Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: Janeiro/2025— Não quero tirar minhas luvas, faz parte do meu fetiche, gato — era o que ela respondia, todas as vezes.
Como estavam entorpecidos de prazer e desejo por ter aquela mulher de quadril e seios fartos, dando moral para o um homem comprometido, nunca questionavam. Mas ela sabia muito bem o motivo, porém essa desculpa sempre funcionou, afinal….
Aí estava o momento perfeito. No momento em que eles gozavam. Ela pegava a faca e, com um corte rápido e preciso, passava a lâmina na jugular deles.
Como em todas as vezes, eles tentavam lutar para manter o sangue arterial dentro de seus pescoços, mas a pressão da artéria do local era muito forte. Uma vez feito o corte, o sangue se esvaía abundante e rapidamente. Em poucos segundos, o homem parou de engasgar com o próprio sangue, a cama ficou com uma poça vermelha sangue. Aquele ser desprovido de fidelidade já não tinha mais alma, apenas uma casca sem batimentos cardíacos.
Ela desmontou do corpo, sentindo nojo de si mesma por um momento antes de se recompor. Ela não estava tirando o próprio prazer de homens comprometidos, estava vingando as mulheres traídas, uma vez que, se eles foram para cama com ela, deveriam ter feito isso mais vezes.
Como sempre, retirou a camisinha que o homem usava e guardou em sua bolsa. Essa bolsa seria queimada dali algumas horas.
Foi então até a calça do homem, que jazia morto na cama atrás de si, e pegou a prova de sua infidelidade, a aliança de ouro que vira o homem esconder assim que pusera os olhos nela. Pegou o anel e o colocou dentro da boca do infeliz. Sacou sua faca novamente e pegou o braço esquerdo do homem, escrevendo Infiel na parte interna.
Depois que se vestiu, deu uma olhada no ambiente. Tudo em seu devido lugar, como ela sempre deixava. Estava ficando boa nisso, ela pensou. Vestiu suas roupas e colocou o mesmo sobretudo de sempre. Não conseguia imaginar como ainda não fora pega, mas não havia como negar, gostava daquilo.
Com a luva ainda nas mãos, ela fechou o quarto do hotel barato e saiu andando pela estrada, escondida pela noite. Passou por um bar, dois. Quando chegou ao terceiro, depois de caminhar cerca de 40 minutos, entrou em seu carro, estacionado estrategicamente para que ninguém visse quando chegou ou saiu.
Dentro do carro, dirigiu até sua casa tranquilamente, fazia quase 2 anos desde que havia se mudado. Seu pai ainda morava na grande mansão da família, mas ela decidira morar sozinha assim que terminou a faculdade de medicina. Ela havia escolhido um apartamento em um bairro bom e seguro, sem levantar suspeitas. Sua casa era simples e sua garagem era coberta, então ninguém iria vê-la sair do carro com o rosto e as luvas sujas de sangue.
Foi o que ela fez assim que a porta da garagem se fechou. Saiu de seu carro e pegou sua pequena bolsa. Assim que entrou em casa, ligou a lareira, feliz por estar no inverno e não estar no verão, assim não correria o risco de algum vizinho estranhar a lareira ligada. Tirou as luvas e jogou no fogo junto à bolsa. Agora a faca. Pegou sua faca favorita e foi até a pia, pegar seus produtos e retirar o sangue dela. Assim que terminou o trabalho minucioso, a guardou junto das outras, não era necessário afiar, não agora.
Ao chegar ao banheiro, tirou a peruca ruiva, deixando seus cabelos loiros caírem em suas costas. Foi para o chuveiro e tomou um banho quente, tirando os resquícios daquele homem adúltero de seu corpo. Colocou um pijama confortável e foi dormir.
— Voltamos com mais um plantão aqui na Daily Mail. Uma cidade do interior de Washington registrou um assassinato nessa manhã. Jonathan Felix foi encontrado em uma cama de um hotel à beira da estrada na manhã de hoje. A perícia informou que, por conta do estado de decomposição do corpo, ele deveria estar aqui por pelo menos 72 horas. O desaparecimento de Jonathan foi relatado por sua esposa, Mariah Felix, que informou que seu marido havia dito que ficaria até mais tarde no escritório, devido a uma reunião, e não retornou para casa — disse o repórter. — Os investigadores informaram também que o padrão do corpo encontrado condiz com outros 10 encontrados em outros estados do país, sendo muito possivelmente mais uma vítima de Hangman. — O repórter fez uma pausa dramática antes de encerrar o plantão. — Esconda seu homem, pois quando a carrasca está na cidade…
— A aliança? — o investigador pergunta, enquanto coloca uma luva para examinar o corpo mais de perto.
— Dentro da boca, por baixo da língua. — Ela pausa antes de encarar . — Como os outros 9. — solta um suspiro antes de se aproximar.
Ele pega o braço da vítima, virando para olhar a escrita. O mesmo padrão, a mesma letra, a mesma força. O investigador fica alguns instantes observando o corte limpo realizado antes de se voltar para a médica.
— Causa da morte? — ele pergunta, olhando para o corte na jugular do corpo.
— Hemorragia intensa e sufocamento. Foram encontrados alguns coágulos no pulmão, provavelmente aspirou sangue tentando controlar o sangramento — Elis responde rapidamente, mostrando o raio X que mostra o pulmão esquerdo escuro, para mostrar logo em seguida o próprio órgão dissecado, com os brônquios de uma tonalidade vermelho escura, quase negros por conta da coagulação. Ela se aproxima do corpo. — O corte foi limpo, mesmo com todos os aparatos, além de termos que é uma faca muito afiada. Não tive muita sorte. — A médica mostra a ferida na jugular do morto, que estava com a pele inclinada para dentro. — A pele indica que esse corte foi feito com ele ainda vivo. A jugular foi cortada completamente, com precisão, o que corrobora com a causa da morte, é uma artéria com muita pressão e importante para a oxigenação do cérebro, mostrando que havia a intenção de provocar esse corte.
então olha para a marca no braço.
— O padrão aqui é diferente — Erin continuou, pegando o braço do corpo e mostrando a pele. — Aqui, as bordas estão levemente para fora, o que mostra que foi feito após a morte da vítima. Mas esse padrão é o mesmo dos últimos corpos também.
O investigador apenas assente, antes de continuar procurando alguma brecha, alguma abertura, algum erro do assassino que vai ajudá-lo a pegá-lo.
— Algum material? — ele pergunta esperançoso.
— Apenas da vítima. Ele tinha resquícios de lubrificante em seu pênis, mas nenhum DNA além do dele foi encontrado. Não há nenhum sinal de luta além da tentativa de parar o sangue em sua jugular.
— Então não temos nada? Mais uma vez? — o investigador pergunta frustrado.
— Infelizmente, não. O fio de cabelo encontrado na cena não tem bulbo, então suponho que seja de alguma peruca.
solta um suspiro frustrado enquanto tira suas luvas, as jogando no lixo mais próximo.
— Obrigada, Erin. Sei que fez o seu melhor — ele diz, enquanto se encaminha para fora do necrotério.
Já fora do local, enquanto se encaminha para o seu carro, tira um cigarro do bolso, o acendendo logo em seguida. Não é possível que alguém, em pleno século 21, esteja conseguindo enganar todo o FBI. Como que uma pessoa consegue um crime perfeito sem deixar pistas? Ele termina seu cigarro, jogando a bituca no chão e a apagando com a sola do sapato antes de entrar no carro. Precisava dar um jeito de acabar com esse vício, mas era o que conseguia mais rápido em momentos de tensão como esses.
Assim que entra em seu carro, dando partida logo em seguida, começa a dirigir até a cena do crime. Tem esperanças de que algo o ajude, de que o assassino tenha errado, pelo menos dessa vez. Enquanto dirige, aproveita para ligar o rádio, uma maneira de se distrair e não fumar dentro de seu carro, odiava o cheiro de cigarro dentro do veículo.
“E agora uma música pedida por , uma das nossas ouvintes! pediu Daughter, da artista Beyonce. Esperamos que goste dessa música.”
O moreno não presta muita atenção na música, apenas na estrada à sua frente. Seus pensamentos estão conturbados com o aparecimento de mais uma vítima desse serial killer. Por que a aliança debaixo da língua? E por que escrever infiel no antebraço esquerdo? Claro, tinha relação com a mão em que a vítima usava o anel. Mas qual a finalidade disso?
Ao chegar ao hotel de beira de estrada em que o corpo foi encontrado, logo passa as fitas policiais e começa a colocar seu aparato de perícia, assim não deixará nenhuma falsa pista no local do crime.
— George, o que temos aqui? — pergunta, assim que coloca a touca em seu cabelo e adentra no quarto.
Ao dar uma olhada no local, é possível entender por que o assassino escolheu um local como esse, um hotel barato, de beira de estrada, ninguém suspeitaria de nada. Os quartos não são bem limpos e as pessoas que se hospedam ali não têm nenhuma preocupação com luxo. O quarto cheira a sangue, mofo e cigarro. A cama ainda está intocada, mas há uma poça de sangue, escura, seca, e bem próxima do travesseiro, corroborando com o corte na jugular do corpo.
— Bem, não tivemos muita sorte aqui, . Temos muitas digitais por todos os lugares, esse local não era limpo há muito tempo. Encontramos muitos fios de cabelos também, mas não sabemos até que ponto vale a pena mandar para o laboratório, uma vez que pode ser de qualquer pessoa. A única coisa que temos é uma marca de mão na maçaneta da porta do banheiro, mas não há digital. Provavelmente a assassina usava luvas.
— Você disse assassina? — pergunta curioso com a alegação do perito.
— Sim, tiramos uma foto e pedimos para o laboratório avaliar, mas, antes mesmo que saia o resultado, venha aqui para ver você mesmo. — George então leva o investigador até o banheiro para que ele mesmo veja a marca. — Os dedos são pequenos, a palma da mão também, não foi um homem.
precisa concordar, a marca é bem pequena e delicada. É a primeira pista em 5 anos, desde a primeira vítima associada a esse modus operandi, que diz algo sobre o assassino, ou melhor, assassina. O investigador fica apenas mais alguns minutos no local, já sabendo que não vai ter muita sorte ali.
Algumas horas depois, está na sala de sua casa, sentado no sofá, com a televisão ligada. Há uma lata de cerveja já pela metade em uma mão e um cigarro na outra. Ele traga com vontade, sentindo a nicotina somada com o álcool acalmando sua mente. Porém, como se o universo risse dele, o canal começa a passar o jornal local. Quando sua foto aparece na tela, ele coloca o cigarro no cinzeiro e aumenta o volume da televisão.
— Ashley, essa madrugada tivemos o conhecimento de que outro corpo foi encontrado. Esse parece ser o 10º em 5 anos.
— Exatamente, Douglas. Ainda não conseguimos maiores informações da polícia, mas pudemos ver o investigador , responsável pelo caso desde o primeiro corpo, saindo da cena do crime. Como todas as vezes, ele não quis falar com a imprensa.
O homem vê então uma sequência de imagens dele saindo do hotel barato. Ele, como sempre, não falou com os repórteres, como disse o jornal. Na sequência, é visto que retira seu aparato, passa a fita e entra em seu carro, dando partida logo em seguida.
— Juntando o corpo encontrado, que, segundo a camareira Margaret Hernandez, estava com a jugular cortada e banhado em sangue, com o aparecimento do melhor e mais jovem do FBI atualmente, só podemos dizer que Handman está na cidade.
— Mesmo com a falta de informações dos investigadores, que tentam ao máximo não criar pânico na cidade com a clara aparição de um serial killer que não consegue ser pego após 5 anos em atividade, após algumas investigações do jornalista Francisco Torrant, pudemos averiguar que o serial não é um homem e, sim, uma mulher.
— Merda — resmunga, como que a imprensa conseguiu chegar a essa conclusão antes do FBI?
— E, apesar da brutalidade dos assassinatos, conversamos com alguns telespectadores para saber o que acham sobre o caso, vamos ouvir.
“É claro que ela é uma mulher. Meticulosa dessa maneira? Homem algum conseguiria fazer um crime tão perfeito.”
“Eu acho que ela é uma heroína. Está claro que ela está se vingando de homens casados. Para mim, caso ela seja pega, deverá ganhar uma medalha por serviços prestados à sociedade.”
— Há muitos outros relatos como esses, meus queridos telespectadores. Mas e vocês? O que pensam sobre tudo isso? Não esqueçam de nos contar pelo nosso twitter.
— E agora vamos à previsão do tempo. Nos próximos dias uma onda de…
Com um xingamento baixo, o moreno desliga a televisão. Termina sua cerveja em apenas um gole. Não demora muito para que seu celular comece a receber uma ligação. Logo a ligação que ele não quer nesse momento. Praguejando baixo, sabendo que não pode ignorar a ligação de seu chefe, pega o telefone, aceitando a ligação logo em seguida.
— — ele fala, assim que atende.
— Na minha sala. Agora.
— Mas, senhor.
— Sem mais nenhuma palavra. Te espero.
Seu chefe simplesmente desliga em sua cara. passa a mão no rosto, sabe que essa será uma longa noite.