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Independente do Cosmos🪐

Última Atualização: 07 de Setembro de 2024

A visão de se afastar de John Walker nunca tinha agradado tanto a Bucky Barnes. Quem aquele loiro azedo pensava que era para não só se apossar do escudo de Steve Rogers, como também, a tudo o que seu melhor amigo representava?
Encará-lo por mais de dois segundos fazia com que o estômago de Barnes embrulhasse. E Buck tinha o estômago forte para os mais diversos tipos de situação.
Agradeceu aos céus quando Sam Wilson também parecia compartilhar do mesmo pensamento e aversão a cópia barata e mal feita de Rogers.
“Fiquem longe do meu caminho.”
Buck bufou alto ao recordar a ameaça de merda que John tinha dado. Ele não o intimidava, Buck sequer o achava perigoso.
Quem aquele merdinha achava que era para cogitar ameaçá-lo? Ele sequer sabia que Barnes podia matá-lo num piscar de olhos e sem ao menos se esforçar?
Aparentemente, não.
Algumas pessoas não tinham mesmo a noção do perigo em que se metiam, pensou Barnes com sua carranca habitual ao se ver distante o suficiente da mais nova dupla de fantoches do Governo Americano.

— Então, o que está pensando? — Sam, observando que cada vez mais o vinco entre as sobrancelhas do moreno afundava, resolveu interromper seus pensamentos. Bucky tinha o péssimo hábito de pensar demais e se perder em meio a sua mente.
— Eu sei o que temos que fazer. — Respondeu o Soldado, prontamente. Isaiah tinha sido claro como águas cristalinas quando pontuou que o pessoal de Barnes se tratava da HIDRA, e talvez o mais velho tivesse razão.
— Não leve isso para o pessoal. Não foi o que ele quis dizer. — Sam interviu.
— Não, ele falou da HIDRA. — Bucky expôs. — HIDRA era o meu pessoal. — Suspirou pesaroso. Parecia que sempre seria relacionado a organização nazista.

Não levou mais que dez segundos para Sam Wilson não só entender o que Barnes queria dizer, como também o que ele queria e pretendia fazer. Wilson se estapeou internamente, incapaz de pôr em palavras o quão inconsequente aquele mísero pensamento de Barnes era.

— Sem chance. — Foi tudo o que Sam limitou-se a dizer num praguejo baixo, enquanto caminhavam lado a lado pela rua um tanto solitária de Baltimore. — Sei onde quer chegar, não! — Franziu as sobrancelhas, irritado pela insistência de Bucky.
— Não se lembra da Sibéria? — Barnes rebateu, respirando profundamente. Também não lhe agradava o que deveria fazer, mas raras foram as vezes em que se sentiu inteiramente confortável com o que precisava ser feito.
— Então quer sentar em uma sala com esse cara? — Sam o encarou perplexo.
— S-Sim. — James hesitou por um milésimo de segundo.
O moreno mordeu o lábio inferior e se amaldiçoou internamente por não ter respondido a Wilson com mais segurança e convicção. Era óbvio que sua compostura a respeito do assunto determinaria se iriam ou não adiante com o que estava planejando.
— Então vamos. — Sendo vencido pelo cansaço e preferindo usar suas forças para quando fossem realmente necessárias, Sam decidiu que Buck venceria aquela batalha.
Wilson encarou Barnes. James parou de caminhar assim que se deu conta que o colega de trabalho estava concordando com toda a loucura que propusera. O peso de suas próximas palavras e tudo o que representava, contudo, enrijeceu seus músculos e uma dor no pescoço o atingiu automaticamente, como um espasmo muscular a um trauma não superado. Sam não sabia o que encontraria quando estivesse cara a cara com ele, mas esperava, de todo o coração, que não acabasse em mais uma confusão:

— Nós vamos falar com o Zemo.




esgotou-se de si mesma. Esgotou-se ao ponto de se sentir a pior pessoa do planeta. Chegou a ter náuseas de tão enjoada de ser ela mesma. Gostaria de ser qualquer outra pessoa no mundo, menos a miserável . A sensação era de estar se afogando. A impressão que tinha era de ter sido jogada contra sua vontade na mais profunda tempestade. Não aguentava mais ter de se levantar para que, logo depois, outra onda a tirasse novamente da superfície. E de novo, e de novo, e de novo...
Era difícil respirar quando todo o oxigênio que tinha parecia estar sendo arrancado de seus pulmões. Embora sua aparência estivesse perfeitamente em ordem, por dentro se via enfrentando seu maior inimigo.
E estava sozinha.
Estava tão cansada de estar sozinha.

— ... pode parecer difícil, mas não é impossível. E eu acredito em você. — piscou, sendo sugada pela realidade outra vez.
Dra. Cooper falava algo à sua frente e novamente não tinha prestado atenção. Sequer tinha notado que longos minutos tinham se passado. estava constantemente rodeada de pessoas, mas nunca esteve tão só. Murmurou um som inaudível, apenas para não parecer rude. Não que fosse necessário, a essa altura do campeonato, Deyse Cooper realmente não se importava muito com o silêncio de . A terapeuta se compadecia, se assim poderia dizer.
? — Dra. Cooper a chamou quando, após cessar seu discurso, a mais nova tinha, uma vez mais, se materializado para o mundo de seus pensamentos.
Cooper suspirou pesarosa, coçando os olhos cansados por baixo das lentes dos óculos. Observava viver no automático pelos últimos onze meses. Era angustiante e, por mais que tentasse ajudá-la, onze meses depois, continuava se esquivando, nunca dando nenhum tipo de abertura.
— Vai completar um ano, sabia? — murmurou. No momento seguinte, praguejou baixo, chiando em desaprovação.
Decidiu que a melhor coisa para esconder a careta de dor que fez ao se dar conta de que tinha falado em voz alta era bebericar seu café, que já estava um tanto frio. Foi impossível esconder o desgosto ao sentir o líquido já gelado tocar a ponta de sua língua.
— Você quer falar sobre isso, Rav? — Deyse Cooper tentou, como sempre vinha tentando.
Deixou sua xícara de chá de lado e apoiou os cotovelos na pequena mesa onde estavam. Se tivesse permitido qualquer outra abertura além de ser chamada por seu apelido, Cooper agora tocaria-lhe as mãos num claro sinal de apoio. Mas não permitira, e talvez nunca fosse.
— Não! — Respondeu ríspida e de imediato, recolhendo as mãos da ponta da própria xícara. Não tinha desenvolvido qualquer aversão a toque humano, só não se sentia confortável com Deyse. Tinha receio de se abrir com a terapeuta e acabar se arrependendo.

Veja bem, não era uma pessoa contra a terapia ou que pregava que era “coisa de louco”. Muito pelo contrário.
Na época dos Vingadores, quando ainda viviam na Torre de Tony Stark, teve todo um acompanhamento terapêutico para aprender a conviver com seu trauma e tinha gostado do resultado e de como enfrentou o que lhe assolava. Mas, com Deyse Cooper era diferente. Por mais que a médica informasse que nunca quebraria o sigilo em suas consultas, ela ainda era uma terapeuta que a CIA havia escolhido a dedo para cuidar de . Não conseguia confiar nela, não conseguia ver verdade em seus olhos preocupados. Deyse Cooper era apenas mais uma médica da sua agência.
Dra. Cooper era um meio para o fim.
precisava continuar trabalhando, precisava se manter ativa.
Ter consultas regulares, pelo menos duas vezes por semana — quando não estava em missão — era, basicamente, sua “condicional”.
A Alemanha podia tê-la aceitado sem muitas ressalvas, mas ainda era uma estrangeira. E tal como qualquer forasteiro, havia regras a serem cumpridas se desejasse continuar no país.
Cooper respirou fundo, puxando o máximo de ar que conseguiu para dentro de seus pulmões um tanto deteriorados pela nicotina, e encostou as costas no assento acolchoado do café onde estavam. Foi ideia da própria terapeuta mudar o cenário da consulta do dia, “respirar novos ares” foi o que ela disse para , que parecia apática a qualquer situação da vida.
A mesma garçonete que as serviu minutos atrás reapareceu com o pedido de Cooper e questionando se gostaria de mais café. A moça, que não aparentava ter muito mais que vinte anos, parecia agitada e enérgica quando despejou mais um pouco do líquido flamejante na xícara de .

— Não quero parecer intrometida. — A garçonete, Luiza, pelo que conseguiu ler em seu pequeno crachá, começou, ao chamar sua atenção. — Mas você não é uma Vingadora? — A pergunta retórica a sequer foi respondida. — Você sempre foi minha favorita! — Luiza exclamou em um pulinho contido.
Apoiou a garrafa de café na mesa e tirou seu celular do bolso do avental. deu um sorriso amarelo, desejando que ela fosse embora logo de uma vez.
— Quase nunca tinha nenhum objeto colecionável de você para vender, os poucos que tenho, eu mesma customizei sozinha. — A moça desbloqueou o celular e mostrou a foto de uma boneca feita de biscuit.
Os cabelos loiros, os olhos meio alaranjados com o uniforme esverdeado. Era cheio de detalhes e pegava até a parte que ficava em sua testa. achou engraçado se ver em uma boneca de biscuit, tão pequena e com a cabeça e olhos tão grandes. Completamente desproporcional, ela pensou, ainda avaliando o que a garçonete tagarelava sem parar. — E minha irmã adorava a Natasha, uma pena que ela morreu. Olha, eu até fiz a boneca dela com tod...

A partir da menção de Romanoff, gradativamente a voz da garçonete foi perdendo sentido em sua mente, assim como sua visão foi ficando turva e seu sorriso, embora fraco, se fechou numa linha fina e impassível. Toda a distração tinha chegado ao fim e a mulher, uma vez mais, se viu prestes a se afogar. Já era possível sentir seus pulmões inundados.

Sou uma assassina. — respondeu áspera e cruel, sua boca tão seca quanto a garganta, a visão tão desfocada quanto sua mente.
— O quê? — Luiza, a garçonete, parou sua frase no meio e a olhou, sem compreender o que ela queria dizer com isso. Intercalou os olhos confusos para a outra mulher que dividia a mesma mesa, e ganhou um singelo menear de cabeça em um pedido mudo de desculpas.
— Por isso você nunca encontrou nada meu para vender, não sou uma Vingadora. — Rav explicou como se fizesse sentido. — Sou uma assassina treinada. — Repetiu, agora com mais ódio e rancor na voz. — Já sequestrei, torturei e matei mais gente do que todos os dias que você tem de vida.

Devagar e com medo de fazer qualquer movimento brusco, Luiza bloqueou o celular e o guardou no bolso do avental, voltando a segurar a garrafa de café e perguntando, entre gaguejos, se gostariam de mais alguma coisa antes de pigarrear e sair o mais rápido possível de perto daquelas duas mulheres.
Antes de tudo isso, e ao fim da frase de , todavia, Deyse Cooper já estava repreendendo internamente a atitude da sua paciente. Como não podia se meter ativamente nas ações de , limitou-se apenas a encará-la com compaixão. Ela sabia o que estava fazendo.

— Ela só estava tentando ser gentil. — Dra. Cooper repreendeu a reação de , seus ombros estavam retraídos, contradizendo sua voz calma.
— Não pedi pela gentileza de ninguém. — A mais nova rebateu de imediato, correndo o olhar para qualquer canto da pequena cafeteria, que não as íris evasivas de sua terapeuta.

Teve que conter um gemido e um praguejo baixo ao notar, pela visão periférica, que Cooper tirava o maldito caderno da bolsa e o abria para fazer anotações. Sentia-se a porra de um experimento de novo, um que precisava, de tempos em tempos, de observações e adendos sobre como usar e como se comportar. Revirou os olhos inconformada, quando estava prestes a reclamar sobre o caderno, contudo, seus olhos passaram rapidamente pela pequena televisão ligada e fixada no topo da parede a sua lateral.
Foi então que ela viu.
Suas íris voltaram de imediato até a tela da TV e fixaram-se no objeto. Quando deu por si, sequer ouvia Deyse lhe chamar. levantou-se da mesa, quase derrubando o próprio café. O barulho da cadeira sendo arrastada brusca e rapidamente para trás parecia não ter sido o suficiente para trazê-la de volta à realidade; muito pelo contrário, só a fez apressar os passos em direção à TV.
No jornal da manhã da cidade de Berlim, era anunciado às pressas que um dos mais perigosos detentos havia acabado de escapar da prisão de segurança máxima do país, colocando toda a população em estado de alerta.
À medida que o jornalista revelava os fatos da situação, tudo ia piorando.
Dois rostos apareceram na tela, um de cada lado do jornalista. fechou as mãos em punhos, sentindo as unhas medianas rasgando-lhe a pele.
O novo Capitão América, John Walker, havia sido convocado pessoalmente para lidar com a situação caótica e alarmante que se iniciava em Berlim. Tanto o FBI, quanto a polícia local e a CIA, estavam sendo intimados a encontrá-lo o mais rápido possível e prendê-lo novamente. Foram as outras três fotos, no entanto, que fizeram com que sentisse o queimor das unhas ao entrar finalmente na carne das mãos, tirando-lhe sangue.
Seu celular tocou de imediato, assim que o jornalista mencionou o nome da CIA, como se fosse tudo combinado. Olhou a breve mensagem de texto que a tela brilhante reluzia e só notou o quanto as mãos tremiam ao tirar algumas notas da carteira e deixá-las em cima da mesa, onde Dra. Cooper ainda a aguardava.
A consulta terminou mais cedo do que o esperado, pensou.
Pisando fora da cafeteria e sentindo o vento gelado da manhã chicotear seu rosto, a mulher andou até seu carro e arrancou pneus, sem se importar com quantas leis de trânsito provavelmente iria infringir até o caminho de casa. Sua mente trabalhava rápida e energeticamente sobre a notícia recém-descoberta e, mesmo tentando não deixar transparecer a raiva crescente em seu peito, era uma batalha perdida. A mensagem em seu celular, contendo informações que a mídia ainda não sabia, contudo, foi a responsável por deixá-la tão transtornada.
estava flamejando em ira e tudo o que conseguia pensar era no que o noticiário de Berlim acabava de alertar e nas informações adicionais que a CIA tinha lhe dado:
Os principais suspeitos de terem ajudado na fuga de Heinrich Zemo eram nada mais, nada menos que Sam Wilson e James "Bucky" Barnes.

******


Libertar Zemo foi, com certeza, a parte mais fácil de todo o processo.
O difícil mesmo seria ter que conviver dias a fio na presença do Barão. A primeira coisa que Zemo fez ao ficar cara a cara com Bucky Barnes foi tentar ativar a programação do Soldado Invernal utilizando as palavras de comando, o que, por si só, já provava o quão perigoso e ardiloso o homem poderia ser.
Por sorte de Bucky e azar do Barão, as barreiras psíquicas que criou na mente de Barnes eram fortes e definitivas demais para que o Invernal ressurgisse em sua mente sob qualquer tentativa.
Bucky limpou a garganta excessivamente ao ser levado, traiçoeiramente, para um rumo que ele evitava, há onze meses, pensar.
era um assunto proibido e fatal. Seu nome, embora trouxesse um gosto doce, causava na mesma intensidade, um amargo no fim da boca. Se fosse fã da cultura pop, Barnes poderia dizer que vociferar o nome da mulher se igualava ao mesmo que dizer o nome de Voldemort em voz alta.
Tinha que tirá-la da mente, de uma vez por todas. Estava fazendo um ótimo trabalho em se manter ocupado demais para pensar na loira.
E o que com “ótimo trabalho”, queria dizer, péssimo. Buck pensava em o tempo todo, a todo momento. E quando a mulher não estava em sua mente consciente, ela aparecia em seus sonhos. Sendo seu objeto de maior desejo e destruição.
Na. Mesma. Proporção.
Incontáveis vezes durante todo esse tempo, o soldado tentou ir a encontros e conhecer gente nova, conforme a Dra. Raynor o incentivava a fazer. E, do seu próprio jeito, Barnes podia dizer que ele se esforçou bastante para obter êxito nesse ato.
O fracasso, embora não quisesse admitir, estava destinado a lhe perseguir.
Nenhuma das pessoas era , ao mesmo tempo em que parecia estar em todas elas.
Era frustrante e sádico.
Bucky procurava por pessoas com traços semelhantes aos da mulher, sejam eles físicos ou em sua personalidade. Sua última tentativa (e também fracasso) tinha sido menos de três dias atrás, ao, basicamente, ser obrigado por Yori Nakajima, seu vizinho rabugento e também amigo mais próximo, a ter um encontro com a garçonete do pequeno restaurante que sempre iam às quartas-feiras.
Barnes se esforçou em fazer dar certo. Havia notado, sempre que frequentava o local, os inúmeros olhares que Izzy furtivamente o lançava sempre que possível. Podia não estar confortável com como os relacionamentos nesse século pareciam funcionar, mas Bucky ainda sabia quando estavam flertando com ele. E, se fosse bem sincero, a pobre Izzy flertava demais. Não o mataria dar uma chance para ela. Quem sabe, se beijasse outra boca ou tivesse outro corpo embaixo do seu e entre seus lençóis, o sargento esqueceria da mulher que parecia ter marcado não só a sua mente, como também seu coração.
E, por incrível que pareça, o encontro com Izzy tinha sido, realmente, bastante agradável — vez ou outra, o homem sendo obrigado a omitir informações do passado: conversaram, beberam um pouco e jogaram batalha naval. Foi um encontro surpreendente, até. Sem música alta, lugares apertados e uma multidão da qual Bucky procuraria se esconder.
Até que, um comentário e seis palavras depois, tudo tinha ruído conforme as rachaduras se multiplicaram sem parar.
“Eu estou lendo a sua mente.”
Não que a mente do homem fosse o lugar mais divertido e seguro de se estar, no entanto, aquela possibilidade o levou, outra vez mais, diretamente a . A única capaz de ler sua mente e ele se sentir em paz com a possibilidade. O encontro com Izzy não durou muito mais que 20 minutos após o comentário, uma vez que Barnes se viu, mesmo inconscientemente, procurando qualquer semelhança entre a mulher à sua frente e . O homem preferiu acabar com o encontro e qualquer esperança que Izzy pudesse estar nutrindo, de uma vez por todas. Não era justo para ela estar em qualquer relacionamento onde não fosse desejada por inteira.
Buck sacudiu a cabeça excessivamente e ajeitou os óculos de sol no seu rosto, empurrando a armação pela ponte do nariz até o topo, protegendo as íris da luz forte do sol. Decidido a tentar, nas próximas horas, não pensar em ou em seu fracasso em esquecê-la, o moreno cravou os olhos no jatinho particular que o aguardava. Tanto Barnes quanto Sam descobriram ainda naquele dia que Zemo era bastante rico. Ter uma parte do aeroporto de Berlim interditada para a chegada do Barão, assim como a enorme e luxuosa aeronave de uso estritamente particular à espera deles, apenas confirmava que o sokoviano não mentira ou exagerava a respeito de sua fortuna ou título de realeza.
Zemo foi o primeiro a subir as escadas até a aeronave, murmurando o quão estranho era não ter Oeznik, seu mordomo, o esperando. Sam seguiu logo depois, com um sorriso debochado nos lábios e uma piada sarcástica escorrendo por sua língua. Bucky revirou os olhos, entrando logo em seguida, pronto para, quem sabe, refutar a piada de Wilson. Suas sobrancelhas vincaram em confusão e dúvida, contudo, ao ver Zemo de costas para eles e com as mãos para cima, como se tivesse alguém à sua frente acabado de detê-lo. Buck deu alguns passos a mais, se aproximando o suficiente de Sam para conseguir pender a cabeça e visualizar quem estava frente a frente com Zemo. Foi nesse momento, então, em que todo seu corpo começou a formigar e seu coração a bater tão rápido que seu peito passou a doer repentinamente.
Será que estava tendo um ataque cardíaco?
Ele, com todas as forças, desejou que sim.

— Wilson. — A voz fria e nada calorosa de reverberou pelo ambiente, cumprimentando propositalmente apenas Sam Wilson.

Ainda segurando a pistola apontada para Zemo com as duas mãos, a mulher inclinou majestosamente a cabeça, possibilitando sua visão dos outros dois homens que a encaravam como se estivessem vendo um fantasma.
Nenhuma palavra foi dita nos próximos minutos. Eles apenas se encararam com intensidade. Seus olhos sendo capazes de dizer coisas que a boca e o coração jamais teriam coragem de dizer.
Mas os olhos não mentiam.
Sam e foram os que mais mantiveram contato visual. A saudade e o constrangimento sendo um dos maiores combustíveis para a falta de palavras. E, embora o Falcão soubesse que a forma como se afastaram não condizia com o sentimento de amor e irmandade que ainda nutria pela mais nova, era impossível para Wilson não sentir a insegurança estampada nas íris de , em relação aos dois.
James Bucky Barnes, por outro lado, sequer piscou quando, por um milésimo de segundo, teve os olhos dela sobre si novamente.
Ele engoliu em seco e passou a mão suada excessivamente na lateral da sua calça, a luva de couro parecia não ser capaz de conter seu transpirar nervoso. sequer o olhou e, quando o fez, só sentiu o desprezo vindo da mulher. Barnes levou dois socos no estômago, de diferentes jeitos. O primeiro, por constatar que, embora conseguisse observar as mais diversas belezas e obras de arte espalhadas pelo mundo, ela continuava sendo a garota mais linda que seus olhos já viram. E o segundo, por só conseguir perceber, bem naquele momento, que não importava o quanto tentasse esquecê-la, era e continuava sendo a mulher da sua vida.
E por Deus, o soldado pensou com seus olhos já brilhando, como ela poderia estar mais bonita?
vestia um sobretudo vermelho que ia até próximo aos tornozelos. Por baixo dele, botas pretas de bico fino cobriam seus pés até acima dos joelhos. As coxas estavam cobertas por uma saia de couro preta, que continha uma fenda na lateral, deixando visível todos os detalhes da meia-calça preta que apaziguava o frio da manhã em sua pele desnuda e deixava à mostra a tatuagem de lobo por toda a parte frontal da coxa. Por cima de tudo isso, uma blusa de lã vermelha de gola alta, no mesmo tom de seu sobretudo, encaixava todas as peças de roupa que usava. Seu rosto carregava uma maquiagem suave, mas que intensificava ainda mais sua beleza, com os olhos puxados por um delineado preto e seus lábios pintados com um batom também vermelho. Os fios lisos e soltos, embora ainda curtos, agora batiam um pouco mais acima de seus ombros, deixando todos ainda mais surpresos por sua nova tonalidade.
Os fios antes loiros, agora estavam ruivos.
Wilson ousou pensar que estavam tão ruivos quanto os de Natasha Romanoff já foram um dia.

— Acredito que esteja com algo que não te pertence. — informou a Sam, debochada. Se nenhum deles tinha nada a falar, ótimo, então ao menos seu trabalho ali seria mais fácil, pensou. — Helmut Zemo, você está preso — continuou, destravando o pino de sua arma. Atiraria nele, se necessário fosse. — Pelo atentado à ONU, em 2016. Pelo assassinato do Rei T’Chaka, de Wakanda. Por invadir a base de segurança máxima da CIA e assassinar um dos nossos agentes. Por falsidade ideológica. E por não só ativar, como também soltar uma das maiores armas da Hydra. — Ela tomou uma grande lufada de ar. A pistola ainda apontada para o barão, apesar de suas mãos tremerem. — Embora você já saiba de tudo isso. — Puxando uma algema guardada estrategicamente na lateral de sua saia, deixando propositalmente seu distintivo da CIA exposto, ela se aproximou para prendê-lo.
— Se me permite dizer, em 2016 eu teria me entregado bem mais rápido se eu soubesse que essa bela senhorita seria a responsável por me prender. — Zemo disse cordial, estendendo as mãos de boa vontade para .

“Puta que pariu, eu vou matar esse sokoviano de merda” foi o que os pensamentos intrusivos de Barnes gritaram.

— Não força, Zemo! — Wilson o alertou, notando, pela visão periférica, que Bucky tinha dado um passo bastante duro em direção ao barão. — , precisamos dele. — Wilson disse, colocando a mão no tronco de Barnes, impedindo-o de se aproximar de Zemo.
— De todos, Wilson, eu achei que você fosse o mais inteligente. — suspirou, irritada. — Sabe quantos anos você poderia pegar por ajudá-lo a escapar da prisão?
— Ele não foi o responsável por isso. Eu fui. — Buck interveio, dirigindo a palavra diretamente a ela. Tentou deixar a voz o mais firme possível, apesar de algumas palavras terem saído baixas e sufocadas.
Você. rosnou furiosa. A mulher tirou os olhos de Sam e os fixou nele, a ira e a mágoa sendo a única coisa tomando conta de suas íris. — Você é tão irresponsável que não basta admitir para uma agente da CIA essa atrocidade, como também parece não temer as consequências disso!
Após algemar Zemo, deu um passo ao lado e tirou outra algema da lateral da saia.
James Barnes, você também está preso. Por conspirar contra a ONU e admitir ser cúmplice na fuga de Zemo. — Anunciou, embora não tenha saído do lugar.





Chegar perto dele significava estar vulnerável ao seu perfume amadeirado e a aura hipnotizante que sempre a embalava a esquecer tudo o que acontecia ao seu redor. poderia estar atuando muito bem que estar na presença de Buck não a afetava, a verdade, no entanto, a deixava irritada.
Consigo e com ele.
Preferiu focar na raiva do que em seu corpo e coração traidor que pareciam ter acendido depois de onze meses, apenas porque o viu.
Sua língua passou entre os lábios e um riso sádico se formou quando Buck não demonstrou nenhum tipo de reação a sua voz de prisão, a enfurecendo ainda mais.
O sargento sequer tentou se explicar ou, quem sabe, fugir.
sugou uma quantidade absurda de ar e seu rosto se retraiu numa espécie de carranca, deu o primeiro passo e o segundo em direção a ele. Não queria chegar perto, mas o pouco caso de Buck para seu trabalho a cegou.

— Ei, ei, ei. — Sam interviu se colocando na frente dela e abrindo o braço para distanciá-la um pouco de Barnes. — , estão produzindo mais super soldados. — Sam despejou de uma vez. Talvez, ele pensou, se soubesse o motivo de estarem com Zemo agora, ela não o prenderia de volta.
A ruiva sacudiu a cabeça em descrença e piscou rápido, direcionando sua atenção a Wilson.
— O quê? O quê você quer dizer com isso?
— O que você ouviu. — Sam prosseguiu. Ousou abaixar a mão que continuava suspensa no ar e deu um passo em direção a ela.
— Achamos que a HIDRA está por trás disso. — Foi a vez de Bucky se envolver, incapaz de continuar calado. — Por isso eu o tirei da prisão. — Justificou seu ato. — Ele conhece a HIDRA como ninguém.
— Se me permitem… — Zemo, que observava a discussão crescer, tentou se defender.
— Não! — , Bucky e Sam quase berraram e uníssono, interrompendo sua fala. Perplexo, o barão piscou os olhos e balançou a cabeça, derrotado.

Pelos minutos que seguiram, ouviu, detalhadamente, todos os fatos apurados por Sam e Barnes sobre os apátridas, sobre os novos super soldados, sobre a possível volta da HIDRA. não conseguia acreditar no que escutava, Wilson lhe mostrava as provas e os dados, mas ainda assim a mente da ruiva continuava em negação.
Não podia acreditar que depois de lutarem contra a porra de um alienígena genocida roxo, eles voltariam, simplesmente, para HIDRA.
Essa gente não cansava nunca? O lema “corte uma cabeça e outras duas nascerão no lugar” já estava bem fora de moda, constatou revirando os olhos.

— Eu não posso simplesmente permitir que ele saia do país. — murmurou para si mesma. Seus dedos seguravam a ponte do nariz e seus olhos estavam fortemente fechados. Sua cabeça trabalhava em várias possibilidades.
— E nós não podemos permitir que a HIDRA crie mais ameaças agora que os Vingadores não estão m…
— Não termine a sentença! — quase suplicou para Wilson, ainda de pálpebra fechada. Mencionar os Vingadores, era o mesmo que mencionar Romanoff e a ruiva não estava pronta para vestir a armadura perto daquelas pessoas. — Eu encontrei vocês, tenho que levar ele de volta.
— Espere aí. — Sam se deu conta apenas naquele momento. — Como diabos você nos encontrou? — A pergunta genuína fez não somente a ruiva voltar a mirá-lo com as íris cerradas, como também capturar a atenção de Zemo e Barnes.

Logicamente não havia como saber onde estavam, não tinham deixado rastro nenhum, Bucky se garantiu disso. E o sargento, por mais que odiasse admitir, era bom em sumir sem deixar rastro.
tinha a telepatia, no entanto, o soldado pensou.

— Vocês acharam mesmo que Wakanda daria um braço de vibranium a um assassino super soldado e não teria formas de rastreá-lo caso necessário? — Sua pergunta retórica escorreu em veneno e ódio, semicerrando os olhos. Aparentemente, não foi a telepatia que usara.
— Ei! — Sam a repreendeu de imediato.

Ouvir aquelas palavras cruéis foi como se James Barnes tivesse levado o terceiro soco naquele curto espaço de tempo.

— Sei que não quis dizer isso. Não seja cruel. — Wilson censurou sua escolha de palavras, quase como se tivesse ouvido os pensamentos de Barnes, saindo em defesa do amigo.
— E por que eu não iria querer? — A ruiva abriu um sorriso torto. — Tenho certeza de que ele é capaz de dizer coisas muito mais cruéis também. — Ela pontuou numa falsa divagação, apontando para Barnes com o queixo. — Eu mesma já fui capaz de ouvir uma coisa ou outra. — sussurrou um pouco alto, transparecendo a mágoa velada em sua voz. Ajeitou a postura com o próprio comentário e mordeu a ponta da língua.
Barnes levou o quarto soco. Talvez fosse melhor parar de contar, ele pensou.
— Do que você está falando? — Wilson questionou, visivelmente confuso. O Falcão sabia que e Bucky estiveram em um relacionamento no passado, sabia o quanto os dois pareciam estar apaixonados um pelo outro; o término, o motivo dele e como aconteceu, no entanto, ainda era um mistério para Sam.

Buck engoliu em seco, sua saliva mais parecendo arames farpados ao redor de sua garganta. O soldado não sabia se o murmurar de tinha sido proposital ou não para todos ouvirem, o que lhe incomodava, no entanto, era que aquilo ainda parecia magoá-la. E como não, ele pensou? Buck realmente tinha dito coisas horríveis à mulher da última vez em que se viram.

— Por que não pergunta ao seu amigo? — Ela respondeu sarcástica e dando um fim ao assunto, mesmo que Sam ainda quisesse respostas. — Droga, eu vou me arrepender muito disso. — girou os calcanhares e caminhou até Zemo, abrindo as algemas que o prendia logo em seguida. — Você — Apontou para ele. — Não sairá do meu campo de visão. — Prontificou.
— Ficarei lisonjeado em estar sempre preso sob seus lindos olhos, senhorita. — O barão respondeu cordial e ardiloso.

soltou um grunhido, levou o braço até o pescoço do homem e o empurrou grosseiramente até que estivesse sentado de qualquer jeito na poltrona acolchoada do jatinho, forçou a boca da pistola nos lábios do barão, a abrindo até que a arma tocasse a língua, enquanto continuava imobilizando violentamente o seu pescoço.

— Se soltar mais alguma gracinha ou flerte, eu cortarei sua língua, tá me entendendo?! — Rosnou ameaçadora, enrijecendo os músculos. Zemo assentiu devagar, assustado em ter qualquer reação mais agitada e levar um tiro na boca. — Ótimo, agora mantenha essa matraca fechada antes que eu a feche por você.
endireitou os tronco e voltou a atenção a Barnes e Wilson que continuavam a encarando. Alguma coisa, os dois pensaram em momentos diferentes, havia mudado em . Seu comportamento, suas ações, forma de falar e agir já não era o mesmo que o de antes. Ela parecia mais fria.
— O que você vai fazer? — Foi Bucky quem perguntou, impossibilitado de conter a expectativa crescente.

A mulher tirou o sobretudo vermelho, o jogando de qualquer jeito na poltrona do lado, expondo seu corpo esbelto e bastante marcado pela roupa. Tirou o celular do bolso do casaco e retirou o chip dele, pisando com força no pequeno objeto até destruí-lo; tirou o coldre da arma do interior da coxa, quase subindo a saia demais e se jogou na poltrona.

— Sou uma agente da CIA, estou me infiltrando na operação de vocês para coletar dados e os prender quando obtiver todas as provas de traição. — Ela respondeu como se fosse óbvio. — Para onde vamos? — Ela se aconchegou melhor na poltrona e fingiu relaxar, ignorando completamente o olhar de Barnes sobre seu corpo. Ou a reação do seu corpo ao olhar intenso de Bucky.

Quando a aeronave decolou vôo, fechou os olhos e aproveitou do silêncio, mesmo que constrangedor, para colocar todas as ideias em ordem. Não estava em missão nenhuma e, apesar de receber uma mensagem informando que Sam e Bucky eram suspeitos na fuga de Zemo, seus superiores tinham dado ordens estritas e diretas para que não se intrometesse nesse assunto.
Infelizmente a ruiva nunca fora boa em seguir ordens.
Wilson e Barnes representavam perigo a sua lealdade à agência, fora, com certeza, o conflito de interesses. Seus superiores estavam certos em partes, ela não podia negar. Seu plano, no entanto, constava em ajudar a acabar com a HIDRA e levar Zemo outra vez de volta à prisão, acabando com dois problemas de uma única vez. Talvez isso apaziguasse as consequências da decisão que tomou tão inconsequentemente.

— Por que não nos conta a onde vamos? — Sam tentou outra vez.
— Não sei como chamar isso, mas essa parte parece importante. — A ruiva se deixou ouvir a voz irritante de Zemo soar suave, como se minutos atrás não tivesse sido ameaçado de ficar sem a língua. Contanto que o barão não a irritasse, ele tinha o seu aval para fazer da vida de Sam e de Barnes um inferno. Era reparação histórica, chegou a conclusão. — Por que o nome da bela senhorita ao lado está no topo da sua lista?

conteve o instinto de abrir os olhos de imediato, curiosa e confusa sobre o que o barão falava, e fingiu apenas um suspiro, como se estivesse em um sono pesado. Não ficou com Bucky muito depois de trazerem todos de volta para saber que de que lista Zemo estava falando. Decidiu então, se manter quieta para tentar descobrir do que falavam.
Bucky, que até então observava, recluso, todas as ações do barão, olhou de relance para a ruiva que dormia, agradecendo aos céus por não ter aqueles olhos azuis curiosos e desconfiados sobre si. Saltou de onde estava e segurou com violência o pescoço de Zemo com a mão de vibranium.

— Se tocar nisso de novo, eu te mato. — A ameaça no tom baixo e perigoso de sua voz saiu enquanto ele se aproximava do rosto do barão e comprimia ainda mais a passagem de ar de seu pescoço. Antes de sentar novamente, de frente para Sam, ele olhou para poltrona do outro lado do estreito corredor do jatinho, captando o momento em que suspirava e se aconchegava mais.
— Me desculpe. — Zemo disse brando, apesar de não ter nenhuma gota de remorso em sua voz. — Eu entendi que é uma lista de nomes. Pessoas que foram machucadas pelo Soldado Invernal. — O barão completou quando notou os olhos semicerrados da ruiva frente a ele. Ela não estava dormindo, ele deduziu. Fingia dormir apenas para escutar a conversa e Zemo tiraria proveito disso fazendo o que sabia de melhor: plantar a discórdia.
— Não força. — Bucky engoliu em seco, seus olhos traidores rapidamente indo até ela. — Esse é seu último aviso.
— Sinto muito. — Novamente o Barão repetiu. — Acredito que até mesmo o Soldado Invernal tenha ficado apaixonado por sua beleza, já que além de viva, ela não aparenta ter nenhuma sequela.

Inúmeras imagens de lutando contra ele, contra o Soldado Invernal, passou por sua mente perturbada e distorcida. Todas as vezes em que a socou, que atirou nela ou lhe atingiu com facas; todas as vezes em que sua mão de metal tinha a estrangulado até quase tirar sua vida.
Simultaneamente, enquanto todas as vezes em que a machucou passava como um pesadelo em que era incapaz de acordar; todos os beijos trocados, as carícias feitas, o amor cultivado, a paixão intensa, o corpo dela nu sobre o seu, os gemidos, as lamúrias de prazer… Uma imagem ia se intercalando com a outra. Hora James conseguia vê-la gemer de dor, para que automaticamente fosse mudado, como uma televisão sintonizada em duas emissoras ao mesmo tempo, para seu gemido de prazer com seu corpo por cima do seu.
Aquilo parecia ter sido o ápice para Barnes.
Os avisos e repreensões verbais não pareciam surtir efeito em Zemo, talvez então, o sargento pensou que quebrar aquele nariz arrebitado fosse o suficiente para começar o processo de educá-lo.

— Ok. — Bucky limpou a garganta. — Já chega! — Suspirou audivelmente, seus punhos cerraram e ele partiu para socar aquele rosto prepotente.
— Ei! Ei, ei! — Wilson se pôs na frente do amigo, o impedindo de machucar o barão, por mais que a ideia fosse tentadora.
— Que palhaçada é essa? — fingiu acordar e os olhou confusa. — Se forem ficar exibindo seus níveis de testosterona, me avisem para que eu possa me jogar, sem paraquedas, desse avião. — Advertiu, encarando um a um. — Eu já vi esse caderno… — Constatou, notando o pequeno caderno jogado no chão. Deveria ter caído.
— Era do Steve quando foi descongelado. — Wilson respondeu a mulher, com os olhos também presos no pequeno objeto. Lembrava-se claramente de ver o amigo andando para lá e pra cá anotando coisas. — Você ouviu? O que achou? — Referindo-se às indicações musicais que deu a Rogers e que viu o loiro escreveu no caderno, Sam o perguntou.
— Gosto de música dos anos ‘40… — Barnes desviou os olhos. Ele não tinha sequer tentado ouvir, mas era bom demais discordar de Wilson e deixá-lo irritado.

E foi o que aconteceu. Sam parecia pessoalmente ofendido com a confissão do moreno, defendendo seu gosto musical por Marvin Gaye. Zemo, não perdendo a chance de se meter onde não foi chamado, passou, também, a elogiar o cantor a quem Sam se referia, deixando o Falcão de olhos estreitos.

— Posso te indicar alguns ótimos cantores também, já que percebi estar aceitando recomendações. Tenho ótimas sugestões para corações partidos e términos. — O barão bebericou seu champanhe, levantando sugestivamente uma de suas sobrancelhas em direção ao soldado.
— Cala a boca. — Bucky agitou levemente a cabeça e revirou os olhos.
— Bucky não sabe o que é ter um coração partido, Zemo. — não conseguiu conter o timming perfeito para alfinetar o homem. — Ele é a pessoa que parte corações.
— Então a senhorita deve ter um repertório muito vasto para poder compartilhar, já que parece entender de corações partidos. — Zemo bebericou outra vez seu champanhe. Os olhos azuis de se sobressaíram e suas pupilas dilataram com a resposta do barão.
Ela, definitivamente, não estava esperando por aquilo.
Olhou de soslaio para os outros dois homens ao mesmo tempo em que queria evitar contato visual. Mexeu-se desconfortável na poltrona que até minutos atrás era a coisa mais macia que já tinha sentido. Bebericou sua água, sentindo a garganta seca. se remexeu mais uma vez e fechou os olhos, pronta para ignorar a alfinetada que Zemo tinha dado a ela.
Como seu cérebro e sua boca não cansava de fazê-la passar por situações difíceis:
— Ouça Grenade do Bruno Mars. — Ela agradeceu por já estar de olhos fechados para que ninguém notasse as lágrimas teimosas que já se faziam presente. Sua voz embargada, no entanto, não passou despercebida por nenhum deles. Principalmente por Bucky. tratou de limpar a garganta antes de continuar. — Acredito que não irá entender a letra, mas ele é um bom cantor do meu tempo de vida. Lembrem-se que de todos, eu sou a única que continua na casa dos vinte.
— É uma intensa e dolorosa escolha de música. — Zemo pontuou, tranquilo. — Bruno Mars não é um cantor qualquer, eu diria. — Ele maneou a cabeça para Buck. — Para os jovens de hoje, ele é considerado um escritor de sentimentos. Deveria levar essa sugestão em consideração, Barnes, pelo visto a moça entende bem de corações partidos.
— Deus! — exclamou esgotada. Não era do tipo religiosa, mas estava rezando para que aquele avião caísse de uma vez por todas. — Você não vai calar a boca nunca?
— Dá para falar de uma vez por todas para onde estamos indo? — Wilson, parecendo que havia pegado no ar o desconforto da amiga, tentou, outra vez mais, mudar o rumo do assunto.

Antes de se entregar ao completo sono, ainda de pálpebras fechadas, ouviu quando Zemo os informou que iriam para o santuário mais fora da lei de todo o mundo. Para falar a verdade, não se surpreendeu ao saber que iriam a Madripoor, ou que todos tinham que ir disfarçados, visto que jamais seriam aceitos em suas reais identidades, não. O que pareceu mexer com seu humor, piorando ainda mais a circunstância em que tinha se metido, foi Zemo deixar explícito que James teria que se tornar alguém que ele considerava estar no passado.



CONTINUA...


Nota da autora: Oiii! Só queria deixar registrado aqui que Echoes é uma continuação direta de Dark Mind Program (para quem um dia chegou a ler), então por isso, existirão sim spoilers sobre a vida da nossa Ravzinha e de todos os outros vingadores nos últimos anos. DMP ainda é meu projeto pessoal e eu não desisti dele, porém, por ora, deixo vocês com minha filhinha caçula.

O reencontro de #Barnoff (Barnes + Evanoff) foi perfeito e quando eu escrevi eu SURTEI porque a Rav é MUITO rancorosa e eu simplesmente não tinha ideia de como ela iria reagir ao ver nosso Buckyzinho... Mas PORRA! Nada me preparou para isso! (ps: esta autora aqui vai para o show do Bruno Mars em outubro e não poderia de deixar de dar uma citada no querido na fic, não é mesmo? hahaha)

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