Revisada por: Polaris 👩🏻🚀
Última Atualização: Fanfic FinalizadaBoa leitura <3
Sinta-se do mesmo jeito que eu me sinto
Sobre você agora
“Wonderwall”
Oasis
Tyrell era capaz até de esquecer-se de seus benditos desejos enquanto trocava olhares nada sutis com Gwayne Hightower. Isso não durava muito tempo, contudo. Quando se forçava a desviar os olhos dele, sua mente voltava a mergulhar na vida real, aquela sem cavaleiros brilhantes que a faziam sonhar com uma vida igual às das canções.
Era irmã do pequeno Lorde Tyrell, mas o poder da Casa residia nas mãos da mãe deles, já que Lorde Lyonel era uma criança. E Lady Tyrell exerceria seu poder para colocar em ação seus planos para a filha mais velha. O 24º dia do nome de chegara e passara há três voltas de lua. Já estava mais do que na hora de ela se casar. Por isso mesmo, sua mãe e sua tia Alyce Redwyne pretendiam arranjar um bom acordo de casamento para antes que o festival da colheita acabasse. E Westeros celebraria a chegada do ano 129 depois da Conquista no fim desta noite, o que significava apenas uma coisa para a garota: destino selado.
Mas Tyrell não se opunha a isso. Ela queria um casamento, e não se importava com o fato de o noivo não ser de sua escolha. O problema maior, aquele que fazia seu estômago embrulhar, era a alta chance de lhe escolherem um velho. Ela já tivera uma pequena experiência memorável com um homem com o qual compartilhava uma diferença de mais de dez anos de idade. Sua única experiência, na verdade. Mas isso até era aceitável. Agora, um velho decrépito? Sacudiu a cabeça, seu rosto se retorcendo em uma careta instintiva.
Talvez se eu encontrar um par bom o suficiente no festival, pensou, permitindo-se quase nutrir uma pequena esperança. Seus olhos dardejaram o salão onde o banquete acontecia, um lugar tão familiar para ela. Como os Tyrell eram os Protetores do Sul, o festival da colheita da Campina acontecia em Jardim de Cima. Muitas casas da região mandavam seus representantes para o banquete e o baile de máscaras. Ah, o baile… Mal podia esperar pelo baile. Mesmo durante o festim, todos já tinham suas máscaras postas para o que viria depois. O baile aconteceria em outro salão e também do lado de fora, à luz da lua, com uma enorme fogueira a crepitar e candelabros estrategicamente posicionados. Seria perfeito, ou tão perto disso que nem faria diferença.
Uma ótima noite para arranjar um casamento para uma lady da Casa anfitriã. Nem nem ninguém poderia negar isso. Ainda mais com o local lotado de lordes, futuros lordes e cavaleiros de terras… Pessoas que faziam bons casamentos. A garota Tyrell, porém, não queria um bom casamento. Ela desejava apenas um em que não fosse completamente infeliz tendo de se deitar com um maldito velho decrépito.
— ! — estalou os dedos na frente dos olhos da melhor amiga. — Não ouviu nada do que eu disse, não foi?
Hightower era dama de companhia de lady . E nesses longos seis anos que passaram juntas, tornaram-se confidentes, mesmo que a garota ainda tivesse dezessete. encontrou em uma irmãzinha a quem amava muito. Foi por causa dela que conhecera Gwayne, já que eram irmãos. Foi ele quem a trouxera para Jardim de Cima, quando tinha apenas onze aninhos, no 18º dia do nome de . Um de seus presentes, ela costumava contar a quando a garota havia crescido um pouquinho mais, mas o melhor veio depois. Gwayne e ela tinham conversado naquela noite, e ele lhe presenteara com um beijo quente do qual jamais se esquecera.
Respirou fundo, tentando se recuperar do calorzinho que lhe subiu o corpo, e olhou para o homem outra vez. Agora mais velho, em seus trinta e tantos, mas ainda tão bonito quanto em seus sonhos mais ardentes.
— Não sabia que ainda gostava de lady , tio — disse de forma amigável. — Pensei que era algo do passado.
Gwayne piscou algumas vezes, caindo de volta em si, e olhou para o seu jovem companheiro.
— Pare com isso — resmungou, meio envergonhado por ter sido pego no flagra.
— Deuses! — O príncipe riu. — Você fica como um cachorrinho apaixonado quando olha para ela.
— Cale a boca, criança — enfatizou para provocar, afinal, Daeron estava no auge de seus dezesseis anos.
— Com licença?! Posso ser bem mais novo que você, mas não mais criança — retrucou. — Eu poderia muito te causar bastante problema em uma luta ou no pátio de treinamento.
— Sete infernos. — Revirou os olhos, um meio sorriso brotando em seu rosto. — Você provavelmente não está errado nisso.
— Ah, minha querida — disse ela. — Se continuar olhando para o meu irmão desse jeito, todo mundo vai pensar que há algo acontecendo entre vocês dois.
— ! — exclamou, exasperada. — Fale mais baixo, por favor, sim? É só que… Bem, eu não vejo Sor Gwayne desde quando ele lhe trouxe para ser minha dama de companhia, e ele não é ruim de se olhar.
— Já deixou bem claro que é ele é bom de se olhar — brincou, seu tom astuto. — Aquela foi uma noite bem agitada para você, não foi? Pelo que parece, Gwayne também se lembra.
— Então você acredita que seu irmão se lembra do beijo — refletiu , um tanto incerta, mas resolveu deixar para lá. Seguiu o olhar da amiga até Sor Gwayne e o príncipe Daeron Targaryen. — E você, hein? Acha que não percebi que você tem uma queda enorme pelo nosso príncipe?
— Ele é um príncipe muito bonito. — Deu de ombros inocentemente, mesmo que soubesse de sua paixonite por ele. — Não pode me julgar por falta de sutileza, minha lady. Está olhando para Gwayne o banquete inteiro como se estivesse morrendo de vontade de arrastá-lo para um canto isolado e fazer dele o seu próprio festim pessoal.
— ! — levou a mão ao peito em pleno choque. — Esses não são os modos de uma dama falar. O que as pessoas dirão sobre mim se minha dama de companhia não for capaz de se comportar como uma doce lady?
A garota Hightower caiu na gargalhada. Era próxima o suficiente da amiga para não se abalar com a bronca.
— Ah, por favor, . Sabe que só estou brincando — disse ela, tentando controlar a risada. — E se as pessoas ainda não perceberam o seu desejo pelo meu irmão, elas não enxergam nada ou são estúpidas.
— Coloque um pouco de comida nessa boquinha e pare de falar, lady . — bebericou seu dourado da Árvore e permitiu que seu olhar vagasse outra vez até Sor Gwayne.
— Tudo bem, tudo bem. Vou parar de provocar. — Ela levou uma garfada de comida à boca e voltou a falar, de boca cheia: — Mas você não pode negar que há, de fato, uma pitadinha de desejo em seus olhos.
— Os deuses sabem como estou parecendo uma donzela inocente esperando por um cavaleiro brilhante, que é mais de dez anos mais velho, vir buscá-la. — pressionou uma de suas têmporas. — Sete infernos, e eu já tenho 24.
— Ah, qual é! Não se subestime, . Não é como se você fosse tão velha assim. — Ela engoliu mais um pouco de comida. — E sobre o meu irmão… digo, o cavaleiro brilhante da sua fala… você conhece bem o ditado: idade é só um número.
A garota Tyrell olhou para a comida já intocada em seu próprio prato. Tudo para evitar olhar para , já que sentia suas bochechas coradas.
— Está gostando demais disso. — Deu outro gole no vinho. — Já é ruim o suficiente que eu tenha uma queda muito maior do que deveria por um belo cavaleiro com uma considerável diferença de idade… E agora a minha melhor amiga está rindo como uma criancinha a respeito disso.
Ela fez um biquinho, demonstrando seu aborrecimento, porém a risada de Hightower era contagiante e aquecia seu coração. Era impossível ficar brava com ela.
— Não tirou os olhos de lady desde que nos sentamos — comentou Daeron, percebendo que o olhar do tio vagava para a garota muito mais vezes do que ele pensava. — Ainda tem uma queda por ela depois de todos esses anos?
— O que tinha no meu odre quando cavalgamos em direção a Jardim de Cima para eu ter feito a burrice de te contar sobre aquele beijo? — Gwayne sacudiu a cabeça. — Deuses! Você nunca vai parar de usar isso para me provocar, certo?
— É, provavelmente não irei, mas isso não muda o fato de que você ainda está ansiando por ela como um cavaleiro apaixonado das canções. — O príncipe abriu um sorriso malicioso. — Por que simplesmente não conta a ela como se sente? Qual é a pior coisa que poderia acontecer?
— Ah, eu não sei… — Revirou os olhos, um pequeno sorriso querendo se formar nos cantos de sua boca. — Talvez eu acabe me envergonhando na frente dela e de todos os outros nobres daqui? Ou, pior ainda, envergonhe a ela.
— É muito fácil de te irritar, sabia? — Daeron riu, orgulhoso de si mesmo, e deu uma olhada para as ladies e . — Não te culpo por não tirar os olhos dela — disse de repente. — Lady é uma das mulheres mais bonitas dos Sete Reinos, e você já a beijou. Quem não ficaria louco por ela?
— Nem sequer pense nisso — alertou Gwayne. — Você é muito jovem para ela.
— Não estou interessado nela. — Daeron caiu na gargalhada. Não nela, pensou. — Mas mesmo se eu estivesse, a idade não seria um empecilho. Ou será que não se lembra que diferenças de idade entre casais são comuns em nosso mundo?
— Está falando sobre isso por causa da minha diferença de idade com ela? — investigou. — Sete infernos, sou mais de uma década mais velho.
— Pare de ser tão dramático, tio — disse ele, sorrindo. — Você não é tão velho quanto pensa, sabia? E idade não importa quando se trata de amor. Sem contar que é uma mulher-feita há bastante tempo.
— Amor? Quem falou em amor? — Balançou a cabeça, como se rejeitasse a ideia. Ele queria, mais do que tudo, fugir daquele assunto, já que não conseguia parar de pensar em Tyrell nos últimos seis anos. — Esqueça , ela não é para você — resmungou, deixando escapar uma pitada de ciúmes. — E não pense que não vi você olhando para a minha irmã . Ela é apenas um ano mais velha que você, sabia? Não seria um mau casamento.
— Por que não estou surpreso de você ter percebido isso? — Fingiu pensar, então voltou-se ao tio. — O que há de errado em eu trocar olhares com ? Ela é uma garota adorável… ou ao menos era quando éramos crianças… e é uma mulher-feita.
— Não há nada de errado. Apenas lembre-se de que ela é minha irmãzinha — avisou. — Não ouse tratá-la mal.
— Não se preocupe, caro tio. — Daeron ergueu as mãos em uma rendição simulada. — Eu não sonharia em tratar sua irmãzinha mal. Na verdade, se tiver a chance, a tratarei como uma rainha… Não, melhor: como uma princesa.
— Uma princesa para um príncipe da coroa, então. — Gwayne teve que rir.
E assim se estendeu uma conversa sobre o possível par que o príncipe Daeron Targaryen e Hightower poderiam formar. E então sobre o gosto de Daeron por canções e seu real interesse de Daeron na irmã mais nova de Gwayne. Ficaram assim até que o assunto deixasse de evoluir e fosse morrendo aos poucos.
Gwayne olhou ao redor, parecendo entediado. No entanto, o que se revirava dentro dele estava longe de ser tédio. Era antecipação.
— Deuses. — Ele bufou, ajeitando sua máscara sobre a região dos olhos. — Esse festim nunca terá um fim?
— Acalme-se, Gwayne. — Daeron riu da impaciência de seu tio. — O banquete terminará logo e o baile virá em seguida. Logo você terá sua chance de falar com . Só não passe vergonha na frente dela, hein?
— Ah, então agora um príncipe de dezesseis anos, que é meu sobrinho, quer dar conselhos a mim? — Gwayne sacudiu a cabeça, um sorriso suave brilhando em seu rosto.
— Ei, idade não importa quando se trata de dar conselho — reclamou ele. — E eu sei uma coisa ou duas sobre como falar com uma garota bonita.
— Você é insuportável, sabia? — Gwayne riu. — Mas levarei o conselho em consideração.
— Ótimo — disse Daeron. — Porque tenho muita sabedoria que você, com toda a sua idade avançada, jamais compreenderia.
— Sim, é claro — concordou de maneira sarcástica. — Todo garoto pensa a mesma coisa nessa idade.
— Não me venha com zombaria, Gwayne. Você já foi igual a mim, sabia? Arrogante e cheio de si.
— Eu ainda sou, na verdade — admitiu com um sorriso, seus olhos viajando de novo até aquela que mexeu com seu coração por tanto tempo apenas estando em sua memória.
— Ah, ela está lhe devolvendo o olhar de novo — observou Daeron ao ver fitar seu tio enquanto bebia vinho. — Parece que mais alguém não se esqueceu daquele beijo.
— Ah, deuses. — Gwayne revirou os olhos. — Cale a boca.
E assim, a discussão se encerrou, sendo seguida pelo fim do banquete. O início oficial do baile de máscaras foi anunciado e os convidados foram incitados a irem para um dos locais de música e dança. Entre permanecer ali dentro e observar a fogueira sob as estrelas, Gwayne preferia o segundo. Sempre o segundo. e , no entanto, dirigiam-se para o outro salão. Então, sem nem pensar duas vezes, Gwayne liderou Daeron para lá também.
Eu não te diria isso se não fosse verdade
“Treasure”
Bruno Mars
Mesmo mascarados, Gwayne e haviam se reconhecido a noite inteira, assim como Daeron e . Por esse motivo, não foi difícil encontrá-las no salão abarrotado de gente. As garotas estavam em um dos cantos, mantinha uma taça cheia de vinho na mão.
— Lá está lady … E , é claro. — Daeron gesticulou na direção delas. — Por que não vamos falar com elas?
Gwayne hesitou por um momento. A ideia de se aproximar fisicamente de depois de todos aqueles seis anos o deixava um tanto perdido, ainda mais com tudo o que ainda sentia.
— Tudo bem — aceitou a sugestão do jovem sobrinho. — Mas deixe-me falar, tá bom? Não preciso que você estrague isso para mim.
Daeron revirou os olhos em resposta enquanto pensava: quando se trata de Tyrell, meu tio parece um garotinho em sua primeira noite com uma mulher. Gwayne, por outro, evitou pensar em qualquer outra coisa para não perder a coragem. Caminhou ao redor da pista de dança, sendo seguido pelo sobrinho, até o local onde as meninas conversavam. estava de costas para eles, então Gwayne tocou seu ombro com gentileza para chamar sua atenção. A garota deu um leve pulinho, assustada, e virou-se para ver quem era.
— Ah, Sor Gwayne! — Ela levou ao peito a mão que não segurava uma taça. — Você quase me fez derramar o vinho.
— Mil perdões, lady — apressou-se em dizer, mas não pôde evitar uma risadinha. — Eu não queria te assustar.
— Irmão! — jogou os braços em volta de Gwayne em uma demonstração de afeto.
não se importava em ser corrigida por alguém sobre não agir de acordo com a convenção social em uma situação como aquela. Ela também não o via há seis anos e, mais do que tudo, sentia falta do único em sua família que realmente a amava. era a filha mais nova de Otto Hightower e Lady Alerie e, como sua mãe morrera em seu parto, sua irmã Alicent — que agora era a Rainha dos Sete Reinos — a odiara desde o princípio, o ódio tornando-se tão grande quanto o desprezo de Otto. Mas não Gwayne. Este amara sua pequena irmãzinha desde o instante em que a parteira largou-a no colo dele porque o pai só conseguia se preocupar com a vida perdida de Lady Alerie.
Gwayne sorriu, retribuindo o abraço com força. Aquela bebezinha fofa agora já era uma mulher de dezessete anos.
— É bom te ver de novo, minha querida irmã. — Despenteou o cabelo dela de maneira afetuosa. — Cresceu tanto desde a última vez que te vi.
— Eu ia dizer “você também”, mas não, você só envelheceu mesmo — zombou ela, libertando-o de seus braços. Gwayne riu daquilo.
— Atrevida como sempre, não é? — comentou, seus olhos brilhando. — E aqui estava eu, esperando que você tivesse se tornado uma dama de verdade depois de todos esses anos.
— Bem, talvez eu deva assumir a culpa no lugar de nossa amada , já que ela é minha dama de companhia — disse . — Deveria tê-la ensinado melhor.
— Ah, então você é a responsável pelo mau comportamento da minha irmãzinha — provocou, com um indício de sorriso nos lábios. — Analisando atentamente, é verdade: ela ficou mesmo mais ousada depois que a trouxe para se tornar a sua dama de companhia.
— Erro meu. Minhas desculpas, Sor. A propósito… — Voltou-se a garota mais nova. — Deveria cumprimentar o nosso príncipe, ! Ah, não, espere… Não posso mandá-la fazer o que eu mesma ainda não fiz, não é? Me perdoem pelas minhas maneiras, bons convidados. Ao menos podemos culpar o vinho em minha taça. — Sorriu, olhando para Daeron. — Meu príncipe. — Ela fez uma pequena reverência.
— Não há necessidade de tais formalidades, minha lady. — O príncipe sorriu. — Apenas Daeron é o suficiente.
— Ah, ele é tão educado. — Ela sorriu, olhando de canto para , então voltou-se a Gwayne Hightower, o qual ela ainda não havia cumprimentado de maneira decente e educada como o uma boa lady deveria fazer. — Sor Gwayne… Há quanto tempo.
— Lady . — Ele fez uma mesura, a beleza da garota o impactando mesmo depois de seis anos. — Sim, já faz muito tempo… tempo demais.
— Sim, tempo demais. — Bebericou de sua taça. — E depois de todo esse tempo você vem até mim e quase me faz derramar o vinho em meu rosto e vestido.
Gwayne riu, relaxando pela primeira vez na noite. A presença de tinha esse efeito nele.
— Já pedi mil perdões e, caso deseje, posso pedir mais mil — ofereceu. — Embora derramar esse vinho no seu rosto não teria sido uma visão tão ruim: você é linda mesmo quando está surpresa, minha lady.
— Surpresa e coberta de vinho? Não tenho certeza se seria uma boa visão. — Sorriu de lado. — Não seria bom também se você manchasse um vestido tão lindo.
— Hmm, você pode estar certa — admitiu, derramando seu olhar sobre ele. O vestido ajustava-se perfeitamente à parte de cima do corpo dela, sendo possível ver uma sugestão de seus seios através do decote, o que apenas o atraía mais para ela. — Jamais gostaria de estragar um vestido tão lindo com vinho derramado.
— Não mesmo? — Ela arqueou uma sobrancelha.
— Não. Eu sei como você sempre gosta dos seus vestidos bonitos. — Ele sorriu, seus olhos cintilando para o decote dela de novo, onde permaneceram por um tempinho antes de voltarem para o rosto astuto da garota. — Mas tenho que dizer, este ficou particularmente adorável em você. Acentua a sua figura de maneira estonteante.
— Foi o que as costureiras me disseram. — Ela sorriu, gostando de ser admirada por ele. — Mas confesso que elas não falaram de um jeito tão… amável.
— Foi meu jeito de ser páreo para você — confessou, ousando um pouco mais dessa vez ao dar um aperto gentil no ombro de . — É que você sempre tem muito jeito com as palavras, lady . Um homem tem que se esforçar.
— Deuses, eu não aguento mais! — reclamou , revirando os olhos.
— Já se esqueceram da nossa existência. — Daeron riu, divertindo-se com a situação.
— Vamos, meu príncipe, estamos sobrando aqui — disse . — Deveríamos deixar esses dois sozinhos.
— Tudo bem, tudo bem — aceitou, dando uma última olhada para Gwayne antes de seguir a garota. — Vejo você mais tarde, tio.
— Crianças… — suspirou enquanto observava Daeron e irem para a pista de dança. — Ela cresceu tão rápido, não é mesmo?
— Sim, é verdade — concordou ele. — Ela não é mais a nossa pequena.
Gwayne então focou no que o estava distraindo de todo o resto: e seu rosto. Deuses, ela tinha se tornado tão, mas tão bonita. Seu olhar desceu pelo corpo dela, notando o modo como o vestido abraçava suas curvas até a cintura, de onde se soltava em uma saia quase tão magnífica quanto ela. Sete infernos! Gwayne não se lembrava de ela ser tão mulher seis anos atrás.
— O que está fazendo? — perguntou ela, bem baixinho, arrancando o homem de seus devaneios. Gwayne ficou um pouco envergonhado por ter sido pego no flagra.
— O que quer dizer? — rebateu, tentando parecer indiferente. — Eu estava apenas… admirando seu vestido.
E o corpo por baixo também, pensou, mas não disse.
— É claro. — Ela não fez questão de esconder o sarcasmo. — Não lhe culparei por olhar. Seis anos é muito tempo.
As bochechas de Gwayne esquentaram. Não esperava palavras como aquelas.
— Sim, já faz muito tempo desde… bem… — Limpou a garganta, remexendo-se com a inquietude. — Tenho que admitir, você ficou mais… bonita do que eu me lembrava.
— Sério? — investigou. — Porque, você sabe, eu envelheci seis anos. Não sou mais uma moça inocente de dezoito anos. E talvez 24 seja muito velha para ser uma beldade.
— Não, não. Você não é velha de jeito nenhum. Claro, não é mais uma garotinha inocente e tudo mais. — Aproximou-se um pouco dela. — Mas você é uma mulher. Uma muito linda e atraente.
— Você envelheceu bem também — notou ela. Ele está mesmo muito mais bonito do que seis anos atrás, como pode?, pensou consigo mesma.
— Você acha? — Ele sorriu, apreciando o elogio, e deu mais um pequeno passo para perto. O cheiro inebriante dela o atingiu e Gwayne não foi capaz de conter suas palavras: — Não tem ideia de quantas vezes pensei em você durante os últimos seis anos.
— Ah, você pensou? É bom saber que não fui a única sonhando com aquela noite. — Arregalou os olhos ao perceber o que havia dito. Em vez de rir, Gwayne sorriu com a reação dela.
— Ah, isso é interessante, minha lady. Saber que não sou o único que é incapaz de se esquecer daquela noite. — Seu olhar brilhou com travessura. — Com que frequência sonha com isso? É um sonho bom?
— Ah, é um bom, sim, muito bom — reconheceu. — Sonho com menos frequência do que gostaria, para falar a verdade. É um tipo muito específico de sonho.
— É mesmo? — A curiosidade se aguçou dentro dele, agitando-se com algo mais. — E que tipo de sonho é esse, exatamente?
— O tipo que… — hesitou. Não estava pronta para falar sobre isso.
— Pode me contar, sabia? — Ele colocou a mão na cintura dela. — Posso não saber ler mentes, mas tenho uma ideia de que tipo de sonhos você pode estar falando.
— Não, eu acho que não tem — retorquiu, teimosa. — Você deveria parar de me tocar assim, viu? As pessoas vão falar.
— Deixe-os falar. — Ele a puxou para mais perto, um sorrisinho destacando-se em seu rosto. — Não me importa o que eles têm a dizer.
— A mim também não importa, mas as coisas não são tão fáceis — reforçou. — Meu futuro marido não vai gostar de ver outro homem me tocando assim.
O sorriso de Gwayne desvaneceu-se como a luz solar no fim do dia. Seu futuro marido. Sequer imaginá-la com outro alguém lhe trazia ânsias, o ciúme o preenchendo.
— Seu futuro marido — repetiu em um tom frio. — E quem pode ser este? Sua mãe e sua tia já fecharam um acordo de casamento para você?
— Ah, então você já ouviu sobre o plano de minha mãe e da tia Alyce… Não, ainda não concluíram a busca, digamos assim — revelou. — Tenho certeza que terão uma conversa com alguns Lordes e cavaleiros durante o festival da colheita para que o arranjo seja anunciado no primeiro dia da primeira lua de 129… amanhã.
— Amanhã? — ecoou em uma onda repentina de pânico. Ele não podia deixar isso acontecer, podia? — Isso é um absurdo. Não pode se casar com alguém a quem nem conhece. Você não quer isso.
Eu não quero isso, acrescentou em pensamento.
— Bem, não é como se eu tivesse alguma escolha — lembrou-lhe. — Sou uma donzela de 24 anos que nem é prometida a ninguém. Preciso desse casamento.
— Sempre há uma escolha — insistiu ele. Sua mão apertou mais forte a cintura dela, como se o movimento a reivindicasse para si. Gwayne não suportava nem o pensamento de vê-la com mais ninguém. Ele não podia perdê-la. — Você não pode me dizer que simplesmente gosta da ideia de um casamento sem amor, arranjado por sua família, com um estranho.
— Por acaso, você ouviu a parte em que eu falei que sou uma donzela de 24 anos? — indagou, impaciente.
— Sim, ouvi, e não me importo com uma coisa dessa — garantiu, olhando-a nos olhos. — E estou certo de que você não está disposta a passar o resto da sua vida em um casamento miserável, com um homem que colocará as mãos em você apenas quando precisar fazer herdeiros, e nunca porque te deseja.
— Veja bem, Sor Gwayne, eu sou uma mulher. Eu tenho que fazer isso. Ponto-final. — Retorceu os lábios. — Só desejo um marido que me trate com uma certa bondade.
— Você não tem que fazer isso — persistiu. — Merece mais do que um marido que a terá unicamente para produzir herdeiros, lady . Você merece um casamento por amor, um homem que adore o chão que você pisa e que saiba apreciar cada parte de você.
— É uma imagem bonita para se imaginar. — sorriu com a perspectiva. — Mas me casarei com o Lorde ou cavaleiro que escolherem para mim e cumprirei meus deveres como esposa. Não me importo se ele me amará, só desejo ser bem tratada. E sim, sei que qualquer homem teria a sorte de me ter como esposa, mas tudo em que consigo pensar agora é que não quero me casar e me deitar com um velho decrépito — confessou com uma espécie de riso. — Uma certa diferença de idade? Não ligo. Mas um velho decrépito? Não, obrigada.
— Não tem que simplesmente aceitar o marido que escolher para você. — Seu estômago se revirava com a possibilidade. Gwayne não queria que ela se acomodasse e fosse apenas um objeto a ser usado e descartado. — Só porque é uma mulher, não significa que tem que obedecer aos desejos de sua mãe e sua tia.
— E o que eu faria, então? Permaneceria para sempre sozinha e intocada? — retrucou. — Já aceitei isso, está bem? Só temo que meu futuro marido seja um homem velho e decrépito.
— Há outras opções — apresentou, inclinando-se para murmurar perto de sua orelha. — Você não precisa ficar sozinha e intocada para sempre… Eu poderia oferecer outras opções.
— Tipo o quê? Tomar minha donzelice e então me deixar passar o resto da minha vida sozinha? Não, obrigada. — Ela respirou fundo. — Você realmente acredita que eu mereço mais?
— Sim, eu realmente acredito que merece mais do que um casamento sem amor com um velho — disse Gwayne. — Você é linda, inteligente e obstinada. Merece alguém que a trate com o respeito e o carinho que você merece, alguém que não apague o brilho do seu fogo.
— Certo. — Ela acenou com a cabeça. — Olhe ao redor, Sor Gwayne, e aponte onde posso encontrar esse homem.
Espiou impacientemente ao redor do salão, sem dar muita atenção. Já tinha visto a maioria dos que estavam presentes na hora do banquete, apesar de suas máscaras. Voltou a olhar para uma triste e resignada.
— Isso não é fácil — suspirou, derrotado. — Não há muitos jovens pretendentes e, dos que existem, alguns são cavaleiros interessados apenas em guerra e batalha, enquanto outros são nobres que veem as mulheres como objetos para a cama e nada mais.
— Agora você entende a minha situação — apontou ela.
Lá no fundo, Gwayne conhecia a solução para o problema. Eu a adoraria, a trataria com amor e gentileza, pensou consigo mesmo, mas não disse uma palavra. Ele se sentia atraído por ela, assim como ela se sentia por ele. Mas aquela ideia fixa havia se entranhado com tanto afinco na mente dela, que ele não tinha como saber se ela se casaria com ele, se ela o queria como seu senhor e esposo. Assim como também não tinha como saber se a mãe dela permitiria.
— Ainda assim, merece muito mais do que um casamento sem amor — falou. — E repito quantas vezes for necessário: você é linda, forte, inteligente. Você é digna de muito mais do que ser vista como um objeto para se deitar com um velho.
— Decrépito ou não, meu futuro marido não iria gostar de ver outro homem me tocando na frente de todo mundo como está fazendo agora, Sor.
— Sei que está certa, minha lady, mas não consigo me conter. — Sua mão vagou um pouco mais para baixo, parando na altura do quadril dela.
— Claro que estou — disse , convencida. — Se você fosse o meu futuro marido, Sor Gwayne, gostaria de ver outro homem me tocando assim?
— Não. — Apertou os dedos na lateral do quadril da garota em um gesto possessivo. — Se eu fosse seu marido, não permitiria que ninguém além de mim tivesse o direito de te tocar assim.
— Viu só? É isso que eu quero dizer. — Sorriu, orgulhosa por provar seu ponto. — Se o meu futuro marido visse isso e… imagina se ele soubesse que…
— Imagina se ele soubesse o quê? — incentivou-a a continuar.
— Que nós dois temos história — murmurou ela. — Que algo aconteceu entre você e eu no passado.
— Você quer dizer… — O coração dele disparou. — …se ele soubesse sobre o nosso beijo de seis anos atrás?
— Sim, mas foi só um beijo, não é? — deu de ombros. — Nosso segredinho precioso.
— Nosso segredinho precioso — sussurrou, um pequeno sorriso formando-se em seus lábios. — Mas foi um beijo que eu nunca me esqueci.
— Eu também nunca me esqueci. Ainda assim, é só um beijo. — Ela suspirou quase teatralmente. — Já que parece que não tirará as mãos de mim, Sor Gwayne, você deveria me chamar para dançar. Ao menos as pessoas não me olharão feio se estivermos dançando no meio delas.
— Como a minha doce lady desejar. — Gwayne riu, oferecendo a mão a ela. — Me dá a honra dessa dança, lady Tyrell?
— Te dou a honra de todas as danças que quiser, Sor Gwayne.
Me transforme em algo doce
“Fuck it I love you”
Lana Del Rey
Com a mão finalmente envolta na dela, Sor Gwayne Hightower guiou Tyrell até a pista de dança. O harpista começou uma nova música que, ao menos em seu início, pedia proximidade. Gwayne a trouxe mais para perto e usou sua outra mão para segurar firme na cintura da garota. Eles se balançaram ao ritmo da canção, seus passos movendo-se em uma sincronia perfeita o suficiente para deixar qualquer um com inveja.
— Você está linda esta noite — murmurou, gentil. Seus olhos vagaram por cada detalhe do suave rosto dela e o modo como a máscara adornava seus grandes olhos espertos.
— Você também está lindo — respondeu baixinho. — A idade combina bem com você.
Gwayne não pôde conter um sorriso, seu coração disparando. Ele já estava em uma parte mais avançada dos trinta, o que significava que os anos começavam a marcar sua aparência galante. Saber que ela não se importa com a idade dele o deixava contente de uma maneira que não era capaz de explicar.
— Fico feliz que você pense assim. — Apertou mais a mão na cintura dela enquanto dançavam graciosamente. — Já tenho alguns cabelos grisalhos aqui e ali, e algumas rugas já estão começando a aparecer. Não sou mais jovem.
— Bem, você já estava na casa dos trinta quando te conheci no meu 18º dia do nome, não? Estava no início dos trinta, se não me falha a memória. — Abriu um sorriso mínimo. — Mas está muito mais bonito agora do que estava lá. Isso eu lhe asseguro, meu bom Sor.
Um sentimento caloroso inundou seu peito. Seis anos era bastante tempo, o que só fazia as palavras dela ainda mais enfáticas e gentis. Mas não eram uma gentileza que vinha da boca para fora, eram a pura verdade. E seu tom fez Gwayne entender isso. Uma pontinha de esperança fez seu coração bater mais forte. A atração entre eles já era clara, mas talvez, só talvez, ela compartilharia da ideia de um possível casamento entre os dois. Ainda assim, era cedo para isso. Precisavam passar mais tempo juntos para que ele pudesse de fato tocar no assunto.
— Você é muito gentil. — Puxou-a mais para perto na dança. — Já era uma linda mulher naquela época, minha doce lady, e é ainda mais bonita agora.
— Não, Gwayne, você é muito gentil — disse ela, corando ao perceber que o havia chamado pelo primeiro nome, sem usar o título de cavaleiro. O rubor em sua face fez o coração de Gwayne errar uma batida.
— — proferiu em tom suave e reverente, como se fosse algo sagrado. O sorriso nos primorosos lábios dela o fez sorrir também. — Me disse que o que compartilhamos foi apenas um beijo — falou baixinho para que a conversa ficasse apenas entre eles. — Me diga: eu fui apenas um beijo para você?
— Não. Se fosse apenas um beijo, por que eu ainda sonharia com isso nos meus…? — Ela parou, olhando diretamente para os olhos interessados dele. — Quer saber em qual tipo de sonho você aparece para mim, não quer? Então me responda primeiro, Gwayne: eu fui apenas um beijo para você?
Seu coração parecia que ia sair pela boca, de tão acelerado que estava. Havia sido algo mais para ela também. Era tão bom ouvir essa confissão.
— Não. Você não foi apenas um beijo para mim, não é — disse ele. — Agora me conte, : em que tipo de sonhos eu apareço na sua mente?
Bem nesse momento, a dança pedia um certo afastamento. Como não estragariam uma dança daquelas, fizeram os movimentos. Quando puderam voltar a ficar próximos, seus corpos quase colados um no outro, ela sussurrou em seu ouvido:
— Só nos meus sonhos mais molhados.
Gwayne prendeu a respiração por alguns segundos, seus olhos se arregalaram. Ele já tinha uma ideia de que era esse o tipo de sonho ao qual ela se referia. No entanto, ouvi-la dizer aquilo com todas as palavras… era incrível. Uma onda de calor percorreu seu corpo, e também o dela. Seu aperto na cintura de se tornou mais forte. Saber que ela teve tais pensamentos a respeito dele o deixava louco.
— É mesmo? — perguntou, sua voz rouca de desejo.
— Sim, você me fez sentir de um jeito que sou incapaz de esquecer. Foi… glorioso. E tudo isso com apenas um beijo. — Suspirou pesadamente. — Deuses, eu desejo que meu futuro marido possa fazer com que eu me sinta assim.
Um sentimento agridoce quebrou sobre ele como uma onda violenta. A parte doce era saber que ele fora capaz de fazê-la sentir algo tão poderoso com apenas um toque de sua boca. A parte amarga era constatar que ela esperava o mesmo de seu futuro marido, um que dificilmente seria ele. O sabor acre dos ciúmes permaneceu em sua língua, dificultando sua fala.
— E se ele não puder? — Forçou-se a questionar. — E se ele não for capaz de te fazer se sentir como eu fiz?
— Então suponho que nunca mais sentirei o mesmo. — Pressionou os lábios, segurando um duro suspiro. — Um desejo pode se tornar realidade ou não. Não tenho como saber.
Gwayne não conseguiu evitar uma pontada de tristeza. Não sabia se era apenas a empatia por ela ou era isso somado ao quanto vê-la desamparada mexia com ele devido ao sentimentos que nutria pela garota há anos. Pensar na possibilidade de ela nunca mais se sentir assim, se não ter esse tipo de paixão em sua vida, provocava certa dor emocional nele. Nesse momento, até o ciúme era deixado de lado. Queria o melhor para ela. Se não fosse com ele, teria que aprender a viver sem a ideia de um dia voltar a tê-la em seus braços, sim, mas não podia aceitar que ela jamais se sentisse daquele jeito outra vez. Não dava para suportar a imagem de se contentando com um casamento sem amor, sem todo aquele fogo que eles compartilharam em um único beijo.
— Você merece mais do que isso. — Retornou ao discurso anterior, pois não sabia mais o que dizer. Apertou a mão e a cintura dela com mais força, como se temesse que ela deslizasse por entre seus dedos e desaparecesse para sempre. — Merece se sentir assim novamente. , você merece ter alguém que possa fazer você se sentir viva.
— Alguém como você? — sugeriu ela. — Deveríamos ir para o lado de fora. As coisas lá podem ser um pouco menos públicas.
A ideia era terem mais privacidade, ainda que não fosse exatamente isso que os esperava. O lado de fora também tinha música, dança e muitas pessoas, além da fogueira imponente. No entanto, como era ao ar livre, as pessoas não ficavam tão próximas umas das outras o tempo todo.
— Tem razão — assentiu, levando a mão até as costas dela com gentileza para guiá-la em direção à saída. — Vamos para onde podemos conversar com um pouquinho mais de privacidade.
sorriu em resposta, acompanhando-o para o lado de fora. Os Tyrell já haviam dado tantos bailes de máscara e festivais da colheita com fogueira, mas ainda assim, ela sempre se surpreendia com a beleza. Olhou de canto para Gwayne, admirando a beleza de seu rosto mais velho sob a luz da fogueira que brilhava em sua pele.
— Tão lindo… — sussurrou.
— O quê? — Ele olhou para ela, uma pontinha de sorriso no canto de seus lábios.
— Eu… estava falando do lugar e da fogueira — mentiu, fazendo uma prece para que a luz das chamas disfarçassem suas bochechas coradas.
— Ah, é claro. Estou vendo — disse ele, sem tirar os olhos de . — É mesmo linda.
Brisas noturnas parecem sussurrar: eu amo você
“Dream a Little Dream of Me”
The Mamas & The Papas
Gwayne não conseguia deixar de apreciar a beleza ao seu redor. Começando por Tyrell, claro, mas não se mantendo apenas ela. A cena que se desenrolava em volta deles era agradável. O fogo bruxuleante da fogueira lançava uma luz quente e romântica sobre todos que dançavam à música alegre da vez. Era o cenário perfeito para se estar com alguém a quem se amava.
Ele guiou para uma área um pouco mais silenciosa, afastada da multidão, mas nem tanto. Ainda podiam ver as pessoas mascaradas dançando, conversando e se divertindo como se não houvesse amanhã. Gwayne fitou o rosto de , permitindo perder-se ali por um longo momento.
— Então… — Ela desviou o olhar, optando por voltar ao assunto anterior ao seu sonho e seu desejo. — Você estava dizendo que não foi apenas um beijo para você, não é?
— E não foi mesmo. — Deu um passo na direção dela. — Foi muito mais do que isso. Sempre foi.
Gwayne ergueu a mão para tocar o queixo dela. Em um movimento gentil e terno, ele a fez inclinar o rosto para cima. Fixou seu olhar no dela com uma intensidade que não abria espaço para dúvidas. A luz do fogo cintilou nos olhos de ambos, espelhando o que o momento lhes despertava.
— Às vezes eu quero voltar para aquela noite — confidenciou. — Não, não realmente. Eu não estava me sentindo bem comigo mesma e tudo mais naquele dia do meu nome, mas então você chegou e me fez sentir… — hesitou, tentando entender o que havia acontecido e qual seria a palavra correta. — Não sei. Você apenas me fez… sentir.
Gwayne abriu mais os olhos. Ele não sabia que a garota não estava se sentindo bem naquele dia de seu nome, senão talvez até tivesse feito as coisas de forma diferente. Talvez teria se certificado de que ela se sentisse melhor consigo mesma antes de qualquer coisa. Em compensação, saber que ele a fizera sentir algo e que, ainda que não soubesse, tinha a ajudado a se esquecer de suas preocupações… não havia ouro no mundo conhecido que pagasse o que ele agora sentia.
— Me lembro bastante bem daquela noite — contou a ela em uma voz suave como um beijo. — Me recordo do seu vestido verde claro bordado de flores em fios de prata e do alfinete de ouro com a rosa dos Tyrell. Me lembro do quão magnífica você estava, e do modo como seu corpo tremeu sob meu toque quando eu te beijei.
— Foi o meu primeiro beijo — revelou o que acreditava que ele já sabia. — Meu único beijo, na verdade. E agora eu vou…
respirou fundo e sacudiu a cabeça, de repente tomada por uma grande tristeza. Ela deu alguns passos para trás e então se afastou. Gwayne foi pego de surpresa pela mudança súbita no comportamento de . Observou enquanto ela caminhava por entre as árvores e a seguiu. buscou um lugar mais silencioso, onde ninguém mais pudesse enxergar sua dor.
— Você acha que eu deveria ter feito as coisas diferentes naquela época? — perguntou Gwayne, um pouco preocupado.
olhou ao redor e avistou uma grande pedra estranhamente achatada. Andou até ela e se sentou. As árvores eram mais afastadas uma da outra naquela região, então a lua iluminava bem o local, e a luz da fogueira ainda chegava ali, apesar de distante. O melhor de tudo era que ali ninguém indesejado poderia ver a sua aflição.
— Não, Gwayne, foi perfeito.
A resposta o deixou um pouco mais aliviado, mas nem tanto. Havia tristeza não apenas no rosto da garota como também em seu tom de voz.
— Então por que sinto que você está chateada? — indagou com toda a gentileza que foi capaz de reunir. Ela havia ficado assim quando falavam sobre aquela noite e o beijo que compartilharam.
— Não é sobre você — garantiu. — É essa coisa do casamento. Eu… eu quero me casar. Eu só… não vejo uma maneira de eu acabar não me casando com um velho decrépito. Sei que pode acabar aparecendo alguém mais jovem, mas… eu não acho que vá.
Gwayne pensou sobre o assunto. Aquela era, de fato, a realidade dos casamentos por alianças e herdeiros. A maioria dos arranjos de casamento geralmente acabavam com jovens mulheres que poderiam produzir muitos herdeiros sendo prometidas a homens muito mais velhos, porque estes geralmente tinham uma pretensão melhor.
— Posso entender por que se sente assim — assentiu, compreensivo. — Não deve ser uma situação fácil aceitar que você vai acabar se casando com alguém muito mais velho do que você.
— Exatamente! — exclamou ela. — Se fosse como a diferença de idade entre nós dois, eu nem me importaria.
Gwayne congelou por alguns breves segundos, seu peito doendo, porém era uma dorzinha boa. Ela havia exemplificado justamente com a diferença entre a idade dele e dela. Isso poderia significar que gostava da ideia dele? Dele como um possível marido? Ele respirou fundo, tentando manter a calma.
— Você… você não se importaria? — investigou, sua voz era um misto de surpresa e esperança.
— Claro que não! Um pouco mais de uma década não é nada perto de se casar com um homem de sessenta ou setenta anos. — Seu rosto se franziu em uma careta de nojo. — Ah, Gwayne… Não consigo nem pensar nisso.
As lágrimas se libertaram em uma enxurrada violenta, escorrendo por baixo da máscara para suas bochechas. Gwayne não suportou vê-la daquele jeito, então abaixou-se na frente dela, apoiando as mãos nas pernas dela. Queria desesperadamente oferecer-lhe algum conforto.
— Está tudo bem. — Ele deu um aperto reconfortante em suas coxas, seu olhar transbordando preocupação e também compreensão. — Eu estou aqui, .
— É tão injusto — choramingou.
— É injusto, de fato — concordou Gwayne. — Vou falar quantas vezes for necessário: você merece se casar com alguém de quem realmente gosta, e não com um velho qualquer com quem não tem nada em comum.
— Mereço? — perguntou, seu olhar um tanto perdido.
Gwayne se surpreendeu ao vê-la perguntando algo que era tão óbvio. Estava mais do que claro que merecia. Ela era linda, espirituosa, forte e gentil. E Gwayne amava tudo nela. A cor de seus olhos, sua risada, o som de sua voz, seu cheiro… Deuses, ela merecia apenas as melhores das melhores coisas que esse mundo poderia dá-la.
— É claro que sim, minha doce lady. — Ele estendeu uma de suas mão para enxugar outra de suas lágrimas.
— Por quê? — insistiu, abalada.
— Deuses, , há tantos motivos. — Gwayne sorriu, fixando o olhar em seu rosto. — Você é linda, inteligente, corajosa e gentil. Seu senso de humor, mesmo quando não é muito bom, me faz rir. Você tem um fogo dentro de você, garota, que é simplesmente… inebriante. — Ele respirou fundo. — E você… me faz sentir coisas que nunca senti antes. Eu amo estar em sua companhia, minha lady, e também amo o jeito que você é.
— Eu… eu acho que isso se encaixa em “algo sobre mim que alguém ama”. — A nebulosidade se afastou de seu rosto tão rápido quanto uma tempestade de verão desaparecia. Ela secou os olhos. — Muito obrigada, Gwayne, mesmo. Você acabou de realizar um dos meus sete desejos. E esse é um desejo que eu ainda nem falei em voz alta.
— Sete desejos? — Gwayne inclinou a cabeça, intrigado. — E qual desejo eu acabei de realizar?
— Eu desejava que alguém sentisse algum tipo de amor por mim. E já que você disse que ama minha companhia e o jeito que sou… — Deu de ombros, um sorrisinho brincando em seus lábios. — Os sete desejos vêm daquela canção da Fé dos Sete, não se lembra?
Gwayne deixou uma leve risada escapar. desejava alguém que a amasse de algum jeito, e ele tinha garantido isso a ela. Imagina, então, se ela soubesse dos profundos sentimentos que desenvolvera nos últimos anos, na privação de sua companhia.
— Ah, claro, como poderia me esquecer? — provocou, divertido. — A canção da Fé…
— Você não faz ideia do que estou falando, não é? — Ela caiu na risada ao perceber que ele estava fingindo.
— Para ser honesto, não me recordo — admitiu com um sorriso tímido. — Mas definitivamente irei ouvir com mais frequência, se isso significar conceder seus desejos.
— Pelos deuses, não faça isso. Não é uma boa música — expôs. — Mas tem aquela parte que diz… — Ela tomou fôlego e então entoou:
Para o devoto de coração
Fale sete desejos que possua
E os Sete atenderão
— Bem, não de verdade, mas… Cresci cercada pela Fé, assim como você — lembrou-lhe. — E eu tenho um coração devoto. Não sou tão devota quando poderia ser, é claro, mas ainda sou uma garota devota. Então por que não tentar?
Gwayne estudou o rosto da garota Tyrell. Lutou contra sua própria descrença, permitindo que a afeição vencesse a batalha ao olhar para ela. Era impossível não sorrir em resposta à devoção meio enviesada dela.
— Me perdoe, minha lady. Eu não sou tão devoto aos Sete quanto deveria — falou. — Mas é fofo que você acredite que os deuses lhe concederão seus desejos.
— Bem, um deles já foi concedido. — Ela colocou suas mãos sobre as dele, que ainda repousavam sobre o vestido, em suas coxas. — Eu não me importo que não seja devoto, Sor Gwayne. Só me importo com quem você é.
— E quem pensa que eu sou? — perguntou.
— Aquele que me faz sentir — confidenciou.
— Sentir o quê? — insistiu, sua voz baixa e grave. Gwayne não conseguia deixar de se perguntar se o seu sentimento era recíproco. Seu corpo, tenso com o esforço para manter a compostura, se inclina um pouco mais para perto.
— Só… sentir — suspirou ela.
— Só sentir? — repetiu, frustrado, apertando suas coxas em um movimento desesperado. Ele só queria que ela dissesse, que deixasse ele saber se ela o amava, se era apaixonada por ele mesmo com toda a diferença de idade, se o queria tanto quanto ele a queria.
— Eu… — Ela apenas confirmou com a cabeça em uma resposta silenciosa para a pergunta dele. — Você sente algo por mim, Gwayne?
A respiração saía com dificuldade e seu coração voltou a disparar tão furiosamente quanto um urso em uma arena de luta. Ele sabia que a vez dele chegaria, mas agora que sua chance bateu à porta, não tinha certeza do que dizer. Precisava contar a verdade, admitir a profundidade de seus sentimentos por Tyrell. Assim como ela, porém, parecia não conseguir colocar em palavras. No fim das contas, mesmo com seus trinta e tantos, Gwayne Hightower tinha medo da reação dela e do que ela pensaria, principalmente se não correspondesse a todos os seus sentimentos.
— Sim, claro que sinto. — Balançou a cabeça para enfatizar a resposta.
curvou-se para frente e tocou o rosto do cavaleiro, traçando cada feição com seus dedos macios. Ela envolveu a máscara dele e a tirou, fazendo-o soltar um suspiro trêmulo. Então a garota trouxe uma de suas mãos de volta e livrou-se de sua própria máscara.
— É hora de parar de se esconder. — Acariciou o rosto dele, que fechou seus olhos para saborear ainda mais a sensação do toque. — Me diga, Gwayne. O que sente por mim?
— Eu te amo — sussurrou, não conseguindo mais resistir. — Já amo há bastante tempo.
— Ama? — Arregalou os olhos, mas não afastou as mãos do rosto dele. — Sei que sente coisas por mim, está mais do que claro agora, mas amor?
— Sim, amor — aquiesceu, sentindo-se estranhamente vulnerável sob o olhar dela. — Não sei quando aconteceu, mas sei que amo você. Tentei ignorar, fingir que não era assim, tentar me convencer de que era loucura, que eu nunca mais te veria… Mas aqui estou eu, e não posso mais negar ou esconder. Eu te amo, .
— Eu… — hesitou, incerta, o coração retumbando canções felizes em seu peito. — Como você sabe que é amor?
— … — Ele olhou para baixo, para o tecido do vestido dela. Sua mente girava com velocidade, os sentimentos o deixando tonto. Ele, enfim, encontrou o olhar da garota. — Não acho que haja um momento ou sentimento específico que possa provar que é amor. Só sei que quando estou com você, uma onda de emoções diferente quebra sobre mim ao mesmo tempo. Felicidade, medo, excitação, paz… — Ele respirou fundo. — Quando te vejo, meu coração dispara e minha mente fica toda confusa. Meu corpo dói, , e eu anseio por te tocar. Só sei que não quero ficar longe de você. E também tem esse sentimento onde eu fico esperando por cada pequena chance que tiver de encostar em você, falar com você… Seis longos anos sentindo isso sem nem mesmo te ver ou trocarmos uma palavra. Se isso não é amor, eu não sei o que é.
— Deuses! Se isso é o que chamam de amor… Eu também te amo, Gwayne — sussurrou ela. — Porque eu sinto o mesmo.
— Você… você me ama também? — Seu coração palpitava. O sentimento era mútuo. Era quase quase bom demais para ser verdade. — Realmente me ama?
— Sim, meu cavaleiro brilhante, sim — confidenciou ela e, naquele momento, Gwayne soube que tudo valia a pena. — Senti o mesmo que você por todos esses anos, só não sabia como nomear — refletiu. — E agora percebo que o segundo dos meus sete desejos se tornou mesmo realidade. Não é mais só a minha companhia e o jeito que eu sou, você ama a mim.
Um sorriso bobo se espalhou pelo rosto de Gwayne, seus olhos brilhando ao devolver o olhar dela. Todo o amor que ele sentia por ela estava à flor da pele, prestes a rebentar para fora dele. O cavaleiro jamais ousara sonhar que fosse possível que a jovem lady Tyrell sentisse o mesmo que ele.
— É verdade. Eu amo você, minha doce lady, e farei o que for preciso para tornar mais dos seus desejos realidade — declarou. — Quais são os seus sete desejos para o ano que se aproxima?
— Bem, acho que a parte de torná-los realidade é um trabalho para os deuses, não para você. — sorriu. — Já te contei dois. O primeiro: eu desejo que meu futuro marido possa me fazer sentir como você me fez. E o segundo: desejo que alguém sinta algum tipo de amor por mim.
— Esses são alguns bons desejos, minha lady. — Gwayne riu, inclinando-se para mais perto, seus olhos fixos nos dela. — E os outros cinco são…?
suspirou e jogou a cabeça para trás, olhando para o céu, para o cobertor de estrelas que os assistia. O movimento capturou toda a atenção de Gwayne, que observou a linha perfeita de sua garganta e a maneira como o cabelo típico dos Tyrell caía em cascata sobre seus ombros. Uma das estrelas que observava caiu, e ela sorriu com a perspectiva. Havia sido afortunada por ter a oportunidade de ver a cena breve e magnífica. Para Gwayne, por outro lado, a cena mais maravilhosa se desenrolava na frente de seus olhos: o sorriso de e o modo como seus delicados lábios se curvavam.
— Está mesmo interessado em conhecer meus outros desejos? — A garota voltou a olhar para ele.
— Claro que estou. — Gwayne expôs um sorriso preguiçoso, seu olhar ainda cheio de adoração. — Agora que sei dois dos seus desejos secretos, não consigo parar de pensar nos outros cinco.
— Hm, deixe-me ver. — Ela umedeceu os lábios e abriu um sorrisinho travesso. — Eu desejo que você se case comigo.
Casar. O coração de Gwayne entrou em frenesi, bombeando o sangue mais rápido do que deveria. Ela estava mesmo dizendo isso para ele?
— Casar com você? — repetiu quase sem fazer nenhum som. Esse era um futuro que ele mal se permitira ousar imaginar. Ele permanecia incrédulo. — Você quer se casar comigo?
— Eu não quero, eu desejo — corrigiu-o. — É o meu terceiro desejo.
— Certo, seu desejo — enfatizou baixinho, sua voz carregada de uma afeição divertida. As palavras dela ainda buscavam se assentar na mente dele. A ideia de que ela realmente queria se casar com ele, passar uma vida inteira ao seu lado… era avassalador, no melhor dos sentidos possíveis da palavra. — E o seu quarto desejo?
— Eu desejo ficar com você até o fim dos meus dias — confessou.
— Esse é um lindo desejo, devo dizer. — Ele estendeu a mão e colocou uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha. — E o seu quinto?
— Meu quinto… — envolveu as mãos dele, fazendo-o se levantar e se sentar ao lado dela naquela grande pedra plana. — Eu desejo que você me beije outra vez.
Ela não se importou em gastar um de seus sete preciosos desejos com algo como um beijo. Valia a pena. E ele não se importou que fosse apenas um beijo. Enchia-a de felicidade saber que ela queria aquilo de novo. Queria ele. Gwayne se inclinou para mais perto, seus rostos a centímetros de distância.
— Qualquer coisa por você, minha doce lady — murmurou, seus olhos nunca deixando os dela.
Quando Gwayne pressionou seus lábios nos de lenta e gentilmente, todo o resto pareceu distante. Havia apenas ela, a maciez de sua boca, o cheiro do seu cabelo, o calor do seu corpo ao lado do dele. O beijo se aprofundou, intensificando-se com a urgência de seis anos de sentimentos postos de lado. Suas mãos entrelaçaram-se nas dela, apertando enquanto a puxava para mais perto dele. Ele saboreou o gosto dela em seus lábios… o sabor do paraíso. O mundinho cruel com uma guerra iminente cada vez mais próxima desapareceu em um suspiro compartilhado entre eles, sendo substituído por um mundo de doçura e paixão.
— Deuses, foi muito melhor do que eu me lembrava — suspirou ela, ofegante. — Talvez seja por causa de todo o sentimento envolvido.
— Também pode ser porque nós dois estamos mais velhos agora. — Gwayne se afastou apenas o suficiente para olhá-la nos olhos, sorrindo. — Mas acho que está certa. — Deslizou as mãos pelos braços dela, então pelos ombros até chegar à nuca. Ele beijou o canto de sua boca. — O sentimento, de fato, torna tudo muito melhor.
— Eu queria ficar aqui para sempre — revelou ela —, celebrando a chegada do novo ano com você, em seus braços, sentindo sua pele contra a minha.
— Isso parece perfeito. Só nós dois, sob as estrelas. — sussurrou, seus dedos acariciando as costas dela com ternura. Ele se inclinou, pressionando beijos suaves ao longo de sua mandíbula e descendo vagarosamente para o seu pescoço. Queria ficar assim para sempre. — Não há nada mais que eu prefira fazer. Especialmente se isso significa que eu posso ficar te segurando assim, sentindo você contra mim. Ah, minha doce … — Afastou um pouco seu rosto, olhando nos olhos dela com um olhar faminto. — Você não tem ideia do que faz comigo.
— E você, Gwayne Hightower… — murmurou ela, sua voz tingida de desejo. — Também não tem ideia do que faz comigo.
— Ah, eu acho que tenho uma boa ideia — provocou, os olhos brilhando com um pitada de arrogância nem um pouco mal intencionada. Gwayne podia ver seu efeito sobre na maneira como ela o fitava e como sua respiração falhava quando ele a tocava. — Mas eu gostaria de te ouvir dizer o que eu faço com você.
Ele a puxou para se sentar em seu colo, envolvendo seus braços ao redor dela. Estava ébrio com a sensação de tê-la tão perto, em seus braços.
— Isso é injusto, sabia? — Ela riu de canto. — Foi você quem falou primeiro que eu não tinha ideia do que te causava. Isso significa que você deveria me contar que efeito eu lhe causo. E não o contrário.
— Você me deixa louco, é isso o que faz comigo. — Fitou-a, seu olhar queimando de desejo e amor. Ele aproximou a boca da orelha dela para sussurrar em seu ouvido: — Me deixa louco de desejo, vontade, paixão… com cada olhar, cada toque, cada palavra… cada respiração.
— Faço minhas as suas palavras, meu cavaleiro brilhante. — Ela puxou o rosto dele para a frente do seus, roçando levemente seus lábios nos dele.
Gwayne puxou-a para mais perto em resposta. Seus braços a apertaram, como se pudesse fundir seus corpos.
— Minha lady, meu amor, meu tudo. — Acariciou o rosto dela. — Você é o fogo em meu coração, a luz na minha vida, o próprio fôlego em meus pulmões.
— É um jeito encantador de dizer que não consegue viver sem mim — sussurrou contra a sua boca antes de dar uma suave mordida em seu lábio inferior, fazendo-o fechar os olhos. — Então acho que devo te contar o meu sexto desejo.
— Qual é o seu sexto desejo, doce lady?
— Primeiro preciso perguntar uma coisa — disse, séria. — Você quer se casar comigo, Sor Gwayne? Realmente quer?
Ele abriu os olhos, surpreso com a seriedade repentina em seu tom. Mas Gwayne não precisa pensar na resposta. Sua mente já estava decidida.
— Sim. Sim, eu quero me casar com você. — Ele afagou a nuca dela. — Eu quero ficar com você, agora e para sempre.
— Você faria um bom casamento para a filha de Lady Tyrell. É uma pessoa importante, é um cavaleiro ungido — enumerou, seus olhos fechados para apreciar o toque dele. — Você é Sor Gwayne da Casa Hightower, uma das mais importantes e poderosas Casas que prestam vassalagem à minha família.
Gwayne não pôde evitar rir do tom prático da garota enquanto listava suas qualificações como um par em potencial. Ele era todas essas coisas, o que nem sempre significava muito para ele, mas saber que, para , isso fazia diferença, o deixava um tantinho orgulhoso.
— E você é da Casa Tyrell. — Correu os dedos gentilmente pelos cabelos dela, sem jamais deixá-la de olhar nos olhos. — A linda, inteligente e espirituosa filha do antigo Lorde Tyrell, irmã do novo.
— Sim, aquela mesma para quem estão buscando um arranjo de casamento até o fim dessas celebrações, que acabarão esta noite. — Ela tocou o rosto dele, olhando-o com intensidade. — Meu sexto desejo depende de você, e não apenas dos deuses.
— Seu desejo é uma ordem, minha doce lady. — Ele passou o polegar sobre a bochecha dela em um carinho terno. — Diga-me, qual é o seu desejo?
— Eu desejo que você fale com a minha mãe e a convença a casar você comigo — declarou, apressando-se em explicar: — Como disse: você é um bom par aos olhos de todos, então talvez minha mãe e a tia Alyce gostem da ideia. O fato de você ser charmoso também pode ajudar.
— Não se preocupe, minha querida. — Seu sorriso era tão doce quanto suas palavras. — Eu as encantarei tão completamente que elas não terão escolha a não ser me aceitar e permitir nossa união.
— Não se esqueça que as duas são viúvas, e que tia Alyce é só alguns anos mais velha do que você. Não vá fazer uma delas querer se casar com você no meu lugar. — Ela caiu na risada, e ele acabou rindo junto. — Não, mas falando sério, Gwayne: se você realmente quer se casar comigo, deveria ir até a minha mãe o mais rápido possível. Ela pode até mesmo já ter escolhido alguém quando você chegar.
— Não se preocupe, meu amor. — Ele deu dois tapinhas carinhosos na coxa dela. — Não deixarei que elas sequer tenham a chance de sugerir outra mulher para mim. E não permitirei que te casem com outra pessoa. — Beijou a bochecha dela e se levantou. — Me leve até sua mãe antes que seja tarde demais.
— Não, acho que você deveria ir sozinho — disse ela. — Minha presença afetaria o julgamento delas de uma forma não muito boa.
— Deuses, você está certa. Tenho que fazer isso sozinho. — Seu rosto se iluminou em um último sorriso para ela. — Vai ficar me esperando aqui?
— Estarei aguardando, deitada nessa pedra, observando as estrelas até que você retorne. — Ela levantou-se apenas para lhe dar mais um beijo. — Prometa-me uma coisa, meu cavaleiro brilhante? Prometa que voltará mesmo que falhe em convencer minha mãe. Não quero passar a noite sozinha.
— Eu lhe prometo, doce lady. — Ele a segurou com força. — Eu voltarei, não importa o que aconteça lá dentro. Não ficará sozinha, , eu sempre voltarei para você. Sempre.
Eu jamais quero amar outra pessoa
“Thunder”
Boys Like Girls
Antes de deixar sua amada para trás, Gwayne Hightower vestiu a máscara outra vez. Ele caminhou de volta até a fogueira e olhou ao redor da fogueira, procurando por Lady Tyrell. A única coisa que o chamou atenção ali foi seu sobrinho Daeron dançando com sua irmãzinha , ambos sorrindo, mas nada da mãe da . Retornou, então, ao castelo e adentrou o salão de dança, encontrando facilmente a mulher. Lady Tyrell segurava uma taça nas mãos, assemelhando-se muito à própria filha. Alyce Redwyne, a tia de , permanecia ao seu lado como uma fiel escudeira. O pequeno Lorde Tyrell, irmãozinho da , brincava por perto. A única verdadeira ameaça do momento era o cavaleiro que conversava com elas, certamente sobre um possível arranjo de casamento.
Não iria acontecer. Ele não permitiria isso. Respirou fundo para tomar coragem e aproximou-se delas. Usou de toda a sua cortesia para se curvar enquanto olhava para Alyce Redwyne e Lady Tyrell.
— Minhas ladies — cumprimentou, sua voz firme não demonstrava todo o nervosismo que queimava em seu interior. — Posso ter uma palavrinha com vocês em particular?
— Sor Gwayne Hightower… — disse Alyce. — Estamos tendo uma conversa com…
— Sim, Sor Gwayne — interveio Lady Tyrell, então voltou-se ao outro cavaleiro. — Minhas desculpas, meu bom Sor. Temos coisas importantes para resolver com a Casa Hightower. Assuntos que não podem esperar.
Ela sorriu de uma maneira suave que lembrava muito lady quando tentava esconder as coisas. Lady Tyrell obviamente estava mentindo no desespero de se livrar daquele homem. Talvez tenha agarrado a oportunidade que Gwayne trouxera porque não queria que aquele cara se casasse com sua filha. Se fosse isso, quem sabe os deuses estivessem ao lado de Gwayne e dos sete desejos de .
Lady Tyrell enganchou seu braço no dele e o guiou para outra sala, com lady Alyce os acompanhando de perto. O pequeno Lorde Lyonel foi deixado lá para brincar com as outras crianças. Os três entraram em uma sala vazia e aconchegante. Lady Tyrell e sua irmã sentaram-se em um sofá e fizeram sinal para que Gwayne se sentasse no outro, bem na frente delas.
— Sor Gwayne, você disse que queria conversar conosco… — Lady Tyrell começou. — E levando em conta que as palavras que falei lá atrás para me livrar daquele cavaleiro eram mentira… Aqui estamos. O assunto é em nome de sua Casa ou…?
— Não, minha senhora. Não estou aqui em nome da Casa Hightower. — Ele limpou a garganta, esperando que sua voz não falhasse naquele momento crucial. — Estou aqui para tratar de um assunto privado que diz respeito a mim pessoalmente e à sua filha, a doce lady , se me permite ser tão direto.
— A garota é um assunto quente hoje. — Lady Alyce deixou escapar um sorrisinho.
— Irmã! — A outra a repreendeu. — Peço desculpas pelas maneiras da minha irmã, Sor Gwayne. Embora seja verdade o que ela disse. Muitos homens vieram ter comigo sobre a minha filha esta noite.
— Não estou surpreso — disse ele, com uma pitada de orgulho em seu tom. era boa demais para ter poucos pretendentes. — Sua filha é uma joia entre as damas do reino, minha lady. É natural que muitos homens procurem reivindicá-la.
— De fato — concordou. — E você é um deles, suponho?
— Sim, minha lady — declarou, cerrando os punhos para esconder o suor de suas palmas. Ele olhou Lady Tyrell nos olhos. — Gostaria de pedir sua permissão para cortejar sua filha e pedir sua mão em casamento.
— Ah! — Alyce Redwyne arfou, sendo repreendida de imediato por um duro olhar de sua irmã.
— Isso é… interessante — comentou Lady Tyrell. — E por que deveríamos escolher você em vez de todos os outros?
— Não peço que me escolha em detrimento de todos os outros, minha lady. — Gwayne respirou fundo, pronto para expor seu coração para a mãe de sua amada. — Mas se me considerar, posso lhe garantir que tenho muito a oferecer à . Venho de uma família respeitável, com muitas riquezas a oferecer, é claro. Somos um de seus vassalos mais importantes, creio que isso também conte muito. Mas, além disso, posso oferecer à nossa doce lealdade, respeito, amor e uma verdadeira parceria na vida. Eu faria tudo ao meu alcance para fazê-la feliz, protegê-la e honrá-la… Sempre.
— E ele não é tão velho — acrescentou Alyce em um murmúrio.
— Irmã! — Lady Tyrell subiu o tom. — Controle-se.
— Idade é apenas um número, mas lady Alyce está certa. — Gwayne sorriu, um lampejo de diversão em seus olhos. Como podia tanto a mãe quanto a tia de lhe lembrarem tanto a garota? — Já passei da meia-idade, sim, e posso não viver tanto quanto um homem jovem. Mas não sou tão velho, como lady Alyce apontou. Sou saudável e forte. E eu juro, minha boa Lady Tyrell, que amarei e cuidarei de sua filha por todos os dias da minha vida, não importa quão longa ou curta ela seja.
— Se me permite ser honesta, Sor Gwayne. Todos nós sabemos que o amor no casamento pode surgir se tivermos alguma sorte. Eu tive essa sorte com o meu marido, que os deuses o tenham. Mas só veio depois de anos. Algumas pessoas nunca têm essa sorte. Eu gostaria que tivesse, mas agora precisamos garantir um futuro para ela. — Lady Tyrell soltou um suspiro pesado. — Não importa a você que ela já tenha 24 anos? A maioria prefere suas esposas bem mais jovens.
— Ela parece tão bonita e saudável quanto estava no 18º dia do nome dela, na primeira vez que a vi. A idade não importa muito para mim — reforçou ele. — Como disse, sou saudável e ainda posso dar filhos à sua filha, se é isso que deseja. E tenho certeza que ela ainda pode me dar muitos herdeiros, caso seja do desejo dela.
— E aposto que preferiria alguém bonito como ele, e não muito velho para ela — indicou lady Alyce. — Principalmente quando a maior parte das outras opções são “homens decrépitos”, como ela continua dizendo. — Ela balançou a cabeça de modo divertido quando Lady Tyrell lhe lançou outro olhar de reprovação. — Sim, maneirar meus modos, sei disso. Mas eu vi os dois dançando mais cedo. Confie em mim, irmã, não vai ir contra uma união com Sor Gwayne.
— Você pode estar certa, Alyce. Eu os vi dançando também. — Lady Tyrell voltou a olhar para Gwayne. — Você pode ser uma boa opção para a posição de marido.
— Estou profundamente honrado com suas palavras, minha lady — disse humildemente, tentando esconder a onda de orgulho que o invadiu. Ele esperava por essas palavras, mas não imaginou que fosse acontecer tão cedo. — Aquece meu coração saber que acredita que eu posso ser um bom candidato para se tornar marido da sua filha.
— Tivemos algumas boas propostas, de fato — reconheceu Lady Tyrell. — Mas estou deveras inclinada a permitir que você, Sor Gwayne, se case com a minha .
O coração de Gwayne retumbou em seu peito. Mal podia acreditar no que ouvia. Era quase bom demais para ser verdade.
— Você me honra, minha lady. — Tentou manter a compostura e não mostrar toda a sua animação. — Se me permitir, eu lhe prometo que farei tudo o que puder para fazer feliz, e não descansarei enquanto não conseguir.
— Você é um homem muito gentil, Sor Gwayne — disse ela, seu tom denotava um quê de agradecimento. — Suponho que devêssemos encontrar e trazê-la aqui para que ela saiba sobre esse arranjo. A menos que você mesmo queira dar a notícia a ela…
— Eu preferiria ser aquele a contar a ela, minha lady. — Uma ponta de ansiedade o atingiu com a ideia, mas desejava muito ver a reação dela quando lhe contasse que conseguiu. — Se você me permitir, é claro.
— Eu permito, Sor Gwayne — confirmou, levantando-se. — Espero que a reação dela não o desaponte. Às vezes, pode ser um pouco… selvagem. Peço desculpas antecipadamente pelos possíveis maus modos de minha filha.
— Não há necessidade em se desculpar, minha lady. Estou bem ciente de que lady é obstinada e teimosa. — Assentiu em compreensão. Sabia tudo sobre a teimosia de e sua tendência de falar o que pensava. No entanto, achava essas qualidades cativantes em vez de desagradáveis. Eram parte dos motivos pelos quais a amava. — Estou preparado para lidar com ela — assegurou à Lady Tyrell.
— Então o combinado está feito. — Ela sorriu. — Agora vá contar à , onde quer que ela esteja.
Gwayne despediu-se das damas e saiu, passando pelo salão de dança até sair do lado de fora. Seguiu pelo jardim, mal dando atenção para as muitas pessoas ao redor da fogueira. Encontrou o caminho que os dois pegaram mais cedo para se afastar da multidão. Ao se aproximar, avistou deitada ali, sozinha como ele havia a deixado. Apesar da luz fraca da lua, continuava bonita como sempre, quase divina. Quando o viu, um sorriso suave dançou em seus lábios. O olhar mais brilhante do que qualquer estrela naquele céu escuro denunciava que ela sabia que ele voltaria, exatamente como tinha prometido.
— Você veio. — O sorriso ficou mais largo. — Estava só deitada aqui, olhando as estrelas. Junte-se a mim.
— É claro que vim. Eu prometi que viria, não prometi? — Deitou-se ao lado dela sobre a pedra plana e olhou para o céu. — Posso ver porque ficou admirando as estrelas. Elas estão lindas esta noite.
— E você também — disse ela, virando-se de lado para encará-lo. tinha medo de perguntar se ele havia tido sucesso ou falhado em sua tarefa de convencer a mãe dela.
— Você me lisonjeia, minha doce lady. — Virou-se para olhá-la, sentindo as bochechas esquentarem. Ele ficou em silêncio por um momento, apenas apreciando cada parte do rosto dela e o modo como seus lindos olhos brilhavam ao luar. Tão perfeita… — Sua mãe está disposta a permitir o nosso casamento. O arranjo está feito. Temos a benção de Lady Tyrell.
— De jeito nenhum! — Seus olhos se arregalaram enquanto seu rosto se iluminava com um grande sorriso de incredulidade. Gwayne riu de sua reação.
— Eu sei, também fiquei surpreso. — Um pequeno sorriso entortou os cantos de sua boca. Ele rolou para deitar-se de lado, de frente para ela. — Sua mãe foi surpreendentemente receptiva. — Gwayne segurou a mão dela. — Lady Tyrell pareceu satisfeita com o arranjo, considerando minha família e conexões… E como sua tia disse: que eu não sou um velho decrépito.
— Deuses, a tia Alyce me ouviu reclamar por tempo demais. — sacudiu a cabeça, rindo. — Isso significa que agora você é o meu futuro marido? — Pressionou seus lábios nos dele. — Quer saber, Gwayne? Eu tenho o melhor futuro marido de todos.
— E você é a melhor futura esposa de todas. — Ele sorriu contra os lábios dela e envolveu um braço em volta de sua cintura, puxando-a para mais perto. — E, ao que parece, você tem mais desejos a serem realizados, não tem?
— Ah, eu tenho? — Ela umedeceu os lábios.
— Tem, sim. Lembra do seu sexto desejo? — Ele acariciou o lábio inferior dela com o polegar. — Falar com a sua mãe e convencê-la da nossa união. Eu fiz exatamente isso e agora, minha doce lady, iremos nos casar.
— E isso quer dizer que você realizou meus seis desejos proclamados, né? — parou para refletir. — Meu primeiro desejo era que meu futuro marido pudesse me fazer sentir como você fez, e agora sabemos que ele fará isso, já que será você. O segundo era alguém sentir algum tipo de amor por mim, e você sente todos os tipos possíveis. O terceiro era um desejo para que se casasse comigo, e agora você vai. O quarto era sobre ficar com você pelo resto dos meus dias, e nosso casamento garante isso. O quinto foi momentâneo, aquele beijo que você já me deu. E o sexto era esse que mencionou agora. — Ela respirou fundo. — Pelos sete infernos, Gwayne, eu estava expressando meus sete desejos para os deuses, mas você veio e os fez se tornarem realidade.
— Fico feliz em poder ser a resposta aos seus desejos, minha doce lady, e prometo fazer tudo ao meu alcance para fazê-la feliz e realizar todos os seus desejos. — Gwayne sorriu, afetuoso, e a puxou contra si. — Você me tem, querida futura esposa, eu sou seu. E, por isso mesmo, terei a honra de realizar o seu sétimo desejo.
— Eu também sou sua, meu querido futuro marido — declarou ela. — Isso significa que você quer que eu faça o meu sétimo desejo para você, e não para os deuses?
— Sim, , quero que expresse seu último desejo do ano para mim — reforçou. — Darei o meu melhor para realizá-lo, assim como fiz com os outros seis.
— Ah, Gwayne… — mordeu o lábio enquanto sua mão afastava a máscara dele. Ela acariciou aquele lindo rosto com ternura e sussurrou: — Eu desejo que você me faça sua.
— Esse desejo já é uma ordem, — murmurou, a voz profunda de desejo. Suas mãos vagaram pelo corpo da garota. — Eu lhe farei minha, completa e totalmente.
— Para somente as estrelas verem. — Ela olhou para o céu noturno, um sorrisinho dançando em seus lábios.
— Como ordenar, minha doce lady.
Gwayne observou o modo como a fraca luz da lua e o brilho suave da fogueira distante lançavam sombras sobre a linda pele da garota que logo se tornaria sua esposa. Seus lábios capturaram os dela com fervor, o toque acendendo um fogo dentro dela que era muito maior do que as chamas da fogueira do baile. Suas mãos passearam pelo corpo delicado de , desbravando cada pequena curva, mapeando cada traço para guardar tudo na memória.
Gwayne deixou que sua boca trilhasse um caminho sedutor pela mandíbula e pescoço dela, onde sugou a pele da região, arrancando um suspiro de prazer dela. Suas mãos deslizaram para baixo e ergueram o vestido dela aos poucos, acariciando suas coxas e quadris. Mas aquilo não era nem perto de ser o suficiente. Gwayne fixou seu olhar no dela quando parou de mover a saia do vestido, que já estava acima da região dos quadris. assentiu com a cabeça, incentivando-o a continuar. Ele sorriu e levou seu rosto até as coxas dela, pressionando beijos na parte interna. A garota estremeceu sob o toque quente da boca dele, faíscas de prazer percorrendo seu corpo.
sabia que ele estava a preparando, deixando seu corpo pronto para o que viria a seguir. E Gwayne levou seu tempo, os beijos subindo cada vez mais, fazendo-a arquear-se involuntariamente na direção dele. E ele deu isso a ela. Pressionou seus lábios contra a umidade dela suavemente e esperou para ver como reagiria. Seu rebolado, implorando por mais contato era toda a resposta que ele precisava. Então agarrou as coxas dela com as mãos e continuou, adicionando a língua aos seus beijos.
tentava conter os gemidos, mas acabava deixando escapar enquanto Gwayne a saboreava como se ela fosse o mais perfeito banquete do festival da colheita. E os sons que a garota fazia apenas o incentivavam a prosseguir dando-lhe prazer com a boca. Ela merecia. Merecia muito. Deuses, como ele a amava! E, ainda por cima, ela se casaria com ele. Gwayne tinha a absoluta certeza de que era o homem mais sortudo de todo o mundo conhecido. Por isso mesmo, Gwayne não tinha pressa. Ele continuou a adorar o corpo dela com sua boca e língua, prolongando o seu êxtase. agarrou-se à rocha sob seu corpo, tentando se ancorar à realidade, mas era inútil. Tudo o que existia naquele momento era Gwayne Hightower e seu toque mágico.
Ela soltou um gemido alto, quase desesperado, quando ele parou de repente.
— Por que parou? — resmungou.
— Porque eu só estava preparando o terreno para poder lhe fazer verdadeiramente minha. — Gwayne olhou para ela. — Quero que me deseje por inteiro, , que precise tanto de mim quanto eu preciso de você. É isso o que quer também, minha doce lady? Quer que eu lhe faça ser minha de todas as maneiras possíveis?
— Eu quero. É o meu último desejo do ano. — Ela o puxou para devorar sua boca de um jeito que jamais devorara qualquer outra coisa na vida. — Estou mais do que pronta para você, meu cavaleiro brilhante. Me. Faça. Sua.
— Seu desejo é uma ordem, minha doce lady. — Deu-lhe mais um beijo antes de se afastar e abrir suas calças. observou-o, concluindo que, parte despido, ele parecia suave e também forte; e ela gostou disso. Gwayne se posicionou entre as pernas dela, suas mãos acariciando uma das coxas em um gesto terno. — Tem certeza que quer isso?
— Você vai realizar o desejo de sua lady ou não? — sorriu-lhe o seu melhor sorriso. Amava-o e queria se entregar a ele por inteiro. Já seria dele para o resto da vida, por que, nos sete infernos, não poderia sê-lo agora?
— Claro, minha doce lady, todos os desejos que quiser. — Um sorriso aprazível capturou seus lábios. — Prometi que lhe faria minha, e farei isso.
Com isso, ele a tomou para si, começando devagar e gentilmente, com todo o cuidado do mundo. A sensação foi avassaladora. Nenhum dos dois conseguiu conter o som gutural que deixou seus lábios. Enquanto se movia, seus olhos jamais deixaram os dela.
— É isso o que queria, minha brilhante lady? Ser completamente minha?
— Sim, meu cavaleiro brilhante — respondeu em um sussurro.
jogou os braços ao redor dele, apertando os dedos e unhas contra suas costas. O ato apenas não deixaria marcas vermelhas porque a parte superior do corpo permanecia vestida. Ainda assim, o toque forte dos dedos dela causaram efeito, estimulando-o a mover-se mais rápido. Gwayne se inclinou, reivindicando os lábios dela em um beijo faminto, sedento.
— Eu sou seu, minha doce lady. — Afastou-se apenas o suficiente para olhar nos olhos dela. — E você é minha. Completamente minha.
— Eu amo você, Gwayne Hightower — sussurrou contra a boca dele com certa dificuldade.
— E eu amo você, Tyrell. Eu te amo mais do que poderia colocar em palavras. — Então a beijou de novo, um beijo doce e possessivo. Suas mãos continuavam a deslizar pelo corpo da garota enquanto seus quadris se moviam em sincronia. Gwayne fechou os olhos, pedindo aos deuses para que o fizessem memorizar cada gemido, cada som prazeroso que escapava dos lábios dela. — Você é a minha garota. É toda minha.
— Para sempre — prometeu ela.
— Para sempre. — Ele sorriu contra sua boca. — E depois.
Gwayne pressionou seus lábios nos dela enquanto se movia mais e mais rápido, aumentando o prazer de ambos. Suas mãos continuavam a adorar seu corpo, o toque reverenciando-a. Ele desejava que ela sentisse o seu amor com cada parte do seu ser. Nada mais importava, exceto aquele instante, aquela mulher. Sua mulher.
— Nunca te deixarei, minha doce . Nunca — murmurou contra a sua pele. Você é minha. Sempre e para sempre.