pulso de energia.
— Senhorita Clark! — Com a varinha ainda erguida, soluçou ao reconhecer a voz que a reprovou de forma estridente. Quando a poeira abaixou, os ataques cessaram e somente um choro baixo podia ser ouvido além da movimentação dentro da casa, foi que Minerva McGonagall encontrou sua aluna prodígio apoiada contra a parede de seu lar. No mais absoluto choque. — Oh, minha querida…
Ela estava tremendo quando a professora idosa a envolveu no abraço mais protetor que podia, soltando sua varinha para não a ferir após se agarrar agradecida às vestes de McGonagall com tanta força que podia rasgá-las.
Segundos depois, Helia Clark atravessou o batente da porta com a mesma bravura que a filha havia demonstrado anteriormente — sem se importar com o possível monstro do lado de fora. Seu ataque contra a Professora McGonagall foi impedido pelo marido, que reconheceu a bruxa que havia vindo levar para Hogwarts pela primeira vez e agora estava caída de joelhos ao lado da filha que soluçava audivelmente, o pânico cego a impedindo de respirar ou dizer algo.
— Suas malas estão prontas, correto? — McGonagall indagou para Colin Clark enquanto Helia abraçava a filha no sofá, alguns aurores do Ministério vigiando o lar da família enquanto se recuperavam do susto compreensível. — O Ministério irá os realocar para um local seguro. Outras duas famílias de bruxos nascidos-trouxas irão os acompanhar e os demais professores estão os recolhendo agora.
— Para onde iremos? — o Sr. Clark questionou, olhando a esposa e filha no sofá iluminado pela luz do sol que ainda estava nascendo em Monmouthshire.
— Serão enviados para o Brasil, Sr. Clark — a professora informou, dedos entrelaçados diante do corpo enquanto seguia o homem para a aconchegante cozinha da fazenda. — Uma ilha, para ser exata. — McGonagall tinha negado o chá que havia sido ofertado, mas o homem já estava na terceira xícara. — A Escola de Castelo Bruxo está organizando sua recepção no Brasil e foi informada da transferência da .
Apesar de também trêmulo com o susto, o Sr. Clark foi firme ao afirmar:
— A minha irá para Hogwarts. — O homem ergueu a mão para impedir que McGonagall pudesse pronunciar-se, ainda que a professora sentisse um alívio considerável com a escolha que ela não poderia fazer por ele. — Quando veio em minha casa sete anos atrás e disse que não havia um lugar no mundo mais seguro que Hogwarts, eu confiei a minha filha à senhora. Farei o mesmo agora. — Havia um nó na garganta dele ao falar. — Se me disser que ir para o Brasil é a decisão certa para que ela fique segura, irá conosco. Mas se Hogwarts for ainda mais seguro, será aonde ela irá.
— Estamos em guerra, Sr. Clark — a bruxa experiente confessou. Sabia que havia aurores do lado de fora e deveria ser cuidadosa com suas palavras, mas sabia que devia transparência às pessoas que confiavam a segurança e educação dos seus filhos à ela. — A mesma guerra travada cinquenta anos atrás e em que Dumbledore foi a peça essencial da vitória. E ele está em Hogwarts agora.
— Quando dizem que é o lugar mais seguro do mundo, é por causa de Dumbledore — pressionou a costa da mão no nariz ao caminhar para dentro da cozinha. A professora McGonagall observou como a jovem tentava manter-se sem cair no choro novamente e reconheceu que a distanciar de seus pais seria mais doloroso do que na primeira vez que a levou para longe. — Ele lutou contra Gellert Grindelwald e venceu. — A jovem apoiou as mãos na mesa. — É o bruxo mais poderoso de todos os tempos. E, se eu os acompanhar para o Brasil, lá será tão perigoso quanto permanecer aqui. Precisam ficar seguros e longe de… — Ela engoliu em seco antes que a voz falhasse. — De magia. — De mim, desejou falar.
Helia Clark também havia se juntado a eles, abraçando o corpo da filha.
— Michael Tully era aluno de Hogwarts, da Corvinal. — olhou para o pai com o coração doendo pelas lágrimas nos olhos azuis dele. — Mas família toda dele morreu. Vocês vão para o Brasil. Eu vou para Hogwarts e, dessa forma, todos ficamos seguros. — Todos sobrevivemos, quis dizer. Conforme a guerra se aproximava, ela não via mais possibilidade de algo além de sobrevivência.
— Nós iremos embora agora? — Ela engoliu em seco com a voz embargada de sua mãe. — Sem dar tchau na estação? — Helia apertou a mão da filha, sua tristeza palpável. — Sem comprar seus materiais, sem nada?
Minerva McGonagall respirou fundo antes de assentir com pesar.
Duas horas depois, conforme se despedia da casa que não mais parecia ser seu lar devido a partida dos pais, ela forçou-se a engolir o choro. Os livros estavam jogados no chão e as plantas tinham se acomodado no jardim do lado de fora, em garrafas de vinho e potes de argila. No sofá estavam as roupas que não couberam nas malas dos Clark, e a geladeira havia sido desligada da tomada.
O toca-discos guardado em um armário.
Mas, enquanto tentava lembrar-se de como o local havia sido preenchido de música e risos, ela também tentou imaginá-lo coberto pelo sangue de sua família, à imagem do lar dos Tully. Tudo para convencer-se que havia algo pior que dizer tchau aos pais por um período indeterminado. se adiantou para a mesa de centro, se ocupando por recolher todas as fotos dos porta-retratos enquanto a professora fingia demorar-se ao mandar um patrono para Albus Dumbledore e informá-lo que os Clark estavam seguros.
Ela guardava as fotos dentro de um livro no momento que o telefone soou.
?
O choro que havia engolido há poucos minutos tentou subir sua garganta uma outra vez, quase conseguindo quando a jovem se abaixou para sentar no sofá, pernas sem forças com a voz do outro lado da linha.
Remus. — O cumprimento foi choroso, a voz embargada dela alcançando o rapaz do outro lado da Grã-Bretanha.
Você está bem? — Ela suspirou para Lupin, confirmando algo que nem mesmo tinha certeza. — Meu pai falou que iriam ser resgatados. Está segura?
Remus desviou dos inúmeros aurores ao seu redor, esgueirando-se para a lacuna entre o telefone e uma parede, o aparelho rangendo onde o pressionava na sua orelha. O alívio de ouvir a voz de , mesmo que pudesse sentir o medo dela de tão longe, era o suficiente para que enfim respirasse fundo após o terrível susto.
A Professora McGonagall está aqui. — Ela fungou, secando os olhos, o nariz e engolindo o choro outra vez. Olhou ao redor, encontrando os dois aurores pelas janelas da sala que se quebraram com o “Bombarda” lançado por ela. Engoliu um soluço ao ver as botas da mãe perto da porta. — Você está bem?
Só uns arranhões — Lyall Lupin tocou no braço do filho, sinalizando que ele já havia abusado do privilégio. Raras eram as ocasiões em que o telefone podia ser usado, principalmente para contatar trouxas e, se a ocasião não se demonstrasse tão grave, não lhe seria permitido tal coisa.
— Arranhões? indagou em choque.
— Sim, senhor — ele sussurrou para o pai. E somente depois que o Lyall se afastou, Remus prosseguiu com a voz apertada: — Estamos no Ministério — soprou baixinho. — Dando nossos depoimentos. Vou estar bem cedo na estação e encontro você, ok?
Remus… — Um soluço a escapou e ela abaixou a cabeça quando voltou a chorar.
Eu sei, . — Ele suspirou contra o telefone, olhos fechados com força. Voldemort passou perto demais das suas famílias. — Eu sei. Vejo você na estação, certo? Prometo. No banquinho de sempre. — Quando a sombra de Lyall virou a esquina para encontrá-lo, Remus se apressou: — Preciso ir. Vou encontrar você, tá bom? — Mesmo sabendo que ele não lhe via, assentiu de maneira incessante, lágrimas voltando a umedecer seu rosto. Ela não lembrava de já ter sentido tanto medo assim. — Prometo.
Também respeitando suas promessas, a Professora McGonagall cumpriu com o juramento feito a Colin Clark e se manteve junto de durante todo o resto do dia do ataque: havia a acompanhado no trem de Wales para Londres, permitindo que tivesse tempo suficiente para dormir e descansar, mesmo que a jovem houvesse passado toda a viagem pensando em seus pais e na casa deles. A professora também havia prometido que os materiais dela seriam entregues em Hogwarts na semana seguinte, bem como novos uniformes. E ela a garantiu que poderia enviar cartas aos seus pais no máximo uma vez a cada dois meses.
A restrição buscava manter o refúgio tropical escondido de Voldemort.
— Por que a senhora veio até mim? — indagou enquanto observava a sopa cremosa de abóbora esfriar em seu colo. Ela não havia comido nada o dia todo e, ainda assim, não sentia fome. — Esses ataques estão acontecendo a todo tempo. No meu condado foi a primeira vez, mas as vilas menores no Inglaterra… — Ela balançou a cabeça.
Havia cancelado a assinatura do Profeta Diário. Sentia que ia enlouquecer com os números que só cresciam.
— Pois você é uma bruxa valiosa, Srta. Clark — a Professora McGonagall respondeu simplesmente, olhando para o lado de fora da janela. Enquanto quem visse dentro cabine somente notaria , a Professora era visível a ela. Utilizando-se dos feitiços que somente havia conhecido em livros avançados, McGonagall estava invisível aos olhos dos trouxas. — Uma aluna de excelência. Seus feitiços tinham muita força e expertise, e se fosse outra pessoa, poderia ter afastado o mal e protegido sua família sem nenhuma dificuldade.
— Minhas habilidades me salvaram? — A professora que sempre a tratou tão bem não merecia o tom amargo, no entanto, não conseguia falar nada de forma diferente. Sua boca estava seca e seus olhos ardiam. — Tully era corvino. Podia receber a mesma regalia.
— Os Tully se recusaram a juntar-se à causa de Voldemort e por tal motivo foram executados — Minerva justificou-se severa, mas a aluna não a olhou. A mulher de mais idade respirou fundo, se recompondo ao reconhecer que não era insolente por natureza e era o medo que colocava aquelas palavras em sua boca. Ela seria tola se não estivesse apavorada e a própria Minerva estava. — A sua casa de Hogwarts não é importante para decidir se é valiosa para ele ou não, Srta. Clark. E sim suas habilidades.
não conseguiu ignorar o frio em sua espinha.
— Famílias e clãs bruxos estão sendo recrutados, principalmente aqueles cujos jovens possuem habilidades como as suas. — A professora sabia que era contra às normas estabelecidas por Albus Dumbledore ser tão explícita com os alunos sobre a instabilidade do mundo bruxo, mas também sabia que estava rodeada de bruxos cujas origens ou condições seriam alvo de Tom Riddle. E Dumbledore também sabia, talvez sendo isso foi quem a enviou para resgatar Clark. — Bruxos meio-sangue e nascidos trouxa já juraram lealdade à causa em troca de proteção. Principalmente aqueles que Voldemort procurou em pessoa, como os Tully.
— Que valor eu tenho para Voldemort? — O sorriso de revelava o seu medo de forma mais explícita do que ela sequer podia imaginar. — Sirius Black, James Potter, Marlene McKinnon…
— O Ministério da Magia interceptou uma comunicação entre Voldemort e Irina Rosier onde o seu nome foi citado, Srta. Clark — Minerva revelou, removendo a sopa que estava apoiada nas pernas de . Temia que a garota fugisse e por isso se preparou. Contudo, o paralisar de sua aluna também não a surpreendeu. Ninguém em sua posição estaria pronta para tal notícia. — Assim como a Srta. Lilian Evans.
Pela expressão de McGonagall, era óbvio que o choque da professora não havia passado ou passaria tão cedo. O Ministério questionava os motivos de duas nascidas-trouxas terem sido cotadas por Lord Voldemort e seu exército de Comensais da Morte em constante expansão.
— Seriam as próximas vítimas do recrutamento, Srta. Clark. Como os Tully.

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(Primeiro de setembro de 1977 - Londres, Inglaterra)

Hope e Lyall Lupin partiram para a Irlanda após o ataque em Wales e, só após incessante insistência por sua parte e de Frank Longbottom (o mais jovem auror do Ministério da Magia Britânico), Remus não foi forçado a juntar-se aos dois.
Frank Longbottom, que havia acabado de se formar em Hogwarts e tinha recém-enveredado na carreira policial, foi quem desfez a dura tensão formada entre Remus Lupin e seu pai, fingindo não se atentar os olhos enevoados de seu superior ou o tensionar firme da expressão do ex-colega de escola quando o grifinório garantiu que, respaldado por sua maioridade, podia tutelar por si próprio e iria, contra a vontade ou com apoio, para Hogwarts.
Logo, após poucas horas, um abraço apertado de sua mãe, e um adeus que o pai se recusou em retribuir apesar das lágrimas nos seus olhos, Remus partiu para Kings Cross portando somente um baú e duas malas.
Ainda estava tão cedo que considerou aguardar por e McGonagall do lado de fora, mas rapidamente descartou a possibilidade. Então, lançou as malas em um carrinho e atravessou o portal para a Plataforma 93/4.
Sabia que o pai o amava, afinal, era um imperativo natural. Mas sabia que Lyall seria mais feliz se os ferimentos causados por Fenrir Greyback tivessem o matado quando ainda era pequeno, pois seria uma morte mais rápida — não para Remus, mas para Lyall. Remus também sabia que o pai sentia-se culpado, e a culpa os afastou mais que a distância da Irlanda e Escócia que em breve estaria entre eles. Mas como ele poderia demonstrar amor por alguém que sempre se manteve a cinco passos dele? As feridas emocionais de Remus, em vista da culpa disfarçada de rejeição, e o amor de Lyall que havia se tornado culpa, formaram um abismo entre eles e que nenhum ia ter a coragem de enfrentar tão cedo.
Seus devaneios que nunca levavam a nada foram interrompidos, pois Lupin identificou algo imediatamente mais importante e merecedor de toda sua atenção. Ele, sem consideração alguma, abandonou seus pertences e adiantou-se na direção da figura conhecida escorada entre duas pilastras. A corrida até a silhueta que reconheceria até no escuro fez seus sapatos soarem no piso da estação vazia e, antes que pudesse a alcançar, virou-se na sua direção.
Remus já havia a visto em situações em que parecia que ia chorar, mas não tinha a visto chorando de verdade, motivo este que fez com que a expressão no rosto dela antes de o abraçar ficasse marcada na memória dele.
estava obviamente desolada e por isso o abraçava tão forte, a face enterrada contra o peito dele enquanto afogava os soluços que tentavam escapar. Seu rosto estava úmido e quente contra ele, e Remus engoliu em seco ao abraçá-la de volta com a mesma intensidade, apesar de um ferimento em seu quadril devido a última lua cheia ficar dolorido pelo aperto.
Lupin jogaria sal em seus cortes se significasse que ficaria melhor.
Ao mesmo tempo, finalmente sentiu como se pudesse respirar, mesmo que as mãos ainda tremessem ao agarrar-se ao casaco de Remus. Havia algo assustador em ficar sozinha na situação em que se encontrava, mesmo que inúmeros aurores estivessem na plataforma após o último ataque.
— Vim o mais rápido que consegui — Remus a assegurou com a mão no cabelo dela após ouvi-la soluçar, o ruído soando como uma agulha no ouvido dele, mas não impedindo de pressionar os lábios na cabeça da mais baixa e a envolver em seus braços com mais cuidado ainda. — Está sozinha? — Ele engoliu o nó de choro, afagando a coluna dela com a mão livre, porém sem sucesso em aliviar a tensão que dominava o corpo de . Perceber que estava sozinha, após se despedir dos pais de forma tão abrupta como ele, fez sua culpa crescer. Deveria ter tentado encontrá-la no dia anterior, nem que tivesse de escapar do Ministério no meio da noite.
afastou o rosto, as lágrimas ainda escorrendo por suas bochechas ao olhá-lo e balançar a cabeça ao assentir. Remus respirou fundo, afinal, vê-la chorar invocava algo horrível dentro dele, só se comparando às lágrimas de sua própria mãe nas luas cheias que passava em casa.
— Estou feliz que veio — Clark respondeu com a voz embargada e nariz entupido de tanto que já tinha chorado, fechando os olhos quando sentiu as mãos de Remus em seu rosto, conforme ele lutava para secar as lágrimas que não paravam de cair. Ela estava tentando contê-las quando ele chegou. — Que está vivo.
O ataque foi a menos de quinhentos metros do lar dos Lupin, que correram floresta adentro quando ouviram os gritos das crianças que tinham sobrevivido devido ao sacrifício da avó. Lyall Lupin gritava e implorava a todo o tempo para ele: “Volte” e “Filho, não” enquanto Remus o seguia, mas os gritos se tornaram feitiços enquanto as crianças estavam nos braços deles e Comensais da Morte os seguiam até que Lyall os contesse. No Ministério, os corpos foram identificados e as crianças entregues para a custódia da divisão competente que iria apagar suas memórias e os devolver para a polícia trouxa.
— Não ia te deixar sozinha até as onze. — Remus balançou a cabeça. — Sei que está com medo. Também fiquei. Mas você ficou só, e eu não. — Ao ouvi-lo, sentiu os lábios tremerem e o abraçou de volta, soluçando trêmula ao sentir Lupin tão perto de novo. Somente assim sentia-se escondida dos olhos do monstro que nunca sequer viu. — Vai ficar tudo bem. A gente vai pra Hogwarts e... — Ele engoliu outro nó que tinha se formado em sua garganta. Sentia algo ruim no ar. Uma apreensão por sua família e amigos que jamais sentiu antes. — E quando voltar, vai tá tudo bem.
— Eu não sou tola. — guinchou como um animal ferido, afastando o rosto do corpo dele e fungando quando ele não esboçou reação além de voltar a secar as lágrimas que já escorriam para o pescoço dela e assentiu com calma, a entendendo mesmo que ela não soubesse quando ia parar de chorar, ou se um dia iria. — Não me trate como uma, Remus. — Não havia raiva na voz dela, só o mais cru e frio medo.
— Não estou tratando como tola. — A paciência de Remus ao balançar a cabeça e não se irritar com a reprovação quando estava somente tentando lhe ajudar fez criar forças para tentar respirar fundo. — Estou só tentando te confortar. Tá tudo uma grande merda e a gente precisa se ajudar.
— Desculpa. — Ela suspirou e secou o rosto com uma rispidez que Remus detestou. — Eu sei que você está tentando. — Ele assentiu devagar, pois também sabia que era alguém que evitava aceitava ajuda e detestava ser objeto de pena. Somente assim, Remus conseguiu perceber que a “pena” que tanto evitava ser o objeto, era só cuidado das pessoas que se importavam com ele. — Eu só estou com medo, Remus.
Ouvi-la assumir tal coisa partiu o coração do rapaz.
— Eu sei. — Ele a envolveu em outro abraço, beijando a testa dela com todo o carinho que tinha dentro de si. — Eu também tô.

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(Vinte e dois de outubro de 1977 - Castelo de Hogwarts, Escócia)

Remus pensou que iria morrer quando começaram a tratar dos ferimentos.
A lua cheia sempre era brutal com ele, em especial quando suas emoções não estavam devidamente reguladas nos dias que antecediam a transformação, como foi o caso. Sirius havia lhe avisado que sua revolta poderia afetar negativamente o processo da sua transformação — sobre como a fúria vermelha por sua condição e a resistência em aceitá-la era perigosa. Remus sabia que precisava trabalhar nisso, que deveria acolher a transformação ao em vez de rejeitá-la. Porém, Fenrir Greyback era a capa do Profeta Diário pela segunda vez em menos de uma semana devido a um possível ataque do seu exército de lobisomens que aterrorizavam o Mundo Bruxo em pleno eclipse lunar.
Como Remus poderia reagir se não com nojo? Sem querer gritar e arrancar a pele grosseira que o recobria no cair da noite? Quebrar os ossos que se mutavam e causavam tamanha dor?
Destruir o monstro que o habitava?
E Remus sabia que estava dando trabalho demais. Incomodando demais. Tiveram até mesmo de lançar feitiços nas portas e janelas para que seus gritos não ecoassem pelos corredores do Hogwarts tão cedo, acordando os alunos que dormiam em paz apesar do eclipse. Mas não tinha como se conter. Ele não conseguia nem mesmo respirar e estavam jogando unguento em seus ferimentos; usando magia para tentar consertar as costelas que com certeza haviam perfurado seu pulmão dessa vez. Tudo isso, claro, enquanto Sirius e James, também feridos, seguravam suas pernas, e Peter o seu braço que não tinha sido deslocado.
Sua garganta já estava doendo, como se estivesse engolindo areia quando a Madame Pomfrey pressionou uma pasta no corte de seu pescoço, tão fundo que foi necessário que Sirius quase se deitasse sobre Remus e segurasse a cabeça dele no lugar para que não rejeitasse o unguento pela tremenda dor causada. Abraçado às pernas do melhor amigo e lutando para o segurar parado devido a dor intensa, James ficou de joelhos no chão, sem se importar com as lágrimas roliças em seu rosto. Não era justo que Remus precisasse passar por aquilo. Não era justo que ele se engasgasse com a poção que o fizeram tomar para aliviar a dor e voltasse a gritar em seguida, se desesperando porque sentia o sangue fazer uma piscina na maca, e ele queria ir embora.
— Ele está se acalmando — Madame Pomfrey garantiu quando McGonagall chegou à Enfermaria de Hogwarts, suas vestes de dormir amassadas, pois o sol recém havia nascido. Ela sempre o visitava bem cedo após a lua-cheia, mas aquela havia sido uma especialmente difícil. — Aos poucos, mas está!
Quando as poções começaram a fazer efeito e Remus parou de se mover devido à exaustão somada ao medicamento, Sirius se permitiu escorregar de cima da maca e cair no chão ao lado de James, enquanto a contagem “Um, dois, três!” de Peter e a enfermeira era feita para colocarem o ombro de Remus no lugar.
— Se sentem em uma maca — McGonagall indicou com a voz trêmula, sem tirar os olhos do rapaz pálido e ensanguentado que era objeto de tamanho sofrimento. — Se sentem. Estão sangrando também.
Ajudando um ao outro, os meninos se levantaram.
Black havia sido ferido na perna quando sua forma animago foi lançada contra o piano da Casa dos Gritos, o impacto forte o fazendo guinchar de dor, mas não o impedindo de voltar e ficar os caninos contra o pulso de Lupin, não lhe permitindo ferir o rosto com as garras afiadas. Já o jovem Potter estava com o braço sangrando depois de ter se desequilibrado quando Lupin avançou contra ele e acabando por cair contra um caco de vidro de um copo que também havia sido quebrado.
Nunca haviam visto o amigo tão furioso em uma lua cheia, nem mesmo no último eclipse, o que somente poderia significar que os ataques promovidos por outros lobisomens haviam sido responsáveis por seu descontrole. Saber que a mesma pessoa que havia o infectado quando criança estava procurando novos alvos e seguidores se demonstrava demais para o rapaz. Era uma ofensa grave e que poderia culminar tanto em restrições mais graves do Ministério da Magia contra a espécie, quanto na opinião pública sobre a espécie.
James quase espumou pela boca assim que Peter, treinado por Pomfrey, começou a limpar o corte.
— O que vamos falar para a ? — Sirius suspirou ao pressionar a bolsa de gelo em seu joelho, descansando a cabeça no travesseiro que mais parecia uma folha de papel. Os outros dois notaram que ele não se importava com a próxima mentira, mas lamentava precisar mentir novamente.
— A gente espera para ver o que ele quer que façamos — Potter respondeu ao remover o casaco e jogando na pilha de roupas sujas que tinham tirado de Remus. Mal conseguiram vestir a calça dele quando sangue começou a jorrar outra vez e Peter entrou em desespero. — É sempre assim.
— Dessa vez, eu acho que não vai dar. — Pettigrew avisou após olhar para Remus que, apesar das poções, ainda respirava irregular. — Não vejo Remus saindo daqui em menos de cinco dias. Sete, se começar a ficar com febre.
— Qual foi a desculpa da última? — Peter começou a limpar o ferimento de James, aproveitando da distração do mais alto ao tentar lembrar-se da lista que tinha feito com Lupin de desculpas a serem dadas para sobre seu sumiço.
— Não é questão de desculpa, gente — Sirius interviu, olhando para os dois com sinceridade. — Eu não tenho mais a pachorra de ir e mentir pra ela nessa situação que as coisas estão.
— Eu sei, mas… — James respirou fundo, rangendo os dentes pela dor. Peter soprou um pedido de desculpas que o amigo aceitou mesmo com o ardor. — Toda vez que o Remus some, ela só falta ter um treco… Lil falou que, na última vez, jurava que ele tinha sido sequestrado. Quase foi em Dumbledore.
Lupin sabia que deveria tentar dormir, ou ao menos fingir que tinha enfim descansado, mas a dor afiada em sua garganta que quase estraçalhou, a dificuldade de respirar, os ardores em seu corpo e ossos doloridos a cada lufada de ar — tudo lhe impedia de pregar o olho. Ele também sabia que os amigos conversavam, mas não se importava muito em ouvir, apenas observava a chuva batendo na janela de vidro do lado de sua maca, e hora ou outra, olhava a movimentação da Professora McGonagall e da Madame Pomfrey. Possivelmente mandariam uma carta aos seus pais e Lyall iria, de novo, questionar o quão seguro era mantê-lo em Hogwarts.
— Marlene disse que ia ficar com a ontem de madrugada. — O nome da bruxa o faria estremecer se pudesse mover algum músculo sem sentir que a dor iria lhe partir no meio. Agora sabia o motivo de tantos lobisomens infectados apelarem e se entregarem às drogas e morfináceos para suportar a dor das transformações. — E quando ela notar que ele sumiu…
havia perdido a cabeça na última lua cheia.
Ele havia ficado de repouso por dias na enfermaria, usando unguentos e as poções cicatrizantes mais poderosas possíveis na expectativa de receber alta e voltar para ela. Desde a partida de seus pais e a confissão para ele de que Voldemort tinha planos de a recrutar, vivia em um constante ciclo nervoso e que Lupin tentava de tudo o que era humanamente possível para reverter. E passar dias longe, sem dar notícias, sempre era motivo para frustração. Na última vez que voltou de “visitar seus pais na Irlanda” e a encontrou estudando DCAT Avançada na Sala Comunal, precisou desviar de uma xícara de chá que iria o atingir na cabeça.
E, obviamente, confortá-la logo depois.
Amm… — Ninguém identificou o balbuciar que Remus lutou para tentar pôr para fora apesar da dor funda em seu pescoço que somente piorava com o vibrar de suas cordas vocais.
Apesar da própria dor, Sirius pulou para fora da maca que estava, seguido de Wormtail e Prongs, todos os três preocupados com o som que o outro havia feito. Era um sussurro tão baixo e cheio de arfares, que todos os rapazes tiveram dificuldade de identificar. E Remus começou a tentar mover a mão em desespero e irritação, o que fez os demais se preocuparem e pedirem que ele se acalmasse e falasse mais devagar.
Ah. — Lupin colocou para fora uma sílaba só; boca seca ao ponto de ser difícil até mesmo movê-la. Ele subitamente se preocupou com sua aparência: se tinha sangue em seus lençóis e na maca, se estava muito ferido e se os ferimentos estavam visíveis e grotescos demais e fossem assustar . Mas lembrou de como ela ficou da última vez em que ele precisou se afastar, e o medo da aversão diminuiu um pouco. Remus não sabia se era a dor horrorosa ou as drogas que falavam por ele, mas tinha consciência de que, se não fizesse isso naquele momento, não faria mais. — Amm…
O olhar trocado entre os três amigos era incrédulo, mesmo que enevoado pela gravidade da situação.
— Moony — Potter chamou com cautela, buscando os olhos arregalados do melhor amigo. A dor que Lupin sentia estava escancarada, e mesmo assim, sua maior preocupação e interesse ainda era em . Sirius sorriu para o amigo. Todos tinham seus motivos para o entender. — Quer que a gente chame a aqui? — Grato por ser compreendido, Lupin tentou assentir devagar e Pettigrew segurou a cabeça dele no lugar, evitando que se machucasse mais ainda.
— Tá bom, garanhão — Sirius riu, tentando fazê-lo se acalmar e levar toda a grave situação com naturalidade. Não era toda vez que Remus revelava a condição para alguém, e ele precisaria de todo encorajamento possível. — Vamos chamar a sua Bunny, tranquilo?
Contudo, foi difícil para os três chegarem no dormitório. Sirius mancava, o ferimento de James havia voltado a sangrar e Peter tinha dúvidas quanto a chamar a “namorada” de Remus. A principal dúvida era de como as coisas ficariam caso Lupin acordasse em algumas horas e se arrependesse.
Já dentro da Sala Comunal da casa, os três não tiveram muito tempo para pensar, pois , Lily e Marlene estavam sentadas nos sofás, tendo passado toda a noite estudando.
— Ei! — A voz de soou baixa enquanto se levantava do sofá e se cobria com o casaco que Remus havia esquecido com ela na biblioteca na tarde antes da lua cheia. Como monitora, não queria acordar os mais novos falando alto. — Onde passaram a noite? A gente foi no dormitório de vocês e tinham sumido…
Marlene, que sabia do segredo de Remus e havia se oferecido para passar a noite com na ausência dele e dos costumeiros encontros noturnos do casal, sentiu um nó se formar na garganta quando percebeu que a amiga olhava além deles três, procurando por Remus. Já Lily sabia que nas manhãs que os rapazes voltavam sem Lupin, a noite havia sido difícil ao ponto de ele precisar ficar na enfermaria.
— Onde está o Lupin? — O sorriso confuso e quase acanhado de foi direcionado a James, que segurava com força na almofada do sofá perto dele.
Foi somente ao perceber que James estava um pouco tenso que notou os rastros de sangue seco e a sujeira no braço do rapaz. A luz da lareira também lhe fez perceber que tinha sangue na camisa de Sirius, bem no ombro, e ele apoiava só uma perna no chão. Marlene soltou seu livro, que caiu no chão com um barulho forte, ficando de pé logo atrás da amiga enquanto Lily seguia aterrorizada na direção de Potter, ele que precisou de muito esforço para não desabar nos braços da namorada quando ela segurou nas suas mãos sujas.
Tão acostumados com a rotina dos últimos anos, James, Sirius e Peter não viam mais tanta insanidade na situação, mas suas namoradas e amigas viam. Elas não tão somente viam isso, mas a tristeza e bondade dos atos deles, o que nunca passaria despercebido.
, vem com a gente — Sirius chamou, acenando para que a bruxa se aproximasse. Alarmada, Marlene segurou na mão subitamente fria da melhor amiga e a imitou ao se aproximar dos rapazes. sentia que poderia desmaiar. — O Remus tá precisando de você agora, gatinha.
As portas pesadas da enfermaria se abriram num estrondo, empurradas por cuja corrida desesperada na direção do local não foi párea para os amigos que a seguiam um pouco atrás. Ela caminhou apressada por inúmeras alas, até achar a que os rapazes haviam acabado de deixar. E ele sentiu lágrimas pinicarem os olhos quando os pés se recusaram a lhe levar adiante, se negando a aproximá-la da maca no canto da enfermaria. E ela sabia que se não fosse a mão de Peter em seu ombro, teria dado para trás com a cena que se tornou ainda mais cruel na luz do dia.
Remus Lupin estava estirado em uma maca com manchas de sangue seco, poções e unguentos nos lençóis que o envolviam. Nos seus braços, várias ataduras estancavam os sangramentos, bem como outras faixas grossas envolviam o seu peito e ombro, mantendo o último no lugar correto. O sangue seco em seu pescoço havia se amontoado no travesseiro, e o cabelo suado dele havia secado contra a testa, mesmo que a Madame Pomfrey, ao acessá-lo novamente, houvesse empurrado os fios para o mais longe possível dos olhos dele.
passou alguns segundo de pé diante da maca dele, prendendo a respiração enquanto a enfermeira de Hogwarts trocava os panos encharcados com o sangue dele por ataduras limpas e oferecia um pouco de água na boca do rapaz que, apesar de tão ferido e distante, reconheceria de qualquer forma. Ela secou as gotas de lágrimas em seu rosto, tentando entender a natureza do ataque que Remus havia sofrido até que pôs os olhos nas mãos ensanguentadas dele e no corte de garras no estômago do rapaz.
Assim que Madame Pomfrey se afastou e os olhos de Lupin pousaram nela, a recusa de seu corpo em se aproximar foi ignorada e ela se adiantou com cuidado até onde o ele estava, mordendo os lábios para evitar que tremessem e revelassem a que ela estava a um triz de chorar e não parar nunca. Lily agarrou o braço de James e Sirius, os puxando para longe apesar das lágrimas em seus próprios olhos ao ver o amigo tão machucado, ofertando ao casal toda a privacidade que mereciam em um momento tão delicado e decisivo.
A respiração de Lupin ficou irregular quando chegou perto, o que ela notou de imediato, pois ele começou a tentar falar, os olhos cheios de lágrimas que ela jamais imaginou que veria.
— Veio — Lupin soprou para ela, sem ar. A jovem reconheceu nos olhos dele o mesmo medo absurdo que ela sentiu na estação meses atrás e engoliu suas próprias emoções e medo ao levar uma mão trêmula ao rosto dele, tentando acalmá-lo. só deixou algumas lágrimas caírem quando Remus fechou os olhos com imensa força para engolir um soluço, o extremo desconforto do ato estampada em sua face torcida pela dor. Seus ombros vibravam quando tentou falar de novo: — Você veio.
O sorriso dela foi tão triste que Lupin sentiu o peito doer ainda mais.
— Claro. Chamou por mim, não foi? — ela respondeu devagar, controlando cada palavra para tentar conter o choro depois de vê-lo tão ferido e frágil. Clark secou as lágrimas que levantaram o sangue e a sujeira do rosto dele, molhando seus dedos com a dor de quem amava, e tentando absorvê-la para si.
— Lua. — Remus forçou a última palavra para fora, engolindo outro soluço ao tentar olhar para a janela, buscando mostrá-la o motivo de seus ferimentos. Quis lhe explicar os seus sumiços e a razão de ter se escondido dela após tanto tempo.
olhou pela janela, para a chuva, e então para ele. Para as cicatrizes profundas em seu corpo, os músculos firmes por baixo da pele ferida. Então, tudo soou tão simples que ela sequer podia acreditar que demorou tanto tempo para entender.
A lua havia causado tanto sofrimento.
— F-Foi lua cheia… — Ela assentiu, afagando o rosto trêmulo dele. Lupin tremia pela dor que ainda sentia e o temor da reação dela. — Por isso está aqui? — Foi a voz de que vibrou desta vez, aguardando a resposta que tanto temia.
O medo que começou a correr pelo sangue dela não era pela condição de Remus em si, mas o que aquilo poderia significar no mundo que virou do avesso. A realização quanto a licantropia não lhe causou medo ou aversão alguma. No entanto, mais lágrimas escapavam dos lindos e tão sofridos olhos de Remus, temendo que a sua resposta para a pergunta dela fosse final para a decisão de em deixá-lo. Mas, ainda assim, Remus se esforçou para assentir devagar, os lábios se firmando em uma linha fina ao tentar suprimir outro soluço doloroso.
Shh… soprou ao se esgueirar na maca, sujando-se de sangue e inclinando-se sobre ele para afastar o cabelo do rosto úmido de suor febril ao balançar sua cabeça. A jovem sentia o próprio coração se partir em vários pedacinhos ao vê-lo tão exposto e desolado daquela forma. O temor de Remus estava tão claro que ela sentiu-se culpada por sequer ter deixá-lo imaginar que sua condição iria a assustar. — Está tudo bem por mim! — garantiu com uma tentativa de sorriso que só a fez chorar um pouco mais, assim como ele.
Como ela poderia culpá-lo por algo que era parte dele? Infectado ou não, aquele era o mesmo Remus Lupin que conhecia. O mesmo que ela passou a noite inteira aguardando por um beijo de boa noite na bochecha; o mesmo Remus que havia mentido para o pai dela ao dizer que gostava de Full House só para o agradar. Que colocava comida no prato dela e que passava suas tardes com ela na biblioteca.
— Não ligo, sério! — tentou rir, mas caiu no choro ao se inclinar para beijar a bochecha dele, ignorando a sujeira, o suor e o sangue. A doença não mudava em nada que ele era pra ela. Ainda teriam de conversar bastante; ele precisaria ouvir mais uma centena de vezes que ela não se importava. — Continua sendo você. — E ela lhe diria isso mais uma centena de vezes: — E eu continuo aqui.


Continua...


Nota da autora: DEPOIS DE QUASE QUATRO ANOS, A PARTE DOIS SAIU!
Como vocês estão, meus amores? Amei muito retornar para o universo de Trick&Tease depois de tanto tempo, de verdade. Espero que tenham gostado dessa parte dois e de como moldei a história. A minha maior vontade para essa parte dois era mostrar como o relacionamento do Lupin e da PP se solidificou, mas não pude evitar deixar esse epílogo para vocês, assim como não pude evitar dar um final feliz para os Marotos e suas famílias. (Os demais capítulos e o Epílogo entram já, já, viu?)
Sei que tem muita coisa extremamente divergente do canon, mas… FANFIC, NÉ, AMOR? Acima de tudo, espero que a espera tenha sido perdoada pela quantidade de SACANAGEM que meti nesses três capítulos, e que tenham gostado. Assumo que estou meio enferrujada nesse ramo (p#taria), porém dei meu melhor, e só a deusa sabe quantas vezes li e reli tudo isso. De qualquer forma, tô ansiosa para saber o que acharam! Não se esqueçam de deixar um comentário e me seguir no meu insta (@autoraelis) <3

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