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Codificada por: Cleópatra

Finalizada em: 29/01/2025
Tomaram os lugares que a ruiva havia indicado na fileira três do auditório e, em meio a sussurros, comentavam sobre muitas coisas antes da cerimônia começar. e estavam lado a lado, lendo algumas novidades em uma rede social e de mãos dadas, por estarem sem seus namorados. e apontavam para alguns alunos e sorriam para outros, chamavam mesmo a atenção por onde passavam e adoravam.

e liam o papel que a loira havia conseguido na cerimônia anterior de conclusão da pós, que para a Sabaku durou tempo demais. As luzes do local baixaram e o professor que tomou o palco pediu silêncio calmamente. bloqueou o aparelho e, como as outras, deu a devida atenção ao último evento da noite.

— Na próxima, peça à universidade para fazer em noites separadas. — A comentou com , que riu.

— Quando eu for reitora, lembrarei disso — disse ao sair do lugar ao lado das amigas e ir em direção ao palco, tomando a fila de colegas que acompanhariam a colação.

— Há uma cerimônia para isso? — se curvou no próprio lugar para mirar os olhos da Sabaku.

— Não é aberta, eu acho, mas isso não importa.

— Importa sim, vamos à boate depois disso! Não podemos ficar sem comemorar nada.

, é a merda de uma cerimônia hipotética, não surta! — sussurrou um pouco mais alto, atraindo a atenção das pessoas ao redor, que pediram silêncio ao grupo.

Calmamente o corpo docente subiu ao palco, tomando seus lugares junto a ruiva. Os alunos foram chamados um por um, como de costume, por ordem alfabética. De longe via que as amigas tentavam prestar atenção nos discursos e nos jovens animados demais, vestidos com uma beca azul escura. Infelizmente não poderia comemorar da forma que queria ali a grande conquista do , que subia sorridente os três degraus que o levavam ao palco. Suas amigas se colocaram de pé e, como na festa feita pela formação de , aos gritos felicitaram seu namorado, que coçou a nuca sem jeito.

Recebendo os olhares atravessados dos demais convidados, esperou que as meninas se sentassem e deixassem de gritar por . A ruiva levantou de seu lugar, tomando o canudo conhecido da pequena mesa à frente dos professores, deu a volta e abraçou o , feliz com a conquista dele. Os braços já muito conhecidos contornaram sua cintura e a vontade de beijá-lo foi interrompida com um pigarro do reitor atrás de si. Desejou sucesso ao aluno e entregou o objeto na mão do namorado, que ergueu ao alto, sendo acompanhado por mais aplausos e gritos das amigas da Uzumaki.

— Isso, garoto! — comemorou com o telefone em mãos, claramente haviam gravado todos os momentos.

— Agora é hora da comemoração. — abraçou . — Vamos pra boate do Shika!



[...]


e desceram do Uber e se entreolharam, faziam alguns anos que não pisavam naquela mansão e por eles passariam três vidas inteiras sem voltar ali. caminhou lentamente atrás do irmão, que tomou a frente e apertou a campainha.

! — sorriu e deu espaço para o filho passar. — ! Como estão meus filhos?

— Bem — respondeu friamente e continuou andando.

está na sala de estar, ainda lembram onde é?

— Sim, . — seguiu em frente com o irmão em seu encalço. — — disse assim que viu seu pai sentado em uma poltrona, mexendo no celular e bebendo whisky.

— Olá, meninos. Sentem-se, o jantar daqui a pouco deve estar pronto. Aceitam whisky ou um dos dois está dirigindo?

— Duplo, por favor. — sentou na poltrona mais longe possível de seu pai, e pensou que se fosse para aturar aquilo, que fosse alcoolizado. — Obrigado — agradeceu ao ter o copo em mãos, e fez o mesmo.

A conversa seguiu desajeitada e com vários momentos de um silêncio ensurdecedor e incômodo. tentava apaziguar a situação, e quase não abria a boca, afinal, só queria sair dali correndo e nunca mais voltar. Depois de alguns minutos, chamou os filhos e o marido para sentar à mesa, que estava posta de maneira milimetricamente calculada, afinal, a não gostava de nada que não fosse perfeito.

Os empregados serviram os pratos e apenas olhava aquela cena ridiculamente teatral, que estava lhe deixando enjoado.

— Pedi para prepararem o prato preferido de vocês, espero que gostem — disse, sorridente. — Lembra, , os meninos corriam para a mesa quando eu os chamava.

— Como esquecer, querida? — sorriu para a esposa. — E vocês? Como estão se virando?

— Me formei em engenharia com a ajuda do tio Madara e hoje tenho minha própria construtora.

— Pediu ajuda ao seu tio? Uchihas não pedem ajuda, . — O homem falou de maneira arrogante e bebericou o vinho que foi servido em sua taça. cerrou o punho em cima da mesa e olhou para ele com um pedido mudo que se acalmasse. — Deveria saber que tudo que construímos é com nosso sangue.

— Ah, ele sabe bem. — se pronunciou e viu tensionar o maxilar.

— E você, filho? Ainda continua com seu hobby? — perguntou.

— É meu trabalho agora.

— Interessante.

— Consegue se sustentar tirando fotos? — questionou, com a sobrancelha arqueada.

— Não só me sustento como tenho bastante dinheiro, o suficiente para sustentar até meus bisnetos. — sorriu presunçoso; estava irritado, mas não podia perder a oportunidade de jogar na cara dos seus pais que se virou muito bem sem eles.

— Seu nome deve ter ajudado a abrir portas, 'hun? — Seu pai falou, arrogante.

— Não uso o sobrenome de vocês desde que saí dessa casa. — sentiu raiva e ia refutar, porém seu celular tocou, piscando na tela um S.H a vista de todos e ele logo pegou o aparelho.

— Preciso atender, com licença. — Levantou da mesa e foi em direção ao escritório, mas não antes de ouvir o início da ligação: — Sim, bae.

— Então, , onde trabalha? — perguntou, tirando-o de seus pensamentos que quase nublaram.

— Em uma agência de modelos. — Não queria entregar demais, e a Stars Model era apenas uma das muitas agências da cidade.

— Formidável, me diga qual, talvez conheça o dono e você poderia fazer as fotos da empresa, o que acha?

já tem trabalhos demais, , não precisa de indicação.

— Bom, não venham como dois bebês chorando depois, só estamos tentando ajudar. — A matriarca tomou de seu vinho com uma calma que fazia ambos os filhos sentirem o ódio correr pelo corpo. — Não entendo essa mania de perseguição, somos seus pais, queremos o melhor para vocês.

— Imagino. — deixou a comida praticamente intocada no prato. Estava farto do lugar, da conversa e, pior ainda, da companhia.

voltou sorrindo e deu um beijo no rosto da esposa, fazendo os filhos se olharem no mesmo instante, desconfiados. Pelo que sabiam, S.H poderia ser uma pessoa escondida em um galpão a quilômetros, pronto para dar as ordens a capangas disfarçados de empregados que levariam os irmãos em cativeiro até que os dois enfiassem de uma vez na cabeça de e que o que era bom no mundo, tinha o sobrenome .

, poderia fazer as fotos da campanha de fim de ano, não é mesmo?

— Sim, querida, seria incrível para a marca ter a família unida.

— Então era sobre isso? — O mais velho deixou as mãos na mesa e sorriu ladino para o casal à sua frente. — Esse interesse todo é pela marca?

— Claro que não, querido. — A falsa preocupação da mulher era de amedrontar. era uma excelente atriz. — Estamos apenas tentando melhorar tudo para todos.

— O fim do ano se aproxima, garotos, nada melhor que uma foto da nossa linda família nas campanhas.

— É incrível como vocês não vêem a diferença entre a empresa e a família. — O mais novo negou mudo, suspirando para não voar no próprio pai. Levantou-se, pronto para fugir outra vez. — Essa é a raiz de todo o problema. Não somos contratos, empregados ou peças no jogo multimilionário de vocês, somos seus filhos.

também ergueu-se da mesa, deixando o guardanapo em cima.

— E infelizmente isso não podemos controlar — agradeceu, curvando-se moderadamente e puxou o braço do irmão. — Vamos, .

Tomaram o caminho da saída sem ouvir mais qualquer coisa que o casal dizia. Estavam cheios de uma noite que não foi longa, porém havia cobrado demais. O mais velho sacou o aparelho do bolso e digitou rapidamente algumas vezes a caminho do ponto mais próximo; não pararam um segundo sequer na propriedade dos pais, nem daria tempo para os mais velhos sugarem mais um pouco de suas energias.

— Chamou o carro? — encostou no ponto de ônibus, esperando do irmão a salvação para seu afogamento emocional.

— Sim e falei com , preciso vê-la essa noite.

— Não prometemos acalmar os ânimos antes de vê-las?

, eu sei o que eu disse, mas posso me dar ao luxo de me enterrar na minha garota para esquecer a merda da minha vida? — O carro parou perto do , que abriu a porta traseira para que o irmão entrasse. — O que é, não vai fazer o mesmo?

— Certo, vamos…


[...]


— Toma. — Distribuiu mais uma rodada aos amigos e ergueu os copos, brindando as novas conquistas. Fizeram a pose de sempre, com o moreno fotografando tudo e voltaram sua atenção para as conversas que seguiam animadas. — E aí, Shika, como ficou? — pegou o telefone da mão do amigo, sorrindo pela foto perfeita que certamente ia para todos os seus perfis nas redes.

— Algo mais que eu possa fazer por você, gatinha? — A mão em seu quadril nunca havia incomodado tanto a loira como agora.

— Na verdade não, Shika, está tudo perfeito.

— É, Nara, ela está namorando. — sorriu para o dono da boate, afastando-o da amiga.

agradeceu a , que voltou sorridente acompanhada de um moreno que havia dito que não poderia aparecer naquela noite. não cumprimentou ninguém, como nunca havia feito, simplesmente passou pela roda de amigos em direção a , pegando seu rosto e beijando sua boca com pressa. Suas curvas foram apertadas no guarda corpo atrás de si e, mesmo surpresa, a loira tratou de retribuir de forma animada como ele.

deixou os lábios vermelhos ofegantes, mantendo suas testas coladas e os olhos escuros fechados. Não havia muitas coisas que a loira sabia sobre o moreno, porém aquilo parecia necessidade, não de qualquer coisa, dela, para que ele pudesse viver.

— O que houve? — Suas unhas roçaram a nuca do , que sorriu finalmente olhando em seus olhos. — Precisa de algo?

— De você… — Puxou a mão de e tomou a frente em uma direção que ela conhecia bem. Passou pela mesa deixando a bebida e sorriu para os rostos boquiabertos das amigas.

— Alguém sabe o que aconteceu aqui? — olhou ao redor e ninguém parecia ter resposta para a pergunta. Reparando que atrás de si, e estavam igual ou pior que o casal que acabara de sair. — O momento de ir ao banheiro é agora, daqui a pouco as cabines estarão ocupadas. — Olhou para a namorada, que sorriu largo.

No banheiro feminino, fechou a porta atrás de si, mantendo os lábios colados nos de . Virou sua garota, abaixando lentamente enquanto espalhava mordidas por toda a coluna da , que mantinha o punho em sua boca, tentando conter a vontade de gritar. Mordeu mais forte a carne macia da bunda da loira, sugando por cima da calcinha, e afastou com a língua o tecido fino, lambendo toda a parte úmida escondida pela renda escura.



rebolou na língua do , que infelizmente tinha pressa, porém aquela estava longe de ser a última vez que se deliciaria com a loira. Subiu, baixando rapidamente a própria calça enquanto a loira olhava para trás, ofegante; vestiu o preservativo que andava sempre consigo e investiu na , mantendo uma das pernas da loira amparada ao braço. Colocou-a mais perto de uma das divisórias e empinou-se para si.

Aquela mulher acabaria consigo, certamente tinha mais pressa que ele, e isso era suficiente para que seu tesão aumentasse. Entrou com força sentindo a garota rebolar gostoso em seu pau, apertou as mãos na pele clara e mais uma vez investiu dentro da loira, que não continha mais seus gemidos abafados precariamente pela música alta. Sentiu o corpo de tremer poucos minutos após aplicar um pouco mais de pressão e pediu mudo para que ela virasse. Tomou-a em seu colo encaixando-se mais uma vez e olhou nos olhos azuis.

— Quero vê-la gozar olhando para mim. — A prendeu contra a porta e empurrou o quadril contra a loira, que mordia seu pescoço.

sentia cada parte de seu corpo relaxar com os gemidos de , a respiração ofegante, os pequenos tremores e as marcas que deixava em sua garota, provavam ao que nem tudo em sua vida estava fodido. Sentiu-se apertado pelo canal quente da e, na mais relaxante das vezes, derramou-se nela.


ouvia com atenção os conselhos de , que na verdade eram mais para tranquilizá-la do que qualquer outra coisa, já que a estava uma pilha de nervos. Estava prestes a pegar o trem para Le Havre, a cidade Natal de e ; iria conhecer seus sogros e estava surtando antes do tempo.

— Dá pra respirar, ! — reclamou, batendo no ombro da amiga.

— Você ainda tem quase 3 horas de viagem, , acalme-se, por favor. — acariciou o braço da amiga.

— E se eles me odiarem?

, minha mãe vai te amar e meu pai também!

— Não tem como não amar a nossa Hinatinha. — abraçou a morena de lado e logo foi ouvido o último chamado para o seu trem.

— Vai, o vai te buscar, vai ter tempo o suficiente para enrolar ele caso não queira ver meus pais hoje.

— Obrigada, meninas. — Deu um selinho em cada uma e entrou no trem, sentando-se em seu lugar. Acenou para as amigas e mordeu o lábio, tentando pensar que tudo daria certo e que não tinha nada com o que se preocupar. Colocou os fones no ouvido e foi admirando a paisagem até que pegou no sono, sendo acordada pela caixa de som dizendo que já haviam chegado ao destino final.

Pegou a pequena mala do bagageiro e saiu do trem à procura de , mas na cidade pequena era um pouco diferente. Caminhou até a saída da estação, já enviando uma mensagem para o loiro, que estava bem a sua frente quando levantou a cabeça. sorriu largo e correu até ele, abraçando-o.

— Fez boa viagem, baixinha? — Passou o indicador na franja para poder dar um beijo em sua testa.

— Acabei dormindo, não consegui dormir à noite. — Os dois entraram no carro depois de ter colocado sua mala no banco de trás.

— Estava ansiosa?

— Sim! — Ela jogou-se para cima dele e deu vários beijos em seu rosto. — Ansiosa pra te ver e terrivelmente apavorada por conhecer meus sogros.

— Minha mãe vai amar você, . — Selou os lábios nos dela e acariciou seu rosto, antes de dar partida no carro e voltar ao seu lugar.

disse a mesma coisa. — A soprou a franja, bufando.

— E minha maninha nunca esteve tão certa, não conte a ela que eu disse isso. — O pegou a avenida da praia para mostrar o quanto o litoral era lindo.

estava encantada com a cidade, não era uma cidade grande como Paris, mas tinha seus atrativos e belezas. Contava animada sobre o fim de ano e a festa da empresa, que precisava estar presente. Ele concordou e falou que iria passar o Natal e réveillon com as garotas em Paris, fazendo a gritar eufórica. Quando menos percebeu, estava em frente a casa dos pais da , sentiu um calafrio cruzar sua espinha. Tudo era novo para ela, relacionamentos não eram seu forte, mas por faria qualquer coisa.

Deram as mãos e seguiram pelo caminho de pedras, a casa ficava afastada da cidade, era quase uma fazenda muito chique, digna de capa de revista. Muitas árvores e arbustos deixavam a casa um charme a parte, ela tinha a arquitetura antiga da França, mas com um toque moderno. adorou logo de cara e esse seria o tópico da conversa assim que encontrasse sua sogra, pelo menos não ficaria em um silêncio desconfortável.

— Mãe? — abriu a porta, chamando. — Mãe, cadê você?

— Estou na cozinha, garoto, pare de gritar e entre em casa — gritou.

Os dois chegaram na cozinha e mordia o lábio com força; viu a mulher de costas mexendo algo em uma panela, então ela desligou o fogão e virou para os dois, sentiu o aperto em sua mão e então falou de uma vez:

— Mãe, essa é a , minha namorada.

! — foi até ela e a abraçou. — fala tanto de você, querida! Você virou da família antes de namorar o cabeça oca do meu filho. — Pegou na mão da morena, que estava surpresa com a recepção calorosa. — Venha, vamos sentar lá fora, pedi para que meu marido comprasse um ótimo vinho.

— Ah, obrigada, dona . — Sentiu suas bochechas queimar.

— Pode retirar o dona, mocinha. — A mulher riu. — , coloque o molho no frango e as batatas na travessa que está em cima da bancada.

— Sim, senhora.

— Querido, olha quem chegou! — estava lendo um livro, sentado à grande mesa de madeira, que ficava em uma varanda com vista para o enorme jardim. — Essa é , melhor amiga da nossa e namorada do nosso filho.

— Que prazer enorme conhecê-la! — Abraçou a modelo, que ficou sem graça; foi acomodada em uma das cadeiras acolchoadas e viu o namorado trazendo as comidas.

— Posso ajudar o a servir.

— Imagina, querida, fique tranquila, o ajuda, não é amor? — Olhou o marido de soslaio, que largou o livro sorrindo e foi pegar o restante da refeição. serviu vinho nas quatro taças e sentou ao lado de . — Então, como estão os trabalhos em Paris? — sorriu, animada; seu trabalho era tão importante e o amava tanto que poderia falar sobre ele o dia inteiro. Percebeu então que estava nervosa à toa, pois assunto não faltaria com a sua sogra.



[...]



Aguardou do lado de fora da loja, checando rapidamente os e-mails sobre algumas coisas pendentes na empresa. Abriu suas mensagens, lendo as do irmão com uma foto, sorrindo ao lado da cunhada; estavam em um restaurante perto e perguntavam se o casal de amigos queria acompanhá-los. Respondeu rapidamente que não e completou dizendo que voltaria o mais cedo possível ao apartamento do irmão e seus planos para aquele fim de semana com a namorada, que voltava sorridente com algumas sacolas em mãos.

— Comprou tudo que precisa? — O moreno guardou o smartphone no bolso, dando atenção total à linda loira de olhos azuis.

— Acho que até um pouco mais, vamos? — De mãos dadas andaram por mais algumas lojas.

A rua movimentada do início da noite de sábado era o atrativo que a precisava para sair um pouco da cama do gostoso ao seu lado. e ela se trancaram no quarto na quinta, e desde então só saiam de lá para comer e fazer o básico, pois o resto resolviam na cama.

— Quer mais alguma coisa?

— Uma sobremesa. — Sorriu contente para a vitrine a sua frente.

— Vamos escolher… — Abraçando a loira por trás, olhou as opções. — Morangos?

— Não, acho melhor chocolate. — leu as plaquinhas em frente aos bolos em busca do melhor sabor. — Sei que não é seu preferido...

— Se tornará quando eu comê-lo direto de seu corpo. — Lambeu o pescoço cheiroso, sorrindo pela reação da garota que virou, beijando seus lábios.

— Eu estou dormindo com um pervertido! — Beijou com um pouco mais de desejo, sentindo agora a pressa do moreno em voltar para casa. Estava pronta para chamá-lo, desistindo da torta que parecia deliciosa, quando uma voz masculina chama o nome do namorado a poucos metros.

? — No momento em que os olhos escuros encontraram o dono da voz, o deu as costas para , mantendo-a o mais longe possível do homem que se aproximou.

— Pai. — Tomou a mão da namorada e viu o olhar irritante de para a loira ao seu lado.

— Está namorando, meu filho? — Esticou a mão grande em direção a , que sentiu o aperto do em seus dedos; esperava ter entendido certo, pois usou as sacolas como desculpa para retribuir apenas com um leve aceno.

— Estamos atrasados, pai. Até. — Puxou com um pouco mais de força do que pretendia, porém estava aflito de deixá-la mais alguns segundos perto de .

Chegaram ao apartamento sem que nenhuma palavra entre eles fosse dita. O silêncio já estressava a garota, que deixou as coisas que trouxe no sofá e sentou ao lado do namorado, que mantinha o semblante fechado e o olhar distante.

— O que houve?

— Não é nada. — Beijou-a com certa pressa, tirando o peso que ver seu pai trouxe para si. Já despia de seu casaco, mas a loira pegou sua mão, afastando-o de si. — Não quer?

— Não assim — suspirou, tomando coragem para falar. — Foi vê-lo na noite da boate?

— O que isso tem a ver?

— Você chegou do mesmo jeito, com pressa e vontade. — Sorriu, notando que o moreno não percebia. — Foram ver seus pais e há algo entre vocês que não está certo e os dois tentam apaziguar isso com sexo.

— Me desculpe se a machuquei, eu realmente não tive a intenção de magoá-la.

— Não aconteceu nada que eu não quisesse, porém queria entender o porquê dessa chave virar em você, me deixou preocupada e quase deslocou meus dedos. — Riu da cara preocupada do moreno, beijando a boca do para acalmá-lo. — É brincadeira, mas senti mesmo que não queria que eu me apresentasse.

— Não entendeu errado. Se ele soubesse seu nome, amanhã mesmo teria todas as informações sobre sua vida, até sobre seus documentos. — O moreno se sentiu cansado apenas por lembrar da perseguição que os pais faziam em sua vida. Por isso nunca namorou sério com ninguém, por isso manteve-se longe do irmão e que ideia estúpida a sua em dar-se o direito de manter contato com .

— Fico feliz de ter entendido. — Abraçou-o de lado, mantendo o aperto em sua cintura. precisava de carinho, parecia um cão perdido na mudança apenas por ter trocado duas palavras com o pai. — Fiquei preocupada com toda essa situação — contou baixinho, como um segredo.

— Não fique, nós e nossos pais narcisistas nos vemos pouco. — Olhou no fundo dos olhos azuis ao se virar para . Queria contar-lhe tudo, sobre seus medos, incertezas e sobre o passado ruim na mansão , mas a era sua salvação exatamente por não fazer parte de tudo aquilo; colocar ela e a amiga a par de suas histórias poderia atrapalhar mais que ajudar. Quando estivessem prontos, os irmãos entrariam em um consenso e contariam, e melhor, decidiriam também o que contariam. Elas não fizeram merda tão grande em suas vidas para merecer a carga que era ser um . — Peço que não conte sobre isso a ninguém, principalmente a e , pode fazer isso?

— Esconder algo deles? Não sei,

— Não vou esconder, amor. — Afastou a franja do rosto da loira e beijou-lhe os lábios com mais calma. — Vou adiar e arranjar um jeito de contar para sem irritá-lo.

— Tudo bem, mas não demore, eu não consigo mentir pra . — Fez um bico e foi beijada.

— Vou fazer o nosso jantar. — levantou e foi até a cozinha.


[...]


— Finalmente! Eu estou faminta, esbravejou.

— Me desculpe, foi difícil conseguir um Uber. — A ruiva sentou, seguida de seu namorado.

— Boa noite, , . — Sorriu o , que foi cumprimentado de volta.

— E o seu carro está onde?

— Na garagem? Eu vou beber, garota. — pegou a carta de vinhos e chamou o garçom.

— Pois eu… quero comer. — A pegou o cardápio e fez seu pedido, seguida de , e , que após pedir uma garrafa de vinho, pediu a sua comida.

— E TemaTen, não vem?

— Você criou um shipp pra elas? — perguntou, franzindo o cenho e recebendo apenas um dar de ombros da ruiva. — Aparentemente elas ainda estão em lua de mel.

— Falando nisso, e vocês, casal, o que nos contam? — A Uzumaki sorriu para a prima e tomou um gole de vinho. — Eu e vamos a Le Havre, visitar a família depois das festas, quando pretendem ir?

— Não pretendo ir ao interior tão cedo, meus pais estão fazendo a de refém neste instante, deixe eles aproveitarem.

— Não vai apresentar o para tia ? — A ruiva fingiu-se ofendida pela afirmação da .

— Seus pais também me farão de refém, ? — O arregalou os olhos.

— Meus tios são ótimos e meus pais também! — Acariciou o braço do namorado e voltou a olhar a . — Se eu bem conheço, está com ciúmes porque sempre achou que fosse o filho preferido.

— Vai se foder, . — estirou a língua.

— Nossa, que maduro. — A prima revirou os olhos e virou o restante da taça, servindo-se de mais.

— Vou levar o quando for a hora.

— E quando vai ser a hora? — perguntou, chamando a atenção da namorada.

— Você quer conhecer meus pais? — Perguntou de volta, encarando o e estranhando aquela pergunta.

— Não, obrigado... — Ele balançou a mão em negativo e deu um gole no whisky que bebia. — Família é uma coisa muito complicada.

— Viu? — levantou os ombros olhando para a prima, como se aquela fosse a explicação. — Ainda não é a hora.

— Vocês tem um relacionamento muito esquisito — comentou, recebendo o apoio do namorado.

— Funciona, não é? — Selou seus lábios nos do e sorriu, aquilo era o suficiente.


— Exagero deveria ser o seu nome… — Olhou para a enorme árvore de natal à sua frente, imaginando onde aquele trambolho ficaria melhor.

— Está em cima da hora, já falei, as melhores saem primeiro. — tentava desembolar os muitos metros de luzes natalinas no fundo da caixa empoeirada.

— Bom, nisso você tem razão. — era a única que não participava da montagem ou da futura queima da árvore de natal. Estava arrumada e passava um gloss nos lábios, dando o toque final no look. — Eu vou na frente para comprar os presente dos meu sogrinhos e das putas que eu amo.

— Leve o tampinha com você, não quero e suas grandes e idiotas ideias perto da minha sala.

— Claro que eu vou levar meu neném. — O loiro apareceu no corredor, tomando a mão da e se despediu rapidamente das garotas ocupadas no chão da sala.

— Sabe o que eu esqueci de comentar com você? — jogou os metros de fio para o lado e levantou-se em busca de uma taça de vinho. — Eu encontrei o pai do outro dia na rua, enquanto fazíamos compras.

— Sério? — Os olhos verdes arregalaram para a loira, que oferecia uma taça para si. — , me conte sobre isso, como ele é? — A deixou as bolinhas vermelhas e sentou no sofá perto da amiga.

— Eu e ele tínhamos saído para comprar algumas coisas, para uma noite no apartamento, não saímos de lá mesmo, então… — suspirou, sorrindo da amiga. — Bom, paramos em uma delicatessen do centro e entre o meu chocolate amado e os morangos que ele adora, o velho o chamou e o estranho mesmo foi a reação do .

— O que ele fez?

— Ele me manteve em suas costas, como se o cara fosse atirar em mim a qualquer momento. Achei esquisito, mas o cara virou em minha direção com a mão esticada — a loira simulou o ato do sogro —, e o apertou a minha mão de uma forma que eu achei que ia quebrar.

— E ele disse o porquê fez isso?

— Quando chegamos no apartamento de ele veio para cima com tudo. Me beijou e já tentava tirar minhas roupas e, por mais que eu quisesse sentar naquele homem, eu precisava entender o que havia acontecido.

— Que autocontrole, amiga, ‘tô orgulhosa. — Dramatizou, contente pela amiga quenga.

— Sim, estou me admirando ainda mais. — Jogou alguns fios de cabelo para trás e continuou: — Joguei verde com as poucas informações que tinha e acabei descobrindo que no dia da formatura da e do , eles foram jantar com os pais.

— Oh, por isso a pressa… — relembrou a vontade do em levá-la para casa e tirar sua roupa, não que não fosse sempre assim, porém havia um peso maior naquela noite. — Nossa, deve ser uma relação horrível.

— Sim, imaginei os piores cenários, porém estou paciente esperando que ele se abra e me conte.

— Credo, imaginei os pais deles como dois monstros. — Sentiu um arrepio correr pela espinha e bebeu o líquido da taça.

— Olha, vou ter que negar esta informação. O coroa é muito gostoso, a genética da família não nega amiga, acertamos o ninho e os passarinhos.



[...]


— Tia ama um bom vinho, , leve um desse para ela. — Mostrou a garrafa decorada para a amiga, que pensou por alguns segundos e resolveu colocar a bebida na pequena cesta que carregava consigo.

Deu mais alguns passos ao lado de enquanto pesquisava pela grande adega algo mais que pudesse interessar.

— E seu tio, o que prefere?

— Se servir vinho a minha tia, estará presenteado com uma noite quente. — Sorriu da cara amarrada da amiga e fez cessar seus passos para esperar os três idiotas que vinham atrás. — , como é? Perdeu algo aí?

— Calma, amor, estamos conversando!

— E você, baixinha, já tem tudo que precisa? — Deram as costas para o casal, que discutia sobre algo que apenas a ruiva notou, e continuaram com a procura de presentes.

— Falta , , e .

— E seu irmão, ? — parou em sua frente, mantendo o olhar preso ao seu.

— Meu irmão vai se contentar com um cartão.

— Isso é maldade, . — Abraçou o corpo da namorada, deixando um beijo no alto de sua cabeça. — Ele é seu irmão, você disse que estavam bem.

— Ah, , o que é isso? Um complô contra mim?! — Deu passos pesados até a prateleira com diversas tequilas e colocou algumas garrafas na cesta.

— Baixinha, pra que tudo isso?

Ergueu uma garrafa.

— Essa é para a , as outras são do , da , do , e do . — Apontou para cada uma. — Quem não gostar, ótimo, eu fico com elas.

— Cara, sua irmã é muito nervosinha…

— Jura? — O cruzou os braços, tentando mostrar ao loiro a ironia de sua situação.

Entraram na fila quilométrica do caixa e, sabendo que a espera seria longa, pegaram alguns drinks prontos, que vinham em long necks, para já começarem o esquenta. bateu o gargalo da garrafinha de vidro no canto de um freezer e abriu, girando a tampinha em seu antebraço, recebendo olhares surpresos por isso.

— Que foi? — Perguntou depois de dar um gole em sua bebida e perceber os olhos em si.

— Nada, não sabia dessa sua habilidade. — O comentou.

— Depois te mostro mais algumas… — sorriu indecente para o namorado.

— Eca — disse, sentindo um arrepio estranho nos braços.

— Vai agarrar a sua namorada e me deixa em paz, idiota. — A ruiva virou de costas, abraçando .

— E esse é só o início da fila… — disse ao notar a espera que ainda os aguardava e os papos que se seguiriam dali em diante.


[...]



colocava o peru no forno enquanto terminava de preparar a salada, a mesa já estava arrumada e as duas aguardavam ansiosas pela chegada de mais bebida, afinal, só tinha mais meia garrafa de vinho. A campainha tocou e a correu até a sala para abrir a porta, dando de cara com os namorados. Ela agarrou e apontou a cozinha, fazendo apenas balançar a cabeça e caminhar até o seu objetivo: .

Colocou as sacolas em cima da bancada e abraçou sua namorada por trás, beijando seu pescoço. A riu, divertida, e se virou, apoiando os braços no ombro do , selando seus lábios nos dele e sorrindo.

— Está linda.

— Mas não estou pronta.

— Continua linda. — Abraçou ela novamente, enfiando seu nariz entre os cabelos rosas e se deixando inebriar pelo cheiro que ela exalava. Um perfume tão discreto, mas ao mesmo tempo que o deixava maluco. — E cheirosa. Eu amo seu cheiro.

— E eu amo você. — sorriu e se afastou devagar, sentindo seu coração acelerar e encarando os olhos verdes brilhantes; ele não podia negar, então curvou a lateral dos lábios.

— Eu também. — Acariciou a bochecha corada da modelo e o momento romance foi quebrado pelos amigos entrando na cozinha.

— Quero saber quem tá a fim de tequila, porque a comprou 5 garrafas — bradou, fazendo o casal prestar atenção na conversa. entrou logo atrás e abraçou a .

— É disso que eu gosto, . — A ajudou a tirar as compras das sacolas. — Bebida suficiente para todos entrarem em coma alcoólico, mas não quer dizer que vamos.

— O que posso dizer? Sempre fui boa em dar presentes. — Deixou suas compras no balcão e foi até o quarto, deixando o presente dos sogros e sendo acompanhada pelo irmão. — O que há?

— Por que sempre acha que eu quero alguma coisa? — O moreno sentou no colchão da e respirou fundo. — A está aqui com o cara.

? Vai ver que ele é super de boa, não vai implicar com você.

— Não é isso… — pediu para que a irmã sentasse ao seu lado e esperou que deixasse a arrumação para lhe dar atenção. — Eu ainda a amo, , não poderia ser fácil estar numa situação como essa.

— Eu achei que era papo seu para comer minha amiga. — Infelizmente não era brincadeira, achava mesmo que o sentimento do mais velho só existia para manipular a .

— Não, essa parte sempre foi séria. — Pegou a mão que a morena ofereceu e sorriu, sentindo-se o mais idiota de todos os homens. — E ele, trata ela bem?

— Muito bem, está em boas mãos e muito feliz com ele. — Encarou os olhos tristes a sua frente e sentiu que deveria dizer alguma coisa. — Se a ama mesmo, torça pela felicidade dela. Não foi você, nós sabemos, mas ele também pode fazê-la muito feliz, .

— Estou tentando enxergar pelo lado positivo.

— Isso — levantou-se animada, ainda segurando as mãos grandes do irmão —, gosto mais do otimista. — Ergueu o irmão e ajeitou sua camisa. — Coloque um sorriso nesse lindo rosto e mostre que não é mais o egoísta que eu me lembro. — abriu a porta e deu espaço para ele passar, saindo logo em seguida.


Todos se espalharam pela sala com seus copos em mãos, parecia que naquela noite todos colocavam seus problemas em um canto estratégico de suas mentes para apenas relaxar e falar besteiras. Natal podia até ser com a família que lhe deu a vida, mas aquela família presente ali foi escolhida por cada um deles como sua. As risadas, as conversas altas e até alguns gritos eufóricos ecoavam pelo apartamento. Era bom estar em casa.

Sentaram a mesa para jantar quase meia noite, todos já altos do álcool riam e falavam mais do que fariam quando sóbrios e isso só deixava a noite ainda mais animada. Era bom todo mundo se soltando, sem filtro, sem se importar com julgamentos, pois se sentiam seguros para compartilhar qualquer coisa.

— Eu acho que podemos fazer agradecimentos pelo ano que passou — comentou .

— Não é ação de graças, tapada. — revirou os olhos.

— Tanto faz, é tudo a mesma coisa… — Bebeu do seu vinho e levantou, tendo um leve desequilíbrio, mas foi amparada pelo namorado. — Obrigada, amor. — Deu um selinho no , que riu. — Eu começo… Quero agradecer pelas amigas maravilhosas que eu tenho, inclusive a e que foram jantar com o pai da e isso me irritou pois fomos trocadas. — A loira arrebitou o nariz e bufou. — Por ter encontrado o amor da minha vida, . — Acariciou as costas do olhando para ele e virou para o restante da mesa procurando alguém. — E também, você, . — O se sobressaltou surpreso. — Por mais que o nosso passado não seja o melhor, acho que nos perdoamos por tudo que aconteceu e podemos seguir em frente. — O silêncio constrangedor durou alguns segundos. — Obrigada a todos. — Ergueu a taça e sentou desajeitada na cadeira, fazendo os outros rirem.

— Certo, já que o Natal virou ação de graças, vamos lá. — continuou sentada. — Primeiro vou agradecer as minhas vagabundas favoritas.

— Você tem outras? — colocou a mão no peito, sentindo-se ultrajada.

— Você é a maior de todas, . — riu.

— Acabaram com meu discurso, não quero mais. — A Uzumaki virou uma dose de tequila e ficou emburrada.

— E vamos de virar tequila. — puxou a garrafa e serviu para si.

— Pra mim também, amor. — A levantou seu copo e em seguida ouviram batidas na porta.

levantou e abriu a porta, revelando e .

— Agora o grupo das vagabundas está completo no apartamento das delícias! — chamou atenção de todos, que comemoraram a chegada do casal.

— Feliz natal, meninas! — A loira correu até ambas, abraçando e em seguida .

— Mas ainda não é Natal, .

— Vocês estão muito focados em acabar com a minha alegria, credo. — Sentou no colo do namorado e ofereceu o lugar para as amigas. — Vamos comer de uma vez, ok?!


Ajeitou a gravata do moreno e sorriu, selando os lábios do aos seus. virou-se, mantendo as mãos quentes em sua barriga, fazendo os braços que tanto a confortavam rodeá-la. Sentiu um arrepio gostoso pelo toque da boca quente do moreno em seu pescoço e um sussurro nada apropriado para menores em seu ouvido a fez virar outra vez para encará-lo.

— Está muito saidinho, … — Mordeu o lábio, ansiosa para aquela festa acabar. — Estamos em público…

— Ainda. — O moveu seus dedos pelos fios soltos ao lado do rosto bonito. — Posso prometer o que bem quiser, se for cumprir até mais tarde.

— Espero que não esteja cansado. — Abraçou o moreno, mordendo o lóbulo da orelha masculina em seguida — Vamos animar um pouco, amor?

— Quer um drink, baby?

— Adoraria. — Selou seus lábios nos de e o acompanhou até onde a multidão permitia.

— Ainda bem que esse chamego teve fim, não suportava mais guardar minha informação!

— Que informação, ? — Olhou para onde os olhos vermelhos miravam, que era em uma mesa não tão longe, onde havia vários homens com cabelos grisalhos. — Nossa, devem ser podres de ricos.

— Não só isso, amiga. — Apontou discretamente para um belo exemplar em específico. — Aquele ali é o mais gostoso da noite, tirando nossos namorados, é claro. — O homem mantinha o olhar para um senhor que conversava consigo, porém, por segundos, perdeu-se nas duas garotas e sorriu ladino, voltando rapidamente para a conversa que parecia ser entediante.

— Meu Deus, molhei a calcinha só com essa olhada.

— Que homem gostoso, Deus, eu recebo. — A ruiva olhou para trás ao ouvir um pigarro alto. Já pensava em quantas desculpas pediria a , mas o namorado não estava sozinho. Pegou a mão do , tirando-o de perto da amiga, cada uma resolveria seu B.O.

— Então, está molhada… — O entregou a taça de vinho para a loira, que sorriu sem jeito, pensando no que responder. — Hoje pegarei pesado por essa estripulia, . — Tomou a cintura fina, beijando os lábios avermelhados pelo batom e olhando diretamente para o homem que havia cobiçado o que era seu.

— Nossa, assim vou aprontar mais vezes. — Agarrou o colarinho do moreno com uma mão, fazendo com que colasse mais seus corpos.

— Vai ter que me dar algo muito especial, toda vez que aprontar uma dessas. — Espalmou a bunda da loira e a apertou contra sua ereção.

— Fique quieto ou faço aqui mesmo — gemeu em seu ouvido quase cedendo a vontade de foder com seu namorado para que todos pudessem ver.

— Você é minha, entendeu? — O confirmar animado de foi o suficiente para que o moreno ficasse em paz por enquanto. Não deixaria sua garota sozinha mais uma vez perto dos velhos abutres. Ergueu seu copo, cumprimentando o espectador de cabelos grisalhos, e conduziu a loira até a mesa que os amigos estavam.

[...]


Pelos deuses, aquilo não poderia ser mais demorado?! Sua vontade era apenas de fugir com o namorado e se trancar em um quarto. Não importava em qual apartamento, mas preferia passar a noite gemendo o nome de até que literalmente o próximo ano chegasse do que estar fazendo pose para os acionistas e clientes.

A mesa como sempre estava animada. Muitos jovens cheios de energia contrastavam com o pessoal maduro, que era maioria no evento que Tsunade passava o ano inteiro planejando. Sorriu mais uma vez à frente do longo banner com a marca da agência e pediu um tempo para tomar uma bebida. Aproximou-se da mesa não muito distante e tomou a taça da mão da .

— Não quer trocar e posar esse belo rostinho para os convidados? — Olhou interrogativa também para , que chegava junto demais a . — E você?

— Tsunade pediu para você fazer a primeira hora, amiga — respondeu.

— Vinte minutos, ? Meus pés estão me matando…

— Ok, eu vou! — Beijou o loiro e se levantou apressada, sumindo da vista de todos que mal notavam a falta da amiga; havia assunto demais no grupo.

— Está doendo? — pegou seu pé, retirando a sandália alta e massageou os dedos, trazendo alívio imediato.

— Ah, faça mais disso e eu juro que me caso com você… — Escorou no ombro de seu irmão para aproveitar melhor o toque relaxante do moreno.

— Isso é um pedido? — Não ouviu resposta, havia voltado animada para a mesa.

— Meu deus, além de gatos, são generosos. — Mostrou a nota de cem euros para o grupo. — Me acharam linda e me deram isso. Dei sorte, já que casados não passam a mão em nós!

— Eles não querem fotografar com uma ruiva exótica? — esticou o pescoço, tentando saber quem era o casal generoso.

— Ei, respeite meu trabalho, querida.

— Amor, eu te respeito, mas são cem euros. — A ruiva falou em tom de obviedade.

Tsunade apareceu na mesa das meninas e cumprimentou a todos, desejando uma ótima virada de ano e que se sentissem à vontade na grande festa.

, querida, preciso do seu rostinho. — A loira pegou-a pela mão, fazendo com que ela ficasse em pé. , notando o feixe da sandália aberta, levantou e agachou para fechá-lo de forma correta. — Arranjou um ótimo namorado, , não deixe escapar.

sorriu e virou, dando um selinho em .

— Jamais.

— Sem pegação no trabalho. — A Senju arrastou a modelo, que sorriu, tentando acalmar , que fez uma careta de indignação.

Tsunade levou para conhecer diversos clientes, apresentou a modelo para alguns em potencial e outros que já faziam parte da cartela de seus consumidores mais fiéis. Sorrisos e palavras doces eram essenciais nessa parte do serviço, isso garantia que empresas fechassem contratos com a agência. No início, a primeira vez que , e tiveram que fazer isso, sentiram-se como troféus, mas em um mundo onde todos parecem ver as mulheres como tal, aproveitariam até onde não fizesse elas deixarem seus princípios de lado.

— Boa noite, , está linda como sempre — Tsunade elogiou. — , sempre um prazer. Já conhecem a nossa modelo exemplar, ?

— Claro, Tsunade, você me apresentou ela na festa dos parceiros há dois anos. — A sorriu.

— Ah, claro, são tantas festas, acabo me perdendo. — Sorriu e logo sentiu uma mão em sua cintura, fazendo-a olhar para o lado.

— Querida, seu tio quer falar com você. — Seu marido, Jiraya, falou em seu ouvido.

— Preciso resolver um assunto, fiquem a vontade. — Tsunade deixou os três a sós.

— Está linda, bae. — sorriu, animado.

— Obrigada, . — sorriu, mordendo o lábio.

— O colar ficou lindíssimo em você. — deslizou os dedos pelo pescoço da sua baby, até passar pelo colar. — Sabia que combinaria com seus olhos.

Do outro lado do salão, mantinha uma conversa animada com o loiro sorridente. Estavam ambos na mesma, perdendo-se vez ou outra na multidão, assistindo que velho rico sua garota estava conquistando como cliente da Senju. A íris negra, passeava pelo canto esquerdo do lugar procurando por , lembrava de ter visto ela indo naquela direção poucos minutos antes de virar para o cunhado e comentar que um antigo jogador da seleção estava na festa e sobre seus anos de glória no futebol.

No entanto, infelizmente, viu duas figuras muito conhecidas e seus olhos foram capturados pela cena que se desenrolava diante de si, fazendo seu estômago embrulhar. Seu coração acelerou quando sua mente resolveu encaixar todas as peças daquele quebra-cabeça, diante do conforto dos toques, a intensidade que se olhavam e a nostalgia da conversa que se desenrolava bem diante dos seus olhos.

— Na verdade, os dois são meus sugars, o casal.

A voz de ecoou por sua mente enquanto assistia pegando na mão dela, deixando um beijo no dorso, sorrindo de maneira indecente para ela. Conhecia aquele olhar arrogante cheio de promessas. Foi o mesmo que recebeu quando disse que fugiria, contudo, para ela, havia carinho e muita malícia do mais velho. Deixando à mostra a aliança grossa em seu anelar, fazendo lembrar de quando viu a entrando no carro há algum tempo. Sentiu sua garganta fechar alguns milímetros e jurou que o oxigênio estava em falta naquele ambiente. Colocou a mão na cabeça e tentou respirar fundo, fechou os olhos e lembrou do jantar. Não poderia...

S.H piscando na tela do celular de seu pai… “— Preciso atender. Oi, bae.”

Parecia que o tempo havia parado, seu corpo adormecia a cada novo gesto que o casal trocava com sua namorada; sua. A única que já ousou amar, que quis manter longe de seus pais para protegê-la, quando na verdade, estava indo para cama com eles. Sentiu sua cabeça girar e a tontura não era da bebida, mas gostaria muito que fosse. Caminhou a passos largos e puxou a mão de das mãos nojentas de seu pai.

! — se assustou.

— Me deixem em paz, e ela também. — arregalou os olhos assustada, quando sentiu seu pulso ser puxado.

— Ei, rapaz, o que acha que está fazendo? — sussurrava enquanto olhava para os lados para não fazer uma cena, segurando o braço do com força.

— Você não quer que eu faça um escândalo aqui, certo? — Encarou o homem de cima, como apenas um poderia ser capaz. soltou seu braço com a cara amarrada. não olhou para trás, para , e nem para mais ninguém. Entrou no primeiro táxi que cruzou seu caminho e deu o endereço do apartamento de . O fotógrafo mordia o lábio com força enquanto mantinha sua cabeça abaixada e as mãos a segurando, os dedos emaranhados nos fios negros. se manteve calada, não sabia o que falar, o que pensar ou o que fazer, estava tão em pânico quanto ele.

Desceram do táxi e tomou a frente, entrando no prédio; ela o seguiu e logo os dois entraram no apartamento. Ele foi direto para a varanda, precisava de ar, sentia seus pulmões doerem e tudo que queria fazer era gritar. O fardo de ser um tinha o alcançado novamente e dessa vez seus pais tinham se superado.

… — o chamou baixo, ainda estava parada no meio da sala olhando para seu namorado, também estático, na varanda. — O que aconteceu? Por que falou daquele jeito com os clientes da agência? — virou para ela com os olhos vermelhos; seu ódio pelos seus pais só aumentava com o tempo, e olhar para era ter que imaginar os dois tocando-a como ele a tocava.

— Merda! — gritou, fechando os olhos, respirou fundo e deu alguns passos, até entrar na sala. — Eles… — engoliu em seco — são seus sugars, ? — Ela entreabriu a boca, surpresa, não podia responder aquilo, não podia quebrar o contrato. — Porra, , me responde!

— Eu não… posso. — Abaixou a cabeça, acariciando as próprias mãos em busca de se acalmar.

, eles são meus pais! — Ela o encarou incrédula, cobrindo a boca com as mãos, aquilo não podia estar acontecendo. Deu dois passos pra trás, estava aterrorizada, não, não podia ser verdade. Lágrimas já caíam pelo seu rosto, sem controle algum. — Você se envolveu comigo a mando deles? Pra me vigiar?

— Como pode pensar isso de mim, ? — berrou, com uma dor nítida em sua voz.

— Eu não sei, meus pais têm um único propósito na vida. Controlar e destruir tudo ao redor. Eles tentam controlar a mim, ao ... controlar todo mundo!

— Eu amo você, amo você com todo o meu coração, como nunca amei ninguém. — Uma fraqueza tomou seu corpo, fazendo-a buscar o chão para lhe amparar. — Eu não sabia, , eu não sabia… — falou entre soluços.

O homem passava as mãos pelos cabelos de forma nervosa, não sabia o que pensar; não sabia se acreditava em sua namorada ou se acreditava em seu instinto de proteção contra sua família. Aquilo era demais para lidar naquele momento e, ouvindo os fogos estourando de maneira ensurdecedora, disse que precisava de um tempo, deixando o apartamento e completamente quebrada.

Não sabia quanto tempo tinha passado, estava deitada no chão, ainda com o vestido longo de festa, maquiagem borrada devido ao choro e abraçada a uma almofada olhando para um ponto qualquer. Tentava não pensar em nada, porque se o fizesse, voltaria a chorar igual às últimas horas. Ouviu o trinco da porta e as risadas se fizeram presente, mas mesmo assim não conseguiu mover um músculo sequer, apenas respirava.

! — correu até a amiga, e fechou a porta com pressa para chegar até elas. — O que aconteceu? Você está bem? — A voltou a chorar assim que sentiu a loira abraçá-la.

— Cadê o ? — perguntou.

, ele saiu…. Sem... por favor, ache ele — falou entre soluços, deixando o confuso com o que tinha se passado.

— Vai, ! — gritou, enquanto mantinha a amiga em seu colo.

O saiu a passos rápidos, chegou no apartamento e, ao abrir a porta, sua boca formou um perfeito o. Parecia que tinha passado um furacão pelo apartamento, ou no mínimo uma gangue de bandidos. Estava tudo revirado, louça quebrada na cozinha, o abajur, ainda aceso, no chão. Caminhou entre as tantas coisas espalhadas e foi direto ao quarto do seu irmão, chamando-o, mas sem sucesso de resposta. Tudo que encontrou foi as portas do armário abertas sem roupas no lugar e cabides em cima da cama.

— Mas o que merda aconteceu? — Disse para si mesmo enquanto discava o número do irmão, que foi direto para a caixa de mensagem. — , cadê você? O apartamento está uma zona, sua mala sumiu junto com suas roupas. Pra onde diabos você foi? Me ligue assim que ouvir isso.

passou a mão pelos cabelos sem entender nada; recebeu uma mensagem da pedindo para que ele voltasse assim que possível. Então ele pensou que apenas poderia explicar alguma coisa. Foi até seu quarto, pegou uma roupa confortável, enfiou dentro de uma bolsa e chamou um Uber. Entrou no apartamento das garotas, chamando por sua namorada.

— Estamos no quarto da . — O moreno caminhou até lá, após largar sua bolsa no sofá da sala.

— Posso entrar? — Mesmo com a porta aberta, pediu. Viu a deitada no colo da , estava com os cabelos molhados, sem maquiagem e usando o que parecia ser um pijama, o olhar perdido denunciava o quanto estava em sofrimento.

— Venha, disse que precisa contar uma coisa. — A loira falou baixo e sentou na beirada da cama, acariciando o braço da de cabelos rosa. — Vai,

— Eu não sei como falar isso, principalmente pra você, … — mirou o cunhado já com o brilho de lágrimas nos olhos —, mas eu preciso dizer. Seus pais… — sentiu um calafrio pela espinha, que se alojou em sua nuca, não sabia o que esperar daquela frase que, para ele, demorou tempo demais para ser completada. — Eles são meus sugars. tapou a boca em absoluto choque e, então, o entendeu tudo. — Eles estavam na festa, o … Ele… — Voltou a chorar descontroladamente e o casal se entreolhou, respirando fundo, não sabiam o que iriam fazer a partir dali.


?! — Ergueu o corpo assustada ao despertar de um pesadelo.

abraçada a si, precariamente jogada em sua cama, parecia mostrar que nada daquele inferno ficaria apenas em sua mente. Desfez da coberta e desceu da cama, sentindo seu corpo pesar incríveis toneladas; talvez fossem as escolhas que fez até ali montando em suas costas.

Consequências demais para uma só noite. Toda sua rotina espalhada pelo apartamento é evidenciada no rosto inchado e levemente avermelhado que encarava no reflexo do espelho do banheiro. Não tinha vontade alguma em levantar da cama e sinceramente não entendia porque havia feito. Voltou com a mesma vontade para a cama e deitou ao lado da loira, abraçando o corpo inconsistente da . O choro veio sem que se desse conta. Os olhos azuis compreensivos abriram rapidamente e, sem muito pensar, colocou mais uma vez em seu colo.

— Amiga…

— Shiu… pode chorar, ninguém pode julgá-la.

— Eu… sonhei com e-le... — Em meio a muitos soluços a tentava expressar o medo em seu coração. — E se… ele, , não acreditou em mim?

— Tenha calma, resolveremos uma coisa de cada vez, … — O carinho em seus fios rosados não parou um único instante e sua vontade de ficar ali, presa ao aconchego da , crescia a cada pensamento aterrorizante. — Posso ir buscar algo para você comer? — A voz doce da loira quebrou o silêncio no quarto. A preocupação da amiga era muito fofa, mas seria idiotice tentar comer algo quando sabia que não conseguiria.

— Não estou com fome.

— Mas temos que alimentar você. Se aparece naquela porta, vai querer me matar por não ter cuidado de você! — Sorriu com as bobagens da amiga, mesmo em meio às lágrimas.

— Nem você acredita nisso, amiga.

— Bom, eu acredito no sentimento que vejo em vocês. — Ouviram batidas na porta e logo a cabeça de na fresta. — Pode entrar, lindo.

— Trouxe café. — O moreno entrou no quarto e entregou as duas xícaras para elas. — Como está, cunhadinha?

— Não sei se ainda sou sua cunhada, . — Torceu os lábios e, perdendo-se nos pensamentos horríveis sobre nunca mais ver seu namorado, ou ex, não sabia ao certo, deu um gole no café, sentindo o gosto conhecido. — Esse café é do Starbucks?

— Achei que alegraria seu dia. — O sorriu, fechando os olhos.

— Obrigada. Obrigada vocês dois. Não sei o que faria sem vocês… — O celular de começou a tocar e, assim que olhou, viu o F.U piscando. — Não… — Virou o celular com a tela para baixo para evitar o inevitável e respirou fundo.

— Era meu pai? — confirmou junto a uma careta. — O que você quer fazer?

— Ignorar por um dia que a minha vida está uma merda! — Enfiou-se embaixo do edredom.


[...]


entrou no apartamento com já era quase hora do almoço. e estavam sentados na sala conversando e ao ver os dois pediram silêncio, porque estava dormindo. Eles falaram que ela e tinham brigado feio e que ela não estava muito bem. Seu irmão foi o primeiro a ficar em alerta, fazendo diversas perguntas e a loira tentava acalmá-lo. Não adiantava arrancar os cabelos naquele momento, era preciso calma e racionalidade.

Todos estavam preocupados, mas cabia apenas a decidir se iria contar tudo ou não e era exatamente isso que passava pela sua cabeça. Olhava pela janela de seu quarto, pensando se contaria para suas amigas e seu irmão. Estava com medo, medo de não ver novamente, medo de encarar seus sugar parents, era uma merda de situação. Entretanto, ela precisava parar de chorar e pensar no que fazer. Ouviu batidas na porta e em seguida um loiro de olhos azuis entrar e fechar a porta.

está com você?

— 'Tá lá fora. — Deitou na cama e puxou a irmã para seu peito. — Você está bem?

— Não sei. Sinto um buraco no meu peito.

— O que aconteceu?

— Talvez você fique muito chocado. — o olhou.

— Mais chocado do que ver a sua chefe te jogando pra cima daqueles velhos ontem? — Ela sacudiu a cabeça em positivo. — Misericórdia, !

— Lembra quando falei sobre ter sugars há um tempo?

— E que eu falei que era furada? Como esquecer… — O loiro falou em tom de reprovação.

— Dá pra parar! — Deu um soco fraco na barriga do irmão, que resmungou com a dor. — Eles são os pais do e do .

— Oi? — O piscou diversas vezes, achando que aquilo só podia ser um sonho. — Você está falando sério?

— Não, idiota, estou inventando — falou calma, para então gritar: — ! — Ralhou com o irmão. — sumiu! Eu não sei o que fazer…

— Se recomponha e vá dar fim a esse contrato e depois vamos atrás do . — Sorriu para a irmã e a abraçou novamente. — Uma coisa de cada vez, ok?

— Obrigada, . — Nem sentiu que já chorava novamente, mas ser amparada pelo seu irmão a deixava um pouco mais leve.

Respirou fundo ao ver as costas do irmão ao sair do quarto, limpou as lágrimas que caiam sobre o rosto e buscou o telefone na pequena mesa ao lado da cama de casal. Voltou ao seu lugar, pensando em como dar início a uma das mensagens mais difíceis que escreveria em sua vida. Abriu o contato do , escolhendo as palavras certas, se é que existiam tais palavras.

Escreveu rapidamente uma mensagem sobre um possível encontro com seus sugars para o dia seguinte. Talvez eles nem a respondessem naquela tarde, deveriam estar tão paralisados com a situação quanto ela, não era a coisa mais normal do mundo acontecendo ali. Deveria ter cuidado de como e quando agir, mas sentia a necessidade de resolver tudo de uma vez, para que nada pudesse afastar de si, mesmo que as chances do moreno voltar fossem mínimas. Acreditaria no fato de ter sido tão vítima da situação quanto ele, porém sua parte estaria feita quando o voltasse. Franziu o cenho lembrando-se de algo muito importante, deixou o celular na cama e correu para a sala onde os casais estavam reunidos fazendo o jantar.

— Ah, já ia te chamar, amiga. — foi completamente ignorada pela , que deu a volta na mesa e parou em frente a .

— Por que não usa o sobrenome ? — Aquilo economizaria muito seu tempo. Entender o básico e o real motivo por estar naquele problema era um início.

— Eu e ele não queríamos estar ligados à família.

— Mas você não mudou o nome. — A loira apontou o óbvio.

— Acho que não fui tão esperto, porém não falei para ninguém qual era o meu sobrenome, vocês assumiram o do meu irmão e eu não corrigi.

— No jantar o metre o chamou de … — A loira comentou.

— E você não comentou nada comigo, ? — perguntou como se fosse óbvio.

— Como eu ia saber que isso era relevante? — Franziu o cenho.

— Meu deus, esteve na minha cara…

— É estranho como sempre estiveram perto da merda acontecer… — sentou à mesa, sendo acompanhado pelos demais. — São muitas coincidências.

— Isso é ser um , . — Colocou os pratos sobre a mesa e continuou: — O universo vai conspirar para outro , em um raio de mil quilômetros, foder você na primeira oportunidade.

— Animador… — sentou ao lado do namorado pronta para servir-se.

— Meus pais são os piores, acho que eles começaram com essa maldição. — Sua boca foi fechada pela mão da loira.

— Não diga isso, !

— Eu não sei o tipo de relacionamento que vocês tiveram com seus pais, mas, comigo, certamente foi diferente. — As palavras saíam carregadas de rancor da boca de .

Cada um, em um silêncio esquisito, serviu o próprio prato e deram início a refeição. Apenas o tilintar de copos, pratos e talheres era ouvido, era tão estranho o clima mórbido no apartamento das meninas que torcia para alguém ao menos tentar um assunto qualquer, mas foi que sorriu ladino respondendo a .

— É assim até que eles tirem tudo o que querem de você, cunhada. Quando pretende vê-los?

— Mandei mensagem antes de vir jantar. Provavelmente amanhã, por quê?

— Amanhã conhecerá e de verdade.



[...]




Tomou o táxi em frente ao prédio e deu ao motorista o endereço da mansão. Deixou o irmão, cunhado e as amigas no apartamento, ouvindo muitas dicas de como se portar, mas fazia aquilo há tanto tempo e, se não fosse o peso do olhar triste do moreno em sua consciência, o amor que sentia pelo e toda a situação, aquela seria mais uma das visitas regadas a sexo e presentes.

sabia o que queria, no instante que entendeu toda a sua situação. Não imaginava mais estar naquele lugar carregando uma bolsa grande, sem calcinha e roupas extras, apenas os papéis que a prendia a algo que foi bom por muito tempo, contudo, agora não fazia mais sentido.

Por mais que sua noite tenha sido difícil, certamente não foi pior que a de , onde quer que ele estivesse. Imaginou-se em seu lugar, mas sempre travava ao lembrar do que ela havia feito com os pais do , seus sogros, mesmo sem saber. Nunca conseguiria sentir na pele o que o moreno devia ter sentido ao saber de tudo.

— Senhorita? — O homem mais velho parou nos grandes portões da mansão, chamando sua atenção. — Aqui?

deu a senha que usavam para deixar os veículos passarem e, segundos depois, o carro seguiu por mais alguns metros até a porta principal da enorme casa. Desceu, pagando o homem, que seguiu mais uma vez para longe e respirou profundamente, apertando o couro caro nos ombros. Seguiu até a porta e a abriu, procurando com os olhos verdes nervosos os donos do lugar.

Bae, bom te ver finalmente. — abraçou o corpo da mais nova e deu uma pequena distância para observá-la melhor. — Está abatida, mocinha, tem se alimentado direito?

O conduziu a garota até a cozinha, servindo vinho em três taças. Brindou no ar e sorriu ao tomar um grande e generoso gole. Que merda estava acontecendo? estava em um filme, onde o casal de loucos fingia que ela tinha que marcar apenas mais um para transar com a família inteira?

… onde?

— Está no banho, querida. — Tomou mais um pouco do líquido e continuou: — Tivemos uma transa excelente pela manhã, precisávamos nos revigorar.

Os olhos verdes piscaram rápido, não estava mesmo entendendo o que estava acontecendo ali.

— Eu não…

— Ei, não tenha pressa, bae, espere minha esposa e já conversaremos.

sentou na cadeira próxima a si e esperou a , olhando sempre para o alto da escada em busca de . Estranho demais o clima ameno de quem foderia alí mesmo, não estava mais tão calma como afirmou a e a fala do moreno no jantar no dia anterior ecoava pela mente inquieta da .

— Ah, finalmente, querida! — De roupão felpudo e certamente nua por baixo do tecido atoalhado, a matriarca desceu as escadas, abraçando a modelo ao se aproximar. — Estávamos esperando seu contato, na verdade, contamos os minutos.

A fugiu de um beijo da mulher, que sorriu se aproximando do marido. Eles estavam mesmo fingindo que nada havia acontecido?

— Mandei mensagem, pois quero discutir algo sério com vocês — começou.

— Bom, se meus filhos tem um plano para usá-la contra nós, diga que pagaremos o que for preciso. — Beijou a boca da esposa, apertando levemente o seio da , que concordou com . — Conhecemos os meninos, imaginamos algo do tipo vindo deles.

— Não é nada disso…

— Ah, não? — desdenhou, sorrindo assustadoramente. — Tiveram muitas reuniões em bares, boates, restaurantes e até no apartamento de vocês.

— Estávamos namorando — respondeu, mesmo achando bizarro eles saberem de tudo aquilo. — É comum sair… — foi interrompida:

— Certo, namorando sua amiga e , você?

— É praticamente uma quadrilha… — A mais velha gargalhou alto, servindo um pouco mais de vinho, com uma calma invejável. — Sabe, … Sendo quem somos, fazendo o que fazemos, temos que ser cautelosos com quem colocamos em nossa casa, querida.

— Eu não armei nada, mudou o sobrenome, como eu poderia desconfiar? — Fungou longamente, segurando o máximo possível sua vontade de chorar. — Eu estou feliz com seu filho, pretendo priorizar , não posso mais...

— Ah, querida, claro que pode… — se assustou com o tom acalentador nas palavras da . — No dia do nosso jantar em família mesmo, você disse que queria passar aqui, pois estava com muito tesão.

— Acredito que não é um problema para você, . Manteve os dois relacionamentos por meses, sem faltar em nenhuma parte. — Do que ela estava falando? Ela arregalou os olhos, entendendo que para eles aquilo seria normal.

tremeu com a possibilidade de ter ido até lá para absolutamente nada. Ambos sorriam e conversavam como quem estivesse em um brunch, e não em uma situação complicada, envolvendo quase uma família inteira. Abriu a bolsa mostrando a pasta rosa, tirou dali o contrato, que todos conheciam tão bem.

— Trouxe-o comigo pois vocês me garantiram que quando eu não estivesse mais feliz, quebraríamos o contrato.

— Sim, bae… 'Oh, … nossa garotinha está triste. — pegou a taça ao seu lado e seguiu até a mesa onde a estava. — O que podemos fazer, amor?

— Ah, , você é muito boazinha, amor… — O mais velho também seguiu até a mesa mantendo-se de pé atrás da esposa. — Eu estou feliz, você não está?

— Nunca fui mais feliz, amor.

— Então é o que importa, não é, ?

— Não… Eu estou com o filho de vocês! — falou mais alto, buscando tocar o bom senso daqueles dois.

— Tem certeza? — sorriu, bebendo um gole do vinho. — Soubemos que nosso filho fez o que costumava fazer na infância quando negávamos algo.

foi visto pela última vez no aeroporto, bae, não conte com a volta do nosso filho fujão.

— Talvez daqui a uns sete anos, querida… — O sorriso largo na face dava certa ânsia em seu estômago, que revirava a cada palavra proferida pelo casal. Eram assim tão insensíveis e desumanos?

— Bom, sem meu filho, tudo pode voltar a ser como antes, não é? — pegou os papéis sobre a mesa e colocou-os de volta na pasta, guardando na bolsa dela.

… por favor, eu não quero mais. — Os olhos verdes não aguentariam mais um minuto daquela tortura. Tentou ser civilizada, porém o casal não cedia, então o que mais teria a perder? Chorar ali já não demonstrava sua fraqueza e sim desespero. — E há uma cláusula que se eu não estiver feliz, vocês…

— Isso era verdade até aparecer. Nós não concordamos com a quebra, querida. Temos mais dois anos e, se realmente não desejar ficar conosco, lembre-se da multa.

Estava muito fodida! Nem vendendo as coisas que ganhou, o apartamento e o próprio corpo teria dinheiro suficiente para pagar aquela multa.

— Mas e sabem, podem falar para a imprensa. — A última cartada era a reputação inabalável da família.

— Bom, torça para que meus filhos não façam isso, você será acusada pelo que vazar e pagará por eles. — A sorriu compreensiva.

— Mas...

— Quem contou sobre nós? — ergueu uma sobrancelha. — Quem se envolveu com outro além de nós dois? Está tudo no contrato, querida, ou achou que as joias não tinham um preço?

— E o que eu devo fazer agora? — Certamente não queria respostas para aquela pergunta, porém o respeito que sempre acreditou existir ali era apenas uma fantasia sua.

— Daremos a você alguns dias para se acalmar e, como é temporada de férias, você vem passar uns dias conosco, o que acha? — A matriarca sorriu mais uma vez e a vontade da foi de voar na morena.

— Aqui… — Jogou um bolo de notas perto da garota, que o olhou sem entender. — Para suas despesas, já que Tsunade disse que não haverá muitos trabalhos este mês, e para o táxi, querida. — Aproximou-se limpando o rosto jovem e selou os lábios da . — Nos vemos em três dias?

— Querido, isso é perfeito! Temos um jantar na casa daquele casal desagradável, uma noite quente cairia bem…

comentava sobre seus planos com a garota, que estava aérea e mantinha os olhos vidrados na grande janela de vidro atrás do casal. mal respirava, tamanho incômodo em seu peito. Continuou parada onde estava, muitos minutos depois ouviu seu nome ser chamado.

Bae, chamamos seu carro. — Ajudou a a levantar, puxando a mais nova para si, abraçou e a levou até a porta. — Ligue-nos quando precisar.

Já no carro, longe da mansão a garota se permitiu chorar tudo que queria e gritar como imaginou muitas vezes naquele dia perturbador.


sentia seu corpo pesar de uma forma nunca sentida antes, seu estômago estava tão embrulhado que, assim que saiu de dentro do carro na frente do seu prédio, saiu correndo e vomitou em um canteiro de flores. Subiu lentamente as escadas do prédio de quatro andares e ao abrir a porta, cruzou olhares com seu irmão e, sem conseguir segurar, chorou. levantou de imediato e agarrou a irmã, que se desmanchou em seu colo; ela mal sentia suas pernas, não sabia como tinha conseguido chegar até ali, mas agora estava segura.

e vieram correndo da cozinha quando escutaram o choro e o moreno perguntou, preocupado:

— Eles machucaram você? — balançou a cabeça em negativo, enquanto o pegava ela no colo e a levava para o sofá.

— O que aconteceu, ? — acariciou a amiga, sentando ao seu lado, seguido de que também se aconchegou a ela.

— Eles são uns monstros, eu nunca vi alguém tão desumano e cruel. — engoliu em seco, podia lembrar de vários momentos em que teve o mesmo pensamento. Ajoelhou em frente ao sofá e abraçou .

— A gente vai fazer de tudo pra te tirar dessa.

— Eles disseram que se você ou forem para imprensa, quem vai pagar por isso sou eu. — A se afastou e já secava as lágrimas, tentando se recuperar do choque de realidade que tinha acabado de ter.

— Nem que a gente pague o melhor advogado do país, a gente vai tirar você disso — esbravejou.

— Talvez a gente nem precise pagar. — A comentou, pensativa.

! — exclamou, atraindo o olhar raivoso do namorado. — Ele é o melhor advogado do país.

— É? — franziu o cenho.

— Você precisa conversar com o irmão da sua melhor amiga, sabia? — A cruzou os braços.

— Não é como se ele fosse presente nos últimos anos… — A falou.

— Acabaram? — As garotas olharam para , sem entender. — O que estão esperando para ligar para ele?! — O loiro questionou, impaciente, fazendo pegar o celular rapidamente e ligar para o irmão, requisitando com urgência a presença dele. — Credo, vocês perdem o foco muito rápido.

Não demorou mais do que 30 minutos para estar na porta do apartamento das delícias. Ficou preocupado, já que disse que era caso de vida ou morte. Sentou na mesa de jantar e, aos olhos atentos de todos, esperou o assunto ser iniciado. pediu sigilo e entregou o contrato para o , que franziu o cenho, mas logo recebeu a explicação de que ela precisava quebrar o contrato de forma legal. O advogado leu a primeira página para se inteirar sobre o assunto do contrato.

— Tem algo que eu precise saber antes de ler as cláusulas? — perguntou e então respirou fundo e começou do início. Ele já tinha visto muitos casos absurdos, mas aquele era realmente assustador. Como que pais tratam seus filhos daquela forma? Além de tudo, querem continuar com um contrato com uma pessoa que não quer ter mais nada a ver com eles. Aquilo era baixo nível. — Eu vou fazer o possível e o impossível pra achar uma brecha, , não se preocupe.

— Obrigada, .

Naquela tarde todos aguardavam ansiosamente o terminar de analisar aquele contrato gigantesco. A tarde virou noite, e então comeram, beberam, continuaram a espera de alguma solução e, em um dado momento, levantou, atraindo os olhares de todos.

— Eu vou só ao banheiro… — Ele saiu andando em direção ao corredor.

— Eu só quero uma notícia do , seu pai disse que ele foi visto no aeroporto — comentou.

— Ele não retorna as minhas ligações ou minhas mensagens — suspirou. — Desculpa, cunhadinha.

— Sabe o que pensei? — falou assim que chegou na sala, tirou sua gravata aos olhos atentos dos demais. — No contrato diz que você tem obrigatoriedade de vê-los 4 vezes por mês, desde que… não interfira em seu trabalho.

— Podemos trabalhar com isso… — disse pensativa.

— E se passassemos nossas campanhas para a ? — comentou, animada.

— Não pediria isso a vocês, . — abraçou os joelhos. — Eu tenho alguns trabalhos pra fazer esse mês.

— Mas não o suficiente para se ver livre deles. — A respondeu.

— Vamos pensar nessa possibilidade por enquanto. — O sentou novamente e pegou os post it e uma caneta. — , você tem uma cópia?

— Sim, fiz duas cópias na verdade.

— Ótimo, quem tiver o mínimo de conhecimento com contratos que esteja disposto a ajudar a ler, melhor, já que isso precisa de sigilo e não posso chamar meus estagiários. — e se ofereceram, já que o era diretor do hospital em sua cidade e o dono de uma grande empresa. — Vamos precisar de café.

— Starbucks? — olhou para o .

— Vamos lá que a noite vai ser longa. — levantou, sendo bombardeado de pedidos das meninas e os dois deixaram o apartamento em busca da energia que os manteria acordados na madrugada.


[...]


Saiu do elevador correndo assim que viu a mulher alta e loira que reclamava com dois rapazes, que não lembrava de qual setor da agência.

— Chefinha… — Parou próxima a mulher, que mirou seu rosto com os intensos olhos castanhos claros.

, bom dia. — Tsunade era uma mulher poderosa e incrível, tanto que mal conseguia ficar parada em algum lugar. Andava apressada para um estúdio que estava sendo montado em uma das salas. — Ah, diga logo o que quer e pare de me seguir. Parece a Shizune com meus compromissos.

— Bom, vim pedir um enorme favor, senhora Senju.

A mulher parou e deu as costas para o lugar que precisava de sua supervisão.

— Fale.

— Eu tenho uma emergência no interior e não posso fazer a campanha da quinta.

— E qual é o seu problema? — Arqueou uma sobrancelha enquanto cruzava os braços sobre os seios fartos.

— Meu pai, ele está fraco e precisa de ajuda no fim de semana.

— Certo, mas nunca ouvi você falar de sua família. Não há ninguém para substituí-la.

— Mas chefinha… A , ela não tem nenhuma campanha para a próxima semana, eu pensei em ceder o trabalho para ela.

— Sabe que é contra as regras passar campanhas, não é? — O rosto maduro ia tomando o aspecto cada vez mais irritado conforme o silêncio de se estendia.

— Ela… Ela precisa do dinheiro, o pai dela, coitado…

— Os pais de ambas estão doentes? — Virou-se para a porta dando fim à conversa.

— Senhora é muito, muito sério! — Pegou no braço da Senju desesperada, pronta para fazer o necessário para ajudar a amiga. — Confie em nós, chefinha…

Suspirou profundamente e revirou os olhos, lembrando de quanto dinheiro aquelas duas já lhe renderam.

— Certo, fale com para vir nas suas campanhas.

— E nas de ?

!

— Por favor, chefinha… — O choro da morena estava pronto para jorrar, conquistando a lágrimas o sim da Senju.

— Certo, certo, agora me deixe trabalhar… — Viu a morena pular animada e correr para o elevador. — Malucas… — Entrou na sala desorganizada e quis socar um dos funcionários. — Estamos atrasados!


[...]


sentou na cadeira de madeira, mantendo o lápis em sua boca. Lembrava vagamente daquela cláusula em um dos casos que havia pegado como exemplo, algo que pudesse ajudar no da . Não haviam muitos como aqueles, muito menos com tantos detalhes sobre relacionamentos, encontros, regras entre quatro paredes e os benefícios da garota de cabelos rosa.

Em dois anos, uma boa quantia em presentes havia sido disponibilizada para , infelizmente teve que fazer o levantamento de tudo, pois não sabia o que poderia ser pertinente. Todos os menores detalhes deveriam ser analisados, imprimidos e datados, para que nada naquela mesa de jantar, repleta de documentos, livros e canecas de café, parecesse perdido.

Suspirou, esticando o pescoço cansado e tirou o lápis da própria boca, jogando-o em cima da montanha a sua frente. Sentia-se um lixo por dois dias inteiros, não sabia qual abordagem adotar, já que eles se protegiam de todas as maneiras que havia previsto. Não havia quebra de contrato, não havia falha na comunicação, um único motivo que colocasse os Uchihas em cheque.

— Quer dar uma pausa? — sorriu para si e recebeu um acenar fraco do , que se levantou e sentou no chão, ao lado da irmã. — Fique aí, vou trazer seu jantar.

— Como está? — abraçou o moreno cansado e sorriu como se tudo fosse ficar bem, alheia ao que já começava a duvidar de sua capacidade.

— Tentando. — Pegou a caixinha de yakisoba, os hashis das mãos do e o assistiu tomar o lugar ao lado de . — Amanhã vou buscar um livro antigo sobre cláusulas com um amigo da faculdade.

— Sinto que estamos mais próximos de algo. — A morena sorriu mais uma vez, com o olhar terno que o tanto sentiu falta nos últimos anos.

— Temos que salvar minha irmãzinha de tudo isso…

— Ei, amor. Confie em .

— Bom, eu vou para casa hoje, depois do jantar. Vou buscar algumas coisas e pensar mais em uma solução.

Despediu-se dos amigos da irmã e saiu do apartamento pronto para descansar. Ao chegar, tomou um longo banho no automático. Separou algumas roupas para levar no dia seguinte ao trabalho e logo em seguida a casa da . Tudo parecia depender de seu empenho e concentração total para pegar os velhos sádicos e sem coração.

Vestiu-se e deitou em sua cama, olhando para o teto branco sem nenhum detalhe, imaginando situações que pudessem desencadear uma grande ideia, mas nada parecia suficientemente bom e digno de sua atenção. O antebraço foi em direção ao lugar vazio ao seu lado e ele imediatamente lembrou-se de . Bufou alto, ignorando a mente traiçoeira e decidindo de uma vez que aquele dia deveria ser encerrado.


[...]


— Deite-se aqui. — Deu espaço para que os fios soltos se acomodassem junto ao corpo, coberto apenas por um pequeno baby doll.

— O que houve, amor? — Fez carinho no braço sobre sua cintura que a mantinha firme no lugar.

— O que há?! Eu sou carinhoso, .

A loira se levantou e apontou para o .

— Viu, é exatamente isso!

— E o que eu fiz, amor?

— Você sobe um pouco o tom de voz em algumas frases aleatórias. — Foi até o interruptor do quarto e acendeu a luz encarando a face do . — Vai me contar o que está acontecendo ou mais uma vez terei que adivinhar? — O silêncio do moreno a irritou e resolveu ameaçar o namorado. — Tenho uma dica para você, se me contar terá desconto, então desembucha.

— Estou um pouco incomodado com a situação…

— Era de se esperar, seu pai, sua mãe, seu irmão e em uma trama cheia de cláusulas e contratos. Se não estivesse sentindo nada, estaria morto.

acredite, dos meus pais eu não esperava menos, me deixou surpreso sim, mas eu juro que não foi a pior coisa que soube deles. — Sentou na cama, tomando a mão da loira e continuou: — É mais sobre o advogado da minha cunhada.

— Ah, não…

— Eu sei que não tenho motivos, sei que você mal olha para ele, mas está na cara que o irmão da ainda ama você.

— E isso me interessa? Estou namorando com você, . Eu o respeito e o amo, e isso…

— Ama? — O sorriso do era gigantesco e notou o que disse apenas quando ele repetiu. — Ama mesmo?

— Bom, se achar cedo demais, peço que me desculpe — subiu no colo do moreno, beijando os lábios masculinos com carinho —, mas um homem tão perfeito assim é impossível não amar.

— Eu, perfeito? Já viu a bagunça da minha vida? — Subiu as mãos pelo corpo feminino tirando a parte de cima do conjunto lilás e expondo os seios rosados. Deixou um beijo em cada um e sugou o pescoço da , que rebolou em seu colo como resposta. — A única coisa perfeita que tenho está aqui neste quarto, me olhando com os azuis mais amáveis que já vi.

— O que isso quer dizer… — Na verdade entendeu muito bem, porém queria ouvir da boca sedenta do moreno que a virou depressa, prendendo o corpo da menor entre o seu e o colchão.

— Que... — beijou os lábios quentes — eu... — lambeu do vale dos seios até o cós do short fino, que deixou o corpo da loira em um só movimento — te amo, .


Subiu os degraus da fachada e deu dois toques na porta de madeira escura. Pegou o próprio telefone, avisando a irmã que já estava a caminho do apartamento e esperou alguns minutos até que fosse atendido.

?

— Sim, eu mesmo. — Entrou no local quando a garota, um tanto mais baixa que ele, deu espaço para que o passasse.

— Fique à vontade, vou até o escritório e já trago o livro que Lee indicou.

O moreno sentou-se no sofá confortável aguardando a volta de Pakura, uma das muitas colegas do amigo animado e cheio de disposição para confraternizações da empresa. era o completo oposto de Rock Lee, e talvez por isso sua amizade fosse tão duradoura. Ficou de pé quando a garota voltou e o entregou o exemplar pesado e bem surrado.

— Muito obrigado, Lee disse que só você tem este livro.

— É, eu me especializei em contratos e infelizmente todos os nossos colegas sempre esbarram com um ou dois na carreira. — Apontou as marcas na capa dura e sorriu. — Por isso as marcas, eu mesma já decorei todos que tenho, até fizeram anotações…

— Bom saber que tenho uma especialista para consultar.

— Claro, quando quiser. — A morena de fios avermelhados deu a volta na mesa de centro e foi até a grande estante, procurou por poucos segundos e voltou até com um cartão. — Aqui, ligue quando quiser e se precisar.

Sorriu largo, observando o moreno guardar consigo o pequeno papel.

— Eu tenho que ir, Pakura, estou com um caso que tenho quase certeza que não vou conseguir resolver.

— Que nada! — Acompanhou o moreno até a porta, admirando o homem bonito a sua frente. — Contratos são muito simples, acredite. — Tomou a frente de e abriu a porta para si. — Nenhuma parte está completamente certa, as pessoas sempre escorregam nas regras mais básicas. Indico que procure seu cliente e faça uma entrevista minuciosa.

— Já conversei com ela uma vez. Não me rendeu muito.

— Entreviste-a. Pergunte o que achar pertinente, os menores detalhes. Início e meio, provavelmente te darão um fim.

— Vou fazer isso, muito obrigado, Pakura.

— Não há o que agradecer, . — Sorriu largo, notando que o ficava ainda mais bonito rindo. — Sei que vai ganhar este caso.


[...]



ia e voltava atrás do irmão, que dava voltas pela casa. Não estava louca, havia começado aquilo e ela, preocupada, tentava entender o porquê daquela inquietude e dos murmúrios do moreno, que começava a assustar a .

— Quando ele volta ao normal? — segurou o corpo curvilíneo perto de si e fez parar de rodar pela sala como o irmão.

— Acho que ele precisa da … — notou o quanto o irmão da amiga repetia o nome da . — Onde ela está?

— No metrô, resolveu vir com mais calma, pois queria pensar — respondeu com os olhos atentos no .

— Bom, ela vai pifar seu irmão. — se aproximou da loira, fazendo como o ; ambos os casais perto da porta, dando espaço para o moreno.

— Isso! — correu para a mesa, espalhando os papéis por toda parte. Buscou por algo específico e, ao ver o que queria, abriu o grande livro de Pakura. — Só vai fazer sentido se… — Mais uma vez procurou pelos papéis e, em seguida, no próprio e-mail, buscando um dos muitos que a o enviou.

Distanciou-se dos casais e foi até o quarto da irmã, buscando seu sapato confortável, que estava em sua mochila; prendeu o cabelo com as folhas presas em sua boca e pegou uma cadeira, colocando-a no meio da sala.

— Sentem-se — indicou o sofá calmamente, organizando algumas pilhas de papéis e buscando um caderno e caneta. — Preciso que se concentrem no que vai acontecer quando a entrar por aquela porta.

Os quatro estavam chocados com a cena. parecia um teórico da conspiração matutando teorias e tentando não parecer louco ao explicar uma delas. A porta abriu e, por ela, um pouco menos desanimada que o normal após a partida de , assustou-se com a cena à sua frente e já pegava o caminho seguro até seu quarto quando o a acompanhou até a cadeira.

— O que houve?

— Você interrompeu a explicação, amiga. Também não sabemos. — deu de ombros e esperou, assim como os outros, o grande momento de .

— Estive com uma especialista em contratos hoje e uma de suas dicas era que nenhuma parte mantém-se certa por muito tempo. — Mostrou o livro para os amigos da irmã e continuou: — Além disso, no contrato diz que qualquer acordo com mais de dois anos, deve ser revisado constantemente, visto que em seis meses sua vida pode mudar. — Olhou para e respirou fundo para começar. — Não houve isso dos pais de , não é?

— Não. Nunca mexemos no contrato.

— Isso! — Tomou o caderno e anotou apressadamente alguma informação. — Bom, agora vem a parte que deve te deixar desconfortável. — Reduziu a velocidade de palavras que saia de sua boca e tentou se acalmar. — Você terá que narrar cada detalhe pertinente desde o dia que conheceu e .

— Assim, do nada?!

— Acredite em mim, qualquer pequena informação pode fazer o jogo virar, . — concordou, muda, e se levantou, buscando a cópia do contrato. Tomou uma cadeira para si e manteve-se longe de sua cliente. — Vocês podem se retirar agora. — olhou para trás, avisando os demais, que levantaram no mesmo instante.

— Não, eles podem ficar.

— Tem certeza? — acenou. — Tudo bem, em qualquer momento que queira ficar a sós, fale. — Recebeu outro sinal positivo e então finalizou: — Quando quiser, estou pronto.

— Certo… — Viu os olhos encorajadores de , , e , e respirou fundo para tomar coragem. — Há dois anos tivemos uma festa como a que todos os anos acontecem na Stars Model. Coquetéis, gente importante, boa comida e um momento de oportunidade para modelos novatas. O cliente tinha contato direto com o rosto de sua empresa, e nós sempre somos apresentadas aos figurões da alta sociedade, lógico, os convites às vezes vinham ao vivo e contratos de exclusividade eram citados com Tsunade sempre ao nosso lado.

e concordaram e então continuou:

— Ao conhecer a mulher que comandava a company ao lado do marido, eu fui simpática como era com os outros convidados da empresa. se mostrou alegre e solícita, mas todos ali eram, eu não vi maldade alguma. Ela esperou Tsunade me deixar sozinha para falar com um velho que queria um contrato com a , e fez uma proposta fora da agência.

Deu um longo suspiro, cruzando as pernas e voltou ao seu raciocínio:

— Me convenceu que eu ganharia mais sem a porcentagem de Tsunade e que seria mais famosa, por ser o rosto da marca, contratada pela . Na semana seguinte, tivemos uma reunião onde conheci . Tudo correu perfeitamente e, segundo eles, apenas mais uma reunião e eu leria o contrato que mudaria a minha vida.

— Parece até um filme de terror… — apertou o braço do namorado, que acariciou sua perna.

— Bom, mais uma semana até o jantar que teríamos na 's. Eu apareci depois do expediente e o clima era outro, descontraído, jovial, calmo. Ambos mantinham sorrisos lindos no rosto e contavam tudo que eu poderia ter apenas com uma assinatura.

— Isso sem que você soubesse do que se tratava? — a interrompeu e, com o acenar da , anotou algo. — Posso acusá-los de coação.

— Não sei se fui coagida, mas soube poucas horas depois o que deveria fazer para ter tudo que eu quisesse. — Apertou a própria calça em busca de apoio, segurou o choro e suspirou antes de continuar: — Eles me perguntaram se havia algum problema em ser dividida. Entendam que eu não tinha nada a perder… — Limpou do rosto as lágrimas insistentes.

— Ninguém aqui vai te julgar, . — O sorriu compreensivo para a cunhada, que acenou concordando. Estava em um lugar seguro.

— Eu comecei ganhando bolsas, casacos, roupas, sapatos e todos os tipos de mimos imagináveis. Era tão simples, tão fácil… eu me divertia trabalhando, viajando e ganhando meu dinheiro com o que eu amava, mas me sentia plena sendo venerada por duas pessoas tão importantes. Eles… eles me faziam tão bem, eu não consigo lembrar um só dia com eles que eu não tenha me divertido. Cozinhavam enquanto eu ria, contávamos piadas, planos sobre conhecer o mundo quando eles se aposentassem, apenas por amarem minha companhia… Eu não me sentia usada como me sinto agora.

, se quiser parar eu vou entender. — levantou da cadeira, foi até a cozinha e buscou um copo de água, oferecendo-o a . — Toma, por favor não se sinta pressionada a fazer tudo de uma vez. — Deu alguns minutos para a garota chorosa se recompor. — Está tudo certo, quer mais?

— Não, obrigada. — Pegou o lenço que a ofereceu para si, limpou suas lágrimas e ergueu o rosto. — Eu posso continuar, estou melhor e você terá tempo para pensar em tudo isso. — Deu mais uma longa pausa e prosseguiu:

— Eu era muito bem tratada, mas me perguntou uma vez se eu precisava daquilo e eu não soube o que responder, e isso me deixou um pouco mexida. — Respirou fundo e prendeu os cabelos. — Enfim, um ano e meio de dois anos foram sempre calmos e comuns. Eu voltava de uma viagem ou campanha e um deles me buscava ou mandavam o motorista para me pegar onde eu estivesse. Eu passava pelo menos uma noite com eles e saía quando quisesse e também voltava quando bem entendesse.

— Desde que mantivesse as visitas como especificadas no contrato?

— Isso.

— Nunca houve mais visitas por semana, alguma que a fez perder um voo ou campanha?

— Não — disse simples. — Eles sempre foram corretos em tudo.

— É, até o dia da festa — debochou. — Eles fizeram uma cena, .

— O que ocorreu na festa? — estava atento ao rosto da , pronto para mais informações e torcendo para que alguma fosse a premiada.

— Eles estavam na festa de ano novo da Stars Model e eu usava o colar que havia sido o último grande presente que eles haviam me dado pelo… — segurou a respiração, tapando sua boca em sequência. — Meu deus, o que eu fiz?

— O quê?! O que você fez? — perguntou, preocupado com a palidez de sua irmã.

— O colar foi presente pelo vídeo que gravei com…

— Não, você não fez isso… — arregalou os olhos, pois lembrava bem daquela conversa.

— Alguém pode terminar as frases? — cruzou os braços.

— Eu fiz uma viagem para a Espanha, fui fazer a campanha para uma revista, também foi nessa viagem, e bom, vocês já devem imaginar. — acariciava as próprias mãos em busca de se acalmar. — Quando eles viram as marcas no meu corpo, me pediram um vídeo, transando com o meu companheiro na época e bom, eu estava com o . — piscou algumas vezes e tentou ignorar a informação, era demais para sua cabeça. Os outros três seguiam chocados com a informação, mas tentavam não esboçar muitas reações, afinal, não queriam que se sentisse mal ou julgada, ela confiou neles para estarem ali.

— Isso foi quebra de regra? — negou. — Então continuemos. — tinha que ser frio naquele momento, precisa de toda informação possível que o ajudasse a achar uma brecha naquele emaranhado de cláusulas. Ele leu alguma coisa que estava escrita, tentando voltar ao seu raciocínio anterior. — Você sabia que eles estariam lá? Digo, na festa.

— Não, eles iam às vezes, outras não. Não havia como saber. — Deu de ombros lembrando da péssima noite de ano novo que teve. — Eles se aproximaram e elogiaram o colar, de uma forma que só quem tem intimidade reconheceria. deve ter visto que eu conhecia os Uchihas e que o casal que eu havia mencionado quando ele brigou comigo, pois tinha visto eu entrando no carro de , eram seus pais. Principalmente, porque quando peguei o colar na loja, ficou desconfiado por ser de uma marca tão cara.

— Você buscou o colar? — O parou suas anotações e focou nos olhos verdes. — Não pegou em uma das visitas?

— Não aquele. — Sorriu para a amiga, que entendeu o dia que narraria — Era uma tarde comum e meu telefone tocou, eu estava no banho, então o levou até o banheiro. Eu atendi e me forneceu um endereço e o horário que eu deveria estar lá. Na saída, encontrei , que me perguntou sobre o pacote que eu carregava e eu evitei responder; brigamos e ele só se mostrou preocupado com meu bem estar e nada mais que isso.

levantou de sua cadeira e foi até a mesa, rapidamente confirmando a informação. Voltou até o grupo e sorriu para a .

— Eu encontrei a falha.


[...]


Seu sono estava pesado, sonhou algumas vezes com o homem assustador, que até roubava sua torta de chocolate, sequestrava e machucava seu namorado, fazendo seu pequeno chorar histericamente, e a ficar nervosa. pensava em como derrubar o infeliz que ousou magoar alguns de seus amores quando um som conhecido foi ouvido ao longe.

— Amor… — Um empurrão fraco em seu braço direito e a loira ignorou.

Mais uma vez sentiu um toque, desta vez um dedo em sua bochecha. Não tinha como ignorar o .

— O quê?

— Seu telefone,

— Droga! — Pegou o aparelho, pronta para xingar quem tivesse incomodando seu sono naquela hora da manhã. Olhou curiosa ao reconhecer o número, levantou da cama e rapidamente calçou suas pantufas, vestiu um roupão e avisou ao moreno. — Amor, vou comprar café.

— Hm…

Com a resposta do , atravessou o corredor e parou na ponta do corredor, observando se o não estava acordado. Parecia ser a única desperta, então cruzou a sala caçando a chave e, logo após achar, abriu a porta da frente, trancando-a atrás de si.

Desceu os degraus com certa pressa e esperou, como foi indicado na mensagem enigmática. Esperou com os braços cruzados sobre o seio e os pés batendo nervosos no chão claro. Seu telefone tocou mais uma vez e ela atendeu a caminho da saída do prédio.

— Acho bom ter uma ótima desculpa…


mirou , que estava com as pernas entrelaçadas nas suas e torceu os lábios; as duas olhavam para o celular e tentavam pensar o que responderiam no grupo de suas amigas. saiu do banho e se jogou na cama, juntando-se às suas amigas. Pegou seu celular e encarou as notificações, olhando para as outras duas em seguida.

— Precisamos vê-las… — começou.

— Faz duas semanas que estamos trancadas nesse apartamento, sorte a nossa que elas viajaram depois do ano novo. — A comentou.

— E agora que voltaram, querem nos ver. Nada fora do normal… — concluiu .

— Eu não posso ser vista na rua como se não estivesse trabalhando, apesar de tudo isso ter dado certo até agora, se eles descobrem que estou disponível, é capaz de mandarem um segurança me buscar. — sentiu seu corpo tremer com a possibilidade.

— Podemos chamá-las para cá. — A morena comentou, mordendo o lábio.

— Com no nosso sofá e pencas de papéis espalhados por todos os lados? — falou o óbvio.

respirou fundo e levantou, ficando de joelhos na cama antes de dizer:

— A reunião com eles já foi marcada, nós podemos juntar tudo e pedir para ir para casa enquanto as meninas estão aqui.

— Podemos fazer isso. — A concordou.

— Eu odeio esconder as coisas delas, mas ninguém mais pode saber. Se tudo der certo, essa semana me vejo livre deles. — A sorriu e abraçou as duas amigas, que mais eram duas irmãs do coração, as amava demais e não saberia o que fazer sem elas.


[...]


estava debruçada no guarda corpo da varanda perdida em pensamentos, mordeu o lábio ao pensar em e sentiu seu coração disparar. Queria que ele estivesse ao seu lado naquele momento tão difícil, assim como ela queria estar ao lado dele. No entanto, entendia que ele precisava do tempo e do espaço dele, era realmente um pouco demais entender aquilo tudo. Respirou fundo e limpou algumas lágrimas com o dorso da mão antes de voltar para sala, onde e estavam sentadas no chão.

Esperavam as amigas. Marcaram de fazer uma reunião sem os namorados, afinal, as garotas perguntariam pelo , então acharam melhor fazer uma noite só das garotas. Assim que e entraram pela porta, abraçaram as garotas e diziam estar morrendo de saudade delas. foi a última a chegar, trazia consigo uma garrafa de espumante.

— Para comemorar. — A ruiva colocou em cima da mesa de centro.

— Comemorar o quê? — franziu o cenho.

— Eu e o vamos morar juntos! — A Uzumaki falou animada e as outras gritaram em sequência.

— Pra quem ‘tava evitando, você foi bem rápida — comentou, recebendo um tapa da namorada. — Ai, amor…

— Parabéns, prima, estou feliz por você! — a abraçou e sorriu.

— Por que não me parece tão feliz? — A ruiva se afastou e olhou bem para a . — Aconteceu alguma coisa?

— Não, estou bem.

, você pode enganar até você mesma, menos a mim. Desembucha!

— Não foi nada de muito grave, ela e brigaram — falou, abraçando . — Né, amiga?! Briga idiota de casal… — A morena revirou os olhos.

— Nem me fale, já disse pro pra ele não ser acomodado, vai dividir todas as tarefas da casa comigo. — jogou o cabelo e bebeu do vinho que as garotas já tinham servido para todas.

respirou fundo e agradeceu mudo à ; a desculpa que ela deu foi o suficiente para a prima desencanar e parar de prestar atenção no quanto estava abatida. Nem mesmo a maquiagem foi o suficiente para disfarçar a dor que ela sentia desde que aquele maldito ano tinha começado. Tentava manter as esperanças de que tudo desse certo na reunião e de que voltaria para si. Ter as amigas ali, mesmo que sem poder contar toda a história, de certa forma sentiu como se elas a apoiassem, pois sabia que aquela amizade era do tipo que podia contar para qualquer coisa. Talvez até um assalto ao banco, se fosse preciso.

— E então, quando é o chá? — revirou os olhos pelo rosto confuso da ruiva. — Antes de tudo precisamos de um, não é?!

— Chá? Pensei que serviriam mais vinho.

— Acho que a se refere ao de casa nova? — chutou a opção, ouvindo concordar.

— Prefiro um de lingerie, amiga.

— Prima, ele já viu tudo aí, nenhuma novidade! — sorriu ao tomar um tapa da Uzumaki.

— Um de casa nova, sabe? Com coisinhas novas para o casal começar a construir sua vida. — estranhou o sorriso da namorada enquanto a morena citava a lista. — Toalhas bordadas, potinhos combinando, um lindo capacho de boas vindas ao lar, com a cara de vocês e uma frase legal…

, está proibida de casar com ela. — apontou para a amiga, que desfez o sorriso. — Nós vamos esquecer a lista e ficará chateada!

— Eu não estou falando para você, amor…

— Ok, nós acreditamos. — serviu mais um pouco de vinho e continuou: — Eu não quero chá, pois tenho tudo que preciso no apartamento e ele também, a decisão foi óbvia e parece fazer sentido para nós. — Deu de ombros.

— Além de adulta, parece muito pé no chão, . — brindou sua taça na da Uzumaki. — Amei que chegaram a um acordo sem drama e confusão, parece natural.

Todas sorriram, porém, era ali que se dividia entre o que é certo e o que não é. Deveria mesmo ser menos complicado como e , seguindo cada passo sem drama, como adultos reais, ou nem todos tinham a sorte de achar em uma grande cidade alguém com quem você já não tenha dormido com algum familiar?

levantou-se, chamando a para o banheiro e se trancou no cômodo com a amiga.

— Ei, o que há?

— Não deveria ser menos complicado, como o relacionamento da ? — As lágrimas insistentes já tentavam correr pelo rosto, porém eram paradas pelas mãos apressadas. — Eu o amo e não sei onde ele está, .

— Nós temos que aceitar que não é simples para todo mundo, . — Abraçou a rosada e deixou que a Uzumaki deixasse suas tristeza fluir. — Eu sei que meu cunhado precisa de um tempo, assim como você…

— Eu preciso dele, não de um tempo…

— Eu acho que ambos precisam entender muitas coisas e se livrar de muitas outras. — Desfez-se do abraço, olhando para o rosto da amiga. — Quero que aceite isso, por enquanto; mantenha a cabeça erguida e tudo ficará bem.

abraçou a loira outra vez, tentando se apegar às palavras da amiga louca que, às vezes, tinha razão. Surtar quando não se entendia nada, não ajudaria ninguém; e imaginar que estava da mesma maneira longe de todos que poderiam oferecer o conforto que ele precisava, tornava tudo mais doloroso para si.

— Eu vou tentar…


[...]


Ajeitou a própria blusa respirando fundo. Sacou o telefone, usando-o como espelho, e tentou ao máximo não parecer desesperado, porém não negaria que a garota o chamou certa atenção. Não, não havia voltado a ser o idiota do ensino médio, porém, pela primeira vez, não estava enrolado em um relacionamento e queria sair para se aventurar em outro.

Respirou mais uma vez, guardando o aparelho no bolso da calça, e notando que realmente não tinha nada fora do lugar, mas fazia algum tempo que não tentava algo novo, tirando da equação. Negou mudo, afastando a loira de seus pensamentos; seguiria assim como ela, pois foi bom, porém não era para sempre, então que mal faria levar o livro pesado de volta a amiga de Lee, com alguma segunda intenção?!

— Droga! — Nervoso, tocou a campainha; arrependido. Não estava pronto, não sabia o que falar, não queria… — Boa noite.

O sorriso saiu naturalmente após sua fala. A garota de olhos castanhos pareceu feliz ao notá-lo em sua porta.

. — Deu espaço para que o mesmo entrasse e fechou a porta atrás de si, oferecendo o sofá para o . — Quer alguma coisa?

— Sim, vim devolver o livro e agradecê-la. — Foi tão rápido que se arrependeu de ter atropelado algumas palavras. — É…

— Conseguiu resolver o caso? Quando for ao tribunal, gostaria de vê-lo em ação. — Pegou o grande exemplar das mãos do moreno e o colocou na mesa a sua frente.

— É sigiloso, não podemos…

— Entendo. — O silêncio que seguiu não era desconfortável, porém não era a melhor coisa que já experimentaram.

— Eu queria saber quem escreveu as notas nos cantos das páginas, ajudou muito.

— Aquilo, infelizmente, é uma mania minha, não posso culpar ninguém que o pegou emprestado. — Sorriu sem jeito.

— Foi crucial. — Fez suas próprias anotações sobre as dicas que estavam em cada canto do livro. Ajudou bastante em suas pesquisas e foi essencial em duas grandes ideias. — Não sei como agradecê-la.

— Espero que ganhe o caso e possa marcar um jantar…

— Eu… — Sempre era o cafajeste a pedir por um encontro, então aquela garota o deixou sem fala.

— Lee nunca mencionou um relacionamento, se houver peço que me desculpe…

— Não, eu não tenho, só estava pensando em uma forma de propôr o mesmo, mas você… — Sorriu ladino. — Sim, se posso agradecer desta forma, ficarei honrado. — Levantou-se do sofá confortável, sendo acompanhado pela garota baixinha até a porta; virou-se de frente para a porta.

— Sexta-feira? — perguntou Pakura ao girar a maçaneta.

— Te busco às 19? — já estava na varanda, do lado de fora; seus lábios curvados em um sorriso singelo.

— Perfeito. — A mulher se esticou e deixou um beijo na bochecha do . — Boa noite, .

— Boa… noite. — Virou sem graça, indo até seu carro em modo automático; não esperava que ele fosse convidado primeiro, mas aparentemente ele estava certo sobre ela ter o notado.


[...]


— O que você espera dessa reunião com seus pais?

— Estou preocupado pela , espero que… saiba o que está fazendo. Meus pais não são qualquer um…

— Eu confio em … Não me olhe desse jeito, , ele é competente no que faz. É um ótimo advogado. — O moreno abraçou a namorada e cheirou seu pescoço. — Quero que a se livre de tudo isso e ela e o se entendam de uma vez.

— Eu queria saber apenas se ele está bem… — suspirou.

— Ele está… — Parou de falar e engoliu em seco.

— Como sabe?

— Ué… co-como eu… é grandinho, , ele sabe se cuidar. — saiu dos braços do namorado e foi indo em direção a sala com o em seu encalço.

— O que não está me contando, ?

— Não tem nada, amor, agora vamos ver um filme?

— Ei, volte aqui, mocinha! — Prendeu a namorada entre ele e a porta do quarto e ameaçou beijá-la.

— Não me chame assim, parece um velho. — Sorriu pequeno, mordendo os lábios.

— Eu sou mais velho que você, me deve respeito. — Sugou seu pescoço de forma lenta, ouvindo a respiração da namorada acelerar. — Deite-se na cama.

— Assim fica fácil obedecer… — Jogou seu corpo contra o colchão macio e esperou por . — O que vamos fazer?

— O que eu vou fazer com você… — Tirou a pantufa da beijando cada pedaço de pele sob o olhar atento da loira. — Mas antes… — Deixou o outro pé nu e subiu um pouco, parando em seus joelhos. Beijou rapidamente e se afastou, girando o corpo da , que gargalhou com a brincadeira. Selou a parte detrás das coxas perfeitamente torneadas, mordeu o bumbum durinho por cima do short e mapeou com a língua o que a peça permitia.

— Tira de uma vez…

— Está com vontade? — Passou pela beirada da parte de dentro das coxas, lambendo o que a malha larguinha de ficar em casa permitia. Sentia que sua garota estava próxima a pedir para que ele enfim a tomasse, porém parou instantemente quando a loira rebolou pedindo por mais. — Então me conte o que está escondendo de mim.

— Você está de brincadeira? — Em resposta, o sentou na cadeira do lado oposto à loira.

— Não, e quero que fique claro que isso não vai rolar enquanto você não começar a falar.

— Isso é muito infantil, . — sentou na cama, encarando o moreno que parecia invencível. — Se eu fizer o mesmo, você cede.

— Então há algumas lições que você deveria aprender, senhorita . — O moreno sorriu. — Um: eu não vou ceder até obter a informação que quero e pode esfregar essa boceta molhada e gostosa na minha cara, pois eu não vou cair em tentação. Dois: não jogue com um , infelizmente você viu o que aconteceu, e, finalmente o número três: não esconda nada de mim.

— Ah, que saco! — A loira chorosa batia na cama de forma apressada, com vontade de bater no namorado e sentar nele na mesma intensidade. — está bem e eu tenho certeza, pois falei com ele!

— Meu irmão te respondeu? — Sobressaltou-se na cadeira.

— Sim, ele pediu para que eu contasse os próximos passos de e, quando eu fiz, ele disse que ia fazer algo para acabar com isso.

— Você poderia ter me contado,

— Ele pediu para que confiasse nele, … Não fica chateado comigo, amor.

— Eu não estou. — Ergueu a cabeça, sorrindo safado para a namorada que pulou da cama, alcançando o rapidamente.

— Não está? — Beijou a boca do moreno, descendo os beijos até o cós da calça de moletom cinza que usava. — Mas eu menti para você, não está mesmo bravo? Acho que te devo um pedido de desculpas. — Foi tirando lentamente o tecido de sua frente.

— Eu estou satisfeito por ter me contado a verdade. — Levou a mão pesada aos fios loiros, sentindo a língua de enrolar-se em seu membro e gemeu, jogando a cabeça no encosto da cadeira ao sentir que estava sedenta por suas desculpas.


tinha ido ali muitas vezes, sempre para agradar um de seus sugars ou para receber um mimo, mas nunca com um advogado ao seu lado. Olhou para , que mantinha sua pose séria, e respirou fundo; aquilo seria difícil, tudo poderia acontecer quando ela passasse por aquelas portas do grande prédio alto e envidraçado. Era aterrorizante estar contra os 's, ela sabia do poder que eles tinham e, infelizmente, agora sabia do que eram capazes para conseguir o que queriam. Estava com medo, quem não estaria?!

Haviam muitas coisas perigosas que já tinha feito em sua vida, mas nada se comparava ao nervosismo de descer do carro do estacionado em frente a grande empresa.

— Está tudo bem?

estava sempre muito preocupado consigo, talvez fosse as dicas de ou apenas seu semblante abatido, e ele como bom advogado, preocupava-se com sua cliente. sorriu pequeno e acenou, concordando com o moreno, que segurou firme em sua pasta e esperou que a desse o primeiro passo à sua frente.

Entraram pelo grande saguão e o deu passos mais largos a caminho da mesa na recepção. conversou brevemente com a garota, que conhecia pelas muitas vezes que a passou por ali, e liberou a entrada de ambos, agora acompanhados de um segurança.

Os elevadores, o ar, o cheiro de limpeza, tudo era tão familiar e mesmo assim não deixava de se sentir oprimida, enclausurada, esmagada por todos os sentidos estarem apurados ao extremo; temendo verdadeiramente os próximos passos. Entraram apenas os dois no elevador e ele percebeu o quanto a respiração de estava desregulada.

— Ei, ‘tá tudo bem. Respira fundo e deixa comigo. Vamos fazer do jeito que combinamos, não deixe eles entrarem na sua mente — assentiu e respirou fundo, soltando o ar devagar; tentava normalizar a respiração que a ansiedade e nervosismo fizeram questão de bagunçar.

O lugar era o mesmo, o espaço amplo, as cores claras, as janelas enormes que iam do chão ao teto, perdendo-se na fachada assustadora de poder, que escondia os desejos de um casal que sorria, oferecendo a mão para o .

— Senhor e senhora , podemos?

Parecia tão apressado quanto ela para sair dali. Tomou o caminho indicado pelo casal e uma sala enorme como todo o lugar surgiu atrás de portas duplas. Um homem velho engravatado olhou para os presentes e levantou-se cumprimentando e . Ambos responderam a Danzou, que sentou-se outra vez, agora acompanhado do casal .

— Bom, por onde querem começar? — O homem pegou o contrato, colocando-o à sua frente e cruzando as mãos por cima dos papéis.

— Meu nome é , estou representando .

— 'Hm, , seu nome não me é estranho. — falou com desdém, sendo completamente ignorado por , que tirava os papéis de dentro da sua pasta com uma calma invejável.

— Meu nome é Danzou Shimura, represento o senhor e senhora . — O silêncio ensurdecedor tomou a sala, olhava para qualquer lugar que não fosse o casal à sua frente, só queria que aquele pesadelo acabasse.

— Bom, vamos logo ao que interessa. — jogou-se na cadeira, aguardando as palavras do advogado que ele apenas esperava a hora de ignorá-las e mandá-lo para casa com o rabinho entre as pernas.

— Minha cliente quer finalizar o contrato devido a uma cláusula que foi quebrada pelo senhor . — foi direto, causando um franzir de cenho dos Uchihas, que se entreolharam. pegou o contrato, folheou até a página que queria, circulou com sua caneta e colocou virado para os demais.

— Eu nunca quebrei nenhuma cláusula, isso é um absurdo. — se inclinou e pegou o papel para ler as letras miúdas.

— Minha cliente teve que ir até a joalheria pegar um presente, que o senhor mesmo passou endereço e horário que ela deveria ir até o local, deixando seu nome exposto, para quem quisesse, causando assim a quebra da cláusula 5.3 da página 4: presentes deverão ser entregues em visitas privadas para que haja a preservação da identidade de ambas as partes. — olhou para o marido com os olhos arregalados, eles não esperavam por aquilo; realmente tinham quebrado algo tão insignificante?! Não era possível. — Minha cliente não quer o pagamento da multa, apenas a rescisão do contrato em comum acordo.

— Engraçado, pois ela também quebrou uma cláusula. — sorriu, arrogante. — Envolveu-se com outro que não eram nós dois.

— Sim, segundo a cláusula 6.3 da página 3, podemos ver que uma das obrigações da contratada era não se envolver com nenhum outro membro da família. — Danzou circulou a cláusula no lugar pertinente e colocou a folha em cima da mesa.

— Além de ter contado para que nós somos os sugars.

— Eu não contei nada! — falou em um tom elevado, sendo silenciosamente repreendida pelo olhar de , fazendo-a respirar e se acalmar para continuar: — E eu não sabia que era um .

— E como você vai provar isso, querida? — comentou como quem comenta que o dia está lindo. — Você pode ter se juntado a ele para arrancar mais dinheiro nosso.

— Claro, veja bem, bae. — sentiu um gosto amargo pelo apelido usado. — Nós somos pessoas influentes, conhecidas e muito ricas — falava de forma soberba, fazendo se sentir diminuída a cada palavra proferida. — Quem garante que não entrou em um acordo com o nosso filho, que nos abandonou anos atrás, para se aproveitar de nós?

— Eu não sou tão baixa quanto vocês. — A tencionou seus músculos, estava com ódio deles, era tudo que sentia naquele momento.

— Estão acusando a minha cliente, sem provas, de que ela planejou um golpe, junto ao seu filho, para roubar vocês? — interferiu na discussão de maneira calma e serena.

— Não posso colocar a mão no fogo pelo caráter de ninguém — a se pronunciou —, mas foi apenas uma suposição. — Tentou se corrigir, sabendo a ameaça que tinha nas entrelinhas da fala do . — Já que ambos cometemos falhas e você não poderá provar o que está dizendo, até porque meu filho fugiu mais uma vez. Não me surpreende, isso é tudo que ele sabe fazer. — Revirou os olhos. — Não terá como ele ser sua testemunha ou coisa parecida… — Sacudiu a mão como se nada daquilo fosse relevante.

— Aí é que se engana, mãe.

? — arregalou os olhos, seguido de , que também ficou surpresa.

olhou para a porta e sentiu seu coração disparar, não acreditava que ele estava ali; como?! Como ele sabia que a reunião era naquela hora e naquele lugar? tinha falado com ele?! Eram muitas perguntas a serem respondidas, mas só queria abraçá-lo, contudo, não queria fazer uma cena. Ficou pacientemente sentada, aguardando, quando viu um homem mais velho cruzar a porta e o semblante de mudar completamente, assim como fez com que se levantasse de sua cadeira, tomando uma pose que nunca viu no .

— Madara! O que faz aqui?

— Mantendo meu negócio longe de escândalos. — Deu uma longa volta na mesa e sentou-se ao lado do . — Madara . — Apertou a mão de e cumprimentou , que mantinha os olhos verdes no moreno, que estava em pé, ainda próximo da porta.

… — A modelo disse baixinho.

— Nada aqui é seu, pegue este larápio e suma da minha frente. — elevou a voz, nervoso por ver Madara tão seguro em sua mesa. — Não se meta em meus negócios.

— Bom falar sobre seus negócios, irmão. — O moreno alto sorriu largo, ajeitando-se na cadeira e desabotoando seu paletó. — É sobre esses que eu estava conversando na outra sala com os acionistas votantes.

— O quê?! — não acreditaria em uma só palavra do cunhado. — Não podem convocar uma reunião com os acionistas sem nossa presença!

— Vejo que contratos, mesmo que muitos, não têm sua devida atenção, . — O pediu mudo a que se aproximasse e pegou os papéis. — Eu revi o mais importante deles e descobri que, sob perigo iminente que possa desvalorizar a empresa, nós acionistas podemos convocar com urgência uma reunião. Eu nunca concordei com essas suas cláusulas, , mas confesso que valeu a pena para evitar possíveis escândalos, genial.

— Você não pode levar nossa intimidade para o conselho… — A temeu ter o trabalho de toda uma vida desperdiçado pelo capricho do cunhado.

— Eu ainda não levei, e realmente não posso.

— Mas eu posso. — sorriu tão arrogante quanto o próprio pai. — Faço parte da sujeira que vocês enfiaram e meu tio está disposto a pagar pela quebra e, sabem… ninguém tem mais dinheiro que um .

— Levarão nossos negócios para o lixo por conta de uma garotinha qualquer? — Desta vez não seguraria o ódio crescente que sentia. bateu ambas as mãos na mesa e gritou para os idiotas do outro lado que faziam parte de sua família. — Porra, de que lado estão?

— Do certo, mãe. — quis estapear o pai e a mãe, lembrando de cada motivo que o fez sumir e que o faria mais uma vez apenas por estar perto daqueles dois. — não é uma qualquer por não obedecê-los. Eu, , ela e quem mais eu amar, por mim, passarão a vida o mais longe possível de vocês.

— Vocês acham que vem com um plano desses e que vão conseguir o que querem? — cruzou os braços e levantou o queixo de maneira arrogante. — Madara tome vergonha na sua cara e faça mais filhos se o seu não é o suficiente. Pare de colocar ideias na cabeça fraca dos meus.

, não faça isso… — Madara advertiu.

— Pai, entenda de uma vez que há pessoas que seu dinheiro sujo não poderá comprar.

— Todo mundo tem um preço, garoto, só é novo demais para entender. — levantou-se pronto para encerrar aquele circo, moveu apenas a cadeira para trás quando a voz do mais novo foi ouvida.

— Tenho toda a vida para provar dia após dia que o senhor está errado.

— Não ligue, pois não quero notícias.

— Onde pensa que vai? — Madara se levantou junto ao irmão.

— Para minha sala, onde mais?!

— Sugiro que pegue de uma vez suas coisas e sumam. Eu sou o presidente a partir do momento que entrei nesta sala e acabei com sua reunião secreta. — O mais velho se aproximou a passos largos do casal e olhou o irmão de cima. — Receberá uma gorda parte dos lucros mensais, para mim, bem mais do que deveria e ficará o mais distante possível de , e tudo que tem a ver com eles, incluindo a garota . — Apertou os olhos escuros, aproximando o rosto ao de . — Estamos entendidos?

— Não pode ser assim, Madara! — O olhou para o advogado, que nada falava, estava preso a um inferno e ninguém poderia salvá-lo?!

— Ah, e não conte com falhas, não sou você. — Pressionou o dedo no peito do irmão antes de vê-lo sair dali.

lembrou-se de respirar profundamente quando o casal derrotado saiu da sala junto ao velho advogado. Sorriu para o moreno ao seu lado sem deixar que escapasse de seus olhos. — Conseguimos… — A modelo disse baixo, já sentia uma imensa vontade de chorar, mas notou que o se despedia do tio. Rapidamente deixou o abraço do e pediu licença a Madara, passando por ele na saída. — !

Ele se virou olhando em seus olhos pela primeira vez naquele dia.

— Precisa de algo?

— De você… — Não suportou mais, suas lágrimas caíram com força ao ver que o moreno, mesmo estranho, estava bem e sem nenhum arranhão. — Onde estava, eu fiquei tão preocupada…

— Eu estou bem, e você vai ficar, agora que está longe de tudo isso. — Virou-se para dar continuidade ao caminho, porém seu braço foi agarrado pela .

— Converse comigo…

— Não é fácil, . — não ousou olhar nos belos olhos verdes outra vez. Cederia ao ver o sofrimento estampado na face feminina.

— Eu sei, mas eu não fiz de propósito.

— Entendo, nenhum de nós fez, .

… — Um puxão tirou o aperto que seus dedos faziam na roupa do , que deu largos passos até o perder de vista. O choro que lutou para segurar tinha vencido a batalha e as lágrimas deixavam seus olhos sem parar. Sentiu uma mão em seu ombro, fazendo-a olhar para trás e ver Madara.

— Dê tempo ao tempo, garota .


[...]


mantinha o abraço apertado ao moreno, que prestava atenção em algumas coisas em seu telefone. Levantou-se do lugar ao lado do e sentou-se de lado em seu colo, como uma gatinha manhosa sedenta por atenção.

— Esqueceu de mim? — Passou os braços pelo pescoço cheiroso, beijando o mesmo desde a base até a orelha.

— O que é, amor, está ansiosa? — Deixou o telefone de lado e circulou a cintura da loira e retribuiu o carinho. — Quer relaxar…

— 'Uhm, seria uma ótima idéia… — Tomou os lábios do moreno com pressa, sentindo que a vontade não era apenas sua.

— Meu Deus, controlem-se! — sentou ao lado do casal, capturando o controle remoto. Com um balde cheio de pipoca a procurava algo para distrair sua mente da tensão que era a situação de .

— Vão para o quarto! — tentou puxar uma das almofadas, que estavam embaixo do casal, desistindo em seguida, sentando entre as pernas da namorada.

— Eu queria mesmo isso. — Apertou a coxa da , deixando uma parte avermelhada. — Mas estou preocupado com a cunhadinha.

Toda a sala ficou em um silêncio mortal, todos pensavam exatamente onde os amigos estavam e quando voltariam com notícias; , , e pediam aos céus para que fossem boas. A porta abriu instantes depois, interrompendo a calma do lugar, e por ela uma chorosa e um sorridente passaram.

— O que houve? — engoliu seco, decidindo que o suspense teria fim.

— Nós vencemos. — deixou a mão esquerda sobre o ombro da , que confirmou, muda.

— E por que está triste, ? — levantou-se do colo do namorado apressada, abraçando a .

— Ele estava lá…

— Céus! — Com um pulo, juntou-se às amigas.

— E não quis falar comigo.


Primeiro mês . - fevereiro


— Madara disse que sabe onde meu irmão está e que ele ainda precisa de tempo — concluiu ao organizar mais uma caixa e passar uma fita sobre ela.

pegou uma caneta grande e pintou a lateral com o nome do conteúdo.

— Pronto, e é isso? — Tampou o piloto preto e sorriu para o moreno, agarrada a sua cintura com um pulo. — Está mesmo pronto?

— Eu estou e espero que não se arrependa.

— Tenho fé que não fará nada para me irritar. — Desceu do colo do namorado após um beijo e sorriu ao notar o trabalho feito. — Tem certeza que não quer voltar para onde morava?

— Meu tio e primo estão aqui e pretendem ficar, não há motivos para voltar a Avignon

— Muito obrigada por citar a parte que me toca, . Sinto que fiz a escolha certa. — Fechou a cara e estampou uma expressão emburrada no rosto bonito, sendo logo abraçada pelo moreno.

— Lógico que minha garota é o principal motivo para a mudança permanente. — Beijou os lábios de de forma lenta e apaixonada, terminando com alguns selinhos pelo rosto. — Eu trarei a empresa para cá e tudo vai ficar bem, acredite.

— Disso eu tenho dúvidas, amor — suspirou, olhando ao redor, notando cada caixa com as coisas do cunhado e percebia mais a cada dia que talvez não voltaria. — Ele passou o contrato do apartamento para o seu nome do nada, Madara veio, te deu e pronto, estamos resolvidos?

— Não foi bem assim, meu tio explicou o que aconteceu e o motivo de continuar longe, onde quer que esteja. — Selou mais uma vez os lábios aos da . — Essa é a parte boa, mesmo que ele ainda não esteja pronto, pensou em nós e em .

— Em ?

— Sim. — Deu a volta em algumas caixas e foi em direção a mesa, procurando um envelope pardo. — Aqui. — Ergueu o papel, voltando todo o caminho até chegar em . — Olha.

A loira abriu o envelope vendo uma foto da amiga com o , estavam sorridentes no parque que ficava perto do apartamento da . Virou a foto, notando a data do aniversário da amiga e uma pequena frase no canto.

Nosso acervo?

— Deve ser algo que apenas eles entenderiam. — Deu de ombros, guardando a foto mais uma vez no envelope. — Eu fui incumbido de entregar à cunhadinha no aniversário dela e assim farei.

disse isso?

— Meu tio garantiu que ainda tem dúvidas sobre a . — Deixou o presente de em uma das caixas perto de si e abarcou a loira. — Temos que confiar que o amor deles é mais forte que toda essa história.

— Bom, eu espero que seja, está pensando em largar a agência e não sabe o que fazer daqui para frente. — Fechou os olhos azuis, tentando imaginar por um segundo perder da mesma forma que a amiga perdeu o . — Sem você eu não aguentaria metade do que ela está suportando.

— Eu nunca vou abandoná-la. — Beijou os lábios da , jogando-a no sofá confortável e deitando em seguida seu corpo por cima.

— Eu sei que não — sorriu ao acariciar os fios negros do —, é louco por mim…


[...]


— A vai se mudar? — acenou muda em resposta. — Que vagabunda!

, não a culpe.

— Claro que culpo, aquela cadela está lá bem quenga com o namorado dela e vai deixá-la sozinha?

— Ei, também não é assim! Não fui diagnosticada com nada e estou frequentando um terapeuta como vocês indicaram. — Tomou o chá de ervas que agora ajudava a acalmar seus nervos e sentiu vontade de jogar na morena que ainda reclamava. — Cala a boca, .

— Credo, que azeda. — Levantou-se, indo até a cozinha para buscar algo gostoso para comer.

— Quando volta?

— Antes do seu aniversário. Estou estudando a proposta de uma cidade vizinha. — Sorriu, voltando ao lugar ao lado da . — me levará de carro todos os dias para a agência e me buscará, não é o sonho?

— É, tudo…

— Ah, desculpe, amiga…

— O quê?! Eu estou feliz por vocês, acredite. Ninguém merece mais a felicidade que meu irmão, só tenho pena de você que não escolheu grande coisa para casar.

— Não vamos casar, vamos morar juntos.

— Minha mãe mandou foto do enxoval, aceite, para a senhorita é Uzumaki.

Pegou o controle, mudando de canal enquanto a amiga tagarelava sobre seus planos. Achava incrível o quanto tudo mudou em poucas semanas; estava muito contente por cada novo caminho que se abria para suas amigas, mas infelizmente ficaria sozinha pela primeira vez. Sua vida havia sido cheia desde o início, com como irmão, os amigos da antiga cidade que sempre visitavam os irmãos em casa, mudando-se para Paris e finalmente encontrando e , as amigas que têm o prazer de chamar de irmãs de alma.

Recém chegadas de outra cidade do interior com suas histórias enlaçadas, uniram-se a sua, como se tudo fizesse sentido exatamente onde estava. veio com sua prima a uma festa e nunca mais parou, com , que havia conhecido a em uma campanha de joias confeccionadas pela nova prodígio do design de lindas peças de diamante da Europa.

Seu mundo era o mesmo de sempre e era feliz daquela forma ou apenas achava. não imaginava que aquilo mudaria ao conhecer uma pessoa, um único ser que trouxe mais pessoas para seu círculo de confiança e tornou-se indispensável em pouco tempo. Tirou a de sua zona de conforto e a obrigou a confrontar sua verdadeira realidade. Era uma trama fadada a arruinar sua vida, porém os envolvidos não sabiam o que também poderia estar em jogo. Tinha certeza que não era apenas o seu coração que sentia falta, sabia que não era a única a ter pesadelos e ao acordar sentir a falta de alguém ao seu lado.

Contava com a certeza mais absoluta do mundo que , mesmo envolto a trabalho, onde quer que estivesse, perdia no mínimo uma hora de seu dia pensando o mesmo que ela. Como foi seu dia, se ele se alimentou bem, se há alguém que ouça sua dor quando essa torna-se insuportável. Ele precisava de apoio, pois passou por algo inimaginável e às vezes se pegava pensando no que faria se ele aparecesse ali ou mandasse uma mensagem. não saberia por onde começar e se não fosse ela a fazer, como responderia às suas perguntas. Como seriam? Grosseiras e diretas, ou calmas e entre palavras rebuscadas para não externar o absurdo?

Negou, sentindo a necessidade de voltar ao mudo real, esse onde se escondia em planos com as amigas, notando que mesmo nunca tendo cogitado algo como o que o irmão, , e experimentavam naquele instante, gostava de sonhar junto aos bobos apaixonados.

— E sobre o chá, já pensou na ideia de fazer os três juntos? — sorriu ao ver que a pergunta desorganizou o pensamento da amiga.

— Meu Deus, isso é brilhante! Eu vou perguntar a e qual seria o dia perfeito! — abriu o aplicativo de mensagens, nervosa, contando de uma vez em um longo áudio a ideia da .


[...]

Segundo mês - março, niver dela



— Céus, isso está uma bagunça! — Tentou organizar a mesa da sala enquanto a namorada enfeitava o bolo.

, por favor. — Apontou o bolo redondo rosa, enfeitado com algumas velas por cima e a loira foi até ela, buscando o mesmo e o colocando no meio dos pratos organizados. — arrumou tudo enquanto a a levou até a esquina para um café, não temos tempo, amor! — Correu até a Sabaku, beijando os lábios doces dela e cruzou o corredor com pequenos pulinhos. — , vamos! Estamos prontas.

— Já vou!

— Ela entra nesse quarto com o e não sai mais. — A Sabaku negou, indo até a namorada e trazendo-a de volta a sala. — É espaçosa mesmo não morando mais aqui. — Colocou o chapéu pontudo de papel colorido entre os coques da e sorriu, beijando o nariz da morena. — Vai contar para elas hoje?

— Acho que sim, mas ainda temos tempo, não é? — O confirmar mudo de foi seguido de um beijo calmo, estavam em um clima gostoso quando a loira apareceu para atrapalhar.

— Esta é a pressa de vocês? — Tomou os chapéus da mão da loira e colocou um no e um em si mesma. — Quero fotos de você assim, lindo…

— Credo!

se levantou, apagando a luz e, ao ouvir passos no corredor, pediu silêncio. A porta não estava trancada, então entraria facilmente com o irmão e com a cunhada.

— Surpresa!

— Porra, que susto! — entrou no local com a mão no peito e puxou o namorado assustado.

— Tem que organizar melhor isso, gente — cumprimentou os amigos da namorada e foi à cozinha pegar uma bebida.

— Eu esqueci que tinha a para chegar. — riu da cara azeda da ruiva.

— Casou e foi esquecida, … — O dedo do meio da Uzumaki fez gargalhar alto demais, assustando os recém chegados.

— Que merda, eu disse que não queria nada! — entrou pela porta escancarada pela prima minutos antes e deixou sobre a mesa os bolinhos que havia trazido consigo. — Vocês não têm vida não?

— Não, e de nada, vaca! — foi até a prima, desejando um feliz aniversário mesmo arrependida da tal festa.

— Cadela, seja agradecida! — também desejou felicidades a .

— Nós tentamos fazer uma surpresa, perdão. — sorriu para a amiga, dando um forte abraço em , que resmungava algo para .

— Nem foi uma surpresa. Eu cheguei e tinha comida, bebida e gente que eu não convidei, isso acontece por aqui desde sempre.

— Além disso, quase mataram a . — sorriu após desejar felicidades a .

— E você? — abriu os braços para receber o . — Não vai me abraçar nem me desejar feliz aniversário?

— Vou sim, mas quero deixar isso para o final da festa.

não entendeu muito bem a fala do moreno, porém deu de ombros, mesmo estando ansiosa para saber. Sentou-se à mesa, recebendo mais votos de felicidade e um ano muito melhor que o anterior, mesmo que a duvidasse que isso poderia acontecer. Beberam alguns shots e o álcool a fazia se sentir quase normal, ao menos anestesiada da dor constante de procurar pelo caminho de volta ao apartamento pelo rosto de seu ex-namorado. Era incrível quantas vezes o destino quis uni-los e agora parecia ser completamente contra um encontro tão necessário.

Era obra do universo fazê-la amar , pensar nele a todo instante e sentir o que sentiu ao seu lado apenas para arrancá-lo de seu coração?! Considerava-se tão sortuda por uma vida longe de complicações e problemas amorosos e, quando cai em um, é justamente o impossível? Negou, muda ao virar mais uma dose de tequila, rindo junto aos amigos e tentando fazer novas memórias para ao menos dispensar as que viriam quando estivesse sozinha naquele apartamento outra vez. Por hora, ia sorrir verdadeiramente, brincar e guardar cada novo momento com fotos e lembranças que apenas eles proporcionavam. Um breve momento antes que o silêncio e o amargor da ausência de fizessem companhia.

Muitas risadas, rodadas e conversas mais tarde e os casais já iam se despedindo, apenas e continuavam conversando com a rosada no sofá.

— Acho que vou dormir aqui hoje com você, se importa? — Perguntou .

— Não faça isso, a e o tampinha estão do outro lado do corredor, não se preocupe.

— Você pode pensar isso agora… — Olhou para o , que acenou e foi até o corredor, voltando poucos minutos depois. — Temos algo para te dar.

— Eu não quero presentes…

— Este veio de longe. — estendeu o envelope em frente a ela.

Ao entender as palavras de , arregalou seus olhos verdes não acreditando na possibilidade. Ele havia sumido, não dava notícias e muito menos queria saber de si, como alguém que desapareceu lembrou de seu aniversário? Observou o envelope oferecido pelo e seu coração parou no instante que viu o moreno acenar, a incentivando a pegar.

— Eu…

— Abra, amiga.

Seus olhos estavam embaçados pelo choro e tentando dispersar as lágrimas inconvenientes, mais uma vez olhou o casal a sua frente. mantinha certa distância do moreno, parecia pronta para agir caso caísse desmaiada. tinha os olhos escuros presos a cada reação da , será que ele contaria a sobre como ela recebeu o envelope?

Decidiu não esperar mais, abriu o pequeno fecho metálico na parte de cima e desdobrou a aba que mantinha o que quer que fosse seguro lá dentro. Sorriu ao pôr sua mão dentro e sentir o que parecia ser uma folha de tamanho comum, pensou ser uma carta, porém era algo mais real e colorido. Sorriu, sentindo todo o amor transmitido por aquela imagem, os dois juntos no parque perto dali, quando tudo era menos complicado e a distância entre eles não existia. Seus rostos colados, os narizes vermelhos na ponta pelo frio e o sorriso largo estampado em duas faces bobas e apaixonadas.

— Leia atrás. — Ela sorriu mais ainda quando leu a frase.

— Nosso acervo… — Ele tinha mais como aquelas. Muitas de quando estavam no quarto em seu apartamento e no do . Na cama, no sofá ou no momento que ambos estavam fazendo o jantar. até tirou algumas fotos de , que odiava estar diante das câmeras, mesmo sendo incrivelmente lindo.

— Faz sentido para você? — perguntou preocupado, queria saber o que o irmão quis dizer com aquilo.

— Sim, nós usamos a câmera dele para tirar fotos do cotidiano e começamos a nos empenhar em criar memórias nossas, quando ele disse algo parecido. — Limpou o rosto rapidamente, sorrindo feito uma idiota, pois os dois a sua frente pareciam não entender nada. — Sei que ele está pensando em nós e tudo que vivemos. Mesmo que eu não volte a vê-lo, tenho certeza que não vamos esquecer um ao outro.





Terceiro mês


— Ei, vamos? — Olhou para a garota nervosa ao seu lado e sorriu ao apertar sua mão, tentando passar o mínimo de confiança possível. — Não precisa se preocupar assim, é só minha irmã…

— Eu sei, mas acho recente me apresentar assim do nada. — Tirou o cinto de segurança, deixando-o escapar por sua mão trêmula.

— Não é do nada, estamos saindo há dois meses.

— É cedo, ! — Colocou o cinto mais uma vez em seu corpo, pronta para voltar para sua casa.

já está no restaurante com , vai ver que eles são pessoas ótimas, como já falei muitas vezes… — O sorriu para a garota e se aproximou deixando um beijo rápido em seus lábios. — Não confia em mim?

— Ah, isso foi golpe baixo, … — Soltou-se outra vez do aperto e desceu do carro em um rompante. Esperou que o moreno a acompanhasse e, quando ele deu a volta no veículo, segurou sua mão de forma protetora. — Disse que ela é fofa, porém nervosa às vezes…

Mordeu o lábio, angustiada a cada passo que dava em direção ao lugar. Aquele domingo não parecia diferente de tantos outros, porém, conhecer alguém da família do homem que está transando faz parecer que se tiver aprovação dará mais um passo no relacionamento.

— Ela costuma brigar comigo e com o , por enquanto está segura. — O moreno tomou a frente, abrindo a porta para a garota. — E se ameaçar algo, prometo que vou brigar com ela.

— Não faça isso — sussurrou ao dar início a caminhada até a mesa. — Não quero ser motivo de briga entre vocês. — Parou ao ouvir uma voz doce atrás de si.

— Então nos daremos muito bem, afinal. — voltava do banheiro quando encontrou o casal. — Vamos para a mesa? — A seguiu, tomando a frente deles e, em poucos minutos, estavam junto ao . — Pakura, sou e este é meu namorado, .

— Você é muito linda… — Pakura não acreditava na benção da genética da família. Tomaram os lugares vagos à frente do casal.

— Sei que sou mais bonita que meu irmão. — Sorriu meiga para a cunhada. — Então, me conte sobre você.

— Ah, eu sou advogada. — Deu de ombros, como se não fosse grande coisa.

, ela me ajudou com o caso da . O livro e as ideias foram de Pakura, ela era a especialista que eu procurava.

— Que fofo, vocês são gênios.

O garçom apareceu com os menus e todos fizeram seus pedidos.

— E quando começaram a sair? — teve a aprovação da morena ao fazer a pergunta.

— Eu fui entregar o livro que usei no caso…

— Meu cunhado é um garanhão! — O falou um pouco mais alto, fazendo algumas pessoas ao redor rirem da empolgação.

— Não, fui eu quem o chamou para jantar.

— Tomou a iniciativa? — perguntou curiosa e Pakura achou que seria alvejada com críticas da garota fofa que parecia uma princesa. — Meu Deus, , e , vão adorá-la!

— Quem?

— Ah, nossas amigas, uma delas é a dona do caso que mencionou. — Pegou o próprio telefone, mostrando uma foto do grupo: — Minha irmã tem cabelos rosa, é a loira, melhor amiga de infância da , e é a ruiva com cara de má, e acredite cunhada, ela é!

— Não precisa chamá-la de cunhada, . — estava nervoso como nunca. Antes do almoço já haviam bombardeado Pakura com fotos e apelidos. Os dois à sua frente mostravam vídeos do grupo e a garota ria, confirmando.

— Não tem problema, . — Sorriu para o moreno, muito mais calma do que quando chegou.

— Isso aí maninho, relaxa…

Os pedidos chegaram e continuava alheio às conversas do casal animado e da garota que se soltava mais a cada instante na companhia da irmã e do cunhado. O almoço foi calmo e, apesar da gritaria constante de , e Pakura conversaram sobre muitos assuntos e trocaram telefone prometendo manter contato. O respirou aliviado ao se despedirem e notar que tudo tinha corrido da melhor forma possível. Entraram no carro duas horas depois de chegar ao restaurante e ao afivelar o cinto, esticou-se para beijar a garota que colocou uma mão na frente de sua boca, empurrando-o delicadamente de volta ao lugar.

— Achei que estava tudo bem.

— E está, só me diga quem é sua ex na foto. — Os braços se cruzaram sobre os seios e o moreno pensou em mil formas de sair daquela situação. Mentir seria o que o velho usaria, mas havia prometido para si que mudaria, então resolveu falar a verdade:

. — Pakura franziu o cenho. — A loira de cabelos longos ao lado de um moreno alto.

— Ah… — Virou-se para frente, esperando que o desse a partida.

— Não vai falar nada?

— Ela tem bom gosto. — Sorriu largo ao ver a careta de . — Ei, estou falando de você, porém aquele moreno… — pegou sua nuca com certa pressa beijando seus lábios. — Calma.

— O que achou de ? — Deu a partida e seguiu calmamente pelas ruas.

— Ela é ótima, parece que vou me dar bem com todas, segundo ela. — Sorriu, capturando a mão do moreno.

— Na verdade, só precisava da aprovação da .

— Ah, e se eu não passasse, arrumaria outra?

— Nada disso, só adiaria o pedido.

— Pedido? — O confirmou mudo, tirando do porta luvas uma caixinha cinza. — Isso é sério?

— Só se você aceitar. — Pakura sorriu largo, colocando o anel simples em seu dedo e beijou , que havia parado em um sinal.

— Coloque a sua. — Colocou no dedo do moreno, que a beijou outra vez. — Estamos namorando?

— Bom, você está usando o presente, mas não disse se aceita…

— É claro que eu aceito!


[...]


— Sogro! — Correu sorridente para abraçar o Sabaku, que sempre a recebia na porta principal da casa.

— Entre, , seus cunhados estão nervosos e querem conversar sério com vocês duas. — Deixou que a nora passasse e sorriu, recebendo a filha. — Quando vai largar essa porcaria? — Falou olhando para os capacetes que carregava. Entraram na sala e assistiram os dois Sabakus receberem a morena. — É velha, tem namorada, pare com essa besteira de ser rebelde.

— Eu amava essa série! — disse animada, arrancando risadas dos dois irmãos. — O que é?

— Gostar de Rebelde é coisa de garotinha, ! — Kankuro e Gaara falaram juntos, apertando os coques da cunhada para perturbar.

— Deixem a menina em paz!

, tenha calma, seus irmãos não crescem, não sabe disso?

— Também não precisa ofender, pai! — Gaara sentou ao lado da irmã no sofá menor. — , quando pretendem se mudar?

— Bom, ainda estamos vendo os detalhes, mas até o fim do ano, não é ?

— Sim. — Sorriu sem jeito para o sogro e os cunhados, que estavam curiosos demais com o assunto. — Não falamos com as garotas ainda, apenas com a família.

— E fico feliz por isso, sei que têm uma amizade forte com o grupo de vocês, porém decisões importantes e grandes mudanças são feitas em família e saiba que longe ou perto, vocês tem a nós.

— Isso foi fofo, sogro. — apertou Raasa em um abraço de lado, que deixou os três filhos assustados com a possível reação do velho cheio de limites, porém o Sabaku apenas retribuiu com batidinhas fracas no braço da morena, sorrindo. — Espero que nos visite bastante.

— Sempre que puder, querida. Vocês já têm apartamento? Posso ajudar com alguns contatos, se precisarem.

— Está vendo? Com ela é assim, mas deixa eu pedir um favor, vou ouvir três dias inteiros — Kankuro externou.

— Lembra do seu último pedido? Você queria um apartamento, garoto, mal lava suas cuecas e se acha dono desse nariz. — revirou os olhos.

— Viu? — Jogou as mãos para o ar, indo a passos firmes de volta à cozinha.

— Pai, obrigada, mas a empresa que vai contratar a pagou um valor pelo aluguel do lugar que escolhemos.

— Mas devem pensar bem, não tenham pressa para dar esse passo, meninas. — Sorriu pequeno, verdadeiramente feliz pela conquista de ambas. — Estou orgulhoso.

— Agora o Kankuro morre. — riu para Gaara, que entendeu.

— Ah, irmão… — o ruivo olhou para o irmão, que voltava com um pacote de salgadinhos —, agora o papai passou dos limites!


[...]

Quarto mês

abraçou os joelhos, vendo a chuva cair lá fora. e tinham ido para o interior naquela tarde. Naquele momento entendeu que agora seguiria sozinha, e graças a terapia, não achava ruim estar só. Fazia algum tempo em que pensava sobre sua carreira de modelo, sentia-se estagnada e quando Tsunade ligou para ela no dia anterior a chamando para uma reunião, achou que seria o momento perfeito para deixar a agência e focar em outra coisa. Mesmo que tivesse que voltar a morar com seus pais por um tempo, sentia que precisava se achar novamente.

No dia seguinte vestiu uma roupa elegante e saiu em direção a Stars Model. Foi recebida na sala de Tsunade pela secretária, que disse que a Senju já chegaria. sentia um nervosismo tomar conta do seu estômago, levantou da cadeira em que estava e deu alguns passos pela sala, poucas vezes tinha ido até ali. Nunca teve problemas com Tsunade, muito pelo contrário, a empresária a amava. Passou a mão pelo encosto da cadeira de couro, que sua chefe costumava sentar, e sentiu um arrepio correr pelo corpo. Como seria ser dona de tudo aquilo?!

Olhou através da grande janela de vidro, que dava vista para o rio Sena, e pensou que sentiria falta de tudo aquilo, da sua vida de modelo e da loucura que era Paris. Suspirou ao revisitar as lembranças de quando chegou na cidade e principalmente de quando foi aceita na agência.

! — Tsunade falou animada, fazendo com que ela se virasse. — Chegou cedo, minha flor. Bom dia! — A loira largou a bolsa na mesa enquanto a modelo retornava até a poltrona em que estava.

— Bom dia, Tsuna.

— Sente-se, precisamos conversar com urgência pois tenho uma viagem marcada para semana que vem.

— Aconteceu alguma coisa? — sentou, franzindo o cenho; preocupada.

— Aconteceu… — A Senju sentou e respirou fundo. — Preciso de um descanso… — virou a cabeça um pouco de lado, estava confusa. — Há muito tempo estou de olho em você, , vejo que tem potencial, confiança em si mesma, sempre ajudou os modelos novos quando chegavam na agência e até trouxe alguns rostinhos para mim.

— Não estou entendendo, Tsuna.

— Bom, quero que me substitua aqui, nesta exata mesa. — A abriu a boca, surpresa, e sentiu seu coração saltar dentro do peito. — Não fique me olhando dessa forma, , diga que aceita! Pelo amor de deus, não tem ninguém que eu confie mais do que em você para tocar a Stars Model.

— Eu… Eu… não sei o que dizer. — estava perdida, estava pensando em ir embora, mas aquilo tinha caído como uma luva. Sempre teve um ótimo relacionamento com a Senju, sabia que a mulher gostava mesmo dela como uma filha, já que nunca conseguiu ter nenhum.

— Aceite, oras. É uma grande promoção e eu vou poder curtir meu marido pelos anos que virão. Além de descansar esse corpinho que já trabalhou demais…

— Eu posso pensar?

— Estou ofendida, . — A loira forçou um bico. — Mas claro, minha flor, pode pensar. Tem até amanhã…

— Tsuna! — Ela gargalhou fazendo cruzar os braços.

— Tem até domingo, . Preciso deixar tudo organizado antes de viajar e de preferência, você sentada nessa cadeira comandando esses jovens imprudentes.

— Te dou uma resposta antes disso.

— Perfeito! — A Senju levantou. — Agora, preciso ir trabalhar. — Ela organizava alguns papéis em cima da mesa, em seguida pegou o tablet e foi caminhando até a porta. — Não esqueça que tem uma campanha amanhã, será que vai ser sua última? — Virou e piscou para a modelo, que ficou sozinha na sala.

olhou tudo aquilo e molhou os lábios com a língua, sua boca tinha ficado seca com todas aquelas informações repentinas, precisava conversar com…

! — Abraçou a amiga assim que ela abriu a porta. — Você não vai acreditar no que aconteceu, simplesmente a Tsunade…

— Ei, calma… devagar, eu acabei de acordar… café primeiro. — Foi andando até a cozinha, seguida da .

— Não dá pra esperar! A Tsunade quer que eu assuma a Stars Model!

— Bom dia, cunhada. — Acenou para sem desviar os olhos da , que seguia olhando para a amiga incrédula, segurando a xícara no ar. — Belo jeito de me cumprimentar. — O passou por trás de , que gritou e deu a volta no balcão abraçando , e as duas começaram a pular. — Céus, muito cedo pra vocês estarem desse jeito.

— A vai ser dona e proprietária da Stars Model! — gritou.

— Menos, , vamos com calma.

— Parabéns, , você merece. — serviu café para todos, colocando duas xícaras em frente às escandalosas. — Agora parem de gritar, está muito cedo.

— Boate?

— Boate!

— Liga pras garotas!


<Quinto mês, Junho


estava atrasada, ela realmente tinha se tornado aquela pessoa tão atarefada a ponto de não conseguir responder uma mísera mensagem de suas amigas. Sua sorte era que e ainda tinham a chave do apartamento das delícias, que agora o adjetivo poderia ser usado no singular, já que apenas a morava lá. Contudo, ela estava curtindo a nova fase de sua vida, estava bem acompanhada de si mesma e de suas amigas. Entrou pela porta apressada, vendo , , e arrumando a mesa do bolo.

— Eu já vi isso antes…

— Ainda bem que dessa vez vamos acertar a aniversariante — comentou.

— Assim eu espero, ano passado nenhuma surpresa deu certo! E nesse ano a .

— Não vou nem comentar o fracasso do aniversário de semana passada! — bufou.

— Até que foi engraçado. — riu.

— Claro, depois de todo o planejamento com o assistente do e tudo arrumado, ele ter ido embora da empresa e termos desejado surpresa por chamada de vídeo, foi super engraçado. — A cruzou os braços e torceu os lábios, e começou a rir, recebendo um cutucão de .

— Acho que chega de surpresas depois dessa, temos que aceitar que somos bem ruins nisso — suspirou.

— Vou tomar banho e trocar de roupa, em 10 minutos eu estou aqui. — Correu pelo corredor tentando equilibrar sua bolsa, tablet e pastas, e as garotas começaram a rir.

— Ela ‘tá atarefada, mas estou feliz. Eu vejo o quanto ela gosta do que ‘tá fazendo lá na agência. — sorriu.

— Parecia que só Tsunade sabia o que ela queria fazer da vida — disse .

— Às vezes a vida nos apresenta as oportunidades e a gente agarra se quiser, . — abraçou a namorada, que sorriu para ela e beijou seus lábios. — São escolhas que decidimos tomar ou não.

— Estão horrivelmente românticas hoje. — A fez careta. — Vou pegar o vinho. — A loira se foi para a cozinha.

— Quando vão contar para todas? — sussurrou.

— Não é por que você descobriu por acidente que tem que ficar nos pressionando. — a repreendeu com o olhar.

— Elas vão ficar arrasadas, vocês vão para o outro…

— Olha o que eu achei! — parou de falar quando a voltou. — Ainda temos Tequila.

— Claro, a fez um estoque. — apareceu na sala rindo. — Uma rodada por favor que o dia foi estressante.

— Sim, senhora empresária.

Elas riram e viraram as doses, que desceram amargas pela garganta; foi até a cozinha e pegou sal e limão para acompanhar, além de alguns salgadinhos. Logo chegaram e , que tinham ido buscar o bolo com a temática de laboratório do outro lado da cidade. e Pakura foram os últimos a chegar antes da Uzumaki, que desta vez bateu na porta, já que havia trancado quando passou. foi até a porta e olhou no olho mágico vendo a prima.

— Ninguém nunca trancou a porta, que novidade é essa? — gritou do corredor, fazendo todos rirem.

não sabia disso. — A olhou para trás e perguntou mudo se todos estavam prontos e recebeu várias cabeças balançando em modo afirmativo.

Ela abriu a porta e todos gritaram:

— Surpresa!

— Finalmente acertaram a aniversariante. — sorriu e abraçou , que foram logo abraçadas por todos os presentes ali. — Obrigada, gente.


[...]


Sexto mês

estava impaciente olhando para o mural em sua parede, onde organizava a temática de alguns ensaios que empresas deixavam para a agência organizar. Ela mordeu o lábio e trocou uma das fotos de balões coloridos por balões roxos, confirmando suas suspeitas de que daquela forma combinaria melhor.

— Senhorita , um cliente quer vê-la. — Sua secretária avisou.

— Não marquei nada para hoje, Izumi.

— Eu sei, mas ele disse que era urgente.

— Certo, mande-o entrar. — Caminhou até sua cadeira e sentou-se, arrumando sua mesa e aguardando o cliente misterioso. Ouviu o barulho da porta e levantou a cabeça. — Boa tar… Madara! — Levantou surpresa pela visita inesperada, não o via desde o fatídico dia em que conseguiu sua liberdade dos 's, quer dizer, nem todos, ainda insistia em chamá-la de cunhada, o que a irritava. E , que mesmo longe seguia em seus pensamentos todo santo dia e, claro, em seu porta retrato em cima de sua escrivaninha.

— Olá, garota . — O homem sorriu e ela ofereceu a poltrona para que sentasse. — Obrigado.

— A que devo a honra? — sentou novamente e sorriu, nunca pôde agradecê-lo devidamente por tê-la salvado das garras de e .

— Quero fazer uma campanha para a 's company. Daqui a dois meses é aniversário da empresa, pensei em algum vídeo promocional e preciso de modelos.

— Claro, posso mostrar o nosso catálogo. — levantou e foi até a estante, pegando três livros grandes, onde tinham os books de seus modelos. — Aqui está.

— Obrigado. — Madara pigarreou e olhou para a mais nova. — Você está bem?

— Sim, estou. E você? — Acenou positivamente.

— Sabe sobre o que estou perguntando. — A mordeu o lábio e olhou para o lado. — Não se sinta pressionada em me dizer nada, mas saiba que ele não está tão diferente de você. — Ela o mirou com esperança em seus olhos. — Como eu disse a você, dê tempo ao tempo, as coisas acontecem nos momentos certos, garota . — O homem sorriu de canto e começou a folhear os livros.

Ela respirou fundo e sorriu, pegou o telefone e ligou para recepção.

— Izumi, traga duas xícaras de café, sim?

— Não esqueça que tem um almoço marcado com suas amigas daqui a 1 hora e meia.

— Não esquecerei, me avise 15 minutos antes do horário se eu ainda estiver em reunião.


[...]


— Vocês o quê?! — gritou no restaurante.

— Tenha calma, , as pessoas estão olhando. — segurou o braço da amiga.

— Sabem disso há meses e não queriam contar para suas melhores amigas?

— Nisso ela tem razão, . — deu de ombros enquanto bebia seu vinho.

— Não é como se estivéssemos escondendo… — A tentava apaziguar a notícia.

— A gente escondeu, .

— De que lado está, ? — olhou feio para . — Desculpem, meninas, nós não sabíamos como contar. Nós amamos vocês, mas é uma oportunidade única, fui convidada pela maior empresa de joias da Europa para ser designer deles.

— Que ótima… — fungou, limpando as lágrimas —, notícia, , estou muito feliz por vocês. — e levantaram, abraçando a loira em seguida.

— Estou achando você muito emotiva. — franziu o cenho.

— Realmente, faz algumas semanas que ela está assim — comentou.

— Por essas e outras que eu sou lésbica. — riu.

— O que quer dizer com isso? — A arregalou os olhos.

— Ah. Meu. Deus. — tapou a boca.

As garotas ficaram chocadas e, em um rompante, se levantou e disse que precisava ter a certeza. Pagaram a conta do restaurante com pressa, passaram em uma farmácia e compraram todos os tipos de testes possíveis e correram para o apartamento das delícias. As garotas esperavam com aflição sentadas na cama de , enquanto a estava trancada no banheiro.

— Anda logo, vagabunda! — apressou, sem paciência.

— Queria ver se fosse você a ter que mijar em três potes diferentes e em quatro tipos de bastão! — gritou e logo abriu a porta. — Cada um é um tempo diferente, eu estou confusa, alguém olha pra mim. — Ela se jogou na cama da e as outras foram correndo até o banheiro.

apareceu na porta segurando dois testes, exibia um sorriso enorme e riu antes de falar:

— Eu vou ser titia. — travou ao ouvir aquilo, tentava processar e, quando todas começaram a gritar animadas, ela finalmente acordou do seu choque e começou a chorar. Todas pularam em cima da loira para abraçá-la.

— Ei! Cuidado com meu sobrinho. — Empurrou as amigas.

— Meu deus, o que o vai pensar sobre isso?

— Só tem um jeito de descobrir… — balançou o teste no ar e sorriu.


[...]


— Por que pediu pra eu vir buscar você a pé?

— Eu gosto quando andamos juntos pela rua. — Agarrou o braço do e sorriu.

— Eu gosto de estar junto de você, não importa onde. — Deixou um selinho nos lábios da loira, que puxou ele para uma vitrine.

— Olha, preciso encomendar um bolo. — Largou a mão do namorado e foi em direção a porta.

— Agora?

chegou até a vendedora no balcão e mirou o moreno, tendo a certeza que ele estava longe o suficiente para ouvir a sua ideia mirabolante do momento. Esperava que ele ficasse feliz, se não o bolo teria outro propósito. Fez seu pedido da maneira que queria e a mulher lhe entregou a caixa embalada, ela pagou e os dois saíram de mãos dadas. ainda perguntava sem parar qual era a comemoração e se ele tinha esquecido de algo importante. No entanto, tudo que disse foi que estava com vontade de comer bolo de morango.

Entraram no apartamento e sentiu o nervosismo tomar conta de seu corpo, se a largasse sozinha com um filho na barriga seria o fim de sua vida. Iria querer matar um e arrumaria um problema ainda maior que o de com a família. Largou o bolo em cima da mesa e correu até a cozinha, pegou dois pratos e uma espátula para cortar a sobremesa. viu ela vindo com as coisas quando ainda tirava seu casaco e uniu as sobrancelhas.

— Está mesmo com vontade. — Ele riu e abraçou a loira por trás, beijando sua nuca. — Eu estou com vontade de você…

— Uma coisa de cada vez, … — Ele estranhou a frase dela, mas acatou o pedido mudo para que se sentasse. — Abra o bolo, por favor.

desfez o laço vermelho bonito e abriu a tampa da caixa devagar, fazendo os outros lados caírem em sequência. Seus olhos focaram nas letras e a seguinte frase: “Feliz aniversário atrasado, papai.”

… — ele a olhou, piscando algumas vezes —, isso é algum tipo de trocadilho?

Ela começou a sorrir e a chorar ao mesmo tempo, enfiou a mão na bolsa e tirou quatro testes de gravidez, colocando-os em cima da mesa. entreabriu a boca, surpreso e começou a rir de tanta felicidade. Ele levantou e a pegou no colo, abraçando-a forte; sentia a felicidade transbordar em seu peito.

— Vamos ser pais, . — Recebeu um beijo e depois dele vieram vários outros em todo o seu rosto.

— Obrigado pelo melhor presente que eu poderia ganhar. — Colocou a mão da barriga da loira e sorriu, unindo suas testas e fechando os olhos antes de unir mais uma vez os lábios dele aos dela.



[...]

Sétimo mês

— Izumi, por favor, peça a lista de mais uma vez e tente fazer aquela louca concordar com algo. — Descansou o corpo na grande cadeira confortável e conferiu a agenda da semana. — Tenho duas reuniões na quarta, não podia colocar uma delas outro dia?

— Infelizmente não, senhorita, são dois novos clientes que só têm esta data disponível na cidade.

— Ah, eu queria dar uma olhada em novos rostos, quinta tem um evento interessante no parque da cidade. — Bufou entendendo bem as reclamações da Senju, seus dias eram sempre esticados ao máximo para caber todas as suas tarefas.

— Hoje tem um jantar beneficente no museu…

— Terá que desmarcar, Izumi. — Rapidamente colocou os pertences espalhados pela mesa na bolsa e sorriu para o relógio na tela do computador. — Já tenho compromisso esta noite.

Deixou a sala apressada andando pelas ruas movimentadas quase correndo. Toda a rotina tinha mudado e reuniões e jantares com gente rica eram sua nova realidade, porém havia um dia na semana que poderia respirar aliviada por ser ela mesma, suas amigas e uma boa taça de vinho para relaxar. Passou rapidamente pelo mercado mais próximo, lembrando do suco de uva natural que não deixava a garota grávida sentir vontade de acompanhar o grupo. Até nisso havia mudança, , a primeira grávida do grupo, ensinava a todas como seria dali para frente.

entendeu com algum tempo que nem toda mudança era ruim, por mais que o sabor não tivesse sido dos melhores e amargou no início, parecia acontecer sem que nenhum mal fosse necessário. Apenas a evolução da vida, subir na carreira, mudar de cidade, de país, o número de habitantes em um apartamento… Tudo isso era uma boa consequência de uma vida bem vivida e ela tentava viver da melhor forma possível, mesmo sem entender boa parte.

Entrou pela porta principal do prédio e subiu os degraus da escada, não precisou da chave, pois a família que a vida escolheu para si já tinha posse do seu apartamento.

— Olha o que eu trouxe. — Ergueu as sacolas cheias de doce e bebidas e riu ao ver os rostos sorridentes de suas amigas.


Tampinha, por favor, peça a para me ligar urgente!


Digitou o mais rápido que pôde e quis chorar pelo pior dia em meses. Tudo estava dando errado! Não chegaram a um consenso sobre o bolo, duas grandes campanhas foram adiadas e uma adiantada, fazendo o movimento que sempre era caótico na agência, dobrar de tamanho. Pessoas que trabalharam nas campanhas remarcadas, e e Izumi ligando desesperadamente para as que trabalhavam na que foi adiantada, pois o cliente tinha pressa.

— Como se eu não tivesse o que fazer… — gemeu querendo puxar seus cabelos rosados; achou que nunca havia ficado tão estressada em toda sua vida, pelo menos não lembrava. — Alô! — gritou com a morena do outro lado da linha.

— Porra, calma. — pareceu comentar algo com e voltou sua atenção para a . — O que há e, o melhor, como posso servi-la?!

— Tente conversar com , ela quer revelação, mas isso demandaria outro orçamento e não tenho tempo para isso.

— É a madrinha, não posso fazer nada.

, por favor, supere o fato de não ter sido escolhida, mas se coloque no lugar de uma boa titia e me ajude com isso.

— Certo, vou ligar para e chegarei antes do fim de semana para ajudar você com tudo. — Aquilo sim era música para seus ouvidos cansados. — Todos vamos adiantar a ida, a sogrinha vai com na sexta, ok?

— Minha mãe vem?

— Sim, ela quer aproveitar a data para te visitar.

— Muita cara de pau de dona .

— Ela foi convidada! — Ralhou com a amiga.

— Por ?

— Bom, eu falei com ela, e isso é o importante…

— Ok, , não desapareça e me mantenha informada de todo progresso.

— Certo, amanhã mesmo pego o trem para Paris, não se preocupe.

Desligou sorrindo pela primeira vez naquele dia. A ajudaria com a loira chorosa e nervosa que ligava muitas vezes e pedia o impossível para uma mulher sem tempo. não sabia mais o que fazer para deixar a feliz e os hormônios pareciam ser seus inimigos pessoais, tirando-lhe a paciência; bons minutos de sua pausa e sua vontade de ter um sobrinho.

— Izumi, traga meu almoço, por favor?

— Já está a caminho.

— Desmarque todos os meus compromissos para a tarde, vou sair mais cedo.


[...]



— Enviei outra mensagem… — Limpou uma lágrima teimosa do rosto vermelho. não se segurava mais conforme os meses avançavam, além de sua barriga, sua vontade de chorar por tudo também aumentava.

— Insistir não parece uma boa ideia. — Pegou a mão gelada da loira e beijou. — Dê um tempo a ele, , disse que vem, basta confiar.

— Ele também disse que viria ao seu aniversário…

— Isso foi a três meses atrás, não pode guardar mágoa para sempre ou nosso bebê não vai gostar do tio.

— Que não goste então, aquele idiota não responde, não dá um sinal de vida, só manda uma mensagem por mês perguntando sobre a gravidez. Isso é coisa de tio que merece respeito? — Cruzou os braços e chorou outra vez, sendo amparada pelo .

— Temos mais quatro dias, pelo que conheço dele, deve estar em um hotel aqui perto esperando o grande momento.

— Se eu souber que ele fez isso, ele nunca vai conhecer esse bebê!

— Você prometeu que seríamos uma família… — Pegou o rosto levemente inchado pelo choro constante e beijou as bochechas e a ponta do nariz da loira.

— O bebê é uma nova chance para a família , mas não existe família para mim se e ele não puderem dividir o mesmo ambiente sem que tudo exploda. — Abraçou o namorado, colando o rosto ao peito do moreno. — Eu quero um chá perfeito… — Soluçava entre as frases, e o começava a duvidar de sua capacidade em acalmar a . — A não conseguiu mudar o bolo, amor, seu irmão é um chato que quer uma vida inteira pra se decidir, e tudo é um fracasso total!

, Madara está animado com nosso bebê, lembra?

— Ele disse que esse pode dar certo, animador… — Ao menos o choro havia cessado, comemorava.

— Acho que será o melhor de nós. — Colocou a franja loira para trás da orelha de . — Sabe porquê?

— Porque seus pais não vão conhecê-lo? — Fungou no final da frase, fazendo o moreno sorrir.

— Não, amor. — Beijou sua testa rapidamente e olhou nos lindos olhos azuis. — Porque será nosso bebê, não só um , mas parte sua… — Sorriu com o olhar fofo da garota em seus braços.

— Você é tão fofo, querido. — Limpou o rosto ao se afastar e olhou para o . — Isso ajudou bastante, já não quero matar seu irmão.

— Eu sei, estou ficando bom nisso.

— Espero que seja o suficiente para quando forem dois para você acalmar. — Sorriu do espanto do namorando e levantou-se mais animada. — O que temos de bom para comer, bebê?


[...]



As tardes frias do outono eram as mais agradáveis para a . andava calmamente até seu apartamento, pronta para dormir até a noite, contudo, não conteve o impulso de ir até o parque próximo ao prédio onde morava. Aquele lugar guardava ótimas lembranças que ela escolhia com cautela quando acessar.

Os portões gradeados ao estilo antigo estavam abertos, como sempre, para que os locais pudessem aproveitar. Guardou o telefone em seu bolso e caminhou até as partes, que na primavera eram floridas, suas preferidas, e sentou-se em um banco qualquer, evitando o lugar que mais trazia lembranças. Era difícil, principalmente naquele lugar, naquela época, quando o inverno era ainda mais triste porque se lembrava dele. Respirou fundo e pegou o celular, abriu a galeria e foi direto na pasta "nosso acervo".

Talvez fosse a hora de deletar aquilo, já tinha seguido em frente, sua vida estava ótima, fora a parte de ter medo de se relacionar novamente sempre a impedir de trocar mais do que alguns beijos por aí. Olhou uma última vez aquela foto, que já tinha ido para uma caixa qualquer em seu apartamento, mas a versão digital continuava em seu celular.

— Já passou da hora, … — disse para si mesma ao deslizar o dedo no celular.

— Alguém já disse que poderia ser modelo?

parou o que estava fazendo e engoliu em seco ao ouvir aquela voz familiar. Levantou a cabeça devagar, vendo os tênis de marca, a calça preta surrada, a câmera em sua mão, e logo viu os olhos negros a mirando de cima. Sua voz parecia ter sumido, não saía um sequer som e nem mesmo pensava em algo para dizer.

… — Foi tudo que conseguiu falar antes do moreno sentar ao seu lado, mantendo uma distância respeitosa. Ela bloqueou o celular e colocou no bolso do casaco novamente. Abaixou a cabeça e sorriu minimamente. — Já fui modelo, agora eu comando uma agência deles.

— Fiquei sabendo… Parabéns, . — Enfiou as mãos no bolso e olhou a mulher nos olhos. — Tem vaga para um fotógrafo meia boca?

— Pretende ficar? — Seu peito se encheu de esperança.

— Eu preciso ficar… — respirou fundo e olhou para o horizonte.

, me desculpe… Por tudo. Eu… — Sentiu lágrimas se formando em seus olhos e levou o dorso de sua mão para segurá-las. — Eu espero que tenha acreditado em mim, essa dúvida me assombrou todos os dias durante esses meses.

— Eu acreditei em você, mas mesmo assim eu precisei de tempo pra lidar com tudo isso. — O passou a mão pelos cabelos.

— Eu sei e entendo. Não… imagino o que você sentiu ou passou, queria estar ao seu lado nesse momento difícil, mas sabia que eu era a última pessoa que você gostaria de ver.

— Esse era o problema, … — Ele olhou para ela e sentiu seu coração palpitar. — Você era a última, mas também era a primeira. Isso me deixou em um loop de culpa, confusão e desespero. Eu não sabia o que fazer…

— Me perdoe.

— Eu não tenho por que perdoar você. Nós dois fomos vítimas dos meus… — fez uma careta — pais.

— Eu sei, mas por que me senti tão mal por todo esse tempo? Me senti culpada…

— Eu também, mas não podemos. Você estava em uma relação abusiva, assim como eu a anos atrás, quando ainda morava com eles.

— Eu sei, agora eu entendo. Estou fazendo terapia, me ajudou a entender diversas coisas…

— Fico feliz por você. Eu espero que…

— Podemos… — mordeu o lábio sem conseguir finalizar sua frase, já que ambos haviam falado quase ao mesmo tempo.

— Eu quero voltar pra sua vida, se ainda tiver espaço pra mim nela. — Os dois se olharam com uma intensidade que dispensava palavras.

— Sempre vai ter espaço pra você, . — sorriu e os dois se abraçaram por alguns segundos, aquele abraço era tão reconfortante, sentiam-se em casa de uma maneira única. Contudo, quando sentiu que se fosse por eles, passariam mais tempo abraçados do que o indicado em público, ela acabou com o silêncio. — Além de precisar de alguém pra me ajudar com a louca da sua cunhada. — se afastou e começou a rir. — Não ria, ela está insuportável!

— Vamos, eu pago o café.


[...]


Juntou o último embrulho que havia chegado ao monte perto da porta e sorriu para o casal de amigos, indicando o caminho até a sala. sorria satisfeita por finalmente ter dado tudo certo em sua vida em um único dia em meses, tudo tinha ficado perfeito como a loira queria.

— Amiga, quer que veja algo na mesa.

, diga que eu já vou — suspirou cansada do trabalho que a loira colocava sobre si, contudo, sorriu mais uma vez apertando o tecido ao seu redor e notou que mais convidados haviam chegado. — Mãe! — a envolveu em um de seus abraços apertados e famosos.

— Filha, eu estou ficando velha demais para viajar, mas você nunca vai nos visitar. — Exagerada como só ela era, a ruiva pegou sua mão a acompanhando até os demais. — , como deixa sua cunhada me abandonar assim?

— A culpa não é dela, mãe! — gritou para a mais velha.

— Eu não estou falando com você seu tonto, cale-se! — Sorriu como se não tivesse ameaçado a vida do filho e olhou ao redor. — Cadê a linda futura mamãe?! está trazendo o presente do bebê. — Largou a mão da filha e correu até a loira. — Meu Deus, você está linda!

— Essa é?

— Sim, a mãe de e — afirmou ao , observando a interação da amiga com a mãe animada que sonhava em ser avó.

— Achei que era. — Entregou uma taça para a , que agradeceu muda. — Se parece com ela.

— Não sou escandalosa como mamãe, !

— Eu me referia ao magnetismo. — Apontou na direção da mulher que já havia sentado e contava os segredos de uma mãe veterana as amigas. Ao redor de , , , , , e ouviam histórias da Uzumaki sorridente. — Sua mãe e você conseguem se cercar facilmente de pessoas admiradas. — O disse isso como se não fosse absolutamente nada, fazendo a sorrir, sentindo-se agraciada pelas palavras.

Saiu no instante que notou que precisava de ajuda, porém foi que passou a sua frente para dar apoio ao grande embrulho.

— Pai? — Perguntou sem conseguir ver o homem atrás do embrulho incomensurável.

— Coloque isso no quarto, garoto, ou vai atrapalhar o caminho dos convidados. — Abraçou a garota de fios rosados e selou sua testa ao se afastar. — Como vai, filha?

— Bem, e o senhor continua o escravo pessoal da mamãe.

— Vale a pena. — Deu de ombros, observando o moreno se aproximar mais uma vez. — E você?

, senhor. — Apertou a mão do loiro, muito parecido com em uma versão mais velha. Ajustou o casaco em seu corpo e sorriu para a .

— Ah, o famoso . — sorriu mesmo com a filha temendo pelo sobrenome usado.

— Eu mesmo, aceita beber algo? — Conduziu o loiro até o bar do irmão, recebendo do um copo baixo.

— Ei, garota , não cheguei tarde, não é? — Madara cumprimentou ao entrar no apartamento.

— Não, chegou bem em tempo de evitar o surto da grávida.

— Obito, ande logo e traga o presente para a garota ! Se reclamar, vou culpar você!

— Por favor, pai, não faça isso. — O moreno apareceu assustado na porta, e a rosada riu do estabanado . — , está calma hoje, né?!

— Sim, minha mãe está aqui e mantém a grávida sob controle. — Apontou para , que agora conversava apenas com a e os demais bebiam conversando em grupo. Pegou o presente do moreno e colocou junto a pilha, caminhando até a amiga. — Vamos começar?

— Estão todos aqui? — A confirmou, recebendo um lindo sorriso. — Ótimo, vamos começar com as fotos.

Observou feliz os pais orgulhosos ficarem atrás da mesa enfeitada, sorridentes e mais bonitos que nunca. merecia tal bênção, o homem atrás de si que segurava a barriga de 6 meses, parecia perfeito para a amiga loira. — Cheguem mais para o lado. — Sacou o próprio telefone, ficando ao lado do moreno, que exercia sua profissão como o fotógrafo oficial do grupo. — Não vou atrapalhar, não é?

— Claro que não — respondeu, posicionando a câmera para mais alguns cliques e aprovou o resultado.

— Tio Madara e Obito agora, por favor — chamou os dois e o mais velho foi contente, porém o filho estava relutante. às vezes tinha pena de Obito. — Vou ter que buscá-lo pela orelha? — O moreno, sem jeito, seguiu até a mesa, sendo alvo das brincadeiras de e do próprio pai.

— Idiota — resmungou, negando com a cabeça. Deu mais alguns cliques, seguindo as ordens da cunhada.

chamou o casal e , seguido dos pais de e , e finalmente o loiro e . — Achei que nunca chegaria minha vez, loira! — se dobrou, beijando a barriga da , e sorriu para a segunda foto, abraçando a amiga.

— Pronto, saiam! — e empurraram o casal, tomando lugar ao lado dos papais contentes. — Trouxe um chocolate suíço incrível para você, .

— Eu quero…

— Não amor, deve maneirar nos doces. Estamos caminhando para o último trimestre.

— Mas

O moreno negou de cara fechada e a última foto havia sido a mais engraçada até agora: com os olhos apertados e um beiço infantil nos lábios, enquanto as lágrimas passeavam pelo belo rosto. mostrou para a , que gargalhou, chamando os amigos para ver a cena.

— Ei, não precisa chorar, amor.

— Eu quero, !

— Terá que escolher entre o chocolate e o bolo então. — Um pouco menos mandão e mais compreensivo do que gostaria, o tentou barganhar para evitar o choro fácil da loira.

— Só um?

— Sim, amanhã você come o outro, ok? — A loira confirmou, beijando os lábios do moreno.

— Quer apostar quanto que ela come a mesa toda se quiser? — falou baixo para os amigos.

— Eu não quero perder dinheiro para você, . — riu, voltando as brincadeiras.

— Vamos cortar logo o bolo? Quero saber se vou ter uma garotinha ou um garotinho — chamou a atenção dos presentes.

— Sim, vamos. — organizou o espaço, preparando-se para cortar o bolo. Aquele seria o momento que revelaria o sexo de seu bebê e que os meses de apreensão teriam fim.

Pegou a espátula decorada em azul e rosa, e o a abraçou por trás; sentiam os corações em um só ritmo, acelerados e ansiosos pela revelação da cor do recheio. Afundou o acrílico colorido de um lado e fez o mesmo do outro, olhou para cada um naquele espaço, sorrindo para as câmeras, levou a espátula ao fundo erguendo a fatia com calma, tentando fazer um suspense engraçadinho.

, cadê? — perguntou, preocupado ao ver o recheio branco no meio de duas camadas de bolo, também sem cor específica.

— Eu sabia que algo ia dar errado! — O choro desesperado da loira preocupou os convidados, que já iam ao socorro de .

— Ei, espera. Deveriam confiar mais nos padrinhos que escolheram. — virou a câmera para si e juntou-se a ele na filmagem. — Mostre a eles quem são os melhores, .

A rosada abriu o zíper do casaco rosa que usava e a blusa com o nome da afilhada foi vista por todos. — Padrinhos da Harumi.— Apontou para as palavras impressas em rosa e sorriu para o casal.

— Nós? — sorria bobo, imaginando uma garotinha com as feições de correndo pelo apartamento. Beijou a namorada com um pouco mais de empolgação, ouvindo os gritos dos amigos.

— Seremos pais de uma garotinha, ! — Espalhou beijos pelo rosto do feliz como nunca havia sido. — Teremos mais dois.

— Calma aí, linda! — chamou o irmão e a para juntar-se a si. — Venham, padrinhos.

— Uma foto? — sorriu, abraçando a amiga chorona e beijou a barriga redonda. Ficou ao lado de , tentando não atrapalhar o moreno.

O sorriu e pegou na cintura da de forma conhecida por ela, o que fez com que ela olhasse para trás no instante em que bateram a foto. Os olhos se encontraram e se entenderam naquele momento, podiam passar anos afastados, sempre seriam eles; juntos. Selaram seus lábios outra vez após um longo tempo, longo demais para não demorar mais do que alguns segundos naquele maravilhoso encontro.



Fim.



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Nota da autora: Oi amores, essa história é polêmica, já deixo avisado de antemão. Espero que gostem e se divirtam! Beijos das autoras

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