━Autora Independente do Cosmos.
Finalizada ✅️
Eu deveria ter desligado o meu telefone, pensou ele.
Eu deveria ter desligado o meu telefone e jogado no rio Han.
Abraçando o corpo com os braços, ele imaginou a discussão que teria com logo assim que a encontrasse. Desligar o telefone não quer dizer que vou abandoná-la nas suas ciladas, . Era exatamente o que queria dizer.
Pois bem, escapar não era uma opção. Lá estava ele, estacionando o carro e saindo para a neve em direção à fachada amarela da loja de roupas em Itaewon.
deu um salto quando a porta da frente da D.a.V.i.S abriu. Mas era apenas Seokjin, com sua expressão desanuviando quando a viu. Ela soltou um grande sorriso, aliviada pela sua presença. Ao se aproximar, o rapaz demonstrava um ar de puro tédio, resultado da típica aversão ao convite intitulado compras.
— Pois então, estou aqui. — ele suspirou e se jogou no sofá em frente à araras e mais araras de roupas, de todas as cores e tamanhos. A garota puxou algo da bolsa. Seokjin projetou o corpo para a frente, atento em todas as células do corpo, olhando bem para o tentador livro volumoso encadernado em couro que reconheceu de imediato. Ele o vira apenas pouquíssimas vezes, sempre que chegava atrasado em alguma venda relâmpago e perdia a corrida em questão de segundos.
perguntou:
— O que é, Kim? Você quer que isso seja seu? — ela inclinou o exemplar da primeira edição de Jojo’s Bizarre Adventure bem em frente ao seu rosto, e Seokjin estendeu as mãos imediatamente para pegá-lo, mas não foi mais rápido do que as ligeiras mãos de para afastá-lo. Ele bufou de irritação. — Calma, sem pressa.
— O que você quer? 5 mil dólares? Posso te transferir agora mesmo. — ele deu de ombros. Ela riu em descrença.
— Não seja idiota, não preciso de 5 mil dólares. Só preciso da sua opinião. É pra isso que servem os melhores amigos. — ela lançou o pacote em seu colo. Ele o pegou com rapidez e admiração, abrindo-o lentamente para então fechá-lo de novo. — Preciso que me ajude a escolher uma roupa pra hoje à noite.
— Já disse que pode ir de qualquer jeito, ninguém vai reparar mesmo. — ele estava concentrado nas páginas. lhe deu um tapa no braço. — Ai!
— Não é porque você não repara que preciso perder as esperanças com os outros caras. Idiota. — ela revirou os olhos, mas Seokjin continuava em sua insistente checagem ao presente. expirou, irritada, pegando o objeto novamente e abrindo-o sem cerimônia. Ela não escolheu uma página para abrir; estava tão usado e tão cheio que todas as páginas reivindicavam precedência. — “"Impossível"? Fizemos muitas coisas impossíveis nesta jornada. Estou cansado de ouvir que as coisas são impossíveis ou inúteis. Essas palavras não significam nada para nós.” — recitou, atuando como Jojo’s. Então, passou algumas páginas, agora literalmente no meio do livro, que se abriu obedecendo à gravidade em vez de ao uso. — “Sua vida foi uma parte importante da história, mas invisível para as pessoas comuns. A maior parte da humanidade, por quem ele se sacrificou, nunca saberá de seus feitos nobres.”
As palavras foram finalizadas como em um espetáculo. Era claro que ela as recitou baseada em sua própria memória, e não pela força duvidosa da coincidência em cair naqueles trechos específicos. Seokjin riu com energia, passando as mãos no cabelo, voltando a recostar-se no sofá enquanto ela devolvia-lhe o presente. Ele não tornou a abri-lo de imediato.
— Pode prestar atenção em mim agora que li suas partes favoritas?
— Leu como se estivesse lendo aqueles livros velhos ou os jornais que você tem, mas dá pra aceitar. — seus ombros se levantaram e ela revirou os olhos mais uma vez. — Mas diga, o que você tanto precisa? Sabe que essa coisa de moda não é muito a minha praia, não é?
— Claro, você tem sorte de ser artista e vestir apenas o que pessoas que entendem do assunto mandam. — suspirou e andou até uma das araras, puxando um vestido vermelho. — Mas ainda confio que você possa estabelecer uma opinião. Esse aqui, o que acha? Me faz parecer uma modelo sexy?
— Você não é modelo, você trabalha com a contabilidade da empresa, e sexy?! Por Deus…
— Ah, vá se foder, Kim Seokjin. Vai me fazer desejar que tivesse ficado no Japão? — ela guinchou, fazendo-o rir e puxou mais três vestidos, cada um de uma cor. — Vou entrar ali e fazer toda aquela palhaçada de provar e sair, e você é obrigado a tecer comentários, entendeu? Ou nunca mais verá esse exemplar na vida.
lhe lançou uma piscadela e entrou no provador, tropeçando antes de fechar as cortinas. Seokjin riu, olhando novamente o presente de natal, explodindo de felicidade por dentro. Não era apenas pelo exemplar de seu mangá favorito, era sobre de quem havia recebido. Seus lábios insistiam em sorrir apenas por imaginar a reação de quando descobrisse o presente que a aguardava — as passagens para a Virginia, acompanhadas de um roteiro impecável para as Cavernas de Luray, um lugar tão fantástico e estranho que não poderiam combinar mais com seu gosto.
Ele pensou em lhe entregar duas passagens, alegando que poderia convidar quem quisesse, esperando que ela percebesse quanta indireta morava naquela frase.
Seokjin mantinha uma lista extensa de coisas que queria fazer antes dos 40 anos — a dos 30 teve que ser estendida. O trabalho muitas vezes não o deixava realizar metade delas, mas ainda estavam ali, registradas, esperando para serem realizadas, marcadas com quadradinhos dispostos diante de cada item. A primeira delas era conhecer o País de Gales, cumprida há 2 anos atrás, o que fazia com que escutasse até hoje as vozes estranhas de imitações do idioma em uma sessão de histórias locais de terror que ouvira por lá.
Haviam outras cidades listadas. E algumas que escreveu.
A cortina se abriu pela primeira vez. Ela usava o vestido vermelho com uma grande fenda na perna direita. Algo disparou dentro do peito de Seokjin, algo que já tinha sentido, mas que preferia pensar que era alguma condição médica do que aquilo.
— E então, como estou? — perguntou ela, incerta.
Seokjin não esboçou grande reação a princípio. Era lógico que ela estava mais do que linda, e ele mais idiota, mas não era assim que as coisas funcionavam entre os dois.
— Parece um tomate gigante.
Ela revirou os olhos e arfou. Ele riu e esticou os braços pelo sofá.
— Isso é um Harlech, como você pode… Ah, esquece. — ela entrou novamente no provador.
O próximo vestido era verde e batia acima dos joelhos, com pequenos babados na parte das coxas. Outra vez, ele precisou desviar os olhos e pensar em outra piada, alguma que mascarasse seu estado de torpor e admiração.
— Acho que não cheguei bem a olhar a data. Estamos no St. Patrick’s Day? Achei que era Natal.
A descrença foi a primeira reação de . Ela virou-se para o espelho, encarando seu reflexo com frustração.
— Mas ele é tão bonito… Argh. — virou-se para o amigo risonho do sofá, trincando os dentes com fúria. — Vou devolver, mas não por sua causa. — e entrou novamente no provador.
Depois de uma sucessão de vestidos, acompanhados de piadas intermináveis e cada vez mais criativas do amigo, provou o último vestido. Seokjin agradeceu internamente por não ter de se proteger por muito mais tempo. Só mais uma piada e tudo acabaria. Foi então que saiu do provador, trajada de um vestido cor de prata rodado, tomara-que-caia, brilhante e sedoso. Seu cabelo, agora solto, caía em ondas sobre seus ombros. As piadas de Seokjin perderam-se, tanto de sua língua quanto de seu cérebro. Ela estava espetacular. Tão espetacular quanto uma princesa.
— E então, o que achou desse? — ela alisou o vestido, mais nervosa do que com todos os outros. A expressão de Seokjin era séria. E Seokjin sério nunca era algo comum, ou bom. — Seokjin?
A menção do nome o fez acordar e ajeitar a postura, apoiando os cotovelos nos joelhos, limpando a garganta duas vezes antes de falar.
— Ah, esse… Bom… É bonito, ele… Bem, parece o tipo de coisa que você usaria.
Ele estava falando sério, em um tom sério.
Com isso, pensou que ele queria dizer que vestidos extravagantes era o que se esperava de uma garota que não sabia diferenciar casacos e cardigãs nos dias normais.
— Acho que sei o que quer dizer. — murmurou, junto de uma risada seca. Agora se sentia patética. O que era estranho, visto que era Seokjin que estava ali. Kim Seokjin, seu melhor amigo, o cara que a fazia rir 25 horas por dia e que sempre era um ponto de paz nos dias corridos. Era ele, não outra pessoa, nada do que ele dissesse poderia chateá-la.
Mas, propositalmente — e assustadoramente —, ela queria que ele aprovasse algum vestido. Queria que ele a olhasse admirado, que dissesse que ela estava linda, que se levantasse de choque, que a abraçasse, que a beij–
Enfim. Com um suspiro tristonho, ela se preparou para virar e entrar novamente no provador, não tendo nenhum pensamento imediato a não ser tirar aquele vestido ridículo e ir embora dali.
— Ei, espera. — Seokjin se pôs de pé quando a viu dar as costas. — Não vai ficar com ele?
— Por que eu faria isso? — respondeu seca, voltando a prender os cabelos no habitual rabo de cavalo.
Seokjin juntou as sobrancelhas, confuso.
— Como assim? Porque ele é lindo.
— Você não está falando sério.
— Claro que eu estou, por que…
— Porque você não está falando sério desde que entrou por aquela porta, Kim. Desde que abriu o livro ou, sendo mais exagerada, desde que pisou na Coreia de manhã. Sinceramente, eu realmente não preciso ir a essa festa, posso me virar sozinha com um BBQ Chicken e 6 latas de cerveja. — ela puxou a cauda da saia cintilante e entrou no provador, isolando-se com o puxar da cortina. Ainda se sentia ridícula, agora mais ridícula do que tudo.
Lá dentro, ela teve tempo de se maravilhar com o vestido. Era lindo e marcante. Não existiam muitas oportunidades para usá-lo. De um jeito triste, começou a puxar o zíper para baixo. Seokjin fechou os olhos com força do lado de fora, praguejando a si mesmo por tentar esconder aquilo e sempre acabar estragando tudo por causa de míseros detalhes.
Como não percebia isso?
— , qual é, eu estava brincando. — tentou, falando através da cortina. — Me desculpa. Não precisa dizer que não vai à festa por causa disso.
— Tá tudo bem, Seokjin. — disse, cabisbaixa. O zíper desceu até a metade e, querendo alongar um pouco mais a visão dele no corpo, começou a tirar as meias da loja. — O convite não me surpreendeu imediatamente mesmo. Era mais pelo sentimento, a expectativa do que seria, mas posso viver sem isso, não se preocupe.
— Do que você está…
— É sério, está tudo bem. O vestido não ficou bom, nenhum deles ficou, só me resta aceitar e aproveitar a noite de outro jeito.
A cortina se abriu repentinamente. soltou um grito, colocando as mãos na frente do peito, esquecendo-se por um momento que ainda estava totalmente vestida.
— Seokjin! O que você… — ela teve o corpo empurrado minimamente para que ele entrasse por completo no cubículo, fechando a cortina novamente. — Você não pode entrar aqui. Tá maluco? E se eu estivesse sem roupa?
— Eu a mandaria colocar de novo, porque você vai na festa, . E vai com esse vestido.
— Por que? O que você…
— Porque você é linda! E merece ir com um vestido tão lindo quanto você.
parou por uns momentos. As palavras se repetiram em sua cabeça como um eco antes que dissesse:
— O-o quê?
— É sério, você vai ficar com ele. Nada vai brilhar mais do que você nessa festa. E nunca falei tão sério em toda a minha vida.
O mesmo laço de couro do exemplar de Jojo’s parecia estar atando o coração de . Seokjin não era sério, nem nada perto disso. Ouvi-lo falar daquela forma era minimamente estranho e diferente.
— Mas… Bem. — ela limpou a garganta, desviando os olhos para baixo. A aproximação repentina a causava um certo tipo de arrepio. — Você não precisa dizer essas coisas só pra me fazer comprá-lo. E não precisa fingir esses elogios também, afinal, você não vai me acompanhar. — fechou as mãos em um punho, dando-lhe um pequeno soco no peito ao mesmo tempo em que soltava uma risada engasgada, constrangida.
— Eu vou, sim — Seokjin sussurrou. — Vou te acompanhar. Na festa. Se você quiser.
Ele parecia atrapalhado. A respiração dela estava tão próxima que lhe conferia um inegável prazer tátil.
— Mas… Achei que tinha combinado…
— Eu não combinei, tá legal? Estava planejando desde o início surgir na porta do seu prédio com 20 minutos de antecedência, como você bem prefere. Seríamos os primeiros a chegar, claro, mas eu te chamaria pra dançar, pisaria no seu pé, comeríamos as iscas de camarão, e no final, eu… Eu…
— Você…?
Seokjin a encarou com desespero. Reparava agora, nesse momento, que algumas atitudes impulsivas não poderiam ser sempre resolvidas com o famigerado sair correndo. Em vez disso, ele mordeu o lábio inferior e suspirou, derrotado. Correu os dedos sobre os bolsos, agarrando a superfície do celular e deslizando os dedos até abrir onde queria.
— Eu daria seu presente. — o telefone foi estendido para , aberto em uma página onde um anúncio era feito em design de papel de desenho, espesso e untuoso, com uma fonte esguia e elegante. — Pretendia entregá-la em um embrulho bonito e delicado, ou qualquer coisa que as moças da loja de conveniência fossem capazes de fazer, mas é isso. Feliz natal, .
As mãos de agarraram o telefone com os olhos arregalados de choque. Na conclusão da compra, havia a assinatura moderna e despojada de Seokjin, feita de forma manual. Ela ainda buscou falhas ou qualquer sinal de uma montagem, mas não achou nada que refutasse seu presente.
— Seokjin… Meu Deus do céu, Seokjin! Cavernas Luray! Onde você estava com a cabeça? — ela soltou um gritinho de euforia, dando-lhe mais um soco no peito, desta vez com mais força, o que o fez encenar dor, como se fosse quebradiço. — Infelizmente, nem posso rejeitar esse presente tão maravi– Ué, tem duas passagens?
O rapaz tirou o sorriso, fazendo uma anotação mental para agir normalmente. Depois de limpar a garganta meia dúzia de vezes, ele conseguiu proferir:
— É… É.
— Por que comprou duas passagens?
Ele coçou a cabeça. A ideia de sair correndo pareceu convidativa de novo. Aquela era a pior hora para ser uma observadora profissional.
— Porque achei que quisesse levar alguém.
— E quem eu levaria para um paraíso tropical, senhor Kim?
— Não sei. O Jeonghan? Você disse que tinha um crush nele.
riu. Um dia, ela lhe contou que tinha uma lista dos idols que gostaria de conhecer assim que começou seu trabalho na Hybe. Todos os nomes eram diferentemente circulados, apontados e sublinhados com “muito urgente”. Jeonghan estava dentro dessa última categoria.
— Acho que o Jeonghan não me faria rir o tempo todo, e tornaria a viagem menos divertida. Sendo assim, o que me diz? — perguntou, ansiosa. — Aceita visitar cavernas comigo?
Seokjin piscou. A pergunta de parecia séria, apesar do tom brincalhão. Os dois eram amigos há um tempo para notarem qualquer nuance de brincadeira ou contradição que moravam sorrateiras nas frases. Quando isso acontecia, referiam-se a si mesmos em terceira pessoa. Ali, o perguntou diretamente.
E o jeito como ela o olhava era profundamente diferente das outras. Seokjin não sorria, o que era incomum, mas estava concentrado demais nos detalhes daquele rosto. Do nariz à boca, ele estacionou ao sentir aquela respiração tão próxima de novo, aquela que estava deixando marcas e ativando desejos, aquela que estava fazendo seu coração bater de forma ainda mais veloz.
Ele se inclinou para ela.
— Srta. , está tudo bem? — a voz de uma funcionária invadiu o cubículo como o som do apocalipse. Seokjin prendeu a respiração de susto. pareceu ter sido jogada da cama para o chão, levando um tempo para entender do que aquilo realmente se tratava.
— S-sim! O-obrigada — disse ela para a voz, a garganta seca de repente.
— É… Eu vou te esperar aqui fora… Lá fora… — disse ele, em voz baixa, inclinando-se para começar a se retirar.
assentiu, desviando os olhos, sentindo a bochecha corar. Ela normalmente era organizada mentalmente, mas estava claro que Seokjin havia bagunçado-a de novo.
— Tudo bem, eu vou… Vou ficar com o vestido.
— É, ficou ótimo. Muito lindo. — ele a encarou novamente, já com as mãos na cortina. Ela ergueu os olhos ao mesmo tempo, vítima de uma linha de energia invisível que estava gritando que alguma coisa estava acontecendo ali. — Vai ser uma honra acompanhá-la, .
— Vai ser uma honra acompanhá-lo, Jojo’s. Para todos os lugares.
FIM.
NOTA DA AUTORA › Oiê! FELIZ NATAL, AMIGA! Espero que você tenha gostado dessa oneshot bem fofíssima do Jin! Não se esqueça de comentar, viu? Até a próxima 💜
beijos,
Sial ఌ︎
beijos,
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