Independente do Cosmos🪐
Última Atualização: 12/01/2025.Stanford, alguns anos atrás.
O outono na universidade de Stanford costumava envolver boa parte do campus.
Entre os corredores de pedra e as árvores que soltavam suas folhas secas, Sam e adoravam passar o tempo juntos em um lugar isolado de todos os olhares do local, compartilhando entre eles cada momento inesquecível do relacionamento, junto de risadinhas gostosas e olhares cúmplices.
Sam tinha o corpo apoiado na beira da cama, com um livro aberto nas mãos, mas sua atenção estava inteiramente voltada para , sua namorada. A garota estava deitada com os cabelos escuros espalhados sobre o travesseiro, olhando para o rapaz com um sorriso relaxado.
Ela amava fazer aquilo.
— Você sempre se distrai com livros quando deveria estar me dando atenção — brincou. Os olhos brilhavam com a provocação.
Ele fechou o livro, o colocando de lado, e tinha um sorriso desenhado no canto dos lábios. Se inclinou para frente, tocando o rosto da namorada com a ponta dos dedos.
— Pra ser sincero, você é muito mais interessante que qualquer livro — respondeu, beijando suavemente os lábios de , que soltou uma risadinha.
— Gosto de ouvir isso — soprou contra os lábios do rapaz. — Mas então, já pensou sobre aquele assunto?
— Hm, qual assunto? — desconversou, ainda olhando o rosto delicado da garota à sua frente.
inclinou a cabeça, respirando fundo. Sam estava desconversando outra vez. Sabia que ele estava escondendo algo, e essa era uma das raras vezes em que sentia que o namorado estava realmente distante, mesmo estando tão perto.
— Você sabe… O futuro. Sobre nós dois. Sobre o que vai acontecer com a gente — comentou, seus olhos procurando os dele com um misto de preocupação e carinho. — Parece que estamos vivendo o presente e deixando o que é importante pra depois.
Sam ficou em silêncio por um momento, seu olhar se desviando para a janela, onde a luz dourada do entardecer pintava parte da cama dos dois. O rapaz lutava internamente tentando encontrar uma maneira de explicar algo que ele mesmo não entendia.
— , eu… Acho que tem coisas na minha vida que estão fora do meu controle. Coisas que não posso explicar pra você agora.
se endireitou, o olhar ainda fixo no rapaz. Queria entender, mais do que tudo, o que se passava dentro de sua mente e por que o destino com Sam parecia tão incerto em alguns momentos.
Respirou fundo.
— Ei. Tudo bem — Alisou o rosto do namorado. Ele sorriu rapidamente. — Não tô pedindo pra você me contar tudo, mas pelo menos me deixa saber o que tá acontecendo, quando for a hora. Quero estar ao seu lado, mas não posso se você continuar se afastando.
Sam deixou os olhos caírem no rosto da namorada, o peito em uma mistura de dor e ternura. Certamente estava colocando em uma posição difícil, e a última coisa que queria era magoá-la com seu silêncio e mistérios. E, principalmente, com toda a confusão que sua família trazia.
Segurou seu rosto com as duas mãos, seus olhos encontrando os dela com uma sinceridade inexplicável.
— Acredite em mim — disse, com a voz firme. — Se sua preocupação é nosso futuro, prometo que não vou a lugar nenhum. Não importa o que esteja acontecendo, saiba que meu coração tá aqui com você. Só... Confie que estamos destinados a ficar juntos.
sentiu um alívio momentâneo ao ouvir aquelas palavras e pôde sentir os olhos arderem. Ela tocou o rosto dele, os dedos se movendo suavemente pela pele, como se tentasse gravar aquele momento na memória.
— Eu confio em você, Sam — sussurrou. — Só quero ter certeza de que não tá se afastando de mim.
Ele sorriu. O sorriso que costumava deixar derretida de todas as formas possíveis. Sam se aproximou, puxando o corpo da namorada até que pudesse sentir o calor dele mais próximo do seu.
— Nunca faria isso.
Então inclinou o rosto, buscando os lábios de com tamanha urgência. E ela não pensou duas vezes antes de responder.
As mãos do rapaz caminhavam pela pele macia da namorada, explorando cada centímetro que pudesse. A apertava e sentia como era bom ter alguém que pudesse estar ao seu lado a cada momento de sua vida.
Sam a amava, não tinha dúvidas.
segurava os cabelos escuros do rapaz, os bagunçando com a ponta de seus dedos, enquanto o puxava para mais perto. Sentir o calor do corpo dele, a força e a ternura de seus toques a fazia entender, mais do que nunca, o quanto Sam significava para ela.
Ali, no apartamento que ambos compartilhavam, nada mais importava se não fosse o toque um do outro.
Em todo lugar.
caminhava pelo campus à noite, os passos ecoando ao amassar o gramado.
Tinha em seus braços uma pilha de livros, sabendo que o peso dos volumes sendo um lembrete das tarefas e responsabilidades que ainda tinha pela frente. Havia muito o que ser feito naquele fim de semana.
Sorriu para alguns conhecidos assim que atravessou a extensão da faculdade, ansiosa para chegar ao seu apartamento. Precisava confessar que estava animada em voltar e ter Sam consigo no fim da noite.
A rotina de estudos e o tempo separados só intensificavam o quanto apreciava os momentos que passava com o namorado.
Quando finalmente abriu a porta da sala, algo estranho a faz franzir o cenho. A sensação de familiaridade e conforto parecia estar ausente. Não notou que a porta já estava entreaberta e a luz da sala apagada. adentrou um pouco mais, caminhando pelo cômodo e esperando ver Sam relaxando no sofá ou talvez à mesa, trabalhando em algo como costumava fazer com seus projetos da graduação.
Mas, ao atravessar o hall, a mesma sensação de vazio começou a se instalar. acendeu a luz, fazendo a claridade deixar o quarto mais nítido e o que viu a fez parar no meio do caminho. O apartamento estava inteiramente desordenado, deixando evidente a ausência dos pertences de Sam. A mesa estava limpa, sem o relógio que ele costumava depositar ali e os livros espalhados junto das anotações. O armário estava aberto, as gavetas vazias, e as prateleiras, antes cheias, estavam agora desocupadas.
largou os livros no chão, seu coração começando a bater mais rápido.
— Sam? — chamou, sua voz ecoou no apartamento. — Samuel? Isso não é hora pra suas brincadeirinhas bobas.
Caminhou pelo cômodo, ainda observando a cama desfeita junto das gavetas abertas.
Não havia sinal de Sam.
Desesperada, percorreu cada canto do apartamento, abrindo armários, olhando embaixo da cama e verificando o banheiro. A sensação de solidão crescia a cada minuto e sua mente começava uma tempestade inconsolável.
Quando parou novamente na sala de estar, o chão pareceu abrir em seus pés com a ficha caindo vagarosamente. Sentiu seus olhos arderem, a garganta fechando. Como se sua alma estivesse saindo do corpo aos pouquinhos.
Sam havia a deixado. Mesmo prometendo que nunca faria aquilo.
Palo Alto.
E, mesmo o céu já sendo pintado pelas cores do cair da noite, Winchester mal notava. Sua mente estava focada em outra coisa, em outro caso que havia descoberto. Não sabia exatamente o que acontecia, além dos acidentes, mortes e relatos estranhos dos moradores locais, mas algo o incomodava no fundo do peito.
Uma inquietação. Uma pontada no coração.
Respirou fundo. Suas mãos apertavam o volante com mais força do que o necessário, enquanto sua mente estava um turbilhão.
Ele se aproximava da cidade. O brilho das luzes amareladas começavam a se tornar mais evidentes e mesmo Sam tentando focar ao máximo no que possivelmente poderia estar acontecendo ali, não conseguia parar de pensar em algo específico.
Algo que havia deixado há muito tempo.
Estar de volta ao lugar em que havia passado os anos mais felizes da sua vida era algo que não esperava, mesmo sabendo que uma hora ou outra teria que encarar alguém que não cogitava ver tão cedo.
Se lembrava exatamente de como tudo costumava ser. O café onde costumava estudar. A biblioteca que o deixava focado por horas.
E ela.
Sempre ela.
Winchester suspirou, sentindo o coração esmagar só de lembrar.
Queria esquecer. Já fazia tanto tempo. Sam queria apagar aquela parte da sua vida, já que depois que foi embora, sua prioridade havia se tornado a caçada. Não tinha como ele permanecer na mesma vida de antes, terminando a graduação e ainda assim, ajudando seu irmão, Dean.
Sam conseguia se lembrar de tudo. Dos toques, dos sorrisos, dos abraços.
Aquilo acabava com ele.
Se lembrou, principalmente, da promessa que havia feito.
E algumas horas depois, desapareceu.
Foi melhor pra ela — pensou.
O que mais doía não era saber que podia se esforçar e fazer dar certo as duas coisas. Poderia tentar conciliar o trabalho com Dean e os períodos da faculdade. Poderia explicar para ela, que era uma coisa de família e alguns fins de semana ficaria fora.
Poderia?
Ele só colocaria a vida da garota em risco. Ela poderia até…
Morrer — sua mente sussurrou outra vez.
O motor do carro trouxe Winchester de volta à realidade. Só então quando percebeu que já estava dentro da cidade, passando por alguns lugares familiares, que seu estômago revirou. Sam lembrava de cada um deles.
Desviou o olhar para o medidor EMF, como se aquilo o fizesse esquecer tudo o que pensava. Tinha certeza que logo o aparelho começaria a apitar quando chegasse ao destino.
Suspirou. Winchester estava ali para salvar pessoas, não para reviver memórias. Ouviu o celular tocando logo acima do painel do carro. Esticou o braço, pegando o aparelho e viu o nome do irmão brilhar na tela.
Não demorou a atender.
— Que foi, Dean?
— Oi, Dean, como que você tá? Sua caçada tá indo bem? Nada disso? — respondeu com sarcasmo, do outro lado. Sam rolou os olhos. — Cadê sua gentileza, Sammy?
— Eu tô ocupado.
— Ocupado revivendo os dias em Stanford? — provocou. —Já deu uma passada na biblioteca? Quem sabe não encontra algum fantasma revoltado porque não achou o livro que queria.
— Dean…
Sam resmungou, desviando o olhar da estrada brevemente. Sabia que Dean faria qualquer piadinha só por ele estar de volta à Palo Alto.
— Tá bom, vou pegar leve — riu do outro lado. — O que encontrou aí?
— Acabei de chegar. Tô indo pro centro da cidade que parece ser o foco das ocorrências. Três aparições confirmadas nos últimos dois meses e um ataque violento na semana passada.
— E você acha que é um espírito?
Sam manteve os olhos na estrada, a mão firme no volante enquanto desviava de um ciclista.
— Ainda não sei. Os relatos são um pouco inconscientes, mas é nítido que tem algo fora do lugar. Algumas pessoas falaram de uma energia sufocante. Não é só barulho ou objetos se movendo. É mais pesado que isso.
— Mais pesado? — o mais velho repetiu, claramente cético. — Não sei, não. Pode ser só um rato gigante. Não um espírito maligno.
E Dean continuava com suas gracinhas, o que só tirava Sam ainda mais do sério.
— Não é só um rato, Dean! — seu tom de voz aumentou. — As pessoas estão sendo atacadas e uma delas quase morreu. Ainda acha que é um rato?
— Tá, tá. E essa casa, qual a história?
Dean estava mais sério do outro lado.
Sam organizou os pensamentos.
— Pertencia a uma família nos anos 80. O pai desapareceu sem deixar rastro. A mãe e os filhos se mudaram logo depois. Desde então ninguém consegue ficar muito tempo lá. Escutam vozes, passos, portas batendo...
— Parece clichê.
— Tem mais. Algumas das testemunhas descreveram sentir que estavam sendo sufocadas, como se algo estivesse segurando suas gargantas. Uma mulher disse que viu uma figura escura, mas quando tentou se mexer, ficou completamente paralisada.
Do outro lado da linha, Dean ficou em silêncio por alguns segundos antes de falar novamente.
— É. Isso soa menos como um rato.
— Exato — Sam suspirou. — Vou checar a casa primeiro e ver o que consigo descobrir.
— E vai fazer isso sozinho? — Dean questionou, irônico. No fundo estava preocupado com o irmão sozinho em outro lugar.
— Eu consigo lidar, Dean.
— Claro. Olha, qualquer coisa estranha você me liga. Não quero ter que te arrastar pra fora dessa cidade com um saco de sal e água benta.
Sam sorriu, minimamente.
— Não vai precisar disso.
— Espero mesmo que não — respondeu. O som do Impala roncava no fundo. — Fica ligado, Sammy.
Antes que Sam pudesse responder algo, a ligação foi encerrada. Jogou o celular no banco do carona e apertou os dedos ao redor do volante outra vez, decidido a descobrir tudo o que acontecia logo.
Até porque, quanto antes o fizesse, mais rápido estaria longe dali.
A casa parecia fria como de costume para .
Ela apertou o cardigan no próprio corpo, como se aquilo fosse esquentar um pouquinho mais, enquanto descia as escadas da casa. O único barulho ali era o de seus passos batendo contra o piso de madeira.
Não era exatamente assustador para ela, apenas se sentia incomodada pela mesma sensação de sempre, como se estivesse sendo observada.
Foi em direção à cozinha, notando que o relógio marcava quase meia-noite. Pegou o copo d’água na geladeira e ignorou o silêncio ensurdecedor que fazia.
O barulho da porta da geladeira fechando até parecia alto demais.
Colocou o copo na pia e se virou para voltar ao seu quarto, mas o barulho do telefone tocando quase a fez gritar pelo susto.
O pegou, atendendo.
— Alô? Ninguém falou nada. A linha estava muda.
A mulher franziu o cenho, balançando a cabeça. Não acreditava que estavam passando trotes uma hora daquelas. Desligou o telefone e o colocou de volta no suporte, tentando ignorar o arrepio na espinha.
— Fala sério.
Respirou fundo, apagando a luz e se virou para subir as escadas, mas parou no segundo seguinte quando ouviu outro som. Dessa vez, parecia um leve rangido vindo da sala.
Seus olhos foram automaticamente para a porta da frente.
Ela estava entreaberta.
— Mas o que..?
tinha certeza absoluta que havia trancado todas as portas e janelas da casa antes de subir para o quarto. Deu um passo hesitante em direção à porta, sentindo os músculos do corpo ficarem tensos com cada movimento que fazia.
Precisava admitir que tremia por dentro.
Quando chegou perto, fechou a porta devagar, girando a tranca até ouvir o clique.
Mas, assim que soltou a maçaneta, ouviu outro som, dessa vez mais alto que o anterior.
Eram passos vindo do andar de cima.
Seus olhos arregalaram. Sentiu o corpo congelar ali mesmo.
— Tem alguém aí? — perguntou. Sua voz estava trêmula e levemente embargada. Sentia o peito subir e descer. Era nítido o quão apavorada estava.
Não houve resposta. Os passos continuavam e paravam. Como se alguém andasse de um lado para o outro.
Fechou os olhos com força, pensando seriamente no que faria. Se aproximou da lareira, pegando o metal do kit de limpeza o mais rápido que conseguiu. Precisava se defender sabe-se lá do que era aquilo.
Subiu as escadas vagarosamente, olhando para todos os lados.
segurava o atiçador da lareira com tanta força que os dedos estavam vermelhos. Quando chegou ao topo, o silêncio ficou ainda mais presente e ela podia jurar ouvir os batimentos acelerados de seu coração.
Observou o corredor escuro e a única luz ali era a do seu quarto, que ela havia deixado acesa quando desceu.
Notou a porta também entreaberta. Mas ao contrário da porta da sala, a do seu quarto balançava suavemente.
— Quem tá aí?!
Perguntou novamente, tentando manter o tom de voz firme. Mas quase falhou no final.
Se aproximou um pouco mais, com seus pés descalços tocando o piso frio.
Ao se aproximar do quarto, ouviu um murmúrio como se alguém estivesse falando baixo, mas as palavras eram emboladas, como se viessem de muito longe.
empurrou a porta do quarto com a ponta do atiçador, o coração ainda disparado. O cômodo parecia normal; a cama com o lençol desarrumado, a janela trancada, tudo exatamente como havia deixado.
Mas alguma coisa estava diferente.
sentiu o corpo arrepiar e teve certeza de que não estava sozinha ali.
Segundos depois, o abajur ao lado da cama piscou algumas vezes até apagar totalmente. Ela engoliu em seco, girando o corpo para olhar ao redor, mas não viu nada. Só sentiu.
Era como uma presença.
O som de risadas infantis encheu o quarto, fazendo a mulher paralisar.
Girou para trás, mas não tinha ninguém. Sentiu o atiçador tremer nas suas mãos.
— Isso não… Isso não pode ser real — murmurou para si mesma, os olhos já lacrimejando.
As risadas cessaram e um estrondo ecoou pela casa, vindo do andar debaixo. gritou de susto, andando para trás até bater na parede.
Foi então que sentiu.
Era algo gelado, como uma mão invisível, tocando seu pescoço. Girou o corpo rapidamente, mas não tinha nada, nem ninguém.
E quando tentou sair do quarto, sentiu um empurrão. Mas não era um empurrão fraco, que faria ela cair para trás. Havia sido violento, tanto que a lançou contra a cama de casal.
gritou desesperada, tentando resistir ao que quer que fosse, mas era inútil.
Tentou se levantar a todo custo, se debatendo, até que a mesma coisa gelada tocasse seus tornozelos, a prendendo ali.
— Me solta! — gritou mais uma vez, chutando e arranhando o ar.
A força em suas pernas só aumentava, agora, a puxando para fora da cama.
segurou o colchão, mesmo sendo em vão.
Precisava gritar outra vez, alguém tinha que escutar. E quando tomou ar para começar, tudo parou. Seu corpo caiu no chão amadeirado e a luz do abajur acendeu novamente.
O ar gelado havia sumido.
Percebeu o cômodo, mais uma vez, em silêncio.
ficou ali sentada no chão, estática. Tremia dos pés à cabeça, paralisada. Não conseguia processar o que havia acabado de acontecer.
Só teve certeza que precisava sair dali o quanto antes.
queria chorar. Queria gritar. Pedir por ajuda.
Ela se arrastava pelo chão do corredor, tentando se levantar a todo custo. Seus pés estavam machucados, os tornozelos inchados. A mulher não fazia ideia do que era tudo aquilo, mas tinha certeza de uma única coisa.
Queria matá-la.
Engoliu em seco quando sentiu o vento gélido outra vez. Ela sentiu a sensação mudar.
Sentiu o ar da casa ficar mais pesado que o normal, como se a qualquer momento fosse sufocá-la.
Se arrastou por mais alguns metros, já com sua visão turva pelo desespero e as lágrimas presas ali.
Ela respirou com dificuldade, tentando ignorar a dor que sentia em seus pés.
Não sabia por mais quanto tempo aguentaria.
Sentia seus braços tremendo pelo cansaço, o suor frio escorrendo por sua testa. Sentia um pânico tão grande que começava a duvidar se realmente sobreviveria.
Algo gelado encostou em suas costas. paralisou outra vez.
Ela podia sentir claramente a presença no mesmo lugar. Parecia que algo estava a observando, só esperando o momento certo para atacar.
— Por favor... — sua voz falhou. já estava sem força. — Me deixa em paz, por favor…
Tentou se arrastar um pouco mais, mas antes que conseguisse, a pressão nas suas costas se intensificou. Sentiu seu corpo ser levantado minimamente e, sem que percebesse, já estava chorando.
Ela seria lançada para longe outra vez.
tentou desesperadamente se segurar no chão. Se sentia inteiramente vulnerável.
— Não…
Murmurou, tentando se concentrar em segurar em qualquer coisa que visse pela frente. Mas não havia nada que pudesse fazer. Não tinha nada para segurar.
Fechou os olhos, esperando pelo pior. Mas, em uma fração de segundos, a pressão que a levantava, vacilou. Como se estivesse enfraquecendo.
E o corpo de despencou no chão.
Soltou um urro de dor, a pancada havia sido grande.
— Só me deixa… Em paz — sussurrou, a visão ficando turva aos poucos.
Ouviu mais passos. Não havia ninguém para ajudá-la. Teve quase certeza que aquele seria seu fim.
Foi quando o som se tornou mais presente. Mais… Humano.
sabia que estava fraca. Tinha plena convicção disso. E não teve dúvidas de que, muito provavelmente, estava alucinando quando avistou alguém que ela costumava conhecer bem.
Alguém que havia sido o amor de sua vida.
— Deixa ela em paz!
Escutou, quase perdendo os sentidos. A voz não tinha como ser a de outra pessoa; o tom era autoritário, apesar de apreensivo.
arfou. Não podia ser ele.
Não tinha como ser ele.
De relance, o viu. Os cabelos maiores, a barba por fazer. Quase jurou ter visto o medo estampado em seus olhos.
não levou muito tempo o observando. A entidade voltou a erguer outra vez como uma boneca. Winchester correu em sua direção.
— Exorcizo te, maleficum!
Gritou, apontando uma cruz de madeira pequena, em direção ao espírito invisível. A pressão sobre a mulher diminiu instantaneamente.
O que quer que estivesse segurando, soltou. E Sam, quando viu sua ex-namorada da época da faculdade despencar de uma altura considerável, correu em sua direção.
Desesperado.
Imensamente preocupado.
— ? ! Ei, fica acordada. Fica aqui comigo!
A voz de Sam Winchester estava distante, por mais que ela quisesse manter os olhos abertos a todo custo. precisava ver Sam com clareza.
Precisava acreditar que ele estava ali.
Sua cabeça latejava como nunca latejou na vida. E, sentindo a escuridão tomar conta de si, ouviu a última frase ao longe antes de apagar.
— Não posso perder você outra vez.