Independente do Cosmos🪐
Enviada: 23/12/2024ela não usa nenhuma asa,
ela usa um coração que pode derreter o meu,
ela usa um sorriso que pode me fazer querer cantar…
colocou uma das últimas bolinhas vermelhas na árvore e suspirou, se virando.
A sala da casa estava toda decorada e um sorriso surgiu em seu rosto ao observar a simplicidade da decoração; a árvore enfeitada estava posicionada no canto, bem ao seu lado, com alguns pisca-piscas espalhados pelo cômodo e na varanda, — uma ideia de , que havia insistindo em colocar no lugar.
Marie tirava uma travessa da geladeira, provavelmente de alguma sobremesa, e fechou os olhos brevemente, esboçando um sorriso mínimo. O aroma era muito familiar. Todo Natal, em São Francisco, Marie sempre preparava um Meyer Lemon Cake, a torta que sua mãe adorava.
Foi impossível não se lembrar da época em que estavam acostumados a celebrar qualquer data comemorativa juntos. Um tempo em que ela e o irmão sempre usavam os gorros de Natal e chamavam Norah para cantar uma música perto da árvore natalina. Sua mãe sempre aceitava o convite e cantava, sem falhar.
Hector, em uma dessas ocasiões, chegou a tirar uma foto dos três rindo, enquanto puxava o gorro da irmã.
Suspirou.
Sentia tanta falta de sua vida antigamente, quando tudo parecia simples demais para se tornar algum problema.
— Acho que esse gorro pertence a você.
se aproximou, com um gorro vermelho na cabeça e outro na mão. Tinha um sorriso contido que, ainda assim, iluminava seu rosto.
— Você parece bem animado com isso — comentou, apontando para o gorro na cabeça dele. — Onde conseguiu?
— Não vou te contar.
Piscou um dos olhos e cruzou os braços.
— E você continua sendo chato até mesmo no natal — revirou os olhos, ouvindo a risadinha leve de .
— É isso que dá graça ao espírito natalino, irmãzinha — deu de ombros, puxando para um abraço desajeitado. — Vem cá. Quero te mostrar uma coisa.
a puxou pelo braço, levemente, em direção ao corredor da casa.
franziu o cenho sem entender, vendo que seu irmão a levava em direção ao quarto. E parecia mais animado que o normal.
— Primeiro preciso te dizer... Confesso que, quando a mamãe disse que eu teria uma irmã, peguei o primeiro brinquedo que vi e joguei longe. Era meu carrinho favorito, só pra constar — riu baixo, fazendo a irmã rir também. — Bati o pé e decidi que não seria um bom irmão, mas... — ergueu os olhos em direção a ela. — Assim que a mamãe trouxe aquele pequeno embrulho e eu vi você pela primeira vez, tive certeza de uma coisa, … Que seria o melhor irmão que pudesse ser. E que nunca deixaria seu brilho apagar, certo, shine?
Ele se aproximou minimamente e sorriu. Sorriu de um jeito que sabia que conseguia melhorar qualquer que fosse a coisa.
— Hoje, quando te vi olhar daquele jeito pra árvore e pra toda a decoração, pude ver seu brilho enfraquecer. Te vi tão triste, tão apagada… Uma tão diferente e perdida — ergueu uma das mãos, afagando os cabelos escuros da irmã. — E como o melhor irmão que eu prometi ser, não posso deixar você continuar assim.
Sorriu novamente e caminhou até um ponto no quarto, de onde tirou um embrulho médio e fofinho. , que já tinha seus olhos marejados, franziu o cenho tentando entender o que acontecia.
— Tenho uma coisa pra te dar.
Ela passou os dedos pelo canto dos olhos, limpando as lágrimas que começavam a querer escorrer ali.
— Mas eu não comprei nada pra você — sua voz estava embargada.
riu e balançou a cabeça, deixando claro que não era para ela se preocupar com aquilo.
— Você sabe melhor do que ninguém que não ligo pra isso — fez uma careta, estendendo o embrulho. — Só… Espero que goste.
pegou o embrulho de suas mãos e o abriu com delicadeza, sentindo os olhos se arregalando minimamente.
Era uma almofada pequena, com algumas palavras escritas.
Honestidade. Sinceridade. Força. Bondade. Cuidado.
Coragem.
E amor.
— Essa almofada descreve tudo o que você é e o que eu vejo em você — seu irmão comentou, quase em um sussurro. — Sou muito grato por você ser minha irmã e…
— Obrigada, !
o interrompeu, jogando o corpo no irmão, em um abraço apertado. Cheio de emoções.
Ele riu fraquinho, retribuindo. Só os dois sabiam o quanto ter a presença um do outro ali, no meio do caos que encontravam suas vidas, era importante.
— Eu amo você, .
— Eu também amo você, .
Ela o olhou brevemente, agradecendo mentalmente por ter alguém como ele ao seu lado. E, antes que pudessem continuar, observaram Marie adentrar o quarto, sorridente como sempre costumava ser.
— Vamos, crianças? Estou terminando o jantar.
— All I want for Christmas is youuuu.. — cantarolou junto com a música que tocava na televisão, e foi impossível não acompanhar.
— Ohhh, baby… Continuou a letra, improvisando uma dancinha exageradamente engraçada.
Marie ria junto com os dois enquanto terminava de arrumar a mesa, enquanto já começava a se servir, justificando que estava "morrendo de fome".
— Não posso deixar passar — comentou, com a boca cheia.
— Olha a boca cheia, menino! — Marie o repreendeu, rindo logo em seguida. observava os dois, sentindo o coração um pouquinho mais aquecido. Marie e eram as pessoas que animavam seu dia a dia, sem ela ao menos esperar.
E amava aquilo.
— Ok, mas… Isso aqui tá delicioso. Sempre gostei da comida da senhora, vó, mas isso tá sensacional! — o mais velho declarou, apressado, antes de dar mais uma garfada.
— Fico feliz que esteja gostando, mas feche essa boca, meu anjo — Marie comentou, balançando a cabeça.
Essa foi a deixa para que gargalhasse ao ver a careta que o irmão fez em resposta. Segundos dois, ria também.
Os três permaneceram ali por mais algum tempo, mesmo após terem terminado de comer, apenas conversando e relembrando momentos antigos.
, agora no sofá, estava com as pernas esticadas e fazia a avó rir vez ou outra com suas brincadeiras.
se pegou distraída por alguns momentos e, pegando o celular, notou uma ligação perdida de . Tinha esquecido completamente de falar com sua amiga.
Desbloqueou o aparelho, ouvindo os toques ao iniciar a chamada.
— ! — a voz animada de soou do outro lado da linha.
— Oi, ! E aí, tudo bem?
— Ei, coloca no viva-voz! — sugeriu, se inclinando para mais perto, claramente interessado na conversa.
conseguia ouvir ao fundo a risada de misturada com uma gargalhada masculina. Tinha certeza que era James.
— Tentei te ligar mais cedo e não consegui — comentou, enquanto uma música tocava ao fundo. — Vocês deviam estar aqui!
— Não conseguimos, na verdade.
James apareceu logo depois, acenando animado para os irmãos. riu junto de , achando a cena para lá de engraçada.
— Fala aí, brother! — seu irmão disse mais alto, provocando um animado "Yo!" de James, que parecia bastante agitado.
balançou a cabeça.
— Só queria desejar um Feliz Natal pra vocês, rapidinho. Nossa família é beeem animada, então já estão planejando ir pra outra lugar — fez uma careta, praticamente gritando do outro lado da linha. — Feliz Natal, ! Feliz Natal, !
— Feliz Natal! — os responderam juntos, acompanhados pela voz de James.
deixou um sorrisinho transparecer, ouvindo o som final da ligação antes que a chamada fosse encerrada. Mas, antes que desligasse o display do celular, uma mensagem em específico lhe chamou a atenção.
O nome que apareceu na tela fez seu coração disparar.
.
Sem pensar duas vezes, deslizou o dedo pela tela. Leu e releu a mensagem escrita, sem notar um sorrisinho de canto surgindo em seus lábios.
Espero que esteja feliz. Torço pra que sim.
.
Nunca imaginaria que mandaria uma mensagem como aquelas, não naquele momento, mas para , a atitude do rapaz começava a significar um pouquinho mais depois de tudo.
Notou sua avó entretida com algo na televisão, mas segundos depois, Marie pareceu se espantar. Levou a mão à cabeça, como se tivesse se lembrado de algo muito importante.
— Tudo bem, vovó?
Marie se virou em sua direção, sorrindo. , sentado próximo, também voltou sua atenção para as duas.
— Fiquei tão preocupada com a ceia que acabei esquecendo o presente de vocês no carro — comentou, ainda sorrindo. — Se importariam de ir buscar para mim?
— Claro que não.
se levantou rapidamente, aguardando o irmão que fazia um pequeno drama, passando a mão na barriga antes de finalmente se levantar. Os dois caminharam em direção à porta.
— , a vovó não precisava comprar nada — comentou, com a voz baixa.
Os olhos azuis do garoto redirecionaram em direção à irmã, sem entender.
— Eu sei! Falei pra ela mais cedo que não precisava.
Ele colocou a mão na maçaneta e a abriu.
E os irmãos paralisaram ali mesmo onde estavam.
parecia ter esquecido de como respirar. E ao menos conseguia focar no que acontecia.
Ela estava ali.
Norah estava bem ali, em frente aos dois.
Os cabelos escuros da mulher caíam levemente sobre os ombros, e por mais que o rosto mostrasse marcas do tempo, ela continuava linda. A mulher estava parada na entrada olhando para os dois, enquanto segurava dois embrulhos nas mãos. Norah irradiava uma felicidade tão intensa que parecia transbordar.
Seus grandes olhos azuis, idênticos aos de , brilhavam com lágrimas prestes a cair.
— Mamãe... — sussurrou, a voz inteiramente embargada.
Os lábios de Norah tremiam enquanto observava os filhos.
— Mãe…
murmurou, como se tentasse se convencer de que aquela cena era real. Não era só uma miragem.
— Crianças — Norah disse, a voz incrédula e imersa em ternura. — Minhas crianças…
Deu um passo à frente, colocando os presentes no chão que agora não tinham a menor importância. Sem hesitar, envolveu os dois em um abraço tão apertado que nenhuma saudade poderia descrever o que sentiam.
Norah estava ali, depois de tanto tempo separados.
E, abraçados à sua mãe, eles não poderiam pedir um presente de natal melhor que aquele.
— Finalmente... Finalmente estou com vocês.
só com sua presença,
ela me dá tudo que eu poderia desejar,
ela me dá beijos,
só por voltar para casa…