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Revisada por Nyx 🌙

Última Atualização: 15/04/2025

Perth, Austrália, 2000

- Oh, meu Deus! – A voz de saiu do surto para algo fofo.
- Para de se mexer! – Daniel disse, tentando fazer a câmera focar.
- Não dá, ele é fofo demais! – abraçou o coala mais próximo ao corpo, dando um beijo na cabeça do animal.
- Eu vou tirar! – Danny disse. – Três, dois, um... – tentou dar um largo sorriso no meio de sua feição fofa. – Pronto.
- Posso levá-lo para casa? – disse para a cuidadora do zoológico, entregando o animal.
- Ele é fofo, não? – A mulher disse e fez um carinho na cabeça do animal.
- Eu volto para te pegar, lindinho! – disse.
- Vem logo, , tem gente na fila! – Daniel disse e se afastou rapidamente da mulher, pegando a câmera da mão de Danny.
- Vai! Vai! – Ela disse, se colocando na área de fotos.
- Agora me apressa, né?! – Ele disse, rindo e se aproximou da mulher. – Oi, não me morde! – Ele falou para o coala, fazendo rir.
- Só porque o canguru te mordeu, não quer dizer que todo animal vai te morder. – disse e a cuidadora do zoológico ajudou a colocar o coala sonolento no peito de Daniel.
- Não achava que o canguru fosse me morder. – Daniel resmungou.
- O cara falou para você fazer um punhadinho com a mão, você quis logo dar no dedo, é óbvio que ele ia te morder. – deu de ombros, fazendo as outras pessoas da fila rirem.
- Tira a foto logo! – O menino disse, emburrado e colocou o olho no buraco da câmera antes de tirar a foto. – Ah, ele fez cocô em mim!
- Quê? – olhou para ele, ouvindo a fila gargalhar.
- Ah, qual é! Hoje difícil! – Ele disse enquanto a cuidadora tirava o animal de seu colo e Daniel sacudia a mão.
- Eca! – disse, se afastando dele.
- Agora tem nojo, né?! – Ele correu atrás dela.
- Obrigada, moça! – gritou antes de descer correndo a rampa da área de coalas.
- Volta aqui, !
- Não! – Ela gritou, rindo, ouvindo os passos do garoto atrás dela.
- Vem cá!
- Se livra disso! – Ela gritou, rindo, girando por uma pilastra de madeira.
- Espera! Banheiro. – Ele disse, correndo para outro lado e a menina parou, rindo.
O garoto sumiu pelo corredor do banheiro e foi para a entrada da atração dos coalas para pegar a mochila preta dele e a roxa dela, colocando as suas nas costas antes de voltar para onde estava com Danny. Não demorou muito para ele aparecer com seus cabelos cacheados para cima.
- Tudo certo? – Ela perguntou e ele sacudiu a mão molhada perto dela. – Ai, para!
- Eu nunca mais venho no zoológico, sério! – Ele disse firme.
- Ah, qual é, Danny, não foi tão mal! – Ela estendeu a mochila para ele.
- O canguru me mordeu, o coala fez cocô em mim, pelo menos a girafa mordeu sua trança, não eu. – gargalhou enquanto ele colocava a mochila nas costas.
- Eles gostaram de você, poxa. – Ela deu de ombros. – Mas não é como se você tivesse muita escolha, a gente precisa entregar o trabalho sobre isso.
- Ah, que horas são? – Ele perguntou e a menina olhou em um relógio na parede.
- 14:53.
- A gente tem até as quatro para entregar isso, não é melhor...
- Claro! Vamos na praça de alimentação, a gente almoça e faz. – Ela disse.
- Lesgo-o-o-o! – Ele disse, animado e ambos saíram correndo pelas ruas do zoológico.
Quando eles se aproximaram da praça de alimentação, eles se sentaram em uma das diversas mesas de madeira ali e Danny pegou o dinheiro de ambos e foi até a lanchonete pegar comida para eles. Enquanto isso, pegou seu caderno de “Os 101 Dálmatas”, abrindo em uma folha vazia e escrevendo o título do trabalho e os nomes de ambos.
- Eu pedi picles no seu. – Danny voltou com uma bandeja, colocando no meio da mesa e nela continha dois cachorros-quentes com vários condimentos australianos, além de dois copos de refrigerante e dois sacos de batata chips.
- Obrigado. – Ela disse, pegando o copo do refrigerante e dando um gole nele. – O dinheiro deu?
- Sim, sobrou uns 18 dólares ainda. – Ele disse enquanto ela escrevia “Dia no Zoológico” além dos nomes e sobrenomes de ambos. – E você escreveu meu sobrenome errado de novo... – Danny cantarolou ao ver o papel.
- Ah, droga! – Ela disse, irritada, pegando a borracha e passando com força no papel.
- Não sei qual a dificuldade...
- A dificuldade é que seu nome possui dois “Cs” e um “I” no meio do caminho. Qual o sentido de ter essas duas letras se a gente não fala elas? – perguntou, irritada.
- Na Itália eles falam. – Ele deu de ombros, vendo-a escrever o “Ricciardo” corretamente agora. – Agora sim!
- Vou começar a te chamar de “Ritchiardo” agora. É assim, não?
- No italiano é, mas aqui ninguém fala assim. – Ele gargalhou. – Mas está tudo certo, já esqueci alguns “Ds” do seu nome também.
- No trabalho de inglês ainda. – Ela gargalhou, fazendo-o sorrir.
- Ninguém faz milagre. – Ele deu de ombros.
- Ah, “Ritchiardo”, “Ritchiardo”, de quem foi a ideia de falar “Ricardo”? – Ela o zoou, fazendo-o rir e entregou a folha para ele. – Você escreva, sua letra é mais bonita.
- “Como foi meu dia no zoológico? Um canguru me mordeu, o coala fez cocô na minha mão e a girafa tentou comer o cabelo da ... Fora isso, foi demais!” – Ele falou sarcasticamente, fazendo-a rir.
- Eu não poderia fazer melhor. – Ela deu de ombros, pegando o cachorro-quente e dando uma mordida.
- Quantas linhas precisa ter nisso? – Ele perguntou.
- 20. – Ela suspirou.
- Será que rola aumentar a letra? – Ele perguntou, rindo.
- Talvez... – Eles sorriram juntos e ele espirrou forte. – Saúde!
- Oh, caramba! – Ele disse e lhe esticou um guardanapo.
- Alergia? – Ela perguntou.
- Pólen*. – Ele suspirou, erguendo os olhos para cima.
- Achei que tinha passado.
- Não... – Ele disse passando o guardanapo nos olhos que lacrimejavam. – Tem muito aqui!
- Seu antialérgico está aí? – Ela perguntou.
- Não, nem trouxe, é forte demais, eu ia ficar largado. – Ela concordou com a cabeça antes de ele espirrar novamente. – Ah, caramba! – Ele suspirou.
- Quer que eu ligue para sua mãe? – perguntou.
- Não, é só rinite, está tudo bem. – Ele disse e ela assentiu com a cabeça.
- Se tiver algo que eu possa fazer para te ajudar...
- Valeu, , está tudo bem. Logo passa. – Ele disse suspirando. – Só quero parar de chorar.
- Logo passa! – Ela o imitou, fazendo ambos rirem.

*Daniel tem rinite atacada por pólen, como mostrado em um vídeo da McLaren na corrida de Silverstone em 2021.

Sexta-feira


Fazia muitas horas que eu estava acordada, mas não tive coragem de sair da cama e nem do quarto depois do que teve no fim da tarde de ontem. Eu ouvi Danny se levantando, depois Michael e Blake, então alguém veio espiar se eu estava dormindo – o qual coloquei minhas aulas de atuação no ensino médio para jogo ao fingir que estava dormindo – e fazia pouco mais de uma hora que o quarto estava vazio novamente.
Acabei vindo para o hotel depois da crise ridícula de ciúmes de Danny. Que merda aconteceu? O que ele estava pensando? Não posso mais conversar com ninguém, não? Não me importa há quantos anos somos amigos, ele não tem direito de ficar tendo essas crises de ciúmes por algo que nem existe! Não é minha culpa se os colegas de trabalho dele são lindos, simpáticos e parecem gostar de mim.
Ele até veio atrás de mim quando chegou, mas também fingi que estava dormindo. Ele se sentou ao meu lado na cama, fez carinho em minha cabeça, pediu desculpas e saiu. Isso fez meu coração apertar de uma forma estranha e algumas lágrimas escaparam de meus olhos. Já brigamos antes, mas isso nunca tinha acontecido comigo. Tinha algo acontecendo e podia sentir isso pelos sinais de meu corpo.
Parece que eu estou mais perdida agora do que antes de vir com ele.
Fui criar coragem para me levantar da cama quase meio-dia, tinha medo de eles estarem quietos na antessala me esperando, então esperei que a coletiva pós-FP1 começasse para me levantar. Também estava com fome, os tangyuan haviam sido a última coisa que eu comi antes de me esconder aqui.
Pior que eu sei que tenho que ir no paddock, ainda sou contratada da Red Bull e ainda preciso comparecer ao meu “trabalho”. Talvez essa ideia de Danny tinha sido um tanto louca demais, mas ninguém esperava que ele fosse agir como um amigo ciumento e possessivo, né?!
Isso me faz pensar se eu tinha agido como a amiga ciumenta e possessiva nas duas vezes que ele namorou a Jemma. Mas acho que nunca fui ciumenta assim. Nunca gostei dela e ele bem sabia disso, por causa de uns problemas na escola. Talvez desse um pouco de tratamento de silêncio ou fingia que ela não estava lá, mas não fazia esse drama todo com algo que não existia. Nos afastamos da primeira vez por culpa dele, mas da segunda vez eu engoli o orgulho, apostando na felicidade do meu amigo, e foi isso. A vantagem do último ano é que eu o via menos, então passava pouco tempo com eles.
Agora... Parece que passar tanto tempo assim com Danny estavam bagunçando um pouco as coisas.
Consegui sair do hotel depois de tomar banho e me arrumar com o tradicional uniforme da Red Bull. O tempo em Xangai estava fechado com bastante nuvens, então coloquei a calça jeans junto da blusa e o casaco do Red Bull, além do All-Star de guerra. Como eles já tinham ido, peguei um táxi para o circuito, mas demorou quase uma hora para chegar devido à distância do Four Seasons até o circuito. Ainda bem que tinha alguns renminbi* na carteira.
Chegando ao circuito, o paddock estava vazio e, pelo barulho, imaginei que estivesse acontecendo o FP2, então segui em direção a garagem da RBR, respirando fundo antes de passar pela entrada traseira. O pessoal estava todo concentrado nas televisões distribuídas pela garagem. Pelo contador em regressiva, tinha menos de 15 minutos para o treino acabar.
- Alguém resolveu aparecer. – Virei para o lado, vendo Maria.
- Ei. – Falei, desviando o olhar para televisão.
- Tudo bem? – Ela perguntou e virei o rosto.
- Tudo ótimo. – Falei, cruzando os braços.
- Está tudo bem entre você e o Daniel? – Ela perguntou e suspirei.
- Se você precisa perguntar, imagino que saiba a resposta. – Virei para ela, dando um sorriso sarcástico.
- Ele não estava bem ontem e nem hoje pela manhã...
- Ao menos não fui a única. – Falei, rindo fracamente.
- Você não está entendendo as consequências que isso pode causar, não é?! – Ela falou e ergui a sobrancelha.
- Ele foi mal no treino hoje pela manhã? – Perguntei.
- Quarto melhor tempo e quinto agora. – Ri fracamente.
- Ele bateu? – Perguntei.
- Não...
- Então, por que você está fazendo esse tipo de pergunta para mim? – Virei para ela, encarando-a. – Quem fez merda foi ele. Ele que cuide de suas responsabilidades. – Desencostei da parede, andando em direção a Michael, me encostando na bancada de telemetria.
- Ei, Bela Adormecida. – Ele disse, me abraçando pelos ombros.
- Ei, Mike. – Suspirei.
- Como está? – Ele perguntou.
- Eu estou bem. – Suspirei.
- Posso perguntar sobre ontem? – Engoli em seco.
- Até pode, mas confesso que não tenho a mínima ideia do que aconteceu. – Neguei com a cabeça. – Ele nunca agiu assim.
- Ele também não entendeu o que houve. – Suspirei. – Talvez ele não esteja bem...
- Algo aconteceu? – Virei para Michael.
- Não que eu saiba. – Ele deu de ombros. – Ele não comentou nada. – Ele virou para mim. – De verdade! Vocês já tiveram brigas, mas nada assim... – Engoli em seco.
- Você acha que é caso de eu ir embora e...
- Pelo amor, . Também não é para tanto! – Ele revirou os olhos. – Deve ser só a proximidade que vocês não estão acostumados. Até eu e ele temos algumas brigas de vez em quando. – Ele disse.
- Mas a gente fica colado nas férias... – Minha voz sumiu com o barulho do carro e Michael aproximou o rosto de meu ouvido.
- Mas nunca 24 horas por dia, sete dias por semana, 30 dias no mês. – Suspirei, vendo-o se afastar e apertei os dedos na orelha quando um carro parou em frente à garagem e vi a equipe de Kvyat sair para trazer o carro para dentro. – Ele está chegando, e quer ver você. – Suspirei.
- Como ele ficou? – Mordi meu lábio inferior.
- Você sabe como ele fica quando te chateia. – Ele deu de ombros. – Acho que ele ficou no seu quarto umas duas horas de madrugada, não sei se dormiu lá ou se dormiu no geral... – Suspirei.
- Modo Daniel chateado ativado. – Falei antes de levar os dedos aos ouvidos, apertando-os quando o segundo carro da Red Bull apareceu na garagem e suspirei. É agora!
Os mecânicos trouxeram o carro para dentro de ré e pressionei os lábios ao ver Danny se livrar do volante, da parte de cima do carro, depois deslizar os ombros para fora do carro, e pular para fora dele. Ele se livrou do HANS, entregando para um dos engenheiros e se virou em minha direção.
Eu mal conseguia ver pela fresta da viseira, mas meu corpo travou pelos seus movimentos. Ele puxou o capacete da cabeça e logo depois a balaclava, fazendo seus cabelos suados deslizarem pela sua cabeça. Meus olhos foram diretos para seus lábios entreabertos e precisei pressionar meus lábios uns no outro, engolindo em seco. Ele puxou os fones das orelhas e deu um curto sorriso para mim antes de virar para seu engenheiro.
Meu corpo estava estranho, aquela sensação estranha na boca do estômago tinha voltado e eu me sentia perdida. Que diabos estava acontecendo comigo? Por que diabos eu estava olhando para boca de Danny e achando aquilo extremamente sexy? E essa sensação estranha na barriga? Essa vontade de vomitar misturada com um borbulhamento estranho? Deus!
- Eu vou esperar no paddock. – Cochichei para Michael, deslizando meu corpo para fora da garagem, sentindo a respiração sair mais forte.

*Renminbi é a moeda chinesa.

Daniel

- Só seja legal com ela, por favor. – Blake disse.
- Não fala besteira. – Michael disse em seguida.
- Caras, eu sei o que fazer! – Falei firme. – Isso é entre mim e ela.
- Ok, mas acho que você deveria saber que ela mencionou sobre ir embora e... – Bufei para cima.
- Ela não vai embora! Está decidido já! – Falei firme.
- Talvez até seja melhor ela ir embora, se vocês dois continuarem de graça. – Virei para Maria, que olhava desanimada para mim.
- Meus problemas pessoais resolvo eu, Maria. Se um dia afetar meu desempenho, aí você pode falar algo. – Suspirei, passando as mãos nos cabelos. – Agora eu gostaria que vocês me deixassem resolver isso sozinho. – Virei para eles. – Posso? – Coloquei o boné em minha cabeça.
- À vontade! – Maria disse, erguendo os braços.
- A gente se encontra depois. – Michael deu dois tapinhas em minhas costas e ele e Blake seguiram para o outro lado.
Suspirei antes de sair pelo paddock, vendo-o um pouco mais cheio agora no final dos treinos de sexta-feira. Atravessei pelo mesmo até chegar no motorhome da RBR e entrei devagar, procurando por . Passei por algumas pessoas, dando rápidos cumprimentos, entrando na área do restaurante.
Sorri ao encontrá-la em uma mesa no canto da cantina e pressionei os lábios, andando rapidamente em sua direção. Ela ergueu o rosto quando me aproximei e parei em diagonal à mesa, vendo-a dar um curto sorriso com os lábios pressionados. Ela deixou os talheres em seu prato antes de se levantar.
- Me desculpe... – Falei e ela me abraçou fortemente, me fazendo suspirar e passei meus braços pela sua cintura, apoiando o queixo em seu ombro. – Me desculpe, eu fui um idiota.
- Xi... – Ela pediu, próximo a meu ouvido e fechei os olhos, aproveitando seu abraço.
- Eu preciso dizer... Eu não sei o que aconteceu, eu fui um completo idiota. – Ela afrouxou os braços, mantendo-os em meus ombros e pude olhar em seus olhos. – Eu passei dos limites.
- Um pouco... – Ela disse e suspirei, segurando seu rosto. – Não somos assim, Danny.
- Eu sei, não somos. – Suspirei, olhando em seus olhos. – Me desculpe, de verdade. Se você quiser namorar Nando ou qualquer outro piloto, eu deixo... – Senti um gosto ruim na boca com aquelas palavras, mas ela gargalhou, dando um tapinha em meu ombro.
- Eu não quero, Danny! – Ela negou com a cabeça. – É esse o problema. – Suspirei.
- Vamos sentar... – Falei, indicando a mesa e me sentei na cadeira à sua frente.
- Eu quero uma agitação na minha vida, mas não assim. – Ela suspirou, apoiando as mãos na mesa. – Se for para ter só uma noite divertida, não preciso afetar sua amizade com ninguém daqui de dentro. – Segurei sua mão na mesa. – Mas também não dá para eu fechar os olhos e fingir que não estou aqui...
- Eu sei, eu sei... – Suspirei. – Me desculpe! Eu sei que fiz merda. Não vou fazer isso de novo, prometo. – Ela assentiu com a cabeça.
- E a culpa é toda sua. – Arregalei os olhos.
- Minha?
- É! Você que fica falando de mim para os seus amigos, aí dá nisso. – Ri fracamente.
- Não é minha culpa que eu tenho uma amiga incrível. – Ela sorriu.
- Não mesmo. – Rimos juntos e entrelacei nossos dedos, engolindo em seco com a sensação estranha. – Eu só... Me desculpe, de verdade.
- Está tudo bem. – Ela disse e assenti com a cabeça, suspirando. – Acho que já passamos por coisas piores para nossa amizade acabar agora.
- Estamos juntos pelo resto da vida. – Ela sorriu.
- Espero que sim. – Ela suspirou. – Eu te amo, Danny, você não é... – A voz de sumiu com a batida mais forte em meu peito, meus olhos passaram dos seus para seu nariz, depois seus lábios se movendo e engoli em seco. Que mer... – Danny? – Ela estalou os dedos em minha frente.
- Desculpe. – Sacudi a cabeça. – Ouvindo zumbindo. – Ela assentiu com a cabeça pela desculpa plausível.
- Como foram os treinos? – Ela soltou minhas mãos, fazendo meu corpo murchar na cadeira.
- Foi ok. – Falei, vendo-a voltar a comer o macarrão. – Quarto melhor tempo de manhã, quinto melhor tempo de agora, vamos ver como vão ser as classificatórias amanhã. – Dei de ombros.
- E os outros? – Ela perguntou.
- Massa e Lewis rodaram, Rosbeg deixou o treino por causa da unidade de energia, Gutierrez teve problemas nos freios...
- Nossa, dia de azar, é?!
- Chuva! – Falei, suspirando. – E o Magnussen quebrou a suspenção e bateu.
- Ele está bem? – Ela perguntou rapidamente.
- Sim, está tudo bem. – Falei, usando as mãos para acalmá-la.
- Você tem mais algum compromisso? – Ela perguntou.
- Não, estou livre. Só falta me trocar. – Abri o botão do macacão. – Já fiz entrevista, reunião, estou livre. – Ela assentiu com a cabeça. – Podemos sair mais tarde, se você quiser...
- Acho que com esse tempo, prefiro ficar vendo nosso filme. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Vou poder cantar para você? – Brinquei e ela riu fracamente.
- Precisa mesmo? – Ela fez uma careta fofa e sorri com ela.
- Precisa. – Falei e ela riu fracamente. – Tudo para fazer você se sentir bem.
- Eu estou bem. Prometo! – Sorri com ela.
- Bom saber. – Suspirei. – Se eu for um idiota de novo, pode me bater, ? Mas não me dá tratamento de silêncio.
- Oh, agora eu gostei! – Ela abriu um largo sorriso. – Você prefere um soco de mão fechada no rosto ou um chute lá embaixo? – Fiz uma careta.
- Ah, cara! Também não precisa abusar, né?! – Falei, fazendo-a gargalhar. – Eu preciso dos dois para conquistar as mulheres. – Sua risada ficou mais alta.
- Não sabia que precisava do seu pênis para conquistar alguém, mas, ei, eu não namoro há anos, vai ver as coisas atualizaram e eu não estou sabendo. – Gargalhamos juntos e ela sorriu em seguida. – Vamos esperar que eu não precise escolher, pode ser?
- Sim. – Sorri. – Combinado. – Sorri, vendo-a desviar para seu prato novamente.

Sábado


- Começou! – Ouvi a voz de Simon.
- Daniel! A contagem começou. – Falei, batendo algumas vezes na porta do banheiro antes de ele abrir novamente.
- Desculpe! Emergência. – Ele disse, puxando o zíper central do macacão e levei minhas mãos para o velcro no topo e ele ergueu o rosto para eu fechar.
- Agora vai! – Empurrei-o pelo ombro.
- Não ganho um abraço? – Ele disse, rindo.
- Ah, um abraço! – Abracei-o rapidamente, ouvindo-o rir. – Agora vai! – Empurrei-o pelo corredor e ele foi a passos rápidos para a garagem. – E boa sorte. – Suspirei a última parte.
- Bandeira vermelha! – Ouvi e franzi a testa, seguindo rapidamente até a garagem, me juntando aos meninos.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Wehrlein perdeu o controle. – Blake disse e pressionei os lábios. Pista molhada. O tempo estava igual ontem, uma chuva fina, mas frequente, que caía desde cedo. Outros deslizes e derrapadas aconteceram no treino. Esperava que desse tudo certo para Danny.
Olhei para ele, vendo-o trocar duas palavras com seu engenheiro antes de seguir para dentro do cockpit. Mordi meu lábio inferior ao observar seu corpo com o macacão de classificação da Red Bull, em um azul escuro sem os desenhos mais claros e Danny sumiu dentro do carro. Lhe foi passado a balaclava, protetor bucal, capacete e luvas antes de ele encaixar o volante. Brad o ajudou com o cinto e Danny estava pronto.
O relógio estava parado em 14:38. Tinha passado menos de dois minutos da Q1 até isso acontecer. Ao menos o piloto não se machucou, só relou na lateral e o carro deu problema, provavelmente na unidade de energia. Tive minha experiência com Danny há alguns anos, mas nunca estive envolvida nas reuniões e afins, agora era bom ter esse conhecimento.
Durante a bandeira vermelha, Danny e os engenheiros aproveitaram para fazer os últimos ajustes no carro. Ele precisa estar perfeito. Fazia muito tempo do último pódio dele, um segundo lugar em Singapura, talvez isso o motivasse. Ao menos eles alteraram a forma de classificatória e os carros não seriam mais eliminados durante a classificatória, todos fariam dois tempos e os piores tempos seriam eliminados.
Demorou mais de 15 minutos para que terminassem de limpar o vazamento de óleo da pista, mas quando liberaram novamente, Gutierrez foi o primeiro a sair da garagem, depois Button e Alonso.
Danny foi sair da garagem faltando seis minutos para a Q1 terminar, junto de Raikkonen. E ele só conseguiu computar seu primeiro tempo dois minutos depois, mantendo o padrão do FP1 com o quarto melhor tempo de 1:37:672. Kvyat pegou o terceiro com 1:37:719. Danny voltou para os boxes depois disso para esperar os últimos segundos da Q1 acabar. Com isso, ele acabou caindo para sexto na classificatória. Haryanto, Palmer, Gutierrez e Magnussen, além de Hamilton e Wehrlein que não conseguiram computar tempos, foram eliminados na primeira fase.
Para a Q2, Danny saiu faltando uns oito minutos para acabar e conseguiu o segundo melhor tempo de cara com 1:36:815, me fazendo comemorar com aplausos junto do pessoal dentro da garagem. Danny acabou voltando para a garagem nos minutos finais, caindo para quarto lugar da segunda classificação.
Faltando pouco mais de um minuto e meio para finalizar, Hulkenberg acabou perdendo sua roda dianteira esquerda e tivemos outra bandeira vermelha. Confesso que essa era a parte que mais me irritava no esporte. É importante para a segurança deles, mas era só uma roda, não precisa de bandeira vermelha. Por faltar pouco mais de um minuto, eles encerraram a Q2 mais cedo, então Nasr, Ericsson, Grosjean, Button, Alonso e Massa, ficaram de fora da Q3.
Rosberg, Bottas e Perez foram os primeiros a serem liberados para a Q3, Danny foi logo atrás, já começando a fazer sua volta, ficando em segundo lugar de cara, logo atrás de Rosberg, com 1:36:423. Pena que logo Raikkonen veio e pegou o primeiro lugar de Rosberg, colocando Danny em terceiro.
Os minutos finais começaram a ficar apertados. Bottas conseguiu passar o tempo de Danny, depois Rosberg pegou o de Raikkonen, mas Danny conseguiu melhorar seu tempo também, jogando-o para segundo lugar.
- ISSO! – Gritei, animada, aplaudindo junto de sua equipe.
- Segundo! – Ouvi a voz animada de Danny. – Eu tenho muita carta na manga, galera! – Sorri com suas palavras, acompanhando o carro dele seguir para a parte dos melhores classificados até a garagem da FIA no começo do pit lane.
É um bom começo para uma corrida sensacional amanhã! Que Deus me ouça e que Danny esteja empolgado.
Os repórteres foram atrás de Christian no pit wall e comentaram sobre o corte de cabelo de Danny. Na verdade, estavam comentando sobre esse cabelo desde que ele chegou aqui. Christian comentou que falou para Danny que, se ele ganhar, vai ter que manter esse cabelo pelo resto do ano e que Grace o mataria por isso. Por que todo mundo estava odiando o cabelo? Estava ruim antes, agora ele está gato para caralho!
Fui eu quem disse isso?
É, foi... Eu estou ferrada!
Os mecânicos arrumaram a área do Kvyat e dei um aceno para ele quando ele passou enquanto esperava as informações da coletiva em umas das televisões. Não sabia se podia ir lá, mas como nenhum mecânico foi, nem Michael, eu fiquei aqui esperando, como se eu realmente fosse uma trabalhadora da Red Bull.
- Daniel, você teve que se esforçar no final, sua segunda vez na primeira fila aqui na China, de onde isso veio? – Sorri com a pergunta do repórter.
- Não tenho certeza. – Danny disse, rindo. – Para ser honesto, não acho que começamos na melhor posição hoje, com o balanceamento do carro, não parecia que seria uma boa corrida, mas na Q3 acabamos encontrando mais velocidade. Os pneus super macios são difíceis de controlar, ele fica macio demais conforme a volta vai acontecendo, mas comigo repassando para os engenheiros e eles fazendo as melhorias na pressão e na asa dianteira... É muito incrível, não esperávamos isso hoje.
Sorri com Danny na imagem, me fazendo suspirar. Cara, ele está gato! Danny está muito gato. QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO COMIGO? Eu não podia estar com uma queda em Danny? Podia? Isso já aconteceu antes, há uns 13 anos, mas tinha toda questão do nosso primeiro beijo e afins, e ele nem era tão bonito quanto antes, mas...
- O que está acontecendo comigo? – Minha voz saiu baixa.
- O quê? – Virei para Michael. – Está tudo bem? Parece que viu um fantasma.
- Acho que eu vi. – Suspirei. – Eu vou dar uma lavada no rosto, já volto.
- Ok, vai... – Sua voz ficou perdida quando saí correndo pelos corredores da garagem.

Domingo
Daniel

Ouvi meu despertador tocar e inclinei meu corpo para desligar. Fazia alguns minutos que eu estava acordado, acabamos não dormindo muito tarde. tinha que terminar algumas revisões e se trancou no quarto. Eu não podia beber e nem comer muito por causa da corrida hoje, então acabei perdendo algum tempo vendo alguma coisa no Netflix antes de dormir com a televisão ligada.
Saí da cama e fui para o banheiro com a preguiça de sempre, mas um banho gelado me acordou com mais rapidez. Saí do box com a toalha enrolada na cintura e me encarei no espelho, bagunçando os cabelos, vendo algumas gotas pararem no espelho e ri fracamente. Todo mundo estava falando do cabelo, minha mãe já tinha me xingado para caramba, o pessoal da equipe fazia apostas se me daria sorte ou não, mas parece que tinha gostado, então talvez eu deixasse assim até crescer mais um pouco.
Escovei os dentes, sequei o corpo e os cabelos antes de voltar para o quarto. Passei desodorante, depois meu La Baie 19*, coloquei uma boxer, uma bermuda de tactel e uma camiseta larga. Pendurei a toalha de volta no banheiro e calcei os chinelos pelo meio do caminho antes de sair do quarto, vendo que tudo estava quieto ainda.
Suspirei, dando uma olhada pelas frestas das portas e vi luz saindo pela de , então abri a porta devagar e pressionei os lábios quando vi que era só a cortina que estava aberta. Entrei devagar, encostando a porta devagar e me aproximei da cama, vendo a luz bater em seu rosto e puxei a cortina, observando o dia ensolarado lá embaixo e sabia que seria uma bagunça pela estratégia de ontem. Teríamos que mudar tudo.
Voltei para perto da cama e me sentei na beirada. Ela estava virada para mim, com uma mão embaixo do travesseiro e a outra ao lado do corpo. Meus olhos passaram pelo seu corpo, pela camiseta larga preta e o moletom vermelho, levei a mão até seu rosto, acariciando devagar sua bochecha com as costas do indicador.
Não era a primeira vez que eu vinha aqui logo que acordava ou que ficava observando-a dormir, isso me dava uma calma estranha. Era uma sensação gostosa, mas eu me sentia verdadeiramente perdido com tudo. É . Por que meu coração está querendo sair do peito quando ela sorri ou ri? O que está acontecendo comigo? Eu não conheço esse caminho que eu estou entrando, ele é escuro, cheio de buracos e eu provavelmente estou com um conjunto de pneus ferrados.
Eu não posso estar apai...
Eu não posso...
Eu...
Merda!
Puxei a respiração fortemente, sentindo aquele tradicional cheiro de baunilha* e dei um curto sorriso. Baunilha sempre foi um dos meus cheiros favoritos, depois do cheiro de gasolina e pneu queimado, e sabia que isso vinha do perfume de . Ela o usava desde o ensino médio e, por termos passado alguns anos afastados na escola, acabou se tornando o meu cheiro favorito, além de tudo o que passamos juntos. Mas estar sentindo o que é que eu estou sentindo por ela, parece fazer esse cheio ser o melhor do mundo.
Me assustei com o barulho de seu despertador e pulei da cama, vendo se mexer e olhei um tanto desesperado em volta sem saber para onde ir e minha cabeça funcionou bem mais devagar enquanto ela se girava na cama e tateava a mesa de cabeceira até desligar o barulho. Eu teria que ser o idiota de sempre.
Eu estou ferrado.
- VAMOS LEVANTAR! – Gritei, pulando ao seu lado.
- Ah, merda! Danny! – Ela se assustou, puxando a coberta para cima.
- VAMOS ACORDAR! É DIA DE CORRIDA!
- AH, DANNY! – Ela falou mais alto, puxando a coberta até a cabeça.
- VAMOS LEVANTAR! – Comecei a fazer cócegas em seu corpo.
- DANNY! – Ela gritou no meio das risadas, tentando brigar contra minhas mãos e as mexia com pressa em sua barriga. – DANIEL! PARA! – Ela pulava na cama, puxando minhas mãos e procurava outro lugar para fazer cócegas. – DANIEL! – Suas risadas ficaram mais como gritos e parei antes que ela começasse a soluçar.
- Ok, parei! Dramática. – Falei, relaxando meu corpo na cama. – Quando eu... – Parei minha frase no meio do caminho. Por algum motivo eu não consegui fazer a piada de mulheres gritando pelo meu nome e, por outro motivo, eu queria ouvi-la gritando meu nome de outra forma.
Que merda está acontecendo, Daniel? MERDA!
- Ah, Danny, o que está fazendo aqui? – disse com a voz sonolenta, virando para meu lado, cobrindo o rosto com a coberta. – Não se acorda ninguém assim.
- Achei que você poderia se empolgar um pouco, está ensolarado lá fora. – Falei aleatório, sentindo minha cabeça ferver com o pensamento que passou pela cabeça agora.
- Ah, que legal! – Ela disse, sonolenta, apoiando a cabeça em minha coxa e meu corpo travou. – Me dá mais uns minutos.
- Por quê? Você não colocou o despertador, não? – Minha voz saiu mais rápida que o normal.
- Coloquei, mas acho que foi cedo demais. – Ela disse baixo e engoli em seco. – Você já treinou?
- Ainda não. – Falei, sentindo minha mão descer para sua cabeça.
- Michael quer que eu faça alguma coisa, mas é domingo... – Ela suspirou. – Eu mereço um descanso. – Sorri.
- É... Você merece. – Passei a mão entre seus cabelos, tirando as mechas de seu rosto. – Eu fico mais um pouquinho contigo, ?
- Uhum... – Ela resmungou e suspirei.
- Eu estou ferrado. – Sussurrei.

*Perfume que Daniel disse que leva em viagens, ele disso nisso em um vídeo da GQ Sports.
*Daniel disse em dos "Red Bull on the Sofa" que um de seus cheiros favoritos é baunilha.




- Tenta abusar do lado direito. – Falei, sentindo Danny colocar o boné em minha cabeça.
- Eu vou. – Ele disse e me entregou seu iPod. – A pista está um pouco molhada ainda, mas logo seca.
- Está muito quente. – Falei, colocando seu iPod no bolso de trás da calça. – Boa sorte, ok?!
- Como se fala? – Ele brincou e ri fracamente.
- Arrasa, tigrão. – Falei, sentindo minhas bochechas esquentarem por isso, mas ele sorriu.
- Eu vou... – Ele me abraçou fortemente e suspirei, deixando minhas mãos descerem pelas suas costas. – Te vejo na linha de chegada.
- Espero mesmo. – Falei, me afastando dele devagar. – Agora vai! – Empurrei-o de leve, me afastando para o gramado.
Danny foi para dentro do cockpit, começando a colocar o fone do rádio e o protetor bucal, depois seguiu para a tradicional balaclava, capacete e luvas. Me afastei alguns passos para não atrapalhar seus engenheiros e os carros foram sendo ligados um a um, deixando minhas orelhas zumbindo por alguns segundos.
- Checagem de rádio. – Ouvi Simon.
- Sim, tudo ok. Parece um belo dia para correr, não acham? – Ri fracamente.
- Vamos lá, garoto! – Simon disse e suspirei.
As luzes da volta de apresentação se apagaram e segui rapidamente com os engenheiros de volta para a garagem, vendo o restante dos mecânicos empurrarem as coisas para dentro. Me aproximei de Michael e Blake, arranjando um canto perto do bar e dei um toquinho de punho em Michael e outro em Blake.
- Pronto? – Michael perguntou.
- Sim, vamos lá! – Suspirei, cruzando os braços, olhando para a televisão mais próxima, vendo os carros se alinharem no grid e as luzes já se acendiam uma a uma. Aproveitei os segundos para fazer um sinal da cruz.
Quando as luzes se apagaram e os carros largaram, uma gritaria gigante começou na garagem, porque Danny conseguiu sair à frente de Rosberg e pegar a liderança de cara, mas uma batida entre as duas Ferrari fez os gritos se tornarem apreensão, mas os carros seguiram para a segunda e terceira curva e, pelo jeito, os carros estavam bem, pois nenhuma bandeira foi sinalizada. A empolgação da equipe era maior ao perceber que Kvyat estava em terceiro lugar.
- Vamos, garotos! – Suspirei, apertando minha mão.
Kimi, Hamilton e Grosjean precisaram voltar para os pits para trocar a asa dianteira devido à bagunça, não sabia que Lewis e Romain estavam no meio da bagunça, mas todos estavam de volta à pista.
Depois de três voltas, Danny continuava liderando, mas tinha um pequeno problema sobre liderar uma corrida, você só conseguia mudar de posição se fosse ficar para trás, e Rosberg parecia vir com pressa, ficando a meio segundo atrás de Danny. Era muito apertado.
Como se alguém realmente ouvisse meus pensamentos, Rosberg aproveitou o DRS habilitado e ultrapassou Danny pela direita com muita facilidade. E antes de alguém falar algo no rádio, vi o pneu de Danny literalmente sair voando pelos ares.
- Merda! – Suspirei, apertando a mão de Michael ao meu lado.
- Gente... – Danny falou no rádio enquanto Kvyat o passava. – Perdi um pneu.
- Box agora, Daniel! Box! – Suspirei.
- Que merda! – Sussurrei, acompanhando Danny em direção aos boxes.
Eles fizeram a troca e Danny saiu com pressa do pit stop. Quando ele voltou para a pista, ele estava em décimo oitavo. Que merda! Para piorar tudo, o safety car foi liberado segundos depois, então vários carros voltaram para os boxes para fazer a troca de pneus. Danny agora voltava com pneus macios.
Enquanto o safety car estava na pista, os replays foram passados na televisão e mostraram a batida de Vettel em Kimi, depois Nasr em Hamilton. Nada como um começo tumultuado de corrida para esquentar minha cabeça. Danny conseguiu uma posição pela ida aos boxes de vários carros, mas o clima dentro da garagem não era do mais amigável.
Minha cabeça seguiu para hoje de manhã quando eu acordei e me vi deitada na coxa de Danny. De início fiquei confusa de onde eu estava, mas reconheci a tatuagem do barco com a frase “no regrets, only memories” e levantei correndo da cama em susto. Ele também tinha adormecido de novo depois da crise de cócegas logo cedo.
Isso já aconteceu antes, mas, por algum motivo, eu me senti incomodada, como se fosse algo proibido. Como se fosse algo com um significado diferente. Como se eu quisesse que tivesse um significado diferente. Minha cabeça estava fervendo muito. Eu não podia gostar de Danny. Isso não podia acontecer com a gente. Com uma amizade tão longa quanto a nossa, não tem futuro um relacionamento.
Relacionamento? Oh, meu Deus! Eu já estou pensando em ficar com Danny, namorar e... MEU DEUS! Cala a boca, ! Fica quieta, pensamento da ! Por favor! Não dificulta as coisas mais do que já estão.
Eu só não entendia por que isso nunca tinha acontecido antes, somos amigos há tantos anos e mesmo com todos os altos e baixos, todas as investidas de nossos familiares de fazer isso acontecer, nunca aconteceu. E VAI ACONTECER JUSTO AGORA? Não, não, não!
O safety car saiu da pista somente na décima volta, mas Danny conseguiu ultrapassar Magnussen e Ericssen em literalmente dois segundos. Depois ele passou Hulkemberg e Palmer, ficando em décimo terceiro lugar.
Merda! Danny é talentoso para caramba.
Na décima terceira volta, ele passou Hamilton, Gutierrez e ficou com o décimo primeiro lugar. Enquanto Danny tentava cortar todos os pilotos e tentar recuperar o primeiro lugar, Kvyat havia passado Massa e ocupava o segundo lugar agora. Ao menos alguém estava tendo um bom dia.
Danny subiu para décimo na décima quinta volta, agora ele já estava dentro da zona de pontuação, mas ele merecia o pódio, especialmente depois daquele começo incrível. Na décima sétima volta, ele ultrapassou Hamilton – novamente – e Alonso foi para os pits, abrindo espaço para Danny chegar em oitavo. Vettel foi para o pit stop e ele chegou em sétimo. Perez saiu e ele foi para sexto, mantendo a briga contra Hamilton pela posição.
Na vigésima volta, Danny veio para o pit stop para troca de pneus e saiu em décimo sexto lugar. Caralho! Agora é correr para recuperar o tempo perdido, mas tinha dois terços de corrida ainda para finalizar. Duas voltas depois, ele já brigava pelo décimo lugar contra Sainz, Alonso e Kimi, deixando-os para trás.
Depois de algumas passagens, ele estava em oitavo, logo atrás de Bottas, mantendo posição. Na vigésima sétima volta, ele passou Button pela direita e caiu para sétimo. Na vigésima nona volta, com auxílio do DRS, ele passou Perez. Com a mudança de câmera nas televisões, lá pela trigésima segunda volta, ele já estava em quinto.
Após um deslize de Vettel, Danny estava de volta em segundo lugar, mas foi bem na mesma volta que ele fez seu terceiro pit stop, voltando para corrida em nono. Faltava pouco menos de 20 voltas e muita coisa podia acontecer aqui em Xangai. Talvez agora ele aguentasse até o fim da corrida sem parar.
Na quadragésima primeira volta, ele apareceu em sétimo, competindo contra Bottas pelo sexto lugar, aumentando a distância após passar. Talvez o pódio estivesse em aberto ainda e tenha esperança para ele conseguir o pódio que tínhamos esperança por ele largar em segundo lugar.
Na batalha pelo quarto lugar, estava Danny, Hamilton e Massa. Danny conseguiu fazer um movimento para ultrapassar Hamilton e ficou a meio segundo de Massa, enquanto Lewis continuava a meio segundo dele. Com sorte, a ultrapassagem dele em cima de Massa foi mais rápida do que Lewis nele.
- ISSO! – O pessoal comemorou, animado.
Estávamos em quarto com 12 voltas restantes. À frente dele, só Kvyat, Vettel e Rosberg. Apesar de tentar reduzir a distância dele para Kvyat, Danny não conseguiu e acabou finalizando uma corrida que tinha tudo para ser perfeito, em quarto lugar novamente. O quase foi qua-a-ase de novo. Mas dessa vez não era um quase legal, se não fosse o pneu furado na terceira volta, aposto que o final seria totalmente diferente.
Enquanto os mecânicos da Red Bull saíram correndo em direção ao pit wall para comemorar com Kvyat e depois em direção ao pódio em cima do box da FIA, abaixei o fone em minha orelha e segui por trás da garagem, saindo pela rua do paddock e fui correndo na direção do box da FIA. Era a terceira corrida e terceira vez que Danny batia na trave. Ele deveria estar muito bravo, especialmente pela estratégia errada usada no começo da corrida.
Ele foi o primeiro a sair do box da FIA abraçado ao capacete e cabisbaixo. Suspirei, sentindo meu peito apertar e desviei de algumas pessoas, acelerando o passo, vendo-o erguer o rosto com o barulho dos meus pés no chão e dei um curto sorriso antes de pular em seus ombros, abraçando-o apertado.
- ... – Ele suspirou, apertando meu corpo com os braços e seu capacete apertou em minha bunda. – Eu estou bem... Eu estou...
- Você não precisa ficar bem. – Apoiei minha cabeça na dele, ficando levemente na ponta dos pés. – Só saiba que estou aqui, ok?!
- É muito bom ter você aqui. – Ele sussurrou, apoiando a cabeça em meu ombro.
- Você fez algo incrível em terminar em quarto, Danny, de verdade. – Suspirei.
- Mas podia ter terminado em primeiro. – Ele se afastou devagar e passei as mãos em seu rosto, limpando um pouco do suor. – Seria minha melhor corrida em muito tempo... – Assenti com a cabeça.
- Podemos sempre tentar na próxima vez. – Dei um curto sorriso e ele assentiu com a cabeça, me abraçando pelo ombro e colando os lábios em minha testa, me fazendo suspirar. – Eu estou aqui, ok?!
- Eu sei! Até quando não estava. – Acariciei seu rosto, vendo seus olhos mais baixos.
- Me dá um sorriso. – Ele riu fracamente, dando um sorriso. – Assim que eu gosto. – Ele riu, me apertando mais perto de si.
- Daniel... – Virei o rosto, vendo Massa se aproximar. – Desculpe, cara! – Danny me soltou quando eles se cumprimentaram. – Vai dar certo na próxima vez.
- Obrigado, cara! – Danny falou e suspirei.
- Bom te ver, . – Sorri.
- Bom te ver também. – Trocamos dois rápidos beijos.
- A gente se vê! – Ele disse, dando dois tapinhas nos ombros de Daniel.
- Até mais! – Ele disse.
- Eu tenho que fazer entrevistas... – Danny disse.
- Ei, cara! – Virei para o lado, tentando parecer calma ao lado de Lewis Hamilton. – Desculpe pelo que houve! – Eles se abraçaram.
- Obrigado. Está ok! – Danny disse, recebendo dois tapinhas nas costas. – Esta é .
- Prazer te conhecer de verdade. – Ele me abraçou de lado e trocamos dois rápidos beijos.
- O prazer é meu. – Sorri e ele assentiu antes de sair. – Oh, meu Deus! – Falei, rindo.
- Você vai explodir. – Danny disse.
- Me desculpe, já conversamos sobre isso, mas é...
- É, eu sei, é o Hamilton. – Ele abanou a mão, me abraçando pelos ombros. – Agora vamos lá, eu preciso fazer umas entrevistas. – Ele suspirou. – Ao menos Kvyat pegou um pódio.
- É, o pessoal está feliz. – Suspirei.
- Acho que o último dele foi junto do meu na Hungria.
- Bom, agora ele conseguiu o dele de novo, falta o seu. – Falei e ele suspirou.
- Aqui vamos nós. – Ele disse e vi Maria no meio do paddock, me fazendo tirar o braço da cintura de Danny.

Daniel

- Ele me chamou de torpedo! – Gargalhei.
- Como assim? – Tombei a cabeça para trás.
- No incidente no começo da corrida, ele chegou “você veio como se fosse um torpedo”. – Gargalhamos juntos.
- E o que você respondeu? – Perguntei.
- Que era corrida, ele queria que eu fosse devagar? – Rimos juntos. – Pena que você teve o acidente.
- Podia ser pior, cara. Real! – Balancei a cabeça.
- Eu sinto muito...
- Não, cara. – Falei para Dani. – Consegui recuperar, podia ser pior. Eu estou feliz por você, de verdade.
- Obrigado, cara! – Ele disse. – Precisamos fazer mais pelo campeonato de construtores.
- Nem fala! – Suspirei, passando as mãos molhadas no rosto. – Mas sempre tropeçamos no começo, a gente recupera logo.
- Esperamos! – Ele disse. – Ao menos você ainda está em terceiro lugar no campeonato, é legal...
- Sim! É! Tropeçando, mas estamos indo. – Rimos juntos.
- Daniil, precisamos de você. – O assessor dele apareceu na porta.
- Ok, estou indo. – Dani assentiu. – A gente se fala depois.
- É, claro! – Falei e demos um rápido toque antes de ele se levantar da banheira e sair.
Suspirei, tombando a cabeça para trás e abaixei o rosto na água, sentindo-o esquentar por alguns segundos antes de subir para a superfície novamente. Apoiei a cabeça na quina da banheira e fechei os olhos. Não demorou muito tempo até eu ouvir a porta se abrir e virei o rosto para o lado, vendo sair, abraçada ao casaco.
- Hora de sair! – Ela disse, me esticando uma toalha.
- Já? – Perguntei.
- Está muito frio, você vai se resfriar! – Ela disse e ri fracamente.
- Valeu aí, mamãe! – Disse e ela riu. – Me dá só mais uns minutos. – Suspirei.
- É sério, Danny! Vai ficar mais frio e pior para você sair dessa água quente. – Ela sacudiu a toalha.
- Ok, ok, eu vou. – Suspirei, soltando a respiração antes de me levantar da banheira.
- Eu não preciso ver isso. – Ela disse, se virando de costas e ri fracamente.
- Eu estou de cueca! – Falei, sentindo o vento frio que ela falou.
- E eu não preciso ver isso. – Ela esticou a toalha para trás e peguei de sua mão. – Limites, lembra?
- É, claro, eu deveria acrescentar o seu pijama curto nos limites? – Falei, secando o rosto e esperei pela sua resposta.
- É diferente... – Ela disse rapidamente e gargalhei. – Eu te espero lá dentro.
Ri fracamente quando ela seguiu para dentro do prédio e saí da banheira, terminando de me secar do lado de fora. Enrolei a toalha na cintura antes de calçar os chinelos e empurrei a porta para dentro, entrando no segundo andar do motorhome da RBR. Empurrei a porta do meu vestiário, encontrando , Michael e Blake ali.
- É, limites! – disse, tombando a cabeça para trás e colocando uma almofada em seu rosto.
- Você tem o prazer de ver o cara mais bonito do mundo e... – As risadas de Michael e Blake ficaram mais altas e dei um sorriso.
- Eu prefiro ficar quieta. – Ela disse e peguei minha roupa na mesa antes de seguir para o banheiro.
Terminei de me secar direito e coloquei uma cueca limpa antes de trocar por jeans e camiseta. Deixei a toalha pendurada ali e dei uma rápida olhada no espelho, ajeitando os cabelos, antes de sair e encontrar os três da mesma forma.
- Você tem mais o que fazer? – Michael perguntou.
- Não, é isso. – Fui até minha mochila.
- Eu vou descer com as coisas. – Michael disse.
- Eu te ajudo. – Blake disse e peguei meu celular, abrindo as mensagens rapidamente.
- Eu vou ficar aqui. – disse com a almofada no rosto e dei um toquinho em seu pé, vendo-a abaixar os pés e me sentei no espaço vazio e ela ergueu os pés novamente em meu colo.
Entrei nas mensagens, vendo algumas mensagens de meus pais, minha irmã, alguns colegas de profissão, observações de Maria e Christian e vi um link na mensagem de Massa. Abri e estava escrito “mensagem para você. Aceita?”. Entrei no Instagram e era um vídeo de seu filho andando de crazy kart na sacada da casa dele, e aquilo me fez sorrir.
- Ei, Ricciardo, eu desafio você a correr, estou esperando! – Ri fracamente, sorrindo e se levantou ao meu lado, olhando meu celular.
- Esse é o filho do Massa? – Ela perguntou.
- Sim, somos quase vizinhos, eu amo esse garoto. – Ela riu fracamente.
- Ele é fofo! – Ela disse e subi para o escrito na legenda “Ei, @danielricciardo, alguém está te desafiando para a corrida de Crazy Kart dele. Vai aceitar essa, cara? #FelipinhoVSRicciardo”
- Ah, cara, isso é demais. – Sorri. – Você fala um pouco de brasileiro, não? – Virei para .
- É português, mas sim, um pouco... – Ela tombou com a cabeça para o lado.
- Como eu falo que aceito o desafio? – Ela sorriu.
- Você pode começar com “ei, Felipinho”.
- Ino?
- Inho! – Ela disse firme. – É NH.
- Felipino...
- Inho.
- Felipinho. – Falei devagar.
- Isso. – Ela sorriu. – Você pode falar “aceito o seu desafio”. – Ela dizia com naturalidade.
- Aceito o seu desafio... – Falei devagar.
- Fala para fora, parece que está engolindo as palavras.
- Aceito o teu desafio. – Falei.
- E é isso. Você falou “Hey, Felipinho, I accept your challenge”. – Ela voltou para inglês.
- E como eu digo que amanhã estou lá?
- Pode ser “amanhã estou aí”. – Ela disse devagar.
- Amanhã aí.
- Estou...
- Amanhã estô aí. – Ela fez uma careta.
- Não está perfeito, mas saiu. – Ela deu de ombros.
- Ok, espera um pouco. – Abri a câmera, vendo-a se afastar para outro lado e coloquei na câmera frontal, respirando fundo. – Não ri. – Pedi.
- Vai logo! – Ela disse, rindo e suspirei, apertando o botão de começar a gravar.
- Ei, Felipinho... – Falei devagar. – Aceito o seu desafio... Amanhã aí. – Falei sério e ergui o braço, contraindo-o antes de abrir um sorriso e parei de gravar.
Abri a conversa do Massa novamente e anexei o vídeo antes de escrever: “manda para ele: ‘estou cansado de levar bullying do filho do Massa, a quantidade de besteiras que ele fala já saiu do controle. Eu aceito seu desafio e vou levar toda força que eu tiver”, anexei um fogo no final e enviei.
- Vocês brincam bastante? – perguntou.
- A gente divide a garagem, então toda vez eu entro e tem adesivos no meu carro, aí eu colo no deles, ele bate na porta de casa e sai correndo... Coisa boba. – Ela sorriu.
- É fofo. Você sempre teve jeito com criança. – Ela deu de ombros.
- Eu tenho a mesma mentalidade que eles. – Ela gargalhou, tombando a cabeça em meu ombro e vi Massa responder.
“Aceita mesmo? Vou para casa na folga, marcamos um almoço e fazemos uma criança feliz”. – Sorri.
- Ei, , que tal irmos para Mônaco no fim dessa semana? Eu tenho uma folga... – Virei para ela.
- Mesmo? – Ela ergueu o rosto com pressa.
- É... Podemos aproveitar um pouco da cidade antes da correria do GP. – Falei.
- De verdade? – Ela se levantou, animada. – Eu posso entrar em Mônaco? – Rimos juntos.
- Acho que ser revisora da Michelin já te torna metida o suficiente, então liberado. – Gargalhamos juntos.
- Eu topo de olhos fechados. – Ela disse, sorridente. – Você só provavelmente vai ter que pagar tudo, mas quem se importa? Amigos são para essas coisas, não? – Gargalhei com ela, jogando uma almofada nela, fazendo-a rir.
- Eu vou combinar com Felipe. – Falei, desviando o rosto para o celular de novo.
“Sim, para valer. Pode ser sexta? Devo ir para Londres para fazer trabalho no SIM*.”
“Perfeito, vou mostrar o vídeo para ele”
– Massa respondeu e sorri, erguendo o rosto para .
- Eu vou para Mônaco! Eu vou para Mônaco! – Ela começou a dançar no meio do vestiário, me fazendo abrir um largo sorriso, e algo que me dizia que não é pela dança ridícula, tinha algo a mais.

*SIM: simulador. Os pilotos passam muito tempo nele quando estão em pré-temporada ou fora das pistas.





Perth, Austrália, 2001

se sentia um tanto estranha enquanto seu pai a levava para a escola. As férias de verão na sua avó em Sydney haviam sido estranhas, muito aconteceu em pouco tempo. Era para ser só dois meses curtindo a maior cidade da Austrália, que ela sempre adorou de paixão, mas tudo bagunçou de uma forma inacreditável.
A começar pela sua primeira menstruação, poucos dias antes do Natal, ela acordou assustada com um sangramento em sua calcinha. Normal para uma menina de 12 anos, mas ela não se sentia nada confortável em como isso acabou mudando seu corpo. Além dos pelos pubianos e do novo cuidado excessivo todo mês, ela notou um crescimento em seus seios, fazendo sua mãe levá-la para um passeio nada confortável no shopping para comprar seu primeiro sutiã.
Depois disso, ela notou como suas blusas começaram a ficar curtas quando ela espichou alguns centímetros, e as nada agradáveis espinhas começaram a surgir em seu rosto, junto como cabelo mais ondulado. Ao menos isso ficou mais bonito. O problema é que, além de se sentir perdida com toda mudança corporal, ela se sentia um monstro.
Então, chegar na escola depois de passar por tantas transformações em pouco tempo, era como encarar o primeiro dia de aula novamente. Ela queria chorar de raiva, mas sabia o quanto seus pais estavam tentando animá-la com as mudanças naturais da vida. Mas ela sabia que não era tão animador assim, ela apostava que Danny não tinha mudado em nada e esperava que aquela história de “os meninos amadurecem mais devagar”, fosse mentira. Ela não podia ser o Patinho Feio sozinha.
- Chegamos, filha. – Alexander falou e ela suspirou.
- Eu preciso ir mesmo, pai? – Ela tentou mais uma vez, apesar da voz quase chorando nem ser mentira. Ela estava há um passo de chorar.
- Vai dar tudo certo, criança! Papai vem te buscar e vamos tomar um sorvete bem gostoso, pode ser? – Ela deu um aceno de cabeça. – Agora, vem! – Ele esticou os braços para ela e a menina soltou o cinto de segurança antes de dar um abraço em seu pai. – Eu te amo e você está linda.
- Obrigada, pai! – Ela suspirou, se ajeitando novamente em sua poltrona, pegando a mochila no chão.
- Arrasa, meu amor! – Ele disse e ela assentiu com a cabeça antes de empurrar a porta.
Ela ajeitou as alças da mochila que sua avó havia lhe dado antes de abraçar o fichário perto do peito. Os cabelos soltos e levemente armados ajudavam a esconder um pouco de seu rosto enquanto ela andava cabisbaixa para dentro da escola, observando outras pessoas entrando correndo em sua frente.
Ela passou pela entrada da escola e ergueu o olhar ao ver as diversas crianças entrando correndo ali. O primeiro dia de aula era sempre bagunçado, ainda mais dos alunos da sexta série que não eram mais os novatos e nem estavam pertos de se formar.
Ela encontrou a placa que dizia sexta série e respirou fundo várias vezes antes de entrar na sala. Pela visão periférica, ela sabia que vários alunos estavam ali, mas como não tinha mapa de sala ainda, ela seguiu para a cadeira mais ao fundo que conseguiu e se escondeu ali. Abriu o fichário, pegou uma das suas várias canetas em gel e começou a preencher as informações de aula.
Sua cabeça baixa não permitiu que ela visse a chegada de seu amigo. Tirando mais cachos na cabeça e o corpo mais bronzeado, Daniel não tinha mudado nada durante as férias. A estatura deixava mais alta do que ele, e o sorriso largo ainda era o mesmo com os dentinhos tortos, mas nem uma espinha esse menino tinha ainda.
Apesar das tentativas de se esconder, Daniel enxergou muito bem. Telepatia de melhores amigos, ele usaria como desculpa. Ele não notou nenhuma mudança de cara, então se aproximou na pressa, colocando sua mochila na cadeira na frente dela, para reservar o lugar.
- Agora somos legais e sentamos no fundo? – Ele falou e ela ergueu o rosto devagar. – Uau! – Ele disse ao notar o rosto da menina.
- Não fala nada, por favor. – Ela inclinou o corpo na cadeira, fazendo o corpo descer mais.
- Por que não? Uau, ! Você linda! – Ele disse, sorridente.
- Mesmo? – Ela perguntou, incerta.
- Uhum! – Ele disse exageradamente. – Uau! As férias te fizeram bem. Eu quebrei um dente. – Ele deu de ombros e a menina abriu um largo sorriso.
- Você só está dizendo isso porque eu sou sua amiga. – Ela disse.
- Nem é! Você sempre foi bonita e eu nunca disse nada. – Ele se sentou na cadeira e ela assentiu com a cabeça.
- Obrigada... – Ela suspirou.
- O que aconteceu? – Ele perguntou e ela suspirou, bufando ao pensar como responderia isso.
- É coisa de menina. – Ela deu de ombros.
- Eu sou seu melhor amigo, eu posso saber. – Ele disse.
- É coisa de menina, acredite, você não vai querer saber. – Ela suspirou. – Puberdade, sabe?
- Ah... – Ele disse como se já tivesse ouvido a palavra e não tinha empolgação nenhuma de chegar lá. – Pelo menos te fez bem.
- Diz isso para minhas cólicas. – Ela suspirou, abaixando a cabeça na mesa de novo. – Mas e suas férias? Como foram?
- Tudo certo. – Ele deu de ombros. – Papai me levou para andar de kart algumas vezes, mas senti sua falta para gente brincar.
- Eu também! – Ela suspirou.
- E como foi em Sydney? Legal?
- Sim, foi legal! – Ela ponderou. – Tirando... – Ela deixou a frase no meio do caminho.
- Você soube que Dale morreu? – Danny disse.
- Dale? Em Dale Earnhardt*? – Ela perguntou, surpresa.
- É... Semana passada em Daytona. – O menino suspirou.
- Ah, não! Sinto muito, Danny! – Ela apoiou a mão no ombro do menino. – Sei o quanto gostava dele. Ele bateu?
- Sim... – Ele suspirou. – Foi na última volta... Faltava pouco para ele pegar pódio com o filho dele. – O garoto fez um bico. – Foi quase igual o Senna...
- Sinto muito, Danny. De verdade. – estava sentida, como não tinha sabido disso? Como não ligou para o menino ontem para saber? Como tia Grace ou tio Joe não avisaram?
- É o segundo piloto que eu gosto que morre, por que isso acontece? – A garota não tinha resposta.
- É um esporte perigoso, Danny...
- Mas eles são profissionais, , não deveria ser assim...
- Sinto muito, de verdade. – Ela suspirou. – Se tiver algo que eu possa fazer para você... A gente pode fazer alguma coisa.
- Lembra daquele filme que a gente viu? Do ogro que vai salvar a mocinha? – Ele comentou.
- Sim. – Ela disse.
- Estreou, a gente pode ver. – Ele disse. – Posso pedir para a mamãe levar a gente.
- Meu pai quer me levar para tomar sorvete. Você pode ir com a gente. – Ela disse.
- Vai ser legal. Mas o que deu para o seu pai te levar para tomar sorvete na segunda-feira? – Ele perguntou, confuso, fazendo-a rir.
- Eu meio para baixo por causa dessas mudanças, ele está tentando me animar. – Ela deu de ombros, fazendo-o rir.
- Fica mais para baixo, vai saber o que a gente vai ganhar! – Ele disse, fazendo-a rir. Todo mundo sabia que onde ela estava, ele estava atrás.
- Combinado! – Ela disse.
- Agora sorria, você está bonita, ! – Ele disse e ela assentiu com a cabeça. – Se eu já sou bonito, imagina quando passar por isso, então. – A garota conteve o riso, dando um sorriso para o amigo enquanto a professora de geografia entrava na sala.
- Bom dia, alunos! Como foram as férias? – Ela disse, colocando os diversos materiais na mesa.

*Dale Earnhardt: piloto estadunidense que competiu na NASCAR. Daniel é declaradamente um grande fã dele e da competição. O piloto morreu aos 49 anos em um acidente em sua última corrida.

Mônaco, 2016


É a primeira vez em muito tempo que eu não dormia em uma viagem.
Ok, não vamos exagerar. Eu ainda estava com um pouco do efeito do remédio por ir até Paris de Xangai, depois até Nice. Danny ficou meio solitário durante essas 15 horas, mas depois que entramos no trem para Mônaco, cara! Eu estou realmente surtando.
Sabe uma daquelas coisas que você pensa que é impossível de acontecer? Eu me sentia assim com Mônaco. É a cidade-estado mais famosa do mundo, onde vivem os ricos e famosos e que você precisa ter, segundo estudos, 100 mil euros em uma conta local só para viver lá, sem poder mexer. QUEM TEM ESSE TANTO DE DINHEIRO DANDO SOPA?
Daniel tem esse tanto de dinheiro... Além de vários outros corredores de Fórmula 1.
Agora, pensando em alguém normal como eu... Deus! Eu tenho uma vida confortável pela Michelin, meus pais me deixaram uma ótima pensão e algumas heranças, mas meu salário não sai de quatro dígitos. Tenho a sorte da empresa pagar boa parte como viagens e afins, mas não é nada parecido com os seis milhões de euros que Danny faz por ano na Red Bull. Se você tirar três zeros, talvez chegue perto do meu salário.
Ao menos o meu é mensal.
Agora voltando para Mônaco... Cara, isso é loucura, mesmo com Danny tendo moradia aqui. É difícil explicar como eu vejo o Danny, é quase como se ele tivesse duas vidas para mim. A vida que passa as férias comigo em Perth, como se ainda estivéssemos na escola, e a vida de corredor de Fórmula 1, ganhando milhões de euros ao ano e curtindo mais do que uma estrela do rock. Ver essas duas pessoas se fundindo em uma só ainda era bagunçado para mim.
E poder fazer parte dessa bagunça toda era incrível. Me sentia bem idiota por todos os anos que me mantive longe por um medo que eu não conseguia controlar. Tudo bem que eu sou uma pessoa normal e não gosto de ficar dependendo dos outros e nem do dinheiro de Danny, mas eu poderia ter ido em algumas corridas e não ter ficado aumentando esse trauma sozinha durante anos.
Ai, se arrependimento matasse.
- Está tudo bem? – Virei para Danny.
- Sim, está. – Dei um curto sorriso. – Só pensando...
- Algo para dividir? – Ele segurou minha mão e pressionei os lábios, sentindo meu coração apertar mais forte.
- Só estou pensando o quanto fui estúpida em afastar essa parte da sua vida de mim. – Ele sorriu.
- Nem chegamos e já está emotiva? – Rimos juntos.
- Só pensando mesmo... – Suspirei e ele passou o braço em meu ombro, me puxando para mais perto de si.
- Eu nunca mais vou deixar você ficar afastada de mim por aquele motivo, . – Apoiei a cabeça em seu ombro, sentindo-o acariciar minhas costas. – Não é tão ruim, vai...
- Não, não é... – Suspirei.
- Tivemos o problema com Alonso, mas ei... – Ri fracamente.
- Espero que não tenha nada assim mais... – Suspirei. – Nem com Alonso, você ou ninguém...
- Espero também. – Ele disse. – Uma bandeira vermelha demora demais, dá mais vontade de ir no banheiro. – Rimos juntos.
- Próxima parada, Mônaco. – Ouvi o autofalante.
- Chegamos. – Ele disse e ergui a cabeça de seu ombro. – Só não fique decepcionada, ok?!
- Por que eu me decepcionaria com Mônaco? – Perguntei, rindo.
- Mônaco em fim de semana de GP é uma coisa, fora disso, é totalmente diferente. – Ele disse. – É confortável... – Sorri. – É onde eu me sinto mais perto de casa.
- E agora eu estou aqui. Agora vai parecer como Perth de novo. – Ele abriu um largo sorriso.
- É, algo assim. – Ele disse, rindo. – Bom ter você aqui, . – Pisquei para ele, fazendo-o desviar o rosto e senti o trem desacelerar. – Levanta, pega sua mochila! – Ele disse e me levantei, mantendo os pés firmes no chão e entramos na estação de trem de Mônaco.
Peguei minha mochila, colocando nas costas enquanto Danny fazia o mesmo e segui pelo corredor até a porta recém-aberta. Danny apareceu ao meu lado, ajeitando um boné na cabeça e ele passou a mão em meu ombro para me guiar pela estação.
- Não é para ter muita gente, mas vamos sair daqui logo. – Ele pediu.
- Claro, claro! – Falei, seguindo com ele e subimos pela escada rolante.
Danny seguiu a palavra “sortir” e minha visão ficou escura por alguns segundos antes de sairmos da estação. Meu corpo travou assim que saí e pude respirar o ar puro novamente. Olhei pelas laterais, vendo os tradicionais prédios de Mônaco, os carros pequenos e as Vespas e, à minha frente, podia ver uma parte do mar, além de vários iates atracados no porto. Eu simplesmente não pensei e atravessei a rua.
- ! – Danny gritou e apoiei minhas mãos na grade, olhando para o inclinado lá embaixo até o porto, me fazendo sorrir e senti a mão de Danny nas minhas costas. – Pelo amor de Deus, ! Não faz isso. – Gargalhei ao seu lado.
- Desculpe! – Virei para ele. – É lindo, Danny! – Ele riu fracamente, apoiando a mão no peito.
- Agradeço, mas meu coração parou por um segundo. – Rimos juntos.
- Você dirige carros que passam de 350 quilômetros por hora e seu coração parou porque eu atravessei a rua sem olhar? – Ele me abraçou, me fazendo rir.
- Essas Vespas são perigosas, cara! Eles acham que todo dia é dia de GP. – Rimos juntos.
- Eu vou ter mais cuidado, papai! – Ele sorriu.
- Vamos embora! – Ele disse.
- Como vamos? – Perguntei.
- O apartamento é literalmente dois quilômetros daqui, qual é, estamos em Mônaco. – Ponderei com a cabeça. – Como está sua mochila?
- Mais leve do que a sua. – Falei, rindo.
- Quer andar? Assim já conhece mais da cidade. Porque você não vai conseguir conhecer quando voltarmos para o GP.
- Não tem problema para você? – Virei, empolgada.
- Todo mundo que mora aqui é mais famoso ou interessante do que eu, vamos lá! – Rimos juntos.
- Vamos...
Eu literalmente só segui Danny, mas eu acabei ficando para trás em vários momentos para tirar fotos dos lugares e ver lugares conhecidos. Não passamos pelo litoral, nem pelo famoso Casino de Monte Carlo e Hôtel de Paris, mas Mônaco inteira é um museu a céu aberto e dava para reconhecer muitas coisas que via na TV.
- Essa é a rua de casa. – Ele disse, entrando em uma rua curvada com milhares de apartamentos próximos um do outro.
- Uau! – Falei.
- É pequeno e mora muita gente aqui. – Ele disse. – Muito piloto ou ex-piloto também. – Olhei para cima, vendo que tinha uns 12 andares. – É quase um condomínio, daqui até o fim da rua é esse mesmo prédio. – Ele disse. – Na parte de trás fica o porto que, na teoria, já pertence à França.
- Isso nem vai bagunçar minha cabeça. – Falei, sacudindo a cabeça.
- Vamos entrar! – Ele disse e segui logo atrás dele. – Tente não se perder.
- Impossível. – Falei, vendo os diversos corredores para os diversos lados. – Merda! Isso não foi nada planejado, né?!
- É, algo assim. – Ele disse, rindo, seguindo para o lado esquerdo.
- Posso fazer uma pergunta indesejada? – Segui com ele.
- Manda!
- Quanto você paga para viver aqui? – Perguntei, vendo-o parar em um elevador e apertar o botão.
- Hum... Dois milhões*. – Ele disse e arregalei os olhos.
- Sua fazenda em Perth custa menos. – Falei e ele me empurrou para dentro do elevador quando ele abriu. – E é do tamanho desse quarteirão inteiro. – Ele me ignorou. – É pelo glamour, vai!
- Não é só pelo glamour. – Ele disse. – Aqui é perto de todos os circuitos europeus, dos treinos, da fábrica, do centro da Red Bull, o clima é bom quase todo ano, é parecido com o tempo australiano e é a cidade da Fórmula 1...
- E não tem imposto, vai! – Dei um sorriso para ele. – Seus milhões ficam inteiros.
- É... Isso ajuda muito! – Gargalhamos juntos e ele saiu de costas pelo corredor.
- Até eu que sou mais tonta! – Segui logo atrás dele e ele abriu uma porta.
- Bem-vindo a meu canto de verdade, . – Ele disse e fui logo atrás dele, entrando em um pequeno hall. – Não fique abismada pelo pé direito alto e a larga sala de estar.
- E você reclama do meu apartamento em Perth! – Falei, rindo e ele me empurrou pelos ombros para fechar a porta.
- Aqui do lado esquerdo tem a cozinha com lavanderia... – Ele me mostrou o pequeno cômodo que mal cabia uma pessoa com móveis em U.
- Não tem janelas, Daniel. – Falei firme.
- Você odiaria cozinhar nela, eu sei. – Ele me puxou de volta, me guiando pela sala.
- Como você cozinha aqui?
- Eu não cozinho! – Ele disse, sério. – Essa é a sala de TV. – O espaço era maior com um sofá de couro preto espaçoso, uma mesa de centro, uma televisão larga em cima do rack, uma mesa redonda com quatro cadeiras, um varal de roupas no canto da sala, além de uma estante com vários troféus e capacetes. – Ali tem uma sacada onde eu deixo algumas coisas de exercícios.
- É um apartamento universitário, Danny. Olha a zona! – Falei, rindo, me aproximando da porta para a sacada, vendo a rua de onde chegamos de um lado e o oceano do outro. O apartamento dele ficava de lado.
- Fico feliz que gostou. – Ele disse, sarcástico, me fazendo rir.
- Não disse que não gostei, mas é pequeno. Te garanto que não paguei dois milhões pelo meu apartamento. – Falei, rindo e ele me empurrou para o outro lado, voltando à entrada principal.
- Do lado de cá fica meu quarto. Aqui tem um quarto de bagunça. – Ele apontou para o pequeno quartinho. – Aqui temos o banheiro. – Ele empurrou a porta do banheiro convencional. – Um closet... – Ele indicou a porta da esquerda com outro cômodo pequeno. – E meu quarto. – Ele indicou a mão, tirando a mochila das costas.
A cama de casal ficava no canto direito entre duas mesas de cabeceira e do lado esquerdo tinha um armário, além de várias malas que mostravam a bagunça dele. À frente tinha outra sacada coberta, com uma mesa e seis cadeiras.
- E ali tem uma sacada. – Ele abriu a porta, saindo para a sacada e fui até ela, sentindo o vento.
- Que andar estamos? – Perguntei.
- 11. – Ele disse e voltei para dentro.
- É fofo, Danny. – Falei, deixando minha mochila ao lado da sua na beirada da cama. – Está uma bagunça, mas é fofo... Pequena para o valor que se paga, mas acho que bom para um homem solteiro e para o que você precisa. – Dei um sorriso.
- Você não odiou? – Ri fracamente.
- É claro que não! – Dei de ombros. – É confortável. – Imitei suas palavras, vendo-o sorrir.
- Bom que gostou. – Ele coçou a nuca. – Vamos ficar aqui pelos próximos dois dias e pelos dias de corrida. – Assenti com a cabeça, cobrindo a boca para bocejar.
- Vamos ver se vai abafar o som das festas.
- Talvez abafe, mas estaremos nas festas também, então não tem motivo. – Rimos juntos. – Bom, como está seu sono?
- Acho que tem um pouco do remédio aqui ainda para fazer efeito. – Suspirei, coçando os olhos.
- Por que você não tira uma soneca? – Ele foi até a cama, tirando algumas camisetas em cima dela. – Eu dou uma geral no apartamento e saímos para jantar. Eu escolhi um lugar especial para uma guia da Estrela Michelin. – Rimos juntos. – Mas você não vai trabalhar hoje, quero que se divirta. – Ele disse fofo e sorri, assentindo com a cabeça.
- Combinado. – Pressionei os lábios um no outro. – Eu só preciso ir ao banheiro.
- Fica à vontade. Mi casa es su casa. – Sorri.
- Gracias, Daniel! – Suspirei. – Acho que já vou tomar banho, assim durmo mais fresca.
- Pode fechar a porta do quarto e ficar à vontade. Ainda tem umas horas para sairmos. – Ele seguiu em direção à porta e mordi meu lábio inferior.
- Ok. – Ele puxou a porta. – Ei, Danny... – Ele abriu a porta com pressa. – Que tipo de roupa se usa para um jantar em Mônaco? – Ele riu fracamente.
- Só seja você mesma, . – Ele disse fofo e assenti com a cabeça, vendo-o puxar a porta e mordi meu lábio inferior fortemente.
Voltei para dentro do quarto, seguindo até a sacada novamente e entreabri uma fresta para deixar o vento entrar. Apoiei o rosto no batente da porta e suspirei, dando um pequeno sorriso. Meu coração batia forte, mas apesar de toda bagunça em meu coração, eu estou feliz agora. Eu me sinto bem.
Espero que tudo continue assim.

*Todas as informações citadas monetárias nessa cena foram feitas com base de pesquisas na internet.

Daniel

- Você deveria ver a cor do céu agora. – Comentei, abotoando a blusa. – Está bom para você surtar.
- Estou terminando! – Ela gritou do banheiro e me encarei no espelho dentro do closet.
A camisa de festa grafite com alguns desenhos florais meio alaranjados não era nem novidade junto da calça jeans e os Vans nos pés. Passei as mãos nos cabelos e ponderei com a cabeça. Estava bom, melhor que as roupas da Red Bull. Ouvi a porta do banheiro ser aberta e inclinei a cabeça para o lado para ver sair dela e entreabri os lábios, surpreso.
Ela usava um vestido longo azul marinho com algumas grandes flores rosadas espalhadas nele. O decote do vestido era profundo por causa das alças finas e uma perna aparecia pela fenda do lado esquerdo do vestido. Nos pés ela usava uma sandália baixa, os cabelos estavam soltos nos ombros e ela tinha uma maquiagem leve no rosto.
- Uau! – Acabei deixando escapar.
- O que acha? – Ela fez uma careta, mordiscando o lábio inferior antes de dar uma volta ao redor do corpo e notei o vestido baixo nas costas.
- Você está linda... – Falei, engolindo em seco pela forma embasbacada que eu falei.
- Ideal para um jantar em Mônaco?
- Você está perfeita. – Soltei em um sorriso e suas bochechas enrugaram com o elogio.
- Obrigada... – Ela desviou o rosto, seguindo pelo quarto e coloquei minha cabeça para fora para acompanhá-la pegar o colar e engoli em seco.
está gostosa!
Ela sempre foi linda, ficou gostosa com o tempo e eu sempre acabava observando, mas não a ponto de constatar isso conscientemente. Não a ponto de querer colocar minhas mãos embaixo de seu vestido e pressioná-la na parede. PORRA! Eu estou ferrado!
Na verdade, eu estou MUITO ferrado!
- Que céu lindo! – Ela falou e sacudi a cabeça, saindo do quarto, observando o vento sacudir um pouco a barra do seu vestido.
- Sabia que ia gostar. – Peguei minha carteira, colocando no bolso de trás da calça e peguei o celular, colocando no outro.
- Fico imaginando isso em dia de corrida. – Ela comentou, colocando um colar.
- Você vai ver em um mês. – Falei e ela virou o rosto para mim.
- Agora entendo o que fala do tempo. Está bem gostoso. – Sorri.
- É... – Passei o olhar pelo seu rosto.
- Está tudo bem? – Ela perguntou e sacudi a cabeça, passando a mão no cabelo.
- Sim, sim! Só te esperando. – Falei.
- Um minuto! – Ela se virou novamente, me fazendo sentir o cheiro do perfume de baunilha e flores e suspirei.
Respirei fundo, erguendo os olhos para cima e tentei tirar esses pensamentos bagunçados da minha cabeça. Eu não podia fazer isso agora. Eu não conseguia fazer isso agora. Sabe o quão ferrado é isso? É quase me colocar dentro de um liquidificador.
- Coloca para mim? – Ela se virou com uma pulseira e abaixei os braços, segurando as duas pontas da pulseira dourada com um pingente em formato de prisma que era de seus pais e tive um pouco de dificuldade em fechar por causa das mãos tremendo. – Vai dar muito certo você dirigir dessa forma. – Ri fracamente.
- É pequeno demais. – Falei, fechando e girando o pingente para cima. – Pronto.
- Podemos ir. – Ela pegou uma pequena bolsa, passando pelo seu braço e era como se eu visse seus movimentos em câmera lenta.
- Vamos... – Indiquei com a cabeça e segui à frente, erguendo os olhos para cima. Jesus, me ajuda!
- Como vamos? Andando? – Ela perguntou.
- Não, tenho outra forma. – Falei, puxando a porta quando ela passou e ela chamou o elevador.
- Algum carro esportivo que eu preciso saber? – Rimos juntos e apertei o botão do primeiro estacionamento.
- Você vai ver. – Falei, encostando na parede e ela sorriu.
- Me sinto uma criança quando você fica escondendo essas coisas de mim. – Ri fracamente.
- Tem que ter alguma vantagem em nossas vidas serem diferentes. – Dei de ombros, fazendo-a rir, se virando para o espelho e suspirei.
A porta do elevador se abriu e saímos juntos no estacionamento. Andei pelo local, procurando minha Vespa e esperava que tivesse gasolina, porque não andava com ela desde o fim do ano passado. Ou antes.
- Uma Vespa?! – perguntou, surpresa. – Você tem uma Vespa? – Ela pulou, animada.
- Eu tenho! – Falei, rindo, girando a chave, vendo o hodômetro subir. – Mônaco é pequena, tirar o carro da garagem é maior trampo. – Ela sorriu.
- Oh, agora fiquei empolgada!
- Deixa eu... – Abri o banco, pegando dois capacetes e entreguei um para ela. Coloquei o meu, ajeitando no queixo e virei para ela que ajeitava o seu também. – Tudo certo? – Chequei o fecho em seu queixo, vendo-a pressionar os lábios em um sorriso. Mordisquei meu lábio inferior e desviei o olhar para montar na Vespa e a liguei, apoiando os pés no chão. – Sobe aí.
- Espera que tem bastante pano aqui. – Ela disse, rindo e observei-a juntar a barra de seu vestido antes de apoiar a mão em meu ombro e eu senti a compensação na Vespa. Meu corpo travou com a proximidade dela, mas me travou mais ainda quando ela passou as mãos em minha barriga. – Eu estou pronta!
- Va-vamos... – Falei, acelerando um pouco.
- Você tem carteira para isso, não? – Ela disse perto de meu ouvido e ri fracamente.
- Talvez... – Brinquei, acelerando devagar antes de colocar os dois pés dentro da Vespa e seguir para fora do estacionamento.
O pôr do sol em Mônaco era um dos mais bonitos que eu já vi, especialmente pelo clima mais limpo e por não ter prédios tão altos que o cobrem, mas não deu para eu aproveitar tanto, minha cabeça só estava nas mãos de em minha cintura e sentia meu corpo mais contraído do que normalmente.
Saí da rua do meu apartamento, passando pelo Rosário da Princesa Grace, depois passei pela Avenida des Papalins até cair na Avenida Albert II, passando por dentro do túnel embaixo do Palácio Real até cair na Route de la Piscine, beirando o Porto Hercule.
- Na rua de trás ficam os boxes na corrida. – Falei um pouco mais alto para .
- E onde estão? – Ela perguntou.
- Montam só no dia. – Falei.
- Isso é loucura! – Ela disse, rindo e entrei na Avenida J.F. Kennedy, passando pelo Iate Clube, caindo no Boulevard Louis II, continuando à beirar do Mar da Ligúria à direita até cair na avenida Princesa Grace no Hotel e Resort de Monte Carlo.
- Chegamos. – Falei para , entrando no recuo do hotel e parando logo à frente de um valet.
- Boa noite. – Um homem disse e saiu da Vespa e saí logo em seguida, tirando o capacete da cabeça.
- Você passou em lugares incríveis. – Ela disse, fazendo o mesmo e sacudindo os cabelos.
- Achei que seria legal turistar um pouco contigo. – Ela sorriu.
- É demais! – Ela suspirou, entregando seu capacete para o valet.
- Vem comigo. – Falei, fazendo o mesmo e ele me entregou um ticket. – Eu tinha duas opções para te levar, aqui, ou em outro restaurante que fica dentro do Hôtel de Paris... – Acenei para algumas pessoas enquanto entrávamos no resort. – Esse restaurante aqui tem uma estrela Michelin, comparado com o outro que tem três, mas esse tem uma vista mais bonita. E eu sei o quanto adora vistas.
- Onde você me levasse eu ia amar, Danny! – Ela disse, rindo e parei na porta do restaurante.
- Boa noite, reserva para Ricciardo. – Falei para o homem na porta que conferiu na lista.
- Venha comigo, por favor. – Ele disse e indiquei à frente para , vendo-a seguir com o homem.
O Blue Bay é um restaurante relativamente mais novo em Mônaco, possui uma decoração mais atual e sofisticada, além do largo terraço para a Baía de Roquebrune, onde pedi nossa mesa. O maitre puxou a cadeira de para ela se sentar e me sentei à sua frente, dando um aceno de cabeça para o homem que se retirou.
- Aqui é lindo, Danny. – Ela suspirou, observando o local e um garçom trouxe dois tablets, estendendo em nossa direção. – Merci. – Ela disse e dei um aceno de cabeça.
- Sabia que ia gostar. – Falei, vendo-a deslizar o dedo pela tela.
- Chef Marcel Ravin. – Ela ponderou com a cabeça. – Francês, é claro!
- Não quero que você trabalhe hoje, ok?! – Falei firme e ela ergueu os olhos delineados para mim.
- Não estou trabalhando, é só inevitável não deixar meus conhecimentos virem à tona de vez em quando. – Ela sorriu.
- É estranho ouvir você falar dos chefs como se fossem estrelas...
- São para mim. – Ela deu de ombros. – É o mesmo que andar pelo paddock e encontrar Nikki Lauda ou Alain Prost. – Ela deu um curto sorriso. – Só que são poucos na minha profissão que tem o reconhecimento mundial, como vocês.
- Imagina? Chef Addams? – Brinquei, fazendo-a abrir um largo sorriso.
- Seria legal... – Ela suspirou. – Eu ia gostar de algo assim, com uma vista bonita e um lugar que fosse sofisticado, mas confortável o suficiente para a pessoa vir de sandália rasteira. – Ela disse, observando o horizonte.
- Você pode fazer isso, . E não é a primeira vez que digo. – Ela virou o rosto para mim, assentindo com a cabeça.
- Eu sei, mas montar um restaurante desse nível, não é simplesmente decidir, são muitos detalhes para levar em conta.
- Excuse moi. – O garçom retornou. – Com os cumprimentos do chef. – Ele deixou duas taças de champanhe além de um aperitivo.
- Merci. disse. – Viu? – Ela virou para mim. – Não sei se eles sabem quem você é, mas eles provavelmente assumiram que somos um casal, então trouxeram uma taça de champanhe... – Ela pegou a taça, sentindo o aroma da bebida antes de dar um pequeno gole. – Uma bebida levemente adocicada para abrir o paladar. – Ela disse. – O tipo de bebida que combina com essa cidade, com esse pôr do sol e com um casal de namorados... – Ela disse, rindo e sorri. Por algum motivo não tive vontade de mudar essa brincadeira dela.
- E o que é isso?
- Isso é amuse bouche. – Ela disse e olhei confuso para ela. – Um tipo de aperitivo de uma mordida só. – Ela pegou um deles com a ponta dos dedos, colocando inteiro na boca. – Isso é uma tortinha de anchovas. – Ela disse e peguei o mesmo que ela, colocando na boca. – Sinta a mistura de texturas. – Ela dizia movimentando as mãos e tentava acompanhar o que ela dizia. – O crocante da massa com o macio da mistura de anchovas...
- Eu não sou fã de peixe, mas isso é gostoso. – Ela riu fracamente.
- E isso é... – Ela colocou o outro na boca. – Como um bom francês, ele tem foie gras no cardápio. – Ela riu fracamente. – E tem uma geleia de tomate em cima.
- Eu me surpreendo com seu paladar. – Falei.
- Mastiga, não engula. – Ela disse olhando para mim. – Aproveita o momento, porque acaba muito rápido. – Assenti com a cabeça. – Sinto um tom de cacau também.
- Chocolate, hum? – Comentei.
- Amargo, mas sim. – Ela disse e reconheci, assentindo com a cabeça.
- É diferente quando você está trabalhando ou se divertindo? – Perguntei, observando seus olhos.
- Sempre. – Ela suspirou. – Com amigos... Com você, eu estou misturando minhas duas coisas favoritas do mundo. – Sorri.
- Eu me sinto dessa forma quando te vejo roendo as unhas no fundo da garagem. – Rimos juntos.
- Eu não roo unhas! – Ela sorriu. – Nem tenho unhas para roer, na verdade. – Ela observou as unhas sem esmalte. – Regra um na faculdade de gastronomia.
- Regra um dentro do paddock. – Mostrei minhas unhas curtas e rimos juntos.
- Ao menos temos algo em comum. – Ela sorriu.
- Muito mais do que só isso, . – Falei, pegando minha taça. – Rola um brinde?
- A quê? – Ela fez o mesmo.
- Para eu não falar uma lista de motivos, posso só dizer: a nós. – Suspirei. – Ao que é que a vida está reservando para nós... – Ela assentiu com a cabeça.
- A nós, Danny. – Tocamos nossas taças de leve e ela deu um gole e me peguei observando na mudança da feição em seu rosto quando ela realmente apreciava uma comida.
- A nós... Enchanté. – Suspirei, dando um curto gole.



- Acho que perdi as contas de quantos pratos eles trouxeram. – Danny disse, me fazendo rir.
- Eles possuem um pequeno aperitivo antes do prato. É uma boa ideia para a pessoa poder experimentar ao máximo os pratos. – Falei. – São porções relativamente boas, mas não o suficiente para você se sentir completamente cheio. – Coloquei mais um pouco do carbonara de abóbora na boca, dando meu suspiro número um milhão, seja pela comida, pelo local ou por Danny.
- Você me disse o que era, mas eu esqueci. – Ele falou.
- Espaguete a carbonara de abóbora verde com trufa negra, queijo parmesão, presunto ibérico e especiarias. – Falei. – Aí do lado tem bacalhau com espuma de pimenta vermelha e pão de mandioca picante.
- Eu vou deixar você escolher o que eu for comer sempre. – Sorri.
- Você tem suas restrições, mas ir sem preconceito é um ótimo começo. – Ele ergueu o rosto enquanto mastigava.
- Eu nunca pediria algo assim, de verdade. – Sorri.
- Como eu sempre disse: tem algo diferente entre comer e apreciar.
- Mas você está sempre apreciando. – Ele disse. – Seja um McDonald’s ou uma comida assim. – Suspirei.
- Eu fui forçada a procurar sempre pelo melhor nos últimos cinco anos, Danny. – Dei de ombros. – Mas sabemos que não é sempre e nem todo mundo que pode deixar 140 euros em um jantar de quatro pratos como esse com frequência. – Suspirei. – Por isso que valorizar a comida, agradecer por ela, apreciar os gostos, sabores e texturas, é primordial para mim. – Mordisquei meu lábio inferior. – É como se os momentos mais importantes da vida pessoal estivessem aqui, em volta de uma mesa.
- Você fala como se estivesse apaixonada... – Ele comentou.
- Eu estou! – Falei rapidamente, engolindo em seco. – Eu digo... – Ri fracamente. – Eu amo uma boa comida, mas aqui... – Suspirei. – Não é só a comida. É diferente do que comemos no Bahrein, por exemplo. Lá tinha uma história por trás, uma combinação de sabores mediterrâneos, várias coisas desconhecidas, agora aqui... – Ergui os olhos para os seus, observando seus olhos castanhos esverdeados e engoli em seco. – Eles não vendem um prato de comida, eles vendem o local, o momento, a sensação do local, o sentimento entre nós... É diferente. – Ele sorriu. – Ah, merda!
- O quê? – Ele perguntou, rindo.
- Eu sou perfeita para a Michelin. – Falei baixo. – Eu sou uma revisora completa. – Suspirei.
- Eu gosto de te ouvir falar, apesar de não entender nada. – Rimos juntos.
- Eu fui moldada para isso, praticamente. De pensar que comecei minha carreira porque gostava de cozinhar.
- E sua comida ainda é a minha favorita. – Tombei a cabeça para o lado.
- Você está dizendo isso porque é meu amigo. – Falei. – Olha isso. É impossível dizer isso.
- Você também pode fazer isso, . – Ele falou. – Você sempre faz comida para um batalhão, é difícil cuidar de detalhes quando você cozinha para 12 pessoas. – Sorri.
- Eu sinto saudade de criar. – Fiz uma careta, fechando um olho e ele sorriu.
- Um restaurante em City Beach? – Ele mencionou a praia perto de casa. – Na Challenger Parade?
- Ah, cara! – Abri um largo sorriso, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
- Uma vista boa, um clima perfeito em boa parte do ano, sem muitos turistas... – Minha cabeça foi para longe. – Uma mistura de comida italiana com australiana? – Levei a mão ao rosto, pressionando os lábios. – Ou mais perto do Parque do Jubileu?
- Você vai me fazer chorar assim. – Olhei para ele que sorria.
- Por quê? – Ele segurou minha mão em cima da mesa.
- Porque é perfeito... – Suspirei. – É perfeito de verdade. – Ele entrelaçou nossos dedos.
- Eu posso te ajudar a fazer isso acontecer, . Você só tem que me dizer. – Ele suspirou.
- Minha cabeça está uma bagunça, não consigo fazer nenhuma decisão agora, mas parece perfeito. – Mordisquei meu lábio inferior. – Mas pode ser efeito dessa comida sensacional. – Ele riu comigo.
- Eu posso te lembrar no café da manhã de novo. – Ele disse e suspirei.
- Por favor... – Pedi, abrindo um sorriso logo em seguida. – Me deu vontade de passar no mercado, comprar algumas coisas e fazer teste naquela sua cozinha minúscula. – Ele gargalhou.
- Não fala mal da cozinha! – Ele pediu e soltei sua mão devagar, apesar de gostar do contato e voltei a atenção à minha comida.
- Se eu passar mais do que uma semana naquele apartamento, te garanto que eu transformo a sacada da sala em uma cozinha melhor do que a que você tem. – Falei e ele riu, cortando mais um pedaço de peixe.
- Eu não duvido. – Ele disse, rindo. – Mas eu mal cozinho lá, de verdade. Só o básico.
- Você não pode nunca queimar nada naquela cozinha, o cheiro não tem para onde sair. – Rimos juntos.
- Bife e batata é meio fácil de acertar.
- Comida de universitário. – O zombei e ele me encarou.
- , ! – Ri com ele.
- Nós brincamos sobre eu ser sua chef, mas você come muita coisa boa. – Falei. – Comida de qualidade. Eu comi risoto de Portobello, fala sério!
- O que é Portobello? – Ele perguntou, rindo.
- Cogumelo. – Gargalhamos juntos. – É um tipo de cogumelo marrom.
- Viu? Você é muito mais sofisticada do que eu. – Ri fracamente.
- Você é um corredor de Fórmula Um comendo risoto de Portobello dentro do paddock na China. – Falei, rindo. – Não tem como ser mais sofisticado do que isso. – Ele gargalhou, jogando a cabeça para trás.
- Ok, ok, eu concordo com isso, mas ainda é diferente! O primeiro tipo de comida que vem na minha cabeça quando eu penso é um hamburguer com bacon e queijo cheddar, não... – Ele pensou. – Risoto de Ponte Belo e...
- Portobello! – Falei, gargalhando.
- Viu?! Entende? – Rimos juntos.
- Mas você pode comer um hamburguer com bacon e queijo cheddar e ser uma alimentação diferenciada. Tudo depende dos ingredientes usados e, mais do que isso, depende do momento. – Sorri. – Não dá para comer esse tipo de comida sempre, às vezes queremos uma refeição de quatro pratos sofisticada com uma ótima garrafa de Chateau La Calisse, mas tem momentos que só queremos um hamburguer bem engordurado sentados no sofá de pijama e meias, assistindo NASCAR ou Mountain Bike. – Ele sorriu.
- Eu sou esse cara e você é a do Portobello. – Sorri.
- Nós dois podemos ser ambos, Danny. Depende do momento. – Dei de ombros, vendo-o sorrir.
- É uma boa combinação. – Ele assentiu com a cabeça, pressionando os lábios em um sorriso e engoli em seco.
- É... É sim. – Sustentei o olhar por alguns segundos, ficando levemente incomodada quando ele fez o mesmo e desviei o olhar para meu prato, dando uma última garfada no espaguete. – Eu quero sobremesa agora. – Passei o guardanapo na boca, ouvindo-o rir.

Daniel

- Meus elogios ao chef. – disse, sorrindo. – Foi um prazer.
- O prazer é nosso. – O garçom disse e entreguei a conta para ele.
Me levantei logo após , vendo o garçom se retirar e ela se aproximou da beirada que dava para dentro do resort e mordisquei meu lábio inferior. Fazia muito tempo que eu não tive um jantar tão gostoso quanto esse, inclusive com ela. Era como se uma chave tivesse mudado e ela tivesse se transformado em uma pessoa totalmente diferente para mim. Tirei meu celular do bolso, abrindo a câmera e tirei algumas fotos dela de costas.
- ... – Chamei-a e ela virou o rosto para mim, o qual tirei outras fotos.
- Danny... – Ela falou, rindo.
- Sorria! – Falei, vendo-a se virar para mim, apoiando o quadril na bancada e sorriu para mim. Acabei sorrindo com ela enquanto tirava algumas fotos.
- Chega! – Ela disse, rindo, esticando a mão em minha direção e apertei mais algumas vezes antes de desviar a mão dela, gargalhando junto. – Para!
- Uma juntos, vai. – Falei, chamando-a com o braço e ela me abraçou, apoiando a outra mão em meu peito e virei a câmera, tirando uma foto nossa e depois pressionei meus lábios em sua cabeça para tirar mais algumas, fechando os olhos por alguns segundos.
- Chega! – Ela disse, rindo, se afastando de mim e tirei meu braço de seu ombro. – Vamos embora. – Ela seguiu à minha frente.
- Nem vem! – Falei, seguindo logo atrás dela. – Não vou deixar você dormir de novo.
- Não dizendo isso, mas a não ser que tenha alguma festa agora, não acho que tenha muito o que fazer aqui. – Andei ao seu lado, apoiando a mão na base de suas costas.
- Não tem muito o que fazer aqui, mas estamos em Mônaco. A gente arranja o que fazer. – Guiei-a para fora do restaurante, seguindo pelo resort.
- Vai finalmente me levar para andar no seu iate? – Ela perguntou e ri fracamente.
- Eu esqueci de pedir para preparar, quando voltar aqui eu levo, prometo! – Falei.
- Vai dizer que o iate está igual seu apartamento? – Ela perguntou, me fazendo fechar a cara e ela riu disso.
- Não nessa forma, digo sobre ter um piloto para levar você para dar uma volta, coisas assim.
- Ah, entendi! – Ela disse, rindo e entreguei o ticket para o maitre. – Mas nem precisa de nada, só quero ter o prazer de entrar em um iate mesmo e tirar umas fotos para tirar com a sua cara. – Gargalhei, negando com a cabeça.
- Eu preparando um puta passeio e você quer só “tirar umas fotos”. – Afinei a voz e ela me deu um soco no braço. – Ah! – Rimos juntos.
- Ah, não sei! Não faço parte dessa nata, Danny! – Rimos juntos.
- Depois desse jantar, você me mostrou que faz. E de uma bem mais restrita do que a minha. – Ela sorriu.
- Fazer uma competição de quem é mais metido, chefs de cozinha ou pilotos de Fórmula Um! – Ela brincou e eu pressionei os lábios.
- Ah, cara! Agora você chegou numa competição boa! – Rimos juntos. – Se levarmos em consideração eu e você... Pilotos são mais metidos.
- Ah, com toda certeza! – Ela gargalhou.
- Mas vocês falam mais chique! – Falei rapidamente.
- Ah, claro! Apex, chicane, puncture! – Ela disse, gargalhando. – Fala que o pneu furou e está tudo certo! – Gargalhei alto. – Eles vão entender.
- Eles vão entender. – Falei rindo e vi o valet me entregar a chave.
- Aqui, senhor.
- Obrigado! – Falei, andando para perto da Vespa e peguei um capacete da mão do valet, entregando para . – Vamos dar uma volta.
- Eu deveria ter vindo de calça. – Ela comentou, colocando o capacete.
- Não, você está bonita assim. – Falei e ela ergueu o rosto, dando um curto sorriso.
- Obrigada. – Ela juntou a barra do vestido de novo e subi na Vespa, ligando-a novamente e o farol dessa vez. Ela subiu na garupa, me abraçando pela cintura e dei um sorriso enquanto colocava o capacete. – Vai devagar, acabei de comer.
- Ela só vai a 120 quilômetros por hora! – Falei, virando o rosto para trás.
- Ah. – Ri fracamente.
- Vamos sair desse buraco. – Falei, acelerando a Vespa e ouvi rir atrás de mim.
Segui de volta para Fontvieille de forma devagar. Eu estava simplesmente amando esse dia, não queria que acabasse tão cedo. Eu estava confuso com todos meus sentimentos, mas ver de outra forma estava me deixando feliz demais. Sei que isso implicava em diversas coisas, pensando em quantos anos somos amigos, mas eu queria descobrir mais e ver onde isso ia dar.
- Você não disse que a gente não ia para casa? – Ela perguntou quando passei pela rua de casa.
- Mas não vamos ainda, aqui é mais vazio. – Falei, atravessando a fronteira para França e passei pela Avenida Port de Cap’Ail, vendo alguns iates perdidos por ali.
Segui por entre a pequena rua do píer até chegar ao final dela, tendo o porto com alguns iates do lado esquerdo e mar do lado direito, sendo separado somente pela rua e uma mureta de pedras. Fui até o final dela, parando a Vespa e desliguei-a, sentindo me soltar e descer antes de mim.
- Isso é incrível! – Ela disse, aparecendo em minha visão quando ela se aproximou da murada e sorri com o vento sacudindo seus cabelos e seu vestido. Tirei o capacete, parei a Vespa e segui logo atrás dela.
- É um lugar legalzinho. – Falei, rindo.
- Eu entendo por que você gosta daqui. – Ela disse, virando para mim e apoiando o quadril na murada. – É como férias sempre...
- Tem um sentimento bom, né?! – Falei.
- Tem... – Ela suspirou, apoiando as mãos na murada e apoiei as mãos em suas coxas, ajudando-a a subir e ela sorriu. – Obrigada.
- Quando precisar. – Falei, me apoiando ao seu lado.
- É como... – Ela apoiou as mãos em seu colo para evitar que o vestido voasse. – Como se pudéssemos ficar aqui e fingir que o resto do mundo não existe.
- É, algo assim. – Suspirei, observando seus pés sacudirem embaixo. – Isso fora de GP. – Ergui o rosto para ela.
- Não dá nem para imaginar uma cidade... Do que eu chamo? Cidade? País? – Rimos juntos.
- Do que você quiser. – Sorri.
- Ah, enfim, não dá para imaginar uma cidade calma assim naquela loucura. – Ela disse, sorrindo.
- É outra cidade. – Falei. – Muda completamente. Mas a vantagem é que depois que acaba, eu vou para o apartamento e durmo na minha cama. – Dei de ombros. – Os hotéis são ótimos, os motorhomes não são ruins, mas dormir na minha cama...
- Seu próprio chuveiro! – Ela disse, tombando o corpo para o meu lado, me fazendo rir. – Eu não posso nem dizer muito sobre cama. A sua cama na fazenda é mais a minha cama do que a minha cama no apartamento. – Sorri, sentindo-a apoiar a cabeça na minha.
- E você tem um quarto na fazenda. – Rimos juntos.
- Virou o quarto do Isaac agora. – Ela disse, me fazendo rir.
- Ah, cara, sinto falta desse carinha. – Falei.
- Eu também. – Ela suspirou, erguendo o rosto.
- Mas agora você vai ter um restaurante incrível, em Perth, City Beach... – Me coloquei em sua frente, fazendo-a rir.
- Não fala isso! – Ela tombou a cabeça para trás. – Tem muita coisa para acontecer antes do restaurante em si.
- Como o quê? Comprar um espaço, montar, abrir... – Ela riu, apoiando as mãos em meus ombros.
- Quem dera! – Ela riu fracamente. – Preciso voltar a fazer cursos mais específicos, eu estou há cinco anos sem fazer algo grandioso. – Assenti com a cabeça. – Depois comprar um terreno, fazer o projeto, ter todas as especificações para uma área comercial, de alimentação e de acessibilidade, depois construir, criar o cardápio, conseguir alvará de funcionamento, licença para bebidas alcóolicas...
- É, porque precisamos de álcool! – Rimos juntos e minhas mãos foram para sua cintura.
- Depois de tudo pronto, montar a parte mobiliária do restaurante, pratos, talheres, copos, contratar equipe, treinar equipe, treinar forma de atendimento e de serviço. Depois de tudo isso, aí a gente abre. – Arregalei os olhos.
- Ok, eu cansei só de ouvir. – Ela sorriu. – Mas como as pessoas abrem restaurante tão rápido?
- Apoio externo? – Ela deu de ombros. – Possuem sócios? Franquia? – Ela ponderou com a cabeça. – Tudo bem, seria meu primeiro restaurante, eu quero cuidar de cada detalhe, então isso demora um pouco mais.
- Eu quero ser seu sócio. – Falei sério. – Para valer.
- Ok, podemos falar sobre isso. – Ela abaixou as mãos para a murada novamente. – Eu não sei, eu sou muito egoísta para essas coisas.
- Eu só quero comer. – Ergui as mãos, fazendo-a rir. – Eu te dou o dinheiro e você entra com a mão de obra. É o que plebeus fazem, não?
- Idiota! – Ela me chutou na coxa e levei as mãos à minha virilha, me fazendo rir.
- Por pouco, ! – Ela gargalhou.
- Ah, qual é! Você nem ia sentir. – Ela abanou a mão.
- Há, há, há, engraçadinha! – Falei, ouvindo-a rir.
- Eu lembrei daquela vez na escola que eu chutei sem querer! – Ela gargalhou.
- Ah, cara! Eu lembro daquele dia. Foi algo tipo assim, não? – Falei e ela sorriu.
- Sim, eu ia te chutar para te mostrar algo e acabei acertando o pequeno Daniel. – Ela gargalhou.
- Não vi graça nenhuma! – Falei, cruzando os braços.
- Eu imagino o quanto deve doer, porque, não sei se sabe disso, mas eu já levei um taco de cricket nos seios... – Gargalhei alto. – E dói muito!
- Como isso? Quando? – Perdi as forças com a risada, deslizando meu corpo no chão.
- Eu joguei bastante no ensino médio...
- Eu sei, mas estávamos afastados naquela época. – Falei, apoiando as mãos no chão e erguendo o olhar par ela.
- É! Eu não me lembro o que houve, foi em um dos jogos, mas eu levei uma bonita e doeu. – Ela disse, rindo. – Eu fiquei no chão por uns 10 minutos.
- Eu ficaria também. – Falei, rindo.
- Eu vou tentar não fazer mais no impulso, mas quando eu vi, já foi! – Ela gargalhou alto.
- Ah, cara! Estou ferrado. – Falei, rindo e ela sorriu.
- Não seja tão dramático! – Ela ameaçou me chutar de novo, me fazendo rir pela distância e sorri quando o vento ergueu seu vestido de novo.
- Você parou de jogar cricket, certo?
- Eu parei na faculdade. – Ela ponderou com a cabeça. – A LCB era completamente diferente de uma faculdade normal.
- Você era boa. Eu era um desastre. – Ela riu fracamente.
- Você era bom em esportes individuais. – Ela suspirou. – E no futebol, mas sozinho.
- Eu não passava para ninguém. – Falei, rindo.
- Exato. – Ela sorriu. – Desastre total. – Rimos juntos.
- Ninguém faz milagre, vai! – Dei de ombros, vendo-a olhar em volta.
- Danny...
- O quê?
- Eu sei que estamos no país mais rico do mundo, mas é ok ficarmos de boa aqui a essa hora? – Ri fracamente.
- É, é sim. – Sorri e ela assentiu com a cabeça. – O país mais seguro do mundo.
- E sem impostos. – Ela disse, me fazendo rir.
- E sem impostos. – Sorri.
- E onde encontro sorvete no país mais seguro do mundo? – Ela pressionou os lábios em uma careta.
- Depois de quatro pratos e uma sobremesa, você quer sorvete? – Ela deu de ombros e ponderei com a cabeça. – É... Por que não? – Falei, rindo, me levantando e ela pulou da murada. – Não tenho ideia de onde vamos encontrar uma sorveteria agora, mas qualquer coisa tem sempre o mercado 24 horas. – Ela riu fracamente.
- Está ótimo para mim. – Ela seguiu na minha frente e passei o braço em seus ombros, trazendo-a mais para perto.



- Ok, eu preciso dizer que aquele foi literalmente o melhor sorvete que eu tomei na vida. – Tirei o capacete da cabeça, entregando para Danny. – Eu não sei se posso dar estrela Michelin para uma sorveteria, mas aquela merece. – Sacudi os cabelos, vendo-o rir.
- Eu adoro ver você realmente apaixonada pelas comidas, de verdade. – Ele disse, fazendo o mesmo e guardando os capacetes embaixo do banco.
- Já tivemos essa conversa mais cedo. – Abanei a mão, dando uma volta ao redor do corpo.
- Eu sei, mas gosto de te ouvir falar sobre isso. Acho que você se sente bem com isso. – Ele seguiu comigo e fomos em direção ao elevador.
- Eu sinto. – Mordisquei meu lábio inferior, suspirando. – Mas hoje o dia foi excepcional, Danny. Obrigada, para valer. – Ele sorriu, se virando para mim.
- Foi bom, né?! – Assenti com a cabeça, suspirando. – Podemos fazer isso com mais frequência.
- Tem espaço para mim nesse seu micro apartamento? – Brinquei, sentindo-o me puxar pelo ombro, me fazendo rir.
- Não fala mal do apartamento. – Ele apertou o botão do andar e me livrei de seu braço. – Ou não vai ter lugar para você!
- Isso quer dizer que tem lugar para mim? – Abri um largo sorriso e ele se virou para mim, ponderando com a cabeça.
- Se você não falar mal do apartamento, talvez tenha. – Ele disse e rimos juntos.
- Combinado! – Empurrei-o com o quadril quando o elevador abriu e entrei primeiro.
- Mas, falando sério agora, você pode vir para cá, ficar aqui... Nosso ponto de encontro não precisa ser só Perth. – Ele cruzou os braços e mordisquei o lábio inferior, observando-o pelo espelho.
- Ano que vem vai ser diferente, Danny. Muita coisa vai mudar. – Suspirei.
- Estamos em abril ainda, . Não precisa deixar só para o ano que vem. – Ele disse. – Ainda tem muito o que acontecer aqui... – Assenti com a cabeça.
- Eu sei, só... Vamos fazer o que programamos, pode ser? – Virei de frente para ele. – Eu vou te acompanhar nessa temporada, em dezembro eu bato o martelo sobre todas as outras coisas... – O elevador parou e ele saiu de costas.
- Tudo bem, mas repito: estamos em abril ainda, tem muito até o fim do ano. Não precisa deixar a vida passar por causa desse prazo.
- Não estou deixando a vida passar... – Segui logo atrás dele. – Eu estou aqui em Mônaco, contigo, tendo um dos melhores dias da minha vida. – Ele sorriu.
- Um dos melhores dias da sua vida? – Ele perguntou, pegando a chave.
- É. – Mordisquei meu lábio inferior. – Acho que muitos dias da minha vida tem você de coadjuvante. – Ele abriu a porta, me deixando entrar em sua frente.
- Agradeço pela valorização, mas nunca estou como coadjuvante. Nunca! – Gargalhei, ouvindo a porta fechar e seguimos em direção ao seu quarto.
- É minha vida! Você nunca vai ser principal na minha vida, Daniel! – Rimos juntos.
- Você é principal na minha vida. – Ergui meu rosto para ele, vendo-o apoiar o corpo no batente da porta. – Você é, talvez, a mulher mais importante da minha vida. – Mordisquei meu lábio inferior. – Não deixa minha mãe e nem a Mi ouvir isso. – Sorri.
- Você me entendeu. – Falei. – Você é importante na minha vida. – Suspirei. – Você é o homem mais importante da minha vida, na verdade. – Ele sorriu. – E eu posso dizer isso sem medo de alguém ouvir.
- Ah, vai que o tio Alex joga um raio na nossa cabeça. – Rimos juntos e me aproximei dele, apoiando as mãos em seus ombros.
- Ele nunca faria isso. – Suspirei. – Você é bom demais para mim. – Abracei-o apertado, sentindo suas mãos apertarem minhas costas. – Tenho certeza de que ele está feliz por sua filha ter uma família incrível cuidando dela. – Arrepiei quando ele beijou meu ombro, me fazendo morder meu lábio inferior.
- Aposto que eles estão felizes pela mulher que se tornou, ! – Ele sussurrou. – E por tudo. – Afastei meu rosto devagar, sentindo-o descer as mãos para minha lombar.
- Eles adorariam te ver correr. – Mordisquei meus lábios, olhando em seus olhos.
- Eles adorariam ver muita coisa. – Ele suspirou e me senti intimidada pela proximidade, sentindo sua respiração em meu rosto e tentei colocar minha cabeça em ordem, pigarreando.
- Isso está ficando um pouco depressivo. – Empurrei seu corpo levemente, sentindo suas mãos deslizarem de leve pela minha bunda até a coxa e desviei meu olhar do dele. – Eu vou usar o banheiro rapidinho.
- Claro... – Ele disse e dei de costas, sentindo meu coração bater forte e peguei minha mochila na beirada da cama antes de correr me esconder no banheiro.
Tranquei a porta e me sentei no vaso sanitário, respirando fundo, abanando as mãos em meu rosto para ver se esse surto passasse. O que está acontecendo comigo? Eu não posso estar apaixonada por Danny. Isso não pode estar acontecendo. É louco, é estranho e é fadado ao fracasso. Somos amigos há 24 anos. 24 anos. Não tem como um relacionamento desses funcionar. E mesmo se for uma amizade colorida, sempre dá fracasso no final.
E eu não estou pronta para ficar sem esse homem na minha vida. Sem essa família na minha vida. Ainda mais dividindo o apadrinhamento de Isaac com ele. Isso é fodido! Isso é fodido! Isso não pode estar acontecendo! Isso não pode estar acontecendo.
Apertei as mãos nos olhos, soltando a respiração com força pela boca e abaixei a cabeça entre as pernas. Puxando e soltando a respiração diversas vezes. Levantei do vaso, abrindo a torneira com força e joguei bastante água em meu rosto, respirando fundo e vi a maquiagem borrar quando esfreguei os olhos e olhei o reflexo pelo espelho.
Pensando pelo outro lado, é incrível como não aconteceu antes. Danny sempre foi a melhor pessoa da vida. Sempre um amigo carinhoso, amoroso, que fazia eu me sentir bem quando eu não estava. Entendia minhas crises de surto, dor, luto ou até de ciúmes, sem fazer escândalos e nunca gritou comigo, se não fosse para eu me sentir bem.
Merda! Isso é fodido!
Tentei tirar isso da minha cabeça enquanto lavava o rosto para tirar a maquiagem e escovava os dentes, mas minha cabeça parecia uma bigorna de tão pesada que estava. Peguei minha mochila, procurando pelo meu pijama e franzi a testa quando não o achei de cara. Tirei os vestidos, a sacola de lingerie e a necessaire, procurando mais fundo e não estava lá.
Tombei minha cabeça para trás, tentando lembrar de quando montei a mochila para não trazer as duas malas da China e fiz uma careta. Eu coloquei os pijamas na mala de roupa suja para Michael mandar lavar para mim. Merda. E eu nem trouxe shortinhos, só vestidos para curtir os dias. E dormir de calça jeans estava fora de cogitação.
- Danny? – Chamei-o.
- Fala! – Ele gritou de volta e abri a porta do banheiro, vendo-o colocar a cabeça para fora do closet com um short e uma camiseta regata larga de seu pijama.
- Tem alguma roupa que você possa me emprestar para eu dormir? Deixei os pijamas na mala para lavar. – Ele riu fracamente.
- Claro, ! – Ele sorriu, entrando no closet de volta e suspirei, ouvindo-o abrir e fechar algumas gavetas antes de aparecer de novo. – Vê o que acha! – Ele me entregou duas roupas e sorri.
- Obrigada. – Falei, antes de entrar novamente no banheiro.
Apoiei as roupas na pia e vi um short de tactel azul escuro e uma de suas diversas camisetas pretas super largas. Não entendo o prazer de Danny em usar roupas muito largas. Ele é lindo e estava mais lindo ainda hoje, mas essas roupas escondem um pouco de seus atributos... Ai, Deus! Estou ferrada.
Tirei o vestido, colocando a roupa e me senti criança quando colocava a roupa de meu pai. Ao menos a roupa tinha o cheiro do perfume de Danny e eu amo o La Baie 19 dele. É um cheiro que acompanha minha vida antes de eu estar derretendo por ele. Ai, inferno! Meus planos para esse ano não eram me apaixonar, muito menos por Danny! Essa parte estava legal na minha vida, Moço Aí de Cima, quando falei que queria mudanças, não quis dizer isso.
- Deu certo? – Danny perguntou.
- Si-sim! – Falei rapidamente, ajeitando minhas coisas de volta na mochila, com exceção do vestido que eu tinha tirado. – Já saio.
- Sem pressa. – Ele disse.
Fiz minhas necessidades e dei uma ajeitada nos cabelos, me olhando no espelho. Eu nunca me importei sobre isso, mas agora eu queria estar bonita para ele e essa é a pior coisa de todas! Ah, meu Deus! Eu estou ferrada! Eu estou ferrada! Saí logo em seguida e encontrei Danny sentado na cama, fazendo malabarismos com três bolas.
- Está livre para você. – Falei, deixando minha mochila no canto novamente.
- Ficou ótimo em você! – Ele disse e pressionei os lábios.
- Você usa roupas muito largas! – Estiquei a blusa nos lados, fazendo-o rir enquanto se levantava.
- Roupa de dormir é para ser confortável, melhor ainda se for sem nada. – Ele passou por mim e pressionei os lábios antes de ouvir a porta se fechar.
Dormir sem roupas com meu melhor amigo? Por que isso parecia incrivelmente interessante agora? Em outras situações eu sentiria nojo disso, mas agora... Merda!
Estiquei o vestido da noite na poltrona perto do armário e calcei os chinelos, olhando para a cama que Danny havia arrumado e senti meu corpo travar por alguns segundos. Iríamos dormir juntos? É isso mesmo? Eu me ferraria mais ainda hoje? Ah, droga! Pior que nem tinha como sair dessa, porque é algo que a gente faz com frequência, inclusive dormir abraçados, mas não quando meu coração parece uma batedeira perto dele.
Ele vai notar, certeza! Eu estou ferrada.
Sacudi a cabeça, colocando os cabelos atrás das orelhas e peguei meus remédios antes de sair do quarto. Fui até a cozinha e tomei os remédios com um pouco de água, tomando outro copo logo em seguida antes de voltar para o quarto, encontrando Danny fechando a porta do banheiro.
- Tudo certo? – Ele perguntou.
- Sim, só fui tomar meus remédios.
- Preciso tomar minhas vitaminas também, pode se ajeitando do lado que preferir, eu logo volto. – Ele falou, coçando a nuca e engoli em seco.
- Hum... Tem certeza de que não quer que eu durma no sofá? – Mordisquei meu lábio inferior e ele virou o rosto para mim de novo. – Digo, o dia foi longo hoje, você deve estar cansado.
- Não... Não! Não é a primeira vez que dividimos a cama, . Não vai ser a última. – Ele deu um curto sorriso. – E está quente, aqui tem ar-condicionado, vamos ficar mais confortáveis. – Ele abanou a mão, saindo do quarto e tive vontade de gritar “puta que pariu” o mais alto possível, mas me contive.
- “É algo normal, vai dar tudo certo”. – Sussurrei debochadamente antes de seguir até a sacada, puxando a cortina para fechar. – Eu estou ferrada.
Neguei com a cabeça, me sentando de um lado da cama e tentei limpar a cabeça para fazer minha oração noturna. Por algum motivo, eu incluí um pouco de claridade nessa bagunça que estava minha cabeça. Que pudesse me guiar para um caminho que eu descubra se é realmente amor ou só uma paixonite boba de uma mulher carente de 26 anos.
- Tudo certo aqui! – Danny voltou para o quarto, fechando a porta e o vi fechar a porta do banheiro e do closet antes de aparecer no quarto. – Vamos ligar isso, aqui fica meio quente pela manhã. – Ele pegou o controle, ligando o ar-condicionado.
- Como está a programação amanhã? – Perguntei, tentando manter a calma enquanto ele se sentava do outro lado da cama.
- Combinei com o Felipe a uma da tarde. – Ele disse, virando o corpo para dentro da cama. – Podemos tomar café da manhã no Hôtel de Paris ou dormir até mais tarde.
- Sim, claro! Seria legal! – Sorri, me deitando e ele fez o mesmo.
- Quer que coloque despertador? – Ele perguntou, ajeitando o travesseiro.
- Que horas são? – Perguntei.
- Uma e pouco. – Ele disse.
- Não é como se dormíssemos muito, Danny. Ficamos velhos. – Rimos juntos.
- Se você ainda estiver com remédio, você capota.
- Eu acho que não, acordei sozinha a tarde. – Ele assentiu com a cabeça.
- A gente vê quando acordar, então. – Ele disse. – Se dormir, a gente toma no sábado antes de ir embora.
- O voo para Rússia vai ser chato, não vai? – Perguntei, fazendo uma careta.
- Vai... – Ele suspirou. – Conexão noturna na Turquia. – Suspirei. – Isso sem contar a ida para Milão.
- Ao menos vamos passar na Itália, eu gosto de lá. – Comentei, virando o rosto para ele, percebendo que ele me olhava.
- Vamos para lá em setembro. – Sorri. – Mas vamos chegar em Sóchi quebrados.
- Você que me perdoe, mas eu vou tomar meu remédio sim. – Ele sorriu.
- Acho que para esse até eu vou tomar. – Ele disse e rimos juntos.
- É melhor dormirmos, amanhã vai ser outro dia cheio. – Comentei e ele assentiu com a cabeça antes de erguer a mão e bater no disjuntor.
- Boa noite, .
- Boa noite, Danny! – Falei, mordendo meu lábio inferior e virei meu corpo para a parede, sentindo-o se mexer na cama e relaxei quando ele não se aproximou.
Agora eu precisava relaxar e conseguir dormir. Só isso.

Daniel

Franzi os olhos, sentindo um aperto forte na área da virilha e estava com vontade mijar. Que caralho! Eu não tinha ideia de que horas eram, mas meu corpo ainda estava cansado, eu não queria levantar agora, vai ser difícil voltar a dormir de novo.
Tentei ignorar esse aperto entre as pernas, mas a vontade foi mais forte, me obrigando a abrir os olhos. O quarto estava levemente claro por uma fresta da cortina e encontrei os olhos de fechados em minha direção. Ela dormia calmamente, com o cabelo caindo na bochecha e um braço em volta do travesseiro e outro caído em sua barriga.
Aquilo me fez sorrir e notei que minha mão estava apoiada em sua cintura, mantendo nossa proximidade e suspirei. Meu indicador foi em direção a sua bochecha, tirando o cabelo e sorri com seus lábios levemente abertos e a respiração saindo por eles. Eu só queria beijá-la, da mesma forma que eu quis beijá-la e abraçá-la várias vezes ontem.
Tinha sido realmente um dia perfeito, sair para jantar com ela, vê-la falando de forma apaixonada sobre sua carreira, perceber detalhes que passavam despercebidos durante os anos de amizade. É quase como se não tivesse muita coisa acontecendo em nossas vidas, quase como se pudéssemos ficar trancados nesse apartamento para sempre, só curtindo a presença um do outro.
Deus, como eu gostaria de algo assim.
Eu sei que não é fácil. Nossa amizade é muito longa e íntima para simplesmente fazer essa mudança. Não posso fazer nada na empolgação, por mais que eu quisesse apertar minhas mãos em suas coxas e beijá-la, eu preciso analisar meus sentimentos muito bem antes de fazer qualquer coisa, pois pode não ter volta.
Meus lábios foram para sua testa, dando um leve beijo ali e me lembrei da vontade de fazer xixi. Virei meu corpo na cama, afastando do calor do seu corpo e levei a mão até meu pênis, sentindo-o duro e me assustei ao olhar e perceber a ereção em meu corpo.
- Merda! – Olhei rapidamente em volta quando a voz saiu mais alta e ainda dormia e tentei me levantar devagar, deslizando meu corpo da cama e caí de joelhos. – MERDA! – Me levantei apressado, correndo em direção ao banheiro e bati a porta, encostando nela.
Olhei para baixo, vendo a ereção em evidência pelo short e senti minha respiração apressada. QUE MERDA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? ISSO NUNCA ACONTECEU ANTES! ISSO NÃO PODE ACONTECER.
- Danny? – Ouvi a voz de e meu corpo gelou. – Está tudo bem?
- Si-sim! – Falei rapidamente, trancando a porta. – Emergência! – Sacudi a cabeça. – Número dois! – Bufei.
Você não fala isso para a garota que você está gostando, cara! Porra! SEU IDIOTA!
Olhei para ereção novamente, respirando fundo e precisava de uma forma para relaxar isso sem... A forma tradicional.
Fechei os olhos, tentando pensar em coisas broxantes como calcinha bege, mal hálito, minha ex, mulher com bigode ou com braço peludo, mas nada disso realmente veio a minha cabeça. Em compensação, a cena de ontem, quando apertei minhas mãos em suas pernas para ajudá-la a sentar na murada veio em minha cabeça, e veio rápido demais. O polegar apertou a pele que aparecia dentro da fenda e a aproximação quando ela me abraçou.
Cara, eu deveria ter beijado ela ali mesmo! Era o momento perfeito! O lugar perfeito! Não tenho a mínima ideia do que faria depois disso, mas merda! Teria sido perfeito.
Olhei para os shorts novamente, ainda vendo a ereção e bufei. Eu vou ter que ir pelo modo tradicional e espero que alguém lá em cima me perdoe por isso. Seja Deus ou tio Alexander.
Pensar no pai dela? Não?
A ereção permanecia lá e respirei fundo. Passei as mãos pelo elástico da bermuda, deslizando-a pelas pernas junto com a cueca e encontrei minha ereção firme, me fazendo suspirar. Isso era loucura. Isso não podia acontecer! Isso é errado. Ela é minha melhor amiga. Eu com certeza vou para o inferno depois de hoje.
Deslizei a mão pelo meu pênis, soltando a respiração pela boca e fechei os olhos, mantendo um movimento devagar em meu pênis e apertei a outra mão no box, deixando minha cabeça ir longe.
Os últimos dias vieram em minha mente e só consegui pensar no sorriso de , nos lábios entreabertos, seus olhos me encarando de perto, suas mãos em minha nuca e como eu queria suas pernas ao redor de meu corpo, seus lábios colados nos meus e minhas mãos entre seus cabelos enquanto a pressionava contra a parede.
A mão foi deslizando com mais rapidez, fazendo a respiração acelerar com os movimentos e soltava a respiração devagar pela boca, evitando ao máximo fazer barulho. O calor começou a subir pelo meu corpo e soltei o box, puxando a blusa pelo pescoço, jogando-a no chão.
O sorriso de veio em minha cabeça de novo, além da intensidade e animação que falávamos sobre as coisas da sua carreira. Sua emoção com a ideia de um restante em City Beach e o largo sorriso que ela deu com a ideia, fazendo o meu só se alargar.
Meu corpo começou a pressionar na base da virilha e comecei a agilizar mais os movimentos, aumentando o atrito em minha pele e apertei a mão livre em meu pescoço, fechando-a ali. Soltei a respiração com força, pressionando os olhos.
O abraço de ontem veio em minha cabeça, quase como se eu sentisse seus braços ao redor de meu corpo e minha mão deslizando pelas suas costas, depois em sua bunda antes de passar rapidamente pelas suas coxas. Como eu queria fechar minhas mãos ali e erguer sua perna para minha cintura...
- Porra... – Suspirei, sentindo meu corpo relaxar com o gozo e soltei a respiração devagar pela boca.
Meu corpo relaxou aos poucos, enquanto eu ainda deslizava a mão úmida pela extensão de meu pênis e fui sentindo meu corpo normalizando aos poucos. Ergui meu rosto para o espelho, tendo meu reflexo quase de corpo inteiro ali e me senti um idiota.
Que merda tinha acontecido aqui?
Eu tinha acabado de me masturbar pensando na minha melhor amiga?
Merda! Eu estou ferrado.
Desencostei meu corpo da porta e fui até o vaso sanitário, abrindo-o devagar e apertei a descarga com força, enrolando alguns segundos antes de soltar e bater a tampa com força. Que idiota!
Aproveitei o corpo suado e o estado e segui direto para o banho, talvez alguns minutos fizessem eu esquecer um pouco de tudo, colocar a mente para pensar direito e não ter outra ideia estúpida de me masturbar pensando na minha melhor amiga.
Isso não se faz, cara.
Seu sorriso veio em minha cabeça novamente e abri os olhos, vendo as gotas caírem de meus olhos, nariz e queixo e suspirei. Eu desisto! Eu estou ferrado.
Terminei de tomar o banho com a cabeça fervendo e puxei a toalha com força do box, enrolando-a na cintura antes de sair do mesmo. Me sequei melhor do lado de fora e peguei minhas roupas no chão, respirando fundo.
Você consegue fazer isso. Você consegue!
- ?
- Oi! – Ela respondeu. – Está tudo bem?
- Sim, está! Eu tomei banho e preciso ir para o closet.
- Ok... – Ela disse e abri a porta do banheiro, segurando na junção da toalha antes de atravessar o curto corredor até o closet e me trancar lá dentro.
Passei desodorante e retoquei o perfume antes de virar para o armário. Peguei uma cueca limpa e coloquei uma bermuda e outra camiseta larga antes de jogar a cueca no cesto e dobrar o pijama, colocando no canto. Passei a toalha nos cabelos, tirando o excesso e me olhei no espelho dali.
- Você consegue, cara. Você é bonito, gostoso. Não é seu primeiro rodeio, cara. – Suspirei.
Por que eu sentia que era? Acho que eu estou mais nervoso agora do que no nosso primeiro beijo.
Empurrei a porta do closet de novo, voltando para o banheiro para deixar a toalha e aproveitei para escovar os dentes antes de voltar para o quarto, encontrando deitada na cama olhando para a parede do outro lado e sorri com suas coxas contraídas pelas pernas dobradas e nunca gostei tanto dos meus shorts de pijama como agora.
- Você pode olhar agora. – Falei e ela virou o corpo na cama, se sentando devagar.
- Está tudo bem mesmo? – Ela cruzou as pernas e me sentei na beirada da cama.
- Sim, está tudo bem. – Suspirei. – Só tive uma dor de barriga.
- Será que foi o sorvete? Não lembro de você pedir sem lactose. – Minha cabeça pensou rápido e seria a desculpa perfeita, apesar de ter tomado remédio antes de ir para o restaurante.
- Sim, acho que foi sim! – Suspirei. – Quando a natureza chama... – Ela riu fracamente, me batendo com o travesseiro. – Ai.
- Isso é nojento! – Ela disse, rindo.
- Todo mundo faz, . Até você! Te chama várias vezes por causa dessas comidas estranhas que você experimenta. Inclusive falou que ia virar flor uns dias atrás. – Ela abriu um largo sorriso.
- É, você tem razão. – Ela riu fracamente. – Mas eu me assustei, você gritou e a porta bateu com força. – Cocei a nuca, nervoso.
- Eu acabei batendo o pé na quina e a porta foi consequência. – Ela assentiu com a cabeça e dei um curto sorriso. – Dormiu bem? – Mudei de assunto.
- Sim, dormi sim. – Ela deu um curto sorriso, passando as mãos nos cabelos bagunçados, jogando-os para trás. – Você?
- Sim, é bom dormir na minha cama. – Ela assentiu com a cabeça.
- Não te atrapalhei? – Ela comentou.
- Não, nunca! – Disse, sorrindo.
- O banheiro está habitável? Pensei em tomar banho também. – Ela disse.
- Sim, sim... – Ri nervoso. – Está sim. – Abanei a mão. – Que horas são?
- 8:52. – Ela disse, rindo.
- Não quer dormir? – Perguntei. – O dia vai ser cheio.
- Não, estou bem. – Ela deu de ombros.
- Podemos ir ao Hôtel de Paris... – Ela abriu um largo sorriso.
- Sim, por favor! – Ela disse, rindo e sorri.
- Vai tomar seu banho, logo saímos. – Falei.
- Ok... – Ela pressionou os lábios, rindo sozinha antes de se levantar e acompanhei suas pernas em direção ao banheiro antes de fechar a porta, abrindo-a segundos depois. – Esqueci a mochila. – Ela a pegou no pé da cama antes de fechar novamente e fiquei rindo sozinho no meio da cama.




Continua...


Nota da autora: Oi, gente, tudo certo?
Enviando THB aqui para o Ficsverse, quem sabe seja uma nova casa para minhas histórias?
Espero que gostem!
Beijos!

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