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Independente do Cosmos🪐

Última Atualização: 08/09/2024


Para todas aquelas que sonham acordadas em viver uma história de amor e aventuras com seu ídolo, que esta história te transmita as mais deliciosas sensações.




Ela se tornaria minha ruína e eu, a sua destruição.




Merda.
Eu estava fodido, ou melhor, nós estávamos.
Li pela milésima vez a maldita notícia, ainda sem acreditar em uma merda daquelas.
Desta vez, não teríamos nenhuma desculpa. Tudo estava escancarado em uma matéria de dez páginas.
Caralho.
Eu nem sabia que era possível existir matérias tão grandes.
Que fazíamos coisas que não eram tão bem vistas não era segredo para ninguém, mas sempre tentamos manter tudo por debaixo dos panos e o mais escondido possível. Rolei mais um pouco a página e respirei fundo. Como se não bastassem os diversos relatos e depoimentos, ainda havia algumas fotos anexadas.
Mulheres peladas, carreiras de cocaína, baseados…bebidas a rodo. E o pior de tudo, o nosso baterista desmaiado bem no meio do salão onde tinha acontecido a festa, com uma garrafa de bebida na mão e uma garota em cima dele em um estado ainda mais deplorável.
E se não pudesse piorar, o filho da puta era comprometido.
Não tinha como piorar, tinha?
Foi o que pensei, até chegar ao fim da matéria e ler os comentários.
Todos estavam putos com as nossas atitudes. Sem dúvidas a nossa reputação estava arruinada.
Acabada.
Reli mais algumas vezes; eu simplesmente não conseguia acreditar que aquele pesadelo tinha se tornado realidade.
— Ainda lendo essa merda, ? — A voz de Ethan reverberou na sala de reuniões, puto da vida.
Ele era o mais prejudicado com a merda toda.
Não só os fãs estavam putos com ele, como sua noiva — ou melhor, ex.
— Tem como não ler? — Ergui melhor olhar para ele, e o vi sentar na última cadeira.
O baterista se esparramou e bufou, frustrado. Pela sua expressão ele já tinha descontado a raiva uma centena de vezes — e eu nem gostaria de pensar no que — e, sem dúvidas, não tinha passado. E nem passaria.
— Relaxa…
— Você está relaxado? — O cortei, meio irritado.
Como caralhos eu iria relaxar com o mundo desabando em nossas cabeças? Era impossível.
Eu podia até ser um grande de um filho da puta, mas não era maluco. Eu tinha plena consciência do que coisas assim poderiam fazer com a carreira de alguém, principalmente com uma banda prestigiada como a nossa.
Ethan nem mesmo respondeu, e eu não fiz questão alguma de continuar o assunto, não tinha o que dizer ou justificar.
A merda foi grande.
— Cadê Jasper e Mason? — A voz da RP, nossa relações públicas, soou na sala e eu apertei meus olhos.
Puta merda!
Se já estávamos fodidos antes, agora tinha acabado de ficar pior. Robin ia acabar com a gente, literalmente.
Nos comer vivos se pudesse.
— Estamos aqui! — A voz de Jasper reverberou e eu acompanhei quando Mason entrou logo atrás dele.
Suas expressões estavam uma merda.
E como não? A situação era de foder.
— Ótimo, sentem — Robin mandou, sem se preocupar em dar bom dia ou ser educada.
Ela era a melhor RP do universo e nós tínhamos fodido não só com a banda, mas com todo o seu trabalho no último ano.
Os dois se sentaram como ela mandou, não seriam nem loucos de ir contra.
— Robin… — Nosso guitarrista iria começar com sua clássica bajulação, mas foi cortado pelo olhar fulminante da mulher.
— Se você abrir essa boca para tentar me convencer de que não tinham intenção dessa merda toda, Mason, eu juro que não respondo por mim! — Robin finalmente se sentou, ao jogar uma pasta pesada sobre a mesa.
Aquilo não era um bom sinal, não mesmo.
A sala ficou em silêncio, ninguém tinha coragem de dizer nada. O que poderíamos dizer além de: desculpa, fodemos com tudo?
Não muita coisa.
— Como você está, ? — Robin me encarou no fundo dos olhos e eu soube do que se tratava.
Porra.
Eu não queria falar sobre aquilo, meu único interesse era saber como a banda ficaria.
— Tô numa boa. — Dei de ombros.
Seus olhos me analisaram, e eu pensei que ela tentaria investigar um pouco mais, mas não disse nada e apenas abriu sua pasta e começou a tirar alguns papéis. Por um momento, pensei que Robin iria nos entregar algo para assinar, mas quando me dei conta, notei que era a matéria impressa, assim como as fotos que foram divulgadas.
Nem tivemos coragem de tocar naquilo, já tínhamos lido demais.
— Vocês têm o mínimo de noção da merda que fizeram? — Robin respirou fundo, e eu conseguia ver a veia de sua testa saltada, assim como as olheiras pesadas abaixo dos olhos. Ela sem dúvidas, tinha passado a noite em claro tentando resolver nossos problemas.
Éramos mesmo uns filhos da puta ingratos.
— Robin, a gente sabe, valeu? — Jasper teve a audácia de responder com a sua impaciência de sempre. — Mas porra, é tão ruim assim?
— Você está de sacanagem? — esbravejei. — Não podiam ter sido mais discretos?
Por sorte eu não estava na maldita festa, mas se estivesse, toda a situação seria ainda pior.
— Ah, pronto — Mason debochou. — Vai bancar o santo agora?
— Não, mas eu só estou dizendo que podiam ter dado uma segurada. Olha só a merda que isso deu! — Me exaltei um pouco, coisa que eu não tinha direito algum.
Mas, porra, eu vinha me esforçando pela banda. Eles precisavam ferrar com tudo justo agora?
— Vai se foder, ! — Ethan se levantou. — Você já fodeu pra caralho com a banda e nós sempre te apoiamos!
— Chega! — Robin gritou. — Parem com essa merda, agora!
Ethan a encarou por alguns instantes, mas voltou a se sentar. Ele sabia muito bem que nenhum de nós estava em posição de estressar a mulher ainda mais.
— Robin, o que nós vamos fazer? — Jasper estava visivelmente preocupado, e eu nunca o tinha visto assim.
— O que nós vamos fazer? — A nossa RP riu sem humor. — O que vocês vão fazer!
— Como assim? — indaguei, tão confuso quanto os outros.
Novamente, um silêncio tomou conta da sala e ela voltou a abrir sua pasta. Dessa vez eu tive certeza de que os papéis que ela pegou eram de contratos, que seríamos obrigados a assinar sem nem questionar.
Eu nem leria; não me importava com o que teria de fazer, toparia qualquer coisa pelo bem da banda.
Se a The Echoes afundasse, eu nem sei o que seria de mim.
— Vamos começar com você, Ethan. — Robin encarou o mais fodido da situação, com um risinho maldoso no rosto, e ele gelou. — Já conversamos com a equipe da Olívia e ela aceitou manter as aparências e limpar sua imagem. Tem noção do filho da puta sortudo que é? Eu aposto que não.
— Não vou manter uma relação por imagem, Robin — o baterista se opôs. — Eu já disse que não teve traição, eu estava bêbado pra caralho e…
— Não me interessa, isso é problema seu e dela — a mulher rebateu, impaciente. — Todas as regras estão no contrato, então, na próxima vez que for comer alguém, faça dentro de um quarto!
Eu conseguia ver o desespero no olhar dos outros dois, além do meu, pois se com Ethan ela tinha ido baixo assim, nem queria imaginar o que faria com o resto de nós.
— Você só pode estar de sacanagem…
— Não terminei — Robin o cortou. — Vai comparecer a todos os compromissos com ela, darão entrevistas e Olívia estará em todos os shows que fizerem, além da gravação do próximo álbum.
— Vamos conseguir gravar o próximo álbum? — Mason se empolgou, mas ela o cortou com o olhar.
Um de: você acha que eu não sei fazer meu trabalho, garoto?
Caralho, eu até teria soltado uma risada se a situação não fosse tão caótica.
— Jasper e Mason, vocês estão estritamente proibidos de dar qualquer festa que não seja aprovada e supervisionada por mim. — Robin abriu um sorrisinho maldoso; ela estava adorando aquilo, principalmente a cara de merda dos dois. Eles eram os mais novos e mais propensos a fazer besteira. — Também irão frequentar grupos para dependentes químicos e farão alguns trabalhos voluntários descritos no contrato.
— Mas que merda! Nós nem usamos aquela porra! — Mason esbravejou ao se esparramar na cadeira, com uma cara de quem estava puto.
— Bom, devia ter pensado nisso antes — ela devolveu. — E ….
— Robin, eu nem estava na festa — a lembrei, mas sua cara deixou claro que também sobraria para mim.
— Tinha droga pra todo lado, não tem nenhuma foto sua na festa, mas também não temos sequer uma comprovação de que você estava em outro lugar. — A RP desviou o olhar do meu momentaneamente. — Você terá que voltar para as suas…
— Tá, beleza. — Nem a deixei terminar. — E como fica a gravação do álbum?
— Isso acontecerá daqui a alguns meses, por enquanto vamos focar em salvar a imagem de merda que vocês criaram. — Robin nem se preocupou em ser menos dura. — Eu planejei algo para vocês que está em um contrato à parte. Isso já é o primeiro passo para melhorarmos a situação e não quero objeções. Estamos entendidos?
Todos apenas concordaram com um aceno de cabeça; não era como se fossemos ter um plano melhor.
A mulher então se levantou, e sem nem se despedir, caminhou até a porta, mas não sem antes virar para dizer:
— E sobre fãs, elas estão fora de cogitação daqui pra frente. Está no último contrato.
Todos nós encaramos meio sem entender nada.
Que merda ela queria dizer com aquilo?
Naquela época eu nem sabia, mas o último contrato seria minha ruína.


Você está sozinha nessa, criança. Você sempre esteve.
Taylor Swift — You’re On Your Own, kid.

, você vai se atrasar. Eu vou ficar bem… — A garota deitada na maca tentava me convencer a ir embora pela milésima vez na última hora, mas eu não iria. Que tipo de irmã eu seria se a deixasse sozinha sem nenhum acompanhante no hospital?
Bufei, frustrada.
Eu ainda não conseguia acreditar que estava vivendo o mesmo pesadelo de quatro anos atrás, e apesar de Holly tentar me convencer de que os resultados dos exames podiam ser limpos, eu duvidava muito.
Já tinha visto tudo aquilo antes.
— Lex, está me ouvindo? — Holly,dessa vez, usou um apelido dado por ela quando ainda éramos bem pequenas, para chamar minha atenção.
Eu não queria discutir, por isso não sabia o que dizer, mas acabei soltando:
— Não posso simplesmente te largar aqui, Holly. — Nem consegui disfarçar a frustração em minha voz.
Eu estava cansada e com um monte de problemas para resolver, mas não queria fazê-la se sentir como se fosse mais um. Porque ela jamais seria.
Ela era tudo o que eu tinha.
— Você tem contas pra pagar, que inclusive estão bem atrasadas — minha irmã me repreendeu, apesar do olhar carinhoso. — Vamos fazer o seguinte…
— Holly…
, me deixe falar! — Fiquei quieta, e de repente senti muita falta de quando ela ainda era menor de idade. — Eu vou ficar bem aqui, tem uma centena de pessoas cuidando de mim e te aviso assim que os resultados saírem.
Odiava o fato de ela estar tão certa, eu realmente tinha um milhão de contas para pagar e não poderia ser mandada embora, ou chegar atrasada, então me dei por vencida.
— Me avisa no caso de surgir qualquer coisa? — A encarei no fundo dos olhos, eu não queria deixá-la. — Qualquer coisa, Holly!
Ela apenas assentiu e eu pude ver em seus olhos tão jovens a preocupação, mas não consegui dizer mais nada. Apenas depositei um beijo no topo da cabeça da minha irmã e sai de lá com o coração apreensivo.



Meu trabalho não ficava assim tão longe do hospital, então consegui chegar bem no horário. Por sorte, eu já estava com o meu uniforme de garçonete e só precisei calçar os patins e colocar o avental de sempre.
O The Rock era a lanchonete mais famosa no bairro de Manhattan, bem ao lado da estação e próximo da Universidade de Nova York, logo, bem no meu turno — no horário do almoço —, o lugar estava lotado mais do que um estádio de futebol americano em temporada.
Eu não tinha tempo para absolutamente nada, nem mesmo ir ao banheiro.
A lanchonete lotou ainda mais do que o usual, e eu precisei fazer malabarismo para dar conta da limpeza da loja, atender as mesas e me certificar de que receberia notícias de Holly. Era difícil manter a minha cabeça no lugar com tanta coisa acontecendo, mas eu precisava do emprego.
Eu estava na merda, literalmente.
, preciso que cubra as mesas quatro e seis. — A gerente gritou do outro lado do balcão e apontou para a direção das duas mesas.
Ótimo, eu adorava lidar com adolescentes riquinhos e mimados.
Respirei fundo e fiz o meu trabalho, que não foi tão ruim assim, a julgar pela gorjeta gorda que recebi ao final do atendimento. Até que os pestinhas que se sentaram ali eram bem tranquilos e não me deram trabalho algum, exceto ao mudarem de ideia quase umas cinco vezes em um único pedido.
Você precisa desse emprego.
Mais algumas horas se passaram e eu dei graças a Deus quando as coisas começaram a se acalmar. Meus pés estavam me matando, minhas pernas pareciam que iam me deixar na mão a qualquer momento e eu só queria ter meu tempo livre para recuperar o pouco de energia que me restava.
— Pode ir para o seu break, .
Nem mesmo agradeci e saí pela porta dos fundos. Eu não tinha nem fome e muito menos grana para comer, por isso passaria meu tempo livre com um cigarro entre os lábios e a vista do trânsito da cidade de Nova Iorque diante dos meus olhos.
Eu amava aquela cidade, apesar de tudo.
— Aí está você! — Amber Thompson, minha melhor amiga e herdeira, sorriu ao me ver.
Porra, por que ela tinha vindo até aqui? Hoje eu não estava com cabeça para suas maluquices e invenções.
Antes de respondê-la, saquei meu celular para me certificar se tinha alguma mensagem de Holly e vi que era sexta-feira.
Logo entendi porque ela tinha vindo.
— Oi — foi tudo que consegui dizer.
Traguei meu cigarro e soltei a fumaça, esperando minha amiga começar com mais um de seus monólogos, ou ideias mirabolantes.
— Já tô vendo que você não olhou seu blog. — Amber me encarou incrédula, quase como se eu tivesse cometido algum tipo de crime.
Merda!
A droga do blog.
A madrugada com Holly no hospital foi tão intensa que eu nem mesmo tive tempo de dar uma olhada e garantir que tudo estava atualizado de acordo com as últimas novidades da The Echoes.
Ninguém no mundo sabia mais sobre aquela banda do que eu. Minha vida era respirar toda e qualquer informação sobre eles, desde o fatídico dia em que escutei a primeira música. E tanta coisa tinha acontecido que eu nem conseguia acreditar que já faria cinco anos sendo fã deles.
Ou melhor, de .
O homem era a porra de um gostoso. Todos os integrantes eram, na verdade.
! — Amber gritou meu nome, e só então me dei conta de que mais uma vez, estava dentro dos meus pensamentos.
Eu tinha a péssima mania de me desconectar do mundo, quase sempre.
— Desculpa…eu me distraí. — Dei de ombros. — O que tem no meu blog?
Tentei abrir a página, mas então me lembrei de que minha conta de celular estava atrasada, logo, a operadora já tinha cortado todo meu acesso a internet e me deixado somente com ligações e SMS.
Minha vida não tinha como piorar.
— Lê isso aqui — Thompson me passou seu celular, e meus olhos se arregalaram.
— Isso aqui é sério mesmo? — Eu estava boquiaberta, totalmente sem palavras.
Sai do meu blog, lotado de comentários desesperados dos meus seguidores e fui para a página da The Echoes, que logo me direcionou para a notícia bombástica que eles tinham acabado de soltar.
Li toda a notícia umas dez vezes, só para ter certeza de que eu não estava ficando louca ou imaginando coisas e meu coração disparou.
, você vai participar, né? — Amber me encarou no fundo dos olhos.
De repente, me senti nervosa.
E se eu não fosse capaz?
— Não sei…eu…
, se você estiver pensando em não participar, eu juro que te mato! — Thompson riu, apesar das palavras duras. — Essa é a sua oportunidade, você é perfeita para o que eles querem!
Respirei fundo ao encará-la; eu queria muito acreditar em suas palavras, mas tanta coisa estava acontecendo na minha vida que eu não sabia se seria realmente uma boa ideia. Aquela banda era tudo o que eu mais amava e uma das poucas coisas que me restava. E se eu também arruinasse isso?
— Me promete que vai ao menos pensar com carinho?
A encarei por alguns instante até que respondi:
— Eu prometo.
Amber deu pulinhos saltitantes e logo foi embora, mas não sem antes me cobrar que daria notícias sobre a minha decisão mais tarde.
Decidi ler mais um pouco sobre tudo, mas fui interrompida pelo toque do meu celular.
, seu tempo acabou há dois minutos!
Revirei os olhos, irritada.
— Me dê só mais cinco minutos!
Respirei fundo ao ver o número desconhecido e finalmente atendi à ligação.
— Sim?
? — A voz feminina chamou meu nome com apreensão, e senti meu coração parar na boca. Aquilo não era bom. — Estou falando com…
— Sim, sou eu — a interrompi.
— Preciso que venha até o Central Hospital de Nova Iorque.



O barulho do soro caindo era a única coisa que me acalmava. Holly dormia como um anjo na cama do hospital; ela tinha voltado da cirurgia há apenas quatro horas, e desde então eu não tinha conseguido sair de perto dela.
O computador no meu colo me lembrava a todo momento do que eu precisava fazer, mas era difícil, pois a cada respiração dela eu esperava com ansiedade vê-la acordar e me dizer que tudo ficaria bem.
Mesmo sabendo, lá no fundo, que não ficaria.
Fiquei encarando-a por mais alguns minutos, até que tomei coragem e decidi me concentrar. Sem pensar muito, abri a página oficial da The Echoes e cliquei no link do formulário.
Li e reli todas as regras diversas vezes e, como uma boa jornalista, não demorei a escrever exatamente o que os impactaria. As palavras saíram com tanta facilidade que eu até me assustei; era como se eu tivesse ensaiado.
Eu ainda não tinha certeza se era o que eu realmente queria, mas era o que precisava.
O tratamento de Holly logo começaria eu não teria grana alguma para bancar, papai muito menos.
Sem dúvidas, era uma grande oportunidade.
Eu precisava ser escolhida.
Revisei ao menos umas cinquenta vezes o texto e, em meio ao nervosismo e às mãos trêmulas, apertei para enviar.
— Estou confiando em você, The Echoes — soprei baixinho, mais para o universo do que para mim.
Eu precisava de uma boa notícia, só para variar.


🌙☀️




— Eu sinto muito, . Você tem até o final do mês para encontrar outro lugar. — O homem do outro lado da linha bufou, pesaroso.
Porra.
Como eu iria resolver tudo em menos de três semanas?
— Escute, se me pagar o que deve, te deixo ficar.
Eu não tinha grana e nem teria; tudo estava indo para pagar as despesas médicas de Holly, e desde sua piora e ida para a UTI, não tinha sobrado nada do último pagamento.
Eu estava fodida, muito fodida.
— Tudo bem. — Foi tudo o que consegui responder e, então, encerrei a ligação. Eu não tinha ideia de como resolveria minha situação.
Ignorei a maldita pilha, fiz um café forte e fui para o meu escritório, o meu único lugar de paz nas últimas semanas. Graças a Deus, era sábado, o dia da minha folga, e eu poderia gastar o final de semana inteiro em busca de soluções ou apenas me afundando nos meus problemas.
Me esparramei na poltrona mais confortável que poderia ter e me deixei sentir o turbilhão de sentimentos. Primeiro, fiquei cara a cara com o desespero; depois, a tristeza tentou me pegar, mas sequer conseguia dançar com ela naquele momento, e então, o mais temido chegou: a frustração.
No auge dos meus vinte e seis anos, estar em um emprego de merda e com dívidas até o pescoço não era o meu plano de aposentadoria, mas o que eu poderia fazer? Se eu não cobrisse as contas hospitalares de Holly, ninguém o faria.
Meu celular não parava de tocar, mas eu não queria falar com ninguém e ignorei o máximo que consegui. Infelizmente, a pessoa do outro lado da linha era insistente, então me dei por vencida.
— Quem é?
, você já olhou seu e-mail? — A voz de Amber soou aflita do outro lado da linha.
Fiquei confusa.
Por que diabos eu deveria estar preocupada com meu e-mail?
— Já soltaram os resultados!
Meu coração disparou na hora e levei meu olhar até a data. Eu nem conseguia acreditar que já tinha passado quase um mês desde aquele dia e nem mesmo me lembrava que os resultados sairiam hoje.
Eu tinha me perdido completamente no tempo.
?
— Oi, estou aqui — soltei um muxoxo ao abrir meu notebook e ir direto para o meu e-mail.
A porcaria da minha internet estava uma droga, já que eu havia diminuído muito o plano para conseguir bancar. Eu não poderia, de jeito nenhum, ficar sem; era a única coisa que me ajudava a fazer uma graninha extra como freelancer.
Levou ao menos uns dez minutos para a página carregar e, quando aconteceu, congelei. Simplesmente não tive coragem de abrir o e-mail e ver o resultado. Eu não aguentaria mais uma notícia ruim.
— E então? — Minha amiga gritou empolgada.
Fiquei tão alheia a tudo que tinha até me esqueci de que estávamos em ligação.
— Ainda não tive coragem de abrir — confessei, ao me sentir meio ridícula.
Cacete.
Eu era uma mulher adulta, precisava enfrentar meus medos.
— Quer que eu vá até aí? Posso pedir…
— Não, tudo bem — a cortei. — Eu preciso fazer isso sozinha. Te ligo mais tarde, pode ser?
Nem dei tempo da minha amiga responder e encerrei a chamada.
Tudo bem.
Encarei a tela por mais alguns instantes; meu coração parecia que sairia de dentro do meu peito e minha boca ficou seca. Eu só me lembrava de me sentir tão nervosa assim quando fui ao primeiro show da The Echoes, um dos melhores dias da minha vida.
Era, no mínimo, cômico que o mesmo sentimento estivesse acontecendo novamente por causa deles.
Respirei fundo e, então, sem mais enrolação, abri o e-mail.
C a r a l h o.
Foi como se o tempo tivesse parado diante dos meus olhos. Li e reli o e-mail umas cem vezes, com lágrimas nos olhos, mãos trêmulas e sem acreditar em cada palavra. Dessa vez, meu posto de sortuda do caralho tinha finalmente chegado. Dentre tantas fãs candidatas, seria eu a entrevistar a The Echoes.


Continua...


Nota da autora:
Oi, meus amores, tudo bem? Eu nem acredito que essa fic está FINALMENTE saindo. Eu sempre quis escrever uma história de fã e ídolo e esse dia chegou! Eu espero que vocês se apaixonem por eles tanto quanto eu! Não esqueçam de comentar o que acharam!