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✮⋆˙Independente do Cosmos✮⋆˙
Última Atualização: 27/12/2024

O Sol quente e a brisa do mar me traziam a sensação de casa que nenhum outro lugar conseguia me proporcionar, a calmaria que eu só sentia quando estava na praia pairava ao meu redor e o cheiro de maresia deixava meus olhos marejados devido a saudade que eu sentiria daquele lugar.
— Eu ainda não acredito que você fez isso! — A voz ao meu lado murmurou em uma mistura de surpresa e descrença. — E que só teve a decência de contar para a sua melhor amiga AGORA!
Uma risada um tanto incrédula deixou meus lábios, meus olhos ainda estavam fixos no oceano, mas eu entendia os sentimentos de Jenny, principalmente a descrença, já que ela estava bem presente em mim também.
— Onde você estava com a cabeça?
— Sinceramente? — Encarei minha melhor amiga. — Eu não faço ideia.
Era a porra de uma mentira, completamente inofensiva, mas ainda era uma mentira e tinha sido a abordagem que escolhi usar. Era muito melhor deixar com o que todos acreditassem que eu não fazia ideia do motivo, do que admitir que um pé na bunda e uma garrafa de whiskey tinham me feito abrir mão da minha vida por algumas semanas para participar de um reality show para encontrar a minha alma gêmea.
— Se me falassem que você iria para um programa de televisão, eu apostaria em um Largados e Pelados ou De Férias Com o Ex.
— Você é minha amiga ou minha inimiga, Jenny? — questionei com as sobrancelhas franzidas, mas com um leve sorriso nos lábios.
— Fala sério, , nem você esperava isso de você mesma — rebateu sem se abalar. — Você, uma das pessoas mais indecisas do universo, vai ter dez semanas para descobrir entre dez homens quem é o seu par ideal.
Revirei os olhos com seu exagero, eu era um pouco indecisa, mas nada tão extremo como Jenny fazia parecer. Se, por um acaso eu precisasse escolher entre dois homens quem seria o meu par ideal, eu não teria a menor dificuldade.
Mas isso era uma preocupação infundada, eu sequer precisaria cogitar fazer uma escolha, era só seguir o fluxo do jogo e tentar adivinhar quem o programa achava ser meu par ideal.
Uma moleza, eu não teria problemas.



O apresentador estava parado no meio do grande jardim observando os participantes chegarem e se alinharem a sua frente. Do seu lado esquerdo os rapazes estavam em duas fileiras, contendo cinco em cada, já do seu lado direito, as mulheres se encontravam na mesma posição.
— Sejam muito bem-vindos ao Are You The One — o apresentador falou sorrindo, fazendo com o que os jovens gritassem em aprovação. — Eu sou Terrence e eu serei o guia de vocês nessa jornada onde vocês devem encontrar seu par ideal. — Os participantes lhe olhavam com expectativa, fazendo com o que o apresentador se sentisse animado por estar ali. — E todos vocês precisam de ajuda, pois vocês são o quê? — o apresentador deu uma pausa, voltando a falar logo em seguida e sendo acompanhado por todos os vinte jovens ali presentes. — Péssimos em arrumar relacionamentos.
Murmúrios soaram pelo gramado e caretas eram visíveis nos rostos dos participantes.
— Fizemos um processo intenso para combinar cada um de vocês com alguém que está aqui, filtramos milhares de pessoas, compilamos todos os tipos de informações para namoro e inserimos tudo em um algoritmo que já identificou qual é o seu par ideal — os murmúrios animados soaram por todos os lados, causando uma risada no apresentador. — Mas, se o seu par ideal estivesse bem na sua frente, você o reconheceria?
— Se eu conseguisse reconhecer eu não teria passado por tanta desilusão — falou no automático, arrependendo-se em seguida quando todos olharam em sua direção.
— Acredito que a desilusão esteja bastante presente na vida de quase todos aqui — o apresentador comentou sorrindo, arrancando risadas de alguns participantes. — Mas não vamos falar do fim, vamos falar do início. Vocês acreditam em amor à primeira vista?
Praticamente todas as mãos do lado feminio foram levantadas, apenas três ou quatro participantes continuaram com a mão abaixada, incluindo . Já do lado masculino, boa parte permaneceu com a mão abaixada, enquanto apenas quatro homens levantaram suas mãos.
— Vejo que você levantou a mão sem nem pestanejar, Camille. — Terrence encarou a loira que mantinha um sorriso amplo nos lábios. — Já que você acredita, quem você acha que seria o seu par ideal?
— Aquele de cabelos castanhos da segunda fileira, o que tem covinhas — murmurou enquanto apontava para o homem que a encarava timidamente.
?! — Terrence questionou e o homem o encarou, fazendo o apresentador abrir um sorriso. — Você também levantou a mão, então você acredita em primeiras conexões — afirmou, e o moreno apenas concordou com a cabeça. — Você acha que Camille pode ser o seu par ideal?
— Acredito que sim, ainda não a conheço muito bem, mas a personalidade aparenta ser similar à minha.
— É exatamente por isso que vocês não seriam um par ideal — falou mais alto do que desejava, atraindo os olhares para si outra vez.
— E qual o motivo que a faz achar isso? — o tom de voz de Camille era magoado, como se tivesse acabado de falar algum absurdo.
Coisa que na cabeça de Camille tinha acontecido, ela sabia que tinham acabado de chegar ali e sequer se conheciam, mas ao olhar para , a loira sentiu uma conexão instantânea que não sentiu com nenhum dos outros participantes. Como aquela mulher que mal a conhecia podia julgar algo que ela estava sentindo?
— Essa é a razão pela qual estamos aqui, nós sempre escolhemos o que queremos, quem achamos que vai ser nosso cavaleiro de armadura e não quem de fato precisamos para ter uma boa relação — explicou calmamente, provando seu ponto. — E o bonitinho ali, na verdade vocês dois, acabaram de fazer isso.
— Ela está certa — Terrence tornou a falar, cortando a chance de Camille de retrucar. — Nossa equipe analisou todos aqui, e o par ideal de vocês, provavelmente, não é alguém que vocês escolheriam lá fora, o seu par ideal vai ser aquela pessoa que não só te completa, mas que te transborda, e, em alguns casos, essa pessoa não vai ter a personalidade nem um pouco parecida com sua.
— É isso aí, se você quer ficar com alguém igual a você, com os mesmos gostos e tudo mais, cria um clone — falou em um tom divertido, causando risada em alguns participantes.
— Depois dessa eu até poderia parar de papo e liberar a casa pra vocês, acho que vocês estão precisando se refrescar um pouco. — Terrence foi interrompido pelos gritos de comemoração, o fazendo sorrir maroto para os participante. — Pena que isto não vai acontecer, já que o primeiro desafio vai acontecer agora.
Terrence caminhou até uma televisão com o logo do programa a alguns passos de distância. Ela estava apoiada em uma coluna que a deixava na direção do campo de visão de todos os vinte jovens ali presentes, que olhavam atentamente para o aparelho.
— Para achar o par ideal de vocês, não basta só olhar para a aparência, vocês terão que ir bem mais fundo. E esse desafio vai além disso, por isso vou chamá-lo de “O que você vê, é o que você leva” — os comentários animados soaram pelo gramado. — Meninas, este desafio vai ser apenas com vocês disputando entre si. Neste monitor vão ter fotos de coisas que esses caras guardam no fundo do coração deles, se vocês se identificarem com alguma imagem ou se ela for especial para vocês também, peço que levantem a mão. A primeira a levantar a mão, vai sair com o cara da foto e os três primeiros casais vão para um passeio incrível.
Os murmúrios femininos soaram animados e ansiosos, a chance de ter um primeiro encontro com alguém dependia só delas. não sabia dizer qual emoção a dominava mais, além do leve receio de ir para um encontro com uma pessoa que não conseguisse se conectar, juntos apenas por uma foto.
— E aqui temos a primeira foto. — Uma prancha de surf apareceu e levantou a mão de imediato, sem sequer pestanejar ou cogitar seus receios. — Vejo que você levantou a mão no mesmo instante, , pode nos contar a razão?
— O surf é a minha paixão desde os treze anos de idade e não teve uma única semana desde então que eu não surfei ao menos dois dias na semana — respondeu com sorriso sincero no rosto. — Essa vai ser a primeira vez que passo tanto tempo assim sem surfar, mas chegar aqui e descobrir que estamos perto do mar me acalentou ao menos um pouco.
— E você, Chloe, por qual motivo levantou a mão? — Terrence questionou a loira que apenas deu de ombros.
— Eu curto um surfista, esse é um dos motivos pelo qual eu moro em Miami — respondeu rindo.
— Certo. — Terrence riu e então pigarreou, fazendo com o que o silêncio se instalasse em seguida. — Bom, levantou primeiro a mão, então vamos ver quem vai ser seu par nesse primeiro encontro.
A foto passou para o lado assim que Terrence falou, tirando a imagem da prancha e dando lugar a foto de um homem com os cabelos castanhos um pouco acima do ombro, que saía do mar com a prancha em seu braço. ainda não sabia se o surf seria o suficiente para que criasse uma boa relação com o desconhecido, mas ela não podia negar que ele era bem bonito.
— Ryan e , vocês são o primeiro casal. — Terrence sorriu e bateu palmas, sendo acompanhado pelos outros participantes. — Venham aqui para frente, por favor.
Os dois saíram da fila que estavam e aproveitou melhor a proximidade para encarar seu parceiro. Um sorriso brilhou em seus lábios e foi correspondido por Ryan, que não tardou em deixar um beijo rápido em forma de cumprimento na bochecha de .
— Prazer — a voz rouca soou conforme Ryan se afastava e contentou-se com um aceno de cabeça, mas com um sorriso ainda mais aberto em lábios.
A mulher já tinha quebrado a cara, e o coração, com muitos surfistas, mas ela acreditava que Ryan pudesse ser uma exceção.
não percebeu quando seus dedos tinham sido entrelaçados, mas assim que se tocou que Ryan a esperava, caminharam juntos para a lateral do gramado, podendo observar tanto a televisão quanto os outros participantes.
— E a nossa segunda foto é... — Uma máquina de tatuagem apareceu na tela, fazendo com que apenas três levantassem a mão. — Devo dizer que não estou surpreso por você levantar a mão, Simone?
— Sério? Jurava que seria uma surpresa — a morena respondeu com um riso conforme alisava seus braços com tatuados. — Preciso admitir que só levantei a mão pois quero ir nesse passeio, eu nem curto tatuagens.
Risadas ecoaram pelo jardim devido a ironia da frase de Simone.
— Essa foto não nos indica muito bem quem é o dono dela, já que temos três rapazes que possuem algumas tatuagens — Terrence afirmou.
— Bem, os três são maravilhosos — Lydia comentou distraída enquanto enrolava uma mecha de seu cabelo verde no dedo e analisava os homens com tatuagens expostas.
— Sem mais enrolações — Terrence falou e a foto passou, dando lugar para um moreno de olhos verdes que olhava fixamente para a câmera enquanto segurava a máquina de tatuagem em seus dedos tatuados. — , nos diga o motivo pelo qual você escolheu essa foto.
— Eu sou tatuador, desenhar sempre foi minha paixão, mas eu nunca me encontrei com pinturas e quando eu desenhava no papel eu sentia que faltava algo mais, até que eu fui em um estúdio fazer a minha primeira tatuagem e pensei ‘é isso que eu quero fazer da minha vida’ — ele falou e então sorriu, um sorriso tão sincero que sequer notou que sorria de volta.
— Muito bem, venham para cá também — Terrence chamou o casal que apenas acenou um para o outro e andaram lado a lado até o local indicado. — Vamos para a próxima foto então.
A foto de uma tela de computador cheia de códigos coloridos e com uma xícara de café do lado apareceu, causando algumas risadas nas mulheres e fazendo com que três mulheres levantassem as mãos, mas nenhuma sendo mais rápida do que a morena com as bochechas coradas.
— Marnie, nos conte o motivo pelo qual você levantou a mão. — Terrence encarou a menina que sorriu timidamente.
— Eu não sou boa para me relacionar com as pessoas no geral, eu sou muito na minha, então boa parte do meu tempo eu gasto no computador escrevendo ou lendo algo e eu acabei aprendendo um pouco sobre programação. — Seu tom de voz era baixo, como se ela não quisesse que todos ali a escutassem.
— Certo, e o rapaz centrado é... — A foto logo mudou para um homem com os cabelos castanhos bagunçados segurando uma xícara de café enquanto um óculos de grau parecia prestes a escorregar do seu nariz. — Hunter, nos conte também o motivo de ter escolhido essa foto.
— Eu sou programador, às vezes eu passo um dia inteiro como nessa foto, apenas com meu computador e café para me manter acordado — respondeu simplesmente. — Não tem nada que me descreva melhor ou mostre quem eu sou do que essa foto.
— Certo. — Terrence abriu um grande sorriso. — Essa foi a nossa última foto, então cheguem pra cá vocês dois também, o último casal ganhador do primeiro passeio.
— O encontro vai ser hoje? — Chloe questionou Terrence com uma dúvida que quase todos ali compartilhavam.
— Não, hoje o dia é especial para vocês se conhecerem melhor e se adaptarem a casa. O passeio ocorrerá amanhã e enquanto os três casais estarão em um passeio pela praia, vocês ficarão encarregados de escolher um casal para mandar para cabine da verdade. — O apresentador deu uma pausa dramática. — E como vocês já devem saber, a cabine da verdade é o único local que confirma se vocês são realmente um par ideal.
— Que pressão — Riley comentou assustada, recebendo murmúrios em concordância.
— Se vocês forem um par ideal, vocês sairão imediatamente da casa e irão para a lua de mel, voltando apenas nas cerimônia dos pares, onde um feixe já estará acendido, e ele representará vocês — o apresentador calou-se e sorriu para todos ali presentes, observando a animação deles. — Mas, se vocês não forem um par ideal, vocês voltarão aqui para a casa e terão que começar a busca pelo seu par ideal outra vez.
— E a pressão acabou de aumentar — comentou, rindo na direção de Riley.
— Por hoje vocês estão dispensados, vão lá conhecer a nova casa de vocês pelas próximas dez semanas.
Os vinte participantes saíram correndo, seguindo o caminho de pedras que marcava o gramado em direção a construção. A casa era enorme, com as paredes externas de vidro, o que possibilitou a visão do interior antes mesmo que eles entrassem.
A sala era espaçosa o suficiente para que os dez casais se acomodassem e ainda sobrasse espaço. Uma televisão de plasma de mais de cinquenta polegadas estava presa na parede, ficando de frente para um grande sofá em formato de ‘l’ que serviria para aconchegar mais da metade dos participantes. Um tapete grande e felpudo ficava entre a televisão e o sofá. Alguns puffs coloridos estavam espalhados ao lado do sofá, enquanto atrás haviam três bancos altos separados especialmente para os três pares da semana que ganhassem o passeio.
A cozinha era ainda maior, com eletrodomésticos de última geração. Uma grande ilha ocupava o meio do cômodo, repleto de bancos para os participantes se acomodarem ali nas refeições, mesmo tendo uma ampla mesa de jantar no cômodo seguinte.
— Meu Deus, isso parece uma super noite do pijama — a exclamação de ecoou até o primeiro andar da casa, atraindo alguns participantes para o quarto. — E os colchões são ridiculamente confortáveis. Eu quero achar meu par ideal só na última semana, isso aqui tá melhor que a minha casa.
estava esparramada em uma das primeiras camas, seus olhos brilhavam em fascínio ao passear pelo quarto enquanto observava tudo. Todos os participantes dormiriam ali, o quarto contava com dez camas de casal distribuídas pelo enorme cômodo com uma distância de pouco mais de um metro entre elas.
Eles não teriam muita privacidade na hora de dormir, mas não é como se a mulher fosse se preocupar com a privacidade agora, justo em um reality show que a gravaria vinte e quatro horas por dia.
— Certeza que esse colchão é mais macio que o da rainha da Inglaterra. — levantou-se e foi até a ponta da cama, puxando o homem que estava parado ali e fazendo com o que os dois caíssem na cama.
— E você já dormiu no colchão da rainha? — o loiro perguntou enquanto encarava com um sorriso lateral nos lábios.
— Não, mas isso não importa — respondeu risonha.
— Como nós vamos ver onde cada um vai dormir? — Camille perguntou ao adentrar o quarto e encarar as camas.
— Hoje eu vou beber até cair, não estou me importando onde eu vou dormir. — Simone encarou Camille, que apenas revirou os olhos, fazendo a morena rir.
— Se eu conseguir subir as escadas, eu já considero isso um milagre — comentou risonha, cutucando repetidas vezes.
— O que foi, mulher? — o loiro perguntou, se contorcendo para se afastar dos dedos de .
— Nada, eu só estou entediada — respondeu simplesmente, recebendo uma bufada de como resposta.
— Vamos descer, pessoal, as bebidas desta casa não vão acabar sozinhas — Fred falou animado e seguiu para o primeiro andar, sendo acompanhado por todos.
Ao chegarem na cozinha, notou que os outros participantes já estavam ali, espalhados ao redor da cozinha e a maioria já possuía um copo em mãos. Decidida a não ficar para trás, seguiu até as bebidas expostas e encheu um copo de shot com a garrafa de José Cuervo que já se encontrava pela metade.
— Alô, pessoal — gritou ao levantar seu copo, atraindo a atenção das outras dezenove pessoas no cômodo. — Um brinde aos melhores participantes de Are You The One!
Exclamações animadas ecoaram pela cozinha antes que todos virassem os líquidos em seus copos. passou os olhos pelo cômodo outra vez, alguns casais já conversavam entre si e pareciam estar se entrosando, como e Camille, mas boa parte estavam apenas curtindo a noite, tal qual uma divisão escolar de meninos e meninas, e isso fez se aproximar do grupo feminino mais próximo.
— Quem chamou a atenção de vocês? — Chelsey encarou as três garotas que estavam à sua volta. — O Hunter parece tão centrado, eu acho isso sexy.
— Minha atenção foi totalmente para o Ryan — Chloe respondeu animada. — Surfistas são, sem dúvida, o meu tipo favorito. Eles sempre me atraem.
— Devo me preocupar com a sua atração por surfistas, já que eu sou uma? — perguntou em um tom brincalhão, fazendo as meninas rirem.
— Todo cuidado é pouco. — Chloe piscou para enquanto mantinha um sorriso divertido nos lábios. — Quem chamou sua atenção?
— Não sei, ainda não reparei em todos os caras — respondeu distraída enquanto passava os olhos pela cozinha, olhando rapidamente para os homens ali presentes. — Mas, eu curti o que eu puxei pra cama, acho que se chama .
— Bem, todos aqui chamaram minha atenção. — O tom de Lydia era brincalhão, mas o brilho malicioso no olhar fez se questionar internamente se a mulher estava mesmo brincando. — Acho que hoje eu vou querer dormir de conchinha com você, .
abriu a boca para responder, mas interrompeu-se ao ver que caminhava em sua direção. O cabelo loiro areia e os olhos verdes eram grandes atrativos, mas o nariz grande e reto, que combinava proporcionalmente bem com seu rosto e suas feições marcantes, era o melhor de todos na opinião de .
— Desculpa interromper vocês, mas eu preciso roubar a de vocês um pouquinho. — parou entre Lydia e Chloe, apoiando os braços no ombro das duas enquanto encarava com um sorriso.
— Sabe, estávamos falando de você — Lydia comentou com um sorriso aberto enquanto encarava .
— E eu posso saber sobre o que as senhoritas falavam?
dizia que por enquanto você foi a única pessoa que chamou a atenção dela — Chloe confidenciou em tom baixo, como se estivesse contando um segredo, o que acabou causando algumas risadas.
— Me sinto honrado, querida dama. — segurou a mão de e depositou um beijo ali. — Saiba que foi recíproco.
— E aí, vai me contar a razão de ter ido me chamar? — caminhou até o homem e colocou seu braço ao redor da cintura dele.
— Preparei algumas bebidas e gostaria que você desse a sua humilde opinião — falou enquanto se afastava com , indo para o lado de fora da casa.
A cozinha era separada do lado exterior por uma grande parede de vidro, possibilitando que eles observassem tudo o que ocorria do lado de fora. Uma grande piscina pegava boa parte da área externa, algumas espreguiçadeiras estavam posicionadas próximas à borda e, do lado da piscina, uma banheira de hidromassagem finalizava a decoração exterior daquele espaço.
Após a piscina, o gramado verde se estendia com alguns bancos, poltronas e sofás redondos formavam uma área perfeita para sentarem e conversarem. Contudo, esse não foi o caminho que seguiu, o loiro abriu a porta e direcionou para os lados, e não para frente, na direção de um bar que a loira sequer tinha notado.
— Uau, você fez muitas bebidas. — constatou ao encarar o tampo do balcão, vendo os cinco copos de shot expostos ali com bebidas diferentes ali.
— A intenção é que todo mundo beba até esquecer que vamos dividir o quarto com completos estranhos — murmurou rindo e empurrou o primeiro copo na direção de . — E antes que você me pergunte, sim, eu estou ansioso com isso.
Uma risada fraca deixou os lábios de .
— Não se preocupe, por mais que eu não demonstre, eu estou exatamente assim — falou ao piscar para . — Beleza, por qual eu começo?
apontou para o primeiro copo à esquerda de , que não demorou a virar a bebida de uma só vez.
— Caralho, onde você aprendeu a fazer isso? — questionou, passando a língua nos lábios em seguida e saboreando o gosto remanescente.
— Na boate onde eu trabalho — respondeu prontamente, com os olhos vidrados na boca da mulher à sua frente.
— Você trabalha como barman? — O tom de voz da mulher saiu animado, fazendo-o rir.
— Eu comecei como barman, e às vezes ainda quebro alguns galhos preparando bebidas, mas, atualmente, eu sou dançarino de clubes noturnos — respondeu na maior tranquilidade, vendo a morena rir com a feição incrédula.
— Bom, isso é uma boa explicação para o seu porte. — sorriu marota, analisando da cabeça aos pés. — Mas saiba que está me devendo uma dança, tá?
riu e concordou com a cabeça, arrancando um sorriso sincero de antes que a mulher virasse, em tempo recorde, os outros quatro copos de bebidas remanescentes.
— Caralho, isso aqui tá muito bom — falou ao encarar com uma admiração sincera. — Você me chamou aqui só pra isso?
— Queria alguém para provar as bebidas e me dar a opinião antes de distribuir pela casa. — Colocou as cinco garrafas no balcão e pegou três, sorrindo para . — Poderia me ajudar a levar lá para dentro e distribuir para o pessoal?
— Só se eu for recompensada por isso depois — comentou rindo e pegou as duas garrafas que sobraram, caminhando em direção a casa sem esperar pela resposta.
— É claro que vai — falou alto para que , que já estava a alguns passos de distância, conseguisse ouvir.
seguiu pela cozinha, oferecendo as bebidas a todo mundo que encontrava, sem saber muito bem do que eram feitas, apenas confirmando que eram muito boas. Algumas pessoas riram e interagiram com elas, outras apenas estenderam o copo em um silêncio incômodo para a mulher.
— Tem umas aqui que são tão secas — comentou após ter servido quase todos ali, se encontrando no momento parada na frente de , que segurava um copo vazio.
— Talvez seja apenas o jeito delas, algumas pessoas demoram mais para se sentirem confortáveis com desconhecidos — o moreno comentou com um sorriso nos lábios vendo a mulher despejando a bebida em seu copo. — Algumas pessoas são mais introvertidas, como por exemplo o Hunter e a Marnie. Outros são só tímidos, como a Riley ou o Nathan. Eu mesmo me enquadro no clube dos tímidos.
segurou na ponta da língua o comentário de que um homem tão gostoso como não combinava com a timidez. As maçãs do rosto pronunciadas e os olhos castanhos penetrantes o deixava com uma aparência jovial, principalmente em conjunto com as covinhas, mas a mandíbula bem definida e as sobrancelhas espessas faziam entender a razão pela qual Camille disse que era o seu par ideal. Se continuasse o encarando por mais cinco minutos, teria a mesma reação da loira.
— Nossa, você sabe o nome de mais de duas pessoas, isso, para mim, já é muito para o primeiro dia. — riu, fazendo rir também.
— Eu sou muito bom em gravar nomes e feições. Minha memória é muito boa, o que me ajuda bastante na minha profissão.
— E qual seria? — perguntou interessada.
Ela amava ouvir as pessoas falando de suas profissões, principalmente se elas demonstravam amar o que faziam.
— Eu sou ator lá no Canadá, agora que estou começando a fazer alguns papéis maiores — comentou, orgulhoso de si mesmo e compartilhou do sentimento.
Eles mal se conheciam, mas era ótimo ver as pessoas conquistando o que desejavam.
— Isso é o máximo! — respondeu animada, realmente feliz por . — Estar aqui também pode ajudar sua carreira, né? Se eu fosse você, treinaria alguns monólogos na frente do espelho para que pudessem ver a minha atuação.
Uma risada contagiante escapou de , que corou envergonhado, mas já estava rindo junto.
— Eu sequer cogitei isso. — deu um gole de copo, sendo acompanhado por , que bebia direto da garrafa agora que tinha desistido de continuar servindo.
Estava se sentindo bem e confortável, ali, conversando com .
— Minha irmã que me colocou nisso, ela falou que eu só me relaciono com mulheres que querem quebrar o meu coração — confidenciou com uma leve careta no rosto. — E ela está certa?
— Infelizmente, sim — respondeu em um muxoxo.
— Então ela é uma boa pessoa, ela se preocupa verdadeiramente com você — falou entre as goladas que dava na bebida. — Sabe, já que você é ator, você não vai usar isso com a gente né?
— Usar com vocês? — perguntou visivelmente confuso.
— Você sabe, usar seus dons de encenação para enganar alguém aqui dentro — o típico sorriso bêbado já estava presente no rosto de , a pergunta fazendo total sentido para ela.
— Não, eu não vou — ele respondeu em tom divertido, vendo o olhar desconfiada, com uma sobrancelha levemente arqueada.
— Bom, acho isso bom. — abriu um sorriso para . — Eu gostei de você, e isso me deixaria bem chateada.
Um pigarro impediu que respondesse, após passar alguns minutos observando a interação — mais amigável do que o necessário, segundo ela mesma — Camille parou próxima aos dois.
— Estou interrompendo alguma coisa? — Camille questionou ao virar-se de frente para
— Que nada, quer uma bebida, amiga? — questionou com um sorriso, recebendo uma revirada de olhos como resposta que a deixou confusa. — Eu posso pegar mais com o .
— Eu não sou sua amiga. — a loira disse entredentes, aumentando ainda mais a confusão de .
— Tá bom então. — deu de ombros e sorriu na direção de , virando o resto da bebida presente na garrafa de uma vez enquanto se afastava dali.
caminhou seguindo o som das risadas, encontrando boa parte dos participantes do lado externo, espalhados pelas espreguiçadeiras e até mesmo sentados na borda da piscina. Seguiu até a espreguiçadeira que estava e se jogou lá, assustando o homem que parecia dormir.
— Ah, você estava mesmo dormindo? — perguntou indignada para o homem que a encarava assustado. — Devido ao seu trabalho, você não devia estar animando isso aqui? Fazendo strip-tease ou sei lá o que?
— Que profissão? — Chloe, que estava na espreguiçadeira ao lado, se intrometeu, encarando os dois atentamente.
— Ele é dançarino em clube noturno — falou em um tom baixo, como se contasse um segredo, o que fez rir.
— Por isso que ele é tão gostoso. — Chloe murmurou antes de virar sua atenção para a piscina.
— EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO! — Lydia gritou, chamando a atenção de todos presentes, que encaravam o exato momento em que ela limpava o rosto com a maquiagem borrada dentro da piscina. — Agora eu vou ficar toda molhada nesse caralho.
— Hoje está tão entediante que você já estava dormindo? — perguntou, voltando sua atenção para .
— Que nada, eu só apaguei porque eu estava cansado — confessou encarando a mulher que lhe olhava atentamente. — Eu não consegui dormir as noites que antecederam nossa chegada aqui, eu estava ansioso para saber como seria.
direcionou uma mão para os cabelos loiros, fazendo um cafuné nas madeixas macias, e fechou os olhos apreciando o toque. Um leve sorriso despontou dos lábios de ao observar a expressão serena de .
— Você pode voltar a dormir, se quiser, mas acho que vou continuar aqui apenas te encarando — confidenciou.
abriu os olhos, e, ao ter toda a atenção do homem em si, desceu a mão para a bochecha dele, acariciando a pele macia.
— Desculpa, acho que eu exagerei um pouquinho nas suas bebidas — a mão de começou a se afastar devido ao pequeno rastro de sensatez ainda presente, mas a impediu.
— Então eu também exagerei, pois não quero tirar os olhos de você.
abriu um sorriso débil após a frase, e um pensamento brilhou em sua mente: ‘beija ele’. Mas ela não podia, podia? Não estavam ali nem vinte e quatro horas, mas, em compensação, como iria descobrir seu par ideal se não se envolvesse com as outras pessoas?
— Eu estou com vontade de te beijar. — A frase saiu dos lábios de antes que ela decidisse se era uma boa ideia ou não.
sorriu para , direcionando sua mão para a nuca dela e diminuindo a distância entre eles. Ele olhou nos olhos dela, querendo ver se ela realmente queria aquilo, e o leve aceno de cabeça de foi o suficiente para ele. O beijo começou calmo, apenas um encostar de lábios suave que foi evoluindo até que ambos se encontravam sem fôlego.
— EU NÃO ACREDITO! — o grito de Chloe chamou a atenção de todos ali, que a olharam, mas logo mudaram o foco para e , que rompiam o beijo pelo grito.
— Você não devia estar beijando ele, você vai sair para um encontro amanhã. — A voz do homem soou indignada perto do casal que permanecia abraçado.
— E qual o seu nome mesmo? — perguntou encarando o homem tatuado que agora se encontrava de frente para ela e .
Os cabelos pretos estavam bagunçados e os olhos verdes a encaravam furiosamente, mas a atenção de estava dispersa pelos desenhos em sua pele.
— respondeu com um rangido de dentes.
voltou a fixar o olhar nos olhos intensos que não se desprenderam dos seus.
— Certo, . — Iniciou calmamente. — Acho que você devia se preocupar com a sua busca pelo par ideal, e não com a minha.
— Você não pensa nos outros? — o questionamento fez se separar de e levantar da cadeira. — Só estou tentando fazer você entender que agora vai ser estranho para o Ryan sair com você amanhã.
— Se vai ser estranho para ele e não para você, — um sorriso irônico ocupava os lábios de — me diz o que caralhos você está fazendo aqui. Porque eu não estou vendo o Ryan encher a porra do meu saco por isso.
— Touché. — levantou as mãos em sinal de rendição, como se tivesse ganhado a discussão, fazendo-a abrir um sorriso, que logo morreu ao sentir dois braços fortes a segurando pela cintura.
— ME SOLTA, PORRA — gritou, se debatendo contra o abraço de .
— Com todo prazer. — Uma risada irônica deixou os lábios do homem, mas se arrependeu ao notar onde estavam.
não mentiu, ele de fato a soltou, mas apenas quando já estavam próximos o suficiente da piscina para que caísse nela. O barulho do impacto de na água chamou a atenção dos outros participantes para , alguns o encaravam de cara fechada, mas nenhum olhar superava o modo como lhe encarava.
— Pelo menos a água está fresca — falou rindo assim que emergiu, nadando até a borda e estendendo a mão da direção de , que a olhou desconfiado. — Me ajuda a sair logo, eu não sou infantil igual a você para te jogar aqui dentro.
manteve a expressão desconfiada por mais alguns segundos, mas logo cedeu ao olhar da mulher a sua frente, estendendo sua mão na direção dela, e segurando seu pulso firmemente para lhe puxar da piscina, mas sorriu marota e o puxou para dentro da piscina antes que o moreno se equilibrasse, fazendo soltar um palavrão antes de mergulhar.
— Eu sou pior que você. — sorriu marota assim que emergiu, a encarando revoltado. — Direitos iguais, docinho.


Por

— Aqui se faz, aqui se paga — Chloe falou ao aproximar-se de mim, tirando um sorriso sincero dos meus lábios.
Sorriso, este, que só aumentou ao ouvir os murmúrios revoltados de .
Arqueei as sobrancelhas enquanto o assistia reclamar, era inegável o meu divertimento ao observar as reações dele, mesmo que eu não conseguisse entender a razão de tudo aquilo.
Encharcado e com um humor ainda pior do que antes, nos encarou uma última vez, seu olhar prendendo no meu por mais do que alguns meros segundos. Ao perceber que eu não quebraria o contato visual, deu as costas e saiu da piscina, sem sequer se dignar a andar até a escada.
E, o único pensamento que ocupou completamente a minha mente ao observá-lo flexionar os músculos e dar impulso para fora da piscina, foi um caralho que por pouco não foi pronunciado por meus lábios.
Ele era irritante, mas eu não podia negar que seu físico era de tirar o fôlego.
— Estressadinho ele — Chelsey comentou, atraindo minha atenção de volta para a realidade e fazendo-me parar de fantasiar com os braços musculosos de .
— Certeza que ele deve ser ariano ou virginiano — respondi com toda a certeza possível, mesmo que eu não fizesse a mínima ideia.
— E você acredita nessas coisas de signo e astrologia? — a mulher sentada na borda da piscina, perguntou ao inclinar o corpo em nossa direção.
— Mas é claro, eu acredito em tudo. — Minha fala foi acompanhada de um sorriso maroto e um leve tombar de cabeça. — Menos em homens.
— Ai cara, eu te conheci agora, mas eu já te adoro — Lydia falou enquanto ria e jogava água em mim ao balançar as pernas.
Arqueei as sobrancelhas e encarei seu rosto, notando que ainda ria, a criança atentada que vivia dentro de mim deu as caras. Sequer cogitei por mais de dois segundos a ideia que surgiu em minha mente e movi minhas mãos rapidamente, agarrando seus tornozelos e a puxando para a piscina conforme eu caminhava para trás.
Não existia um motivo plausível para a minha ação, além do fato que a ideia se passou pela minha mente. Então, a única coisa que eu fiz quando Lydia emergiu, foi aumentar ainda mais o sorriso em meus lábios.
— Não tivemos nem dez minutos de conversa e você já me deixou molhada? Assim eu me apaixono, Broo. — Lydia sorriu maliciosamente ao recuperar-se do mergulho, piscando em minha direção.
— Eu estou acostumada a causar esse tipo de reação nas pessoas — falei, retribuindo sua piscadela. — Podíamos fazer alguma coisa, né?
— Já estamos fazendo, se chama conversar. — O tom de obviedade de Chloe junto com sua fala arrastada me fez revirar os olhos de modo teatral.
tinha sido um sem noção se metendo em minhas escolhas e me jogando na piscina, mas, ao menos, o mergulho tinha devolvido um pouco da minha sobriedade.
— Eu estava falando de algo que nos possibilitasse conhecer melhor os outros participantes. — A explicação soou calma, meus olhos focados em Chloe. — E ai, topam um jogo?
— Qual seria o jogo? — Chelsey perguntou.
— Sei lá, ainda não tinha pensado nessa parte — respondi com uma careta. — Vamos ver se os caras querem participar disso, que eu ainda não sei muito bem o que é.
Saí da piscina sendo acompanhada pelas três, minha mente dividida em não se importar com a brisa da noite que me causava leves arrepios ao entrar em contato com meu corpo gelado, e a outra parte em busca de pensar em algo que poderíamos fazer para nos enturmarmos.
Seguimos em direção ao grupo masculino parado na área externa próxima a piscina, atraindo suas atenções quando ainda estávamos a alguns passos de distância.
Um sorriso sincero despontou em meus lábios no momento em que percebi naquele grupo. Os olhos castanhos me encaravam, as covinhas marcavam suas bochechas graças ao belo sorriso que ele direcionava a mim. As bochechas levementes vermelhas — pelo álcool ou pela timidez, eu não saberia dizer —, o deixavam ainda mais no limbo entre o fofo e o sedutor.
Por ele, o pensamento me assolou mais uma vez, eu poderia começar a acreditar em toda aquela baboseira de amor à primeira vista.
Tinha algo em que me fascinava completamente, eu só não sabia o que.
Tentei expulsar o pensamento rapidamente da minha mente, antes que Camille fosse invocada pelos meus pensamentos e decidisse, ela mesma, erradicar esses meus pensamentos.
Cortei o contato visual com , não demorando para que outro sorriso no grupo atraísse minha atenção. Ryan, meu par para o encontro de amanhã e a razão pela qual eu estava encharcada — além da idiotice de —, me encarava.
— Ei, quem topa participar de uma interação para nos conhecermos melhor? — falei ao pararmos próximas a eles, não olhando para ninguém em específico.
— Claro. Já está decidido o que vai ser? — foi o primeiro a questionar, o olhar e sorriso ainda direcionados para mim.
— Pensei em sentarmos aqui formando um círculo, cada pessoa pode contar alguma situação que aconteceu com ela e nós teríamos que dizer se isso é verdade ou mentira, quem responder errado precisa beber — expliquei a primeira ideia que apareceu em minha mente, satisfeita por não ter ficado os encarando com a cara de tacho e a boca aberta, sem uma resposta para dar. — Para escolhermos quem fala, giramos uma garrafa vazia, o sortudo ou sortuda é quem a boca da garrafa estiver apontando.
Era basicamente uma versão melhorada de verdade ou desafio com bebidas? Sim. Mas, eu não me importava com isso, ainda estava extremamente satisfeita com a minha brilhante ideia.
— Aliás, eu sou a , desculpa não ter me apresentado — Falei, um sorriso singelo despontando em meus lábios. — Eu ainda não gravei o nome de todo mundo, então se puderem se apresentar…
, mas você já sabe. — O tom rosado das bochechas dele se tornou ainda mais forte, e eu mordi os lábios para conter a leve risada que deixaria meus lábios e entregaria o quão adorável eu o achei naquele momento. — E aqui, respectivamente, temos Fred, Isaac, Ryan, Mike e Nathan.
— Certo, acho que gravei — falei, repetindo mentalmente os nomes enquanto observava os homens próximos a . — Se vocês ainda não conhecem, minhas amigas essa noite são Simone, Lydia, Chelsey e Chloe.
— Galera, já podem começar a escolher seus lugares. Eu vou buscar bebidas agora, mas, adoraria se alguém viesse comigo — Simone falou enquanto olhava diretamente para Fred, que lhe retribuiu o sorriso e a seguiu.
Observando a pequena interação entre eles, não consegui impedir o pensamento de se ficaria tão revoltado se Fred e Simone se beijassem. Se aquela tinha sido a relação dele comigo e , que não possuíamos nenhuma ligação direta com ele, eu só conseguia imaginar que com Simone seria ainda pior, já que ela era o par dele no próximo encontro.
Passei os olhos por toda a área externa, procurando qualquer sinal de um ser tatuado e mal-humorado, mas não encontrei nenhum sinal de ali fora, o que me fez soltar um suspiro de alívio.
Disposta a me entrosar com o meu par de amanhã, aproximei-me do espaço vago ao lado de Ryan, assim que Isaac se afastou.
— E aí, animado para sair comigo? — perguntei assim que parei ao lado de Ryan, fazendo com que ele me encarasse com um sorriso nos lábios.
— Só não estou mais animado do que quando apostarmos, estou curioso para saber quem ganharia. — Sua fala me tirou um sorriso sincero, feliz por Ryan não achar de cara que ele ganharia de mim só por ele ser, bem, um homem.
— Acho que seria um ótimo embate — respondi, o sorriso ainda presente em meus lábios. — Vamos marcar isso pra quando essas dez semanas acabarem.
— Vou ser sincero com você, porque acho que, daqui, você é a única que me entenderia. — Acenei levemente com a cabeça em sua direção, para que ele continuasse falando. — O sentimento de estar tão perto do mar e não poder surfar é muito agridoce.
— Nem me fale, eu acreditava que iríamos para Nova Orleães ou Charleston, no máximo, nunca imaginei que seria o Havaí.
— Vamos começar isso? — Lydia perguntou assim que Simone e Fred voltaram.
Sentei ao lado de Ryan e observei os outros a minha volta fazerem o mesmo. Passei os olhos pelos arredores do lado de fora da casa, não encontrando mais ninguém por ali que pudéssemos chamar para participar também. O círculo estava feito, com todos nós sentados, enquanto no meio consistia a garrafa vazia deitada no chão e duas garrafas de bebidas no colo de Simone.
Passei o olhar pela área externa mais uma vez, na esperança de que avistaria um certo alguém, mas isso não aconteceu. Sentindo-me levemente frustrada por não estar ali fora e juntar-se a nós, voltei minha atenção para os outros participantes sentados no chão.
— Vamos começar — a morena murmurou e girou a garrafa, que parou em Lydia.
— Bem, adoro chamar a atenção de todos quando entro no recinto, e, por isso, já pintei meu cabelo com cinco cores ao mesmo tempo — falou sorrindo.
— É verdade — dei minha resposta após alguns segundos, fazendo com o que Chelsey, e Isaac concordassem comigo, enquanto os outros negavam.
— Essa foi um pouco óbvia, pessoal, qual foi — Lydia falou ao passar a mão pelas madeixas verdes com as pontas roxas.
Simone tomou um gole da primeira garrafa, passando-a para os outros que erraram logo em seguida.
— Você nem cogitou a ideia de que fosse mentira, Broo. — O tom levemente ofendido de Lydia me fez rir.
— Cara, o seu cabelo atual foi uma puta dica da resposta — respondi em tom de obviedade, recebendo um balançar de ombros como resposta, sendo seguido por Lydia girando a garrafa, que parou em Isaac.
— Eu nunca tive um relacionamento sério. — Arqueei as sobrancelhas, duvidando daquilo ao notar a beleza daquele homem.
Quem seria louca? Nem a própria deusa da beleza.
— Isso é mentira — Simone falou em tom de obviedade e eu e as outras meninas concordamos, provavelmente seguindo a mesma linha de pensamentos.
— Então, é verdade. — Ele deu de ombros e eu encarei-o chocada, balançando levemente a cabeça em sinal de negação.
— Mas como? Você seria facilmente um filho de Afrodite — murmurei inconformada. — Ou, sei lá, se Afrodite fosse homem, você seria a personificação perfeita.
— Minha beleza sempre me ajudou, mas a minha fama não. — Isaac deu de ombros e eu peguei a garrafa, dando um gole e passando para Chelsey. — Como eu sempre fui solteiro, eu ficava com muitas garotas, então eu acabei ficando conhecido como mulherengo, aí elas ficavam e sumiam, provavelmente temendo que eu fizesse isso.
— Ei, nenhum de vocês duvidou disso — Chloe falou de modo acusador ao apontar para os homens ali presentes.
— Ele já tinha compartilhado isso com a gente, pouco antes de vocês chegarem — Nathan, se eu não estivesse enganada, explicou.
— Isso vale? — a loira me encarou enquanto eu apenas concordava com a cabeça. — Tá, vamos voltar ao jogo, então.
Foquei meus olhos na garrafa que girava, não contendo o bocejo que me escapou enquanto o mundo começa a desfocar lentamente. Minha vista pesou, fazendo-me fechar os olhos e tombar a cabeça para o lado.
Uma leve sacudida nos ombros me faz despertar, encarando os participantes que me encaravam rindo.
— Foi mal, não estava conseguindo dormir devido à ansiedade, acho que todo o cansaço bateu agora — expliquei. — E aí, quem é agora?
— Você? — o tom de como se me fizesse uma pergunta me tirou uma leve risada, intensificando outra vez o rubor em suas bochechas.
— Ah, parou em mim — constatei ao observar a garrafa apontando em minha direção. — Uma vez, quando estava surfando com meus amigos, nós criamos uma competição, mas acabou não tendo nenhum ganhador porque eu acabei ficando com meus seios expostos em plena praia.
— Ei, isso é um jeito muito injusto de ganhar — Ryan murmurou em meu ouvido, me causando uma risada. — Não precisa tentar essa tática quando formos competir.
— Eu não duvido nada disso, é verdade — Lydia comentou, rindo, enquanto Isaac, Fred e Chloe concordavam.
— É verdade — admiti, meu tom de voz saindo risonho ao lembrar da cena. — Mas, eu juro que não foi proposital.
— Poxa, então não tem graça — Simone murmurou indignada, fazendo-me rir. — Mas como aconteceu então?
— Eu não esperava ir surfar naquele dia, acabei escolhendo um modelo de biquíni não muito propício e tomei um puta caldo, quando eu emergi novamente e sentei na prancha, minha amiga avisou que meu biquíni não estava cobrindo nada.
— O que você fez? — Chelsey perguntou.
— Arrumei o biquíni e continuei como se nada tivesse acontecido. — Dei de ombros. — Isso foi um bom assunto por um longo tempo, mas não me importei, duvido que tivesse alguém naquela praia que nunca viu um peito na vida.
— Eu adoro sua praticidade — Lydia murmurou, piscando pra mim e não bebendo pois tinha acertado.
— Certo, vamos continuar? — Simone questionou após todos que erraram terem bebido.
— Tá muito bom conhecer vocês, mas eu vou subir para ir dormir, senão o sono vai acabar me derrubando aqui mesmo — admiti, me levantando da roda e sorrindo pros participantes sentados ali. — Boa noite, pessoal.
— Também vou subir, tchau galera. — se despediu e caminhou até minha direção. — Vamos?
Concordei com a cabeça, evitando falar com receio de que Camille pulasse de algum canto. Quem me garantiria que, se começássemos a conversar, a loira não apareceria pronta para mijar em para marcá-lo como sua propriedade e me afugentar dali?
O pensamento maluco me faz rir, atraindo a atenção para mim.
— Tudo certo? — a pergunta deixou seus lábios, acompanhada de um sorriso contido.
— Só cogitando se é seguro falar com você ou se Camille vai aparecer aqui para me afugentar.
Uma risada sem graça soou dos lábios de e um leve rubor tingiu suas bochechas.
— Me desculpe por mais cedo. — começou a falar, mas balancei a cabeça levemente.
— Não precisa se desculpar, não foi culpa sua, relaxa. — Meu tom saiu calmo, em uma tentativa de não fazer com que se preocupasse com aquilo.
Ele não tinha nenhuma relação com a hostilidade de Camille, além do fato de que ela só estava me tratando daquela forma por eu estar perto de , mas não tinha sido culpa dele. Longe disso.
— Você sentiu vergonha? — sua voz me tirou dos devaneios logo após passarmos pela porta da cozinha, me fazendo direcionar um olhar confuso para ele, sem entender ao que ele se referia. — O que você contou, a história do biquíni.
— Ah, não, isso pode acontecer com qualquer mulher que vai pra um mar com ondas e escolheu o biquíni errado. — dei de ombros e ri ao lembrar da cena. — Pelo menos agora, toda vez que eu lembro dessa história, ela me rende boas risadas.
O olhar de pousou em mim, um brilho diferente brilhando em seus olhos enquanto um sorriso de lado ocupava seus lábios, acentuando sua covinha na bochecha esquerda.
— Não é todo mundo que consegue rir de si mesmo.
— Bom, eles não sabem o que estão perdendo — murmurei, o tom de confidência aumentando o sorriso de .
— Você continuou frequentando a praia? — a curiosidade estava implícita no tom de . — Acho que, se fosse comigo, eu nunca mais apareceria naquele lugar.
Minha risada baixa ecoou pelo corredor, as bochechas rosadas de mostravam sua vergonha só de pensar na situação.
Apoiei minhas costas na parede, parando antes do quarto e encarando o homem que se aproximava.
— Era em South Beach, a melhor praia da região, as ondas lá são insanas. O fato de que uma porção de surfistas e banhistas viram meu peito, não me faria parar de surfar lá. — As sobrancelhas de arquearam com a minha confissão, a surpresa banhando suas feições. — Aliás, vergonha só passa quem tem.
Uma risada fraca escapou dos lábios de , fazendo-me piscar marota em sua direção.
… — A voz dele soou baixa, os tons de diversão e risos ainda em seu tom.
— É sério, não existe o ditado ’o que é bonito é pra ser mostrado’? Acho que essa situação do biquíni se enquadra nisso. — murmurei indiferente. — Sabe, é peito, todo mundo tem, todo mundo já viu. Eu não vou nadar pelada por isso, mas também não ia me privar das coisas só por causa de um acidente.
O sorriso que abriu era tão bonito e sincero, que eu não consegui conter o meu próprio sorriso.
— Eu gosto do jeito que você pensa, nada parece ser um problema sem solução para você. — Seus olhos me analisavam atentamente, o sorriso ainda em seus lábios, e andava mais uma vez na corda bamba entre me fazer achá-lo um fofo e um tremendo gostoso. — Você parece ser tão descontraída e desencanada com as coisas.
— Isso já foi um grande problema na minha família, sabe? — murmurei, sem saber ao certo a razão pela qual estava falando sobre aquilo com .
Tínhamos nos conhecido a menos de vinte e quatro horas, mas ali estava eu, apoiada na parede do corredor contando minha vida para um cara semi desconhecido, mas seus olhos castanhos me observavam com tanta atenção, algo nele me atraía e me fazia sentir-se segura para contá-lo qualquer coisa da minha vida.
Isso era estranho pra caralho, mas podia ser apenas o sono e a bebida trabalhando em meu organismo e me deixando ainda mais amigável e comunicativa do que o normal.
— Eu sou uma pessoa brincalhona, eu sempre tenho uma piada pronta na ponta da língua, mesmo que seja um humor ácido. Eu não vou me preocupar com algo que sequer aconteceu, e, se acontecer, eu vou resolver, mas eu não vou me preocupar. — Dei de ombros, meus olhos encontrando os de , que me encaravam com toda a atenção do mundo. — É a minha personalidade, se eu não concordar com o que estão falando, eu vou deixar bem claro e ficar contra, mas poucas são as coisas que eu deixo tirarem meu sono. Isso foi um grande problema para os meus pais, eles são sérios e centrados, mas eu não sou assim, do lado deles eu pareço um palhaço de circo.
Uma risada sincera soou dos lábios de .
— A primeira coisa que tirou meu sono, depois de anos, foi o nosso primeiro dia aqui. Eu não fazia ideia do que esperar, não tinha ideia de que outras pessoas estariam aqui.
— Isso também tirou meu sonho — murmurou. — Para ser sincero, eu nunca me imaginei em um programa assim.
— É estranho precisar conviver com mais dezenove pessoas que você nunca viu na vida.
deu de ombros.
— É estranho pensar que pessoas que não te conheciam até um mês atrás são os responsáveis por definir quem é o seu par ideal. — A fala de me fez arregalar os olhos, eu não tinha pensado nisso ainda.
— Caralho, verdade. — Eu tinha certeza que meus olhos estavam arregalados de uma forma quase cômica. — Se nem eu que me conheço a vinte e dois anos consigo escolher um bom relacionamento, como eles conseguiriam?
— Eles tem toda a teoria, aquele papo de saber o que você precisa e não o que você quer. — deu de ombros.
Um bocejo interrompeu minha frase antes que eu sequer pudesse falar.
— Você está morrendo de sono, desculpa te prender aqui no corredor com essa conversa. — Os olhos de me analisaram uma última vez antes que ele se virasse e me oferecesse seu braço como apoio. — Vem, vamos dormir.
Arqueei os olhos em sua direção, nem mesmo o sono sendo capaz de impedir a implicância nata que corria por meu sangue, e empurrei levemente o braço de para baixo.
— Hm, não — falei séria, rindo segundos depois da expressão confusa que Alex fez. — Já brinquei muito com a sorte ao estar falando aqui com você, sozinhos, acho que se eu encostar em você a sua parceira aparece para me afugentar.
riu fraco, balançando levemente a cabeça em sinal de negação.
— Você é péssima. — Sua voz confidenciou em tom baixo, me fazendo rir.
— Obrigada. – Pisquei em sua direção e aceitei o braço de , notando o rubor espalhar-se por toda a sua bochecha.
Eu não curtia homens tímidos, suas personalidades nunca combinavam muito bem com a minha, mas, se continuasse sendo um amor de pessoa, distribuindo seus sorrisos acompanhados de covinhas e corando perto de mim, eu não responderia pelos meus atos.
Eu estava ali para criar conexões e achar meu par ideal, e não tinha um jeito melhor de fazer isso do que beijando todos os caras que me interessassem.
— Adorei te conhecer, . — sorriu abertamente, fazendo suas covinhas aparecerem novamente em suas bochechas ainda avermelhadas pela timidez. — Espero que possamos conversar outra vez qualquer dia desses.
— Você terá que me aguentar por mais dez semanas, , não acho que vou deixar a casa nem tão cedo. — Pisquei em sua direção, me afastando dele e adentrando ao quarto.


Dia Dois


Eu estava no tubo da maior onda de todas, pronta para fazer uma manobra, mas a voz masculina chamando meu nome e o toque quente em meu braço me distraíram, me causando um mergulho que eu não esperava.
Acordei no susto, sentando-me na cama e tentando normalizar a respiração, acalmando meu subconsciente aos poucos para que ele percebesse que eu não estava me afogando, e sim no quarto que eu dormiria ao longo das próximas semanas.
— Foi mal, não queria te assustar — murmurou, a leve culpa exposta em suas expressões ao me encarar.
— Você me fez perder a maior onda da minha vida. — Cocei os olhos e me espreguicei, espantando o resto de sono que ainda estava presente em mim.
Voltei a encarar o loiro, observando seu abdômen definido devido a ausência de sua camisa. Eu lembrava de ter me falado que trabalhava em casas noturnas como dançarino, eu só não esperava que um porte físico desse viesse acompanhado com a profissão.
Agora mesmo que ele está me devendo uma dança.
O pensamento me fez abrir um sorriso enquanto eu continuava a secar o físico de .
— Perdeu alguma coisa na minha barriga, ? — um sorriso malicioso estava estampado nos lábios de enquanto ele me encarava com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
— Não, mas acho que você perdeu a sua camisa — murmurei, forçando uma careta como se não estivesse apreciando a vista.
A risada descrente de deixava muito claro que ele não acreditava na minha falsa cara de descontentamento.
— Vamos, você é a única que continua dormindo — falou ao estender a mão na minha direção.
— Não sei qual a necessidade de acordar cedo aqui, não é como se tivéssemos muita coisa pra fazer. — murmurei, aceitando a mão de para sair da cama. — Só vou escovar os dentes e já desço, vai na frente e guarda um espaço pra mim.
— Abusada — murmurou rindo e dirigiu-se até a porta do quarto.
— Você que quis me acordar, agora lide com as consequências, querido. — Aumentei o tom de voz para que conseguisse me ouvir, já que ele cruzava a porta do quarto.
Caminhei até o cômodo anexado onde nossas roupas e itens ficavam e fui até o nicho reservado para mim, pegando o necessário para minha higiene matinal, gastando poucos minutos no banheiro e logo os guardando novamente, não tardando em descer para a cozinha.
— Bom dia, família — falei com um sorriso estampado em meu rosto assim que adentrei no cômodo e vi todos ali, sentados nos bancos da ilha ou nas cadeiras ao redor da grande mesa retangular ali.
— A bela adormecida finalmente acordou — Lydia falou com seu usual tom brincalhão.
— Deve ter sido o beijo do príncipe encantado — murmurou irônico, encarando-me de cara fechada e me fazendo revirar os olhos.
Eu não entendia o problema que parecia ter comigo, era o nosso segundo dia na casa e ali estava ele, reclamando mais uma vez de algo que eu fiz como se fosse a pior coisa do mundo.
Tudo bem, beijar quando eu possuía um encontro marcado com Ryan não foi a melhor das ideias, mas porra, nem o próprio Ryan demonstrou um terço do incomodo que fez questão de demonstrar na frente de quase todos os participantes. E agora o problema era o fato de que eu fui a última a acordar?
Qual era a porra do problema dele? Ele tinha um problema com mulheres gostosas no geral ou era apenas comigo?
— Ai bonitinho, acho que se você dormisse mais, não estaria com todo esse mau humor. — Um sorriso falso enfeitava meus lábios, e caminhei até , sentando no banco que ele estava em pé ao lado. — Não são nem onze da manhã e você já está sendo a porra de um mala em alça.
— Na verdade, são quase meio-dia. — Chloe falou, rindo em seguida da cara de perdida que eu fiz.
— Droga, ignora minha última fala então. — Girei o banco na direção de e pisquei, girando novamente o banco para a frente e pegando uma panqueca dali.
Eu não fazia ideia de quem tinha feito o café da manhã, mas as panquecas estavam tão boas, que foquei toda a minha atenção apenas na comida enquanto o burburinho de conversas era minha trilha sonora.
Terminei o café da manhã por último, ficando na cozinha apenas com Simone e Chelsey, observando enquanto elas lavavam e secavam a louça. Coloquei meu prato e o copo na pia, pegando um pano de prato e começando a secar a louça.
Já que eu não tinha ajudado em nada com a preparação do café da manhã, ao menos podia ser um pouco útil ali.
— Animada para o seu encontro? — Chelsey virou-se em minha direção, me observando com um sorriso curioso nos lábios.
— Não sei o que esperar, basicamente não conversei com Ryan, mas fico feliz de ser uma das primeiras a ir ao passeio. — Dei de ombros e encarei Simone. — E você? Acha que consegue tirar a carranca do nosso querido tatuador?
— Acredita que durante as poucas conversas que tivemos ontem e hoje, ele não foi assim? — Simone falou e eu a encarei com completa descrença. — Eu juro, . Acho que você mexe com ele, por isso que ele age daquele jeito.
— Quem mexe com quem? — Chloe questionou ao adentrar a cozinha, olhando animadamente para nós três.
mexe com — Simone comentou distraída, dando pouca importância ao assunto.
— Mas ele não é grosso com ela? — a loira perguntou visivelmente confusa, causando risos em mim e em Chelsey devido a expressão de obviedade que Simone possuía ao encarar a loira.
— E é exatamente por ele agir assim, que eu acho que ele gosta dela.
— Pensei que eles paravam de se comportar assim quando saíam da adolescência — Chloe murmurou e saiu da cozinha, me fazendo rir enquanto Simone fazia uma careta.


Terrence, o apresentador, chegou meio-dia, pronto para informar os participantes sobre como seria o encontro em questão. O destino final seria uma praia mais afastada de onde a casa se encontrava, mas o passeio começaria quando eles subissem nos quadriciclos para que percorressem o caminho até o local do encontro.
não tardou em subir as escadas para se arrumar, já que Terrence os deu pouco mais de meia gora para se aprontarem, e ela ainda trajava o pijama da noite passada.
— Já está pronta? — Simone perguntou minutos depois, enfiando a cabeça para dentro do banheiro.
— Prontíssima — respondeu de prontidão, finalizando o rabo de cavalo e sorrindo na direção da morena. — E a outra menina, cadê?
— Está sentada na cama, ela parece bem tímida. — A morena usou um tom mais baixo e apenas concordou com a cabeça. — Parece que ela está a um passo de desistir do passeio e se esconder nas cobertas.
revirou os olhos e bateu suavemente com o seu quadril no de Simone.
— Não seja má — murmurou, encarando a outra com uma leve advertência.
não era tímida, longe disso, era capaz que não tivesse um grão de timidez em seu corpo. Mas Sally, sua irmã mais nova, era, e sabia muito bem como ela se sentia em lugares desconhecidos e ao redor de pessoas que não tinha muita intimidade.
— Marnie, certo? — questionou com um sorriso nos lábios ao pisar fora do banheiro, recebendo um olhar acanhado da outra participante, que apenas concordou com a cabeça. — Eu sou a vamos lá pra baixo?
A jovem intercalou o olhar entre a mão estendida em sua direção e o rosto de por alguns segundos, levantando-se acanhada da cama e segurando a mão da outra participante, abrindo um sorriso nervoso para ela. Simone não tardou em se aproximar também, enlaçando seu braço no de e assim as três desceram as escadas, seguindo até a sala de estar onde todos os outros participantes se encontravam.
Os três homens que iriam com elas para o passeio se encontravam em pé, parados próximo a porta que os levaria para a área externa.
— Vamos? — Ryan sorriu para assim que as mulheres chegaram perto deles, recebendo um sorriso como resposta enquanto a mulher se soltava das outras participantes e aceitava a mão que o surfista estendeu em sua direção.
— Bom passeio! — Fred gritou conforme os casais passavam pela porta principal.
— Não façam nada que eu não faria — Lydia falou rindo, o que causou uma risada em .
Ela duvidava que tivesse muitas coisas que a mulher não faria.
Os olhos de pousaram em um dos veículos parados na área exterior e ela encarou Ryan.
— Você sabe pilotar essa coisa? — questionou ao se aproximar do quadriciclo, pegando um dos capacetes que estava sobre o banco e entregando o outro para Ryan, vendo uma leve careta na cara do homem. — Que foi? Segurança em primeiro lugar.
— Certo. — Ryan riu e pegou o capacete, deixando-o em seu braço. — Bom, eu dirijo um desse desde os meus dezesseis anos.
o encarou com surpresa nos olhos, talvez ali fosse mais comum dirigir um daqueles do que os carros que os adolescentes costumavam aprender a dirigir.
— Todos prontos? — Uma voz grossa soou alta, atraindo a atenção dos três casais ali fora. — Eu me chamo Koa e serei o guia de vocês, estarei sempre na dianteira para mostrar o caminho, mas, quando chegarmos na praia, ficarei no final da trilha e vocês podem se espalhar pelo local para ter mais privacidade. Estamos indo para a praia Olowalu, fica mais ou menos uns trinta minutos daqui.
deixou que Ryan se sentasse primeiro para dirigir o quadriciclo, de modo que ficasse atrás dele, abraçando o tronco de Ryan assim que ele arrancou com o veículo, seguindo o guia e sendo acompanhado pelos outros dois casais.
Tirando o surfista e o guia, os outros participantes possuíam um brilho nos olhos conforme avançavam pela trilha, o cenário era lindo e o clima estava totalmente propício para aproveitá-lo na praia.
Maui era um paraíso tropical, e eles se sentiam extremamente sortudos por estarem ali. Talvez falhassem e não conseguissem achar o par ideal ao longo das dez semanas, mas ao menos teriam vivenciado aquela experiência.
Um sorriso fraco ocupou os lábios de quando o pensamento ecoou em sua cabeça:
Se tudo desse errado, ao menos teria aproveitado dois meses e meio de férias no Havaí, sem gastar nada.
Uma pequena estrada pavimentada dividia a trilha do início da praia, e foi ali que o guia parou, fazendo com o que os outros três casais também parassem.
— Como vocês podem ver, ao seguir em frente vocês chegam à praia — o homem falou com um meneio de cabeça. — Sintam-se livres para entrar no mar, sentar na areia ou aproveitar a sombra que aquelas árvores produzem.
Um aceno positivo grupal foi toda a resposta que o guia recebeu.
— Quando for a hora de voltar para a casa, o quadriciclo vai emitir um som. Estarei esperando por vocês aqui, para que possamos refazer o caminho. Entendido?
— Sim, senhor. — fez um joinha na direção do guia e Ryan logo acelerou, alcançando a orla da praia em questão de segundos.
pulou do veículo assim que Ryan estacionou no início da faixa de areia, tirando o capacete e o colocando no banco, sendo acompanhada por Ryan.
Os dois caminharam lado a lado, seguindo para mais próximo do mar, parando a poucos passos de distância de onde as ondas estavam quebrando e sentando-se ali.
— Me conte mais sobre você. — Ryan apoiou o cotovelo em sua perna, usando sua mão como apoio para a cabeça conforme se virou para encarar .
— Meu nome é , tenho vinte e dois anos, acredito fortemente em astrologia e sou do signo de aquário. Sou nascida e criada em Miami, filha mais velha de um casal renomado da costa leste e não sou o exemplo da família. — Um riso sincero deixou seus lábios quando encarou a expressão levemente confusa de Ryan. — É, eu sei, todos ficam surpresos quando eu digo que não sou uma filha exemplar.
— Adoro sua modéstia.
— Uma das minhas melhores qualidades. — riu e deu de ombros. — Mas, voltando ao assunto, meu pai é dono de um escritório de advocacia enquanto minha mãe é uma design de interiores bem famosa por lá. Eles queriam que eu seguisse o legado de um deles, fosse pra faculdade e estudasse algo relacionado para poder ser a herdeira deles.
— E eu acredito que você não fez isso — Ryan falou, encarando a expressão neutra de que não demonstrava nenhum arrependimento de sua escolha.
— Eu peguei minha prancha e saí de casa, deixei a responsabilidade do legado para minhas duas irmãs mais novas. — cortou o contato visual, encarando a areia e desenhando formas abstratas. — Não acho que tenha sido muito maduro da minha parte, mas agora cada uma pode seguir um legado e eu sou livre.
— E como você aproveita a sua liberdade? — A pergunta fez encará-lo outra vez. — O que você gosta de fazer?
— Adoro ler, passar um tempo com meus amigos, apoiar causas sociais. — Um sorriso ocupava os lábios da mulher conforme ela lembrava todas as passeatas que já tinha participado. — Se você assistir o clipe da Demi Lovato de “Really Don’t Care”, você consegue me ver ali.
— Sério? — Ryan questionou levemente chocado, causando uma risada em que apenas confirmou com um aceno de cabeça.
— Mas e você? Agora é a sua vez de me contar um pouco da sua história. — trouxe as pernas para mais próximas do corpo, abraçando-as e apoiando a cabeça em seus joelhos, encarando Ryan enquanto o moreno possuía um sorriso aberto na direção do mar.
— Eu não me rebelei contra minha família ou algo parecido, minha história não tem muita graça. — A leve implicância em forma de brincadeira não passou despercebida por que chutou um pouco de areia na direção de Ryan, causando risada nos dois. — Minha família sempre morou no Havaí, nós sempre tivemos a necessidade de viver perto do mar.
— Você sempre surfou?
Um balançar afirmativo de cabeça foi a única resposta por um tempo.
— Acho que no exato momento em que eu consegui ficar de pé, com total equilíbrio, eu ganhei uma prancha. — Um sorriso saudoso brilhava em seus lábios. — Minha mãe conheceu meu pai enquanto eles surfavam, acho que algo em nosso material genético nos liga ao oceano. Meu avô costumava falar que a água do mar corre em nossas veias junto com o sangue.
— E o que você gosta de fazer? — Ryan voltou seu olhar para o rosto de ao perceber que ela estava lhe fazendo as mesmas perguntas, disposta a conhecê-lo da mesma forma.
— Eu gosto de acordar todas as manhãs e sentir o sol abraçando meu corpo, de sentir a maresia me chamando e de estar em contato com o mar. — A voz de Ryan transbordava emoção. — Eu sou um cara simples, eu só preciso de um dia de sol e água salgada para ser feliz.
abriu um sorriso sincero, estava feliz por ter ido para o encontro com Ryan, eles não eram tão diferentes assim.

O lado leste da praia começava a mesclar a faixa de areia com pedras irregulares e de diversos tamanho, e era ali que e Simone se encontravam, sentados pouco antes do fim da areia macia.
— Mentira que você fez sua primeira tatuagem aos quinze anos. — Simone murmurou chocada, encarando fixamente como se isso o fosse fazer admitir que tinha mentido, mas o homem apenas concordou com um aceno de cabeça. — E você não se arrepende? Todo mundo que faz tatuagem na adolescência se arrepende depois, é quase uma obrigação moral.
— Eu tatuei a constelação de áries, não é uma coisa que eu me arrependa. — deu de ombros.
A surpresa tomou conta de Simone, fazendo-a rir levemente, completamente descrente daquela coincidência irônica do destino.
— Que foi? — questionou, não entendo o motivo do riso.
— Nada, foi mal. Só lembrei que eu tenho uma amiga que também acredita em signos. — Simone deu de ombros, questionando-se mentalmente se o destino seria irônico o suficiente para que também tivesse uma tatuagem relacionada a seu signo.
— E você? Tem alguma tatuagem que você se arrependa? — encarou o braço fechado de tatuagens da morena.
— Infelizmente, sim. — Simone ficou de costas e afastou os cabelos da nuca, mostrando a tatuagem para . — Segui a febre de tatuar uma estrela, mas eu já era maior de idade.
— Pelo menos você fez com o traço fino. — encarou o desenho, os olhos em fendas analisando o desenho que parecia ter sido feito por uma criança.
Uma risada irônica soou alta.
— É, mas isso não diminui o fato de que essa porra está ridiculamente torta.
— Eu estava tentando focar no lado positivo. — rebateu, fazendo Simone dar de ombros.
— Não tem muito um lado positivo, vamos ser sinceros. — A morena soltou o cabelo e virou-se na direção do tatuador. — Não sei se vocês têm um código moral para não falar mal do trabalho dos outros, mas eu posso dizer com todas as letras que eu acho essa tatuagem horrível.
tombou a cabeça para o lado, encarando Simone com as sobrancelhas arqueadas.
— Você sabe que pode cobrir com outra tatuagem, certo?
Simone concordou com um aceno de cabeça.
— Então?
— Sei lá, mesmo não gostando dela, essa tatuagem torta faz parte de mim, foi uma das diversas decisões que eu tomei ao longo da vida e que hoje me faz estar aqui. — Simone percorreu os dedos por sua nuca, tracejando a pele tatuada. — Mas e aí, qual casal você acha que vão enviar para a cabine?
deu de ombros.
— Sinceramente? Não faço ideia, a cabine é meio que um tiro no escuro, mas hoje, sendo a primeira semana, é pior ainda.
— Acho que vão na e no Ryan. — Simone murmurou e arqueou uma sobrancelha, um pedido silencioso para que explicasse. — já se envolveu com o é bom saber logo se o Ryan seria o par ideal dela para que isso não atrasasse nosso jogo.
cruzou os braços na frente do corpo e fixou o olhar no casal sentado no meio da praia, distante o suficiente para que não escutasse o que eles falavam, mas perto o bastante para que ele conseguisse visualizar o sorriso aberto que possuía nos lábios carnudos.
— É, seria bom.

Terrence estava na casa mais uma vez, contudo, dessa vez, sua atenção estava voltada agora para os participantes que estavam ali, sentados espalhados pela sala.
— E aí, galera! Logo mais os outros seis voltam para a casa, mas, antes disso, vocês precisam escolher qual casal vai para a cabine. — O apresentador encarou rapidamente cada um dos participantes ali presente. — Como vocês sabem, a cabine da verdade é o único jeito de saber se um casal é realmente o par ideal. Se forem, o casal sai da casa diretamente para a lua de mel, e voltam aqui apenas nas cerimônias dos pares, onde um feixe de luz estará sempre ligado, representando esse par ideal. Mas, se não forem, é preciso recomeçar a busca outra vez e correr contra o tempo.
— Que beleza, pressão nenhuma — Lydia murmurou com um sorriso forçado nos lábios.
— É moleza, eu acredito no potencial de vocês. — Terrence riu, piscando para Lydia. — Vamos lá, a votação é bem simples. Como vocês podem ver, os três casais que saíram para o passeio estão aqui na televisão, basta tocar no que vocês desejam para computar o voto de vocês. O casal mais votado é o escolhido.
Terrence ficou na sala por mais alguns segundos, mas quando ninguém presente apresentou nenhuma dúvida, o apresentador saiu da casa, avisando que ia voltar logo assim que os casais retornassem do encontro.
O burburinho tomou a sala assim que os participantes ficaram sozinhos, era a primeira cabine e eles não queriam desperdiçar a chance de confirmarem um par, mas ninguém ali sabia qual estratégia eles deviam seguir.
— Eu acho que devemos mandar aquele casal que nós realmente temos certeza que possa ser um par ideal — Jasmine falou, atraindo todos os olhares da sala para si. — Só temos dez cabines ao longo do programa, precisamos sempre tentar acertar os casais para não desperdiçar nossa chance.
— Eu acho que devemos mandar um casal onde um dos dois possua uma relação com outra pessoa aqui da casa. — deu de ombros.
Ele estava falando aquilo unicamente pelo fato de que gostaria de descobrir se era o par de Ryan ou se eles teriam uma chance, e todos ali sabiam disso.
— Não, precisa ser pelo nível de atração entre eles — Camille rebateu, os braços cruzados na frente do corpo e uma careta na direção de .
— Cara, é o nosso segundo dia aqui, praticamente ninguém tem uma atração forte ou escancarada assim. — Camille revirou os olhos. — Os casais que precisamos escolher basicamente não tiveram interações entre si, isso não funciona.
Os participantes seguiram dando ideias e rebatendo as anteriores, a probabilidade de escolherem uma estratégia sumindo a cada segundo que passava sem que entrassem em um consenso.
— Gente, não estamos chegando a lugar nenhum. — A voz de soou mais alta, interrompendo as conversas. — Aparentemente, nenhuma estratégia vai funcionar, pelo menos não agora. Então cada um vota em quem achar que deve e depois vemos o resultado.
Os murmúrios em concordância foram mais da metade, e se sentiu satisfeito por finalmente terem resolvido aquilo. Ele já sabia em quem votaria, independentemente da estratégia escolhida.
Os participantes começaram a se retirar da sala, esvaziando-a quase completamente e postergando a votação.
— Já pode votar, — Chloe falou, o riso presente em seu tom de voz quando apenas ela e Holly permaneceram ali com ele. — Sabemos que o seu voto vai pra .
— Eu tenho certeza que eles não são um par ideal, mas prefiro matar essa questão de vez — murmurou, indo até a televisão e escolhendo a foto de e Ryan. — E vocês, sabem quem vão escolher?
— Não faço a mínima ideia. — Holly deu de ombros, enquanto encarava as fotos dos três casais na tela. — Mais tarde eu resolvo isso.
Chloe refez os passos de mas, ao contrário do loiro, seu voto foi para Simone e .
— Hoje de manhã a Simone estava falando que o estava interessado em outra pessoa da casa — A loira confidenciou, saindo da sala e seguida por . — Seria engraçado se ela estivesse errada e, no final das contas, eles dois forem um par ideal.
— Você acha que tem chances deles serem um par ideal? — o loiro questionou, observando a mulher balançar levemente a cabeça em concordância.
— Eles tem bastante coisa em comum, aparentemente. — fez um som de concordância, mas tudo o que sabia deles eram que os dois curtiam tatuagens. — Também foram os únicos que realmente interagiram antes do passeio.
e Camille vinham da direção contrária, passando pelo outros dois participantes e seguindo em direção a sala.
Camille foi rapidamente até a tela e apertou na foto de e Ryan, virando-se para com um sorriso nos lábios.
— Espero que eles sejam um par ideal — Camille falou, a animação explícita em sua voz ao aproximar-se de outra vez. — Seria bom termos um feixe de luz logo na primeira semana, e duas pessoas a menos na casa seria muito bom.
não falou nada, mas ele sabia o verdadeiro motivo de Camille ter votado em .
Ele votaria no mesmo casal que a loira, mas por motivos completamente diferentes. Não queria que fosse o par ideal de Ryan e muito menos que saíssem da casa. A surfista tinha falado que ele teria que aguentá-la ao longo das dez semanas, e era isso que desejava.
A chance de conhecê-la melhor.

— CHEGAMOS! — gritou assim que passou pela porta, observando os outros participantes já sentados pela sala.
— Como foi o passeio? — Lydia perguntou ao se aproximar.
— Foi ótimo, a praia era simplesmente linda e a companhia era ótima. — O sorriso de fez com que o surfista ao seu lado também sorrisse.
Os olhos de logo encontraram os de e ele abriu um sorriso nervoso ao encará-la caminhando junto aos outros casais para os bancos atrás do sofá. Ele estava nervoso, tanto pela possibilidade de ir para a cabine e ser o par ideal de Ryan, quanto por não serem os escolhidos, mas que pudesse se interessar por Ryan após o encontro.
Os três casais se acomodaram, as mulheres sentadas nos bancos enquanto os homens paravam atrás delas. As mãos de Ryan estavam pousadas nos ombros de , segurava as mãos de Simone e Hunter abraçava Marnie com um dos braços.
Terrence não demorou a chegar, sorrindo para os participantes e parando na frente da televisão.
— Alguém quer me contar como foi o encontro?
— Muito bom, foi ótimo passar a tarde fora da casa e conhecer melhor o — Simone falou, um sorriso pintou seus lábios quando ela inclinou-se na direção do tatuador.
— E pra vocês dois? — Terrence questionou com o olhar fixo em Marnie e Hunter.
— Foi bom poder conhecer ele. — O tom de voz baixo e as bochechas vermelhas indicavam claramente a vergonha de Marnie.
— Nós nos demos super bem, acho que não teria nenhuma outra pessoa melhor para ter ido nesse encontro comigo. — A fala de Hunter deixou sua parceira ainda mais vermelha, causando algumas risadas.
e Ryan? — Terrence encarou o último casal.
— A tarde foi maravilhosa e nós descobrimos mais algumas coisas em comum além do surf — comentou sorrindo, deitando a cabeça no braço esquerdo de Ryan.
— E como você se sente em relação a isso, Ethan? Levando em conta que você e se beijaram na noite passada. — O apresentador possuía um sorriso nos lábios enquanto revezava o olhar entre os três.
— Apreensivo. — confidenciou, uma risada nervosa saindo logo em seguida. — Eu gostei muito da e acho que nós dois podemos ser um par ideal, então não quero que ela saia hoje.
sabia que ali dentro era um jogo, ele não poderia pensar só em si, mas não conseguiu mentir que desejava que fosse para a cabine, não com Ryan.
— Bom, então vamos descobrir logo isso. — O olhar de Terrence correu por todos os participantes. — Como eu já disse, a cabine é a única forma de saber se um casal é ou não um par ideal. E, o casal que vocês escolheram hoje foi…
O silêncio ansioso perdurou no ar por alguns segundos, até que a foto de Simone e ocupasse toda a tela. A morena se levantou, trocando um olhar nervoso com antes de darem as mãos e seguirem para fora da casa.
Diferente das outras áreas da externas — todas gramadas —, o caminho até a cabine era de pedras, com luzes na borda do caminho estreito que iluminavam o local. Simone parou de andar ao avistar a cabine feita de madeira, dando um forte aperto na mão de .
— Que foi? — ele perguntou ao parar de frente para ela.
— Eu estou muito nervosa, não queria ir pra cabine logo na minha primeira semana aqui — Simone murmurou, revezando o olhar entre e a cabine. — E se formos um par ideal? Eu gostei de você, mas como amigo.
Uma risada fraca escapou dos lábios de .
— Vai dar tudo certo, nós podemos ou não ser um par ideal. — segurou a cabeça de Simone com as duas mãos a balançou levemente. — Independente do resultado, nós conseguimos lidar com isso.
Simone concordou com a cabeça, respirando fundo em busca de se acalmar.
Cruzaram o resto do caminho até a cabine em segundos, adentrando juntos e surpreendendo-se com o interior. Enquanto o lado de fora parecia uma cabana de pescador, toda feita de madeira, o lado de dentro poderia ser um manicômio, com as paredes e o chão branco, e o único objeto ali dentro era a televisão que mostrava a foto dos dois.
Uma marcação em forma de pegadas sinalizava onde eles deveriam parar, e os dois seguiram para lá. A cabine tornou-se um breu por cinco segundos, até que luzes esverdeadas começaram a subir e descer pelos dois, como se os escaneasse. A ansiedade aumentava mais cada vez que as luzes refaziam o movimento, a mão de Simone começava a suar na de mas o aperto dela continuava forte.
Isso poderia ter durado segundos ou minutos, eles não saberiam dizer. Mas, quando um som saiu da televisão, puxou Simone de encontro ao seu corpo e a abraçou fortemente, com os olhos vidrados na mensagem que ocupava a tela.


Por

Os braços finos e tatuados de Simone estavam frouxos ao meu redor, seu corpo colado ao meu se encontrava estático, e eu não fazia ideia de quais emoções estavam estampadas em seu rosto, já que a minha atenção estava focada em outro ponto.
Meu queixo estava apoiado em seus cabelos pretos, meu rosto virado para a televisão enquanto meu olhos pareciam desfocados, mas ainda assim eu conseguia ler perfeitamente o Par Incompatível que parecia brilhar na tela.
Caralho, aquela sensação era uma merda.
Eu estava chateado por não sermos um par ideal, mesmo que eu não quisesse sair da casa na primeira semana e não acreditasse que eu e Simone fossemos um par, mas o resultado negativo da cabine era uma sensação agridoce.
A casa tinha depositado todas as suas fichas em nós, e elas foram usadas em vão.
— Eu sabia — Simone murmurou simplesmente, como se apenas constatasse uma obviedade, e eu não consegui evitar franzir o cenho. — Não me olha assim, , sabemos que seu par é outra pessoa.
— Isso é meio óbvio, afinal todo mundo aqui é par de alguém. — Simone revirou os olhos, não se incomodando com meu tom de obviedade. — E a cabine acabou de confirmar que não somos um par.
— Você entendeu o que eu quis dizer. — Sua fala foi acompanhada por um revirar de olhos. — Eu tenho fortes palpites sobre quem pode ser o seu par ideal.
A fala de Simone me fez rir, balançando levemente a cabeça em tom descrente. Era impossível que ela soubesse, estávamos ali apenas a dois dias e nem eu possuía uma mísera ideia de quem poderia ser.
— Sério? — A descrença estava presente em minha expressão e no tom de voz, mas Simone não se incomodou, contentando-se em dar de ombros. — E quem você acha que pode ser?
Ela saiu do meu lado para poder ficar de frente para mim, seus olhos me analisando enquanto parecia ponderar a respeito da resposta.
— Sabe, eu me surpreendi positivamente com você. — Franzi o cenho em confusão, sem entender a razão pela qual Simone com isso do nada.
— Obrigada? — Meu tom de voz entregava a confusão que eu sentia.
— Você tem essa cara de quem está puto com a vida e odeia todos. É tatuado, tem toda uma aura de bad boy, mas você é uma ótima pessoa quando conseguimos te conhecer melhor. Ter esse encontro com você hoje me fez perceber isso. — Ri de sua explicação, afinal ela não era a primeira pessoa a me falar aquilo. — Você poderia deixar as pessoas se aproximarem de você com mais facilidade.
— Eu sou receptivo com todos — rebati, observando Simone levantar a sobrancelha em um claro sinal de discordância. — Não me olhe assim, estou falando sério.
Uma risada descrente escapou dos lábios de Simone.
— Parece que eu vou ter que desenhar para você entender, então vamos lá. — Uma revirada de olhos acompanhou sua frase. — Você age como um adolescente de dezesseis anos perto da .
— Não ajo, não! — exclamei, ofendido.
Mas eu sabia que não era verdade.
Alguma coisa em despertava meu lado implicante, principalmente se ela tivesse acompanhada do loiro que parecia segui-la para todos os lados. Quem fazia casal logo no primeiro dia do programa? Pelo amor de Deus.
— Fala sério, . — Simone revirou os olhos, me fazendo questionar quantas vezes ela já tinha repetido a ação ao longo da conversa. — Acho melhor a gente ir andando, antes que o restante do pessoal se preocupe com a nossa demora.
Concordei com um aceno de cabeça, acompanhando Simone enquanto ela tomava a dianteira no caminho de volta para casa. Meus pensamentos ficaram presos no comentário dela, um questionamento começando a me corroer por dentro, enquanto minha mente só conseguia pensar: "Será que minha implicância infundada com a a incomodou?"
Eu não sabia o porquê, mas a simples ideia de que ela poderia não gostar de mim me deixava levemente chateado.
— Ela te falou algo? — Minha voz não saiu mais alto que um sussurro, o receio de escutar a resposta de Simone dominando cada célula do meu corpo.
— Não, mas você poderia dar uma chance pra ela, parar de implicar com tudo. — Respirei aliviado. — Tudo bem que ela tem uns parafusos a menos, mas ela é uma pessoa legal.
— Às vezes, eu nem falo por mal, quando vejo, já saiu. — Dei de ombros e abri a porta da cozinha, entrando no cômodo com Simone atrás de mim. — Eu fico fora de mim quando estou perto dela.
— Você está sendo idiota, . — Ela murmurou, divertida, e eu soltei um muxoxo ofendido. — Você está perdendo tempo ficando fora de si, quando podia estar dentro dela.
— Simone! — Arregalei os olhos, assustado, vendo a mulher sorrir de forma arteira e se afastar, caminhando para a sala.
A cabine não tinha nos confirmado um casal, mas daquele dia em diante eu sabia que Simone era uma amiga com a qual eu poderia contar. Éramos um par ideal, mas não romanticamente.
— A gente tinha certeza de que o resultado seria positivo — Isaac falou, envolvendo o braço em meu pescoço e puxando-me para a roda que os homens se encontravam próximos à entrada.
— Pelo menos agora sei que Simone está livre. — O tom malicioso era palpável na voz de Mike.
— E você, vai tentar a sorte com que garota agora? — Fred me encarou e eu dei de ombros, passeando o olhar pelas mulheres presentes na sala. — Eu preciso saber, cara. Não posso tentar a mesma que você, sabemos que eu não tenho chance.
— Para de drama, Kuhn — murmurei, fixando meu olhar em que ria escandalosamente ao lado de uma mulher com cabelos coloridos. — Ainda não sei.
Os homens ao meu redor continuaram falando, mas eu não prestava mais atenção no assunto. Meu olhar e meu foco estavam inteiramente na mulher que distribuía sorrisos facilmente para qualquer um que falasse com ela.
Observei quando se afastou das outras mulheres e caminhou até o sofá vazio, ficando em pé no estofado e balançando os braços repetidamente para atrair a atenção de todos ali.
— Gente. Ei, pessoal, me escutem aqui rapidinho! — exclamou, o ar risonho e descontraído de sempre ainda estava presente. — Acho que depois do resultado dessa cabine nós devemos comemorar.
— Você só pode estar brincando, garota. — O tom irônico e descrente fez com o que eu parasse de encarar , virando meu rosto na direção da loira de braços cruzados e expressão debochada. — Não temos o que comemorar, foi um resultado negativo, caso você não tenha percebido.
— Sempre temos algo a qual comemorar, só precisamos olhar de outro modo. — Voltei meu olhar para a mulher em pé no sofá. — Se eu fosse homem, eu estaria absurdamente feliz da Simone não ser par do . E com certeza algumas de vocês estão bem felizes pelo bonitão não sair agora.
Balancei a cabeça em um sinal descrente, mas um pequeno sorriso se abriu em meus lábios. Simone estava certa, de fato tinha alguns parafusos a menos.
— Não acho que devemos comemorar. — A loira rebateu mais uma vez e tombou a cabeça para o lado, encarando-a com uma feição de tédio no rosto.
— Então não comemore — respondeu simplesmente, rolando os olhos ao descer do sofá e voltar para o lugar que antes ocupava.
— Como o gostosão ali não é o meu par — Simone falou alto, apontando o dedo na minha direção —, estou disposta a curtir bastante hoje e achar alguém que me agrade para a cerimônia das luzes.
Boa parte da casa concordou com a ideia de . O resultado da cabine tinha sido negativo e isso não nos levava a lugar algum para mais perto do prêmio, mas era nosso segundo dia e ao menos poderíamos comemorar por termos tido a chance de estar ali.
Não demorou muito para que uma música alta começasse a tocar e já tinha montado todo um planejamento para a noite: deveríamos dançar até as pernas doerem, beber até não lembrarmos de nossos nomes e beijarmos todo mundo até sentirmos uma conexão com alguém. Contudo, era a única que apoiava completamente os três estágios, enquanto boa parte dos outros participantes se contentavam apenas com um deles.
Eu não me entrosava com tanta facilidade, não por ser tímido ou algo do tipo — eu não era —, mas já ouvi um bocado de vezes que minha cara fechada era interpretada como um por favor, não se aproximem.
Permaneci parado no canto em que eu estava desde que retornei a casa, observando enquanto os caras que estavam comigo começavam a se espalhar pela sala para conversar com as mulheres livres.
Eu não fazia ideia de quem iria me acompanhar na cerimônia no final da semana. Meus olhos percorriam a sala, mas nenhuma delas parecia chamar minha atenção, pelo menos não no mesmo nível da mulher que estava abraçada com o loiro e ria de algo que ele falava em seu ouvido.
Virei o rosto, me sentindo incomodado e sem saber o porquê.
— Você vai ficar com essa cara de quem comeu e não gostou? Aproveita para conversar com as outras mulheres — Simone se aproximou, com um sorriso divertido, parando de braços cruzados à minha frente. — Eu sei que você está muito triste por nós dois não sermos um par ideal, mas agora você precisa aproveitar.
— Como que eu vou aproveitar? Pode ter certeza que não vou dançar e beijar todo mundo. — Simone bufou antes mesmo que eu terminasse minha frase. — Também não sei se concordo muito com isso de que temos algo a comemorar.
, meu querido, infelizmente nós só conhecemos a maioria das pessoas quando elas estão bêbadas. — Simone me entregou o copo de bebida que estava em sua mão. — Certeza que você fica mais agradável depois de algumas doses.
Franzi o cenho, não sabendo se Simone estava me elogiando ou não com seus comentários, mas aceitei a bebida.

Eu poderia dizer que a bebida de fato me mudava.
Eu perdi a conta de quantas vezes ri aleatoriamente enquanto conversavam comigo e quantas pessoas se aproximaram pela primeira vez, coisa que não aconteceu no dia anterior.
Minha visão já estava embaçada e um sorriso frouxo estava aberto em meus lábios. Isso era o que acontecia quando eu bebia, eu me tornava bastante sociável e solícito, duas características bem difíceis de aparecerem quando eu estava sóbrio. Afastei-me da rodinha a qual eu tinha me aproximado nos últimos minutos, seguindo em direção a piscina após ver o seu reflexo pelo vidro da porta. Tirei meus tênis ao chegar na beirada e os deixei ali, sentando ao lado deles e molhando meus pés na água morna e calma.
Fechei os olhos, aproveitando a calmaria completamente diferente do caos que se encontrava a sala, e tombei a cabeça para trás, aproveitando a leve brisa da área externa.
— Sabe, acho que seria justo eu me vingar de você por ter me jogado na piscina. — O tom risonho me fez abrir os olhos e virar a cabeça para o lado, encontrando sentada ali.
— Acredito que você já tenha se vingado ao me puxar quando eu fui te ajudar a sair — rebati, mas sua única resposta foi um balançar de ombros enquanto o sorriso usual de sempre brilhava em seus lábios. — Aliás, desculpa por aquilo.
— Meu Deus, isso foi um avanço. — Sua voz saiu alta e animada, fazendo-me franzir o cenho em confusão. — Só estou surpresa, não sabia que você conseguia falar comigo sem ser sarcástico.
Revirei os olhos ao ouvir o drama de .
Eu não era tão terrível assim com ela, era?
— Sempre posso voltar a ser, princesa. — Observei atentamente quando seu sorriso morreu ao me ouvir pronunciando o apelido, sendo substituído por uma careta estranhamente fofa.
Porra, a bebida estava mexendo com a minha cabeça.
— Não me obrigue a acabar com a paz e te jogar na água, . — flexionou os braços em minha direção, como se de fato fosse me empurrar, e deixei uma risada escapar pela bobeira.
parou com os braços no meio do caminho, me encarando com os olhos arregalados e a boca aberta em uma exclamação muda.
— Caralho, eu fiz você rir. — Sua fala saiu um pouco estridente com a animação que sentia. — Acho que estamos progredindo por aqui, bonitão.
Revirei os olhos com o exagero de , mas mantive um sorriso nos lábios. Naquele momento a presença dela estava sendo diferente do comum, era leve e divertida, e eu me sentia completamente à vontade.
— É o álcool, princesa, ouvi dizer que ele me deixa mais sociável. — Repeti o apelido de propósito, uma leve implicância infantil que foi retribuída por quando ela me deu a língua.
— Parece que nem o álcool consegue apagar toda a sua implicância — murmurou, mas o sorriso de sempre estava de volta em seus lábios.
— Talvez a minha forma de demonstrar interesse seja por meio da implicância.
O silêncio que se seguiu me fez perceber a merda que eu tinha falado.
Praguejei mentalmente, me questionando de onde tinha saído aquela frase maldita que me assombraria pelo resto do programa. Eu não fazia ideia do que eu estava falando, eu não estava interessado em .
— Acho que podemos esquecer o que eu falei — murmurei, sentindo o constrangimento começar a me dominar.
Eu definitivamente não iria beber mais naquela noite.
— Falou o quê? — perguntou, fingindo inocência.
Quase soltei o ar aliviado ao perceber que entraria na minha e esqueceria aquela frase que eu não sabia da onde tinha saído.
— Sabe, você é bem mais fácil de lidar quando está bêbado. — Sua voz quebrou o silêncio após alguns segundos, impedindo que qualquer clima ruim se instalasse.
— Obrigado? — respondi, confuso, ouvindo a gargalhada de em seguida.
— Foi um elogio ao seu ‘eu’ bêbado. — Ela piscou, com um sorriso brincalhão nos lábios. — Sem ser sarcástico o tempo todo, você até é atraente.
Revirei os olhos teatralmente após sua frase.
Eu podia ter alguns receios, mas baixa autoestima não era um deles. Eu gostava de malhar no meu tempo livre e quase todo o meu torso era tatuado, minha aparência física nunca foi um problema, muito pelo contrário.
Eu já tinha perdido a noção quantas vezes vi fotos minhas nas redes sociais, em algum vagão de um metrô qualquer de NYC, com pessoas procurando quem era o “moreno misterioso”.
Eu não iria negar um atributo que eu sabia possuir, estando sóbrio ou não.
, eu sou atraente o tempo todo.
Seus olhos ganharam um brilho diferente enquanto ela inclinava a cabeça para o lado, focando toda sua atenção em mim. Seus olhos passearam por meus braços, observando atentamente os desenhos enquanto subia até meu rosto e se fixava em meus lábios.
me encarava com desejo, como se pudesse ignorar tudo e simplesmente se sentar no meu colo e passar o resto da noite me beijando. E, obviamente, unicamente por causa da bebida, eu queria que ela fizesse isso.
— Infelizmente, tenho que concordar com você. — Sua voz saiu mais baixa do que antes, seu olhar subindo de encontro ao meu.
Deixei que um sorriso ladino ocupasse meus lábios e o ato não passou despercebido por , que voltou sua atenção para a minha boca. O silêncio dominava a área externa, mas ele não era desconfortável.
Seu corpo tombou levemente na minha direção, o desejo transparecendo ainda mais em seu rosto e eu não duvidava que eu me encontrava na mesma situação.
Eu estava completamente atraído por naquela noite, e, mesmo que quisesse, eu não poderia negar.
— Broo, te procurei pela casa toda. — A voz de rompeu o silêncio, chegando até nós antes mesmo de conseguirmos vê-lo, e se afastou, voltando à posição inicial. — Fiz umas novas bebidas e queria que você provasse.
Os olhos de voltaram ao normal, lentamente perdendo o brilho intenso que exibiam, como se tivesse retornado à realidade de repente.
— Certo — murmurou, desconcertada, e se levantou. — Nos vemos por aí, .
Observei enquanto se afastava e seguia em direção ao homem que a esperava a alguns metros de distância, que não tardou em abraçá-la quando ela se aproximou. Mantive meu olhar preso neles até que voltassem para casa, sentindo um incômodo estranho enquanto os observava junto.
Eu não sabia o porquê, mas a simples visão de e juntos me incomodava. Para ser bem sincero, só a presença do loiro artificial já me irritava o suficiente, mesmo que eu não tivesse motivos concretos para isso.
Minha mente voltou para alguns minutos atrás, para a leveza divertida de ao meu lado e o desejo explícito que vi em seus olhos. Mentalmente, xinguei com todos os nomes possíveis por ter interrompido o que quer que fosse que estivesse prestes a fazer.
Porque eu não tinha dúvidas, ela iria me beijar.
E eu teria permitido.
Mas, o pior de tudo é que eu nem podia culpar a bebida, porque, com ou sem álcool no meu sistema, eu estava começando a aceitar que estava atraído por .
O único problema era que ela parecia já ter apostado todas as suas fichas no loiro de farmácia como seu par ideal, e eu não queria me meter em problemas futuros.
Mesmo contrariado, eu precisava admitir que foi bom o ter aparecido e nos interrompido.
Um beijo poderia deixar ainda mais estranho a nossa relação que já não era usual, e não era disso que precisávamos.
Com isso em mente, prometi a mim mesmo que eu não beijaria .

Dia Três


— Está acordado? — O quase grito de Simone chegou junto com suas mãos me balançado, afugentando o pouco sono que eu ainda sentia e me fazendo acordar.
Meu primeiro pensamento foi agradecer por ela não ser meu par, só a simples ideia de ser acordado daquele jeito todas as manhãs me causavam calafrios.
— E tem como não estar? — resmunguei, virando o corpo para cima e encarando a morena sentada na minha cama.
— Fiquei sabendo que você teve uma conversa decente com a ontem. — Revirei os olhos. Eu tinha esquecido que mulheres geralmente contavam tudo umas para as outras, e agora esse era o motivo de Simone estar me acordando como se o fim do mundo estivesse próximo.
— Aparentemente, a bebida ajuda.
— Vai passar o programa bêbado, então? — O tom jocoso dela me fez revirar os olhos novamente. — , por favor, não me diga que você está considerando virar um alcoólico.
— Agora eu entendo por que não somos um par ideal, você é um porre. — Joguei a coberta de lado e me sentei ao lado da morena.
— Se eu me importasse com o que você fala, estaria ofendida. — Ela sorriu com ironia e deu de ombros, de fato não ligando para o que eu falei.
Abri um pequeno sorriso. Simone se mostrava cada vez mais alguém com quem eu queria manter a amizade, mesmo depois do programa, embora, naquele instante, ela estivesse testando minha paciência.
— Você me acordou só para me irritar? — Olhei ao redor do quarto, notando que a maioria das pessoas ainda se encontrava em suas camas. — Boa parte da casa ainda está dormindo.
— Queria que eu falasse sobre você e quando todo mundo estivesse acordado? — Ela arqueou a sobrancelha, me fazendo dar de ombros, mas não consegui evitar lembrar o modo como me encarou ontem.
Seu olhar era diferente de todos que ela já tinha me direcionado.
Ela me encarou como se me quisesse.
E isso estava me deixando confuso, mas eu não admitiria isso para Simone, ela não precisava de ainda mais motivos para me perturbar.
— Não tem o que falar sobre nós dois. — Dei de ombros, encarando a expressão cética de Simone.
— Então quer dizer que vocês ficaram lá fora, sozinhos, e não se beijaram? — questionou, incrédula, e eu apenas confirmei com a cabeça.
Fiquei os próximos segundos em silêncio, cogitando mentalmente se contava ao menos uma parte da situação que estava me incomodando.
— Talvez estivesse indo me beijar quando o chegou e atrapalhou tudo. — Simone arregalou os olhos e alternou o olhar entre mim e o outro lado do quarto, me fazendo acompanhar o seu movimento e me arrepender no segundo seguinte.
dormia abraçada a , e eu não consegui evitar que a dúvida se instalasse em minha mente. Ela realmente teria me beijado ontem se o loiro falso não tivesse aparecido, ou eu estava apenas enxergando nela o que eu queria que acontecesse?
— Ela não me contou que vocês iam se beijar — resmungou, agora em um tom mais alto, recebendo alguns protestos sonolentos das pessoas mais próximas e um olhar ameaçador meu.
Não que eu fosse fazer algo se alguém ali ouvisse o que estávamos falando, mas eu preferia que ninguém mais soubesse de nada.
— Estou começando a achar que também não deveria — murmurei a contragosto. — Devo ter entendido tudo errado.
Voltei meu olhar para Simone, que me encarava com uma expressão que mais parecia uma careta solidária.
— Deixa isso pra lá, vamos fingir que nunca aconteceu.
— Só não seja babaca — pediu, enquanto eu me levantava da cama.
Contive a vontade de revirar os olhos. Eu não era tão babaca assim, era?

O café da manhã já estava pronto, a mesa posta, e a cozinha começava a se encher a cada minuto que passava. Sentei em uma das diversas cadeiras ao redor da mesa e coloquei algumas panquecas no meu prato, cobrindo-as com molho e sorrindo em agradecimento quando Chloe encheu meu copo com suco.
está sorrindo, é um milagre. — O tom divertido de me fez levantar o olhar e encará-la enquanto ela se aproximava da mesa, com novamente ao seu encalço.
A sensação de incômodo voltou com força, fazendo meu sorriso desaparecer e o pouco bom humor que eu tinha evaporar mais rápido que água em ebulição.
Voltei a olhar para o prato e foquei apenas no meu café da manhã, sem conversar com ninguém, contente apenas em comer e beber em silêncio.
Mas, por mais que eu estivesse calado, minha mente estava a mil, repleta de questionamentos sobre a noite anterior que rodavam na minha cabeça. Se ela não havia comentado com Simone que estávamos a um passo de nos beijar, era porque isso não era importante ou não era verdade, e eu não sabia qual das duas opções me incomodava mais.
Terminei de comer e segui até a pia, disposto a ignorar tudo que fosse relacionado a .
— Podem deixar que hoje eu lavo a louça. — Virei o rosto para o pessoal ainda sentado, após lavar meu prato.
— Eu seco, então. — foi a primeira a se oferecer.
Revirei os olhos enquanto voltava minha atenção para a cuba vazia. Aparentemente, estava empenhada — mesmo que não soubesse — em tornar minha missão de ignorá-la um pouco mais difícil.
— Você já me ajudou ontem — disse Chloe para , e senti vontade de abrir mais uma vez um sorriso de agradecimento para a loira.
— Mas não era função dela, então ela ajuda o agora e tudo certo. — Simone se intrometeu, e eu senti uma vontade imensurável de mandá-la calar a boca. Eu estava começando a questionar se ela de fato era minha amiga.
Apoiei meu corpo na bancada da pia, observando o pessoal comer e conversar enquanto eu os esperava finalizar a refeição.
— Depois você pode me agradecer — Simone falou em um tom baixo enquanto colocava seu prato na pia.
— Agradecer? Eu queria que você sumisse — resmunguei, e a morena riu.
, a relação de amor e ódio eu deixo para você e a — piscou de forma marota, afastando-se enquanto caminhava em minha direção, segurando alguns pratos.
, como sempre, vinha logo atrás, como um bom cachorrinho de estimação que não largava o maldito osso, trazendo o restante da louça.
— Bom dia! — sorriu animada, colocando o que segurava dentro da pia e prendendo o cabelo logo em seguida.
Abri a boca para responder, mas fui interrompido por , que se aproximava para depositar a louça na cuba e falava com .
— Vou arrumar nossa cama, te vejo assim que terminar.
Eu queria ignorar os dois, fingir que eles não existiam ou ainda melhor, que toda a intimidade entre eles não me irritava, mas não consegui não encarar enquanto beijava carinhosamente o topo dos cabelos de antes de se afastar.
— Bom dia — finalmente murmurei quando o loiro se afastou o suficiente para que eu não conseguisse mais sentir o cheiro de água oxigenada que parecia o acompanhar.
O silêncio seguiu por alguns bons minutos, aos quais eu seria eternamente grato, mas parecia que não queria me permitir paz alguma, já que sua voz logo soou pela cozinha:
— Preciso te dar uma cerveja para podermos conversar normalmente?
Seu sorriso era tão aberto quanto o da noite passada, mas seus olhos só refletiam uma diversão que eu não compartilhava. Eu não queria conversar, não depois de chegar à conclusão de que estava interessado nela e de que provavelmente eu estava apenas me iludindo ao achar que ela iria me beijar ontem à noite.
Era apenas minha mente projetando o que eu queria, nada mais.
Conversar naquele momento não parecia seguro, então, ignorando completamente o aviso de Simone, acabei sendo um babaca.
— Ou podemos simplesmente não conversar e fazer nossas tarefas em silêncio. — Meu tom saiu mais seco do que eu pretendia, e senti vontade de me socar quando vi se encolher levemente.
Eu tinha sido um completo idiota, e agora tinha ainda mais motivos para me odiar. Mas, pelo menos, consegui o silêncio que eu tanto desejava.
O único problema era que eu não me senti nem um pouco satisfeito com isso.
Muito pelo contrário.

Dia Seis


Estávamos quase no fim da nossa primeira semana ali. Amanhã seria a nossa primeira cerimônia dos pares, e dizer que estávamos completamente perdidos seria um eufemismo, e essa foi a razão pela qual eu segui o Fred quando o mesmo veio ao meu encontro e disse que uma tal de Jasmine estava chamando todos nós na sala.
— Eu chamei todos vocês aqui porque precisamos pensar em uma estratégia para amanhã à noite — disse a mulher que eu acreditava ser a tal Jasmine, enquanto seu olhar passava por cada um de nós.
— Eu e precisamos mesmo estar aqui? — Camille, a loira que parecia adorar implicar com , perguntou, e dessa vez fui eu quem rolei os olhos.
Era possível que ela realmente tivesse esquecido que todo mundo ali precisava encontrar um par ideal para ganharmos o prêmio?!
— Sim. — A resposta curta e grossa saiu em uma mistura de vozes, da qual eu tinha certeza que fazia parte, especialmente pela careta que ela lançou para Camille.
— Mas nós já sabemos que somos o par um do outro — a loira rebateu, e eu tive a impressão de que o revirar de olhos pela sala foi quase coletivo e sincronizado.
— Ora, se vocês são mesmo um par ideal, acho que podemos chamar o programa e mandar vocês direto para a lua de mel agora mesmo. — retrucou com ironia, fazendo Camille bufar. — Pode continuar, Jasmine.
Observei o momento em que Camille se preparava para retrucar, mas o homem ao seu lado apertou sua mão levemente, fazendo-a apenas fechar a cara. lançou-lhe um leve sorriso de agradecimento, e suas bochechas coraram.
Coitado, mais um pobre coitado para o clube dos atraídos pela .
— Nós estamos aqui há pouco tempo, então não é como se conhecêssemos todo mundo e soubéssemos de cara quem pode ser nosso par ideal. Muitos de vocês provavelmente ainda nem falaram com seu par ideal. — Jasmine voltou a falar. — Não temos como identificar isso ainda e muito menos seguir por esse caminho.
— Certo, e o que faremos então? — Fred perguntou.
— A melhor hipótese é observarmos quem parece combinar mais e deixar que formem um par. — Ela deu de ombros, e alguns murmúrios contrariados chamaram minha atenção. — Alguém é contra essa opção?
prontamente levantou a mão, seguida por mais três pessoas.
— Sério que vocês querem seguir essa lógica ridícula de que o par ideal é alguém que combine com ele? — Ela riu descrente, cruzando os braços enquanto olhava ao redor, esperando que alguém a rebatesse. — Esse é o motivo pelo qual somos uma merda em relacionamentos e estamos aqui, porque simplesmente escolhemos quem achamos que combina com a gente, mesmo que essa pessoa não seja a escolha correta e então nos fodemos lindamente no final.
Arregalei levemente os olhos, ao longo daquela semana eu nunca tinha visto sem um sorriso no rosto ou sem o ar brincalhão, e agora eu estava levemente receoso de que ela poderia socar alguém.
— Esse foi o motivo de vocês terem mandado a Simone e o para a cabine, e olha no que deu! — A frase saiu misturada com uma risada nervosa.
— Essa é a nossa melhor chance, Broo — rebateu Jasmine, mantendo um tom calmo.
riu irônica, negando levemente com a cabeça.
— Certo, se no máximo dois feixes ascenderem amanhã, não digam que eu não avisei. Mas saibam que é o máximo que vocês vão conseguir com essa lógica. — Ela sorriu com sarcasmo, um brilho diferente presente em seus olhos. — Se soubéssemos escolher com quem devemos ficar, não estaríamos todos aqui.
Observei sair da sala, criando um silêncio desconfortável enquanto ninguém sabia como continuar a conversa. De fato, todos estávamos ali porque éramos péssimos em relacionamentos, mas não havia como acreditar que qualquer outra estratégia que pensássemos seria melhor que a de Jasmine.
Meus olhos se fixaram no boneco Ken, sentado no mesmo lugar e encarando a direção pela qual havia saído, mas sem demonstrar qualquer sinal de que iria atrás dela.
— Vai falar com ela — Simone sussurrou ao meu lado, mas continuei no mesmo lugar, incerto se deveria ou não ir falar com . — Vai logo.
Levantei do sofá e segui em direção à cozinha, decidido a intervir antes que resolvesse que queria ir confortá-la. Ao entrar, avistei olhando pela janela, com as mãos apoiadas no balcão. Me aproximei, encostando-me à ilha que ficava a alguns passos de distância dela, mantendo uma distância respeitável entre nós.
Limpei a garganta para chamar sua atenção. Quando percebeu que não estava sozinha, se virou, e nossos olhares se encontraram. A tensão no ar parecia palpável.
— Você não pode sair assim, como uma adolescente revoltada, só porque discordamos de vocês. — Iniciei com o que achei ser a melhor abordagem, mas a gargalhada de me mostrou que eu estava totalmente errado.
— Sério, logo você quer falar disso? — Suas sobrancelhas arquearam em desafio, e eu apenas neguei com um leve balançar de cabeça.
Porra, conseguia ser assustadora com toda a revolta que emanava dela. E eu devia estar doente ou algo assim, porque estava achando aquilo incrivelmente excitante.
— Aquela é a nossa melhor opção de estratégia. — Decidi mudar a abordagem, mas parecia que tudo o que eu dizia estava errado, já que inclinou a cabeça levemente para o lado.
— A melhor? — Ela riu de forma irônica. — É sério que vocês acham isso? Qual é o problema de vocês?
— E você, por acaso, tem uma ideia melhor? — Minha paciência estava se esgotando, e eu começava a desejar não ter ouvido Simone e deixado o loiro de farmácia resolver a questão.
— Não é muito difícil, qualquer porra de estratégia é melhor que essa. — desdenhou, com um tom de voz elevado e um brilho irônico nos olhos. — Precisamos formar casais com quem nos identificamos, com quem sentimos atração. E não apenas juntar um cara tatuado a uma mulher tatuada só porque ambos têm rabiscos pelo corpo. — O tom irônico e debochado dela fez meu maxilar se contrair, mas, ao ouvir como se referiu ao meu trabalho, perdi a pouca paciência que me restava.
— Precisamos formar casais com quem nos identificamos, é isso? — afinei minha voz, tentando imitar o tom dela. — Não temos tempo para isso agora, essa é uma solução apenas para essa cerimônia.
— Isso não faz dela menos idiota.
— A única coisa que me parece idiota nesta cozinha é você. — Diminui a distância entre nós, apoiando as mãos na bancada e alinhando nossos rostos na mesma altura. — É a primeira semana, não temos muito o que fazer, e nem todo mundo saiu formando casais no primeiro dia.
— Se eu sou idiota, essa estratégia é dez vezes mais do que eu. — Ela rebateu com o tom de voz mais baixo, mas ainda desafiadora.
— Você está sendo infantil.
Seus olhos brilharam em desafio, e um sorriso satisfeito se formou em seus lábios.
— Vamos falar sobre infantilidade? Perfeito. Acho que ninguém entende disso melhor do que você.
Engoli em seco. Eu não podia contestar a , e, infelizmente, sabia disso.
— Você me jogou na piscina quando eu não tinha feito nada para você, sempre foi sarcástico comigo. E, finalmente, quando você começa a falar comigo de forma normal, volta a ser aquele idiota sarcástico no dia seguinte. — O brilho em seus olhos parecia conter uma leve mágoa, e eu me senti um grande merda por isso. — Sério, qual é o seu problema?
— Você. — Admiti em um sussurro, observando a expressão incrédula de se misturar com um toque de choque.
— Eu sou o seu problema? — Ela soltou uma risada incrédula, balançando a cabeça em negação. — Desde o dia que quase nos beijamos, você me ignorou.
— Por sua culpa. — Cruzei os braços, um gesto defensivo, e riu novamente, mas não era uma risada amigável.
— Minha culpa? — O tom dela subiu, e eu pude sentir a tensão no ar. — Eu tentei me aproximar nos últimos três dias. Tudo que você fez foi me afastar e me ignorar, e você ainda diz que a culpa é minha?!
— Sim. — Respondi de forma direta, fazendo com que revirasse os olhos com exasperação. — Você me deu sinais confusos. Parecia que você ia me beijar, mas depois não mencionou nada para a Simone. Eu realmente achei que poderia ter interpretado tudo errado.
— Você é ridículo, tão ridículo quanto a estratégia que querem seguir. — Aumentou o tom de voz, apontando um dedo em riste na direção do meu rosto. — Você podia simplesmente ter conversado comigo sobre isso. Você tem sérios problemas.
— Tenho mesmo. — Rebati, segurando seu pulso e afastando seu dedo do meu rosto, puxando-a na minha direção. — E o maior deles é que não posso mais ignorar o que realmente quero fazer.
Soltei o pulso de e segurei sua cintura, diminuindo completamente a distância entre nós. Quando nossos lábios finalmente se encontraram, a sensação foi melhor do que eu poderia imaginar.
Passei a língua pelos seus lábios, e, para minha surpresa, ela entreabriu a boca, permitindo que eu aprofundasse o beijo. Prensei seu corpo contra a superfície fria, mas o calor entre nós poderia aquecer toda a cozinha. Embrenhei meus dedos em seu cabelo, puxando-os levemente, fazendo arfar de surpresa e desejo. O som aumentando ainda mais o desejo que eu sentia por ela.
Era apenas eu e ela, e nesse instante, o resto não importava. Não existiam cerimônias e pares ideais, não existiam Ethan’s oxigenados ou qualquer outra coisa. O beijo era um misto de urgência e ternura, o desejo que guardávamos escondido desde o dia na piscina.
— Simone me mandou aqui para garantir que vocês não estavam se matando... Fred entrou na cozinha, e sua presença repentina fez com que eu soltasse e me virasse rapidamente, o coração ainda acelerado.
— Bom, acho que ninguém morre com um beijo. — Ele lançou um olhar cúmplice, mas a interrupção foi como um balde de água fria e a realidade voltava com tudo.
Droga. Eu tinha quebrado a promessa que fiz a mim mesmo.
Eu havia beijado .


A ansiedade e a tensão dominavam o ambiente enquanto a primeira semana chegava ao fim. Todos os participantes ainda estavam um pouco perdidos e confusos, sem saber se haviam tomado decisões acertadas ou se seriam confrontados com a falha na primeira cerimônia.
Terrence, o apresentador, já estava no pequeno palco em formato de "X", com os dois tablets posicionados à sua frente, prontos para registrar os pares escolhidos. Atrás dele, os dez feixes de luz permaneciam apagados, aguardando o momento de revelar o progresso dos participantes.
O primeiro grupo entrou. As dez mulheres, mais arrumadas do que durante a semana, desfilavam com vestidos brilhantes e saltos altos — uma escolha não tão prática, considerando o chão predominantemente de terra.
Seguindo as instruções recebidas previamente, elas caminharam até as grandes poltronas dispostas em frente ao apresentador e se acomodaram. Durante a Cerimônia dos Pares, o protocolo era claro: um grupo — seja de homens ou de mulheres — tinha a responsabilidade de formar os pares, enquanto o outro apenas aguardava a decisão. E naquela semana, cabia aos homens a escolha.
— Boa noite! Devo imaginar que vocês estão bonitas assim com a intenção de dificultar o trabalho de escolha deles essa noite? — A fala de Terrence arrancou risadinhas das mulheres, lisonjeadas com o elogio.
— Isso não pode tirá-los do foco, já traçamos uma estratégia para hoje. — Jasmine sorriu para o apresentador enquanto revirava os olhos, ainda incomodada com a estratégia escolhida pelos outros participantes.
O apresentador, obviamente, não deixou aquilo passar despercebido.
— Espero que tenham escolhido uma boa estratégia. — Terrence sorriu, seus olhos passeando pelas mulheres sentadas à sua frente. — Mas, parece que alguém não concorda com a estratégia — falou, sua atenção focando em . — Algum comentário?
— Não, só acho que estamos desperdiçando o potencial da primeira cerimônia com essa… estratégia — a surfista respondeu, seu tom de voz deixando claro sua discordância.
— E a escolha de roupas para essa noite teve alguma ligação com esse seu pensamento?
Diferente das roupas coloridas e estampadas que ela vinha usando ao longo da semana, o visual daquela noite era completamente sóbrio. vestia um short de alfaiataria, uma blusa de mangas bufantes que ia até os cotovelos e um tênis.
Pretos.
Cada peça de roupa que ela usava era preta.
— Sempre atento, Terrence. — Um sorriso malicioso curvou os lábios de ao responder. — E que cor melhor, se não o preto, já tão associado ao luto, para expressar meu estado de espírito nesta cerimônia?
— Você é tão desnecessária — Camille falou de modo afetado, cruzando os braços enquanto lançava um olhar de desdém para .
— Foda-se — respondeu sem pestanejar, girando no pequeno sofá para ficar de frente para a loira.
Antes que Camille pudesse rebater, Terrence interveio, como se tivesse pressentido a tensão:
— Certo, acho que os homens já podem entrar.
Assim que o apresentador concluiu, os homens surgiram, vestidos com a mesma elegância que as mulheres. Eles se posicionaram ao lado direito de frente para Terrence, enquanto as mulheres permaneciam à esquerda, sentadas nas poltronas.
— Boa noite, senhoras e senhores. Sejam muito bem-vindos à primeira cerimônia dos pares desta edição do Are You The One. — Terrence começou, sua voz firme mas acolhedora. Os vinte participantes responderam com palmas e murmúrios animados.
A animação deles era contagiante, mas era impossível ignorar o nervosismo que permeava o ar.
— Além de encontrarem o par ideal, vocês darão o primeiro passo para o grande prêmio de um milhão de dólares. — Os aplausos diminuíram, e a tensão se tornou quase palpável.
Cada um deles estava mergulhado em pensamentos, rezando para que suas escolhas fossem acertadas e que a estratégia adotada os levasse para mais perto do prêmio — e não os colocasse em um retrocesso antes mesmo de começarem.
Terrence deu um passo à frente, seu olhar varrendo o grupo como se quisesse gravar cada expressão.
— E não se esqueçam, vocês não podem zerar. — Ele pausou, enfatizando cada palavra enquanto encarava os participantes. — Em cada cerimônia, é obrigatório formar pelo menos um par ideal. Se isso não acontecer, vocês perdem automaticamente trezentos mil dólares do prêmio final.
As cabeças se mexeram em um aceno rápido e quase sincronizado. Eles sabiam que não havia margem para erros graves. A busca pelo par ideal e pelo dinheiro não seria fácil.
— Caso nenhum feixe de luz acenda, será considerado um blackout, e vocês perderão esse valor imediatamente.
A sala ficou em silêncio por um instante, a gravidade das palavras de Terrence se espalhando pelo ambiente como uma nuvem pesada. Era o momento de provar que, mesmo tão diferentes, poderiam jogar como uma equipe — ou pagar o preço de seus erros.
Os participantes se encararam aflitos enquanto questionavam silenciosamente se aquela era uma boa estratégia, enquanto apostava que se conseguissem dois feixes de luz naquela noite, já deveriam comemorar.
Ela não tinha nada contra estratégias — desde que elas fossem boas —, mas não queria começar sua corrida pelo prêmio já errando. Ela sabia que precisavam pensar em conjunto, ou todos encontravam seu par ideal e conseguiam o dinheiro, ou estavam ferrados. Ela não queria dificultar a vida de ninguém, mas não estava na cara de que a estratégia escolhida seria tão fácil assim?
— Bom, como as mulheres escolheram na prova, hoje é dia dos homens fazerem suas escolhas. — Terrence sorriu para o grupo masculino, a energia da cerimônia oscilando entre ansiedade e expectativa. — Vamos começar com você, Ryan.
O surfista saiu da fila com tranquilidade, caminhando até o apresentador. Ao chegar, cumprimentou Terrence com um leve aceno de cabeça e um sorriso descontraído.
— Nos diga sua escolha esta noite e o porquê.
— Meu par dessa noite é a Chloe — Ryan declarou com um sorriso confiante, olhando diretamente para a mulher, que começou a caminhar em sua direção. — Na primeira prova, eu saí com a , mas a Chloe também levantou a mão ao ver a foto.
Terrence arqueou uma sobrancelha, uma expressão intrigada surgindo em seu rosto.
— Então você está ignorando a possibilidade de ser seu par ideal?
Ryan assentiu com a cabeça, sem hesitar, enquanto o apresentador mantinha o olhar fixo nele.
— E eu achando que essa cerimônia seria uma bagunça — Terrence comentou com um sorriso malicioso, antes de soltar a provocação. — Afinal, a já beijou três pessoas nesta casa.
O burburinho entre os participantes foi instantâneo, com todos tentando descobrir quem seria a terceira pessoa. Enquanto isso, mantinha um olhar fixo em Simone, que evitava seu olhar, e encarava Fred como se ambos suplicassem silenciosamente para que ninguém revelasse nada.
Terrence, imperturbável, voltou sua atenção ao casal à frente.
— Ryan, Chloe, por favor, coloquem suas mãos no tablet. — O casal seguiu as instruções, e o apresentador não tardou em completar:
— Par registrado. Podem se sentar.
Com um sorriso simpático, Terrence aguardou enquanto Ryan e Chloe se acomodavam na poltrona que a loira ocupava sozinha anteriormente. Então, voltou sua atenção para outro participante.
— Já que estamos falando da primeira prova e da , vem aqui, .
O moreno soltou um suspiro discreto e caminhou até o palco. Seu sorriso parecia forçado, como se antecipasse a linha de questionamento do apresentador.
— Pelo visto, essa foi uma boa semana para você — comentou o apresentador, o tom provocador inconfundível.
— Foi sim, Terrence — confirmou, tentando manter o sorriso.
O apresentador inclinou levemente a cabeça, arqueando uma sobrancelha.
— Seu par ideal vai ser a mulher que você beijou?
A pergunta fez engolir em seco, balançando a cabeça negativamente. Não que ela não quisesse, mesmo com os desentendimentos nos primeiro dia, se dependesse apenas de , ele estaria escolhendo sentar-se com naquela noite.
Terrence sorriu, claramente aproveitando a situação.
— Então, nos diga, quem será o seu par esta noite? — Um suspiro relaxado escapou dos lábios de quando ele percebeu que Terrence mudou de assunto.
— Meu par será a Chelsey. — sorriu na direção da mulher que caminhava até ele.
— Eu não vi interação entre vocês dois, vocês não acham que é arriscado? — o apresentador perguntou, observando os dois juntos quando Chelsey parou de andar.
— Nós traçamos nossas personalidades ontem e escolhemos as pessoas que nós achamos que mais se identificam conosco — o moreno falou, um balançar de ombros finalizando sua frase.
— Até que vocês ficam bonitos juntos — Terrence comentou, um sorriso brilhando em seus lábios. — Podem colocar as mãos.
Com um gesto de cabeça, indicou os tablets.
— Par registrado. Podem se sentar. — Continuou, enquanto lançava outro sorriso característico. — Ainda falando sobre , pode vir até aqui, .
O loiro caminhou rapidamente, um sorriso confiante estampado no rosto.
— Acho que nem preciso perguntar quem será o seu par ideal esta noite, não é? — Terrence brincou, arrancando uma gargalhada de .
— Acredito que não — o loiro concordou, o tom de riso ainda presente em seu tom de voz. — , você aceita ser meu par?
rolou os olhos para a pergunta, era claro que ela se sentaria com ele. Seu coração dizia que era a escolha certa. Ela e tinham se beijado no dia anterior, ela não se arrependia do beijo, mas algo natural parecia conectá-la com .
Ela aproximou-se com passos tranquilos, recebendo um sorriso de assim que parou ao seu lado.
— Você está linda — ele murmurou, aproximando-se para selar seus lábios rapidamente.
— Isso sim é um casal, pessoal! — Terrence declarou, enquanto passava o braço pela cintura de . — Agora só falta descobrir se vocês são mesmo um par ideal.
O apresentador indicou os tablets com um gesto, e o casal colocou as mãos simultaneamente.
— Registrados!
Os dois caminharam abraçados até o sofá onde estava antes. Eles só se soltaram ao se sentar, e a morena rapidamente a barra do short, lançando um olhar de canto para . Ao notar o olhar fixo dele, mordeu o lábio e desviou rapidamente, encerrando a troca silenciosa.
— Aproveitando os casais que a primeira prova proporcionou, sua vez, Hunter. — Terrence chamou, e o homem se moveu até o centro sem hesitar.
— Por mais que já saibamos quem será seu par também, você ainda precisa chamá-la.
— Marnie? — Hunter sorriu de lado, enquanto a mulher levantava, ajeitando o cabelo para trás das orelhas antes de caminhar em sua direção.
— Vocês acreditam que são o par ideal um do outro? — Terrence questionou, observando-os assentir em sincronia.
Eles colocaram as mãos nos tablets, se registrando como.
— Podem se sentar.
O casal seguiu de mãos dadas, enquanto Terrence voltou sua atenção aos homens que ainda aguardavam em pé.
, faça as honras. Quem será o seu par ideal?
— Meu par ideal é a doce Camille — declarou, o sorriso suave, mas confiante.
não conteve o ímpeto de revirar os olhos, só poderia estar sendo irônico.
Ela era uma girl’s girl¹, mas a implicância sem sentido que a loira parecia nutrir por ela desde o primeiro dia a tirava do sério.
— Você é um anjo! — Camille praticamente lançou-se nos braços do homem, selando seus lábios em um beijo.
Terrence coçou a garganta, chamando a atenção do casal com um toque de humor.
— Certo, que tal registrarem o par antes que fiquem ainda mais animados?
Rindo, ambos colocaram as mãos no tablet, enquanto Camille continuava abraçada a .
— Par registrado! — anunciou Terrence, enquanto o casal saía, ainda entrelaçados. O apresentador sorriu novamente, pronto para chamar o próximo participante. — Agora é com você, Fred, pode vir.
O negro arrumou a jaqueta que vestia e fez pose antes de descer e caminhar até o apresentador, causando riso nos outros participantes.
— Nos diga quem é a bela dama que lhe acompanhará essa noite.
— A mulher que terá a chance de ficar ao meu lado hoje, é a Simone — piscou maroto, um sorriso ocupando seus lábios enquanto observava a morena caminhar até ele.
Simone parou ao lado de Fred, dando-lhe um leve empurrão com o quadril.
— Me digam, o fato de vocês estarem como um par essa noite, é porque vocês sabem de coisas que os outros participantes ainda desconhecem? — Terrence arqueou uma sobrancelha, encarando os dois participantes parados à sua frente.
— Talvez sim, talvez não — Simone respondeu, o riso acompanhando sua fala.
— Muito bem, podem colocar as mãos nos tablets. — Os dois participantes posicionaram as mãos nos dispositivos e saíram assim que a confirmação apareceu na tela. — Mike, é sua vez de vir aqui e revelar quem será seu par.
— Meu par essa noite é a Lydia — Mike apontou para a mulher que se aproximava com um sorriso nos lábios.
— Vocês já tiveram alguma interação ou é apenas uma estratégia que vocês montaram? — Terrence perguntou assim que Lydia chegou.
— Ainda estamos na primeira semana, então não temos intimidade o suficiente com os outros para determinar quem é o nosso par ideal — Lydia respondeu, ajeitando os fios de cabelo verde que eram bagunçados pela brisa.
— Certo, podem registrar. — Terrence sorriu, sem mostrar os dentes. O casal tocou os tablets e, em seguida, saiu assim que a confirmação apareceu na tela. — Continuando com os participantes com uma melanina de dar inveja, pode vir Isaac. — O homem, com tranças, colocou-as para trás e caminhou até o apresentador, cumprimentando-o com um aperto de mão firme. — Esperamos que você seja mais presente nos próximos dias, Isaac, já que mal o vimos esta semana.
— Claro — Isaac murmurou, um sorriso tímido ocupou seus lábios.
— Dado seu sumiço, vai ser difícil para você descobrir quem é seu par ideal, não é? — Terrence comentou, e Isaac apenas assentiu com a cabeça. — Então, quem será a mulher ao seu lado hoje?
— A Holly. — Isaac sorriu para a mulher que caminhava até ele.
— Muita melanina junta nesta casa! — Terrence brincou, fazendo os dois rirem enquanto colocavam as mãos nos tablets. — Podem se sentar. — Ele olhou para os dois últimos homens que ainda estavam de pé. — Grant, pode descer. Qual das duas últimas mulheres será seu par esta noite?
— Meu par hoje é a Jasmine — Grant falou, acompanhado de um sorriso discreto nos lábios, enquanto a mulher se aproximava dele.
— Acho que é a primeira vez que vejo você sorrindo — Terrence observou quando Jasmine parou diante dele com um sorriso no rosto. — Isso é por causa do seu par ou da estratégia?
— Acho que é um pouco dos dois. — Jasmine sorriu de lado e colocou a mão no tablet, junto com Grant.
— Vamos torcer para que continue assim, então. — O apresentador sorriu e fez um gesto com a mão. — Podem se sentar.
Ele então encarou Nathan, o último homem de pé.
— Vem cá, Nathan. Lembre-se: quem ri por último, ri melhor.
— Pode apostar que estou rindo muito bem — Nathan respondeu enquanto se posicionava frente ao apresentador, mas com os olhos fixos em Riley, a última mulher.
— Riley, quase não te vi esta semana — Terrence comentou enquanto a mulher parava na sua frente. — Sei que você é tímida, mas aqui você vai precisar se soltar e conhecer melhor os outros participantes.
Riley sorriu timidamente e apenas assentiu.
— Bem, pode colocar a mão.
Riley e Nathan esperaram o tablet registrar suas escolhas e caminharam juntos até o sofá, onde a mulher já estava sentada.
Terrence observou todos os dez casais agora sentados juntos, sorrindo ao notar o nervosismo evidente em seus rostos.
— Todos os dez pares estão registrados, e agora é o momento de saber quantos pares ideais vocês formaram essa noite — ele anunciou. — Aqui atrás de mim, tenho dez feixes de luz, cada um representando um par ideal — apontou para os feixes, que se acenderam após sua frase. — Um feixe de luz representa um par ideal. Dez feixes de luz, dez pares ideais e um milhão de dólares no bolso de vocês. — Ele deu a volta, posicionando-se agora de costas para os participantes, mas de frente para os dois tablets. — Agora, chegou o momento de descobrir quantos pares ideais vocês formaram essa noite.
A iluminação diminuiu repentinamente, e os dez feixes de luz que estavam acesos se apagaram. Terrence colocou uma mão em cada tablet, e os feixes começaram a rodar, subindo e descendo por alguns segundos, criando uma expectativa crescente. Finalmente, os feixes pararam, iluminando o céu, como um sinal do suspense que pairava no ar.
Alguns participantes se abraçavam com força, enquanto os que tinham menos intimidade trocavam olhares tensos e seguravam as mãos uns dos outros, todos focados em Terrence e nos feixes de luz. Mas já sabia o que aconteceria naquela cerimônia. Seu olhar estava fixo nas unhas, distraída com o esmalte descascando, mais interessada nisso do que no resultado.
Ela não queria que eles falhassem, mas sabia que iriam.
Os segundos se arrastavam, parecendo longos minutos torturantes. Finalmente, o primeiro feixe se acendeu, e os participantes gritaram, eufóricos, por não terem sofrido um blackout.
— Bom, será que tem mais algum? — Terrence perguntou, enquanto os participantes se acomodavam novamente em suas posições.
Todos se voltaram para os feixes de luz, mais nervosos do que antes. Eles haviam criado uma estratégia infalível, então o que estava demorando para mais luzes acenderem?
A iluminação onde ocorria a cerimônia voltou a brilhar, mas o único feixe aceso apagou-se abruptamente. Um nervosismo palpável tomou conta de quase todos os presentes. Era a primeira cerimônia deles e, até aquele momento, estava sendo uma grande decepção.
— Foda — murmurou, a crescente chance de falha a tinha deixado pronta para aquele resultado, mas os participantes ao seu redor de encontravam um pouco chocados.
— Devo dizer que estou bem chateado com o desempenho de vocês — Terrence falou, virando-se para os participantes. — O lado positivo é que vocês estão a nove semanas da última cerimônia, mas também a nove casais do prêmio.
Os participantes só assentiram, ainda tentando entender onde haviam errado.
— Espero que, na próxima semana, vocês mantenham a luz acesa e façam mais feixes subirem. Podem ir.
Os participantes saíram em silêncio, sem dizer uma palavra, e o clima tenso os acompanhou até quase a casa.
— É isso que acontece quando você tenta planejar uma estratégia que não se encaixa nesse tipo de jogo. — foi a primeira a quebrar o silêncio, com um tom mais crítico.
Ela não queria apontar dedos e gritar um “eu te disse’’, mas eles precisavam urgentemente mudar de rota e escolher uma estratégia boa.
— Eu não me importo com a estratégia, porque eu e o somos o par ideal daquele feixe que acendeu — Camille murmurou com um tom de obviedade, mas apenas revirou os olhos.
Aparentemente, Camille tinha um dom muito bom em ser inconveniente. O olhar dos outros participantes se fixou nela, afinal não estavam em um jogo independente.
— Primeira coisa: você não sabe se vocês são realmente um par ideal ou não. — A morena parou de andar e se virou para encarar Camille. — Segunda coisa: se vocês dois forem o par ideal, você vai precisar da nossa estratégia para ajudar os outros a encontrarem seus pares também. — sorriu de maneira cínica. — Então, querida, eu acho que você deveria se importar com a estratégia.
— Certo, então qual vai ser nossa próxima estratégia? — Jasmine perguntou, e esboçou um sorriso, já com uma ideia em mente.
— Vamos entrar e sentar na sala que eu explico. — enlaçou o braço ao de e continuou caminhando em direção à casa, com os outros participantes a seguindo.
Logo todos estavam sentados na sala, espalhados pelo sofá e pelo tapete. se acomodou no sofá e puxou para seu colo. A morena se ajeitou ali, ignorando o olhar atento de que parecia segui-la desde o fim da cerimônia.
— Eu entendo que é a primeira semana e que pode ser difícil para algumas pessoas se entrosar, mas precisamos começar a conhecer melhor todas as pessoas da casa, aquelas que achamos que podem ser nossos pares ou não — falou, olhando para os presentes. — Precisamos encontrar alguém que nos tire da zona de conforto, uma pessoa que jamais procuraríamos lá fora, mas que de algum modo nos completa.
— Vamos começar discutindo quem achamos que é o par ideal daquele feixe que acendeu hoje — Chloe sugeriu, e alguns assentiram.
— Muitos dos casais aqui não são de fato casais, pois não houve interação real entre a maioria. Um deles pode ser o verdadeiro par ideal, e nós nem desconfiamos disso — Riley falou rapidamente, expressando o que muitos pensavam.
— Riley tem razão, podemos estar apostando no casal errado — ponderou, já refletindo sobre as possibilidades.
— Mas, se apostarmos em um casal que achamos estar junto e os mandarmos para a cabine, e descobrirmos que não são um par ideal, isso pode ser bom. Eles terão a oportunidade de conhecer outras pessoas. — falou, com os olhos fixos em , fazendo com que ela sentisse um leve desconforto. Ela desviou o olhar para um ponto fixo qualquer da casa.
— Nós só temos três casais assim para apostar — Holly murmurou, com a voz baixa. — Marnie e Hunter, Camille e , ou e .
— Certo, então qual deles devemos enviar para a cabine na próxima semana? — Fred perguntou, tentando pensar em uma solução.


girl’s girl¹: 'Garotas para Garotas' são mulheres/meninas/garotas que apoiam umas as outras, valorizam a amizade e adoram tudo o que consideram fazer parte do universo feminino.



Por

Após a conversa do dia anterior, eu não possuía a minha noção se estávamos seguindo na direção correta ou se tínhamos, mais uma vez, fodido com tudo. A ideia de focar em um dos três pares que possuíam uma conexão e mandá-lo para a cabine não era ruim, mas, assim como Riley pontuou, não fazíamos ideia se o feixe de luz era de um deles ou de qualquer outro dos sete pares que sentaram juntos apenas pela estratégia.
Mas eu precisava fazer a minha parte.
e eu éramos um dos três casais e nosso dever era ganhar aquela prova. E, sendo sincera, eu queria ganhar outra prova. A oportunidade de sair de casa e ir passear em Maui, acompanhada de enquanto aproveitamos um dia fora, longe de todas as outras pessoas, não era uma visão ruim. Principalmente que, ao final do dia, poderiam nos mandar para a cabine.
O que não era ruim…
Mas não era o que eu queria.
Não por , obviamente, mas porque parecia que eu ainda tinha muito para viver dentro do programa.
Tinham as festas organizadas pelo programa, eu já tinha assistido as temporada anteriores e elas eram muito boas. Eu precisava criar amizade com mais pessoas. E, não menos importante, eu tinha que falar com sobre o beijo.
Desde que ele me beijou na cozinha e Fred nos interrompeu — coisa que eu não sabia se estava grata ou não —, eu vinha o evitando. Era irônico, já que eu reclamei quando ele quase me beijou e fez isso, mas eu não queria complicar as coisas. Eu só precisava focar em e esquecer o moreno de humor questionável e extremamente gostoso que, por um acaso, já tinha me beijado e possuía um beijo maravilhoso.
Abandonei minhas divagações quando observei que já tínhamos chegado ao espaço onde ocorreria o desafio. A produção nunca nos avisava se a prova usaria lógica, sorte ou físico, e era por isso que todos estávamos com roupas de treino e tênis confortáveis.
Uma longa faixa roxa cortava o chão à nossa frente, Terrence se encontrava a alguns metros de distância, de frente para nós. Não contive a careta ao perceber seus olhos nos analisando, lembrando muito bem do comentário dele na cerimônia das luzes.
Qual era a necessidade dele falar para a casa toda que eu já tinha beijado três pessoas ao longo da semana?!
— Hora do próximo desafio desta semana, estão prontos? — questionou, o tom de voz animado combinava com sua expressão.
Nem parecia o mesmo apresentador que alegou estar chateado com o nosso desempenho na noite passada.
— Para construir uma relação sólida e com futuro, é essencial alinhar seus objetivos com os do seu parceiro. E a prova de hoje, que eu gosto de chamar carinhosamente de "O Tiro Certo", vai testar exatamente isso! — anunciou Terrence com entusiasmo.
Um sorriso escapou dos meus lábios. Os trocadilhos de Terrence sempre eram muito bons. Eu me questionava se ele os treinava por horas ou se eram feitos pela produção.
— O desafio de hoje é para os rapazes. Aqui atrás de mim, temos vários alvos de balões — ele indicou com um gesto as mais de dez estruturas de madeira decoradas com enormes balões coloridos presos nelas. — Cada balão contém um objetivo de vida específico de uma das mulheres desta casa. A missão de vocês é mirar no objetivo que acharem compatível com o seu e disparar suas flechas.
Mordi o lábio, ansiosa. Só conseguia pensar em e torcer para que ele acertasse o balão com o meu objetivo. Quando planejamos que os três casais mais “promissores” deveriam vencer essa prova, imaginamos algo mais… fácil.
Claramente subestimamos Terrence.
— Ao estourar um balão, ele revelará a foto da garota cujo objetivo de vida está representado ali — continuou Terrence, enquanto os homens o ouviam com atenção. — Os três primeiros a acertarem irão ganhar um passeio de casal incrível com a garota da foto. — Ele deu uma pausa teatral, observando a expressão tensa dos participantes. — Vamos lá, rapazes. É hora de atirar!
Os homens caminharam até os tubos com flechas, pegando os arcos espalhados pelo chão e se posicionando atrás da linha demarcada no campo. Com as armas em mãos, eles passaram alguns minutos examinando os alvos, provavelmente tentando adivinhar qual objetivo pertencia a quem ou buscando o de sua potencial parceira.
Meu olhar percorreu algumas das frases acima dos alvos: ser uma coelhinha da Playboy, ter filhos depois dos 30, aprender pole dance, morar de frente para a praia... Algumas delas me fizeram rir baixinho.
— Prontos? — perguntou Terrence, apenas para continuar antes de ouvir qualquer resposta. — Podem começar!
Mike foi o primeiro a disparar. Sua flecha apenas roçou no balão sobre "ser uma coelhinha da Playboy" antes de cair inofensiva no chão. Fred veio em seguida, mas sua flecha nem chegou a sair do arco direito, provocando uma gargalhada minha e de Simone.
Perdi a conta de quantas flechas erraram o alvo, caindo no chão ou parando apenas na metade do campo. O máximo que conseguiam era passar perigosamente perto dos balões, mas nenhum parecia disposto a estourar.
— PORRA, ! QUER QUE EU VÁ AÍ TE MOSTRAR COMO SE FAZ? — gritei, atraindo a atenção de alguns participantes próximos. — Desculpa, é que ele é muito ruim nisso.
As risadas em tom de concordância abafaram o som das flechas. me lançou um olhar por cima do ombro, fazendo uma careta antes de voltar a atenção para o meu alvo. Senti os olhos de fixos em mim e virei na sua direção, encontrando-o me encarando com um sorriso irônico nos lábios.
— Talvez seja porque ele não é o seu par ideal — provocou, a voz carregada de ironia.
— Então você também não é — retruquei, sorrindo de lado. — Nenhum dos dois acertou a merda de um balão.
bufou, virando-se para frente e focando nos alvos.
Meu objetivo era bem óbvio. Qualquer um que soubesse que eu era surfista entenderia que morar de frente para a praia seria um dos meus sonhos. Eu só esperava que isso fosse tão claro para quanto era pra mim.
Parecendo ouvir meus pensamentos, meu coração disparou quando vi o balão estourar e a minha foto aparecer. Meus olhos dispararam na direção de e , notando que ambos não possuíam uma flecha em seus arcos.
Qual deles teria…
— O primeiro a acertar foi ! — anunciou Terrence, enquanto largava o arco e caminhava até ele. — Já temos o nosso primeiro casal. Espero que aproveite o passeio com a .
Fiquei imóvel. Aquilo de fato estava acontecendo?
Eu estava torcendo para que acertasse meu balão e nós dois fôssemos para a cabine da verdade. Uma parte menor — bem menor — imaginava acertando, indo ao passeio comigo e... talvez me beijando de novo. Mas ? Não fazia ideia de como ele tinha acertado. Com toda certeza ele não imaginava que aquele era um desejo de Camille.
Eu quase conseguia visualizar a loira reclamando toda vez que a brisa trazia grãos de areia para dentro de casa.
Provavelmente, só era péssimo de mira mesmo.
Outro balão foi estourado, me trazendo de volta para o desafio que ainda ocorria. Mike exibia um enorme sorriso nos lábios, enquanto o objetivo de ser uma coelhinha agora era acompanhado da foto de Lydia.
— Olha só o destino agindo e juntando um casal da cerimônia das luzes! — brincou Terrence, sorrindo para Mike. — Você sabia que esse era o desejo da Lydia?
— Não tinha certeza, mas suspeitei.
— Então sua escolha de objetivo foi proposital? — Mike apenas assentiu.
— Você acha que vocês dois podem ser o casal dono daquele feixe de luz?
— Quem sabe? — respondeu com um sorriso de lado.
Terrence assentiu, satisfeito.
Os homens retomaram o desafio, mas só precisávamos que mais um acertasse o balão. E o felizardo foi Hunter, que não tardou ao ver sua flecha estourar o balão marcado com o objetivo de tornar-se escritora. A foto de Marnie surgiu, e ele abriu um sorriso. Eu sabia que ele tinha mirado de propósito.
Um suspiro aliviado escapou de meus lábios, pelo menos um dos casais escolhido conseguiu vencer o desafio, poderia ter sido pior. Eu só esperava que eles votassem no par correto, seria burrice não mandarem Marnie e Hunter para a cabine.
— Antes de mais nada, parabéns a todos os casais! — declarou Terrence, seus olhos passeando pelos casais que ganharam o desafio. — Vocês conquistaram um passeio romântico pela cidade, com direito a bares incríveis e pontos históricos.
Sorri, animada.
A energia da casa era boa, mas a oportunidade de passear pelo Havaí me cativava completamente. O primeiro passeio tinha sido bem legal, e eu não duvidava nada de que esse poderia ser ainda melhor.
Afinal, depois de e , era o homem que eu mais tinha conversado. E eu gostava dele, seu jeito tímido era estranhamente fofo.
— Agora, para quem vai ficar na casa, há uma missão importante. Vocês precisam votar em um dos casais para ir à cabine da verdade. Como a cabine é o único jeito de confirmar um par ideal, espero que escolham com sabedoria. Nos vemos amanhã para o resultado!
Assim que Terrence se afastou, Camille apareceu ao meu lado, com os braços cruzados e um olhar de poucos amigos. Se estivéssemos em um desenho animado, eu apostaria que teria fumaça escapando de seu ouvido.
— Você não vai nesse passeio.
Inclinei a cabeça, surpresa pela ousadia. Um sorriso descrente nascendo em meus lábios.
— Ah, é? — retruquei, encarando-a.
— Posso saber o motivo? — cruzei os braços imitando sua posição.
— Eu não vou deixar você sair dessa casa para ir a um encontro com o meu par — ri descrente enquanto balançava a cabeça negativamente, não acreditando na idiotice da loira.
— Que bom que você não manda em porra nenhuma aqui. — pisquei, rindo ao ver Camille perder o controle que eu sequer acreditava que ela possuía. — Acho que se ele fosse realmente o seu par, ele saberia qual o seu objetivo de vida.
Tombei a cabeça para o lado, observando atentamente o rosto da loira tornar-se tão vermelho como um tomate enquanto seus olhos estavam tão arregalados, que eu não duvidava que poderiam saltar para fora de seu rosto.
— QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA FALAR UMA COISA DESSAS?! — O descontrole da loira estava evidente e apareceu, afastando Camille com uma mão e segurando em meu pulso, tirando-me dali. — EU QUERO SABER O MOTIVO DE VOCÊ ESTAR DANDO ATENÇÃO PARA ELA E NÃO PARA MIM, É TUDO CULPA DELE.
— Camille, a não é obrigada a aturar isso. — Escutei a voz de e virei a cabeça para trás, sorrindo na direção do moreno. — Foi você quem começou isso.
A mão de pousou no final da minha coluna, me incentivando a caminhar para longe de Camille.
— É incrível como todo mundo fica do lado dela, ela está errada. — rebateu, cruzando os braços na frente do corpo de maneira infantil.
— A única pessoa errada aqui é você — respondeu e eu ri, virando a cabeça na direção dele e lhe dando uma piscadela. — Se você estivesse certa, acredito que estaria saindo daqui com você.
Voltei a olhar para frente, seguindo o caminho que nos levava. Logo vi os fundos da casa, mas franzi o cenho ao ver que não seguiu para lá, e sim para um caminho de pedras próximo dali, deixando-me confusa.
Eu não fazia ideia de para onde estávamos indo.
— Onde vamos? — perguntei enquanto nossos passos nos afastavam ainda mais da parte traseira da casa.
— Você nunca veio aqui?
— Não se responde uma pergunta com outra — rebati, a obviedade presente em meu tom.
— Tem um lago aqui, é muito bonito — respondeu à minha pergunta, e eu sorri. — Quase ninguém vem, mas é realmente lindo.
— Realmente — murmurei ao avistar o pequeno lago à nossa frente.
— Sempre venho aqui quando quero pensar. — sentou-se no banco de pedra, de frente para o lago, e me encarou com um sorriso nos lábios, batendo de leve no espaço ao seu lado.
— Acho que vou começar a fazer isso também. — Ri fraco ao me sentar no espaço vago, com os olhos fixos na água serena.
— Me desculpe pelo comportamento da Camille — falou depois de um suspiro profundo.
— Você não precisa se desculpar por ela. — Virei o rosto, fixando meu olhar no dele. — Não é como se você soubesse que aquele balão era o meu objetivo. — Sorri de lado, e ele desviou o olhar para o lago, deixando que um silêncio agradável se formasse.
— Camille sabe que você vem aqui para relaxar? — perguntei após alguns instantes de silêncio.
— Sabe, sim — respondeu, voltando a me encarar.
Fiz uma careta, não queria receber outro ataque gratuito de Camille.
— Vou indo, então. — Sorri sem mostrar os dentes e me levantei. — Até amanhã.
Segui pelo pequeno caminho de pedras e logo avistei os fundos da casa. Apressei os passos, voltando pelo trajeto até o quintal, onde me sentei em uma das espreguiçadeiras para tirar o tênis. Deixei o calçado ao lado, levantei e tirei a calça de ginástica antes de pular na piscina. A água me envolveu, e fiquei submersa por longos minutos.
— Pensei que tivesse morrido. — A voz debochada de Simone soou quando emergi. Ela estava deitada na espreguiçadeira, me olhando com um sorriso divertido.
— Acho que esse seria o sonho da Camille. — Ri ao ver a careta que Simone fez ao ouvir o nome da loira.
— Não fale o nome dela, senão ela aparece aqui e surta de novo. — Simone fingiu sussurrar, arrancando mais uma risada de mim. — Que tal uma festa hoje?
— Quem deu a ideia? Adorei. — Nadei até a beirada e me apoiei ali, encarando a morena.
— A casa. — Arregalei os olhos, e ela riu. — Festa neon, gata.
— Não acho que tenha um look para isso. — Franzi o cenho, pensando em todas as roupas que tinha levado.
— Não se preocupe, a produção vai cuidar disso. — Sorri e apenas concordei com a cabeça.
Uma festa era tudo o que eu precisava.
— Espero que seja legal.
— Não se preocupe, , nós faremos ser. — Revirou os olhos teatralmente antes de abrir um sorriso malicioso. — Só me responda uma coisa.
— Claro. — Deitei a cabeça nos braços enquanto ela me encarava com o sorriso de uma criança atentada.
— Qual dos dois você vai pegar hoje? — Simone riu da minha expressão enquanto eu engolia em seco. — ou ?
Não precisei pensar muito para saber qual era a melhor resposta para aquela pergunta.
— Nenhum dos dois. — murmurei, mas ela riu outra vez.
— Hm, então vai ser o garoto do passeio de amanhã? — provocou, e eu rolei os olhos.
Minha mente, tão perturbada quanto Simone, não demorou a criar a imagem de e eu nos beijando, o que despertou em mim um sentimento desconhecido.
— Você é insuportável — resmunguei, mas ela apenas deu de ombros.
me diz isso todo dia. — Piscou marota, arrancando um bufar de mim. — Se eu fosse você, pegava logo os três.
— Na festa? — murmurei, ainda descrente, e ela assentiu com um sorriso arteiro. — A casa iria pegar fogo.
— Achei que esse era o motivo pelo qual nos colocaram aqui. — Sorriu de lado, dando de ombros como se não visse problema nenhum.
— Acho que você está confundindo os reality shows.

— Não sei como esse tipo de roupa não te incomoda — Chloé comentou assim que entrei no quarto separado para nos maquiarmos.
— Eu passo oitenta por cento do tempo usando roupas de banho, já me acostumei. — Dei de ombros, caminhando até uma penteadeira vazia e me sentando, depositando ali minhas maquiagens. Encarei meu reflexo e passei os dedos pelo tecido transparente do body neon rosa que eu vestia, com um biquíni da mesma cor estrategicamente cobrindo apenas o necessário. — Me sinto mais confiante usando algo assim.
— Igual uma obra de arte viva. — Simone arqueou uma sobrancelha, abrindo um sorriso enquanto as outras riam.
— Ou uma vulgar — Camille levantou da sua penteadeira, parando atrás do meu espelho e sorrindo com deboche.
não parece se importar com o que eu uso ou deixo de usar — repliquei com um sorriso igualmente irônico.
Camille fechou a expressão no mesmo instante, apoiando-se no topo da penteadeira e inclinando o corpo por cima do móvel, aproximando-se perigosamente do meu rosto. Suas unhas pintadas de vermelho cravaram na madeira polida enquanto seus olhos me encaravam com uma fúria mal contida, como se ela estivesse à beira de explodir.
— Não quero ouvir você dizendo o nome dele — apontou um dedo acusador para mim.
Empurrei sua mão para longe do meu rosto, desejando poder afastá-la com a mesma facilidade com que espantavam os mosquitos. No fundo, não deveria ser muito diferente, considerando que ambos eram igualmente irritantes e impertinentes.
— Eu não estou tentando roubar o seu par ideal. Mas, se continuar enchendo a porra do meu saco, eu mudo de ideia rapidinho. — Devolvi o sorriso sarcástico e voltei minha atenção para o espelho.
— Ridícula — murmurou entre os dentes.
— Igualmente. — respondi com um sorriso doce, ajustando o biquíni no espelho. — Aproveita enquanto o ainda te considera uma opção.— Ouvi Camille bufar alto antes de sair do quarto batendo os saltos no chão.
Eu não queria revidar na mesma moeda e alimentar o joguinho dela, mas paciência nunca foi exatamente o meu ponto forte. Tudo tinha um limite, e Camille estava me fazendo cruzar a força o meu.
— Você está interessada no ? — Chelsey perguntou curiosa, cruzando os braços enquanto me observava.
— Alguém consegue não estar? — Lydia retrucou rindo, e concordei com a cabeça sem dizer nada. — Ele é fofo e gostoso, tem coisa melhor?
— Achei que você já estivesse satisfeita ficando com dois dessa casa. — Simone murmurou com falsa indiferença. Peguei a espuma de maquiagem e a joguei contra o rosto dela, arrancando gargalhadas das outras.
Eu sabia que ela estava doida para que descobrissem que eu beijei o , só não compreendia o motivo. Isso é, se tivesse algum.
— Aliás, quem foi o terceiro? — Chloé piscou os olhos azul-claros, fitando-me com falsa inocência.
— Não vou falar sobre isso — murmurei enquanto passava meu batom rosado, evitando seus olhares inquisidores.
— Ela vai pegar ele de novo hoje, aí vocês vão descobrir — Simone falou com um sorriso travesso, devolvendo a espuma que eu tinha jogado nela.
— Eu já disse que não vou ficar com ninguém hoje. — Guardei minhas maquiagens na nécessaire, tentando cortar o assunto.
— Ninguém reparou que ela disse hoje? — Lydia frisou a última palavra, olhando para mim com malícia.
— Vocês são insuportavelmente fofoqueiras — murmurei, mas não contive o sorriso que puxou o canto dos meus lábios.
Tirando Camille, nossas interações eram leves e, quase sempre, extremamente divertidas. Estávamos apenas no oitavo dia, mas eu já as considerava minhas amigas.
— Vamos descer logo, os caras já estão na festa faz um tempinho — Chloé falou, ajeitando o vestido justo.
— Quero só ver o babando quando te ver assim. — Simone sussurrou ao se aproximar, enlaçando nossos braços e rindo, me arrastando para fora do quarto.
Do corredor já era possível ouvir a música animada que reverberava pela casa. Descemos as escadas com cuidado, os degraus iluminados apenas pela luz negra que fazia nossos trajes neon brilharem ainda mais. Simone avistou a mesa de bebidas e me levou até lá, me entregando um copo cheio enquanto eu procurava com o olhar.
— Cadê o seu loirinho? — Simone perguntou ao me ver franzir o cenho.
— Não sei — murmurei antes de bebericar o líquido do copo. Meu rosto se contorceu com o gosto forte. — Vodka pura?
— É o necessário pra te dar coragem. Sem ele por aqui, você não precisa escolher, é só beijar o . — Simone riu, cheia de malícia.
Meu estômago revirou ao ver o moreno virar na nossa direção, com um sorriso tão desarmante que fez minha respiração falhar. Porra, como eu não tinha notado que ele estava ali?
Como é mesmo o ditado?
É só falar no diabo, que ele aparece.
— Me beijar? — sorriu de lado, os olhos brilhando enquanto se aproximava. Engoli em seco, tentando manter a compostura, mas virei o restante do líquido de uma vez, sentindo a vodka arder na garganta.
— É hora de dar tchau — Simone falou, um sorriso travesso no rosto, revezando o olhar entre mim e .
— Então você quer me beijar? — o moreno perguntou, sua voz carregada de desafio conforme ele se aproximava mais.
— Simone quem disse isso — murmurei, tentando soar casual.
Eu queria sim beijá-lo, mas não admitiria isso, não ali, no meio da sala cheia, sem saber onde caralhos estava ou se ele poderia aparecer a qualquer momento. O beijo com na cozinha havia sido maravilhoso, mas a voz da razão — que eu estava quase tentada a ignorar — me dizia que era melhor não repetir.
A melhor maneira de sair dessa sem mais confusão era colocar a culpa da frase toda em Simone, o que não era exatamente mentira, já que foi ela quem a soltou. Eu apenas tinha dado uma resposta na mesma moeda, e isso me dava a desculpa perfeita para não ceder à tentação.
— Simone não mente. — Ele deu um sorriso que fez meu coração bater mais rápido e fixou o olhar em meus lábios. — Então você não quer me beijar?
— Não. — Mordi o lábio inferior, sentindo a tensão crescer enquanto encurtava ainda mais a distância entre nós, pousando sua mão firme em minha cintura.
— Mas eu quero te beijar. — Suas palavras vieram baixas, mas carregadas de intenção.
Mordi o lábio novamente e sorri, cruzando os braços ao redor de seu pescoço, deixando nossos lábios perigosamente próximos.
— Eu não devo te beijar. Vou sair em um encontro amanhã. — Soprei as palavras contra seus lábios, afastando-me logo em seguida, rindo ao ver sua expressão se fechar em frustração.
— Você não devia usar minhas palavras contra mim — ele murmurou, visivelmente descontente, e eu apenas dei de ombros.
— E você não deveria me dizer o que fazer — respondi com um piscar de olhos provocador, pegando o copo que estava em sua mão e saindo de perto dele.
era uma tentação ambulante, e ficar perto dele só me fazia querer beijá-lo novamente, o que só bagunçaria ainda mais o jogo. Eu sabia que, com ele tão perto, minha resistência iria falhar em algum momento. Não sabia se tinha o autocontrole necessário para não agarrá-lo, e era exatamente por isso que vinha evitando sua presença desde o momento em que Fred nos encontrou na cozinha. Cada vez que ele estava ao meu alcance, a tentação ficava mais difícil de resistir, e eu não estava pronta para lidar com as consequências disso.
— Que tal você me explicar por que não beijou o ? — Simone questionou assim que me aproximei novamente, a curiosidade brilhando em seus olhos.
— Porque eu não quis.
Mentira.
— Eu sei que ele beija bem, então nem tente dizer que o beijo é o problema. — Simone riu enquanto fazia sua típica expressão de desconfiança.
— É uma festa, Simone. Quero dançar, beber e me divertir. — Virei o restante do copo de em um único gole, fazendo uma careta com o ardor da tequila.
— Você pode dançar, beber e se divertir com o . Parece um pacote completo. — Ela arqueou uma sobrancelha, rindo da minha careta.
— Prefiro fazer isso com você. — murmurei, piscando para ela com um sorriso sincero. Simone apenas retribuiu. — Agora, se me der licença, vou pegar outra coisa para beber.
Caminhei até a mesa com as bebidas, mas uma música ainda mais animada começou a tocar, e um impulso tomou conta de mim. Soltei um grito de empolgação e mudei o trajeto, subindo na mesa vazia perto de Simone. Fechei os olhos, deixando a batida tomar conta, e comecei a me mover no ritmo da música, rebolando com confiança. Minhas mãos dançavam junto comigo, ora desenhando movimentos no ar, ora percorrendo meu próprio corpo, enquanto eu me deixava levar pelo momento, completamente entregue à energia da festa.

Sentei na beirada da mesa de bebidas e peguei a garrafa de vodka, bebendo o resto do líquido que tinha. Coloquei a garrafa na mesa e encarei a sala escura, vendo boa parte das pessoas juntas como casal.
— Sabe, nós podíamos estar nos beijando igual a Simone e o Mike. — falou ao posar as mãos em minha coxa.
Dei um pequeno sobressalto, eu sequer o tinha visto se aproximando.
— Mike? — murmurei confusa, eu não podia estar bêbada ao ponto de estar confundindo os homens. — Pensei que ela estava ficando com o Fred.
— E ela estava. — O moreno deu de ombros e eu ri, afastando um pouco as pernas para que ele se acomodasse entre elas, coisa que ele fez rapidamente. — Mas parece que a coisa com o Mike está mais quente agora.
Eu ri, desconcertada com a situação. Era estranho como ele tinha esse efeito sobre mim — me deixava ao mesmo tempo curiosa e confusa. Eu não sabia aonde aquilo daria, mas a bebida em meu sangue não me deixava preocupar. Talvez fosse isso o que eu quisesse: não me preocupar. Só me entregar ao momento, sem pensar nas consequências.
Mas sabia que, lá no fundo, as coisas nunca eram tão simples. O sorriso de era uma promessa de algo imprevisível, algo que poderia mudar tudo. E, mesmo assim, eu não conseguia parar de querer mais.
— Então, é isso? Estamos competindo por quem? — perguntei, tentando mudar o tom da conversa.
apenas sorriu de volta, estreitando os olhos. Não respondeu, mas a maneira como se aproximou mais me fez sentir que as coisas estavam longe de ser apenas uma brincadeira.
— Acho que eu não tive a chance de falar, mas você está gostosa pra caralho nessa roupa.
Certo, então iríamos para esse lado.
— Sabe, eu fico ainda melhor sem elas. — Sorri maliciosamente, segurando nos ombros de em busca de aproximar ainda mais nossos corpos.
— Você não devia falar essas coisas se não vai nem me beijar — murmurou , e eu ri baixinho, o som saindo quase como um suspiro.
— Eu já falei que você não deveria dizer o que eu devo ou não fazer. — Aproximei ainda mais nossos rostos, nossos corpos quase se tocando. — Você disse que eu não deveria beijar o , pois eu iria ter um encontro com o Ryan.
— E mesmo assim você beijou. — Ele sorriu de canto, e eu concordei com a cabeça, colando nossas testas e fixando meu olhar em seus lábios, agora quase irresistíveis.
— Então não vejo motivos para não te beijar. — Sorri de forma travessa e, antes que ele pudesse responder, envolvi seus ombros com meus braços, puxando-o para mais perto, selando nossos lábios em um beijo afobado e ardente.
Minha mão deslizou por seus cabelos, tateando-os com urgência, enquanto a outra viajava sua nuca, arranhando sua pele suavemente, fazendo-o suspirar contra minha boca. respondeu imediatamente, segurando minha cintura com firmeza, a outra mão explorando meu corpo com um toque provocador.
O beijo se aprofundou, nossos corpos se movendo em sintonia, como se o mundo ao nosso redor não existisse mais. A sensação de calor e desejo crescia dentro de mim, tornando todo o resto irrelevante.
Eu arqueei o pescoço, permitindo que os beijos de me tomassem, cada toque quente e urgente de seus lábios fazendo meu corpo reagir de uma forma que eu não podia controlar. O calor no meu peito se espalhou rapidamente, e a linha entre o que eu queria e o que deveria fazer ficou ainda mais borrada.
Eu não tinha visto a festa inteira, agora eu só rezava para que ele não escolhesse esse momento para aparecer.
... — murmurei, sentindo uma onda de desejo me invadir. Mas a palavra ficou suspensa nos meus lábios, enquanto ele movia a mão para o meu pescoço, o toque de seus dedos delicado, mas carregado de intenção.
— Não resiste — ele sussurrou, a voz baixa e rouca. Seus lábios desceram até o meu ombro, a respiração quente fazendo cada centímetro da minha pele arder. — Você sabe que isso é inevitável.
Eu não sabia mais se estava jogando ou se estava completamente perdida nesse jogo. Mas a verdade era que, naquele momento, eu não me importava.
— Que tal irmos para um lugar mais calmo?
arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso com a minha sugestão.
— Sério? — Ele parecia descrente, mas ao mesmo tempo, interessado.
Eu apenas concordei com a cabeça, me afastando da mesa com a ajuda dele. Ele não perdeu tempo e subiu as escadas praticamente correndo.
Ri sozinha, observando sua pressa, antes de lançar um último olhar pela sala. Todos estavam ocupados com seus pares, e, sem mais hesitar, comecei a subir as escadas. Se ele for tão bom na cama quanto é irônico e debochado, eu ganhei na megasena.
Caminhei pelo corredor, sentindo uma estranha sensação de quietude, já que não via ninguém por ali. A noite estava se arrastando, e a tensão no ar só aumentava. Dei uma batidinha suave na porta do quarto individual, o famoso quartinho do amor, e a abri logo em seguida. Um sorriso escapou dos meus lábios ao ver sentado na ponta da cama, usando apenas a calça jeans, a visão de seu corpo musculoso e imponente imediatamente me deixando sem fôlego.
Ele me olhou, um sorriso travesso brincando em seu rosto, e eu não pude deixar de perceber a maneira como seus olhos faiscavam com desejo. Sem dizer uma palavra, entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim com um clique suave. Tirei os saltos com os pés, sentindo o alívio imediato, antes de caminhar até ele, meus passos calculados, mas ao mesmo tempo, impetuosos.
Parei de frente para , abrindo um sorriso malicioso antes de tirar o body transparente — não que ele fizesse muita diferença —, o sutiã foi a segunda peça que eu me desfiz, observando o brilho faminto nos olhos de ao observar meus seios nus.
— Puta que pariu! — A exclamação soou alta enquanto me puxava para o seu colo. — Você consegue ser ainda mais gostosa sem roupa.
Acomodei-me melhor em seu colo, sentindo sua ereção pressionar minha boceta. Enlacei minhas pernas em suas costas e embrenhou a mão em meus cabelos puxando-os para trás, deixando meu pescoço exposto. Gemi baixo no momento que seus lábios começaram a passear pela minha pele, distribuindo beijos e mordidas. Rebolei em seu colo quando sua boca desceu para meu seio, sugando o mamilo rijo.
A mão de apertou fortemente minha cintura, em uma falha tentativa de parar o movimento dos meus quadris.
— Não faz isso, — falou em um sopro.
Seus lábios voltaram o meu mamilo, mordiscando-o, me fazendo rebolar involuntariamente em seu colo.
— Ou então eu vou te foder agora mesmo. — A frase era tão convidativa que não me parecia uma punição.
— Você fala isso como se fosse algo ruim. — Rebolei novamente e aumentou o aperto em meus cabelos. — Ou como se fosse algo que eu não quero…
O desejo faiscou ainda mais forte em seus olhos e um sorriso predatório dominou seus lábios.
— Segure firme.
apoiou as duas mãos firmemente em minha bunda, me sustentando enquanto me levantava da cama. Com um movimento ágil, virou-se, desenlaçando minhas pernas de sua cintura e me deitou suavemente sobre a cama.
Suas mãos correram para sua calça, despindo-se dela em conjunto com a sua cueca, e me dando total visão de seu pau. Mordi o lábio enquanto encarava toda a sua extensão.
Puta que pariu, eu não via a hora de sentí-lo dentro de mim.
— Se você soubesse o quanto me enlouquece quando morde os lábios, você pararia de fazer isso — falou, com o olhar fixo nos meus lábios, e eu sorri, divertida.
— Ou talvez eu fizesse isso ainda mais. — Mordi o lábio novamente, sorrindo satisfeita ao ver o homem respirar fundo, soltando um xingamento baixo.
— Então, você teria que arcar com as consequências — murmurou e abriu uma gaveta do criado mudo, tirando uma camisinha dali e balançando-a em minha direção.
— E quais seriam? — questionei, meus olhos acompanhando-o enquanto colocava a camisinha.
— Você já vai descobrir
Seus olhos se fixaram em mim de maneira intensa, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Ele voltou para a cama, ocupando o espaço entre minhas pernas. Sem dizer uma palavra, ele se inclinou para me beijar, suas mãos acariciando meus braços antes de me puxar para mais perto dele.
Enlacei minhas pernas ao redor da cintura de , e com um leve movimento de quadril, nos aproximamos ainda mais. Ele colocou uma das mãos em meu cabelo, enquanto a outra provocava meu mamilo rijo, me fazendo arfar quando o beijo se aprofundou. Eu desci minha mão até seu pau, começando a masturbá-lo enquanto seus olhos me devoravam.
De repente, um barulho na porta me fez parar. Antes que eu pudesse reagir, puxou o edredom, cobrindo-nos rapidamente e deixando apenas sua cabeça visível. O som da porta se abrindo me fez morder o lábio involuntariamente.
Isso parecia a porra de um sinal do universo para que nos não fodessemos com tudo.
Literalmente.
— Pensei que estava vazio, desculpa aí. — Escutei a voz de Mike.
— Sem problemas — respondeu, e eu notei que ele já não estava tão animado quanto antes. Maldita hora que eu não fechei a porra da porta.
— Se você ver a por aí, fala que eu tô procurando. — O tom embriagado de Simone invadiu o quarto, e eu mordi o interior da bochecha.
Eu tinha certeza que ela simplesmente sabia que era eu ali. Afinal, quem mais seria?
— Não sei se vou achá-la — murmurou, e Simone soltou uma risada.
— Tá bom. Boa noite para você e sua parceira misteriosa. — Ela riu novamente, e logo em seguida, ouvi o som da porta se fechando.
cobriu a cabeça com o edredom, e ficamos em silêncio por um tempo, apenas nos encarando. O moreno coçou a nuca e mordeu o lábio inferior, desviando o olhar para os meus seios antes de voltar a me encarar.
— É um golpe baixo você morder os lábios também. — Quebrei o silêncio, e soltou uma risada abafada.
— Acho que Simone quebrou o clima — murmurou enquanto bagunçava os cabelos. — Mas o engraçado é que ela passou o dia inteiro me enchendo para que eu ficasse com você.
— E quando finalmente estávamos ficando, ela aparece e atrapalha. — Eu ri, me deitando ao seu lado e descobrindo nossas cabeças. — Ela também ficou me enchendo o saco com isso.
— Ainda temos muitas noites para fazer isso acontecer. — Ele segurou meu rosto com uma das mãos e selou nossos lábios rapidamente, com uma leve pressão.
— Acho melhor nos vestir e sair daqui antes que outro casal apareça — murmurei, e concordou com a cabeça.
Levantei-me da cama e comecei a me vestir novamente, colocando o top neon e o body com cuidado, sentindo o olhar de queimando meu corpo enquanto eu me movimentava lentamente. Cada movimento parecia uma forma de provocá-lo ainda mais.
— Da próxima vez, tranque a porta. — falou, com um sorriso brincalhão, observando cada gesto meu.
Arqueei uma sobrancelha e joguei uma das almofadas em seu rosto.
— Boa noite para você também. — Escutei sua voz suavemente antes de fechar a porta atrás de mim.


Por

Já estávamos na estrada há um bom tempo, mas o céu lá fora permanecia em um tom escuro de azul, sem nenhum sinal do sol que costumava iluminar aquela região. O motorista seguia em silêncio, concentrado, enquanto eu observava a paisagem do parque nacional que tínhamos adentrado minutos atrás. O silêncio do carro era preenchido apenas pelo som suave da respiração de , que dormia com a cabeça apoiada em meu ombro.
— A gente devia mesmo estar subindo um morro? — Sua voz, baixa e rouca pelo sono, soou perigosamente perto do meu ouvido.
Virei o rosto para encará-la. piscava lentamente, tentando focar o olhar na estrada sinuosa à nossa frente.
— Sim, estamos indo para o topo — respondi casualmente.
Ela resmungou algo incompreensível, os olhos semicerrados fixos no horizonte.
— E não é um morro, é um vulcão — completei.
Os olhos dela se arregalaram instantaneamente e seu corpo pulou para o outro lado do banco, qualquer resquício de sono parecendo sumir no mesmo instante.
— VULCÃO? — gritou, o tom estridente reverberando dentro do carro. Fui pego de surpresa, mas prendi o riso, apenas confirmando com a cabeça.
— E qual a maldita razão para estarmos subindo? — Seus olhos me analisavam intensamente, e por um momento achei que ela fosse me furar com o olhar.
Então, como se a resposta tivesse sido sussurrada em seus ouvidos, seus olhos se arregalaram ainda mais, e ela completou em um sussurro dramático:
— Ai meu Deus, Camille te convenceu a me usar como oferenda. Isso é um plano para se livrarem de mim?
— É o destino do nosso passeio — respondi, tentando manter um tom sério, mas falhando miseravelmente em esconder o sorriso que ameaçava escapar. Sua indignação crescente era cômica.
se virou completamente para mim, o cinto de segurança pressionando-a de lado, como se quisesse me encarar mais de perto. Ela balançou a cabeça, misturando desespero e reprovação com aquele charme inconfundível que só ela tinha.
definitivamente tinha alguns parafusos a menos.
— Pensei que a ideia fosse um passeio romântico, não um tour direto para minha própria morte!
— O vulcão está adormecido, . — A palavra escapou antes que eu pudesse me conter. Seu apelido soando com um apreço maior do que a situação pedia.
Mas, para a minha felicidade, não percebeu. Sua mente ainda estava presa em um único tópico, a formação de rochas a qual nos encontrávamos.
— Adormecido para sempre? — perguntou, piscando os olhos repetidamente enquanto me encarava.
Preferi continuar em silêncio, apenas mantendo nosso contato visual, já que eu não fazia ideia da resposta para a sua pergunta.
— Você nem sabe — choramingou, a voz tornando-se levemente mais fina. — Ele pode acordar agora mesmo.
Antes que eu pudesse responder, o motorista, que até então estava calado, resolveu intervir. Provavelmente em busca de acalmar a mulher ao meu lado.
— Ele está adormecido há muitos anos, senhorita — falou com um tom calmo, olhando-a pelo retrovisor.
ainda não parecia convencida de que o vulcão não era uma ameaça.
— Exatamente por estar adormecido há anos que não é seguro! Vai que ele já cansou de tirar uma soneca? — Ela se inclinou para frente, enfiando-se entre os bancos e encarando o motorista com determinação. Ele apenas ficou em silêncio.
Após alguns segundos de pausa, ela exclamou:
— Viu! Quem cala, consente. — Sua voz ecoou pelo carro. — Não é seguro subir!
Ela voltou ao banco, cruzando os braços de maneira dramática, enquanto eu não conseguia segurar uma risada baixa.
— Não tem graça, . Se ele acordar e me matar, você também vai morrer.
— Ninguém vai morrer hoje, porque o vulcão não vai acordar — afirmei, meu tom transbordando uma confiança que eu não fazia ideia da onde estava saindo.
Ela bufou, formando um bico nos lábios, o que automaticamente prendeu meu olhar por alguns segundos a mais do que o recomendado. Seus lábios carnudos e rosados pareciam absurdamente macios e convidativos, e, antes que eu pudesse me controlar, minha mente já estava fantasiando como seria beijá-la.
Maravilhoso, com certeza.
— Você não pode ter certeza disso. — A voz de irrompeu, cortando meus pensamentos e me ancorando na realidade. Dei um leve sobressalto, a garganta seca denunciando o quanto eu estava perdido em meus próprios devaneios.
Sua fala tinha parecido uma resposta para o pensamento presente em minha mente.
— Tudo bem? — A preocupação em sua voz era genuína, o olhar curioso agora dirigido a mim.
Limpei a garganta, tentando parecer o mais normal possível enquanto assentia com a cabeça.
— Sim, estou bem. — Minha voz soou firme, mas na minha mente ainda ecoava a visão dos lábios dela e o pensamento traiçoeiro que insistia em me distrair.
— Agora não há mais volta. — O motorista estacionou o carro, interrompendo nossa conversa. — Nós chegamos.
segurou minha mão, o que me fez erguer as sobrancelhas. Sua expressão parecia séria, mas a chance de que falasse uma besteira não era nula.
, posso pedir uma coisa?
— Claro.
— Se eu morrer hoje, quero ser enterrada de biquíni. Todo mundo precisa ver o quanto eu sou gostosa. — A seriedade de seu tom não combinava em nada com sua fala e com o brilho de diversão em seus olhos.

Suspirei, mas não consegui conter o sorriso que surgiu em meus lábios.
— Achei que fosse algo sério.
Ela deu de ombros, exibindo um sorriso maroto.
— Mas é sério.
— Você é impossível — respondi, balançando a cabeça enquanto ria baixo.
— Eu sei, obrigada. — Ela piscou para mim e soltou minha mão, apontando para fora. — Agora vamos. O motorista está esperando.
Saímos do carro, e o ar frio da altitude nos envolveu. O motorista nos entregou uma cesta de piquenique, garantindo que voltaria mais tarde para nos buscar. parou ao meu lado, olhando para o vulcão com desconfiança. Suas expressões exageradas e suas falas engraçadinhas pareciam sempre tornavam qualquer situação mais leve, e eu não consegui evitar um sorriso de lado.
— Será que os outros já chegaram? — ela perguntou enquanto caminhávamos, procurando um lugar plano para sentarmos.
— Acho que sim. Nosso carro era o último.
— Você acha estranho estarmos em um encontro quando temos relações com outras pessoas? — Ela lançou um olhar significativo, não precisava ser muito inteligente para entender que ela estava se referindo a Camille.
— E não é essa uma das intenções do programa? — Minha voz soou em um tom risonho, mas a pergunta de me deixou apreensivo.
Será que ela estava achando estranho o nosso encontro?
Tudo bem que quase não tínhamos conversado desde o início do programa, mas também era difícil conseguir algum tempo com ela quando estava sempre ao redor dela.
— Você tem um ponto — respondeu, simplesmente, parecendo não perceber a dúvida que crescia em mim após a sua pergunta. — Você se sente desconfortável de estarmos aqui? Sabe, por causa da Camille?
Eu não precisava pensar na resposta. A loira era muito legal e, talvez, nós fôssemos um par ideal. Mas eu não estava fazendo nada de errado ao sair com naquele encontro.
— Sendo bem sincero, não.
Um sorriso sincero pintou seus lábios e eu não contive a vontade de retribuir o sorriso.
— Eu também não — confidenciou. — Só com frio. Estar acima das nuvens não é exatamente quente, se é que me entende.
Parei de andar, encontrando um local plano onde poderíamos assistir o nascer do sol de forma confortável. me olhou confusa enquanto eu colocava a cesta no chão e tirava meu suéter, entregando-o a ela.
— Você não vai ficar com frio? — ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Neguei com a cabeça, um sorriso sutil se formando em meus lábios.
— Se você ficar, é só me abraçar. Assim dividimos o moletom.
— Tá bom — concordei, mesmo que eu não fosse fazer isso.
Só então aceitou minha oferta, pegando a peça de roupa sem mais discussões. Forrei o chão com a toalha quadriculada, e juntos começamos a organizar as comidas da cesta. A brisa fria da manhã fazia seus cabelos dançarem, e eu precisei desviar o olhar para não encará-la por tempo demais.
Quando tudo estava pronto, ela sentou-se na ponta da toalha, voltada para o horizonte onde o sol logo apareceria. Deu dois toques no espaço ao lado dela, com um sorriso que iluminava tanto quanto o amanhecer prestes a acontecer.
— Sente aqui. O sol já vai nascer.
Sem hesitar, obedeci, acomodando-me no espaço indicado. O ar estava gelado, mas a proximidade de fazia tudo parecer mais quente.
— Sabe, nunca parei para contemplar o nascer do sol — confessei, quase em um sussurro, enquanto observava as nuances de laranja e rosa se espalhando pelo céu.
se virou para mim, os olhos arregalados em uma expressão surpresa exagerada.
— Como assim? Isso deveria ser obrigatório!
Soltei uma risada baixa.
— Nunca pensei muito nisso.
— Antes de vir para cá, eu ia quase todos os dias à praia. Deitava na areia e assistia ao nascer do sol. Me sentia... abençoada. Era como um lembrete de que estar ali, vivendo mais um dia, já era uma vitória.
Sua voz carregava uma honestidade desarmante, e por um instante, fiquei sem palavras.
— Acho que vou começar a assistir ao nascer do sol mais vezes — disse, sorrindo de lado.
Ela sorriu de volta, pegando um par de óculos escuros da cesta e me entregando, não tardando em pegar um para si mesma.
— Aqui, isso vai ajudar.
Coloquei os óculos, e me analisou por um momento antes de soltar um riso suave.
— Ficaram bem em você.
— Obrigado. — Olhei para ela, notando como os óculos escuros realçavam seus traços delicados. — Você está linda com os seus.
Seus lábios se curvaram em um sorriso genuíno, e então, sem aviso, ela inclinou a cabeça, deixando-a descansar no meu ombro. Senti meu coração acelerar, mas não me movi.
O silêncio que se seguiu era confortável, preenchido apenas pelo som suave do vento. Os primeiros raios de sol começaram a surgir, banhando o mundo ao nosso redor com uma luz dourada.
— Parece que estou no topo do mundo — ela murmurou, esticando a mão na direção do sol, como se pudesse tocá-lo.
— Você faz parecer ainda mais especial. — As palavras saíram antes que eu pudesse me impedir, mas não pareceu se importar com o meu comentário emocionado.
Permanecemos ali por longos segundos, apenas observando a beleza que era o sol nascer em territórios havaianos. Eu tinha sérias dúvidas de que fosse tão bonito assim no Canadá. Ou de se eu estaria apreciando tanto se não fosse minha companhia.
— Vamos comer? Estou faminta. Parece que subi esse vulcão a pé — falou, se afastando do meu corpo e se inclinando na direção da pequena disposição de frutas, biscoitos e doces.
Soltei uma risada baixa, balançando a cabeça. Começamos a comer, e mesmo com todas as delícias espalhadas à nossa frente, minha atenção insistia em se dividir entre o nascer do sol e . Seus movimentos eram naturais, descontraídos, mas havia algo quase hipnotizante na forma como ela falava e se movia.
— Sabe, fiquei surpresa que você acertou meu objetivo ontem no jogo — comentou de repente, olhando para mim enquanto pegava um pedaço de fruta.
Engoli em seco, desviando o olhar para o horizonte.
— Foi sorte. Achei que fosse o da Camille.
Mentira, eu sabia muito bem que aquele era o objetivo de .
Eu queria estar ali com ela.
riu, balançando a cabeça como se fosse impossível visualizar a cena.
— Camille na praia? Ela me parece o tipo que ia surtar com o esmalte descascando mais rápido graças ao mar.
O riso dela era contagiante, e logo estávamos os dois rindo, as preocupações e tensões do jogo esquecidas por alguns minutos. Quando nossos olhos se encontraram novamente, percebi que algo havia mudado, mesmo que de forma sutil. A conexão entre nós parecia mais forte, mais presente.
E não consegui conter a dúvida que começava a crescer na minha cabeça. Será que a se sentia do mesmo jeito, ou era coisa da minha cabeça?

O relógio do carro marcava pouco mais de dez quando estacionamos em frente ao restaurante. Saí do veículo e, sem hesitar, permaneci parado próximo a porta, estendendo a mão na direção de para ajudá-la.
— Um perfeito cavalheiro — murmurou, um sorriso pintando seus lábios enquanto ela aceitava minha mão.
— Apenas tentando impressionar — respondi em um tom brincalhão, mas não era mentira.
Observei os outros dois casais que já se encontravam ali e adentramos o Halfway to Hana, sendo acompanhados por eles. Uma recepcionista simpática nos levou até as portas traseiras,
— Preciso que vocês tirem os sapatos e os deixem encostados na parede, por favor.
ergueu uma sobrancelha para mim, claramente surpresa, mas não fez perguntas.
— Será que eles vão nos fazer andar sobre brasas? — sussurrou para mim, baixinho.
— Ou talvez seja um jantar ritualístico. Fique de olho em qualquer coisa suspeita. — Entrei na brincadeira, lutando para não rir alto.
Quando as portas duplas se abriram, meu queixo caiu. A vista era simplesmente deslumbrante: o restaurante dava para o oceano cristalino do Havaí, com uma parte mais baixa em um andar inferior composta por mesas posicionadas em uma pequena piscina natural. O som suave das ondas e a brisa salgada do mar envolviam o ambiente, criando uma atmosfera única.
Descemos as escadas, e eu soltei um palavrão baixinho ao sentir a água gelada contra a pele. Virei-me para ajudar , que parecia maravilhada com a cena.
— Meu Deus... Isso é incrível.
— Nem parece real, né? — comentei, sentindo o mesmo encanto.
— Real ou não, já fez valer a minha participação no programa. — Ela riu baixinho, aceitando minha mão outra vez e se impulsionou para descer, mas logo se encolheu ao pisar na água. — Frio!
Eu segurei sua mão para evitar que ela tropeçasse, e ela apertou os lábios para segurar uma risada.
— Pelo menos não são brasas.
— Mas ainda não descarto o jantar ritualístico — murmurei, arqueando uma sobrancelha.
riu, como se eu fosse a pessoa mais engraçada do mundo, e eu deixei que um sorriso ocupasse meus lábios. Parecia impossível não sorrir quando estávamos juntos.
Sentados à mesa e logo pegamos o cardápio. Diversos pratos eram regionais e, mesmo que eu estivesse curioso para prová-los, eu iria me manter em uma escolha segura.
— Acho que vou pedir o Island White Fish. E você? — perguntei, enquanto deslizava os olhos pelas páginas.
— Provavelmente algo com frango — respondeu. — Eu não como peixe. Sou peixofóbica.
Abaixei o cardápio e olhei para ela, claramente confuso.
Peixofóbica? Acho que isso não existe, — rebati, em um tom brincalhão.
Ela fechou o cardápio com um estalo e me lançou um olhar desafiante.
— Então agora existe. — Um sorriso aberto pintou seus lábios. — Acabei de inventar.
Ri fraco.
— Certo. Mas é medo ou você só não come? Porque, tecnicamente, isso seria ictiofobia.
— Não! — murmurou, ultrajada. — Eu amo peixes, é por isso que eu não como.
— Essa é a razão de você ser peixofóbica então?
— Sim. Quando você passa tanto tempo no mar, começa a respeitar mais as criaturas que vivem nele. É estranho pensar em comê-las, sabe?
Havia algo em sua voz — uma mistura de seriedade e vulnerabilidade — que me fez repensar o tom brincalhão. E me sentir um pouco mal.
— Entendi. Faz sentido. Na verdade, é... admirável.
ergueu os olhos para mim, e, por um instante, fiquei preso naquele olhar. Ela sorriu de lado, como se não soubesse lidar muito bem com o elogio.
— É estranho, né? — disse ela, quebrando o silêncio.
— O quê? Você ter parado de comer peixe? Não, eu de fato acho bem admirável sua sensibilidade em relação a esse assunto. — Os olhos de possuíam um leve brilho de diversão. — Minha irmã mesmo é vegetariana, acho isso muito legal.
— Eu não estava me referindo a isso. Mas… obrigada?
—Ah… Ah! — Agora eu entendia sobre o que ela estava falando. — É, foi uma coincidência muito estranha eu acertar o seu objetivo. Só isso mesmo, uma coincidência. Eu não sabia que era o seu…
Mas desconfiava, completei mentalmente.
— Eu também não estava me referindo a isso. — Sua fala foi seguida por uma risada. — Eu estava me referindo ao Mike e a Lydia.
inclinou levemente a cabeça na direção da mesa a qual os dois se encontravam, e eu fingi me acomodar melhor na cadeira enquanto dirigia o olhar na direção que me indicou.
— O que tem eles?
— Ontem, Mike estava ficando com a Simone. Agora está de mãos dadas com Lydia como se nada tivesse acontecido.
— Talvez ele tenha acertado o balão dela por engano.
Ela riu, mas logo balançou a cabeça.
— Não sei se acredito nisso — murmurou. — Parece que estamos completamente sem direção, seguindo apenas nossas vontades e ignorando a razão maior de estarmos aqui.
Engoli em seco, direcionando meu olhar para o tampo da mesa – que do nada pareceu ser tão interessante – e ignorando o olhar de . Será que ela sabia que eu tinha acertado o seu balão de propósito? Será que ela me julgava por isso?
Mas resolvi não externar essas dúvidas, recorrendo a uma mais geral.
— Você acha que estamos perdidos no jogo? — Voltei a encarar seu rosto.
— Completamente. — Ela apoiou o queixo na mão e suspirou. — Mas sabe o que com o que deveríamos nos preocupar agora?
Neguei com um balançar de cabeça.
— Pedir logo nossos pratos e aproveitarmos nosso dia — respondeu, simplesmente. — Podemos permanecer mais uma tarde perdidos…

Mexi no ombro de , fazendo seu corpo balançar levemente e despertando-a da soneca. Ela piscou algumas vezes, desencostando a cabeça do meu ombro, e olhou ao redor, notando que o carro já estava parado no quintal da casa.
— Nossa, já chegamos? — perguntou, soltando um bocejo enquanto esticava os braços, o olhar ainda meio perdido.
Concordei com a cabeça, abrindo um leve sorriso.
— O caminho de volta é sempre mais curto — comentou, ajeitando o cabelo bagunçado pelo sono.
— Você diz isso porque dormiu metade do caminho — murmurei em tom falso de acusação, saindo do carro e estendendo a mão em sua direção.
esticou mais o corpo, ajeitando o cabelo, antes de aceitar minha mão para sair também.
— Acho que dormi no meio do assunto. Deixei você falando sozinho?
— Dormiu mesmo, mas não se preocupe, eu tive a companhia do motorista — falei de forma casual, fechando a porta do carro.
— Desculpa, eu estava muito cansada.
— Não precisa se preocupar, .
Seguimos em direção à entrada da casa, e soltou um suspiro.
— Estou com fome. Parece que dormir aumentou ainda mais o meu apetite.
tinha decidido comer só uma salada no restaurante, ela falou que as diversas opções de peixe acabaram por tirar seu apetite e eu, obviamente, troquei o meu pedido por outro que não levasse nenhum fruto do mar.
E agora parecia que a fome de tinha chegado com tudo.
Adentramos a cozinha e Camille, que estava ali comendo um cereal, se endireitou, franzindo o olhar na nossa direção.
— Vocês demoraram. — Os olhos de Camille se fixaram em , a encarando dos pés à cabeça. Eu, sinceramente, não entendia toda a implicância que a loira lhe direcionava — A sua cara não parece muito boa, Foster. O encontro não foi bom?
sorriu de canto, cruzando os braços.
— O encontro foi maravilhoso, é ótimo. — Um sorriso sincero me foi direcionado. — E minha cara tá assim porque dormi o caminho todo. Inclusive, você devia tentar isso também. Dizem que ajuda a aliviar o mau humor.
Camille colocou a tigela na bancada com um pouco mais de força do que o necessário, virando-se para encará-la.
— Tá insinuando o quê, exatamente?
manteve o sorriso inocente, mas os olhos brilhavam com provocação.
Eu estava me sentindo um completo intruso ali.
— Eu? Nada. Mas, se quiser, posso te passar uma lista do que fazer pra aliviar o estresse.
Camille bufou alto, pegando a tigela e saindo da cozinha com passos duros. riu, e sua risada era baixa, cheia de triunfo.
— Você tem um jeito especial de transformar uma faísca em incêndio. — Me virei para , que não parecia em nada afetada com a conversa. — Você gosta de provocar.
— Ela facilita demais — respondeu, seguindo até a geladeira — Mas, sinceramente, acho que ela só tá com ciúmes de você.
Franzi a testa, surpreso. Aquilo que falava não tinha o mínimo sentido. Nunca dei motivos para que Camille precisasse agir daquele jeito.
— Ciúmes? De mim?
— É óbvio. Você nunca percebeu? — ela deixou o copo na pia, me lançando um olhar curioso.
Neguei com a cabeça, e ela riu, balançando a cabeça em descrença.
— Homens…
Permaneci alguns segundos ali, simplesmente parado, enquanto minha mente tentava entender a razão pela qual Camille tinha ciúmes de mim.

Entrei na sala e notei que boa parte dos participantes já estavam ali. Camille me lançou um olhar magoado do outro lado da sala, mas segui em frente, parando atrás do sofá onde estava sentada em um dos bancos.
Ela virou-se para me olhar, um sorriso no rosto.
— Parece que causei problemas no paraíso. — Sua voz soou baixa, uma leve inclinação de cabeça na direção de Camille me informou sobre o que se referia.
— Não é sua culpa — murmurei. — Acho que Camille só está um pouco chateada por não termos ido junto no passeio.
Em partes, eu entendia a frustração da loira e não a julgaria se ela não quisesse mais falar comigo. Tínhamos sentado juntos na primeira cerimônia e trocado dois beijos – além de Camille achar que éramos um par ideal –, mas não tínhamos nada.
Não deveria ser um problema que fosse em um encontro comigo.
— Boa noite, pessoal! — Terrence nos cumprimentou ao entrar na sala, acabando com o nosso assunto.
Os poucos participantes que ainda não estavam na sala correram para o cômodo, se acomodando rapidamente enquanto o apresentador esperava. Quanto todos já estavam ali, Terrence voltou a falar:
— Marnie e Hunter, como foi ir ao encontro com quem vocês acreditam que é seu par ideal?
— Ótimo! — foi Hunter quem respondeu.
Lydia ergueu uma mão, como se quisesse acrescentar algo.
— Sem querer roubar os holofotes, mas eu e Mike ficamos juntos na cerimônia, então, se essa luz não for do Hunter e da Marnie, pode ser minha e do meu par.
Terrence acenou com a cabeça, registrando algo no tablet. Em seguida, seus olhos fixaram-se em mim e na mulher à minha frente.
, como foi a sua experiência com o quarto homem?
Ela sustentou o olhar sem hesitar.
— Foi ótima. Estou no jogo para conhecer as pessoas, não é mesmo? Preciso me relacionar com todas elas, independente de ser no sentido amoroso ou não.
— Parece que certa participante não gostou do fato de você ter saído com o parceiro dela. — Terrence alfinetou, alternando o olhar entre e Camille.
abriu um sorriso que misturava ironia e provocação.
— Ela deve estar com medo de perder . Se eu fosse ela, também estaria.
Assovios e palmas soaram pelo sala, o rosto pálido de Camille assumindo um tom avermelhado tão forte, que me preocupei com ela.
— O que você quis dizer com isso, garota? — Camille levantou-se do sofá, o rosto rubro de raiva, os braços cruzados defensivamente.
— Que parece ser um ótimo partido. Eu também não gostaria de perdê-lo para outra…
Terrence, sempre atento ao drama, aproveitou a tensão.
— Vamos deixar o clima mais leve e falar sobre o verdadeiro motivo de vocês estarem aqui. — Ele mexeu no tablet, e as fotos dos três casais que participaram do passeio surgiram na tela da televisão. — Como sabem, a cabine da verdade é o único jeito de descobrir se são um par ideal. Se forem um par ideal, vocês deixam a casa imediatamente para a lua de mel, voltando apenas na cerimônia das luzes, onde um feixe já estará aceso representando vocês
Ele pausou por um momento, como se saboreasse o suspense.
— Prontos para saber quem foi o casal mais votado?
Com outro toque na tela, a imagem de Marnie e Hunter tomou conta da televisão. Os dois se levantaram, deram as mãos e saíram da sala, rumo à cabine da verdade.
O silêncio tomou conta do ambiente, exceto pelo som do pé de batendo repetidamente no chão.
— O caminho até essa merda deve ser muito longe, eles estão demorando uma década — murmurou, a ansiedade evidente.
— Eu já roí todas as minhas unhas. — Lydia comentou, arrancando risos baixos dos participantes.
Terrence quebrou a tensão com um sorriso que quase o assemelhava ao coringa. Aquele apresentador era um pouco sádico.
— Eles já estão na cabine, pessoal.
apertou minha mão com força, o ritmo de seu pé aumentando a cada segundo. O silêncio voltou, pesado e sufocante, até que a tela finalmente exibiu a faixa de resultado.
O “Par Incompatível” piscou em letras garrafais, e o som da sala foi substituído por um coro de gritos e xingamentos. soltou minha mão abruptamente, murmurando um baixo “o quê?” que apenas eu consegui ouvir.
Sua expressão era uma mistura de descrença e decepção, enquanto ao nosso redor a sala explodia em caos.
Parecíamos cada dia mais longe de conseguir aquele prêmio…




Continua...


Qual o seu personagem favorito?


Nota da autora: Feliz natal e feliz ano novo adiantado pra vocês! Obrigada por todo mundo que ainda lê AYTO e quem deu uma nova chance pro meu xodô. 2025 vai ser um próspero ano pra essa fic e iremos finalizá-la!!!
*Obs: existem duas shortfics no universo de AYTO e são elas Can I Be The One com a e o e Let Me Be The One com a e o ...

Confira minhas outras fanfics:
A Week In Bali [Liam Payne — Restritas — Shortfic]
Cold Sparks [Originais — Restritas — Shortfic]
Endless Winter [Mitologia — Restritas — Longfic]
Flames of Redemption [Mitologia — Restritas — Longfic]
Heavenly Flames [Mitologia — Restritas — Longfic]
I'll Never Let You Fall [Originais — Restritas — Shortfic]
Like a Virgin [Originais — Restritas — Shortfic]
Stone Eyes [Mitologia — Restritas — Longfic]
When Love's Around [Originais — Romance de Época — Shortfic]
Wings of Betrayal [Mitologia — Restritas — Longfic]


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