Independente do Cosmos🪐
Última Atualização: 22/12/2024E, por mais frequente que esse tipo de comportamento tivesse se tornado nos últimos tempos, era incrível a capacidade que ele tinha de piorar consideravelmente nessa época. As festas de fim de ano pareciam trazer à tona tudo que havia de pior neles.
E ela sabia que não era por mal. amava os pais da forma mais sincera e profunda que conhecia no mundo. Mas, caramba, como eles sabiam ser insistentes.
O número de ligações deixava isso bem claro. Até porque ela não as estava ignorando de propósito. O escritório só tinha realmente se tornado dez vezes pior nas últimas semanas. Aparentemente, todo mundo tinha um processo em dezembro. sabia que a maioria das pessoas diria que ela trabalhava demais — em tom de crítica e, possivelmente, alerta —, mas ela só não conhecia uma realidade em que aquela não era a sua vida. Não se ela tivesse mesmo alguma intenção de colocar o seu sobrenome na parede do estabelecimento um dia. soaria muito bem em letras grandes expostas a qualquer alma que passasse.
Quando finalmente conseguiu parar por quinze minutos para comer um lanche em vez de um almoço decente, recebeu a sétima ligação. Ou oitava. Dessa vez, decidiu atender e arrancar o band-aid de uma vez só. Era melhor dar um fim nisso de uma vez por todas.
— Oi, mãe!
— Oi, minha filha! Como você está?
respirou fundo. Como ela estava?
— Cansada. — Era a única resposta possível.
— Eu imagino. Você precisa descansar, passou o ano inteiro assim. Já já é natal e você não parou por um segundo.
— Você sabe que não é tão simples assim, mãe.
Do outro lado da linha, houve uma respiração profunda, quase parecendo tão exausta quanto ela.
— É claro que sei. Mas também sei que essa época é para se estar com a família.
Aquela nem era uma indireta. Era bem direta mesmo. A senhora estava bem longe de ter aceitado que a filha não conseguiria viajar para passar o natal com os pais naquele ano.
— Eu queria muito poder ir, mãe, mas eu realmente não vou ter muito tempo livre e não vou atrapalhar as festas de vocês sendo a chata que precisa ficar de olho no celular e no computador o tempo todo.
— Eu preferia você sendo uma chata aqui do que uma chata que passa o natal sozinha em outro estado.
— Está tudo bem, mãe. Eu juro.
— Não está. Não é natal sem você. E pode ir para suas reuniões, atender suas ligações, falar com seus clientes. Nós não vamos passar esse natal longe.
— Mãe, eu sei que vocês têm a melhor das intenções, mas não dá. Mal tenho tempo de pegar um avião e voltar a tempo da reunião.
podia jurar que tinha ouvido uma risadinha do outro lado da linha. E podia jurar também que era de seu pai. E aquilo… Aquilo era uma buzina?
De alguma forma, conforme seus pelos da nuca ficaram perpendiculares à pele, ela soube imediatamente o que aquilo significava.
— Onde vocês estão?
— Eu avisei que não era natal sem você. Por isso, acabamos de descer no aeroporto e pegar o carro que seu pai alugou. Já estamos perto da sua casa. Surpresa!
Merda.