Revisada por: Polaris 👩🏻🚀
Última Atualização: Fanfic FinalizadaEstava no chão da sala, rodeada por caixas de enfeites natalinos que pareciam não ter fim. Cada peça parecia ter uma história própria: bolas de vidro douradas, com pequenos arranhões do tempo e do uso, laços vermelhos feitos à mão, agora um pouco desbotados, e guirlandas prateadas que se enrolavam em nós quase impossíveis de desfazer. Meu cabelo já estava repleto de pequenos pedaços de fita prateada, que insistiam em grudar, e eu sorria ao perceber como, mesmo nos pequenos detalhes, tudo parecia ter um toque de magia. Do outro lado da sala, Tom estava debruçado sobre uma caixa velha cheia de luzes de Natal, com um olhar de quem estava prestes a embarcar em uma missão quase impossível.
— Por que as luzes de Natal sempre se transformam em um quebra-cabeça? — resmungou, segurando um nó complicado e balançando a cabeça em frustração, como se estivesse tentando desvendar um mistério ancestral.
— Porque você as guardou assim no ano passado — respondi com um sorriso maroto, tentando, sem sucesso, prender um laço em um galho da árvore que parecia desafiar minha paciência.
Ele parou por um momento, erguendo uma sobrancelha e apontando para mim com uma expressão acusadora, mas logo o sorriso travesso que surgiu em seu rosto suavizou qualquer tom de acusação.
— Errado! No ano passado, você insistiu em guardá-las “de forma organizada”. Isso é culpa sua, . — A maneira como ele falou, com uma falsa seriedade, me fez rir ainda mais.
Revirei os olhos dramaticamente, mas logo ambos estávamos rindo, as risadas se misturando com o som suave da música de Natal. Era incrível como até mesmo as tarefas mais simples, como montar a árvore de Natal, se tornavam especiais quando feitas ao lado dele.
Depois de uma verdadeira batalha para domar o emaranhado de fios, finalmente conseguimos ligar as luzes. Elas brilharam como pequenas estrelas cintilantes, espalhando um brilho suave e acolhedor por toda a sala. A árvore ganhou vida, iluminada de uma maneira mágica, e por um momento, ficamos lado a lado, admirando nosso trabalho como se estivéssemos observando uma obra de arte recém-criada. A luz suave da árvore se misturava com o calor do fogo na lareira, criando uma sensação de aconchego imensurável.
— Está faltando alguma coisa — falei, inclinando a cabeça e estreitando os olhos para o topo da árvore, como se estivesse tentando descobrir o que poderia completar a cena.
— A estrela. É sempre a estrela — respondeu prontamente, já cavando na caixa à procura do enfeite, sem hesitar.
Tom subiu em um banquinho que rangeu sob seu peso, equilibrando-se de maneira nada confiante enquanto tentava colocar a estrela dourada no topo da árvore. Eu corri para segurar sua cintura, rindo da maneira desajeitada como ele se esforçava para alcançar o topo, a cena toda parecendo tirada de um filme de comédia romântica.
— Cuidado, herói. Não quero passar o Natal no hospital — eu disse, rindo, mas com um toque de preocupação em minha voz.
Ele sorriu de volta, fazendo um gesto dramático de confiança, mas logo reclamou, abaixando-se com dificuldade.
— Este banquinho está prestes a me abandonar! — falou, olhando com desconfiança para o banco que, cada vez que ele se movia, emitia um som de alerta.
Quando finalmente colocou a estrela, desceu com uma expressão de pura satisfação, o rosto iluminado de um sorriso genuíno, como a de uma criança que acabara de ganhar o presente mais esperado. Sua felicidade era contagiante, e eu não pude deixar de sorrir ao vê-lo tão orgulhoso de algo tão simples.
A sala estava iluminada pela árvore, e o calor da lareira envolvia o ambiente, criando uma atmosfera perfeita. O cheiro do pinho misturado com o doce aroma de canela pairava no ar, tornando tudo ainda mais acolhedor. O silêncio entre nós era confortável, quebrado apenas pelo suave estalar da madeira na lareira e pela música suave de Natal ao fundo. Eu me encostei ao lado de Tom no sofá, sentindo a paz que aquele momento proporcionava, e por um breve instante, o mundo lá fora desapareceu.
Foi ele quem quebrou o silêncio, com um sorriso travesso.
— Acho que estamos com fome — disse, passando a mão na barriga de maneira exagerada, como se estivesse morrendo de fome.
— Fome? Você não parou de comer durante o dia inteiro! — eu disse, rindo, mas me sentindo igualmente atraída pela ideia de um lanche de Natal.
Ele fez uma expressão inocente, colocando as mãos sobre o peito como um verdadeiro ator de teatro.
— Estou falando de uma fome nobre... de biscoitos de Natal!
Meus olhos brilharam. Biscoitos de Natal era nossa tradição, nossa maneira de dar um toque extra de carinho à noite. Eu me levantei rapidamente e fui até a cozinha, enquanto ele me seguia com a energia de quem sabe que, naquelas horas, a diversão estava garantida.
A cozinha estava preparada: sacos de farinha e açúcar abertos, tigelas espalhadas e cortadores de biscoito em formatos variados. Mas é claro, Tom estava mais interessado em comer os ingredientes do que em usá-los para o fim verdadeiro.
— Você precisa me ajudar, não comer tudo! — eu disse, tentando pegar o pote de glacê que ele segurava como se fosse um prêmio.
— Estou ajudando! Só estou fazendo controle de qualidade — ele respondeu, lambendo o dedo com uma expressão de aprovação exagerada.
Entre uma bagunça de risadas, farinha voando e glacê derramado por toda a parte, os biscoitos finalmente foram para o forno. Mas enquanto esperávamos, Tom teve uma ideia que fez meu coração bater mais rápido.
— Vamos sair. A neve está perfeita para um boneco.
Vestimos nossos suéteres mais ridículos, adicionando luvas, gorros e cachecóis para enfrentar o frio lá fora. A neve estava espessa, brilhando como pequenos cristais sob o luar. Começamos a moldar bolas de neve, e logo uma disputa amigável se iniciou sobre o tamanho ideal para o boneco.
— Vai parecer um alienígena se você fizer a cabeça desse tamanho! — eu disse, tentando conter o riso enquanto ajustava as proporções do boneco.
— Não existe boneco de neve errado. É arte! — Ele retrucou, fingindo seriedade, enquanto apertava a neve para formar um nariz maior do que o necessário, dando ao boneco uma expressão única.
No final, nosso boneco ficou vestido com um cachecol vermelho e um chapéu de Papai Noel que Tom havia encontrado no porão. Os olhos eram feitos de botões pretos, e uma cenoura completava o nariz. Ficamos ali por um longo momento, observando nosso trabalho, imersos no silêncio da noite.
— Acho que ele precisa de um nome — Tom disse, cruzando os braços, ainda olhando para o boneco.
— Que tal... Senhor Congelante? — Eu sugeri, fazendo uma pose dramática, dando um toque de humor à situação.
— A originalidade me impressiona — Ele respondeu, rindo antes de me puxar para perto e beijar minha testa.
Voltamos para dentro com as bochechas coradas e as mãos geladas. O cheiro doce dos biscoitos recém-assados nos recebeu assim que atravessamos a porta. Sentamos no sofá com canecas fumegantes de chocolate quente, rodeados por cobertores macios. O silêncio confortável entre nós foi quebrado apenas pelo som das luzes piscantes na árvore e do fogo crepitando na lareira.
— Esse é o Natal perfeito — eu disse, encostando minha cabeça em seu ombro, sentindo o calor de sua presença e a tranquilidade daquele momento.
— Com você, sempre é — ele respondeu, baixinho, enquanto me abraçava mais forte, e eu podia sentir seu coração batendo de forma sincronizada com o meu.
Havia algo de mágico no ar, como se o tempo tivesse parado só para nós. O calor da lareira envolvia a sala, mas o calor de seus braços me fazia sentir segura e amada. Ele virou meu rosto suavemente com um toque carinhoso, seus olhos brilhando de ternura e algo mais. Então, sem palavras, ele se inclinou e me beijou. Foi um beijo suave, cheio de carinho, que se arrastou lentamente, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, e restássemos apenas nós dois.
Foi um beijo que falou mais do que qualquer palavra poderia expressar. Um beijo que selou aquele momento, tornando-o ainda mais especial do que qualquer outra coisa. E, no silêncio que se seguiu, soubemos que aquele seria o Natal perfeito, não pelo que fizemos ou pela árvore iluminada, mas porque estávamos juntos, compartilhando aquela magia silenciosa.