Codificada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 08/04/2025.Tinha mais dois amigos que falaram que nos encontrariam em Oxnard. Um deles era Bradley, um garoto que conheci na internet já tinha uns dois anos, através de um vídeo no qual ele estava tocando violão. Achei aquilo tão fofo que resolvi puxar conversa e ele respondeu super empolgado. Ocasionalmente, parei de ver grande parte de seus vídeos por conta da faculdade, mas nem assim perdemos contato. Conversávamos quase todos os dias pelo Facebook e até mesmo no FaceTime. Neste ano, pedi de presente de aniversário que ele fosse para Oxnard me encontrar, já que ele morava em Santa Barbara e ficava bem perto, no máximo uma hora de carro.
O outro era , um amigo do meu irmão, que fazia parte da equipe dele de jogos online, o qual conheci em uma das noites de campeonato que teve lá em casa, mas ele, assim como Bradley, morava em outro lugar, o que também não me impediu de pegar uma amizade bem engraçada com ele. Geralmente nos falávamos mais quando estávamos jogando, um ficava zoando o outro o tempo todo, e assim era nossa amizade, entre jogos e bobeiras que eram ditas entre eles. Quando eu sumia por muito tempo, ele vinha implicar comigo, me ligando ou mandando mensagem. Nunca vou esquecer das vezes que me ligou e eu estava no meio da aula e não podia atender, então continuava e, quando não conseguia, começava a ligar para meu irmão ou para até eu finalmente atendê-lo, apenas para ficar implicando comigo ou me falar algo sem importância. estava indo para Oxnard de mais longe, Las Vegas, para onde tinha se mudado já tinha três anos e trabalhava em um cassino como Croupier. Não fazia ideia de como, mas ele tinha conseguido tirar férias no verão, e eu tinha medo de perguntar como e me assustar com sua resposta. Se tinha algo que me surpreendia, eram as coisas que saíam da boca daquele garoto.
estava dirigindo, enquanto eu mexia em meu celular, vendo as fotos no Instagram, dando like em uma de Brad, que era de seu carro cheio de coisas, indo para Oxnard, que ele tinha postado fazia dez minutos. Certamente, chegaria antes de nós. Estava ansiosa por finalmente conhecê-lo, Bradley era uma graça.
Vi piscando o farol atrás de nós e eu sabia que estava fazendo isso apenas para implicar com a minha amiga e deixá-la nervosa por estar dirigindo na PCH. Comecei a rir e recebi um olhar recriminador de , mas isso só me fez gargalhar.
— Manda seu irmão parar de palhaçada, vai me fazer bater desse jeito — pediu, um pouco irritada. Então abri a janela do carro e dei o dedo do meio para . — Mandei você falar para parar e não mandar ele se ferrar.
— Ah, é quase a mesma coisa — respondi, rindo, e vi a pick-up de alcançando o Honda de pela contra mão. — Olha. — Apontei para o seu lado e ela arregalou os olhos quando viu o que meu irmão estava fazendo.
— Seu irmão tem algum tipo de retardo? — perguntou, diminuindo a velocidade para que ele entrasse à nossa frente e saísse da contra mão, mas não fez isso, apenas acompanhou o Civic de minha amiga lado a lado.
— Você é a melhor amiga dele, deveria saber essa resposta — falei, como se fosse óbvio.
, que estava no banco do carona, pediu para que abaixasse o vidro, então ela o fez, oscilando seu olhar entre o carro do lado e a estrada. Meus olhos se arregalaram quando vi um caminhão vindo na outra pista. freou bruscamente e entrou atrás do Honda, me fazendo berrar junto a . Olhei para trás, vendo os meninos rindo dentro do carro. Eles eram uns idiotas. Meu irmão voltou a entrar na contra mão e eu quase pulei por cima da minha amiga para xingá-lo. Ele podia ser o mais velho, mas não tinha o menor juízo às vezes.
— Você tem merda na cabeça? — gritei, e ele riu, assim como e os outros meninos que estavam no banco de trás. — O que você quer?
— Relaxa aí, maninha — mandou, fazendo seus amigos rirem ainda mais. — Vamos parar no próximo posto, o quer mijar.
— Era só isso? — quase gritou. — Não podia ter mandado uma mensagem para o celular da ? — Ela tinha razão, não tinha a necessidade dele estar fazendo aquela palhaçada.
— Qual seria a emoção disso? — perguntou, com um sorriso no rosto. — Vocês estão muito nervosas. É TPM?
— Por que você não vai se foder, ? — Procurei algo dentro do carro que eu podia simplesmente jogar nele, mas não encontrei nada. — Por mim, você poderia morrer com a bexiga estourada que não faria a menor diferença. — Me debrucei por cima de e apertei o botão para o vidro fechar.
— Vocês ainda vão se casar um dia — minha amiga brincou e eu lhe lancei um olhar fulminante.
— Prefiro a morte. — Cruzei meus braços e coloquei minhas pernas dobradas em cima do banco. — Por que ele não pode ser menos idiota?
— Porque ele é amigo do . Todos os amigos dele são idiotas. — É, estava certa. — Mas são engraçados.
tinha crescido com os meninos, sempre esteve lá em casa, mas nunca nos falávamos muito por ela ter a mesma idade que meu irmão. Ao contrário de mim, não participava do torneio de jogos, na verdade, quando tinha algum, ela nem costumava aparecer. Mas só começamos a conversar mesmo depois que saí da escola e entrei na faculdade, ela começou a me dar carona para casa e com isso começamos a virar realmente amigas. Hoje em dia, somos praticamente almas gêmeas, não nos separamos nunca, onde uma está, a outra está junto.
— É, talvez. — Segurei o riso, fingindo ainda estar irritada, mas no fim acabei rindo e fez a mesma coisa.
Vi meu celular, que estava sobre o painel, começar a vibrar, então o peguei, pensando que era me ligando apenas para me irritar mais um pouco, mas não, era . Um sorriso enorme se formou em meu rosto e logo em seguida meu dedo deslizou sobre a tela, atendendo a ligação.
— Hey, duendeverde669 — falei seu nickname, dando uma pequena risada no final.
— Fala raposavermelha527 — respondeu, em um tom animado. Eu adorava o som da sua voz. — Aqui, deixa eu te falar.
— Pode falar, estou ouvindo. — Encostei minhas costas na porta do carro e olhei para , dando um sorrisinho, e ela me olhou rapidamente de volta, sorrindo também. Mordi o canto inferior da minha boca, ansiosa para saber o que falaria, mas ele estava demorando. — Ainda está aí, duendeverde669?
— Oi, estou sim. Desculpa, me distraí aqui — respondeu, meio aéreo. — Não sei se vou mais para Oxnard. — Fiquei triste ao ouvir aquilo, queria conhecê-lo pessoalmente. — Surgiram uns imprevistos aqui no trabalho e eles vão precisar de mim nesse verão. — Desviei o olhar de e fiquei encarando um ponto cego. — Tudo bem?
— É. Tudo — disse, tentando disfarçar minha decepção e tristeza por conta daquilo. — Você já avisou ao que não vai vir?
— Não, estou falando com você primeiro. — Senti meu peito se aquecer um pouco por saber que ele tinha me avisado primeiro. — Mas não se preocupe. Assim que der, eu vou para Dana Point passar um final de semana. — Aquilo fez um pequeno sorriso surgir em meus lábios.
— Vai ser legal — falei, sem a menor empolgação, e dei um suspiro, virando meu pescoço e olhando para a estrada ensolarada do meio dia.
— Vai, sim! — Ao contrário de mim, estava super empolgado. — Preciso ir agora. Até.
— Até. — Antes de falar qualquer coisa, ele encerrou a ligação, então voltei a jogar meu iPhone sobre o painel do Honda.
— O que houve? Ele não vem, né? — me olhou rapidamente, e eu neguei com a cabeça. — Sei que estava empolgada para conhecê-lo, mas não fica assim. Veja pelo lado bom, o Bradley vai estar lá. — Sorriu, tentando me animar novamente, e, ao lembrar daquilo, eu até fiquei um pouco feliz. — Se for para te fazer ficar bem, eu deixo você colocar seu kpop no meu carro — brincou, e isso me fez rir um pouco.
— Não abusa que eu coloco mesmo! — Abri um sorriso largo.
— Pode colocar, mas, por favor, escolha as menos chatas — pediu, de um jeito implicante, e eu lhe dei língua. Então, só por conta disso, peguei meu celular e conectei ao rádio via bluetooth, colocando DNA, do BTS. — Eu disse as menos chatas. — Empurrei de leve sua coxa.
— Me erra, . — Dei uma risada.
Paramos logo em seguida em um posto e eu pulei do carro, dando uns passinhos com a música que tocava dentro dele. Meu irmão me olhou e fez uma careta, depois encarou , que apenas deu de ombros, indicando que não podia fazer nada em relação àquilo a não ser que fosse deixar que eu parecesse uma louca dançando kpop no meio de um posto de gasolina.
— Ela te convenceu a ouvir isso? — perguntou a . — Como você consegue?
— Bem, você sabe, não tenho muita escolha. — Estreitei meus olhos para , que já ria.
— Hey, estou ouvindo o que estão falando! — falei, e meu irmão me olhou.
— É para ouvir mesmo. Tira isso e coloca uma música decente. — Implicou comigo, como sempre fazia. — O que a fez para estar sendo castigada desse jeito?
— Kpop não é castigo. Ela é minha amiga, já basta — respondi, e os dois gargalharam comigo. — Cadê o ?
— Para quem estava querendo que ele morresse com a bexiga estourada, está se preocupando demais. — só podia estar me zoando mesmo.
— Na verdade, eu só quero saber se vamos precisar desovar um corpo pela estrada mesmo. — Coloquei minhas mãos na cintura e fiz uma cara de deboche. Senti algo agarrar minhas pernas e fazer o barulho de gato raivoso, o que me fez pular e dar um grito. — ! — berrei, reconhecendo a risada dele atrás de mim. Me virei e lhe dei dois tapas fortes em seu braço. — Idiota! — Agora eu estava rindo junto por causa do susto que levei.
— Você está devendo? — perguntou, e eu não entendi a piada. — Para levar um susto desses, quer dizer que está devendo. — Ele ria ainda, junto a e .
— Era para rir dessa piada ruim? — questionei, erguendo uma sobrancelha. — Ah — falei, me lembrando. Virei meu corpo, olhando para . — me ligou e disse que não vem.
— Disse? — Uniu as sobrancelhas, fazendo uma careta. — é louco. — Negou com a cabeça. — Por que ele não vem?
— Falou que vão precisar dele no cassino e sei lá. Ele não explicou direito, como sempre. — Dei de ombros, fingindo não me importar. — Tanto faz. — Olhei para o lado, vendo o Honda de sujo de poeira. — O resto dos meninos vai vir que horas?
— Assim que o Charlie sair do trabalho. — olhou em seu relógio de pulso. — Na verdade, devem estar saindo de lá agora.
— Então logo eles estarão chegando e, se bem conheço o Theo, eles vão chegar lá antes das três. Ele só sabe andar pisado. — Lembrei da vez que peguei carona com ele e que quase cheguei morta em casa, não por um acidente e sim infartada.
— Por isso que não vim com ele — disse, apoiando seu cotovelo em meu ombro, o qual abaixei e quase fiz com que caísse de cara no chão.
— Abusado — resmunguei, e ele me olhou, rindo. — Vamos?
— Vamos. — Meu irmão pegou a chave da pick-up e jogou para o . — Você dirige o resto, já enjoei.
— Mas você só dirigiu por uma hora e meia — seu amigo rebateu, pegando a chave no ar.
— É, eu dirigi metade do caminho, o resto dele é seu agora. — Saiu andando em direção ao lado do carona.
— Você é um folgado, — reclamou, mas foi para o lado do motorista mesmo assim, causando uma pequena risada em mim e em .
Entramos no carro e fomos direto para Oxnard, sem paradas dessa vez. se deu por vencida e até mesmo tentava cantar junto comigo algumas letras das músicas de kpop que tocavam. Era engraçado como não apenas ela, mas eu também, errava. Tinha hora que saía outra coisa totalmente diferente do que realmente era.
Pouco tempo depois, eu já não estava mais tão chateada pelo fato de não ir mais passar o verão conosco e, consequentemente, o meu aniversário comigo. Tentei abstrair aquilo o máximo que consegui, mas ainda assim sentia que não estava realmente bem com aquilo. Quando ele disse que viria, ficamos planejando mil coisas que iríamos fazer, as partidas nas quais eu daria uma coça nele e vice versa, as besteiras que poderíamos fazer para comer e o fato que um afogaria o outro na praia. Isso me deixava realmente frustrada.
Abaixei o vidro do carro e apoiei o braço e a cabeça na porta, deixando o vento bater em meu rosto e jogar meu cabelo para trás, fazendo com que os fios ficassem embolados, mas não me importei com isso, apesar do trabalho que teria mais tarde para desfazer os nós. não falou nada, ela sabia que eu não gostava muito de conversar quando estava chateada, então estava bom assim. Soltei um suspiro pesado e fechei meus olhos, sentindo o ar quente tocar minha pele.
Quando percebi, já estávamos parando na frente da casa de tia Anna. Parecia que o tempo tinha andado muito mais rápido desde o posto para lá. Será que tínhamos vindo mais rápido? Enfim, não fiquei me questionando muito sobre isso. Apenas saí do carro e vi de pé na porta, com Bradley bem ao seu lado. Como previsto, ele chegou primeiro. Não sabia quem abraçar antes, então só fui correndo em direção aos dois e os abracei, um em cada braço, fazendo suas cabeças baterem na minha. Soltei Brad e olhei para , pegando suas mãos e a rodando de um lado para o outro, já tinha mais de um ano que não nos víamos.
— Meu Deus do céu! Você tem que parar de ficar cada vez mais linda! Aff, assim não dá nem para competir! — brinquei, e joguei meus braços em volta de seu pescoço.
— Eu sei que sou linda. — Entrou na brincadeira, me abraçando com força. — Mas você está de parabéns! — Me soltou e fez a mesma coisa que fiz com ela, me rodando de um lado para o outro. — Vejo que a bunda da família te pegou de jeito! — Deu um tapa em minha bunda. — Olha o tamanho disso e como ela está empinada! — Rimos juntas.
— A sua também está a mesma coisa! — observei, e ficamos rindo ainda mais.
— Mas vamos confessar que a do ganha de nós duas. — Joguei a cabeça para trás, dando uma gargalhada alta. — Sério, a bunda dele veio caprichada demais! — Infelizmente, ela tinha total razão, meu irmão tinha uma bunda e tanto.
— Infelizmente, perdi essa para ele. — Fingi falsa modéstia. — Mas é sério. Você está ótima — elogiei novamente, a olhando de cima a baixo. — Jones que se cuide. — Abri um sorriso largo. — Falando nisso, cadê ele?
— Daniel não pôde vir, teve que ficar tomando conta da empresa dos pais dele, já que eles foram viajar para a Grécia em uma segunda lua de mel. — Ela parecia claramente incomodada com aquilo.
— Ah, mas não vai ser o verão inteiro — lembrei, tentando ver uma saída.
— Sim, só que ele disse que precisa estudar para o mestrado dele — suspirou, deixando seus ombros caírem. — Enfim, deixa isso para lá. — Abriu um sorriso, tentando disfarçar, mas sabia que ela estava chateada por causa daquilo. — Vejam só essa maravilha que decidiu vir dessa vez à minha casa da praia. — Olhou para e foi na direção dela. — Você estava mesmo me devendo!
— Eu sei, não pude deixar de vir. Além do mais, se eu não viesse, acho que a e o me matariam. — Me olhou rapidamente, me fazendo rir.
— Ainda bem que sabe. — Ergui uma sobrancelha para ela, que riu, então me virei para Bradley. — Você! — Apontei para seu peito e o puxei pela camisa. — Me dá um abraço. — O apertei muito forte.
— , não consigo respirar! — disse, mas me apertava tão forte quanto.
— Nem eu. Mas quem se importa? — Começamos a rir, então nos soltamos. — Não acredito que você está aqui. — Sorri abertamente, e ele me puxou para perto, me dando outro abraço. — Estou feliz por isso.
— Nem eu. Pensei que esse verão nunca ia chegar. — Deu um beijo apertado em meu rosto, e beijei seu pescoço, já que meu rosto estava enfiado em sua curva.
— Não vai me apresentar seu namorado? — Ouvi a voz de atrás de mim. Me virei em um pulo, o encarando com cara de deboche.
— Bradley não é meu namorado. Já pode parar com isso! — mandei, e ficou rindo. — Então — olhei por cima do meu ombro — Bradley, esse é , meu irmão mais velho — apresentei. — Aqueles são , Derik, Joe e Troy. — Apontei para cada um deles, que já vinham em nossa direção, com suas malas lotadas de coisas. — Depois são as mulheres que trazem coisas demais — impliquei com . — Meninos, esse aqui é o Bradley — falei, e eles o cumprimentaram.
— Aqui tem jogos de videogame e de tabuleiro. Acha mesmo que iríamos passar o verão todo olhando uns para as caras dos outros — respondeu, erguendo sua mala de mão. — Agora vem me ajudar a pegar a televisão no carro.
— Eu tenho cara de escrava, ? — Torci meus lábios e fiz uma cara de indignação. — Você não é o fortão que aguenta tudo? Pegue a TV sozinho. — Ergui minhas sobrancelhas, fazendo um biquinho.
— Eu ajudo. — veio saltitando, com algumas coisas nas mãos.
— Olha, achei uma mulher educada no meio de nós — observou, dando um sorriso para minha prima.
— , pode tirar os olhos dela. é praticamente casada — avisei, jogando meu braço ao redor do ombro de Bradley.
— Tudo bem, não tenho ciúmes. — Piscou para ela com um sorrisinho de lado e entrou na casa. Revirei meus olhos e soltei um riso, não tinha jeito mesmo.
— Isso é um aviso para todos vocês, seus pervertidos. E para você também. — Cutuquei o peito do meu amigo, que ficou rindo. — Eu sei que ela é linda e gostosa, mas não é para o seu bico, — falei alto para ele ouvisse.
— É o que veremos, ! — rebateu, alto.
— Olha só, minha priminha está sendo cobiçada — disse, dando um sorriso e o empurrou, suas bochechas começavam a ficar vermelha e isso nos causou risadas.
— , deixa a em paz — pediu, então ele a olhou com um sorriso. — Não, nem pense nisso. Você não vai me pegar para cristo hoje. — Já passou por ele com uma caixa de coisas na mão, o ignorando.
— Não fuja de mim, ! — Saiu andando atrás dela, puxando uma mala de carrinho.
Neguei com a cabeça e soltei Brad. Fui andando na direção do Honda de e peguei minhas malas, as levando para o quarto onde ficaria eu, minha amiga e . Os meninos dividiriam o segundo andar, que era uma sala de televisão, e nada mais justo do que isso para os nerds viciados em videogame. Eles espalharam colchonetes por lá e arrumaram tudo para ficar do jeito que queriam. Já eu, não queria nem ver a cara de tia Anne caso ela chegasse ali de surpresa e visse que sua sala de televisão virou um acampamento de loucos.
A casa não era muito grande, consistia em três andares. O primeiro era onde ficava uma pequena sala social, em conjunto a uma cozinha americana, uma suíte e um banheiro social; do lado de fora, tinha um deck com umas cadeiras, mesas e duas redes, era ótimo passar o final de tarde ali. O segundo andar era apenas uma sala de televisão, com sacada e um banheiro. Já o terceiro, tinha uma piscina e uma área para churrasco. Nunca entendi o motivo de tia Anne ter feito uma piscina lá em cima se a casa dava para a praia. Na frente da casa, tinha um gramado lindo e, ao lado, tinha uma garagem para dois carros e mais um espaço do lado de fora para mais dois.
Ajudei os meninos a descarregarem os carros, e acho que eles na verdade trouxeram a casa toda, pois era tanta coisa que eu não fazia ideia de como tinha cabido aquilo tudo nos dois carros, tirando, claro, o que Theo e o que os outros meninos iriam trazer, já que eles viriam com a utilitária do pai de A.J.. Nossa, eu não queria nem ver como aquela casa ficaria com onze homens e três mulheres. Viraria um verdadeiro pandemônio.
Prendi meu cabelo e comecei a ajudar a arrumar as coisas nos lugares, enquanto Bradley saiu com , e Miguel para fazerem a compra da semana. Eu e pegamos a televisão enorme que eles trouxeram, instalamos no segundo andar, descemos com a que tinha lá e colocamos na sala social. Tinha ficado bom, a tela curva era grande e seria perfeita para jogar em multiplayer.
— ! — me chamou, do primeiro andar. — Vem cá, tenho um presente para te dar. — Olhei para e uni minhas sobrancelhas, achando aquilo estranho.
— Mas meu aniversário é só daqui há quinze dias — falei alto para que ela escutasse, e me levantei do chão. Meu irmão veio atrás de mim.
— Só que se o presente esperar até o dia 11, vai estragar — ela respondeu, enquanto eu já descia as escadas, curiosa para saber o que era.
Assim que cheguei à sala, parei, olhando para aquilo sem acreditar, sentindo meu coração ficar extremamente acelerado enquanto um sorriso gigantesco ia se formando aos poucos em meus lábios. Embora tivesse visto poucas fotos suas e todas elas eram muito mal batidas, pois ele detestava tirar fotos, geralmente escondia seu rosto e a sua de perfil era do Duende Verde, eu o reconheci. Era bem ali na minha frente. Ele era ridiculamente lindo! Nunca conseguiria imaginar que aquela criatura era tão bonita daquele jeito. Seus olhos eram em tons tão fortes que dava para se perder se os encarasse por mais de dez segundos. O que era aquele sorriso com aquelas enormes covinhas? Céus, eu conseguiria me afundar nelas se quisesse! Sem mencionar seu cabelo comprido, com pequenos cachos nas pontas, que eram simplesmente perfeitos. era mais alto do que imaginei e seu corpo era perfeitamente desenhado. Seu braço esquerdo era coberto de tatuagens que nunca imaginei que ele teria, assim como seus peitos, os quais dava para ver por baixo da camisa florida, que estava aberta até a sua barriga, onde tinha uma borboleta.
— Caralho! — finalmente berrei e corri em sua direção, pulando em cima dele em um só impulso e passando minhas pernas por sua cintura. — Seu merdinha! — xinguei, apertando seu pescoço em meu abraço, dando um beijo apertado em sua bochecha, enquanto ele dava uma risada gostosa. — Pensei que você não iria vir!
— Achou mesmo que eu ia deixar que eles me impedissem de vir te ver e passar seu aniversário contigo? — Tirei minhas pernas de sua cintura e fiquei de pé. — Não mesmo — falou, me soltando e dando um passo para trás.
— Caralho! — soltei, de novo, super empolgada.
Então começamos a pular do nada e ficar gritando, enquanto estávamos um segurando as mãos do outro e rodando que nem dois perus tontos. Até que um ficou empurrando o outro como se tivéssemos em uma rodinha de punk e, por fim, voltamos a nos abraçar, ainda pulando e rodando. Eu não conseguia parar de rir daquela nossa palhaçada, nem parecia que eu faria vinte e cinco anos dali a quinze dias.
— Seu filho da puta! — Bati com as duas mãos abertas em seu peito. — Você me enganou! — Eu ainda ria descontroladamente, chegava a escorrer lágrimas dos cantos de meus olhos.
— Mas foi por um bom motivo. — Me puxou pela cabeça, me fazendo encostá-la contra seu peito. — Sua cara de palerma foi ótima. — Ele gargalhou.
— Vai se ferrar, ! — Tentei afastá-lo, ainda rindo, mas isso só o fez me apertar ainda mais contra si. — Aff, te odeio por isso.
— Bem que você queria mesmo. — Revirei meus olhos e mordi seu braço que segurava minha cabeça. — Ai, sua cachorra, não me morde! — Me soltou, então pulei em cima dele, tentando mordê-lo de novo.
— Meu Deus do céu. Quantos anos vocês têm? — perguntou, parado, nos olhando. — Vocês são retardados, mas parece que juntos a coisa piorou ainda mais. — Ao mesmo tempo, eu e o lhe demos o dedo do meio enquanto ríamos, até que ele se soltou de mim e foi falar com meu irmão, lhe dando um abraço. — Bem que achei estranho quando a disse que você não viria — comentou, dando uns tapinhas em seu ombro. — Você não parava de falar dessa viagem há semanas.
— Eu queria fazer uma surpresa para a baixinha. — Lhe dei língua quando me chamou daquele jeito. — Vai falar que a cara dela não foi ótima?
— Não sou baixa, meu tamanho é normal. A que é baixa. — Apontei para minha amiga, que estava sentada no sofá, nos olhando com um sorriso no rosto.
— Hey, não me meta no meio disso — pediu, rindo e levantando para falar com o . — Pensei que nunca iríamos te conhecer. — Eles se abraçaram.
— Também pensei — brincou, nos fazendo rir. — Caralho, vocês podiam ter escolhido um lugar mais perto para passar as férias — reclamou.
— Aqui é perto, você que mora longe — observei, fazendo uma pose de metida. — Quantas horas de viagem de Vegas até aqui?
— Como parei algumas vezes, foram sete horas — explicou, e isso me fez erguer as sobrancelhas. — Ué, cadê o resto do pessoal?
— saiu com Miguel para comprar comida. Troy e Stephen estão por aí — meu irmão disse, olhando para os lados, procurando os outros dois meninos. — Theo e os outros devem chegar por volta das duas e meia, três horas, depende do humor do Theo. Ele quem vai vir trazendo o utilitário do pai do A.J..
— Charlie, Derik e Joe estão vindo, né? — perguntou, colocando as mãos no bolso da frente de sua calça, e apenas concordou com a cabeça. — Beleza. — Sorriu e me olhou. — Essas férias serão as melhores. — E eu tinha toda a certeza disso.
— , volte aqui! — berrei, a vendo sumir pela cozinha, mas não saí de onde estava.
Eu já estava prestes a ir atrás dela para xingá-la por aquilo, até que meu irmão me segurou, não me deixando sair de seu lado. Sentia um pouco de vergonha, eu parecia uma idiota. Minhas bochechas estavam ficando quentes e eu precisava sair dali. Nossa, como eu era retardada, mas o fato era que quando vi fiquei tão feliz que simplesmente não consegui me conter. Fiquei olhando para o lado, disfarçando, vendo se via para onde tinha ido enquanto a mão de não soltava meu pulso.
— Preciso pedir ao Troy para fazer um drop it desse vídeo na parte que você grita. — me virei rapidamente para meu irmão, que não parava de rir. — Isso ficou muito bom! — voltou o vídeo me mostrou e eu fiz uma careta para ele, mas acabei rindo um pouco também, apesar de estar totalmente sem graça. — Quem é Eric? — uni as sobrancelhas com sua pergunta nada a ver com o nosso assunto. — Eric Holm acabou de enviar um: Estou sentindo sua falta, meu brilho de luz. — mordi minha boca por dentro, tentando segurar meu riso. Talvez agora fosse a hora de me vingar dos dois.
— Ah, só um menino que ela conheceu no tinder. — dei de ombros e peguei o celular de sua mão para que ele não abrisse a conversa e visse que o Eric era na verdade um amigo gay que estudava comigo. — Por quê?
— usa o tinder? — parecia meio incrédulo com aquilo.
— Tem algum problema nisso? — rebati, fazendo um biquinho e colocando as mãos na cintura. — Eu já usei o tinder.
— Eles estão se pegando? — a curiosidade repentina de me fazia querer rir. Vi me olhando por cima do ombro de meu irmão, parecia que ele estava tentando ver se eu estava falando a verdade ou não, mas a única coisa que conseguiu foi me fazer ficar perdida rapidamente em seus olhos extremamente . — ! — chamou, me trazendo de volta para Oxnard.
— Hã? É óbvio que eles estão se pegando. — respondi, estalando minha língua no céu da boca, revirando meus olhos. — E quem não pegaria o Eric? — soltei um gemidinho e juntei minhas mãos em meu peito. — Ele é lindo! — fiz uma cara de apaixonada. — Aqueles olhos azuis, aquele cabelo dele... — suspirei, continuando minha encenação. — Sem dúvidas, tirou a sorte grande dessa vez. — afirmei, com a cabeça de modo pensativo. — Quer ver? — Desbloqueei o iPhone, já que minha amiga tinha cadastrado a minha digital também.
— Não. — disse, com um humor bem alterado. — Olha bem para a minha cara e vê se vou querer saber quem é o sujeito que a está pegando. — meus olhos saíram da tela do celular e foram para meu irmão, que estava bem nervoso por sinal. Contive o sorriso travesso que queria sair de meus lábios. — Eu vou voltar a arrumar as coisas. — apenas dei de ombros e guardei o aparelho no bolso do meu shorts jeans, vendo ir para o segundo andar. — Vem, . — chamou seu amigo, que continuava no mesmo lugar.
— O que foi, ? — passei a mão em meu cabelo, o jogando para o lado.
— Você não vale nada. — comentou, já começando a sorrir de um jeito divertido.
— Eu? — dei uma de surpresa, colocando as pontas de meus dedos em meu ombro. — O que eu fiz?
— Mentiu na cara dura e o idiota do ainda acreditou. — falou, vindo em minha direção e diminuindo seu tom de voz. — Quem é o cara? — mordi meu lábio inferior, tentando segurar o riso, mas foi inútil, eu já estava gargalhando.
— Ah, é só um amigo gay que estuda conosco. — e agora começou a rir comigo. — E você vai manter essa boquinha linda bem fechada.
— E o que eu ganho com isso? — ergui minhas sobrancelhas com sua barganha.
— Nada. — o empurrei de leve pelos peitos. — Inclusive, você vai me ajudar a sustentar isso. — afirmei, dando um passo à frente e passando o indicador pelos botões abertos de sua camisa.
— Vou? — sentia seu olhar sobre meu rosto enquanto eu tentava me focar no caminho que a ponta de meu dedo fazia.
— Uhum. — ergui a cabeça e o encarei. — Porque...
— ! — gritou, bem nervoso, do segundo andar e, se fosse capaz, às janelas teriam tremido.
— Vai lá antes que meu irmão venha aqui te buscar pelo cabelo. — me afastei dele e saí andando.
Fui para a cozinha, procurando por , mas não a achei, então caminhei até o lado de fora e a vi sentada na areia da praia, perto da água. Corri até lá e me joguei ao seu lado, caindo sentada e jogando areia para cima. Estendi o iPhone dela em sua direção. Seu olhar recaiu sobre mim e depois sobre o aparelho branco de uma forma desconfiada, tentando descobrir qual era a pegadinha que tinha ali. Continuei a olhando, esperando que pegasse logo seu celular, então ela finalmente o fez, desbloqueando logo em seguida e vendo que o vídeo ainda estava ali.
— Não apagou. Por quê? — me olhou e eu apenas olhei para o mar, onde as ondas se quebravam e viravam uma espuma branca.
— Acho que gostei dele. — dei de ombros. — Me manda depois. — pedi.
No fim, eu tinha até mesmo gostado do vídeo. Era uma boa lembrança da primeira vez que me encontrei com . Tinha sido verdadeiro e espontâneo, então, no final das contas, estava tudo bem. E esse pensamento me fez sorrir e abraçar minhas pernas como uma criança. Já tinha anos que não me sentia tão bem daquela maneira e isso me deixava eufórica.
Estar com todas as pessoas que eu gostava me fazia mais bem do que imaginava. Grande parte do tempo eu estava ocupada com a faculdade, ou trancada em meu quarto fazendo algo e não percebia o que estava fazendo comigo mesma, me isolando do mundo e vivendo no meu próprio. Conversava apenas com Bradley e e com , mas com ele era diferente. Parecia que percebia que eu tinha sumido do nada, que não estava jogando com os meninos ou não respondia ninguém por mensagem e então me ligava, dizendo que estava preocupado comigo. Sempre fazia isso, me enchendo o saco, mostrando que podia contar com ele se precisasse de algo, ou apenas tentando me animar quando estava extremamente para baixo. Já perdi as contas de quantas vezes eu começava a chorar no telefone falando com aquele garoto e, em todas elas, me ouviu e tentou me fazer ficar melhor. Era muito grata por isso, ele não tinha ideia do quanto me fazia bem.
Ficamos sentadas ali, olhando o mar por algum tempo, até que Troy apareceu, nos chamando para ver um filme enquanto o resto do pessoal não voltava do mercado. Concordamos e nos levantamos, batendo a areia da nossas roupas e voltando para casa. Fomos para o segundo andar, onde já tinha alguns colchões espalhados pelo chão, perto da parede para que nós nos sentássemos. me chamou para me sentar ao seu lado, então apenas fui, me jogando quase em cima dele e o empurrando para que me desse espaço, mas ele apenas riu e me puxou para perto, passando seu braço por cima de meu ombro.
— está bem puto da vida. — cochichou, em meu ouvido. — Ele gosta da . — olhei para um pouco surpresa.
— Que tipo de gostar? — sussurrei, de volta, para que ninguém nos ouvisse. — Tipo, eles são melhores amigos desde crianças, é meio óbvio ele gostar dela. — expliquei.
— Não desse jeito. Não um bromance. — uni minhas sobrancelhas, achando que meu irmão tinha se afetado pelo fato de não saber quem era Eric e não porque ela estava “ficando” com alguém. Afinal, eles eram melhores amigos, o que me contava, ela sempre contava para . Geralmente, ele sabia das coisas até mesmo antes de mim. — Ele realmente a ama. — aquelas palavras me fizeram abrir a boca para dar um berro, mas a tampou na mesma hora com sua mão, porém isso atraiu olhares em nossa direção. — Larga de ser escandalosa, , é só um filme de terror. — merda, ele não podia ter dito aquilo, eu gostava de filmes de terror, saberia que estávamos falando de outra coisa.
— Filme de terror? — quase berrou, nos encarando e depois meu irmão. — Você não vai colocar nenhum filme de terror, sabe que eu odeio! — a encarou de volta e apenas ignorou seu comentário, olhando em seguida em nossa direção.
— Eu gosto de filme de terror. — cochichei, em seu ouvido, e seus olhos me fitavam percebendo a besteira que tinha feito.
— Ok, não vou colocar nenhuma barata voadora no quarto. — fechei meus olhos, quanto mais ele falava, mais piorava as coisas.
— Não tenho medo de barata, geralmente sou eu quem as mato lá em casa. — expliquei, e me olhou incrédulo.
— Como você não tem medo de barata voadora? Elas voam! — parecia que ele quem tinha medo delas.
— é estranha. — disse, dando uma pequena risada. — É mais fácil ela te jogar uma barata do que o contrário. — me olhou e depois olhou para minha amiga. — Inclusive, não sei se ela já te contou na vez que uma barata voadora pousou na mão dela na faculdade.
— Sério? — Stephen disse, já me olhando surpreso. — O que você fez com a barata?
— Ah. — segurei um riso. — Eu joguei no meio das meninas e gritei: Uma barata! — comecei a rir lembrando da cena. — E do nada abriu um buraco de mesas no meio da sala, como se eu tivesse jogado uma bomba. — soltou uma gargalhada alta em meu ouvido. — Porra! Ri para o outro lado! — reclamei, lhe dando uma cotovelada.
— Nós temos a mulher maravilha aqui e não sabemos? — zombou, e eu lhe dei outra cotovelada. — Ai. — reclamou, mas continuou rindo.
— Menos, , bem menos. — meu irmão o cortou, então pegou um travesseiro e acertou ele com tudo na cabeça de . — Porra! — xingou, já pegando outro travesseiro e acertando o menino de volta, ou pelo menos tentando, já que ele se abaixou bem na hora e me acertou.
— Caralho! — berrei, pegando um travesseiro e batendo nos dois, que se juntaram para me acertarem. — Ok, ok! Pinico! — falei, me dando por vencida, era impossível lutar com aqueles dois brutos, mas eles não pararam. — Já pedi pinico. — gritei, rindo e tomando mais “travesseiradas”.
— Agora fala que sou lindo. — mandou, me dando outra pancada com o travesseiro.
— Você é um ridículo, ! — consegui me rastejar para fora do colchão, enquanto estava sendo atacada pelos dois, e alcançar um tênis perdido, tacando um em e outro em . — Sai! — rolei no chão, dando uma cambalhota quando tentou me acertar de novo. , Troy e Stephen riam que não se aguentavam em vez de tentar me ajudar. — Parem de rir e me salvem! — mandei.
— Você quem se meteu com eles, se vira. — disse, entre risos, e bateu nela com o travesseiro e foi a minha vez de rir. — Hey! — ela tacou um na cara dele.
— Guerra! — berrou.
— Cala a boca, ! — joguei outro travesseiro nele, que me olhou sério e se levantou, vindo correndo em minha direção. — Ferrou! — me levantei e saí correndo, descendo as escadas quase rolando por elas e tentando entrar no quarto onde eu estava ficando e me trancar dentro dele, mas segurou a porta antes que eu conseguisse fechá-la, então mordi seus dedos e tentei ir em direção ao banheiro que tinha ali, mas seu braço passou pela minha cintura, me jogando em uma das duas enormes camas de casal que tinha ali. — Eu me rendo! — gritei, com ele já subindo em cima de mim e me fazendo cócegas. — Não, não, não! Cócegas, não! Por favor! — berrava, em desespero, pedindo para que ele parasse com aquilo enquanto me debatia desesperadamente. Já começava a chorar de tanto que ria e a pouco não respirava mais também.
— Fala que sou lindo! — mandava, rindo também, e eu só conseguia negar com a cabeça, pois minha voz era incapaz de sair. — Diz!
— Não. Consigo. Respirar. — foi a única coisa que conseguiu sair, pausadamente, com muito custo de minha boca, então ele parou e saiu de cima de mim, se jogando ao meu lado. — Ai ai. — falei, finalmente conseguindo respirar normalmente. — Você é um idiota. — me virei de lado e o olhei, ele virou o rosto e me encarou.
— Mas ainda assim você gosta de mim. — sorri com aquilo, ele estava redondamente certo.
— É, talvez. — impliquei mais um pouco, então ele se virou para me fazer mais cócegas, segurei seus pulsos em um reflexo de gato. — Ok, ok. Eu gosto. — ri um pouco.
— Não é suficiente! — arregalei meus olhos, enquanto ria.
— Não? Como não? — disse, em um tom de voz divertido. — É claro que é suficiente. Eu, hein. Menino abusado. — me levantei da cama, rolando por ela e jogando meu corpo para fora dela.
— Talvez. — rebateu, se levantando também. Abri a boca para rebater, mas ele fez sinal para que eu ficasse em silêncio.
— O quê? — perguntei, baixinho, tentando entender o motivo daquilo.
— está na cozinha. — levou o indicador para o próprio ouvido.
O quê? Como ele sabia disso? Então ouvi a voz dela e parecia que falava ao telefone. Olhei para a porta e depois para , então saí andando e ele veio atrás. Entramos atrás do sofá da sala e ficamos sentados ali escondidos, ouvindo a conversa. Pelo tom da conversa, parecia que estava falando com sua mãe, mas logo a ligação foi encerrada. Quando íamos sair de onde estávamos para dar um susto em minha amiga, escutamos alguém descendo a escada de madeira e isso nos fez continuar ali.
— Está tudo bem? — perguntou, mas não teve resposta.
Então, eu e olhamos disfarçadamente pela beira do sofá, eu por baixo e ele por cima de mim, para ver quem tinha descido. Estava bem engraçado, estávamos parecendo desenhos animados. Vimos que era quem estava ali com ela e isso me fez morder os lábios para não rir diante de minha recém descoberta. Meu irmão abriu a geladeira e pegou uma jarra de água, afinal, era a única coisa que tinha ali mesmo para tomar. Voltamos a nos esconder e sem querer bati com a cabeça no queixo de . Arregalei os olhos quando vi que ele tinha as mãos no lugar onde eu havia acertado.
— Desculpa. — sussurrei, tão baixo que achava difícil dele me ouvir. — Deixa eu ver. — pedi, e ele ergueu a cabeça e o local estava bem vermelho, então dei um beijinho ali. — Vai sarar. — soltei, e quase rimos alto, segurando nossas bocas para que isso não acontecesse.
— . — minha amiga chamou, e mais uma vez não teve resposta. — Posso pelo menos saber o motivo de estar sendo ignorada?
— Não estou te ignorando. — respondeu, de forma seca.
— Ah, então estou ficando louca. Entendi. — disse, em um tom de voz irritado. — Não vou ver filme com vocês.
— Por quê? — quis saber. Olhei para , que estava como eu, atento à conversa.
— Porque não vou ficar no mesmo lugar que você enquanto me ignora de graça. — nossa, aquela foi boa! Isso, !
— Isso é coisa da sua cabeça. — rebateu, mas eu podia ver claramente que estava irritado.
— Claro, sempre é. — ouvi os passos dela, que pararam do nada. Aff, que agonia, queria estar vendo o que estava acontecendo. — Vai me falar o que é?
— Quem é Eric? — Ow! Sua pergunta foi bem direta.
— Por que quer saber disso? — mordi meus lábios com muita força para não rir alto e naquele momento sabia que não podia olhar para porque certamente estaria do mesmo jeito que eu, ou iria nos entregar soltando uma gargalhada alta.
— Tem como você me responder? — Eita, acho que tinha mesmo ficado afetado com aquilo.
— , me poupe. — Não me aguentei e dei uma espiada, vendo tentando sair da cozinha quando meu irmão bloqueava a passagem no balcão. — Dá licença. — pediu, olhando para baixo.
— Por que não me contou que estava ficando com alguém? — Voltei a me esconder, pois eu queria gritar e soltar uma gargalhada.
— Oi? — ela não entendeu nada. — O travesseiro que o bateu em sua cabeça tinha um tijolo? — perguntou, e eu me torci inteira atrás daquele sofá. Não olhe para o ! Não olhe para o ! Se eu fizesse isso, não daria mais para segurar.
— Estou falando sério, . Tem como parar de palhaçada e me responder? — Meu irmão estava ficando cada vez mais nervoso.
— Claramente, a porrada afetou o seu cérebro. Agora me dê licença. — pediu, mas conhecendo , ele não iria sair dali sem ter uma resposta.
— Não. — Podia até ver cercando para ela não sair. — Por que não me disse que tinha uma conta no tinder?
— O quê? De onde você tirou isso? — Minha amiga parecia incrédula. — Você estava mexendo no meu celular?
— Ah, então você tem mesmo uma conta no tinder. — Meu Deus do céu, aquilo estava saindo melhor do que a encomenda. Meu irmão era muito neurótico.
— Não vou discutir isso com você. — olhei para , que já estava vermelho de tanto segurar a respiração para não rir, e esse foi meu maior erro. Soltei uma gargalhada alta e o menino não aguentou. — Mas o que... — Joguei meu corpo para trás, se deitando de costas no chão frio. — Sua idiota! — disse, olhando por cima do sofá. — Sai daí! — me puxou, mas eu estava sem forças para levantar.
— Então você tem mesmo uma conta no tinder. — imitei o tom de voz de em meio às minhas risadas. — Socorro! — ria tão alto quanto eu. — Trouxa!
— Isso só pode ser sacanagem. — praticamente rosnou para mim. — Você estava mentindo. — concluiu, como se fosse algo brilhante. — Vou te matar, .
— Oras, sua sua... — minha amiga tentava encontrar uma palavra para me xingar, mas ela não falava palavrões. — Sua irmã do !
— Opa, alguém me chamou? — Ele chegou no exato momento e eu não sabia se ria ou se me sentia ofendida com aquilo. — O que está acontecendo? — me olhou deitada atrás do sofá.
— Olha, me xinga, mas não precisa me ofender dessa maneira. — rebati, tentando ficar séria, mas a risada de me fazia rir mais ainda.
— O que houve? — Brad entrou, trazendo algumas sacolas e me olhou também com um sorriso.
— A idiota da minha irmã que inventou uma história só para me irritar. — respondeu, nervoso, e saiu andando, certamente para ajudar a pegar as coisas no carro.
— Idiotas. — revirou os olhos e também saiu.
se agarrou no sofá para conseguir se levantar enquanto secava o canto de seus olhos e tentava respirar, já eu ainda estava lá, caída. Ele ajudou a me levantar, mas o abracei, pois não tinha forças para me manter de pé direito. Seus braços passaram ao meu redor, tentando fazendo com que eu não caísse, mas ao poucos fui escorando seu corpo e caí sentada no chão novamente.
— Levanta, sua pata! — segurou minhas mãos.
— Não dá! — joguei minha cabeça para trás, minha barriga estava doendo de tanto rir.
— ! — chamei, o vendo entrando com coisas na mão. Meu irmão me encarou com um olhar mortal. — Você tem tinder?
— Vai te catar, ! — xingou, levando as coisas para o balcão da cozinha. — Vai ter volta.
— O Eric vai te ajudar? — rebati, e ele me deu dedo do meio. — Também te amo.
me pegou do chão como uma criança e se sentou no sofá comigo, ambos ainda ríamos um pouco.
Logo em seguida, Theo e os outros garotos chegaram. Então nos levantamos para ir ajudar a descarregar o carro. Às vezes ainda zoava um pouco e eu sentia que estava querendo me enforcar por causa daquilo, mas pelo menos eu tinha me vingado dos dois. Um pelo vídeo e o outro por ficar me zoando.
Assim que terminamos, começamos a fazer alguma coisa para comer, estávamos famintos. Eu apenas observava dando em cima de toda hora e eu estava vendo o momento que minha prima pararia de ser educada e daria apenas uma cortada nele que o deixaria até sem graça, mas não duraria muito tempo, pois não tinha a menor vergonha naquela cara dele.
Bradley não saía do meu lado, estava me ajudando toda hora e sempre que podia me abraçava. Seu jeito era engraçadinho e até mesmo fofo, me fazia rir um pouco. Já , não estava chegando perto de mim e de certa forma estranhei isso, mas percebi que talvez fosse por estar ocupado fazendo outras coisas, ajudando a arrumar o lado de fora onde íamos jantar, até mesmo saindo com meu irmão para comprar mais mesas e cadeiras, pois não tinha lugar para todo mundo.
Depois que acabamos de fazer aquela comida toda, já era oito da noite. Levamos as panelas para fora. e tinham comprado duas mesas dobráveis grandes de oito lugares e cadeiras. Os outros meninos colocaram tochas no parapeito da varanda, as prendendo com arame para poder iluminar bem. Tinha ficado bem legal. As mesas estavam postas com pratos, talheres e copos, colocamos as panelas em uma outra mesa maior que já tinha na casa. Todos se serviram e eu me sentei à mesa onde que estavam , , , Bradley, , Theo e Charlie. tinha ficado na outra, com os outros meninos e de certa forma me incomodou um pouco, pois alguma coisa dizia que ele estava me evitando por algum motivo.
— Gente, junta aqui. — pediu, ficando de pé no meio da varanda, com uma garrafa de cerveja na mão. Então peguei minha taça de vinho que estava meio cheia e me aproximei, ficando ao lado de meu irmão. — Quero brindar a esse dia. — abriu um sorriso largo. — Por muito anos planejamos essas férias em grupo e nunca conseguimos reunir todo mundo, mas esse ano todos fizeram seus sacrifícios e deram um jeito para podermos estar aqui hoje. — olhou de relance para cada um de nós. — Uns vieram de muito longe. — encarou , que estava na nossa frente. — Outros de um pouco mais perto. — agora observou Brad, que estava ao meu lado, dando um sorriso gentil para ele. — Mas eu queria mesmo agradecer àqueles que estão ao meu lado a vida toda. — o vi olhar para , que sorriu abertamente. — E também aos que vieram ao decorrer do caminho. — mordi o canto de meu lábio, contente com suas palavras. — Conclusão, quero agradecer a todos vocês por estarem aqui. Por fazerem parte da minha vida e da minha irmã. Vocês são as pessoas que mais amamos e por isso que queremos que sempre estejam ao nosso lado. — me abraçou e eu passei o braço pela sua cintura. — Vocês são os melhores amigos que poderíamos ter, são a nossa família. Obrigado por tudo. — estava me segurando para não chorar emocionada. — Quero brindar à nossa amizade e a esse verão, que será o melhor de nossas vidas! — ele levantou sua garrafa para cima e eu minha taça.
— Viva! — berrei, e todos gritaram comigo, brindando e dando um gole em suas bebidas logo em seguida.
Voltamos a nos sentar e começamos a comer. O jantar foi bem divertido. Falávamos besteira a grande parte do tempo e eu comi que nem uma porca, do nível que a cintura do meu short de cós alto ficou apertado e eu só não o abri porque Bradley estava ao meu lado, pois todos os outros ali já estavam acostumados com o meu descaramento.
— Então, . — começou, e eu já o olhei, esperando para ver qual seria a merda que ele iria falar. — Você vem sempre aqui? — minha prima riu enquanto ele fez uma cara de galã.
— Sai daí, ! — joguei a bolinha de papel feita com guardanapo nele. — Vou te ensinar a flertar.
— Vai lá! Quero ver. — bateu na mesa animado, como se tivesse acabado de fazer uma aposta, então me virei para . — Não, não, com ela não! — ergui minhas sobrancelhas, fazendo uma cara de indignada. — Ela vai falar que seu flerte foi bom só porque é sua prima.
— Ok. — olhei para .
— Não, nem pensar. Você não vai flertar comigo. — minha amiga logo me cortou, fazendo todos nós rimos. — Flerte com o Bradley.
— Com o Brad? Não sei flertar com ele. — olhei para meu amigo do meu lado. — Só sei flertar com mulheres. — brinquei.
— Bem que sempre desconfiei que você era lésbica. — brincou, apontando para mim. — Você andou roubando minhas namoradas, ?
— Que droga, ! Você me descobriu! — fiz pose de chocada. — Não saia espalhando meus segredos por aí desse jeito. — gesticulei com a mão. — Olha, nunca fiquei com nenhuma delas, mas admito que eram bonitas e até mesmo gostosas. — os meninos gritaram um coro, animados. — E se tivessem me dado mole, eu pegava. — sacaneei. — Pena que gastavam o tempo precioso delas contigo.
— Ui. Vai deixar, ? — Charlie perguntou, colocando a maior pilha, enquanto todos ríamos.
— Bem, eu tenho o que elas querem. — deu um sorriso de lado, se gabando.
— Ai, , você é nojento. — comentou, e eu concordei.
— Nojento por quê? Eu estava me referindo ao dinheiro. — se explicou, e eu uni minhas sobrancelhas. — Uma vez você me perguntou porque eu trocava o tempo todo de namorada e eu não te respondi, lembra? — falou comigo e eu concordei com a cabeça. — É porque eu descobria que elas estavam comigo só por causa da grana.
— Nossa, que merda. Nem segurar uma mulher você consegue. — debochei. — Isso me faz concluir que realmente você não tem nada de atrativo. — soltei uma pequena risada, mas ele sabia que eu estava brincando.
— Não se cospe no prato que já comeu. — arregalei meus olhos e todo mundo gritou.
— Cala a boca, ! — mandei, jogando outra bolinha de papel nele.
— Não, agora ele vai contar isso direito. — minha amiga se meteu na conversa, bem curiosa para saber o que aconteceu.
— Não tem nada para contar. — cruzei meus braços e olhei para o céu estrelado.
— Mas é claro que tem! — agora quem estava interessado era . — Gente, notícia quentinha, a e o já se pegaram.
— Que mentira! — berrei, e empurrei meu irmão. — Ninguém se pegou. Para de falar merda.
— Resta saber. — entrou na pilha. — Foi bom? — fuzilei minha prima com o olhar. — Pelo jeito foi.
— Foi nada. — rebati, rapidamente.
— Então você já ficou mesmo com ele? — perguntou, rindo.
— Não! — respondi, rindo um pouco.
— Vamos lá, , diga a verdade. — provocava, e eu estava quase voando nele por cima da mesa. — Fala para eles que você berrou meu nome.
— Ai, que nojo, . — reclamei, fazendo uma careta. — Vou vomitar meu jantar todo desse jeito.
— Você ficou com ele ou não? — Charlie se intrometeu, curioso, me olhando com um sorrisinho.
— Eu disse que teria volta. — sussurrou, em meu ouvido, então o olhei sem acreditar naquilo. Era um complô!
— , não brinque com fogo se não quiser se queimar. — ameacei, o encarando seriamente.
— Não tenho medo de me queimar. — respondeu, no mesmo tom que eu, dando um sorriso.
— Então nos vemos no inferno. — ergui uma sobrancelha minha. — Que tal mudarmos o tópico para o meu amado irmão. — apontei para ele.
— O não tem nada de interessante. — Theo falou, de um jeito divertido. — E outra, ele nos conta tudo, então não tem nem graça.
— Conta mesmo? — umedeci meus lábios com um sorriso largo.
— Conto. — meu irmão afirmou, de forma despreocupada.
— Então ninguém precisa saber o ataque de ciúmes que você deu por achar que a tinha conta no tinder, não é? — novamente, os meninos gritaram e agora começaram a bater na mesa. — Devo falar mais?
— Cala a boca, . — ordenou, visivelmente irritado.
— Quem é Eric? — perguntei, dando uma risada e me joguei para fora da cadeira quando ele tentou me pegar. Saí tropeçando pela varanda enquanto ria. — Você não vai querer jogar comigo, ! — avisei.
— Você é baixa demais! — praguejou, se virando e me olhando. — Mas você ainda não respondeu se transou com o ou não.
— Pergunte para o Eric, ele tem a resposta. — pude ver a veia de sua testa pulsando. — A tem o número dele. — se levantou da cadeira rapidamente, a fazendo cair. — Ferrou! — fiz uma careta e saí correndo em direção à praia.
— Tudo bem! Galinha de casa não se corre atrás. — disse, bem alto para que eu o ouvisse.
A única coisa que eu conseguia fazer era rir da irritação de meu irmão, mas ele merecia por ter jogado baixo daquele jeito comigo colocando no meio. não deveria ter feito aquilo, agora iria se arrepender amargamente até que retirasse o que tinha feito, pois as coisas não ficariam assim. Se tinha algo que eu gostava, era de um jogo, seja ele qual for.
— Ele não vai fazer nada para você — meu amigo garantiu, segurando minha mão com certa força, me dando segurança.
— Eu não acreditaria tanto nisso se fosse você. — Conhecia meu irmão, nós iriamos brigar feio e acordar toda a casa, precisava esperar que a raiva dele passasse. — Vou ficar por aqui e esperar ele dormir — sussurrei, para que não fôssemos ouvidos.
— Pare com isso, vamos. — Tentou me puxar, mas soltei sua mão, o fazendo me encarar.
— Não. — Olhei para a janela do quarto onde eu estava ficando e se ela não tivesse grade, poderia pulá-la. — Relaxa, quando ele dormir eu entro.
— Você vai ficar acordada esperando ele dormir? — Brad uniu as sobrancelhas, claramente incomodado com a ideia. — Vai ficar cansada amanhã.
— Bradley, meu amor. — Joguei meus braços em seus ombros enquanto olhava em seu rosto, ele era baixo, apenas dois centímetro mais alto do que eu. — Eu não durmo, então não se preocupe. — Senti suas mãos repousarem em minha cintura.
— Impossível não ficar preocupado contigo — sorri, achando fofinho o jeito que ele falou. — Mas você é teimosa, nada que eu diga fará diferença, então...
— Então você vai entrar. — Me afastei dele e o empurrei para dentro, soltando uma pequena risada.
— Cadê a cachorra da minha irmã? — ouvi meu irmão perguntar, vendo Brad, que tinha feito barulho quando o empurrei.
— Ficou na praia, disse que vai dormir lá fora — explicou, e eu pude sentir que ele realmente estava preocupado.
Meu irmão não falou nada e Bradley apenas subiu, desejando boa noite para ele, que respondeu, de forma educada. Acabou que me deitei na rede que tinha ali do lado de fora, caso me visse ali, era mais fácil de correr de volta para a praia. Fiquei balançando enquanto olhava para o céu estrelado. A noite estava quente e quase não ventava, então ficar ali fora estava extremamente agradável ao ponto que dormi. E isso era extremamente difícil, já que eu não era fácil para dormir e tinha um sono bem leve.
Estava bem plena, dormindo e sonhando com algumas coisas aleatórias, até que senti como se estivesse me afogando e abri meu olhos, gritando apavorada, sentindo meu corpo, roupas e rede tudo molhado. Me virei e caí no chão, percebendo que já estava de dia, e pelas risadas que ouvia, aquilo tinha sido coisa de . Me sentei e vi meu irmão com um enorme balde na mão, com ao seu lado gravando tudo com o celular. Passei a mão em meu rosto, tirando o cabelo ensopado que estava grudado em minha cara.
— Seus idiotas! — xinguei, e joguei meu chinelo na direção deles. — Vocês vão retirar o que falaram ontem à noite.
— Por que deveríamos? — Meu irmão veio andando em minha direção e estendeu a mão para que eu a pegasse.
— Porque é mentira! — afirmei, aceitando sua ajuda, e me levantou em um só puxão para cima.
— Será? — ergueu uma sobrancelha de forma presunçosa.
— Ah, cale a boca, ! — Saí andando dali, esbarrando em seu ombro.
Entrei na casa sentindo meus pés molhados escorregarem no piso de porcelanato, aquela merda parecia que estava cheia de sabão, e isso me fez acabar caindo de bunda no chão. Soltei um gritinho quando desequilibrei, ouvi uma risada alta e a reconheci logo; . Olhei para ele, que estava de pé no meio da escada me olhando, ou melhor, se escorando no corrimão para não cair enquanto ria descontroladamente da minha cara. Bufei irritada, mas comecei a rir, de nervoso e depois por ter sido de certa forma engraçado o meu tombo.
— Você está bem? — perguntou, descendo o resto dos degraus ainda rindo e se abaixou ao meu lado.
— É. Sei lá — confessei. Minha bunda estava doendo. Ou era o cóccix? — Você está? — O olhei já parando de rir e ele fazia o mesmo.
— Estou — respondeu, e colocou uma mecha de cabelo molhado atrás da minha orelha. — O que aconteceu?
— e . — Olhei por cima de meu ombro e ainda dava para ver os dois do lado de fora conversando. Voltei a olhar para e as coisas de ontem começaram a martelar em minha cabeça, eu precisava perguntar. — Te achei meio distante ontem à noite. Aconteceu algo? — Seu olhar caiu de meu rosto e eu soube que tinha alguma coisa.
— Não... — disse, tomando um pouco de ar e quando ia continuar, ele foi interrompido.
— Está tudo bem, ? — Bradley perguntou, já descendo as escadas apressado. Que merda. Ele tinha que aparecer logo agora?
— Uhum — murmurei, e pegou minha mão, me ajudando a levantar. Senti que minha bunda estava realmente doendo, aquela merda ficaria dolorida.
O olhei de forma séria e ele me encarou de volta do mesmo jeito. Sinceramente, queria saber o que se passava por sua cabeça, pois era uma grande incógnita para mim. Ele tinha aquele ar misterioso, parecia que do nada estava viajando e quando voltava à terra sua cabeça borbulhava com as coisas que tinha descoberto, as quais eu não fazia menor ideia de quais eram.
— Está bem mesmo? — perguntou Brad, chegando até mim e parando do meu lado, segurando meu braço como se eu estivesse prestes a cair, me analisando e vendo mesmo se estava tudo certo. Aquela superproteção estava começando a me incomodar. — Você está molhada?
— É. Meu irmão me molhou — expliquei, rapidamente. Estava começando a ficar de mau humor. — Preciso de um banho — falei, e saí andando em direção ao quarto, batendo a porta atrás de mim.
e deram um pulo da cama, me olhando sem entender nada, ambas com suas caras amassadas e com sono. As ignorei e comecei a vasculhar minha mala em busca de uma roupa. Tirei de lá minha caixa com baralho de tarô e a coloquei no móvel para que não caísse no chão e espalhasse todas as cartas, ou até mesmo as sujassem ou amassassem. O ar condicionado estava ligado e minhas roupas molhadas estavam ficando geladas rapidamente. Minhas mãos estavam trêmulas e eu estava culpando o frio por aquilo. Peguei um short e uma camiseta e entrei no banheiro, batendo a porta também.
Não sabia muito bem o motivo de estar irritada, só sabia que estava! Talvez por Bradley ter aparecido, interrompendo o que falava, ou se era o fato de ficar muito perto. Proximidade demais me deixava nervosa, não era muito fã disso. Ou então se era porque estava estranho por algum motivo que eu nem sabia qual era. Poderia até mesmo ser a brincadeira idiota do meu irmão com de ter falado aquilo ontem à noite e de ter me acordado com um balde de água na cara. Enfim, no final das contas, não queria mesmo saber o motivo da minha raiva, só queria que ela passasse.
Tomei meu banho e fui para o quarto, me deitando na cama ao lado de , que nem sequer acordou. Puxei o edredom até a cabeça e abracei o travesseiro, como se ele fosse me proteger de tudo aquilo que eu estava sentindo. Fiquei pensando mais um pouco nas coisas, mas milagrosamente peguei no sono, talvez eu estivesse mais cansada do que imaginei.
Acordei novamente assustada, mas dessa vez não foi com um balde de água na cara, e sim por corpos caindo sobre mim, juntamente a berros que me ensurdeceram. Enfiei minha cabeça embaixo do travesseiro, na esperança de que fossem embora, mas isso só os fizeram pular ainda mais na cama e agora já puxavam meu edredom, o qual não tive nem tempo de segurar. Comecei a levar travesseiradas e eu nem sequer reagia, só queria que eles me deixassem quieta.
— Levanta, cara! — Ouvi a voz de Charlie e outro travesseiro me acertou.
— Não estou afim, me deixa! — reclamei, com minha voz abafada por causa do travesseiro que estava sobre minha cabeça.
— Já são quatro da tarde! — A.J. berrou, e me acertou nas costas com outro travesseiro. — Precisamos de você no nosso time!
— É, ! — Joe concordou. — Precisamos de um sniper! — senti mãos puxando meus tornozelos, mas não soltei meu travesseiro.
— Não estou afim de jogar, chama o , ele é um bom sniper — os lembrei, o que era verdade. Eu e ele sempre jogávamos em times adversários quando nos reuníamos.
— Ele está no outro time, precisamos de você! — Joe rebateu, logo em seguida. — Vamos, levanta. — Puxou meu travesseiro à força de minhas mãos.
— Ah! Ok! — berrei, e eles começaram a rir. Me sentei, esfregando meus olhos e vendo os três sentados na beira da cama.
— Está tudo bem? — Charlie perguntou, com um tom de voz preocupado, e toda aquela preocupação dos outros estava começando a me incomodar seriamente.
— Uhum, só estou com sono — menti. Levantei e fui até o banheiro. — Já vou subir, só vou escovar os dentes e trocar de roupa — avisei.
— Vamos te esperar — A.J. falou, e eu nem ao menos respondi.
Lavei meu rosto e olhei meu reflexo no espelho, minhas olheiras estavam berrando. Então passei uma base e um pó nelas apenas para disfarçar um pouco. Ninguém precisava ver a minha cara de quem queria estar morta. Escovei os dentes e saí. Peguei outra muda de roupa, um short jeans e uma regata aberta nas laterais, e troquei de roupa. Prendi meu cabelo de qualquer jeito com um elástico e pronto.
Nós quatro subimos. Então vi que Theo tinha trazido sua enorme TV de led e tinha colocado do outro lado da sala. Eles jogavam em times, , , Theo e , contra Derik, Miguel, Troy e Stephen. Nós entraríamos no lugar de quem perdesse a partida. Me sentei em um colchão vazio e fiquei vendo o jogo. Bradley, e não estavam ali, e eu não tinha a menor ideia de onde eles deveriam estar.
A partida finalmente acabou e nós jogaríamos contra o time de . Escolhi minhas armas e esperei que os meninos fizessem o mesmo. O jogo começou e eu comecei a procurar um lugar para ficar escondida, onde seria perfeito para ter uma grande visão do terreno, mas minha paciência não me permitiu ficar parada muito tempo. Me armei com uma pistola e saí andando. Vi se aproximando, então me escondi rapidamente. Quando ele passou, dei dois tiros em suas pernas e corri até ele, que tinha caído no chão, então o matei de faquinha.
— Que porra foi essa? De onde isso veio? — berrou, soltando o controle. — Quem me matou? — Segurei o riso para não me denunciar. — Foi você, A.J.?
— Não! — respondeu o loiro, soltando uma risada alta. — Mas sei quem foi. — Porém não falou nada. — — chamou.
— O quê? — perguntou, rapidamente, de forma aérea.
— Sente o gosto... — não terminou sua frase, alguém o matou. — Caralho, ! — reclamou, e o garoto já ria.
— Não conte vitória antes do tempo. — avisou, de modo presunçoso.
— Ou talvez não... — falei, vendo meu irmão passando ao longe, peguei meu rifle, mirei na cabeça dele e em um único tiro o matei. — Ops. — debochei.
— Ora, sua! — disse, contrariado. — Mata ela, ! — mandou, de um jeito irritado.
— Não sei onde ela está — disse. O olhei e ele estava me olhando do outro lado da sala.
— Charlie, o que é isso sujo no seu colete? — Theo sacaneou.
— O quê? Não tem nada... — Então ele foi morto. — Filho da mãe! — Agora era apenas eu e o Joe, contra Theo e , a coisa tinha ficado bem difícil.
— Joe, fica esperto. — Mas dito isso, ele já estava em uma briga de facas com o Theo. — Mas que merda, mata ele! — gritei, já tentando achar onde os dois estavam, mas dei de cara com . — Ferrou. — Peguei minha AK rapidamente e comecei a atirar contra ele, que já atirava de volta com a pistola. — Morre, bosta!
— Morre você! — rebateu, mas ele acabou morrendo. — Filha da...
— Olha lá do que você vai xingar ela, vai estar xingando a minha mãe também — o interrompeu, e eu ri.
— Eu disse que ia ganhar de você, — impliquei, e ele jogou um travesseiro na minha cara. — Hey, isso não vale. — Voltei a olhar para a tela e vi Joe matar o Theo. — Ah! Ganhamos! — gritei, soltando o controle e jogando os braços para cima. — Ganhamos! Ganhamos! — Levantei e me joguei em cima de , e , só para implicar com eles. — Losers! — Fiz um L em frente da minha testa com minha mão.
— Ah, sai fora, ! — me empurrou. — Maior sem graça me matar na faquinha! — reclamou, de um jeito emburrado.
— Sem graça é você, baby. — Passei a mão em seu queixo, mas ele deu um tapinha nela. — Ai! — gritei, sentindo uma dentada em minha coxa, olhando para ela e vendo me mordendo. — Para, vai ficar marcado. — Dei um tapa fraco em sua cabeça.
— É para ficar mesmo — ria que nem uma criança.
— Me pergunto se você não desconfia — falou, então o olhei sem saber do que estava falando. — Você é pesada! — Me empurrou com força, fazendo com que eu rolasse no colchão.
— ! — ouvi chamar, então a vi de pé, perto de nós, com minha caixa de tarô na mão. — Quero um jogo. Abre um para mim? — pediu, então apenas estendi a mão e ela me entregou a caixa.
— Você sabe ler isso? — parecia desconfiado das minhas habilidades de taróloga.
— Eu sei de muitas coisas, doçura. — Pisquei o olho para ele, dando um sorrisinho de lado.
— Ah não, depois você joga isso. — Troy pegou a caixa de minha mão, a entregando de volta para a minha prima. — Você precisa jogar só mais uma partida que vai ser contra nós.
— Hm, ok. — Levantei e voltei para o meu lugar. — Dez minutos, — pedi a ela, que concordou e sentou-se ao meu lado.
— Nossa, está tão garantida desse jeito? — Derik falou, ironicamente.
— Claro — respondi, com extrema simplicidade. — Ninguém ganha de nós! — Bati minha mão com a de Charlie, Joe e A.J.
— Chega para lá — pediu para Charlie, que estava do meu outro lado e que lhe deu espaço. — Não vou deixar você ganhar dessa vez — sussurrou, em meu ouvido, de forma sexy, o que me fez ficar arrepiada e até mesmo apertar o botão errado, lhe causando uma risada. — Olha, não é que surtiu efeito.
— Cala a boca — disse, de forma ríspida, tentando me concentrar no que fazia. — Se eu morrer, vou te bater.
— Hm, me bater? — Seus lábios passaram em minha orelha, me causando uma nova onda de arrepios. — Depois de me bater, o que você vai fazer? — Levantei meu ombro, tentando fazer com que ele saísse dali. Aquele jeito que falava em meu ouvido me causava coisas. Mas ele não se deu por vencido, seus lábios passaram pela pele descoberta de meu ombro, me fazendo errar o tiro.
— Para com isso, merda! — xinguei, lhe dando um tapinha estalado na coxa, que o fez soltar um pequeno gemido e eu ri. — O próximo vai ser na sua cara se você não parar de me atrapalhar — ameacei.
— Olha ela. — Deu uma pequena risada. — Na cara eu só deixo você dar se for para me chamar de safado logo em seguida. — Aquilo me fez gargalhar alto, perdendo totalmente a minha concentração e nisso alguém me matou.
— Caralho! — berrei, e ouvi a risada de Miguel. — Não valeu, o me atrapalhou! — comecei a estapear ele de brincadeira, enquanto tentava se defender. — Maldito, eu vou te desfigurar, seu ridículo! — disse, entredentes, montando em cima dele, que tinha se jogado para trás.
— Olha esse sexo aí no meio de todo mundo! — zombou, e lhe dei o dedo do meio. — Vão para um quarto — ele ria, assim como .
— Vai à merda, ! — mandei, e me jogou de cima de si. Saí rolando pelo colchão e ele tentou segurar minhas pernas, que já se debatiam. — Sai daqui, ! — eu ria daquela situação.
Mas ele não desistia. Me virei e comecei a me rastejar para fora do colchão, ouvindo a risada dos outros. Parecia que eu estava tentando fugir de um zumbi que me atacava, já que começou a segurar meus tornozelos, depois minhas coxas e agora tentava alcançar minha cintura. Segurei o degrau da escada, me puxando, arrastando meu peso e do menino, conseguindo jogar meu corpo para frente e me soltando um pouco dele, mas quando estava quase me libertando, suas mãos me seguraram e eu caí na escada, levando comigo. Rolamos escada abaixo, batendo na parede e caindo um por cima do outro. Senti que tinha ralado uns pedaços de minha perna, mas quando olhei para o menino que estava embaixo de mim, meus olhos se arregalaram, pois sua testa estava sangrando.
— Puta merda, ! — Levei minha mão até a boca enquanto ele estava rindo. — Que inferno, para de rir. — Segurei seu rosto com as duas mãos. — Você está bem? — Eu estava preocupada com ele de verdade e aquele idiota ria. — Vou te levar ao hospital, você precisa tirar uma chapa para ver se está tudo bem. — Me impulsionei para ficar de pé, mas não deixou. — O que foi? Onde está doendo?
— , relaxa, está tudo bem — falou, parando de rir um pouco. — Eu só cortei a testa, mas não bati com ela. Acho que foi a sua unha.
— Acha? Nós caímos escada abaixo, você deve ter batido com a cabeça — ele negou, e eu não conseguia deixar de ficar preocupada com aquele idiota. — Como não, ? Vem, levanta. — Saí de cima dele, lhe estendendo a mão.
— Estou bem, é sério — garantiu, pegando minha mão e levantando. — O que foi, gente? Só foi um tombinho bobo — disse, olhando por trás de mim, então olhei por cima de meu ombro e vi todo mundo parado do meio para cima na escada nos olhando.
— Pensei que vocês tinham morrido — comentou, meu irmão. — Se eu voltasse contigo morta para casa, a próxima morte seria a minha — ri um pouco daquilo. — Vocês estão bem? — perguntou, descendo o resto dos degraus e examinando meu rosto.
— Sim, eu estou bem. Só ralei minhas pernas — respondi, olhando para elas e vendo várias marcas e arranhões pequenos. — Nada o qual já não esteja acostumada. — Dei de ombros e meu irmão concordou com a cabeça.
— E você, cara? Está bem mesmo? Não quer que te levemos para o hospital? — Achei fofa a forma como meu irmão se preocupava com também.
— Estou bem, é sério. Foram essas unhas enormes da que me arranharam. — Fez uma careta e me olhou, o corte ainda sangrava e tinha sujado sua camisa e o chão.
— Se você está dizendo, vou acreditar. Mas qualquer coisa que sentir fora do normal, é só falar, ok? — concordou com a cabeça.
— Vem, deixa eu limpar isso. — O puxei pela camisa em direção ao meu quarto. — Vai pro banheiro e lava o rosto, vou pegar umas coisas na minha mala para passar nisso. — Ele não falou nada, só fez o que pedi. Peguei minha bolsinha de remédios e fui atrás de . — Seca o rosto na minha toalha que é preta. — Apontei para a mesma, que estava pendurada no vidro do box. — Ok, agora senta aqui. — indiquei o vaso, já com a tampa fechada, no qual sentou logo em seguida.
— Devo me preocupar com sua mão pesada? — debochou, e eu lhe dei um tapa no braço. — Ai! — Passou a mão onde acertei.
— Se preocupe em não falar besteira para não apanhar mais — brinquei com ele, que riu junto comigo. — O que você ia falar hoje de manhã? — perguntei, enquanto limpava o pouco de sangue que ainda saía do corte com um pedaço de algodão, fiquei segurando para ver se estancava o sangramento.
— Nada. Por quê? — Olhei para ele e seus olhos estavam fechados.
— Tive a impressão de que você ia falar mais alguma coisa. — Fiquei olhando para seu belo rosto. Por que ele tinha que ser tão lindo? Soltei um suspiro. — Talvez eu estivesse errada.
— Talvez. — Abriu um pequeno sorriso.
— Aff, para com isso! — ri um pouco. — Você ia falar algo ou não?
— Ia, mas acho que não precisa. — Uni as sobrancelhas, não entendendo o que ele quis dizer com aquilo. — Acho que você já percebeu.
— Percebi? — indaguei, tentando lembrar de algo que eu tivesse notado. — Percebi o que, ? — Tirei o algodão de sua testa e vi que o sangramento tinha diminuído.
— Percebeu o que eu ia falar. — Rolei os olhos, vendo na verdade que ele estava era me enrolando para contar o que era.
— Não percebi nada, não tenho uma bola de cristal para adivinhar as coisas — rebati, passando um pouco de pomada no corte e depois colocando um band-aid do Batman por cima.
— Então pergunte às suas cartas de tarô. — Ele abriu os olhos e me encarou. — Você não disse que era boa? — Estreitei meus olhos, o vendo se levantar e olhar no espelho. — Do Batman? Não tinha do Coringa?
— Não, usei todos. Agora se manda. — Dei um tapa em sua bunda, soltando uma risada.
— Obrigado. — Beijou minha cabeça saiu do banheiro.
Joguei o algodão fora e guardei minha pomada. Fiquei por um tempo encostada na pia, tentando saber do que estava falando e, por fim, talvez ele tivesse razão, as cartas podiam me responder. Desliguei a luz do banheiro e saí dele. Vi que o pessoal tinha descido e que meu baralho estava sobre o balcão. O peguei e me sentei em um banco alto. Abri a caixa e comecei a embaralhar as cartas, pensando no que eu queria saber, mas Bradley apareceu na minha frente como se tivesse brotado do chão.
— Você sabe jogar? — Ele parecia uma criança curiosa.
— Sei — sorri e voltei a olhar para as cartas.
— , abre sobre o amor — A.J. pediu, dando uma risada alta. — Vê o que o futuro aguarda para o . — E eu sabia que aquilo era porque meu irmão tinha o matado no jogo.
— Ok. — Abri um sorriso enorme, rindo um pouco.
— Não vai abrir porcaria nenhuma, eu não acredito nessas coisas. — Meu irmão logo se meteu, tentando pegar o baralho de minha mão.
— Hey, tire sua mão daqui, não toque em meu baralho. — Dei um tapinha em suas mãos e puxei uma carta. — O enforcado. — A joguei em cima do balcão e todo mundo ficou em silêncio.
— Que porra isso significa? — Meu irmão tinha os olhos arregalados.
— Ué, você não acabou de dizer que não acredita? — debochei, com um sorrisinho.
— Fala logo o que é. — empurrou de leve meu ombro.
— Aplicada no amor e na forma como ela está posicionada, indica sofrimento na vida amorosa. — Mordi meu lábio inferior para não rir, pois eu estava dando o significado contrário da carta apenas para implicar com ele. — Dedicação não correspondida. Você será abandonado por aquela que ama, será uma grande perda. — E nesse momento houve um grande silêncio que dava até mesmo para ouvir as ondas da praia se quebrando, então comecei a rir alto.
— Sua idiota, é mentira! — disse, irritado. — O que essa merda significa mesmo?
— Ok, ok. — Passei a mão em meu cabelo. — Aqui diz que você vai se entregar para a pessoa que ama, que vai se dedicar a ela e será um amor de vidas passadas. — Olhei de relance para , que estava encostada à pia ouvindo com atenção o que eu falava. Todo mundo começou a berrar, então olhei para meu irmão e vi suas bochechas vermelhas. — Está bom para você agora ou quer uma interpretação mais complexa?
— Não quero nada, isso é baboseira. — Saiu de perto de mim e se jogou no sofá.
— Abre pra mim! — pediu, sentando-se ao meu lado.
— Hm. — Peguei a carta que estava sobre o balcão e a coloquei de volta no baralho, focalizando do que queria saber agora, então puxei uma. — Ulalá. Às de Espadas — falei, ao ver qual era. — Ela diz que você é capaz de mudar as coisas facilmente apenas com a sua força de vontade. — Tentei não olhar para , pois conhecia o suficiente para saber que ele era exatamente daquele jeito, se ele queria algo, ele pegava para si. — Essa carta é de grande força e lhe diz que vai ter vitória no amor. — Olhei para o garoto do meu lado, que estava com os braços cruzados sobre o balcão e olhando para a carta. — Olha só, ela te deu o que pensar — brinquei. — Faça disso um conselho e não uma regra, pois você pode acabar machucando as pessoas — avisei e ele ergueu a cabeça, me olhando. — Que tal agora eu tirar uma carta para a ? — Virei meu rosto, encarando minha amiga, que ainda estava no mesmo lugar que antes.
— O quê? Não fala! Não quero saber — falou, rapidamente, um pouco apavorada. — Tira para a . — Jogou para cima da minha prima.
— Ok, tira uma para mim. — Ela veio toda empolgada para perto. — Embora eu já saiba o que vai sair. — tinha um sorriso no rosto.
Coloquei a carta de de volta no baralho e comecei a misturar, enquanto pensava em e no que ela queria saber. Fiz um monte e tirei uma carta do meio, a virando. A Torre, só que ela saiu invertida. Merda, eu não podia falar que aquilo significava o fim de seu relacionamento, ou melhor, decepção amorosa, pois isso levava a Daniel e eu não queria que algo ruim acontecesse entre eles por causa de uma carta que tirei. Embora eu nunca tenha ido muito com a cara dele, mesmo assim, não era justo com a minha prima. Então comecei a vasculhar a minha mente, pensando em outra coisa para falar sobre aquilo.
— Ela fala apenas para você tomar cuidado com um homem moreno mal-intencionado. — Olhei diretamente para , que continuava do meu lado. — Pois ele tem muita má intenção. — Ouvi o pessoal rindo.
— O que você está insinuando, ? — ele perguntou, me olhando de volta.
— Oras, a carapuça serviu perfeitamente, hein, — ri um pouco e ele fez uma careta. — Bem. — Encarei minha prima. — É só isso mesmo — sorri, tentando ser convincente.
— Ok, ok. — Ela deu pulinho. — Agora abre para o chaveirinho aqui. — Colocou as mãos nos ombros de Bradley.
— Está bem. — Recolhi a carta e fiz todo o processo de novo. Saindo um Cavaleiro de Copas invertido. Adoro quando cai essas merdas na minha mão. Aquilo significava ciúmes, rejeição, rivalidade no amor e lutas por causa de uma mulher. — Você vai receber boas notícias — disse, apenas, já pegando a carta de volta e a misturando no meio das outras.
Então, do nada, virei a primeira carta da pilha pensando em mim mesma e saiu Os Enamorados. Legal, me ferrei um pouco mais. Pois aquilo indicava que eu teria que escolher. Excelente mesmo! Era por isso que detestava tirar cartas para mim, era só tapa na cara. Mas de certa forma eu sabia, sabia o que aquilo tudo indicava.
— Abre pra mim. — Ouvir a voz de me tirou de meu transe. Misturei as cartas e tirei uma.
— Você tem uma Dama de ouros na sua vida — falei, apontando para a carta, sentindo minhas bochechas esquentarem. Indicava uma boa mulher que o ama e que está satisfeita com ele. Amiga fiel, honrada e amorosa. Mas eu não iria falar aquilo para ele. — Ela é loira — disse, simplesmente, e peguei a carta, guardando o baralho. — Chega. Vamos fazer algo para comer — sorri sem mostrar os dentes, me colocando de pé.
— O chão é lava! — Troy berrou, do nada.
Puta merda! Levantei e comecei a olhar para os lados. Todo mundo estava correndo, caçando um lugar para subir. Achei uma cadeira e fui até ela, mas, quando fui subir, me empurrou, então empurrei ele de volta e começamos uma briga para quem iria subir, subimos juntos e o forro dela cedeu com nosso peso, fazendo os dois caírem no chão que nem bananas podres, rolamos e ficamos deitados de costas. Começamos a rir da nossa cena patética, assim como o resto do pessoal. Olhei para ele, que ria de um jeito engraçado, me fazendo rir ainda mais. Seu rosto se virou em direção ao meu e nossos olhos se encontraram. Mordi de leve o canto inferior de meus lábios e por fim me levantei.
— Vamos brincar de pique-esconde? — Miguel sugeriu. — E está com o e com a .
— O quê? Por que comigo? — perguntei, indignada.
— Ué, vocês dois que não conseguiram subir em nada — explicou. — Então nada mais justo do que isso. — Estreitei meus olhos e abri a boca em um O.
— Não é justo, eu não consegui subir na cadeira por culpa do , ele me empurrou! — Apontei para o garoto. — Ele quem tinha que contar, não eu.
— Larga de ser má perdedora e vamos contar. — empurrou minha cabeça e eu o empurrei, fazendo com que quase caísse. — Nossa, você é muito bruta.
— Nunca disse que era delicada, doçura. — Pisquei um olho para ele.
— Certo, mas tem que ser o escuro. — começava a ditar as regras, típico do meu irmão. — Não vale o lado de fora da casa e vale salve todos quem conseguir bater por último.
— Sem salve todos — rebati, já sabendo que iria me ferrar.
— Claro que vale, não seja chata. — tomou partido e eu fiz uma careta para ela.
— Acho justo colocarmos música alta para dificultar um pouco mais. — Minha prima deu a ideia e até que não era ruim. — Assim eles não escutam para onde estamos indo.
— Fechado — disse , animado. — Vamos contar na porta da sala. Vão apagando as luzes. — Ele já me puxava e eu quase tropecei nos sapatos que tinha no meio do caminho.
— Vou colocar a música. Achei uma playlist no Spotify que só tem músicas nostálgicas. — já pegava seu celular e conectava ao aparelho de som, colocando ele bem alto. — Leva lá para baixo e coloca na sala. — Me entregou o aparelho, que era sem fio.
— Meu Deus, isso é Danza Kurudo? — Theo perguntou, reconhecendo o começo da música que já tocava.
— É sim — falou, orgulhoso. — E tem outras músicas fodas! — deu um tapinha no ombro do amigo.
— Claro, o tem um ótimo gosto — debochei, já indo para as escadas. — Fechem as cortinas, nós vamos fechar lá embaixo e iremos esperar uma música para vocês se esconderem — avisei, e desci com .
Coloquei o aparelho de som na mesinha de centro da sala. Fechamos as cortinas, mas deixamos as janelas abertas ou morreríamos de calor. Já estava de noite, mas a luz da rua iluminava dentro da casa. Então apagamos o resto da parte de baixo da casa e fomos para a porta, ficamos virados de frente para ela.
— Por que você mentiu na leitura das cartas no domingo? — perguntou, simplesmente do nada, me fazendo olhá-lo mesmo que estivesse tudo o maior breu.
— Eu não menti — rebati, mas ele estava certo. Como aquele cara sempre sabia quando eu estava mentindo?
— Mentiu para a , para o Bradley e para mim — disse, com extrema convicção. — Além de ter tirado uma carta e não ter dito nada. Qual era e para quem era?
— Você pergunta demais. — Cruzei meus braços e encarei a parede.
— Então me fala o que você viu que tanto te incomodou — ele persistia, me fazendo bufar.
— Por que quer tanto saber? Você não me falou o que percebeu. Então por que eu deveria falar o que li? — Era justo, não? Direitos iguais. — Que inclusive você continua a mesma coisa, distante, só chega perto de mim casualmente ou para me fazer perder o jogo.
— Não quero que seu namorado fique com ciúmes — soltou aquilo do nada.
— O quê? — Me virei para dele. — De que bosta você está falando? Que namorado?
— Brad. — Ele não podia estar falando sério.
— Que desculpa mais ridícula, . Não somos namorados e você sabe disso. — Aquilo sim me incomodou, e bastante.
— Ele sabe disso? — Ergui minhas sobrancelhas, espantada.
— É claro que sabe. Como somos namorados se nunca nos beijamos? — Sem dúvidas, aquela merda tinha sido a coisa mais idiota que eu tinha ouvido hoje.
— De qualquer forma, ele tem ciúmes de mim, não gosta que eu chegue perto de você. — estava afetado da cabeça.
— Acho que você realmente bateu com a cabeça na escada no domingo — comentei, vendo que aquilo era loucura demais.
— Estou falando sério. Nunca reparou no jeito que ele te olha? Bradley é completamente apaixonado por você. — Fechei meus olhos com força e neguei com a cabeça. Por mais que eu quisesse que estivesse errado, sabia que não estava. — Não vim aqui arrumar confusão, então prefiro ficar longe quando ele está por perto.
— Nossa, muito interessante seu modo de pensar — falei, em um tom irritado. — Prefere ficar longe de mim por causa dos outros. Muito bom, , muito bom mesmo. — Me virei para sair dali, mas senti ele me segurando. — E se quer saber sobre as cartas, a da significava o fim do relacionamento dela com Jones, além de que ela teria uma desilusão amorosa, um tapa duplo que berrava bem alto. “Olha, você vai se ferrar com seu noivo e ainda se decepcionar com outra pessoa” — respondi, com raiva. — Me fala como eu poderia falar essa merda para a minha prima? — perguntei, travando meus dentes logo em seguida. — A do Bradley dizia que ele seria rejeitado e que entraria em uma briga por causa de mulher. — Joguei em sua cara para ele ver claramente que não tinha muito para onde fugir. — A sua... — respirei fundo — era a Dama de ouros, que na verdade fala que já tem uma mulher boa na sua vida, uma amiga fiel, que te ama e está satisfeita com quem você é. — A merda do meu coração estava disparado e eu podia sentir a respiração pesada dele bater em meu ombro. — A outra carta era para mim. Saiu Os Enamorados, ou mais conhecida como os Amantes, que jogava na minha cara que eu iria precisar fazer uma escolha e independente de qual seja eu vou perder algo.
— Caralho, vocês estão se pegando ou o quê? — gritou, do segundo andar. — Já está terminando a segunda música e o pessoal está cansado de esperar!
— Estávamos dando tempo para vocês! — foi quem respondeu. — Isso não termina aqui — disse, para mim e saiu andando.
Fiquei parada ainda por um tempo, esperando meu coração parar de querer sair pela boca. Que inferno! Por que ele tinha que me causar essas coisas? Trazer esse sentimento de euforia que há tanto eu já havia esquecido como era?
Começamos a procurar o pessoal, e sinceramente, a pior parte era ter que voltar correndo até a porta no escuro, eu sempre tropeçava em algo e quase caía, então nem se fala, ele conseguia ser mais estabanado do que eu, derrubando as coisas e os outros. O mais engraçado eram os lugares loucos que as pessoas se escondiam. Eu fui encontrar o Troy todo torcido embaixo da mesinha de centro onde estava o som, tudo bem que ele era pequeno, mas o que aquele menino fez foi contorcionismo. Não conseguimos achar em lugar nenhum e já tínhamos procurado em todos os cantos, até que ouvi o barulho do fogão da cozinha e iluminei o lugar com a lanterna do meu celular, vendo a minha prima sair de dentro do forno. Não esperei que ela acabasse de sair, já comecei a correr em direção à porta.
— 1, 2, 3, ! — berrei, e acendi as luzes.
— Não vale, você entrou na cozinha com o flash do celular aceso. — Minha prima já veio tentando se defender. — Não valeu.
— Claro que valeu — respondi, dando uma risada.
— Onde ela estava? — perguntou, curioso, mas todo mundo nos olhava querendo saber o mesmo.
— Ela estava dentro do forno — respondi, e geral começou a rir.
— estava que nem um frango assado? — soltou e eu já sabia que ele levaria uma patada pelo comentário idiota.
— Frango assado é a posição que a sua mãe fica, queridinho. — Todo mundo começou a gritar e ficou rindo.
— Chupa essa, . — Fiz um biquinho para ele. — Essa gatinha tem garras, baby! — me deu o dedo do meio. — Vamos lá, está com agora.
— Ok, né. Mas isso foi roubado — disse, contrariada e foi andando em direção à porta.
Todos saíram correndo quando a luz apagou e eu fiquei pensando onde iria me esconder, já que todo o lugar que pensava já tinha alguém, até que vi a cortina da janela do segundo andar balançando e tive uma ideia brilhante. Fui até lá e me sentei na janela, fiquei de pé no lado de fora dela, bem no canto, atrás do vidro, segurando na madeira do telhadinho que tinha em cima. A música acabou e começou a tocar Oops!... I Did It Again. Foi impossível não mexer meu quadril e ficar cantando a letra. Eu adorava aquela música, fazia parte da minha infância.
Vi a lanterna de iluminar a cortina e pensei que ela me acharia ali, mas logo a luz sumiu. Aquela era a minha chance de sair dali e me bater, mas então percebi que não tinha como sair, não tinha apoio embaixo para segurar e se eu soltasse iria cair. Maravilha, como sempre, faço merda. Eu até iria rir se não fosse tão trágico. Então a única coisa que me restou foi ficar parada ali, esperando que me achassem. E isso durou longos vinte minutos, todas as luzes da casa foram acesas e agora todo mundo me procurava, até que alguém abriu a cortina.
— Meu Deus do céu, ! — berrou, e colocou a cabeça pra fora. — Desce daí, agora! — Ela me olhava apavorada, eu não sei se era a luz da lua ou o que, mas minha amiga parecia meio pálida.
— Bem, eu faria isso se conseguisse. — Dei um sorrisinho, sentindo meus braços cansados de tanto segurar.
— ! — chamou meu irmão, aos gritos, mas não saiu de onde estava.
— O que houve? — Ouvi sua voz. — Mas que merda, ! — Já me xingou e apareceu na janela. — Sai daí!
— Não consigo! — comecei a rir e isso era péssimo, pois sentia meus braços perdendo as forças.
— O que essa maluca fez? — perguntou, e apareceu na janela também. — Que merda, ! — Ele me olhou sem acreditar. — , segura uma perna dela que vou tentar segurar a outra.
deu espaço para eles, então um ficou do lado do outro. , que era mais alto, ficou atrás de e os dois seguraram minhas pernas, aos poucos fui dando passos para o lado, até que meu pé suado escorregou do beiral de mármore e eu berrei, sentindo meu corpo descer.
— Tem como você tentar parar de se matar o tempo todo só nessas férias? — meu irmão perguntou, apavorado, com metade de seu corpo para fora, segurando meu antebraço enquanto eu estava pendurada na janela. — Me ajuda, , ela é pesada! — mandou, irritado. — Levanta o outro braço, sua idiota.
— Não dá alcance! — falei, esticando o máximo que conseguia, mas a mão de estava muito longe. Olhei para baixo e vi que deveria ter apenas uns três metros do chão. — Me solta.
— Não, você vai se machucar. — não quis. Ouvi um barulho na porta da varanda e vi lá embaixo.
— Solta ela, eu seguro — falou, e isso me fez olhar para meu irmão.
— , desce e ajuda o a segurar a . Ele não vai aguentar o peso dela dessa altura e os dois vão se machucar — disse, para o amigo, que já saiu correndo, mas sentia que a minha mão estava escorregando cada vez mais por estar suada. — Segura com força.
— Não dá, . Minha mão está suada. — E meus dedos escorregavam cada vez mais rápido pelo seu antebraço. — Pode me soltar.
— Não vou te soltar até o chegar lá. — Ele torceu os lábios, contrariado, então eu soltei seu braço. — Não! — Tentou me pegar de novo, mas foi inútil.
— Peguei! — falou, prendendo meu corpo contra o dele antes que eu tocasse o chão. Olhei para ele e minha barriga estava na altura do seu rosto. — Você está bem? — perguntou, já me descendo aos poucos. — Sua maluca — riu um pouco, então saí correndo em direção à porta.
— 1,2,3, salve todos! — gritei, batendo na parede enquanto ria.
— Isso é sacanagem. Não valeu de novo! — já apareceu na sala, cruzando os braços. — Você roubou, o lado de fora da casa não valia.
— , você está bem? — Bradley já entrou no meio da gente, me dando um abraço apertado que chegou a me fazer ficar com falta de ar.
— Estou, não foi nada demais. — Dei dois tapinhas em seu ombro para ver se ele me soltava.
— Fiquei preocupado com você, podia ter se machucado. — Respirei fundo e por fim ele me soltou. — Está bem mesmo? — Afirmei com a cabeça enquanto suas mãos seguravam a lateral de meu rosto. Então, simplesmente do nada, Brad me beijou ali no meio da sala, na frente da torcida toda do Ravens.
Eu fiquei totalmente sem reação, com os olhos arregalados, sem saber o que fazer. Todo mundo estava olhando e gritando, e se eu o afastasse, seria uma coisa muito escrota, mas também não queria beijá-lo. Impasse! Acho que nem uma intervenção divina poderia me salvar agora.
— Aí, ! — Ouvi a falando alto e depois um barulho na escada.
Me separei de Bradley, sabendo que tinha acontecido algo de ruim com minha amiga. Em outros casos, eu até iria rir ao ouvir ela me chamando assim, mas eu me encontrava tão nervosa com a situação em que estava, que a minha única reação foi ir ver imediatamente o que estava acontecendo. O pessoal ria por causa da forma como falou, mas meu irmão, assim como eu, estava sério, já subindo as escadas até onde ela estava sentada com a mão em seu tornozelo.
— O que houve? — perguntei, com os olhos arregalados, olhando para seu pé, onde estavam suas duas mãos segurando.
— Já não basta a minha irmã querendo se matar, você vai tentar também? — parecia bem mais nervoso do que eu.
— Acho que torci — disse, com uma voz esganiçada.
— Vou te levar para o hospital. — já me puxava para o lado para tomar lugar ao lado de .
— Não — ela falou, rapidamente, de forma exaltada. — Não precisa, não foi nada.
— Como não? — Meu irmão já a pegava em seu colo. — Não sabemos o que aconteceu, pode ter que imobilizar. — Ele descia com ela pelo restante da escada.
— , gelo vai resolver. — tentava argumentar, mas eu concordava com meu irmão, ela precisava ver aquilo.
— está certo — falei, já andando na frente em direção à porta para abri-la. — Você precisa ver isso.
— Não, posso colocar gelo e, se amanhã não estiver melhor, vocês me levam. — Então, por fim, meu irmão parou e a olhou. — É sério. Eu prometo que, se estiver muito ruim amanhã, eu aviso. Aí vocês me levam para onde quiserem.
— Ok, então. — finalmente cedeu e foi levando ela para o quarto.
— Vou pegar gelo. — Passei pelo balcão, já caçando a bolsa para colocar gelo, que costumava estar guardada em uma das gavetas.
— Que merda isso — lamentou, se jogando sobre o sofá. — Já que não vamos mais poder brincar, que tal pedirmos pizza? Estou com fome.
— Pode ser, eu quero de frango — respondi, colocando gelo dentro da bolsa.
Então o pessoal começou a discutir sobre os sabores que seriam escolhidos e isso me fez rir um pouco. Olhei para eles, que pareciam crianças de jardim, e percebi que não estava ali. Meus olhos vasculharam todo o cômodo e até mesmo olharam pela janela, para ver se o encontrava, mas não conseguiram, e automaticamente senti meu peito ficar apertado. Eu sabia exatamente o que aquilo significava. Mordi meus lábios, tentando me conter, e fui para o quarto, onde estavam , e sentados na cama. Meu irmão segurava o pé da minha amiga, mexendo com cuidado nele enquanto ela fazia caras e bocas, soltando alguns gemidos, pedindo para ele parar com aquilo.
— Eu tenho um gel para torção na minha bolsa. — Entreguei o saco de gelo para . — Vou pegar para passar nisso. — Ele pegou o saco e colocou no pé de .
Comecei a vasculhar minha bolsa, tentando ignorar tudo o que tinha acontecido agora pouco. Sentia que, se pensasse muito, minha cabeça daria um nó, então me focar em era a melhor fuga que eu tinha, e me agarraria nisso. Achei a pomada e a dei para meu irmão, que já a abriu e começou a passar no pé de com todo o cuidado do mundo, como se ela fosse uma porcelana super frágil. Eu achei muito bonitinho aquilo, ele gostava mesmo dela. Então me sentei na outra cama e fiquei observando , na forma como ele olhava para minha amiga, o jeito que estava cuidando dela, não era mesmo um bromance, era algo muito além disso, parecia ser intenso. De certo modo, invejei um pouco a forma como se sentia, pois eu queria me sentir do mesmo jeito, mas parecia que as coisas tinham sido tiradas de minha mão com extrema brutalidade, de tal maneira que não tive tempo nem de ao menos tentar segurá-las. Isso me fazia sentir extremamente agoniada e querer chorar. Sentia que estava tão perto, podia até mesmo sentir meu peito esquentar de tanta euforia e agora todo aquele sentimento simplesmente desapareceu por causa de um maldito beijo, o qual eu nem ao menos queria.
Theo chamou meu irmão, então ele saiu, fechando a porta atrás de si. ficou olhando para ela, depois me encarou e fez o mesmo com a , começando a rir em seguida. Uni minhas sobrancelhas, não entendendo o motivo daquilo.
— Agora você já pode me dar o Oscar como melhor drama. — Ela sorriu para mim e finalmente entendi.
— Era mentira! — eu e falamos, juntas.
— Alguém tinha que te salvar, não é? — Não podia acreditar nisso. — Estava na cara que não queria beijá-lo, mas, te conhecendo bem, você não iria afastá-lo só para não magoá-lo. — Abaixei a cabeça, olhando para meus pés que estavam cruzados sobre minhas pernas.
— Eu não acredito nisso! — já pulava na cama, rindo. — Por que você não queria beijá-lo? O Bradley é fofo. — Minha prima se deitou, apoiando seus cotovelos e segurando seu rosto enquanto me olhava com atenção.
— Porque não gosto dele desse jeito. — Dei de ombros, me jogando para trás e agarrando um travesseiro, enfiando meu rosto nele e dando um berro. — Por que ele tinha que fazer isso na frente de todo mundo? — perguntei, soltando o travesseiro.
— Na frente do você quer dizer, né? — me corrigiu, e eu dei o dedo do meio para ela, que ficou rindo.
— Ow, ow, ow, espera — pediu, se empolgando. — Você gosta do ? — E sua pergunta fez meu peito revirar. — Eu pensei que vocês eram só amigos.
— Eles são — minha amiga afirmou. — Ela fala dele desde quando se conheceram. Já tem quatro anos que a respira , mas eles nunca conseguiram se encontrar, só agora. — Fechei meus olhos, ouvindo o que dizia, que era a mais pura verdade. Minhas bochechas estavam quentes e eu me sentia uma total e completa idiota. — Você tinha que ver a cara de enterro que ela ficou quando brincou falando que não iria vir.
— Vai à merda, — mandei, já me sentando e olhando para elas. — É, mas isso não importa mais. — Levantei e deitei na cama, entre as duas. — O que sinto não faz diferença. — Afundei meu rosto ao lado da perna de , tentando não chorar.
— E por que não faz? — Minha amiga quis saber.
— Porque não! — Eu não queria falar, pois sabia que se eu abrisse muito a boca, eu ia desmanchar inteira e não queria que ninguém me visse daquele jeito.
— Você está falando isso porque o Bradley te beijou? — perguntou, e eu apenas afirmei com a cabeça. — E o que isso tem a ver com o fato de você gostar do ?
— Ele está se afastando de mim por causa do Brad. — E falar aquilo em voz alta serviu como um gatilho e eu comecei a chorar.
— Como assim? — praticamente berrou. — Desculpa. Como assim? — falou, em um tom baixo de voz.
— disse que o Bradley tem ciúmes de mim, que não gosta de me ver perto dele. — Eu chorava ainda mais e sentia e passando as mãos em meus cabelos e costas. — E também que não veio aqui para arrumar confusão, então prefere ficar longe de mim quando Brad está por perto. — Puxei o ar, mas não consegui fazer isso direito. — Aí agora, quando eu estava pegando gelo, não vi mais o na sala. Ele deve estar com raiva de mim.
— Se estiver com raiva de você por causa do Bradley, ele é um idiota — disse, tentando me consolar, mas não adiantava, ainda me sentia mal por causa daquilo. — Não chora.
— Mais idiota ainda é ele se afastar de você por causa dos outros! — parecia bem irritada. — Onde já se viu isso? Dane-se o Bradley. Se o gosta mesmo da sua companhia, ele não deveria fazer essa merda! — Ela começou a me puxar para que me sentasse, então fiz o que queria. — Não fica assim. Esses meninos são uns idiotas. — Secava meu rosto enquanto falava.
— tem razão. Não fica desse jeito. — me abraçou de lado, mas eu não conseguia parar de chorar. — Conversa com o depois.
— Não quero falar nada com ele. — Na verdade, o que eu poderia falar com ele? Alguém bateu à porta, então me joguei na cama e escondi meu rosto nos travesseiros. — Se perguntarem, fala que estou morta.
— Entra — falou, e eu ouvi o barulho da porta se abrindo. — Fecha a porta. — E ela foi batida.
— O que aconteceu com ela? — Era e certamente estava perguntando sobre mim, isso só fez mais lágrimas descerem, mas controlava minha respiração para que ele não percebesse que eu estava chorando.
— Ela está passando mal, acho que foi do susto por causa da janela. — Minha amiga inventou, mas não achava que aquilo iria convencê-lo.
— Uhum, conta outra. O que tá pegando, ? — Senti a cama ao meu lado afundar, mas não respondi.
— Deixa ela, — pediu. — Ok, não reclama se levar patada. — A mão de passou em meu braço.
— Me deixa em paz, ! — falei, alto, mas minha voz foi abafada por causa do travesseiro.
— Está chorando? — E parecia que a coisa toda só piorava. — , o que aconteceu? — Seu tom de voz ficou extremamente sério agora. — Qual dos idiotas te deixou desse jeito?
— Quais idiotas? — parecia curiosa para saber o que o sabia.
— Contando comigo, somos quatro, mas como não fiz nada, resta o , e o Bradley. Acho que somos as únicas pessoas que afetam ela desse jeito. — Odiava como me conhecia, muitos anos de amizade dava nisso.
— Ainda bem que você sabe que é um — minha prima implicou, soltando uma risadinha. — Mas agora é sério, só precisa de um tempo. — Ela podia falar o que fosse, não sairia dali sem saber o que era.
— Muito engraçadinha você, é de família? — rebateu, e eu conseguia visualizar claramente sua expressão de deboche, a mesma que fazia para mim quando eu implicava com ele. — , — voltou me chamar, e agora eu chorava ainda mais — vem cá. — Me puxou para cima e a única coisa que consegui fazer foi abraçá-lo e enfiar o rosto em seu pescoço, me escondendo ali. — Está assim porque que o Bradley te agarrou, não é? — Afirmei com a cabeça e ele afagou minhas costas. — Eu deveria bater nele por te deixar desse jeito.
— Claro, tudo sempre se resolve no soco, não é? — o repreendeu. — Você poderia ter afastado os dois.
— Não, mas ele também não deveria ter beijado a simplesmente do nada, sem saber se ela queria ou não. — podia ser muitas coisas, mas incrivelmente ele entendia que não deveria beijar uma mulher sem o consentimento dela. — Ele merece um soco por isso. — Me abraçou com mais força, como se estivesse me protegendo. — Aconteceu mais alguma coisa além disso? — Era ridículo como ele sabia das coisas. — Porque eu sei muito bem que você não estaria chorando apenas por isso, e sim, planejando a morte dele por ter feito aquilo. Seu irmão brigou com você? — Neguei com a cabeça. — Então só resta o .
— , você está querendo saber demais, não acha não? — minha amiga interviu, e eu agradeci mentalmente por isso. — Não está vendo que ela não quer falar?
— A nunca quer falar nada, esse que é o problema, ela guarda tudo para si e depois fica mal — rebateu o menino, apertando um pouco seus braços ao meu redor e afrouxando logo em seguida. — O que o fez?
— Ah, ele existe — respondeu, com simplicidade. — E é um babaca. Tirando isso, está tudo certo — eu até mesmo poderia rir se tivesse algum ânimo.
— Ok, acho que entendi. — era mais esperto do que realmente parecia, ele ligava os pontos rapidamente. — Você está mal porque gosta do , o que não é novidade para ninguém, aí o Bradley te beijou e agora está se culpando por isso por achar que com isso anula todas as chances de você ficar com o .
— Pode falar a verdade para ele, ? — perguntou, e eu dei de ombros. Não tinha como esconder muita coisa do mesmo, então falar ou deixar de falar não faria diferença, ele acabaria descobrindo eventualmente. — Certo. Você acertou quase tudo, mas tem uma coisa errada. — Houve uma pausa. — Ela acha, na verdade, que o ficou com raiva dela por causa que o Bradley a beijou.
— Ele é um babaca se ficou com raiva da por causa daquilo. — Ouvi um barulho de palmas.
— me surpreendeu agora — falou , de um jeito divertido. — Continue assim que vou te dar um doce.
— Posso escolher o doce? — tinha um tom de voz pervertido.
— Não. Eu quem vou dar o doce, eu quem escolho — rebateu, dando uma risada. — Continua .
— Tem mais? — Ele parecia que tinha ficado surpreso, então disse o que falei sobre o não querer chegar perto de mim e ouvir aquilo me fazia chorar que nem criança. — Outro que tenho que socar a cara. Mas que ideia mais sem cabimento é essa a dele? — estava nervoso e agora me abraçava com força.
— Me faço a mesma pergunta. — estava tão indignada quanto ele. — Eu deveria chutar a bunda dele.
— Você não vai chutar ninguém com esse pé machucado — rebateu. — Vou resolver isso.
— Não vai nada — finalmente falei, e me afastei dele. — Deixa isso para lá, não vai levar à lugar nenhum. — Ele me olhou com os lábios presos em uma linha reta. — Não me olhe assim.
— Com o Bradley eu não posso fazer nada, mas com o sim. — Segurei suas mãos, tentando fazer com que ficasse calmo. — Relaxa, não vou matá-lo, só machucar um pouco. — O olhei de forma séria. — Ok, só dar um susto.
— Não, , você não vai fazer nada — disse. Não queria que ele se metesse nisso, poderia afetar a amizade deles e o que eu menos queria era mais confusão. — Qualquer coisa, eu vou embora depois na festa de aniversário. É na semana que vem mesmo, aí o problema acaba.
— O quê? Não! — só faltou me bater. — Está maluca? Quem tem que ir embora é o Bradley e não você. Ele quem fez a cagada, oras!
— Eu acho que a tem que fazer o que ela acha que é melhor, o que a deixe bem. — veio ao meu partido. — Mesmo achando que não vai ser legal ela ir embora, mas se é o que a fará feliz...
— Não tem essa de ir embora — disse, me olhando nos olhos. — Nós vamos resolver isso, mas você não vai acabar com suas férias por conta desses idiotas. — Segurou meu rosto com as duas mãos. — Me entendeu? — Afirmei com a cabeça. — Ótimo. Agora me falem o sabor de pizza que vocês duas querem — perguntou, a e .
Quando as pizzas chegaram, veio até o quarto e me pegou em seus braços, me levando até a sala como se eu fosse uma princesa. Confesso que estava adorando todo aquele cuidando, achando a coisa mais linda do mundo, mesmo que fosse mentira e eu não tivesse mesmo me machucado de verdade. De qualquer forma, estava agradecida. Não que ele nunca fosse daquele jeito, até era carinhoso, porém sempre negava quando eu lhe dizia isso, me deixando contrariada, pois ele era realmente uma pessoa doce, preocupada, protetora e muito amável.
Fui colocada sentada no sofá e sentou-se ao meu lado um pouco encolhida, como se fosse um cachorro com medo. Ela tinha passado uma maquiagem leve no rosto apenas para esconder o vermelho que tinha ficado por ter chorado, mas ainda assim saber que ela estava triste me deixava mal também. Odiava vê-la daquele jeito.
sentou do outro lado, não dando nem chance de que Bradley chegasse muito perto, e se tentasse chegar, eu seria capaz de no mínimo jogar minha coca-cola na cara dele, já que não poderia chutar sua bunda por estar com o tornozelo “machucado”, mas de qualquer forma valeria a pena.
Percebi que não estava ali no meio dos meninos e eu estava na dúvida se tinha o chutado para fora da casa, ou se ele realmente não tinha voltado desde a hora em que o Bradley beijou a . Até mesmo vi quando saiu, foi assim que o idiota a beijou, então eu tive que entrar em ação, percebendo que nem mesmo a minha amiga queria ser beijada, já que sua cara era de pânico extremo, como se alguém tivesse acabado de lhe jogar uma lagartixa em cima.
Por sorte, ninguém mais estava comentando sobre o ocorrido e nem mencionaram o nome de , o que me incomodou um pouco, já que ninguém notou que ele não estava ali, mas todos estavam entretidos demais com seus pedaços de pizza para perceber algo que estava faltando. Talvez apenas eu, as meninas e tivéssemos percebido, quem sabe até mesmo , só que nenhum de nós se manifestou e isso não estava certo.
Peguei meu celular no bolso de meu short e mandei uma mensagem para , mas ela não chegou, ele deve ter desligado ou algo parecido. Respirei fundo e comi um pedaço da fatia de pizza que estava na minha mão. Então coloquei o resto de volta na caixa, já estava cheia.
— , me ajuda a ir ao banheiro? — pedi, e ela concordou, já se levantando. olhou para nós duas com certa cara de pavor, a qual cheguei até mesmo a ficar com pena. — Não demoro. — Sorri, já me levantando sem encostar o pé no chão, eu precisava encenar bem ou descobriria a verdade.
pegou meu braço e foi servindo de apoio para mim, enquanto eu fui pulando de um pé só. Assim que viramos o corredor, coloquei meu pé no chão e comecei a andar normalmente, mas olhei por cima de meu ombro antes para ver se não tinha ninguém vindo atrás de nós.
— Espera. — Segurei o braço dela. — Eu vou ver se acho o , você enrola os outros e, sei lá, fala que fiquei com dor de barriga ou que fui tomar um banho, inventa qualquer coisa.
— Para que você vai atrás dele? — Ela me olhou com os olhos apertados.
— Ué, ele sumiu desde aquela hora e ninguém foi atrás dele ou falou algo. Vou ver se ele está bem — expliquei, rapidamente.
— Quer que eu vá contigo? — Balancei a cabeça em negação. — Ok, qualquer coisa me manda uma mensagem.
— Está bem — sorri
Fui até o final do corredor, onde tinha uma pequena porta que dava para a lateral da casa, passei por ela e dei a volta, indo para a praia, onde provavelmente ele deveria estar, já que seu carro estava estacionado rente à calçada. Avistei sentado perto da água, abraçado com suas pernas. Andei até lá, sentindo a brisa leve bater em meu rosto e me sentei ao seu lado. Ele nem ao menos me olhou, ficou encarando o ar à sua frente.
— Estão sentindo a sua falta lá dentro — comentei, o olhando. O seu cabelo estava caído na lateral de seu rosto, não dando para vê-lo direito. — Sei que acha que está atrapalhando, mas se afastar atrapalha ainda mais. — provavelmente me mataria se soubesse que eu estava falando isso com .
— É, mas eu não gosto de atrapalhar e muito menos de arrumar confusão. — Torci meus lábios. era cabeça dura que nem a , eu precisaria apelar.
— Bem, se você não tivesse saído de lá àquela hora, teria visto que a última coisa que a queria era aquele beijo. — Mordi o canto de minha boca, na esperança de que aquilo funcionasse. — E, claro, você perdeu a minha linda atuação. — Ele me olhou, tentando entender o que eu estava falando. — não sabia o que fazer, então fingi que machuquei o tornozelo para que ela conseguisse fugir do Bradley.
— Só você mesmo, — ele riu um pouco e negou com a cabeça.
— Eu sou um máximo, pode falar — brinquei, rindo um pouco. — Mas isso fica entre a gente, todo mundo achou mesmo que me machuquei.
— Tudo bem, seu segredo está seguro comigo. — Embora parecesse que estava se esforçando, seu tom de voz ainda era triste.
— É uma merda não podermos ficar com quem gostamos — suspirei, esticando minhas pernas e me apoiando em minhas mãos, que estavam para trás.
— Está falando do , não é? — Sua pergunta me fez gelar por segundos.
— Está tão óbvio assim? — rebati, sem olhá-lo.
— Seria ele ou o , mas você trata o como trata os outros, então... — Deixou no ar, me pegando de surpresa.
— Não vou nem usar a desculpa de que somos amigos desde sempre. — Encostei minha cabeça em seu ombro.
— E por que não fala com ele? — Aquilo não aconteceria nem em meus melhores sonhos.
— Falar o que, ? Está maluco? Não tenho nada para falar. — Respirei fundo e soltei o ar, passando meu braço pelo de .
— Ué, falar como se sente — sugeriu, como se fosse algo bem óbvio e fácil de ser feito.
— Com qual finalidade? Nós somos amigos e é isso que vamos sempre ser — afirmei, como uma criança birrenta.
— Tenho certeza de que não é só isso para o . — Senti ele me olhando. — Acho que deveria falar com ele, mas... — O olhei e tinha um sorrisinho no rosto.
— Sem ‘mas’. Não vou falar nada com ele e nem você. — Apertei seu braço, voltando a olhar para frente.
— E o que tem demais em falar que gosta dele? — Me mexi, um pouco incomodada. — Está parecendo uma adolescente que nunca beijou na vida.
— Ha ha, muito engraçado. — Revirei meus olhos. — Vamos mudar de assunto — sugeri, já cansada de falar sobre mim mesma. — Queria que você voltasse ao normal e parasse de parecer um retardado por causa do Bradley. — Ele não falou nada, então continuei. — Deveria parar de se importar com o que ele acha ou deixa de achar.
— Já disse que não quero arrumar confusão. — Foi a única porcaria que ele voltou a repetir.
— Você poderia trocar esse disco, ele vai acabar ficando furado de tanto pedir — falei, um pouco irritada. — E outra, fazendo isso, você está arrumando confusão do mesmo jeito. Vamos lá, , por favor, facilita as coisas.
— Ok, eu faço, mas com uma condição. — Já o olhei com as sobrancelhas erguidas, vendo sua expressão virar a de um menino sapeca. — Como sei que não vai falar com o , eu te desafio. Se você falar com ele, eu volto ao normal e cago para o Bradley.
— Isso só pode ser sacanagem! — Quase dei um grito. — Não é justo!
— A vida não é justa. — O empurrei e ele caiu de lado na areia. — É pegar ou largar.
— Olha aqui, , eu vim aqui ser legal, sendo que tem até mesmo gente querendo te socar por estar sendo um idiota. — Agora foi ele quem me olhou surpreso. — E você me vem com essa de desafio?
— Quem está querendo me socar? — Ele tinha ficado extremamente curioso, ignorando completamente o que eu tinha dito depois.
— Acha mesmo que vou te falar? — Oras, se ele achava que era o único que sabia jogar ali, aquele menino estava muito enganado. — Não vou te dar as respostas todas fáceis assim. Não mesmo! Já estou me arriscando só de estar aqui com você agora, não vou sair te dando informações sem receber nada de útil em troca. — me olhava com um olhar desafiador. — Mas, se você voltar mesmo ao normal, eu posso até mesmo pensar em falar com o , é o máximo que posso te oferecer em troca.
— Ok, eu volto ao normal e depois, além de falar com o , você me conta quem quer me socar — sugeri, sorrindo. — Apesar de que eu não quero fazer isso, mas será por uma causa maior.
— Espero que você faça direito. Não vou me enfiar em uma treta à toa, pois se a souber disso, ainda corro o risco de perder a amizade dela. — Apontei para nós dois, me referindo ao acordo. — E, outra, não vá se achando a última Coca-Cola do deserto por causa disso.
— Não estou — ele riu um pouco e me empurrou com seu ombro, me fazendo rir também. — Mas vou tentar não evitar a .
— Acho bom mesmo, ou quem vai querer te socar serei eu.
— Isso é bullying comigo! — tirou o papel de sua testa e o colocou sobre a mesinha de centro, olhando indignada para meu irmão, que estava ao seu lado rindo. — Colocou um fácil só porque eu sempre demoro a acertar.
— Veja por um lado bom, você não vai ter que pagar prenda — Falei, tentando animá-la. — E outra, você é mesma uma anã, ele só disse quem você realmente é.
— Eu vou embora dessa casa! — Bateu a mão na mesa indignada. — Vocês só me zoam! Depois eu pego a arma e mato, vocês vão ver.
— Você tem uma arma? — perguntei com os olhos arregalados.
— Não — falou de forma óbvia.
— Ah, então posso continuar zoando. — O pessoal começou a rir junto comigo.
— , como chama aquela música do Chainsmokers? — mudou de assunto completamente.
— Ué, vai matar e pede música? — soltou ao meu lado, me fazendo rir mais ainda.
— , vem cá que vou te beijar depois dessa! — falei, colocando as mãos sobre minha barriga, ela já doía. — Qual delas, ? Paris? — Estava tentando saber qual delas minha amiga queria saber.
— É para tocar no velório — minha amiga explicou em tom de deboche. — Mentira. Na verdade, é para ser trilha sonora do julgamento. — Eu estava vendo a hora que me mijaria de tanto rir. — E não, não é Paris, é outra que te mostrei esses dias.
— Olha, se não for para me cremar e jogar minhas cinzas no mar, eu nem quero, baby — disse com cara de metida. Me joguei para trás, encostando no sofá e dando uma risada mais alta.
— Não vou te matar, só a mesmo. — Arregalei meus olhos ao ouvir aquilo.
— Ué! Agora sou eu quem vai morrer? Pensei que você quem ia se matar — falei exaltada por não ter entendido isso antes.
— Sempre foi você, louca. — Agora até a ria, menos eu. — Por que eu iria me matar?
— Porque você está sofrendo bullying? — Ergui minhas sobrancelhas. — Acho que vou te dar sorvete para que fique mais calma. — Prendi uma risada, pois , , eu e éramos intolerantes à lactose.
— Olha ela, querendo me matar de dor de barriga. Come você! — Todo mundo, inclusive eu, estava rindo da nossa discussão idiota.
— Olha, estou precisando mesmo, porque a quantidade de besteira que andei comendo nos últimos dias... — Passei a mão na minha pancinha que estava cheia.
— Ai, que nojo, . — Torceu o nariz, rindo logo em seguida.
— Gente, eu seria a nova casa do Bob Esponja? — falou do nada, me fazendo olhá-la com as sobrancelhas unidas. — Olha a sombra do meu cabelo. — Apontou para o chão e ela tinha razão, parecia um abacaxi. Soltei uma gargalhada muito alta. — Como vocês me deixam ficar ridícula dessa maneira e nem me avisam?
— Alguém me ajuda que eu estou passando mal! — berrei praticamente me jogando em cima de , que me empurrou para cima de , então as duas ficaram me empurrando de um lado para o outro enquanto eu ria sem parar, já sentindo as lágrimas escorrendo nas laterais de meu rosto.
— Nossa, estou até com vergonha disso. — Minha prima desamarrou o cabelo e o prendeu de novo. — Coitada da minha mãe, me carregou nove meses para depois de vinte e um anos eu pegar e virar isso.
— Relaxa. Se arrumar um pouco, dá até para pegar — disse em um tom de voz brincalhão, me fazendo rir ainda mais.
— Puta merda, . Corre que agora você vai morrer! — já estava tacando todos os chinelos que viu pela frente em .
— Isso é porque eu não disse que, se ela se arrumasse muito, daria até para casar. — Era incrível como ele conseguia piorar as coisas quando abria a boca.
— Eu vou te matar afogado na privada, ! — Jogou agora uma almofada dele.
— Você pode matar ele depois que a gente acabar essa rodada, inclusive eu te ajudo. — se meteu na conversa, dando uma pequena risada enquanto dava o dedo do meio para ele. — Ah, , não faça isso que eu fico gamado.
— Ai, gostosão, vem cá então. — colocou a língua para fora e ficou balançando. — Vou te lamber todinho.
— Vou adorar. — fez uma cara de safado, arrancando muita risada de todo mundo.
— Ok, ok, vocês estão passando dos limites já. Se querem se comer, vão para um quarto, ou o banheiro, tanto faz — meu irmão interveio antes que eles começassem a fingir que estavam se pegando. — Vai, , é sua vez.
Comecei a fazer as perguntas, mas estourei o meu limite e não consegui acertar. Tirei o papel de minha testa e vi o nome Cinderela escrito. Nossa, eu nunca iria acertar aquilo, não era fã da Disney e podia ter desconfiado disso, já que amava contos de fadas. Então foi a vez da e ela também não acertou, a mesma coisa aconteceu com o , terminando a rodada nele. Eu, , , e teríamos que pagar alguma prenda.
— Eu quero escolher a prenda do . — já logo levantou a mão, dando um sorrisinho vingativo.
— Já vi que vou me ferrar — ele já disse fazendo uma careta.
— Relaxa, baby, não vai ser nada demais. — Minha prima pegou o celular dela e conectou ao aparelho de som. — Dança para mim, safada — brincou e começou a tocar Bye Bye Bye, do ‘NSYNC.
— , você podia ter colocado A-ha para tocar, mas não ‘NSYNC. sabe todas as coreografias deles, ele achava que era o Justin Timberlake quando mais novo — avisei e o pessoal riu.
Então se colocou de pé em um pulo, indo até a cozinha e voltando com um pano de prato amarrado na cabeça e sem camisa, arrancando mais risadas nossas. Então colocaram a música para ele dançar. Eu sentia que iria me mijar de tanto rir. Aquele menino tinha alguns parafusos a menos. Ele se movia de maneira sexy, passando a mão em seu corpo enquanto dançava e cantava a letra da música apontando para , fazendo a coreografia certinha. Me perguntava como ele lembrava os passos tão perfeitamente. Mas melhor mesmo era as caras e bocas que fazia, tentando seduzir minha prima e olha, admito que, se eu estivesse no lugar dela e sentisse alguma atração por ele, estaria molhada.
— Uhul! — berrei, balançando a mão, incentivando que ele continuasse. — Agora tira o short. — Então ele ameaçou mesmo a tirar. Vi arregalar os olhos e riu. — É para tirar mesmo!
— Não estou afim de ver o pau do — Theo falou, já cortando a ideia. — E você não fala essas coisas porque ele é ruim da cabeça e faz mesmo. — Aquilo nos rendeu mais risadas.
chegou perto de e estendeu a mão para ela, dançando de maneira envolvente. Ela negou e ele então se afastou, terminando de dançar e rindo junto com a gente. Agora era a vez de pagar a prenda e quem escolheu uma música, colocando Everybody, do Backstreet Boys para tocar, mas era a versão do clipe, que tinha uma introdução. Aquela seria boa! Meu irmão olhou sério para seu amigo e por fim se levantou, negou com a cabeça, segurando o riso. Peguei meu celular e já comecei a gravar, mas então ele veio até mim e me puxou para cima.
— Você sabe dançar essa música, vai pagar esse mico comigo — disse e eu já entreguei meu iPhone para .
— Eu te odeio, — reclamei rindo um pouco.
— Você também tem que pagar a prenda — rebateu dando um sorriso.
Nós nos juntamos rindo um pouco e começamos a fazer os passinhos de “valsa” que tinha no começo, indo de um lado para o outro de forma sincronizada, depois nos soltamos e fizemos aquela mistura de Thriller com dança “moderna”. Nossa, aquilo era ridículo. Eu não conseguia parar de rir de nós dois, mas, quando Brian começou a cantar, eu abandonei meu irmão, deixando ele fazer a performance sozinho. Ele rebolava aquela bunda dele de um jeito muito engraçado, se esfregando nos meninos, que o empurravam, tirando ele de perto de si. Fiquei balançando minha cabeça com a batida da música, vendo a dança super afeminada de . estava do meu lado que não se aguentava de tanto rir enquanto gravava tudo. Ele fazia até igual as mulheres que tinha no clipe, se movendo como se segurasse um vestido. Só que sem dúvidas a melhor parte foi ele cruzar a sala dando mortais e estrelas, sem errar nenhuma. Meu irmão era ótimo nisso. Todo mundo começou a berrar em coro achando aquilo foda demais. No final, ficamos assobiando e batendo palmas para ele, aquilo não tinha sido um mico e sim um verdadeiro show.
— Agora eu quem vou escolher uma música e vai ser para as duas dançarem — disse, já apontando para mim e para e pegando o celular dela, escolhendo uma e colocando para tocar.
— Você só pode estar de brincadeira, baby — disse com um sorrisinho. — Existe uma Britney interior em mim. — Ela já se levantou ao som de Me Against The Music.
Me levantei e fui para a cozinha, enquanto minha prima já começava a dançar na sala. Abri o armário onde guardávamos coisas de praia e comecei a procurar uma coisa em específico, achando o que eu queria. O varão do guarda sol para usar como bengala, a qual Madonna usava no clipe. Voltei para a sala e puxei uma cadeira da mesa de jantar, me sentando nela e fazendo uma pose, vendo fazer uma dança bem erótica. Estava vendo que ficaria com uma ereção daquele jeito.
Quando minha prima me viu sentada ali, ela começou a dançar para mim, como se estivéssemos em uma batalha de sedução. Eu só ficava a observando de um jeito sério, entrando na brincadeira, enquanto cantava a letra da música de um jeito sexy, a olhando de cima embaixo, vendo seus movimentos e como passava a mão no próprio corpo. Então fechei a cara, joguei meu varão para , que estava praticamente do meu lado, e fui para o balcão da cozinha como se aquilo fosse uma parede. foi para o outro lado dele e começou a se esfregar ali que nem eu, uma acompanhando a outra de um lado para o outro como se fôssemos reflexos.
Me joguei no chão e coloquei meus pés na beira do balcão, abaixando meu peito e o deslizando pelo piso de porcelanato em uma tentativa falha de imitar a Madonna. Fingi lamber o chão e comecei a cuspir como se tivesse comido areia. O pessoal riu um pouco. Rolei no chão que nem uma maluca até chegar aonde estava e peguei meu varão de volta, o apontando para . Então saí andando para fora da casa, soltando o varão em qualquer lugar e acendendo as luzes da varanda. Tirei minha regata e a joguei no chão, ficando apenas com meu sutiã de renda vermelho. Olhei por cima do ombro e me acompanhava, assim como o pessoal que se empoleirou na janela para ver o que eu estava fazendo.
Subi na rede e comecei a sensualizar que nem Madonna fazia com o balanço, enquanto minha prima se esfregava no batente da porta, subindo e descendo, mas meu show foi falho quando a rede virou comigo e eu caí de costas no chão, soltando uma risada alta. Nesse momento, até riu, perdendo a concentração. Então levantei em um pulo e joguei meu cabelo que tinha se soltado para o lado, mexendo meu corpo com a música.
Voltei para dentro de casa e fui em direção à mesa de jantar, puxando as cadeiras para poder dançar em volta delas. Não tínhamos uma cama sem colchão, então a mesa seria a nossa cama. começou a dançar comigo, como se estivéssemos brigando uma com a outra para ver quem sensualizava mais, mas com certeza ela ganhava de mim. Subi em cima da mesa e puxei ela junto. A virei de costas para mim e desci atrás dela, passando a mão em seu corpo, até me ajoelhar e me jogar entre suas pernas, que estavam abertas. Ela estendeu a mão para mim, que a peguei, me colocando de pé. Abaixei meu tronco e esfreguei minha bunda nela, que deu um tapa estalado. Fiz uma cara de “Ops”, levando minha mão na boca, e pulei de cima da mesa, pegando meu varão que estava encostado na parede agora.
Comecei a dançar com ele, olhando para , subindo e descendo, rebolando e às vezes passando o varão entre minhas pernas. Dei as costas e saí andando, pisando os meninos, que agora estavam sentados no chão, rebolando na cara deles, me abaixando e passando minhas costas em seus ombros. Até que parei e olhei para , então passei o indicador em meus lábios o lambendo com a ponta de minha língua e continuei descendo ele pelo meu pescoço, entre os meus peitos até chegar em minha barriga. Mordi meu lábio inferior, fazendo uma cara de prazer e joguei o varão em cima dele, que o pegou no ar, com os olhos fixos em mim.
Senti alguém segurando meu braço e logo depois fui puxada para trás, rodando, batendo com as costas contra a parede, fazendo meus cabelo soltos caírem sobre meu rosto e sendo cercada por um par de braços. Vi que era , então sorri de um jeito safado quando ela se aproximou de mim e virei o rosto, finalizando a dança, pois a música tinha acabado.
— Ow — foi o primeiro a falar, batendo palmas. — Isso foi muito bom! — Ele estava de pé nos olhando.
— Prenda paga — falei ofegante, dando um sorriso largo. — Agora é a vez do . — Apontei para ele, que continuava me olhando de um jeito bem sério. — E eu vou escolher a música.
— Você? Me recuso! Você vai me sacanear e não vai ser pouco — ele se recusou, me fazendo rir.
— Você não tem escolha, amor! — Pisquei para ele e peguei o celular da minha prima. — Só por causa do seu desaforo não vou mais colocar Queen e sim... — Coloquei Wannabe das Spice Girls para tocar. — Vamos lá! — Estiquei as mãos para ele.
— Só vou dançar se eu for a Scary. — Ergueu uma sobrancelha e fez cara de criança birrenta.
— Sério? Eu ia falar que você era a Posh, mas já que você vai ser a Scary, eu serei a Ginger. — Dei uma risada e o puxei para cima. — Vamos lá. — Comecei a cantar a música e ele revirou os olhos, rindo.
— Você está cantando a minha parte — reclamou e pegou o controle da TV em cima da mesa.
— Opa, desculpa. — Dei uma pequena risada, então cantei olhando para o . — So tell me what you want, what you really really want. — E aquela música não podia ser uma indireta melhor.
— Ah, eu quero ser a Posh então. — já ficou de pé. — vai ser a Baby e o a Sporty. — Meu irmão o encarou sério.
— Por que eu sou a Sporty? — Quis saber, ficando de pé.
— Porque ela sabe dar pirueta que nem você. Só aceita. — Entregou um enfeite da sala na mão de .
Começamos a cantar os cinco juntos junto com a música, um querendo aparecer mais do que o outro. me empurrou, querendo ficar no meio, então o empurrei de volta, até que veio e me deu uma bundada, cantando sua parte, dançando de um jeito muito ridículo que me fez rir. entrou na nossa frente, rebolando, ganhando todo o brilho e essa vez foi a vez de fazer algo. Ele apenas a empurrou para frente, fazendo com que caísse em cima do sofá. Então ele apontou para , dando uma piscadinha para ela com um sorriso de lado.
— What do you think about that, now you know how I feel — cantou. Então olhei para , que riu comigo, começamos a bater nossas bundas.
conseguiu se levantar depois de tanto rir e pulou nas coisas de , que ficou pulando com ela em cima de si, dançando. E quando chegou ao refrão de novo, nós cinco fizemos a coreografia delas juntos, nos causando risadas. olhou para mim e se mexeu de um jeito engraçado, como se estivesse fingindo que seduzia alguém, uni as sobrancelhas.
— Que merda foi essa? — perguntei, rindo daquilo.
— Estou te seduzindo, shiu. — Passou seu indicador em minha cara, soltando uma risada. — Aprecie meu sex appeal. — E nisso além de ouvir, ainda deu uma gargalhada junto comigo.
— , aprenda com o mestre. — Apontou para si mesmo e foi para trás da , começando a cantar no ouvido de minha prima, enquanto se mexia atrás dela, mas sem encostar em seu corpo.
— Sai daqui, . — Ela se virou e começou a dar uns tapas em seu peito. — Tarado. — Ele ria, assim como todos nós. — Está parecendo um cachorro no cio.
— Ele sempre está no cio.— observei enquanto dançava, rebolando e fazendo o passinho. — Agora eu quem vou ensinar como seduzir alguém.
— Você já fez isso muito bem — rebateu logo em seguida apenas para que eu ouvisse, fazendo minhas bochechas ficarem quentes no mesmo instante. — E coloca bem nisso. — Olhei para ele, que estava atrás de mim.
— Meu Deus, já chega. Isso já está sendo demais para minha sanidade mental. — desligou a música, rindo um pouco das nossas palhaçadas e eu dei graças a Deus por isso, pois já estava cansada. — Ainda não decidimos o que vamos fazer para a festa que vai ser no sábado. — Ela tinha razão. Precisávamos começar a pensar no que íamos fazer, tínhamos apenas seis dias para isso. — , pega aquele caderno e caneta que está atrás de você, por favor. — Ele fez o que minha amiga pediu, então me joguei ao seu lado no sofá.
— Coloca aí — pedi, apontando para a folha em branco. — Camisinha — zombei e me olhou séria. — Brincadeira. — O celular de começou a tocar, aparecendo o nome de Daniel na tela, meu sorriso foi sumindo aos poucos.
— Preciso atender, já volto. — Pegou o aparelho na mesa de centro e saiu da sala. Fiquei olhando por onde minha prima tinha ido, enquanto pensava na carta da Torre.
— ? ! — chamou duas vezes, me fazendo acordar, e estalou os dedos na frente do meu rosto. — Tem alguém aí? — Ela ria um pouco.
— Oi? Tem sim. — Voltei à realidade e olhei para ela. — O que foi?
— Perguntei o que vamos comprar de comida — minha amiga falava, mas eu estava desligada demais para pensar naquilo depois daquela ligação.
— Vê com os meninos, eu já volto — falei, me levantando do sofá e indo atrás de minha prima.
Passei pelo corredor e olhei dentro do quarto, mas não estava lá, então vi a porta no final do corredor entreaberta, certamente ela tinha ido lá para fora. Passei por ali e olhei para os lados, tentando ver ser a encontrava, mas não a vi. Dei a volta na casa e a encontrei sentada na areia, ainda falando no celular. Me aproximei devagar para não fazer barulho e parei quando parecia que estava chorando. Estreitei meus olhos e comecei a prestar atenção no que falava.
— Daniel, eu te faço feliz? — Nossa, aquilo era uma DR um pouco pesada. — Não está parecendo! — disse irritada. — Que droga. — Olhou para cima passando a mão em seu nariz. — Não posso deixar meus primos aqui e ir para a sua casa! Sábado vai ser a festa de aniversário da e da . — Teve uma longa pausa e ela chorou ainda mais. — Também te amo, tchau. — Encerrou a ligação.
— Está tudo bem? — perguntei, me aproximando e sentando ao seu lado, lhe dando um abraço.
— Posso fingir que está? — questionou, dando um sorriso forçado.
— Não precisa fingir se não quiser. — Afaguei seu braço e encostei minha cabeça na dela. — Ele quer que você vá para lá no final de semana? — Ela afirmou com a cabeça. — O que acha de irmos lá buscá-lo na sexta à noite? — sugeri. — Acho que ele vai ficar feliz se fizermos surpresa, ainda mais em te ver depois de quinze dias longe.
— Você iria até Riverside comigo? — já me olhou animada, com um sorriso no rosto.
— É claro. — Uni minhas sobrancelhas, sorrindo. — E por que não iria?
— Porque sábado é a festa e temos que arrumar tudo aqui... — começou a falar, mas a interrompi.
— , tem mais de dez caras nessa casa, eles podem se virar por algumas horas sem a gente. Não é como se fossem colocar fogo em tudo enquanto estivermos fora — brinquei, mas parei para pensar um pouco. — É, talvez tudo esteja queimado quando voltarmos, mas será um risco que iremos correr.
— Obrigada, . — Ela me abraçou com força e apenas dei uns tapinhas em seu ombro. — Eu esqueço que você não gosta muito de abraços.
— É... Não gosto muito, mas posso aguentar os seus — brinquei e ela me empurrou. — Ah, uma coisa. — comecei, já lembrando de lhe dar um aviso. — Quando Daniel estiver aqui, toma cuidado com o .
— É, eu sei, Danny é ciumento. — Concordei com a cabeça. — Não quero nem ver a cara dele se souber o que fizemos hoje. — Soltou uma risada e eu a acompanhei. — Você ainda não colocou sua blusa.
— Verdade, esqueci dela. — Dei de ombros. — Mas está calor, então tanto faz.
— Só queria dizer que... Mana! O estava quase te engolindo com os olhos quando estávamos dançando! — Me empurrou de novo e eu apenas deixei meu corpo cair na areia, sentindo a vergonha me dominar. — E não tiro a razão dele, você estava sexy.
— Ai, para. — Cobri meu rosto com a mão. — Não estava nada. E outra, eu nem sei ser sexy — rebati.
— Como não? Se aquilo não foi sexy, eu não sei o que é. — Era engraçada a forma empolgada como falava. — Acho que nem preciso falar que o Bradley estava com uma cara estranha, não é?
— Que cara? — Voltei a me sentar.
— Cara de quem queria te cobrir com uma burca. — Me joguei para trás, dando uma gargalhada. — Ainda mais na parte que você tirou a camisa. Nossa, aquela parte sem dúvidas foi o ápice.
— Mentira, o ápice foi você batendo na minha bunda quando estávamos sobre a mesa. — Apontei para .
— É, também. Mas a melhor parte mesmo foi quando você flertou com o ! Meu Deus do céu. — gritou de um jeito histérico. — Estou shippando demais!
— Como assim a parte que flertei com o ? — A olhei boquiaberta.
— No final, ué, antes de eu te puxar. Todo mundo viu. — Abaixei a minha cabeça, querendo enterrar ela ali na areia mesmo. — Só te puxei porque achei que ia dar briga, pois o Brad estava quase espumando pela boca.
— Nossa, sério? — Ergui minha cabeça, olhando para minha prima, então fiz uma careta.
— Super sério, mas eu amei. Meu coração de shipper bateu forte. — Foi impossível não rir, mas isso tinha me deixado preocupada. — Quando vai ter repeat?
— Acho que nunca, porque está arriscado de amanhã acordarmos e o estar morto — brinquei, mas não duvidava nada que eles brigassem a noite. — Nossa, cara, que merda! Que merda. Eu não deveria ter feito.
— Para com isso, é claro que deveria ter feito. E digo que poderia ter esfregado essa bunda gostosa na cara dele — neguei com a cabeça com aquele comentário dela. — Mas aposto que só com aquilo ele ficou bem excitado. — Mordi meu lábio inferior, ainda sentindo vergonha de mim por ter dançado daquele jeito.
— Não duvido que o tenha ficado muito diferente contigo dançando daquele jeito. — Joguei em cima dela também e fez cara de desentendida. — Não faz essa cara. — A empurrei e ela apoiou as mãos no chão para não cair na areia.
— Alguém já disse que você é muito bruta? — Tentou mudar de assunto.
— Já. Agora vamos focar em e , que inclusive estou shippando apesar de ser errado. — O que era a mais pura verdade. Era divertido ver os dois juntos, ainda mais por ver sorrindo de uma forma tão sincera quando fazia algo para fazê-la rir.
— Exatamente, é errado e não vamos falar sobre isso. Vamos mudar de shipp e ir para e . — Abri um sorriso largo e ela também.
— Você viu ele cantando para ela? — perguntei super empolgada, começando a dar tapinhas em seu braço. — Será que eles se pegam na festa? Será? — Eu já começava a pular.
— Para de me bater! — Me empurrou e eu caí de lado. — Nós podemos providenciar isso, trancar eles dentro do armário, quem sabe.
— Ou... — Fiquei de pé, dando pulos. — Vamos prender eles no banheiro. — Eu estava parecendo uma criança.
— vai dar um treco com isso. — É verdade, tinha razão. — Mas... — Já a olhei, esperando sua ideia. — Podemos brincar de sete minutos no paraíso.
— Ow! Boa! — Apontei para minha prima e comecei a pular batendo as mãos. Eu parecia uma retardada. — Precisamos arranjar mais garotas para vir na festa, para assim a brincadeira não parecer tão suspeita.
— Semana que vem a vizinha vai vir para cá passar as férias, posso ligar para ela e falar para trazer as filhas, e para chamar as amigas também, pois vamos dar uma festa e tudo mais. O que acha? — Nossa, era um gênio. Pulei em cima dela e dei um beijo apertado em sua bochecha.
— Eu amei a ideia. Você é maravilhosa mesmo! Vou te guardar em um potinho. — Abracei ela apertado. — Só não podemos falar isso para ninguém, deixa de surpresa.
— Para alguém que não gosta de abraços, isso já é um avanço. — Sua voz saiu um pouco esganiçada.
— Shiu. — Passei o indicador em seu rosto. — Vamos voltar lá para dentro antes que venham atrás de nós. — soltei e levantei, vendo que eu estava toda suja de areia. — Acho que me sujei um pouco. — Torci o nariz.
— Um pouco? Você está parecendo um frango à milanesa — minha prima zombou.
— Está me chamando de galinha, ? — perguntei estreitando os olhos enquanto ela ria. — Então seremos dois frangos à milanesa! — Pulei em cima dela e começamos a rolar na areia.
Quando finalmente acabamos de arrumar as comidas e guardar na geladeira — a sorte era que a da casa da minha tia era enorme, ou não teria dado conta de tudo —, fomos nos arrumar para irmos até Riverside. ia conosco e isso fazia meu irmão ficar mais tranquilo, já que minha amiga tinha mais juízo do que eu. Não que eu fosse cometer um crime, mas, mesmo assim, ela era praticamente a minha consciência que me impedia de fazer certas besteiras.
Vesti um cropped de alça preto, uma calça caramelo e meu vans preto e branco, porque era melhor para dirigir, já que seria eu quem nos levaria para Riverside, pois e não gostavam de pegar estrada à noite. Prendi meu cabelo em um coque alto e saí do quarto. Nesse momento, senti alguém puxando meu antebraço, quase me fazendo cair que nem uma trouxa no chão.
— Que inferno, ! Quer me matar do coração? — Quase soquei ele por ter feito aquilo.
— Vocês vão mesmo buscar o noivo da ? — E, por incrível que pareça, ele não estava rindo.
— Vamos. Por quê? Eu disse que ela era comprometida. — Não entendi o motivo de sua pergunta.
— Eu sei, mas não achei mesmo que vocês iam buscá-lo. Pensei que era zoeira sua. — parecia estar realmente incomodado com aquilo.
— Não. — Fiz uma careta. — Eu estava falando sério. E você para de dar em cima da , ela ama o Daniel. — Não queria que fosse verdade, mas infelizmente era. — Depois ela faz alguma besteira e o culpado vai ser você. — Empurrei de leve seu ombro. — Vou ficar bastante irritada se ver minha prima mal porque você não sabe guardar seu pau dentro da calça. — se jogou contra a outra parede do corredor. — O que foi? — Ele apenas negou com a cabeça e a abaixou um pouco.
— Nada, deixa para lá. — Torci meus lábios, entendendo exatamente o que ele estava pensando.
— Hey, não pense nisso. — Fui até meu amigo e o abracei. — Sei que você gostou dela, mas... Bem, você sabe. — encostou seu rosto de lado em meu ombro, então passei a mão em seu cabelo. — Temos uma surpresa para amanhã — falei na tentativa de que aquilo fosse animá-lo. — Você não vai ficar sozinho e muito menos segurando vela.
— Não vai ser a mesma coisa. — E ali estava um problema bem grande, não era de desistir.
— Está tudo bem? — A voz de fez meu coração quase furar meu peito diante do susto que levei.
— Sim — respondi, virando a cabeça e vendo ele entrando pela porta no final do corredor, mas não soltei , que tinha seu rosto escondido em meu pescoço. — Já estamos indo para Riverside. Quer que eu compre algo no caminho? — Senti as mãos de subirem pelas minhas costas e vi o olhar de acompanhando os movimentos dele. Quis rir, entendendo o que aquela peste estava fazendo, mas não fiz e nem falei nada.
— Er... Não — respondeu unindo as sobrancelhas. — Ia perguntar se queria que eu fosse junto. — Se ofereceu e eu achei fofo.
— Não precisa, a vai com a gente — disse dando um pequeno sorriso e me puxou para mais perto dele.
— Tem como parar com isso, ? — pediu claramente incomodado e nós dois rimos daquilo. — Vocês são dois idiotas. — E nisso nos soltamos enquanto ele estava com cara de poucos amigos.
— Relaxa, baby, isso aqui é caso antigo — provoquei dando um sorriso de lado. ria que não se aguentava.
— Então vocês já ficaram? — Ele parecia mais afetado que antes.
— Isso é complicado demais para ser respondido — rebati em tom de brincadeira e vi respirando fundo. Era claramente mentira, mas era engraçado ver a cara dele. — Enfim, já estou indo. Devemos voltar de madrugada. Beijos, meus amores. — Joguei um beijo no ar para , que ainda estava com a cara amarrada.
— Toma cuidado e qualquer coisa me liga — falou e eu concordei com a cabeça.
— , cadê a chave da pick-up? — Saí andando e indo até a sala.
— Pensei que você ia no Honda da . — Meu irmão já se empoleirou no corrimão da escada.
— Não. Se eu fizer alguma merda, a multa vai vir na carteira dela — expliquei e ergueu as sobrancelhas. — Não que eu vá mesmo fazer algo de errado, mas é melhor evitar.
— Hm. — Ele saiu da escada e subiu, voltando logo depois com a chave na mão. — Cuidado para não arranhar. — Me entregou a chave, mas quando fui pegá-la ele tirou. — Vai ter cuidado?
— Claro que vou, . Você já me viu quebrar algo meu? — Peguei a chave de sua mão e saí andando.
— Mas a pick-up não é sua. — Olhei por cima do meu ombro.
— Tem razão, é nossa. Papai nos deu ela. — Fiz um biquinho e sorri de lado depois. — Até mais tarde. — Acenei para ele.
Saí pela porta da sala e fui até a pick-up, que estava para fora da garagem, já que meu irmão tinha saído com ela para comprar bebidas e tudo mais. Entrei no carro e o liguei, já conectando meu celular no som e escolhendo uma playlist que não tivesse kpop, ou me jogaria na estrada no meio da viagem. Coloquei a primeira música para tocar, Summer, do The Hunna, ela era agitada e combinava com o momento. Depois coloquei o endereço de Daniel no GPS e encaixei meu iPhone no suporte para que não ficasse caindo.
entrou no carro e uniu as sobrancelhas, certamente pensando o que era aquilo que estava tocando, mas a ignorei. se jogou no banco de trás, já balançando a cabeça. Ela não se importava com o que estava tocando, o importante era entrar no clima. Aumentei o som e engatei a ré, saindo de frente da garagem e quase acertando a lixeira, mas fiz de propósito, pois estava da porta nos olhando. Ele deu um berro enquanto eu ria que nem uma idiota.
Fui guiada para fora de Oxnard pela voz do GPS. Chegamos a Riverside em duas horas. Talvez eu tivesse corrido um pouco demais na estrada, mas tudo bem. Passei pelas ruas da cidade lentamente, vendo que era bonitinha, assim como as casinhas dos bairros pelos quais estávamos passando. Entrei na Barranca Dr e fui quase até o final dela, parando do outro lado da rua, pois a calçada da casa de Daniel estava lotada de carros.
Senti meu coração disparar, lembrando da maldita carta da Torre. Abaixei o som e o silêncio no carro se instalou. Nenhuma de nós três falou nada enquanto observamos a casa creme de dois andares, com as luzes todas acesas e com a porta aberta, com gente até mesmo sentada nos degraus da frente, bebendo. Tínhamos vindo de surpresa, então Danny não fazia a menor ideia de que estávamos ali.
Acho que, assim como eu, e não estávamos acreditando no que víamos. Até que minha prima abriu a porta do carro e saiu andando apressada. Saí e fui correndo atrás dela, a segurando quando chegou à calçada, minha amiga já estava atrás de mim.
— Calma — pedi e se soltou de minha mão.
— Calma? Calma? Eu estou super calma! — disse aos berros e saiu andando empurrando as pessoas que estavam na escada. — Sai da minha frente!
— Merda. — Fui andando atrás de .
Quando entramos na casa, a quantidade de gente ali era surpreendente. Olhei para os lados, procurando Daniel, assim como também fazia, até que, quando o encontrei, meus olhos quase saíram do meu rosto. Ele estava sentado na mesa de poker, com uma puta loirona gostosa sentada em cima de uma perna sua, completamente nua enquanto ele jogava sem camisa. Em cima da mesa tinha algumas peças de roupa, certamente estavam jogando Strip poker. Meu Deus do céu! O sangue começou a subir na minha cabeça. Aquilo não podia estar acontecendo! Não mesmo. Ele iria pagar por aquilo! Dessa vez eu quem saí empurrando as pessoas para conseguir chegar rapidamente à mesa e a primeira coisa que fiz foi puxar a toalha, fazendo tudo ir para o chão. As pessoas me olharam de olhos arregalados, então agarrei a loira pelo cabelo e a tirei de cima de Daniel, a jogando em cima de uns caras que estavam perto da gente.
— Está ficando louca, ? — Jones berrou comigo, então senti algo me puxando para trás, me fazendo quase cair no chão, mas alguém me segurou e percebi que era . — ? — Seus olhos se arregalaram.
— Louca estou eu! — minha prima gritou e começou a bater nele. — Que belo estudo é esse que você está fazendo! — E ela enfiava a mão nele enquanto Daniel tentava segurá-la, mas era completamente inútil. — Não sabia que seu mestrado era sobre strip poker e peitos! Ótimo tema.
— Calma, amor. Não é nada disso! — Tentou se defender e eu queria quebrar seus dentes por estar falando uma coisa daquelas!
Saí andando novamente, empurrando todo mundo e puxei o aparelho de som de cima do rack, com fio e tudo, fazendo a música alta parar. Todo mundo me olhou, então peguei um vaso de flor e voltei até onde Daniel estava, iria quebrar aquela merda na cara dele, mas quando fui jogar, me puxou para trás e eu errei. Vi se encolhendo e fechando os olhos, depois os abrindo e me olhando com eles arregalados.
— Você vai matar ele desse jeito — minha amiga disse, mas matar Daniel era tudo o que eu queria. Então peguei uma garrafa de cerveja da mão de um cara, joguei nele e mais uma vez errei. — Para com isso, ! — Me soltei de e pulei em cima do idiota, vendo que minha prima já não tinha mais nenhuma reação e começava a chorar.
— Eu vou acabar com sua raça, seu maldito! — Estava espumando pela boca.
— Fica na sua, ! — mandou todo se enchendo para cima de mim. — Você achou mesmo que eu não ia fazer nada enquanto ela estava em uma casa contigo cheia de macho? — Apontou para . Isso me fez estreitar os olhos e dei um soco em sua cara, sentindo minha mão doer.
— Cala a sua boca para falar da minha prima, seu nojento! — O empurrei pelos ombros, o fazendo se desequilibrar e cair sobre a mesa, virando com ela. — não estava lá por opção, a casa é da tia Anne e ela não pôde ir para ficar lá conosco, porque, ao contrário de você, ela tem responsabilidades de verdade! — Passei a mão na estante e joguei um monte de enfeites no chão. Peguei o controle na TV e joguei em Daniel. — A estava sentindo a sua falta. E você aqui como? Comendo todo mundo, dando uma festa, bebendo champanhe caro! — gritei e quebrei mais coisas para não socar ele de novo. — Nós viemos aqui fazer uma surpresa e para te levar para Oxnard para passar o final de semana conosco, para a festa de aniversário! — Ele me olhava sem falar nada. — E quando chegamos aqui nós somos recebidas com isso? — Chutei um pedaço de garrafa quebrada para cima dele. — Eu vou te quebrar em dois! — Fui para cima de Daniel, mas alguém me segurou por trás, me imobilizando.
— O que está acontecendo aqui? — Um policial apareceu, olhando para mim e para Daniel.
— Essas loucas invadiram minha casa, me agrediram e quebraram tudo. — Apontou para mim, que me debatia nos braços seja lá de quem, depois para e .
— Me solta! — gritei, tentando me libertar, mas meus braços só ficavam cada vez mais presos. — Daniel, eu vou te socar!
— As levem para a viatura — ordenou o policial e começamos a ser arrastadas para fora da casa.
Eu estava aos berros, xingando Daniel enquanto me mandava calar a boca e estava chorando. Fomos algemadas e colocadas no banco de trás do carro da polícia. Eu estava com muita raiva e tentava pelo menos abrir o vidro para xingar mais um pouco aquele pedaço de bosta com pernas. Como ele pôde fazer isso com minha prima? Como?
— Para, ! Já chega! — gritou comigo. — Se eu for fichada, você vai ver uma coisa só! — Nunca tinha visto minha amiga tão nervosa daquele jeito. — Eu não fiz nada! Não deveria nem estar aqui!
— Não fez porque não quis! Podia ter socado aquele cuzão! — Eu pulava no banco, tentando passar minhas mãos por minha bunda para colocar elas para frente.
— Olha a minha cara de quem bate em alguém! — Minha amiga estava quase me batendo. — Para com isso! — Ela me prensou contra a porta usando seu ombro.
— Não! Eu quero abaixar o vidro! — reclamei, já me virando de lado e tentando alcançar o botão.
Vi do outro lado de . Ela estava com a cabeça encostada no vidro, chorando, e isso me fez finalmente parar e perceber que tudo o que eu fizesse contra Daniel seria inútil, pois nada faria minha prima ficar melhor. Soltei o ar e abaixei a cabeça, me jogando no banco e ficando quieta. me olhou sem entender nada. Meus pulsos também já estavam doendo de tanto que eu me mexia, então era melhor eu ficar quieta mesmo.
Os policiais entraram no carro e nos levaram para a delegacia. No caminho, só ouvíamos o rádio da polícia e o choro de e aquilo estava me deixando agoniada. Eu nem ao menos podia abraçá-la ou falar algo de consolo no momento. Nossa, que raiva que eu estava de Daniel por estar fazendo minha prima sofrer daquele jeito. Acho que aquilo nunca iria passar, ela poderia até mesmo deixar para lá depois de um tempo, mas sempre quando eu ouvisse apenas seu nome o ódio iria me tomar e o desejo de ter batido mais nele iria me consumir.
Chegamos à delegacia e fomos levadas para uma salinha, falando que estávamos sendo presas por crime de dano e mais um outro negócio lá que era a mesma coisa que vandalismo e agressão.
— Mas eu não fiz nada! — se impôs na hora quando a mulher falou.
— Sinto muito, mas a queixa foi dada contra vocês três — disse a policial enquanto prescrevia.
— Ela não fez nada mesmo. Fui eu quem socou o babaca e quebrou tudo — argumentei.
— Por favor, fique calma. Vocês podem arrumar um advogado se quiserem recorrer à denúncia — explicou e depois estendeu uma caixa de lenço para . — O que aconteceu lá? — Quis saber. — Vocês nunca foram fichadas e não parecem ser mulheres de fazer tal tipo de coisa. — Ela até estava sendo legal com a gente, mas aquilo não adiantava muito. — Nada do que falarem vai ser colocado aqui.
— O babaca... — Ela me lançou um olhar de censura. — Ok. O Daniel, noivo, ou melhor, ex noivo da . — Apontei para a minha prima, que começou a chorar ainda mais. — Nós viemos buscá-lo para ir para Oxnard com a gente, porque amanhã vamos comemorar o meu aniversário e o da . — Indiquei a minha amiga, que estava de braços cruzados, com muita cara de raiva. — Mas viemos sem avisar. Quando chegamos, ele estava dando uma festa, jogando strip poker e tinha uma loira pelada sentada em cima dele. — A policial arregalou os olhos. — Eu me irritei um pouco e quebrei tudo, soquei ele também, mas elas não têm culpa de nada. A culpa foi toda minha, entende? — Afirmou com a cabeça. — Eu quem deveria ser presa e não elas.
— Entendo, mas a queixa foi dada contra as três. Vocês podem pagar a fiança ou chamar um advogado — informou. — Cada uma tem o direito a um telefonema depois que tirarem as fotos e as digitais.
Apenas concordei. Não tinha muito o que fazer de qualquer forma. Tiraram fotos nossas de frente e perfil, segurando uma plaquinha com o nosso nome e do departamento pelo qual fomos detidas e crime, depois pegaram as nossas digitais. Então finalmente me deixaram dar o telefonema. Agarrei aquele telefone como se a nossa vida dependesse daquilo e liguei para . De forma bizarra, o único número que eu tinha gravado na minha cabeça além do meu era o dele. Ele demorou um pouco para atender. Olhei para o relógio na parede, já passava da meia noite.
— Alô? — falou com uma voz estranha, certamente por não reconhecer o número.
— , sou eu. Faz cara de desentendido se tiver perto do e fala que é engano, mas sai de perto dele. Preciso da sua ajuda! — disse tão rápido que duvidei um pouco que ele tinha entendido.
— Não tem ninguém com esse nome aqui. — Ele deu uma pausa. — Tudo bem. Tchau.
— Quem era? — Ouvi a voz de meu irmão.
— Ninguém, foi engano — informou de maneira despreocupada. — Vou pegar mais cerveja. Você quer?
— Quero — concordou e depois ouvi passos.
— , ainda está aí? — chamou e eu respirei um pouco aliviada.
— Estou — falei abraçada com o telefone com medo de que alguém me tirasse dali antes que eu falasse com ele.
— O que houve? De onde está me ligando? — Ele estava preocupado e escutei o barulho da porta da cozinha.
— Fomos presas. Estamos detidas na delegacia de Riverside — expliquei rapidamente. — Preciso que venha aqui pagar a fiança, mas não fala nada para o meu irmão. Quando voltarmos para Dana Point eu te devolvo a grana.
— Ok, estou indo aí. — Essa era a parte que eu mais gostava do , ele não fazia muitas perguntas em situações complicadas.
— Valeu. Tchau. — Coloquei o telefone no gancho e o policial me acompanhou até a cela. — está vindo pagar a nossa fiança — avisei, mas me ignorou. — Vai ficar sem falar comigo?
— Vou — respondeu emburrada e com os braços cruzados.
— Mas a culpa não foi minha! — rebati já ficando nervosa.
— Minha que não foi! — nem sequer olhava para a minha cara.
— Não foi culpa nossa, foi daquele bosta! — alterei meu tom de voz.
— Não começa, , estou com dor de cabeça. — Se afastou um pouco de mim, me fazendo revirar os olhos.
— — chamei e minha prima me olhou com os olhos cheio d’água. — Me desculpa. — E aquela frase foi o suficiente para ela começar a chorar de novo.
— Você só vai pedir desculpa para ela? — minha amiga perguntou irritada.
— Não! — A olhei. — Me desculpa você também. — Fiz cara de cachorro sem dono.
— Me poupe, ! — Virou a cara. — Você tem noção que isso vai me prejudicar em arrumar um emprego depois? — Abaixei a cabeça, ela tinha total razão. — Se a minha mãe souber que eu passei a noite da delegacia então...
— Me desculpa! Eu não sabia que iam chamar a polícia! — A puxei, mas se desvencilhou de minha mão. — Qual é? Eu não fiz para te prejudicar, estava defendendo a .
— Ela não precisava ser defendida daquele jeito! — rebateu e se virou de costas para mim, então me joguei no chão e abracei suas pernas.
— Me desculpa, . Vou mandar o Daniel retirar a queixa. — Minha amiga tentava me fazer soltá-la.
— Não vai mandar coisa nenhuma, você vai ficar longe dele! — Estava vendo que estava quase me agredindo. — Me solta, porcaria!
— Eu não sou porcaria, sou sua melhor amiga. — Passei minhas pernas pelas dela como um coala, a impedindo de andar.
— Não estou te chamando de porcaria, é modo de falar. Agora larga de ser lerda, levanta desse chão e para de fazer esse papel ridículo. — Tentava me tirar de suas pernas, mas eu não soltava. — Anda, !
— Só solto se você falar que me ama! — Apertei ainda mais e ela quase caiu.
— Não! Para com isso! — Ela empurrou minha cabeça para trás. — Outra coisa, você quem vai dar o dinheiro para o . Eu não vou pagar nenhum centavo. Só estou aqui por sua causa.
— Eu pago tudo o que você quiser, só me desculpa! — pedia agora com os olhos fechados, voltando a encostar a minha cabeça em sua perna.
— A gente conversa quando a minha raiva passar. Agora me solta e vai cuidar da . Olha lá, ela está chorando! — Apontou para a menina, que estava sentada na cama se esvaindo em lágrimas.
Soltei e fui até , a abraçando. Ela me abraçou e volta, encostando o rosto em meu ombro e chorou ainda mais. Afaguei suas costas, respirando fundo e tentando me acalmar. Então só aí que me dei conta de que tinha cortado meu antebraço e que minha mão, a qual tinha socado Daniel, estava machucada e os ossos dela estavam roxos e doloridos.
Ficamos as três em silêncio, ou melhor, ao som do choro de , que por fim acabou dormindo em minhas pernas, assim como , que encostou em meu ombro e apagou. Fiquei olhando pela janelinha gradeada, esperando a hora passar sem tem a menor noção de que horas era, já que tinham levado todos os nossos pertences, inclusive meu relógio de pulso. Me fala, qual era a necessidade de levarem até o relógio? O que eu poderia fazer com ele? Ver as horas? Afinal, era para isso que ele servia de qualquer forma. Se pelo menos fosse um smartwatch, mas nem isso, era um velho de ponteiro que ganhei da minha mãe e que era dela quando mais nova.
Não sei quanto tempo se passou desde que fiquei encarando aquele ponto fixo, pensando em tudo o que tinha acontecido. Eu sabia, eu sabia o tempo todo. Poderia ter evitado, podia ter dito que iriamos vir buscá-lo, ou simplesmente não ter vindo, podia até mesmo ter falado o significado da carta, alertado minha prima para que ela ficasse de olho e depois descobrisse eventualmente que Daniel à traia, mas não, eu fiz tudo errado como sempre faço, achando que tenho o controle de tudo e de todos. A culpa daquilo era minha.
O barulho de uma porta batendo me assustou. Então a policial que tinha conversado com a gente abriu a cela. Balancei com cuidado e depois . As duas acordaram com cara de perdidas.
— A fiança foi paga. Vocês estão liberadas — disse a policial com um sorriso no rosto. — Podem ir. — e se levantaram logo e saíram.
— Obrigada — falei passando por ela.
— Menina. — Olhei por cima do ombro quando chamou. — O babaca mereceu o que você deu a ele. — Uni as sobrancelhas, depois soltei uma pequena risada e ela fez o mesmo. — Não que tenha sido certo, mas ele mereceu. Eu teria feito o mesmo por uma amiga. — Sorriu.
Saí dali de dentro, pegando minhas coisas na próxima sala. Vi do lado de fora e estava abraçada com ele, chorando, enquanto já estava sentada dentro do carro do pai de A.J., de braços cruzados. Meu amigo me olhou de forma como se perguntasse o que diabos tinha acontecido. Dei apenas um sorriso de lado, um pouco triste por ver minha prima daquele estado.
Um Mercedes prata estacionou ali na frente, então Daniel saiu por ele de óculos escuros. Fechei minhas mãos com raiva, já louca para socar ele de novo, mas fui apenas andando em sua direção como um touro.
— Que bosta você está fazendo aqui? — O empurrei contra seu carrinho bonito.
— Me deixa, garota! — Se ajeitou e olhou para . — Vim falar com minha noiva. — Eu ri quando ele falou aquilo.
— Noiva? Noiva? Você está de brincadeira com a minha cara! Só pode! — Já ia socá-lo de novo, mas fui puxada para trás.
— Já chega, ! — Era . — Entra no carro! Agora! — Apontou para o utilitário, mas eu não parei de encarar Daniel. — Anda, !
— Isso, entra no carro — o imbecil debochou e com isso desviei de , andando para cima dele, mas alguém me agarrou com força pela cintura, me levantando do chão. Balancei minhas pernas no ar enquanto era levada. — Faça algo que preste e tire essa maluca daqui.
— Fica na sua, cara! — falou. Era ele quem me carregava e agora conseguiu me colocar dentro do utilitário, no banco da frente. — Não sei o que houve, mas fica calma — pediu de forma tranquila, tentando me fazer ficar calma, mas não adiantou já que vi Daniel indo em direção a . Tentei sair do carro, só que não consegui. — , para com isso. Vão te deter de novo — falou agora segurando meu rosto com as duas mãos. — Deixa ele falar com ela.
— Não! Ele não tem nada para falar! Aquele babaca vai encher a cabeça dela! — Tirei suas mãos de mim, então o rapidamente fechou a porta e trancou o carro comigo dentro. — ! Abra essa merda, agora! — gritei, batendo no vidro.
— Só quando você ficar calma — insistiu naquilo, então cruzou os braços e encostou na porta, de costas para mim.
Bufei e cruzei meus braços, olhando Daniel e conversando enquanto ela chorava ainda mais. estava encostada na frente do carro, olhando os dois, e apenas fingia que não via e não escutava nada, parecia uma estátua encostado na porta. Ele poderia ser mais útil e dar uns socos na cara daquele animal. Fiquei me revirando no banco até que vi minha prima dar um tapa muito bem dado na cara do Jones, fazendo os óculos escuros dele voarem no chão.
— Não sei por que diabos me apaixonei por você! — disse tão alto que eu consegui ouvir de dentro do carro. — Eu nunca desejaria para ninguém sentir o que estou sentindo agora! — Então veio andando em direção ao carro, passando a mão nos olhos e secando as lágrimas que desciam deles. — Vamos embora.
destrancou o carro. entrou no banco de trás e fez o mesmo. Meu amigo deu a volta no utilitário e entrou também, dando a partida sem falar nada. Quando estávamos na outra rua foi que alguém finalmente se pronunciou e esse alguém fui eu.
— O que ele falou com você? — perguntei, virando para trás e olhando para , curiosa.
— Que ele também estava mal pelo que aconteceu. Mas eu sei que é mentira. — Ela cruzou os braços e olhou pela janela. — Ele é um péssimo mentiroso. — Isso eu tinha mesmo que concordar. — Falou que não queria que terminasse desse jeito e me pediu outra chance, jurou que faria de tudo para mudar.
— E você? — quis saber, aquele sujeito não tinha cara de pau maior.
— Eu disse que não me importava mais. — Abaixou a cabeça, claramente ela se importava, e muito. — Estou melhor sem ele. — Respirou fundo e levantou a cabeça, secando novamente o rosto. — Nós vamos buscar a pick-up, né? — Afirmei. — Então vou pegar minhas coisas que estão lá, não quero nunca mais olhar na cara dele.
— Ok. O que ele disse para você ter batido nele? — Eu até queria terminar aquele assunto, mas a minha curiosidade era maior do que qualquer coisa.
— Aquele tapa doeu até em mim só de olhar — comentou dando uma risada.
— Então trate de não fazer merda que o próximo pode ser em você — avisou e eu ri alto. — Enfim, Daniel disse que eu podia ir embora e dar para o . — Soltei uma outra risada alta com aquilo. — Ele ficou com ciúmes quando me viu abraçada com ele.
— E quem não ficaria? Até o ficou. — Minha prima me olhou com uma cara engraçada. — Antes de vir para cá, eu dei um abraço no e o ficou afetado.
— Ah, isso você não me contou, sua ridícula! — parecia que tinha ficado um pouco mais animada.
— Au au au. — Dei três latidos e ela riu.
— Por que ele estava de óculos escuros? — quis saber, rindo também da minha performance.
— O olho dele estava roxo por causa do soco que a deu. — Minha prima explicou, dando uma risada. — Podia ter dado no outro para fazer o par.
— Sério? Não acredito que perdi essa! Foi do jeito que te ensinei? — estava super empolgado.
— Foi! Mirei e plow! — Dei um soco no ar, abrindo minha mão depois. — Bem no olho dele! — Ri um pouco. — Você só não me falou que doía tanto socar a cara de alguém. — Torci o nariz.
— Ah, isso são ossos do ofício. — Rimos mais um pouco, então olhei para trás, vendo séria, certamente não achando a menor graça naquilo. — Será que alguém gravou?
— Não sei, acho que estavam mais ocupados ligando para a polícia. — Fiz uma careta indignada com aquilo.
— Poxa, que pena — lamentou. — Onde fica a casa dele? — perguntou, então passou o endereço.
Chegamos lá rapidamente. entrou, já que ela tinha a chave. Minha prima já estava morando ali tinha um ano mais ou menos. A casa estava ainda toda revirada, as coisas quebradas e tinha troços espalhados para todos os lados. Fui andando com cuidado para não pisar em nenhum caco de vidro. Ajudamos a arrumar suas malas e, nossa, ela tinha mais coisa do que parecia. Levamos tudo o que era dela, não deixamos nem uma calcinha para trás. E quando olhei no relógio já era quatro da manhã. Nesse horário já era para estarmos de volta a Oxnard há muito tempo se tudo tivesse saído como pensamos.
— Eu vou levar a pick-up e você vai com o — falou, já entrando no carro, o qual eu tinha deixado aberto com a chave na ignição. Ainda bem que ninguém tinha o roubado.
— Por quê? — perguntei, abrindo e pegando meu iPhone que tinha ficado lá dentro.
— Porque estou com dor de cabeça e não quero ouvir a sua voz. — Ergui as sobrancelhas e as mãos em forma de rendida.
— Ok. Eu vou com o . vai com você — falei, fechando a porta do carona. — Prima, a quer que você vá com ela. — Apontei para o carro enquanto ia andando em direção a .
— Ué, por quê? — Uniu as sobrancelhas.
— Ela está com raiva de mim por causa do que aconteceu. — Suspirei um pouco triste. — Tenta falar com ela, sei lá. Vai ser uma merda se não estarmos nos falando amanhã.
— Fica tranquila, vou tentar conversar com a . — me abraçou forte e eu o retribui. — Obrigada por tudo, por me defender e tudo mais. — Deu um beijo em minha bochecha.
— Não precisa agradecer. Eu ferrei com a gente logo em seguida. — Sorri sem graça e me afastei dela. — Vai lá antes que a venha te buscar pelo cabelo.
— Não fale isso. Olha por um lado bom, vamos poder falar para nossos filhos que fomos presas um dia por vandalismo. — Ri um pouco com aquilo. — Foi uma aventura e tanto.
— Não para a . — Deixei o olhar cair. — Vamos embora. — Dei um tapinha em sua bunda.
Entrei no utilitário e olhei para , que tinha uma grande cara de pergunta. Coloquei o cinto e olhei para frente enquanto ele dava partida. Conectei meu celular ao som do carro e coloquei uma música para tocar, não aguentava viajar em silêncio.
— Então? — começou e eu fiz cara de sonsa.
— Oi, tudo bem? — Sorri para ele, que negou com a cabeça, rindo um pouco.
— Por que você socou o cara? — perguntou, me olhando rapidamente.
— Ah, não foi nada demais. — Fiz uma careta com um gesto banal com a mão. — Nós chegamos lá e ele estava dando uma puta festona. Aí o achamos jogando strip poker com uma loirona sentada completamente nua em cima dele. Nossa, fiquei até com inveja. — me olhou com as sobrancelhas erguidas.
— Inveja de quem? Da mulher? — Rolei meus olhos com sua pergunta.
— Claro que não, do Daniel mesmo — disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Você tinha que ver como a loira era. Não que a não seja, mas eu nunca vi ela nua, então isso não vem ao caso agora. Só que eu também ficaria com inveja dele se fosse a minha prima...
— Ok, já entendi — me cortou e eu ri alto.
— Não tem como ter inveja da mulher, o Daniel tem um pau pequeno. — Torci os lábios, fazendo cara de nojo.
— Como você sabe disso? Já pegou ele também? — Olhei séria para ele.
— Claro que não, que nojo, ! A me contou — expliquei e o garoto ergueu as sobrancelhas. — Coisas de mulheres, nem vem. Acha mesmo que só vocês homens que ficam falando de quem pegam? Só que, ao contrário vocês, nós não tomamos vantagem da situação e sim contamos como ela foi realmente.
— Eu não tomo vantagem da situação. — Se defendeu imediatamente.
— Não, imagina. — Rolei os olhos. — Não, que você tinha que ver. Eu peguei a bunda dela assim e fiz isso, e ela gemeu alto e quase gozou, mas não parei, continuei metendo — imitei ele falando o que tinha ouvido uma vez. — Me poupe, se poupe, nos poupe, . Você deve ter gozado na primeira bombada.
— Ah, falou a super experiente do sexo — rebateu e eu o olhei boquiaberta.
— Você está insinuando que sou virgem? — Cruzei os braços, o olhando indignada. — Acabou de falar o senhor profissional do sexo!
— E não é? — Estreitei meus olhos e ele riu. — Ok, com quantos você já transou na vida? Um?
— Ah, cale a boca, . Eu não fico contando isso. — Olhei para frente, o ignorando completamente.
— Claro que não conta, não teve nem um para contar — debochou e eu lhe dei um tapa no braço. — Ai, mão pesada!
— É óbvio que já transei. — Voltei a cruzar os braços e agora fechei a cara.
— Então me fala com quem você já ficou. — Continuou com sua brincadeira idiota.
— Não. — Olhei pela janela.
— Anda, você sabe que não vou contar para ninguém. — Me empurrou e eu bati nele de novo. — Para de me agredir, sua gralha.
— Então para de me encher! — mandei e ri depois. — Você faz pergunta difícil, minha cabeça é ruim, eu não lembro direito.
— Nossa, então foram muitos. — Colocou mais pilha.
— Para! Não foram muitos também, mas é que já faz muito tempo — falei, tentando me lembrar e contando mentalmente com quantos caras eu já tinha transando. — Acho que foram uns cinco.
— Só isso e você tem a cara de pau de falar que não lembra? — Lhe dei língua. — Eu estou nessa conta?
— Claro que não. Nós não transamos. — Desviei o olhar.
— Você não sabe. — Sentia que me olhava. — Mas tudo bem. Quais foram os cinco?
— Aí você já está pedindo demais, não acha? — O encarei de forma séria. — Para que quer a lista dos caras com quem já fiquei?
— Para usar como chantagem depois. — Lhe dei o dedo do meio.
— Cala a boca e dirige, — mandei e coloquei meus pés sobre o banco, abraçando minhas pernas. — O que você falou para o meu irmão quando saiu?
— Falei que ia comprar cigarro porque o meu tinha acabado. — Franzi o cenho achando aquilo a coisa mais estranha do mundo.
— Desde quando você fuma? — perguntei, me mexendo no banco e colocando minhas pernas para baixo. Não estava achando uma posição confortável.
— Só quando eu estou nervoso demais ou quando estou em festa. — Pendi minha cabeça de lado.
— Estava nervoso por causa que o Daniel ia para lá? — Apenas afirmou. — Entendo. Mas veja por um lado bom, pelo menos ele não vai mais. — Sorri.
— É, mas a está triste. Não tem como ficar bem. — Ele tinha razão.
— Mas vai passar, é só você animar os dias dela. — Com toda a certeza podia fazer ela esquecer aquele idiota do Daniel rapidinho. — E outra, ela bem vai voltar para a casa da tia Anne em Dana Point.
— Vai? — me olhou de forma esperançosa e eu concordei.
E nós passamos o resto da viagem conversando banalidades. Quando chegamos a Oxnard já era sete da manhã e eu estava caindo de sono. foi estacionando o carro e eu só fiquei vendo o que ela fazia, até que começou a chegar perto demais do latão de lixo e meus olhos foram arregalando aos poucos, então percebi que ela não estava vendo.
— Olha o lixo! — berrei, abrindo a porta do carro, mas ela não me ouviu e acertou a lixeira, arranhando a lateral da pick-up. parou na mesma hora. — Que merda, o vai me matar! — falei, já indo ver o estrago.
— Eu não vi o latão — se explicou.
— Como não viu!? Olha o tamanho disso, é quase metade do carro! — Comecei a passar a mão onde tinha arranhado como se fosse desaparecer com um passe de mágica.
— Olha aqui, a última coisa que você vai fazer é brigar comigo! — Ignorei e continuei quase lambendo o carro. Quando percebi que não iria adiantar nada, parei.
— Não estava brigando, só falando que a lixeira era grande demais para você não ter visto — rebati e entrei no carro, o puxando para frente e estacionando no lugar.
— Está brigando sim! — respondeu.
— O que está acontecendo? — apareceu na porta, e eu só encostei minha cabeça no volante. — Você arranhou a pick-up! — começou a berrar comigo.
— Me erra, ! — gritei de volta, já ficando estressada por causa do cansaço.
— Me erra você! Olha o tamanho desse arranhão! — Veio andando e começou a passar a mão na lataria como eu tinha feito. — Que merda, ! Você quem vai pagar!
— Você quer a porra do dinheiro agora? — Nós dois estávamos aos berros na frente de casa em plena manhã. Algumas pessoas já estavam na porta das casas nos olhando.
— E você? — Olhou para o nervoso. — Foi comprar o cigarro em Dana Point?
— Não, eu liguei para ele pedindo ajuda, porque o pneu da pick-up furou — respondi ainda gritando que nem louca, enquanto meu irmão olhava o carro todo.
— Então, por que nenhum deles está com estepe? — Nossa, meu irmão parecia um cão farejador.
— Aff, , não enche a porra do saco! — Bati a porta da pick-up com força e ele me olhou ainda mais puto.
— Onde vocês estavam? — perguntou e à essa altura Oxnard toda já deveria ter acordado. Os meninos já se acumulavam na porta de casa, olhando o barraco armado.
— Fui eu que arranhei o carro! — Do nada, falou alto e todo mundo ficou quieto. — Agora, pelo amor de Deus, parem de brigar. — Ficamos olhando para ela. — Vocês estão me deixando com mais dor de cabeça. — Então pegou , que nem ao menos tinha conseguido sair do carro, e entrou pela porta da cozinha.
— Por que não me disse que foi ela? — meu irmão voltou a gritar e eu rolei meus olhos.
— E você a deixou falar? Já chegou gritando! — entrou na briga, parando na minha frente. — E eu fui sim ajudar a . Ela me ligou e eu fui! — Peitou meu irmão. — Vai ficar questionando isso também?
— , deixa isso pra lá — pedi, colocando a mão em seu ombro.
— Não. — Tirou minha mão de seu ombro e olhou para meu irmão. — Todo mundo teve uma noite de merda. Não vou aguentar o aos berros, falando um monte de bosta de graça para você sem ao menos ter perguntado se está tudo bem. — Engoli em seco, com medo deles dois brigarem de verdade. encarou com o maxilar travado.
— Gente, já chega — Theo interveio, entrando no meio dos dois. — São sete da manhã e vocês estão acordando a vizinhança toda com esse show desnecessário.
— Não se mete, Theo — meu irmão mandou sem ao menos olhar para ele. — Onde vocês estavam?
— Que merda, ! Já chega! — apareceu na porta e gritou, já chorando de nervoso. — Entre, agora! — Todos nós olhamos assustados para ela, minha amiga não era de fazer isso.
— Quer saber, foda-se a festa! Não quero mais comemorar bosta nenhuma — soltei nervosa com aquilo tudo. O clima ali estava uma bosta e não melhoraria até mais tarde. estava mal, não estava falando comigo, agora eu, e estávamos brigando. — Você pode pegar esse seu nervosismo e enfia o cu. Porque a acabou de terminar a porra de um noivado e você está dando show por causa de uma bosta de um arranhão! — Apontei para meu irmão. — Eu estou cansada! — Passei a mão no meu cabelo. — Estou cansada de você, do dando uma de idiota, do Bradley com ciúmes de mim toda hora! É todo mundo me culpando por tudo! Eu estou de saco cheio. Quero que todo mundo vá se foder! — Joguei a chave do carro na cara do meu irmão e saí andando pela rua.
Fui para a praia e fiquei andando até chegar às pedras onde deu, então me sentei ali enquanto olhava as ondas se chocando contra elas. Fiquei ali até o sol começar a queimar, por volta de umas duas horas. Nossa, estava com muita raiva, queria desaparecer! Foi completamente desnecessário meu irmão falar daquele jeito. Sem mencionar o fato do Daniel ter feito aquilo com . Aquilo era outra coisa que me irritava profundamente. Mas outra coisa que estava me chateando mesmo era o fato de estar irritada comigo. Eu já tinha pedido desculpas e ela não tinha aceitado. Precisava fazer algo, não queria que ficasse daquele jeito comigo.
Respirei fundo e levantei, saindo da praia e indo ao Raphs, um mercado que tinha na região. Fui a pé, ficava mais ou menos a uma meia hora de caminhada dali. Peguei um carrinho e comecei a colocar algumas coisas para comermos de café da manhã. Fiquei um bom tempo vegetando, olhando para as prateleiras e pensando no que mais levar, como se elas pudessem me dar a resposta que eu queria. Estava cansada, sentia meu corpo implorar por uma cama macia, mas não estava com o menor sono. Isso era uma grande merda. Sempre quando ficava muito estressada não conseguia dormir, minha mente não deixava, ela ficava revivendo os fatos constantemente, sem que eu os detivesse.
E lá estava eu, parada no meio do caminho dos outros, até que uma mão passou na frente do meu rosto, me fazendo piscar algumas vezes e olhar para o lado, vendo uma figura conhecida e loira me olhando com um sorriso muito fofo no rosto. Aquele par de olhos azuis claros que olhavam de uma forma curiosa. Henrik, ou mais conhecido como Eric, estava bem ali ao meu lado, em Oxnard, em um mercado perto da casa de tia Anne. Qual era a probabilidade de estar alucinando de cansaço?
— O que aconteceu com você? — perguntou, erguendo uma sobrancelha. — Parece que te atropelaram.
— Você quer por ordem cronológica ou alfabética? — Voltei a olhar para a prateleira e peguei um biscoito de morango que gostava.
— Nossa, alguém está com um humor péssimo. — E ele com um humor bom demais, então fiz um resumo muito porco da noite. — Ow, muita coisa para uma madrugada só. Como sua prima está?
— No momento deve estar estourando de dor de cabeça de tanto chorar — respondi enquanto andava olhando para as prateleiras, esbarrando em uma senhora por não estar prestando muita atenção nas coisas ao meu redor.
— E a ? — O olhei de relance.
— Me odiando profundamente por ter sujado o nome dela. — Peguei um pote de geleia. — Mudando de assunto. — Coloquei o pote dentro do meu carrinho. — O que você está fazendo em Oxnard?
— Meu pai tem uma casa na Marine Way. — Ergui as sobrancelhas do quão ridiculamente perto ele estava de nós, de carro não levaria nem dez minutos. — Chegamos ontem. Vim com meus pais e uns amigos deles.
— Poxa, legal. — Esbocei o que deveria ser um sorriso. — Vamos dar uma festa lá em casa hoje à noite para comemorar o meu aniversário e o da . Vai lá, a vai gostar de te ver. — Então lhe passei o endereço de onde estávamos.
— Vou sim, estou morrendo de saudades dela. — Sorriu daquele jeito fofo que ele tinha, então olhou para meu carrinho. — Quer uma carona até lá? Você disse que veio a pé. — Olhei as compras e tinha mais coisa ali do que eu realmente tinha percebido.
— Quero sim — falei agradecida.
Eric pegou o que ele queria comprar, depois fomos para a fila, que nos tomou longas duas horas. O mercado estava lotado por ser sábado de manhã, certamente o pessoal estava chegando para passar o final de semana e até mesmo as férias. Eu sentia que iria cair para o lado a qualquer instante. O loiro chegava a me segurar e rir de mim e eu apenas o mandava ir à merda, o que lhe arrancava mais risadas extremamente fofas. Quando finalmente chegou nossa vez, quase beijei a mulher do caixa. Empacotamos tudo e levamos para o carro dele que estava no estacionamento. Colocamos as coisas no porta-malas, depois o menino me deixou em casa e até mesmo me ajudou a levar as coisas para dentro.
— Valeu. — Lhe dei um breve abraço. — Nos vemos mais tarde.
— Que horas? — quis saber.
— Pode ser lá pelas nove. Qualquer coisa você me liga — avisei.
— Está bem. Até mais. — Beijou a minha testa e saiu pela porta da cozinha.
Fui desempacotando as coisas e colocando em cima da pia. Fiz um suco de laranja, torradas, café com leite, coloquei tudo em cima de uma bandeja grande, depois em um pratinho despejei os biscoitos, tinha de morango, chocolate e uns salgados. Por fim, passei geleia e manteiga de amendoim nas torradas. Peguei a pequena margarida que comprei e coloquei ela em um potinho com água no meio da bandeja. Abri a porta do quarto e voltei até a cozinha, pegando a enorme bandeja que estava pesada de tanta coisa que tinha e caminhei devagar até o quarto, com cuidado para não derrubar nada. Coloquei sobre a cama que estava vazia e fui até a janela, a abrindo juntamente com a cortina. Depois voltei a fechar a porta e vi que abriu os olhos e me encarou.
— Chama a . — Ela cutucou a minha prima, que revirou na cama e abriu os olhos. — Queria pedir desculpas por tudo para vocês duas, principalmente por hoje de manhã. — Abaixei a cabeça. — Sei que fui uma babaca egoísta, mas é que eu estava tão irritada com tudo que acabei explodindo e saí jogando merda em cima de todo mundo. Me desculpe por ser uma péssima amiga e prima. — Respirei fundo e segurei minhas mãos, sentindo a mão direita doer por causa do soco que dei em Daniel. — Eu fui ao mercado e comprei alguma coisas para a gente comer. — Apontei para a bandeja. — Queria que vocês ficassem um pouco melhor depois de tudo.
— Que bom que você sabe que fez merda. — Não ousei olhar para enquanto ela falava. — Ainda estou brava com você por vários motivos, mas está desculpada. — Nesse momento ergui minha cabeça e a encarei. — Não aguentaria passar seu aniversário brigada com contigo, além de que não suportaria você e o chateados comigo o tempo todo.
— Então você não brigaria comigo se eu dissesse que encontrei o Eric no mercado e o chamei para a festa de hoje à noite, né? — Já soltei logo de uma vez.
— Quer dizer então que vai ter a festa hoje? — perguntou animada e eu concordei. — Que bom, ou eu enfiaria a decoração e a comida toda na sua bunda. — Rimos do que a minha prima falou.
— Não. Por que brigaria com você por causa disso? Ele é meu amigo, ué — falou simplesmente. — Só espero que o não fique estranho de novo.
— É porque... — eu bati com o bico de meu tênis no chão — talvez eu tenha falado uma mentira para meu irmão só para implicar com ele.
— Que mentira, ? — Minha amiga já ficou um pouco nervosa.
— Uma mentira assim bem pequenininha. — Abri um sorriso forçado que mais pareceu uma careta. — Uma mentira que incluía a sua boca e a do Eric juntas, na qual não sabia que ele era gay.
— Qual é a porra do seu problema, ? — soltou e eu já tinha me arrependido de ter falado aquilo. — Achei que você era minha amiga, mas ultimamente só tem me ferrado com o !
— Mas eu fiz isso sem saber que ele gostava de você! — rebati em minha defesa. parou na mesma hora de se mexer e ficou me encarando. — O que foi?
— Quando foi a última vez que você dormiu? — questionou.
— Sei lá, estou acordada desde ontem. Deve ter quase umas vinte e quatro horas. — Tentei me lembrar que horas tinha acordado, mas não conseguia.
— Então é por isso, você já está alucinando! De onde que você tirou que o gosta de mim? — estava quase jogando o travesseiro na minha cara.
— O quem descobriu — contei e ela revirou os olhos.
— Vocês podem discutir enquanto comemos? Aquele lanche ali está com uma cara muito boa — minha prima nos cortou e eu ri daquilo.
Peguei a bandeja e coloquei em cima da cama, me sentando na ponta dela. Começamos a comer sem falar mais nada, até que alguém bateu na porta. Falei que podia entrar e apareceu colocando só a cabeça para dentro, vendo se estávamos mesmo acordadas.
— Vem cá, come com a gente. — Bati na cama ao meu lado e ele entrou, fechando a porta atrás de si. — Eu nem te agradeci por tudo o que você fez — falei quando sentou-se ao meu lado. — Obrigada. — Lhe dei um abraço.
— Olha, ela está ficando sociável, está dando até abraços — debochou segurando o riso. — Obrigada, , por ter ido nos tirar de lá.
— Não é mesmo? — implicou, então o soltei. — Foi só falar que virou antissocial de novo. — Ele sorriu. — Não foi nada. Faria qualquer coisa por vocês — falou, então levantou e foi dar um abraço nele.
— Nosso salvador — disse, dando um beijo na bochecha dele e o sujando de geleia. — Muito obrigada.
— Acho que vou tirar vocês da prisão mais vezes para ganhar mais beijos como esse — brincou nos fazendo rir, então o empurrou.
— Não pode nem agradecer que já fica todo se querendo — minha prima falou, voltando a se sentar onde estava antes. — O que aconteceu depois que a gente entrou pro quarto? Escutamos você e o discutindo um pouco mais.
— Nossa, meu irmão não larga o osso mesmo. Ele ainda ficou falando depois que eu saí? — Não podia acreditar naquilo.
— E como falou. Ficou enchendo o saco — respondeu, tomando um pouco de suco de laranja do meu copo. — Ele disse que estava achando muito estranha a atitude de vocês três, que tinha alguma coisa que não estávamos contando a ele. Não só ele, todo mundo achou estranho. — Pegou um biscoito e colocou na boca. — Especialmente em ver a gritando. Aquilo foi inédito.
— E o que você disse? — perguntou, olhando de um jeito sério para ele.
— Falei que vocês tiveram problema com o Daniel, que eu não fazia ideia do que tinha acontecido em Riverside e que só encontrei com vocês na estrada por causa do pneu furado. — Deu de ombros, voltando a pegar mais biscoito. — Mas ele ficou enchendo o saco mesmo porque a foi grossa com ele e isso foi até o Theo mandar ele calar a boca, pois todo mundo queria voltar a dormir e não aguentava mais ele falando. — Eu ri daquela parte. — que está estranho desde ontem depois que vocês saíram e piorou depois que você falou aquilo.
— Será que ele está achando mesmo que eu e você estamos nos pegando? — Aquilo fez e me encararem. — O lance do abraço. — As lembrei. — Olhem bem para a minha cara e vejam se eu vou pegar o . Me poupem, né, gente.
— Ué, não sei, você é completamente louca — rebateu segurando uma risada e eu revirei meus olhos. — De qualquer forma, o é aleatório e, se ele está achando isso, aí sim é mais idiota do que eu pensava.
— Bem, eu sei que ele não está falando comigo direito. — explicou e eu comecei a ficar mal por saber que poderia ser o motivo daquilo.
— Vou falar com ele. — Já fui me levantando da cama, mas meu amigo segurou meu antebraço, me fazendo voltar a me sentar.
— Deixa o para lá. Você precisa descansar, parece até que levou dois socos nos olhos de tão grande que estão essas olheiras — falou e e concordaram com ele. — Relaxa, ele não vai fugir. Mais tarde vocês conversam na festa.
— Como você sabe que vai ter festa? — Uni as minhas sobrancelhas.
— Iria ter festa você querendo ou não. Ninguém ia desperdiçar aquela quantidade de comida e bebida por causa do seu chilique. — Encarei boquiaberta. — Agora come mais um pouco. — Enfiou um biscoito na minha boca. — De qualquer forma, vim saber se vocês estavam bem. — Olhou especificamente para .
— Vamos sobreviver — minha prima respondeu com um sorriso. Eu sabia que ela não estava bem, mas estava tentando ficar.
Saí do banheiro enrolada na toalha e já entrou nele, me puxando pelo ombro para que saísse logo de sua frente. Aparentemente, tinha tomado banho no outro banheiro e agora já começava a arrumar seu cabelo, no qual a ajudei. Vesti um short jeans de cintura alta, um cropped bordô de renda que vinha fechado até o meu pescoço e calcei minha bota da vans que tinha umas rosas aplicadas em suas laterais que eu mesma coloquei. Então comecei a me maquiar. Fiz um olho de gato bem longo e fino apenas na parte de cima dos olhos, passei bastante rímel, deixando meus cílios bem compridos e volumosos, marquei minhas bochechas com um blush bronze e passei um batom vinho bem escuro. Penteei meu cabelo e o prendi em um coque em cima da cabeça.
Assim que saiu do banho, comecei a maquiar ela também, fazendo olhos de gato nela, mas não tão grandes que nem os meus, esfumei nos cantos e fui fazendo um degradê usando uma sombra bege. Minha amiga gostava de algo mais discreto. Depois passei um rímel, deixando seus cílios bem finos e longos. Passei um blush mais suave em seu rosto e lhe entreguei um batom nude para passar, ficava ótimo dela. Ajudei a escolher uma roupa, uma saia longa de chiffon preta com uma fenda até o meio de sua coxa e uma blusa curta de listras pretas. Ela calçou uma sandália rasteirinha linda.
Quando terminamos, vi já arrumada e meus olhos praticamente brilharam quando. Ela estava com um vestido de alça floral de fundo azul marinho com as flores em um tom de rosa claro bem fraquinho, ele ia até o meio de suas coxas, lhe dando um ar de boneca, juntamente à sua maquiagem clara, e botinha de salto curto nude. A virei e vi que o vestido tinha as costas toda aberta, com transpassados que tinham da alça.
Por fim, joguei um jato quente de secador em meu coque até ele secar o suficiente e o soltei, fazendo ondas em meu cabelo. Peguei meu chapéu fedora preto que trouxe e o coloquei em minha cabeça, fazendo uma pose, e as meninas riram. Passei meu perfume, coloquei minhas pulseiras, anéis e relógios, então por fim saímos do quarto. Quase todos os meninos já estavam arrumados, do lado de fora, nos esperando.
Sorri ao ver meu irmão olhando para com cara de bobo apaixonado, então ele se aproximou e estendeu a mão para ela, que a pegou. Eu e rimos quando ele saiu a puxando para a areia, falando alguma coisa que não deu para ouvir por causa da música alta. Passei meu braços pelo de minha prima e descemos os degraus da varanda juntas, indo até o isopor onde estava as bebidas.
— Como iniciaremos o trabalho essa noite, Senhorita ? — perguntei, olhando as cervejas e avistando outras bebidas coloridas que não fazia ideia do que eram.
— Vamos ver o que temos aqui dentro. — se abaixou e começou a mexer nas garrafas. — O que seria isso aqui azul? — Apontou uma garrafinha que estava fechada por uma rolha.
— Provavelmente deve ser curaçau blue misturado com alguma outra coisa. — Então ela pegou, abriu e deu um gole.
— Tem vodka, amei. — Deu outro longo gole. — Prova. — Provei e fiz uma careta.
— Horrível. Vou ficar na cerveja mesmo. — Peguei uma long neck para mim enquanto ria. — É impressão minha ou está tocando aquela playlist de músicas velhas do ? — perguntei reconhecendo uma música que tinha tocado no dia do pique-esconde.
— É ela mesmo! Vem! Está tocando I Gotta Feeling, eu amo essa música! — Minha prima segurou minha mão e saiu me puxando para perto da enorme fogueira que os meninos tinham armado.
Abri minha garrafa, colocando a tampinha no bolso e dando um belo gole. Eu e ficamos dançando até que uma passou o braço pelo ombro da outra e levantamos nossas garrafas, cantando o refrão da música como se estivéssemos uivando para a lua cheia. Nossas vozes quase não estavam saindo de tão alto que estávamos berrando. Senti um braço passar pelo meu outro ombro e olhei para o lado, vendo Eric, que já cantava com a gente. Ele era alto demais, então passei o meu braço por sua cintura. Quando acabou a música, começou a tocar I Love It, da Icona Pop. Começamos a pular em rodinha como três loucos, gritando a letra da música. Eu segurava meu chapéu para não cair de minha cabeça, enquanto ria de nós. Então vi que meu irmão estava olhando para a gente de um jeito curioso. Peguei e Eric pelas mãos, quase deixando minha garrafa cair, e os arrastei até , que estava com em pé, conversando perto da mesa de comida.
— , esse é o Henrik! — apresentei com um sorriso empolgado no rosto. Meu irmão ergueu as sobrancelhas e olhou para cima, encarando o loiro. — Eric, esse é meu irmão, . — Só então ele sacou quem era o menino.
— Muito prazer — disse meu amigo, estendendo a mão para , que a pegou e pelo que percebi apertou com força.
— Prazer — respondeu em um tom sério e eu ri. me lançou um olhar fulminante, o que me fez gargalhar e sair rodando e pulando ao som de I Love It.
— Hey! — falei dando de cara com , que estava extremamente lindo. — Festa! — Rodei ao redor dele, pegando sua mão e o puxando comigo, mas ele não sorriu e nem nada. — Docinho, por que está com raiva de mim? — perguntei de uma só vez, dançando e jogando minhas mãos em seus ombros com cuidado para não molhá-lo de cerveja.
— Quem disse que estou com raiva? — Colocou suas mãos em minha cintura.
— Sua cara. — Ergui a sobrancelha e dei um gole em minha cerveja. — O que eu te fiz?
— Nada — respondeu de forma seca e já foi me soltando, mas o segurei pela camisa. — Qual foi, ? Vai ficar me agarrando?
— Ow. — Levantei as mãos na mesma hora, ofendida da forma como falou, ainda mais pelo fato de falar meu nome inteiro. — Depois diz que não fiz nada. — Joguei em sua cara. — O que foi? Ficou puto porque eu estava abraçada com o ontem?
— E por que ficaria? — rebateu muito afetado para o meu gosto.
— Quer saber, . Vai pro inferno — mandei e saí andando puta com aquela merda, voltando para dentro de casa, afundando meu pé na areia.
— O que aconteceu? — perguntou, descendo os degraus da varanda e vindo em minha direção.
— O aconteceu na minha vida! — berrei, jogando meus braços para cima e parando de andar, bebendo a cerveja toda que estava na minha garrafa. — Estava indo atrás de você mesmo. Me dá um cigarro — pedi, já lhe entregando minha garrafa agora vazia e apalpando seus bolsos.
— Fica calma — pediu, me vendo pegar o seu maço e tirar um cigarro de dentro. — Não deixa ele estragar a sua festa, ouviu — falou, segurando meu queixo para que eu o olhasse. — Vem, vamos pegar algo para beber. — Pegou minha mão e saiu me arrastando de volta para a festa.
Revirei meu olhos e fui andando como se fosse uma criança que estivesse fazendo pirraça. Paramos ao lado de e , que estavam olhando para e Eric dançando, então uni as sobrancelhas, começando a ficar na dúvida se ele era mesmo gay. Ok, ele estava dançando super bem, mas a forma como o loiro estava passando a mão pela lateral do corpo de minha prima era algo meio duvidoso.
— Não é por nada não, mas eu apertava a bunda do Eric... — Olhei para dando um sorriso. — Com todo o respeito.
— Eu beijaria o com todo o respeito também. — Abri minha boca indignada com aquilo, então a olhou.
— Tem como vocês duas pararem de falar de homem? — pediu e riu do meu lado. — Além do mais, quem chamou ele? — Indicou Eric com a cabeça.
— Eu chamei — falei dando de ombros. — , cadê o isqueiro? — perguntei, segurando o cigarro ainda apagado entre meus dedos.
— Você está fumando? — e falaram juntos e eu sorri para eles, achando eles fofos por terem tido o mesmo time.
— Não, estou fazendo graça — respondi, pegando o isqueiro que me entregou. — Vou pegar algo para beber, já volto. — disse depois de ter dado a primeira tragada. Peguei uma cerveja e voltei. — Alguém quer? — ofereci.
— Bebendo cerveja? — Meu irmão estava afim mesmo de pegar no meu pé.
— É, , bebendo cerveja. Eu bebo cerveja se for Budweiser e estiver bem gelada — expliquei e vi umas oito meninas chegarem. — Opa, a nossa surpresa chegou. — Sorri, tragando o cigarro.
— E que surpresa. Era delas que você tinha falado ontem? — perguntou e eu afirmei com a cabeça. — Surpresas lindas.
— Não é? — Abri um sorriso largo. — Olha aquela loira que está falando com a . Acho que vou pegar. — Os três me olharam na mesma hora e eu ri.
— Já tem pouca mulher e você ainda quer pegar uma? — meu amigo rebateu na mesma hora.
— O que mais você vai me contar essa noite que ainda não sei? — falou, então o olhei.
— Você não sabe muitas coisas sobre mim, irmãozinho... Inclusive tenho um piercing no mamilo. — Ele ergueu as sobrancelhas. — E já tive dois namorados escondidos e não sou virgem. — Sorri no final. — Me deixe ver se esqueci de mais alguma coisa.
— Alguém está irritada — observou e eu sorri para ela. — Bastante.
— Essa festa vai queimar ou não me chamo . — Ergui uma sobrancelha e dei um gole em minha cerveja.
— Gente, essas aqui são as nossas vizinhas — disse, se aproximando com as meninas. — Essas são Sophie, Sara e Samanta. — Indicou as três primeiras, que eram loiras de olhos claros, bronzeadas, que pareciam que tinham vindo direto de Malibu. — São filhas da Beth — falou o nome da mulher que era dona da casa ao lado. — E essas aqui são as amigas delas — foi falando o nome das outras garotas. — Meninas, esses são , , e — nos apresentou e nós as cumprimentamos. — Venham, vou apresentar vocês aos outros meninos. — Saiu andando e todas as seguiram.
— Toma jeito. — Dei uma cotovelada em , que olhava uma das meninas em específico.
— O que eu fiz? — Deu uma de desentendido e o olhei enquanto tomava minha cerveja.
— Quase engolindo a menina com os olhos. Tudo o que a precisa é ter mais uma desilusão — comentei e olhei para minha prima de longe.
— É, mas não vou ficar com a hoje. — Isso me fez encarar , assim como e . — Ela terminou o noivado ontem, hoje, tanto faz. Seria escroto da minha parte se desse em cima logo agora.
— Você já estava dando em cima antes, , me poupe — rebati e lhe entreguei minha garrafa. — Acho que vou começar a te chamar de Segundo — falei e saí andando em direção à fogueira onde Eric estava sentado agora em uma cadeira de praia. — Hey, gatinho — brinquei, dando um sorriso, já mexendo meu corpo com a batida de Buttons que começou. — Vem dançar. — Fiz um gesto com a mão e me virei de costas para ele, vendo voltando sozinha agora. — E você também, gata. — Peguei sua mão e a puxei comigo.
Joguei meu cigarro na fogueira e coloquei Eric no meio de nós duas enquanto já ia colando nossos corpos, passando a mão nele assim como também fazia. Virei de costas e joguei meus braços para cima, passando minhas mãos no pescoço do loiro, rebolando e mexendo meu corpo de um lado para o outro. Senti as mãos dele passarem por minha barriga, onde o meu cropped não cobria agora, depois desceu até minha coxa. Sorri ao sentir seus lábios em minha orelha, então virei o rosto de lado e desci meus olhos para sua boca, que agora estava perto da minha. Vi vindo para trás de mim e ela passou a mão no cabelo de Eric, puxando o rosto dele em direção ao meu, quase fazendo com que nos beijássemos. Olhei para minha prima, que sorria assim como eu, então ela lançou um olhar para o lado o qual acompanhei e vi , Bradley, , e nos olhando. As mãos de seguraram minha cintura e me viraram de frente para o loiro, que riu com a gente. A perna dele se encaixou entre as minhas e nós três descemos juntos, e agora os dois passavam a mão em meu corpo enquanto meus braços estavam apenas jogados para cima. Tirei meu chapéu e coloquei ao lado do meu rosto, e com a outra mão puxei Eric pela nuca para chegar mais perto, tampando a cara dele também. Aproximei meus lábios do dele, mas não o beijei, apenas ficamos rindo daquilo como dois idiotas. Era uma pena ele ser gay. Por fim, coloquei o chapéu em sua cabeça e joguei minha cabeça para trás, encostando no ombro de . Senti os lábios de Eric passando por meu pescoço que ficou exposto. Acho que ele tinha entendido o intuito de tudo aquilo, ou não, mas não importava, o loiro estava fazendo um ótimo trabalho.
— Tem como vocês pararem com isso? — Levei um susto quando ouvi a voz de Theo, então nós três paramos e olhamos para ele. — Não sei o que querem ganhar com essa palhaçada, mas está ridículo o show. — Ergui uma sobrancelha com o jeito que ele falou.
— Está te incomodando? — perguntei irritada, pegando meu chapéu e colocando em minha cabeça.
— Está incomodando todo mundo! — respondeu de forma séria e foi a minha vez de fechar a cara. — Isso aqui não é uma boate gay para vocês ficarem se esfregando desse jeito.
— Então quer dizer que só em boate gay as pessoas dançam assim? — rebateu irritada. — Não sei em que mundo você vive, ou se foi realmente em alguma boate na vida, mas está muito enganado se acha que é só em boate gay que se dança assim. — Pensei que Eric falaria mais alguma coisa, mas ele ficou calado. — E outra, se não é para dançar, para que tem música alta?
— Porque é uma festa. Precisa ter música. — Theo travou o maxilar.
— Desculpa, eu não sabia que era para ficar sentado um olhando para a cara do outro — falei nervosa. Se nem em minha festa eu podia dançar, o que caralhos iria fazer?
— Eu só estou falando. Você está muito nervosa. — Ele me fez rir, mas foi de puro nervoso. — O jeito que vocês estão aqui está incomodando todo mundo, vim só pedir para parar. Tem como?
— Ok, cara. Vamos parar. Fica tranquilo — Eric interveio vendo que aquilo iria terminar em briga. — Não queremos brigar com ninguém. Nos desculpe se realmente afetamos vocês, mas só estávamos nos divertirmos, não pensamos que isso fosse incomodar.
— Pelo menos ele entendeu o que eu falei. — Theo olhou para mim e para . — Obrigado — falou para Eric e saiu andando.
— Você está bem? — Eric me perguntou enquanto eu estava com a cabeça baixa, com as mãos fechadas e sentindo elas suarem frio. — — chamou, mas não o olhei. Meus olhos estavam queimando de raiva por causa daquilo tudo.
— Hey, . — colocou as mãos nos meus ombros e os apertou. — Relaxa.
Saí andando para dentro de casa pela porta lateral, apressada, e já ouvi a voz de lá de dentro, então parei abruptamente no meio do corredor, sentindo dois corpos se chocarem contra o meu, olhei por cima do ombro e vi e Eric me olhando assustados.
— Eu vou embora! — gritou minha amiga. — Me dá a chave do meu Honda, !
— Você não vai a lugar nenhum. Eu vou falar com a e ela vai parar de bobeira — meu irmão rebateu.
— Não quero que você fale nada com ela, eu só quero a porcaria da chave do meu carro! — rebateu nervosa, mas não saí de onde eu estava para ver o que realmente estava acontecendo.
— O que houve? Por que a quer ir embora? — Ouvi a voz de perguntando e minhas mãos se fecharam.
— Isso é tudo culpa sua! Precisa ser um asno com a pessoa com zero controle? — ela berrou com .
— Minha culpa? Eu não fiz nada com ela para estar agindo daquele jeito. — E naquele segundo senti minhas pernas falharem.
— Nem começa, ! — mandou.
— O que está acontecendo? — apareceu atrás de mim perguntando.
— Nem começa? Eu vim aqui de boas perguntar o que estava acontecendo e você fala que a culpa é minha! — Olhei para meu amigo enquanto falava.
— Vou resolver isso. — segurou minha mão e saiu me puxando para dentro da casa. — Então seria bom você explicar o motivo de não estar falando com nós dois. — nos olhou e ficou branco.
— Eu estou falando com vocês — se defendeu. — Inclusive falei com a lá fora agora pouco.
— Falou, claro que falou — disse, olhando para ele pê da vida. — Mas quer saber, sinceramente já deu — soltei me sentindo cansada. — Já arruinei a festa, a quer ir embora por minha causa, sendo que era para estarmos todos bem, porque estamos comemorando o meu aniversário e o dela, mas pelo visto ninguém se importa com isso. Ninguém desejou parabéns para ela de novo, ou então para mim, nem eu mesma fiz isso. O que me faz concluir ainda mais que sou uma péssima amiga. — Respirei fundo e olhei para me lamentando por aquilo tudo. — Eu nem ao menos sei se serve te pedir desculpas pela milésima vez, pois parece que não faz mais sentido essa palavra na minha boca desde ontem. — Fechei minhas mãos com força e tentei não começar a chorar. — Enquanto estou tendo uma crise existencial, a está tentando abstrair com tudo o que aconteceu com ela da melhor maneira possível e isso só faz me perguntar a mim mesma que merda estou fazendo. Porque o que o que estou sentindo perto do que ela deve estar sentido, ou o que a está, não é nada. Eu sou uma puta egoísta por causa disso tudo, eu sei disso, sei que sou impulsiva e que não tenho controle de nada que faço. — Mordi meus lábios, tentando me controlar, então olhei para . — E, sim, você está agindo comigo como um idiota e nem sei o motivo disso. Não posso fazer nada se não aguenta ouvir a verdade e vou te dizer outra, você acabou de jogar terra no pouco ânimo que eu ainda tinha para festejar algo quando falou comigo daquele jeito lá fora. — Prendi o ar e levantei a cabeça, forçando meu melhor sorriso. — Mas depois de toda a merda que eu fiz de ontem até agora, não vou mais estragar a festa de ninguém, especialmente para a e para a , pois elas duas são as que mais merecem ficar bem aqui dentro dessa casa. — Sentia um nó entalado em minha garganta. — Então só vamos voltar lá para fora e pelo menos tentar fazer com que as coisas fiquem bem? — pedi por fim, antes que eu desmoronasse ali e terminasse de acabar com a festa.
Todo mundo começou a sair da sala enquanto fiquei onde estava, tentando me recuperar e andar sem sentir meus joelhos tremerem, mas meu irmão parou na minha frente depois que não tinha mais ninguém ali dentro além de nós dois. Então do nada ele me abraçou e eu só encostei meu queixo em seu ombro, envolvendo seu corpo com meus braços, fechando meus olhos com força e sentindo um par de lágrimas descerem.
— Me desculpa por ter gritado contigo hoje de manhã — pediu e eu apenas afirmei com a cabeça. — Eu não sei o que aconteceu, ninguém respondia as minhas mensagens ou atendia o celular. Vocês estavam demorando, então o sumiu e não deu notícia também — meu irmão se explicava enquanto só o escutava. — Fiquei preocupado e irritado. Aí quando vocês chegaram e vi que estava tudo bem, só restou a raiva e então vi o carro arranhado e surtei contigo. Me desculpa, não deveria ter brigado contigo e nem com o .
— Tudo bem, deixa isso para lá. — Minha voz saiu embargada e eu me afastei dele, secando meu rosto com cuidado para não borrar a maquiagem. — Agora eu só quero que tudo fique bem e que a festa não acabe. — Sorri um pouco. — Tem um monte de menina bonita lá fora esperando ser beijada e você não pode deixar elas na mão — brinquei para tentar animar o nosso humor.
— Se eu te falar que não me interessei por nenhuma Barbie Malibu, você acredita? — disse e eu ergui minhas sobrancelhas, mas ainda não sabia se realmente estava surpresa ou não.
— Como não? Elas são lindas! — Coloquei minhas mãos na cintura, fingindo indignação.
— Ué, não achei nada de atrativo nelas. E, além do mais, eu gosto de alguém já e não faz sentido ficar com alguém pensando em outra. — Aquilo sim me deixou surpresa.
— Vejam só, o gosta de alguém — brinquei, empurrando seu ombro e ele riu. — Essa pessoa está aqui? — Dei um sorrisinho de lado.
— Você já está querendo saber demais. — soltou uma risada e eu ri junto. — E, a propósito, você não tinha dito que o Eric estava ficando com a ?
— Bem, talvez o Eric seja gay? — falei em forma de sugestão e meu irmão me olhava desacreditado. — E, se está pensando que eu o beijei, não, não o beijei àquela hora. Estava apenas provocando o . — Fiz uma careta.
— Aquilo era tudo mentira? — concordei com a cabeça. — sabe que o Eric é gay? — concordei com a cabeça. — Então não entendi por que ele ficou com raiva.
— Ele ficou com raiva? — Uni as sobrancelhas e afirmou. — é maluco. — Revirei meu olhos. — Sinceramente, olha onde fui amarrar meu bodinho.
— Amarrou bem mal — zombou e lhe dei língua.
— Vamos brincar de sete minutos no paraíso? — Do nada, Troy entrou na sala perguntando com o maior sorriso do mundo, nós o olhamos e depois nos encaramos. — Todo mundo já concordou, bem, quase todo mundo.
— Ok, então — meu irmão disse, unindo as sobrancelhas, dando um sorriso engraçado. — Mas acho que ainda não estamos bêbados o suficiente para isso.
— Não seja por isso. Vamos todos tomar uma dose de tequila para começar a brincadeira — Troy respondeu e saiu correndo para fora da casa, gritando alguma coisa que não consegui entender.
— Isso não vai dar certo — comentei, olhando para e depois me sentei no sofá de três lugares.
— E você acha que eu não sei disso? — Sentou-se do meu lado. — Mas, se todo mundo topou, quem sou eu para falar que não?
— Já somos os chatos mesmo, discordar de uma brincadeira não faria muita diferença — falei e levantei. — Vou pegar uma cerveja, quer? — ofereci.
— Pode ser — aceitou, então saí da casa enquanto o pessoal já entrava nela. Corri até o isopor e voltei, vendo meu lugar ocupado por e do outro lado Theo. — Valeu — agradeceu quando lhe dei a garrafa.
— Vocês fizeram as pazes? — perguntou, nos olhando de forma desconfiada.
— Sim. — Dei de ombros e escolhi um lugar para sentar no chão, ao lado de Sara.
— Senhoras e senhores, vamos jogar sete minutos no paraíso — Troy começou e eu ri um pouco. — Mas como aqui é uma casa de jogadores que amam fazer as coisas diferentes. — Me olhou rapidamente e ergui uma sobrancelha, me perguntando o que ele estava insinuando com aquilo. — Vamos então adicionar regras novas ao jogo — continuou. — Primeiro é que não temos um armário aqui, então os sete minutos serão no banheiro social no final do corredor — informou, apontando na direção que deveríamos ir quando fosse a nossa vez. — Nós todos iremos tomar uma dose de tequila para começar o jogo. — Ergueu a garrafa. — As duas pessoas que forem escolhidas tomarão outra dose de tequila antes de entrarem no banheiro, porém, se uma dessas duas recusar de entrar, ambas tomarão duas doses e partiremos para a próxima escolha que a garrafa fará. — Nossa, estava vendo o povo ficando louco de tequila. — Mas há uma outra regra que pode salvar o amigo. Quem se opor à dupla que entrará no banheiro vai beber duas doses e tem o poder de escolher quem vai entrar no banheiro com uma das pessoas apenas, podendo até mesmo escolher a si mesma. — E, por fim, acabou sua explicação, a qual achei bem interessante. — Alguma pergunta? — Olhou para todos e levantou a mão. — Pode falar.
— O que é válido fazer lá dentro do banheiro? — quis saber e todo mundo soltou um “hmm”. — Nossa, vocês são pervertidos.
— Vale qualquer coisa. — Troy deu de ombros. — Quem decide é a dupla que vai estar lá dentro, se eles vão se beijar ou não, ou fazer coisas. — torceu o nariz. — Mais alguém?
Ninguém disse nada, então o menino começou a distribuir copos vermelhos para todos enquanto A.J. ia servindo uma dose de tequila para cada um. Eu bebi a minha sem sal e limão mesmo e aquilo desceu queimando. Fiz uma careta e balancei a cabeça, tomando um gole de minha cerveja logo em seguida para tirar o gosto da tequila de minha boca. Então Miguel e Charlie tiraram a mesa de centro e colocam uma garrafa de vodka vazia no meio, em pé, esperando todo mundo tomar a tequila. Joe se levantou e girou a garrafa quando todos terminaram de beber. A primeira dupla foi uma das Barbies e Derik, que já se levantou empolgado. Ambos tomaram a tequila e foram para o banheiro. Stephen era quem estava encarregado do tempo. Ficamos conversando, apostando se eles se beijariam ou não enquanto esperávamos. E quando eles voltaram, todo mundo ficou olhando para eles esperando alguma resposta, até que o moreno levantou os braços em vitória. Geral começou a gritar. A menina ficou vermelha e voltou a se sentar. A garrafa girou novamente e caiu no com Sara.
— Objeção! — berrei, levantando as duas mãos e todo mundo me olhou. — Pode me dar essa tequila aqui que eu que tenho o poder dessa porra toda! — Troy me entregou a garrafa e eu tomei duas doses. — Sara vai com o Charlie — falei e todos me encararam. — O que foi? — perguntei com um sorriso no rosto.
— Pensei que você ia me mandar para lá — respondeu rapidamente.
— Ainda não, . — Soltei uma risada. — O melhor a gente guarda para o final. — Pisquei para ele, que riu. A menina levantou do meu lado, então se sentou ali. — Vou cobrar mais tarde — disse em seu ouvido.
— Vai nada, não mandei me salvar. Eu queria ir. — O empurrei, ele caiu de lado rindo e voltou a se sentar direito. — Ok, vou ver o que posso fazer por você.
— falou alguma coisa contigo? — Nós dois parecíamos duas crianças cochichando.
— Não, continuou com cara fechada. — respondeu e eu suspirei. — Quer que eu dê um jeito de mandar vocês para o banheiro?
— Não precisa. — Olhei para , que estava um pouco longe de nós.
— Tem certeza? — Afirmei com a cabeça. Então logo Charlie voltou com Sara. — E aí? — perguntei e ele fez uma cara de mistério. — Não vai falar?
— Não. Vocês vão ficar curiosos — disse Charlie, rodando a garrafa, que deu em e Samanta.
— Objeção! — Dessa vez eu, Sophie, , , e que falamos juntas.
— Eita! — Joe girou empolgado. — Quem dá mais?
— Isso aqui não é um leilão — rebati. — Mas eu tomo três doses. — ergueu as sobrancelhas para mim.
— Não, o quem escolhe qual objeção é válida — meu irmão interviu e eu estreitei os olhos para . — Então, cara. — Olhou para ele.
— Sophie. — Travei meu maxilar quando escolheu ela. — Escolhe.
— Comigo. — Ela ergueu uma sobrancelha com um sorrisinho safado de lado. — Cadê a Tequila? — já pediu, estendendo o copo enquanto meus amigos estavam me olhando esperando minha reação.
— Está aqui. — Eu apenas me levantei e servi duas doses para ela e uma para que me olhava sério. — Não faça nada do que vá se arrepender depois — avisei a ele. O som lá fora estava alto, então acho que ninguém tinha me ouvido.
— Com toda a certeza não farei. — E a sua resposta fez meu peito ficar apertado. Então apenas me sentei.
— Ele vai ficar com ela — falei com , colocando a garrafa de tequila entre nós.
— Por que acha isso? — seguia os dois com o olhar.
— Porque ele acha que eu fiquei com o Eric e está com raiva disso — concluí rapidamente.
— E você não ficou? — Olhei para .
— É claro que não. — Ele me conhecia e sabia que até aquilo já era algo fora dos meus limites. — Fiz aquilo só para provocar. Além do mais, qual é o sentido de ficar com outro cara se eu gosto dele?
— Então vocês merecem o Oscar porque pareceu que tinham se beijado. — Torci os lábios com aquilo. E mais uma vez eu tinha ferrado com tudo lindamente. Comecei a procurar meu celular e vi que ele não estava comigo. — O que está procurando?
— Meu celular. Ia mandar uma mensagem para o falando que não fiquei com o Eric — expliquei e já me levantei, mas me puxou para baixo.
— Deixa que eu mando. — Pegou seu celular e começou a escrever uma mensagem para o . — Olha e vê se está bom. — Me passou o aparelho.
Se aceitou entrar no banheiro com a Sophie só por achar que a beijou o Eric, você fez a pior escolha do mundo.
Ela acabou de me contar que eles não ficaram, que fez aquilo apenas para te provocar.
Não sei se ainda não percebeu, ou se foi burro o suficiente para ignorar isso, mas a é apaixonada por você.
E só te digo uma coisa, se eu a ver chorando por sua causa, quem nunca mais vai falar com quem será eu com você e não será apenas isso que irei fazer!
Ela pode ser maluquinha, mas é minha melhor amiga e vou protegê-la sempre.Apenas li as cinco mensagens, sentindo meu coração ficando completamente acelerado esperando para ver se ele iria ficar online, já que o WhasApp do dele não ficava azul quando lia a mensagem, assim como o meu. Só que pela demora já era tarde demais, ele não ia ver. Nessa altura, já tinha beijado a Sophie e muito mais. Por fim, entreguei o celular de volta a , desistindo de ficar olhando para a tela dele. Meu estômago queimava agora de tanto nervoso, minhas mãos suavam frio e até estavam trêmulas.
— Ele viu? — Neguei com a cabeça, então segurou minha mão. — Nossa, sua mão está suando frio. — Sorri fraco para ele, sentindo que daria um treco a cada minuto que passava. — Fica calma. não vai fazer nada, ele gosta de você.
— Nessa altura do campeonato, ele está me odiando profundamente e eu sou a culpada disso. — Peguei minha cerveja e bebi.
— Não é nada. Ele não pode te odiar sem ter certeza das coisas. — Ri do que disse. — O que é engraçado?
— Minha cara de otária — falei e bebi mais um pouco. — Já tem quantos minutos? — perguntei inquieta e ele olhou no relógio.
— Cinco. — Comecei a balançar o pé que estava debaixo da minha perna. — Fica calma, você vai dar um treco se continuar assim.
— Eu já estou dando um treco, ! — sussurrei em seu ouvido para que ninguém ouvisse meu surto. — E sabe o que é o pior? É que isso nem é ciúmes e sim raiva de mim mesma. Raiva, porque queria estar lá dentro conversando com ele e explicando isso tudo em vez de ter mandando uma mensagem.
— Ficar com raiva não vai te ajudar em nada, só vai te fazer perder o controle e fazer alguma besteira. — tinha total razão, mas aquilo era uma merda de controlar.
Meu irmão, e estavam me olhando apreensivos como se eu fosse uma bomba relógio prestes a explodir, causando dor e caos para todos os lados, mas fui respirando fundo, tentando ficar calma como tinha falado. Até que começou a tocar Baby e eu ri, mas ri tanto que caí para trás, chorando de rir.
— Meu Deus. Quem te deixou escolher as músicas, ? — perguntei, secando os cantos dos meus olhos.
— Cara, é Baby. A melhor música do mundo. — O pessoal ria da resposta do meu amigo, que começou a fazer a dancinha do Justin Bieber.
— E aí? — Samanta soltou, olhando para trás de nós.
Então olhei por cima do meu ombro, vendo Sophie já passando por nós com um sorrisinho de vitória no rosto. Voltei a olhar para trás, então finalmente surgiu pela porta do corredor, enquanto nossos amigos já gritavam, mas ele não falou nada, apenas se sentou onde estava antes sem ao menos me olhar. Peguei a maldita garrafa para rodar ela de novo, esta escorregou da minha mão por estar suada e, por reflexo, a segurei, mas o vidro bateu no piso de porcelanato, estourando na minha mão, a cortando na mesma hora. Soltei um gritinho com o susto que levei, vendo o sangue pingando no chão, sujando tudo.
— Merda. — Já fui me levantando e segurando minha mão. — Arrumem outra garrafa e continuem jogando, eu vou dar um jeito nisso e já volto — falei e fui andando para o quarto, apressada para tentar sujar o menos possível o chão.
Bati com o pé na porta do quarto e corri direto para o banheiro, ligando a torneira e enfiando a mão embaixo da água. Por mais que estivesse sangrando horrores, não estava doendo. Não sabia se era porque estava nervosa, ou se era por causa das tequilas. Vi , , , , Bradley, Eric e entrando no banheiro, um empurrando o outro para passar na porta primeiro.
— Gente, podem voltar para a sala. Só foi um corte pequeno, está tudo bem — disse, apertando meu pulso na tentativa que aquilo fosse parar de sangrar.
— Estou vendo que foi pequeno, saiu sujando tudo de sangue. — veio até mim e tirou minha mão da água. — Olha o tamanho disso, vai precisar levar ponto.
— Não, sem ponto. Não está tão grande assim. — Torci o nariz, olhando o corte. — Mas é sério, voltem para a sala, me deixem dar um jeito nisso. Se eu realmente achar que preciso de pontos, vou chamar um Uber e vou até o hospital — garanti a eles. Não fazia cerimônia quando via que a coisa era realmente séria. — Por favor, me deixem sozinha — pedi mais uma vez e me olhou reprovando aquilo. — Eu te chamo qualquer coisa.
Olhei para ela, que por fim saiu e foi empurrando o pessoal para que saísse do banheiro também. Voltei a olhar para minha mão, vendo o corte formando uma poça de sangue em minha palma, até que ouvi a porta do quarto se fechando e quando ergui a cabeça vi o reflexo de no espelho, encostado no batente da porta, me olhando com os braços cruzados.
— Está tudo bem, não vou morrer — falei, voltando a olhar para a minha mão, a colocando embaixo da água e agora soltando um pequeno gemido por ter ardido. — Porcaria — reclamei fazendo uma careta.
— Eu sei que não vai morrer — respondeu, se aproximando e fechando a torneira. — Você queria tanto que eu estivesse no banheiro com você, agora estamos em um. O que queria comigo? — Olhei para ele sem acreditar naquilo.
— Isso é sério? — Estreitei meus olhos e peguei minha toalha de banho, enrolando em minha mão esquerda. — Acho que você deveria ter voltado para a sala e continuado a jogar, que ganharia muito mais do que me fazendo essa pergunta idiota — falei, já saindo do banheiro com a mão um pouco levantada na altura do meu peito para ver se assim parava de sangrar um pouco.
— Está com raiva porque acha que eu beijei aquela garota. — Aquilo não foi uma pergunta, então me detive para não responder.
— O nome dela é Sophie — o corrigi, mordendo minha língua logo em seguida por ter dito algo. — Cadê a porcaria da minha bolsinha de remédio? — perguntei a mim mesma, já mexendo em minha mala com a mão direita, enquanto a esquerda estava contra meu peito.
— Não faz diferença o nome dela — disse, se jogando na cama, fazendo as molas rangerem com seu peso, então o olhei por cima do ombro, vendo que ele encarava o teto. — Faz diferença o que você acha que eu fiz.
— Estou começando a achar que nunca fiz diferença em merda nenhuma na sua vida — rebati voltando a olhar para dentro da mala e quase a virando de cabeça para baixo para que tudo saísse de dentro dela e eu achasse a maldita bolsinha. — Mas que inferno! Onde está essa bosta? — Eu realmente estava começando a ficar muito nervosa e a presença do ali não estava ajudando em nada para manter meu autocontrole.
— De qualquer forma, eu não a beijei. — Ao ouvir aquilo meu coração disparou e eu parei de remexer a mala, que agora era uma grande zona de roupas reviradas. Ouvi ele levantar da cama, andar pelo quarto e depois se aproximar. — É isso aqui que você está procurando? — Mostrou minha bolsinha de remédio, então o olhei e, quando fui pegá-la, a suspendeu no ar, dando um sorriso de lado. Maldito! Por que ele tinha que ser tão lindo? — Me deixe ver isso. — Segurou meu pulso com cuidado e me guiou até a cama. — Como você conseguiu se cortar desse jeito? — perguntou quando colocou minha mão sobre sua coxa e a desenrolou da toalha, vendo o corte na lateral da minha mão, que ia do dedo mindinho até o pulso. — Isso está enorme, vai precisar de pontos.
— Não vai, só cortou por cima. — Fiz uma careta. — Não foi fundo. — Então ele virou minha mão para ver melhor, quase torcendo meu braço. — Ai — reclamei e riu um pouco. — Para de rir. — Dei um tapa em seu ombro.
— Desculpa, mas é engraçado você reclamando desse jeito. — Lhe dei língua e ele fez o mesmo. — Chega mais perto, assim eu não consigo fazer nada — pediu, já que eu estava relativamente longe dele, com o braço esticado.
— Chato — resmunguei. Fui dando pulinhos e me arrastando pela cama até sentar atrás de em cima da minha perna dobrada e a outra esticada ao lado da dele, com meu peito praticamente encostado em suas costas. — Está perto o suficiente para você? — debochei segurando o riso e ele olhou por cima do ombro, rindo um pouco.
— Ficou perfeito — ironizou, então apenas encostei minha cabeça em seu ombro, fechando meus olhos e esperando que ele fizesse um curativo na minha mão. — Me desculpe por ter estragado tudo — falou do nada e isso me fez abrir os olhos. — Eu só fiquei irritado por... — se interrompeu.
— Por? — Meu coração estava batendo tão forte que eu podia ouvir os batimentos em meu ouvido. Senti passando algo em minha mão com leveza e isso me fez recuar por ter doído. — Ai, o que foi isso?
— Fica com essa mão parada. — Segurou meu pulso com firmeza. — É água oxigenada. O corte está sujo, se não limpar, vai infeccionar — explicou. Aquela merda estava ardendo, o que me fez dar um gemido baixo. — Você não está ajudando nada se mexendo assim.
— Está ardendo, merda! — praticamente gritei em seu ouvido. — Vou cortar a sua cara e jogar água oxigenada para ver como é bom! — começou a rir, então empurrei sua cabeça para frente.
— Você é uma péssima paciente — falou rindo de mim e isso me fez morder seu ombro. — Ai! Sua cachorra! — Jogou seu corpo para frente para fugir de outra mordida minha. — Vou jogar mais água oxigenada na sua mão se for ficar me atacando. — Então parei.
— Eu te odeio, . — Ele voltou a ficar normal e pude novamente encostar a cabeça em seu ombro.
— Bem que você queria — rebateu, fazendo minhas bochechas queimarem.
— Você não falou o porquê ficou irritado comigo — disse mudando de assunto.
— Porque você não confia em mim — respondeu, me fazendo erguer a cabeça e o olhar mesmo que não desse para ver totalmente seu rosto. estava sério. — Você vive brigando com o , mas confia nele cegamente, sendo que ele já te sacaneou.
— nunca me sacaneou — o defendi no mesmo instante. — E outra, eu confio em você. De onde tirou que não confio?
— Não? Então por que ele falou com o que vocês ficaram se aparentemente não era para ninguém saber? — Ergui minhas sobrancelhas surpresa como aquele assunto ainda estava repercutindo. — Se realmente confiasse, teria me falado quando aconteceu. Além do mais, ontem rolou algo sério e você ligou para ele pedindo ajuda. Podia ter me ligado.
— , era só uma brincadeira. não faria nada para me prejudicar de verdade — expliquei com calma. No começo, eu realmente tinha me importado por ter dito aquilo sendo que havíamos prometido um para o outro que não falaríamos nunca sobre esse assunto, mas agora eu não estava mais ligando. — Não falei nada para você porque era realmente um segredo. Liguei ontem para o porque ele é meu melhor amigo e eu não queria te envolver em nenhuma confusão minha. — Gemi, puxando minha mão de novo, sentindo aquela porcaria arder.
— Pensei que eu era seu melhor amigo também. — Pelo seu tom de voz parecia que ele estava chateado.
— Você realmente está com ciúmes do ? Não acredito nisso. — Tentei puxar minha mão de volta, mas ele a segurou. — Me solta, , eu me viro sozinha.
— Não estou com ciúmes de ninguém. Só estou tentando entender o porquê você me escondeu que transou com ele. — Bufei irritada com aquilo.
— Eu não sei o que aconteceu, ok? — falei um pouco alto, irritada por ter que estar contando aquilo naquele momento. — No ano passado, o deu uma festa de aniversário na casa dele, todo mundo bebeu demais e no dia seguinte eu e ele acordamos na cama abraçados. Ele estava só de cueca e eu de calcinha e sutiã. Nenhum de nós dois consegue se lembrar de nada, então falamos que não contaríamos para ninguém — expliquei bufando e encostando a cabeça em seu ombro com força. — Está doendo, ! — berrei, passando o braço direito por sua cintura e segurando sua camisa na altura de sua barriga.
— Eu sei que está doendo, mas eu preciso terminar de limpar isso — disse igualmente nervoso. — Vou te levar para o hospital, isso não para de sangrar. — Tentei puxar minha mão, mas ele não deixou. — Para, . Toda vez que você puxa sai mais sangue.
— Não precisa me levar para o hospital. — Me encolhi um pouco e o abracei, fechando meus olhos. — Vou ficar quietinha.
— Hm, ele foi um babaca em ter falado que vocês transaram para o . — Voltou ao assunto anterior e eu concordava com ele nesse ponto. — Eu nunca teria falado nada se você me pedisse.
— Eu sei disso. — Suspirei. — Mas estávamos brincando, então no fim relevei. — Dei de ombros. — Não faz mais tanta diferença hoje em dia.
— Isso aqui não estava assim ontem quando você saiu. — Segurou minha mão direita, certamente notando os hematomas os quais tentei disfarçar com maquiagem. — O que aconteceu em Riverside, ? — olhou por cima de seu ombro, então escondi meu rosto em suas costas, o virando para o outro lado. — Que merda, tem como parar de me esconder as coisas e contar o que aconteceu? — Me encolhi um pouco, fechando meus olhos.
— Estou com vergonha de contar — admiti. respirou fundo, certamente perdendo a paciência comigo.
— Você não ligou para o para trocar o pneu da pick-up. Isso estava bem na cara quando eu o ouvi falando no celular contigo. — Gelei quando ele falou aquilo. Nossa, era muito fuxiqueiro.
— Ok. Nós fomos presas — soltei e senti largando minha mão.
— Como isso aconteceu? — quis saber. Ele voltou a mexer em minha mão cortada.
— Talvez eu tenha perdido um pouco o controle quando chegamos à casa do Daniel e o vimos dando a maior festa, além de ter uma loira pelada sentada em cima dele? — sugeri ainda com os olhos fechados, não querendo nem sentir sua reação.
— Perdeu o controle como? — E essa era a pior parte, odiava ficar descontrolada, ainda mais daquele jeito, nunca tinha acontecido comigo agredir alguém daquela forma.
— Talvez eu tenha quebrado algumas coisas e dado um soco na cara dele. — Mordi meu lábio inferior. — Isso ao ponto de ter assustado as pessoas e elas terem chamado a polícia. Acabamos sendo presas por agressão e vandalismo. — começou a rir. — Qual é a graça? — Abri meus olhos e olhei por cima de seu ombro.
— Te imaginei quebrando tudo. Deve ter sido engraçado — explicou, então o empurrei.
— Não foi engraçado. — Arregalei meus olhos. — ficou com raiva de mim por isso — lamentei me sentindo realmente mal por aquilo. — Não foi nada legal. Eu só tenho feito merda atrás de merda, magoado ela e os outros que eu gosto. — Respirei fundo, encostando minha cabeça em seu ombro. — E eu liguei para o ontem porque é o único número de celular além do meu que eu sei de cabeça.
— Entendi. Alguém fez alguma coisa contigo? — Neguei. — Talvez eu tenha ficado com um pouco de inveja de como você estava abraçando o ontem. — Um sorriso largo foi se formando em meu rosto. — Não foi ciúmes, foi só vontade de estar no lugar dele e ser abraçado daquele jeito.
— Ele não estava muito bem ontem — comentei sem entrar no assunto.
— Me pareceu muito bem quando ele começou a passar a mão em suas costas e a te puxar para perto. — estava visivelmente incomodado com aquilo.
— Ele fez para te provocar e eu achei engraçada a cara que você fez. — Cutuquei sua cintura, o que o fez pular. — Acho que, assim como eu, ele também pensou que você não ficaria tão irritado.
— Eu sei que ele fez para me provocar e foi isso me irritou. Não fico agarrando a para provocá-lo. — Senti passando pomada em minha mão.
— Mas foi com respeito — brinquei rindo um pouco.
— Não importa se foi com respeito ou sem respeito. Eu achei idiota. — Ele estava sério e isso me fez cutucar suas costelas, o fazendo pular mais uma vez. — Não faz, vai me atrapalhar aqui.
— Faço sim. — Fiz de novo e ele pulou, rindo dessa vez.
— Corta. — Me entregou uma tesoura e depois estendeu o esparadrapo esticado. Ele colocou pedaços de algodão no corte com pomada e um esparadrapo por cima, depois enrolou uma atadura bem firme na minha mão. — Acho que isso vai parar o sangramento. Está pronto — avisou, se levantando da cama e indo para o banheiro.
— Obrigada — falei, olhando para a minha mão. O curativo tinha ficado bem feito. — — chamei. Ele surgiu na porta do banheiro, secando sua mão. — Você não beijou a Sophie por causa da mensagem? — Uniu as sobrancelhas.
— Que mensagem? — perguntou e eu já me levantei correndo, indo em sua direção.
— Me dá o celular aqui. — Já tentava pegar o seu iPhone no bolso da frente de sua calça.
— Não, sai! — me empurrava para longe e eu me agarrei em sua calça. — Eu vou ficar pelado assim!
— Não tem problema, não! — Continuava puxando seu bolso até que consegui pegar o celular. — Merda! É por digital! — Olhei para ele, que estava rindo da minha cara. — Desbloqueia — pedi, estendendo o aparelho em sua direção, mas o pegou e entrou no banheiro, tentando fechar a porta para que eu não fizesse o mesmo. — Não lê isso! — berrei, travando a porta com o pé e entrando ali dentro. — Não lê! — Tampei seus olhos enquanto tentava pegar seu celular de volta.
— O que tem de tão ruim na mensagem para não querer que eu leia? — perguntou, tirando minhas mãos de seu rosto.
— Minha dignidade indo pelo ralo. — Comecei a pular, tentando alcançar seu iPhone, já que tinha esticado o braço para cima. — Por favor, não lê isso — pedi choramingando.
— Ok, não vou ler se me contar o que tem nela — disse, guardando o celular no bolso. Minhas bochechas queimaram.
— Não. Foi palhaçada minha e do — menti, tentando pegar o aparelho em seu bolso de trás, mas ele prendeu sua bunda contra a porta. — Ai, , me deixa apagar essa merda e vamos esquecer que existiu uma mensagem.
— Ok. — Me entregou o iPhone desbloqueado, então apaguei as mensagens. — Eu não beijei a Sophie porque disse a ela que tinha namorada e não a trairia — falou assim que lhe devolvi o celular.
— Hã? — Uni minhas sobrancelhas, não entendendo por que ele tinha mentido para ela. — Não seria mais fácil falar que não queria beijá-la?
— Mas eu tenho uma namorada. — Ergui minhas sobrancelhas espantada.
— Ok, você está me zoando. — Ri daquilo e me encostei na pia. me encarava sério.
— É sério, . — Meu sorriso foi se desfazendo aos poucos.
— Como assim é sério? — Neguei com a cabeça. — Não tem nada no seu Facebook e você nunca comentou sobre. Para de me zoar, você não tem uma namorada. — Empurrei sua perna com o pé, rindo um pouco.
— Não gosto de ficar expondo minha vida particular em redes sociais, você sabe disso — disse, me olhando seriamente. Meu peito começou a revirar. — E eu já te falei dela. — Senti um pouco a falta de ar.
— Você parou de falar da Taylor, automaticamente pensei que tinham terminado e não quis tocar no assunto, porque, se você não me falou nada, deveria ser algo delicado. — Mordi o canto do meu lábio inferior, tentando não parecer que estava nervosa por causa daquilo. — Por que não a trouxe?
— Não terminamos, só achei que seria um saco ficar falando dela para você toda vez que conversávamos sendo que tínhamos coisas mais interessantes para falarmos. — Deu de ombros, como se fosse algo banal. — Ah, Taylor foi viajar com os amigos dela e eu falei que ia viajar com os meus, já que sempre estamos juntos. Ela concordou, então vim para cá. — Meu olhar caiu para o chão e eu comecei a me sentir extremamente idiota.
— Gente. — Ouvi a voz de e depois ela batendo na porta. — Está tudo bem aí? — Então a abriu. — O que houve? — perguntou, olhando para a minha cara.
— Sim. — Ergui minha mão, mostrando que já estava tudo bem. — Não aconteceu nada. — Sorri tentando demonstrar que estava tudo bem. — só estava me contando que não tinha terminado com a Taylor. — fez uma careta, não entendendo nada. — A namorada dele de oitenta e quatro anos.
— Não sabia que você tinha namorada... — Então do nada ela começou a bater nele. — Não acredito que você a traiu com a Sophie!
— Ele não beijou a Sophie — expliquei, então minha prima parou.
— Ah, não? — Olhou para . — Então me desculpa. — Deu dois tapinhas no ombro dele, dando um sorriso. — Vamos voltar para a sala. — Pegou minha mão e saiu me puxando para fora. — Como assim o tem namorada? — sussurrou em meu ouvido quando estávamos no corredor.
— Estou me fazendo a mesma pergunta. Acho que preciso de mais tequila — respondi, segurando seu braço.
— Você está gelada — comentou, segurando minha mão.
— Talvez eu esteja um pouco nervosa por causa disso — admiti sentindo uma sensação péssima. Chegamos à sala. — Olá, pessoas, voltei linda e remendada. Antes que perguntem, não precisei amputar a mão. — Abri um enorme sorriso falso, tentando disfarçar. — Quem já se pegou? — perguntei, me sentando do lado do novamente.
— Já foram para o banheiro o Miguel e a Ruby, Troy e Eric, Brad e Katy, e Sara — falou e eu fui olhando para cada um deles. — Vamos começar um rodada nova agora. Preparada?
— Nasci preparada, baby. — Sorri de lado, tentando fazer minha melhor atuação. — Rodem essa garrafa aí que estou traumatizada — brinquei, já vendo se sentar no mesmo lugar que antes. Theo rodou e caiu virada para mim. — Eita, voltei bem. — Bati minhas mãos no chão. — Roda isso de novo! — Então ele o fez, parando no . — Objeção! — E todo mundo olhou para mim sem entender nada, inclusive . — Quero fazer uma coisa diferente.
— Pode falar, estamos ouvindo — meu irmão pediu.
— Eu pedi objeção, então eu escolho. Quero ir para o banheiro com a . — Apontei para a minha prima. — Com o e com... — Olhei para Brad. — O Bradley! — o pessoal começou a gritar empolgado e me encarou sério. — Como foi combo eu tomo quantas doses?
— Uma só — respondeu e todo mundo o encarou.
— É claro que não. Uma só. Até parece. — Troy pegou a garrafa. — A é quem sabe jogar isso bem. — Veio e me entregou o copo. — Um dose por entrar no banheiro, duas pela objeção e mais duas por ter dobrado. — Peguei o copo e ele encheu.
— Não, ela vai ficar louca com isso tudo. — tentou debater.
— E não é essa a intenção? — Troy falou, olhando por cima do ombro. — Ela quem quis, ela quem bebe. — Então virei aquilo tudo de uma só vez, achando que ia vomitar no final.
— Vamos nessa! — E quando me levantei eu vi as coisas girarem. Começamos todos a ir para o banheiro. — Acho que cinco doses foram muito — comentei com o , que estava do meu lado.
— Também acho. — Ele passou a mão na minha cintura. — Nem andar em linha reta você está conseguindo. — Rimos juntos e eu já fui abrindo a porta do banheiro. — , essa é a porta do quarto.
— Ah é? — Cheguei para trás e olhei a porta e a outra do lado. — Verdade. É porque elas são iguais. , fala para a sua mãe colocar uma placa de identificação nessas portas — falei, indo para a outra e me agarrando na maçaneta, indo para trás e depois para frente e abrindo a porta, vazando para dentro do banheiro.
— Prima, me lembre de não deixar você beber tequila por uma rodada — disse rindo e me segurando.
— Não seja chata. — Fiz uma careta e me sentei em cima da pia. — Olha — comecei, vendo Brad entrando por último e fechando a porta. — Vem cá, chaveirinho — chamei ele, que se aproximou, então o abracei. — Eu amo muito vocês três e por isso não posso beijar ninguém.
— Então por que chamou nós três? — perguntou, se encostando na parede.
— Oras, eu não queria ficar trancada no banheiro com o e eu confio em vocês. — Minha voz estava saindo um pouco embolada.
— Mas você ficou meia hora com ele no quarto. Qual seria a diferença de ficar mais sete minutos? — falava rindo. — De qualquer forma, vamos aproveitar que estamos aqui. Quero tirar uma selfie. — Pegou o celular e se sentou na pia. — Vem aqui, . — O puxou, ele se encaixou no meio de suas pernas e ela colocou o rosto do lado do dele. — Você disse que era para transar com ele, então eu vou mesmo. — Comecei a rir quando percebi que ela tinha gravado um vídeo.
— Vai? — perguntou empolgado.
— Não, mas ele não precisa saber disso. — Nós quatro começamos a rir. — Mandei para o Danny.
— Gente, eu quero causar! — falei, colocando as minhas duas mãos nos ombros de Bradley.
— Você já causa desde quando nasceu, — comentou rindo. — Mas o que você quer fazer?
— Zoar. — Joguei a cabeça para trás a balançando enquanto falava, fazendo meu chapéu cair, então o peguei e o coloquei de volta. — Nossa, fiquei mais tonta. — Soltei uma risada alta. — Vamos nos sujar de batom e parecer que todos nós nos pegamos! — Tirei meu batom do bolso do meu short.
— Gostei disso. — o pegou de minha mão e o abriu, já cagando a cara de . — Agora a gente faz assim. — Esfregou a cara dele com a mão e depois grudou os próprios lábios no pescoço dele, o sujando. — Toma, faz o mesmo comigo. — Deu o batom para ele. Eu e Bradley ríamos dos dois se sujando. — É a vez de vocês. — Estendendo o batom para meu amigo.
— Vai, Bradley. Faça seu trabalho! — Levantei meu cabelo para que ele me sujasse de batom. Fiquei arrepiada quando senti seus lábios tocarem meu pescoço e de forma automática puxei ele para mais perto. — Talvez isso não tenha sido uma ideia tão boa assim. — Ri um pouco alto.
— Por quê? — quis saber. Ele me olhava com um sorriso divertido.
— Ué! — disse, passando as mãos no cabelo de Brad e olhando para . — Quando o Brad beijou meu pescoço, eu fiquei com vontade de beijar ele. — Ri mais ainda, achando aquilo a coisa mais engraçada do mundo.
— Então beija ele — meu amigo falou aquilo como se fosse a coisa mais prática na existência da terra.
— Só se você beijar a — rebati já chorando de rir.
— Não vou beijar a . — Ele uniu as sobrancelhas.
— Por que você não vai beijar a ? — minha prima perguntou olhando para ele.
— Você quer que eu te beije? — questionou. Abracei Bradley, olhando a conversa dos dois.
— É claro que ela quer — respondi com a minha cabeça encostada de lado na do meu amigo. — Anda logo, . Beija ela, ou eu vou beijar.
— Ela ou o Bradley? — Me olhou curioso.
— Ela, é claro. — Ri, mas não sei se foi por causa da minha voz embolada ou por causa do que falei. — Não vou beijar o Brad.
— Mas você disse que queria beijar ele — rebateu.
— Ah, mas já passou a vontade — expliquei e olhei para o Brad. — Preciso te sujar de batom. — Dei um sorriso largo, então ele me entregou. — Fecha os olhos.
— Meu Deus, . O que você vai fazer? — Bradley me olhava de um jeito engraçado.
— Shiu. — Passei o indicador em seus lábios e aproximei meu rosto do dele, olhando dentro dos seus olhos. — Confia em mim. — Ri um pouco mais.
— Você está bêbada. — Ele ria um pouco também.
— Mas eu sou uma bêbada de confiança — disse com toda convicção. — Vai, feche esses olhos bonitinhos. — Bradley fez o que mandei. Passei o batom em seus lábios e depois passei minha mão ali o sujando. — Misericórdia! — Gargalhei. — Eu espero que o meu tenha ficado melhor do que isso. — O sujei mais um pouco, então passei batom na minha boca e deslizei meus lábios contra a pele de seu queixo e fui descendo até o pescoço, beijando a região da lateral com vontade, me empolgando.
— Hey, , vai com calma. É só para sujar de batom e não dar um chupão no menino — zombou, dando uma risada.
— Gosto de fazer bem feito o serviço — falei e voltei a beijar o pescoço de Brad. Senti suas mãos segurarem minha cintura e me puxarem mais para perto, então segurei o cabelo de sua nuca com certa força, subindo meus lábios até seu ouvido. — Não me provoca — mandei, falando de forma séria.
— Você quem começou — rebateu e eu o puxei para mais perto, fazendo seu quadril se chocar contra o meu.
— E você não vai querer entrar nesse jogo comigo. — Passei meus dentes pelo lóbulo de sua orelha. — Eu sou egoísta e estou bêbada. Se eu te beijar, vamos nos arrepender depois.
— Não me importo em ficar arrependido. — Seu nariz passou pelo meu rosto. — Você se importa?
— No momento, eu só quero tapar o buraco que está dentro de mim. Então, sim, eu me importo com você — respondi e olhei para o lado. — Puta que pariu! — berrei, vendo e se engolindo, então abri a torneira e joguei água neles, fazendo com que parassem. — Solta, porra. Assim eu vou aguar.
— Não é para aguar, é para beijar o Bradley também. — respondeu e simplesmente voltou a beijar minha prima, então os molhei.
— Mas já está bom! — falei e eles me olharam.
— O intuito da brincadeira não era beijar na boca? — perguntou. — Eu só estou seguindo o que é para ser feito. — Ergui minha sobrancelha e ela puxou de encontro a si.
— O tempo acabou! — Troy bateu na porta.
— Agora vocês se soltem! — Desci da pia e entrei no meio dos dois. — Já está bom. Chega! — Eles voltaram a se beijar comigo no meio. — Ow caralho, estão parecendo cachorro no cio! — Empurrei contra a porta, que começou a rir. — Vamos! — O empurrei para o lado, abri a porta e joguei para fora, então voltamos para a sala.
— Que porra aconteceu naquele banheiro? — perguntou assim que viu nós quatro.
— Ué! — Comecei a rir e bati com as mãos nas minhas coxas. — Fizemos o combo — expliquei. — Eu beijei o Bradley, o e a , que beijou o e o Bradley, que também beijou o .
— Qual é o problema de vocês? — soltou, unindo as sobrancelhas.
— Amiga, só faltou você lá dentro — impliquei.
— Eca. — Fez um careta. — Beijar o ? Não, muito obrigada.
— Não, você podia só me beijar se quisesse — brinquei com ela.
— Acho que eu preferiria beijar o outro . — Colocou a mão na boca quando pareceu se dar conta do que tinha dito.
— Ow! — Todo mundo berrou.
— Agora vai ter que beijar! — Comecei a pular, me desequilibrei e Brad me segurou. — Eu desafio vocês dois a irem para o banheiro! — Apontei para o corredor. — Tomo mais cinco doses!
— Não, você não vai tomar mais nada. Senta aí e sossega — mandou e eu cruzei meus braços com um sorriso.
— Você está arregando, ? — Fiz uma pose. — Olha só! Quem diria, o recusando um desafio.
— Não estou recusando nada. — Se levantou do sofá e segurou a mão de . — Vamos.
— O quê? Eu não tenho nada a ver com isso. — Minha amiga voltou a se sentar.
— Outra que não tem coragem. — Ergui minha sobrancelha e ela me olhou irritada.
— Vamos logo. — Pegou a mão de meu irmão e saiu puxando-o para o banheiro.
Olhei para com um sorriso e quando finalmente reparei como meu amigo estava, comecei a rir, ele parecia um palhaço. O idiota me empurrou de lado, o que me fez desequilibrar e cair sentada no chão, rindo assim como todo mundo.
— Me ajuda aqui! — falei e segurou minhas mãos, me puxando para cima. — Vamos lá olhar pelo basculante do banheiro se eles vão se beijar.
Saí puxando meu amigo como se fosse uma louca e corri até o lado de fora, arrastando uma lata de lixo e colocando debaixo da janela. me ajudou a subir e depois lhe dei a mão para que fizesse o mesmo. A janela estava aberta, então puxei a cortininha de renda para o lado e pude ver e . Minha amiga encostada na parede de braços cruzados, olhando para baixo e meu irmão encostado na pia, olhando para o lado. Nenhum dos dois falava ou fazia nada.
— O que aconteceu ontem? — Ouvi meu irmão perguntar, mas o som estava alto demais, então não tive certeza se era aquilo mesmo que ele tinha falado.
— Abaixa o som — pedi e pegou seu celular e abaixou, já que o iPhone dele estava conectado ao aparelho pela internet. — Valeu.
— O pneu do carro furou — mentiu sem olhar para ele.
— Quem vocês querem enganar com isso? Eu vi que o pneu não foi trocado. — Minha vontade era de ir lá no carro e furar o pneu de verdade.
— Olha de novo, você olhou errado. — Coloquei minha mão na boca, querendo rir alto com a resposta da minha amiga. Então me desequilibrei, mas me segurou.
— Toma cuidado — falou, segurando o riso também. — Se continuar bebendo assim, vai ficar ruim.
— Se fosse para ficar boa, eu tomava remédio — respondi. — Você sabia que o ainda estava namorando a Taylor?
— O quê? — uniu as sobrancelhas. — De onde isso saiu?
— Da boca dele, oras. — Fiz uma cara de que era óbvio. — Ele me falou quando estávamos no banheiro. Disse que não beijou a Sophie porque tinha namorada.
— é maluco. Pensei que eles tinham terminado há três anos, depois que nós o conhecemos. — Afirmei com a cabeça porque eu achava a mesma coisa.
— É, eu também pensei nisso. — Voltei a olhar para dentro do banheiro, vendo e calados de novo, ambos de braços cruzados. — Mas disse que não, que ele só não falava dela para não parecer chato, sei lá. Disse também que não a trouxe porque ela foi viajar com os amigos, então ele fez o mesmo. — Me segurei no basculante para não cair de novo.
— Não acredito nisso. Ele leu a mensagem que mandei? — Neguei com a cabeça.
— Eu apaguei antes dele ver. — Respirei fundo, tentando me manter firme.
— Como você está se sentindo? — colocou a mão na parede, cercando meu corpo, certamente eu deveria estar cambaleando.
— Honestamente? — perguntei e o vi balançando a cabeça. — Péssima. Me sentindo uma idiota por gostar de um cara que tem namorada, por achar que ele sentia alguma coisa real por mim. Tenho a sensação de um buraco no peito. — Mordi meus lábios, tentando não chorar. — Eu sinceramente queria desaparecer e nunca mais precisar olhar para ele de novo, estou morrendo de vergonha de mim mesma.
— Não fica assim. A culpa não é sua se é um idiota. — encostou o queixo em meu ombro e me abraçou por trás. Só consegui abaixar a cabeça e fechar meus olhos sentindo as lágrimas pingando. — Eu também pensei que ele gostasse de você de outra forma. Sei lá, pelos eu queria achar que sim. Gostava da forma como você sorria quando estava perto dele. — Aquilo só fez meu peito doer um pouco mais.
— Eu também. — Foi a única coisa que consegui falar. Então ergui a cabeça e olhei para dentro do banheiro. — Meu Deus! — sussurrei, arregalando meus olhos e passando a mão em meu rosto, o secando sem acreditar no que eu estava vendo.
Meu irmão se aproximou de e estava a olhando de perto, então levou a mão até o rosto dela, passando o polegar por sua lateral. Céus, eu estava shippando eles dois com todas as forças que ainda me restavam. chegou com seu rosto bem perto do de . Eu estava quase berrando de emoção, tentando esquecer totalmente o que tinha me falado. Os narizes deles se tocaram e eles fecharam os olhos. Abri um sorriso enorme, eles iam se beijar.
— O tempo acabou! — Troy bateu na porta, me fazendo levar um susto e desequilibrar.
O lixo bambeou comigo e com em cima e virou conosco. pulou de cima dele como um gato e eu teria feito o mesmo se não tivesse tão bêbada, mas a única coisa que consegui fazer foi me agarrar no basculante e ficar pendurada nele. Meu amigo ria alto daquilo, então segurou minhas pernas e me desceu.
— O que está acontecendo aqui? — apareceu na porta, encarando eu e o . — Eu não acredito nisso! Vocês estavam espionando? — Arregalei meus olhos e já me virei, empurrando meu amigo para que pudéssemos sair correndo logo dali. — Tudo tem limite, menos a ! — Veio andando apressada atrás de nós, que corríamos em direção da praia, mas ela parou. — Vaca!
— Tenho limite sim! — falei, dando um pulo e me virando de costas. — Mumumumu. — Virei e continuei andando.
e eu chegamos à praia enquanto ríamos de nós dois. Eu não sei nem como não havia me embolado em minhas próprias pernas e enfiado a cara na areia. Olhei para meu amigo, que ria ainda com sua cara e pescoço todos sujos de batom. Fui até a mesa de comida e peguei um guardanapo, voltei e limpei , que depois me limpou, mas certamente minha pele ainda deveria estar avermelhada por causa do pigmento do batom. Vi o pessoal já voltando para a praia, certamente tinham acabado com a brincadeira. Meu irmão me olhou sério e foi pegar algo para beber. Saí correndo atrás dele e pulei em suas costas, fazendo nós dois cairmos na areia.
— Sai de cima de mim, peste! — me xingou enquanto eu ria. Levantei e estendi a mão para ele, que a pegou e se levantou. — Me sujou todo de areia.
— É uma festa na praia, é claro que vai se sujar de areia. — Sorri e passei a mão em sua roupa. — É da que você gosta? — Eu já sabia disso, só queria a confirmação.
— É — respondeu, olhando para os lados. — Mas fica quieta, não é para sair falando isso por aí.
— Minha boca é um túmulo. — Fiz sinal de que ficaria de boca fechada.
— Que está com cheiro de tequila — zombou rindo, então o empurrei rindo junto com ele. — Por que não quis entrar no banheiro com o ? — dei de ombros e peguei sua garrafa de cerveja, balançando meu corpo com a batida da música.
— Não tinha nada para fazer com ele dentro do banheiro. — Ergui a garrafa para cima e fui descendo até o chão. — Não temos nada para conversar também, então seria perda de tempo.
— O que aconteceu entre vocês? Eram amigos e agora parece que se odeiam. — Ergui as mãos como que dizia que não fazia ideia. — Como não sabe?
— Ué, só não sei. Não estou afim de falar com o e fim. — Fechei os olhos e balancei a cabeça, segurando meu chapéu, sentindo meu cabelo indo de um lado para o outro. — E também não faço diferença para ele, então...
— Então? — Meu irmão estava esperando eu continuar a falar.
— Então não faz sentido. — Ri e abri meus olhos, rindo mais e bebendo um pouco.
— Realmente, você não faz sentido. — negou com a cabeça e se virou, pegando outra cerveja para ele, já que peguei a sua. — Vou falar com o .
— Para quê? — Ergui uma sobrancelha e peguei sua mão, girando e usando meu irmão como apoio para não cair.
— Ele não está bêbado, pode me responder alguma coisa que tenha sentido. — Balancei a cabeça em negação. — Não o quê?
— Não vale a pena. — Ri alto. — Faça companhia para a , vale muito mais. — Sorri de lado para ele.
— Queria ver você bem. — Me olhou com seriedade. Suas palavras tinham doído em mim.
— Eu estou bem, — menti, colocando a mão em seu ombro.
— Não está, você está em modo de autodestruição, já te vi assim antes. — Revirei meus olhos, porém ele tinha razão. — Seja lá o que o fez, te magoou e não estou feliz com isso. — Abaixei a cabeça, tentando disfarçar enquanto continuava a dançar. — Você beijou mesmo o Bradley, o e a no banheiro.
— Embora a diga que não tenho limites — o olhei e ri um pouco, — eu tenho. Posso estar bêbada, mas ainda sei o que estou fazendo. — Bati de leve duas vezes com a boca da garrafa em minha testa. — Não gosto de fazer coisas que vou me arrepender depois.
— Então você deveria parar de beber. Vai ficar com uma ressaca forte amanhã. — Balancei meus ombros e tocou em meus braços. — Estou preocupado contigo, você está com raiva.
— Pareço estar com raiva? — perguntei, dançado com um sorriso em meu rosto.
— Você esconde as coisas, só mostra o que quer, mas eu conheço suas atitudes, está tentando disfarçar. — É, ele estava certo, mas não ia negar.
— Talvez. — Virei e saí andando, vendo o pessoal dançando e me juntando à eles. — We can Kiss Who we want — Cantei a letra da música, apontando para e ri logo em seguida.
— We can screw who we want — ele cantou o que veio a seguir rindo também, então me fui para perto dele. — Pode falar, melhor playlist que você já ouviu.
— Menos, , bem menos. — Fiz um sinal para ele abaixar o ego dele e nós rimos. — This is our rules — cantei a parte que estava tocando.
Passei meu braço por cima do seu ombro enquanto levantei a outra mão, balançando a cabeça. apareceu e pegou meu chapéu, colocando em sua cabeça enquanto cantava na boca de sua garrafa, fazendo uma careta engraçada, causando risadas em mim e no .
— Forget the haters cause somebody loves ya — A.J. berrou bem alto e eu ri, assim como todo mundo. — Essa é a melhor noite do ano.
— Ele por acaso vai perder a virgindade? — perguntei, unindo as sobrancelhas com um sorriso de lado, desconfiada de tanta alegria.
— Certamente. A Rose pareceu interessada nele. — Ergui minhas sobrancelhas quando falou, então o olhei. — Pelo menos foi o que pareceu quando ouvi ela conversando com a Sara.
— A.J. não é de se jogar fora — comentou, me abraçando pelo outro lado. — Eu pegaria ele.
— É? Mais quem você pegaria? — parecia bem interessado em saber.
— Hm, me deixe ver... — Estreitou os olhos e olhou ao redor como se estivesse com dificuldade para enxergar. — O , mas com respeito. — Gargalhei alto, jogando a cabeça para trás. — O Brad também, mas ele seria sem respeito por ser abusado e ter te beijado daquele jeito. — Aquilo me fez rir ainda mais. — Talvez o Derik. — Fez uma careta. — Não, o Derik não. Se o Theo não fosse tão chato, eu até pegaria ele, não é de dispensar também. — Eu só conseguia rir dos comentários de . — Ah, eu pegaria o .
— Com ou sem respeito? — ele perguntou do meu lado, olhando para minha prima.
— Com e sem respeito. — riu e o olhou.
— Ow, fiquei sobrando depois dessa. — Já ia sair dali, mas os dois me seguraram. — Gente, eu sei que tenho cara de vela e que estou sem pegar ninguém já tem alguns anos, mas mesmo assim.
— Você não sabe — rebateu.
— Esquece aquilo. — Uni as sobrancelhas e ri sem mostrar os dentes.
— O que ela não sabe? — Theo se aproximou de nós com um copo na mão.
— Se eu e o transamos no aniversário dele no ano passado — expliquei e Theo riu. — Qual é a graça?
— Vocês estavam tão bêbados assim que não se lembram? — Eu afirmei com a cabeça.
— Cara, a gente bebeu muito aquela noite — falou.
— Eu sei, mas pensei que vocês se lembravam de algo. — Theo mexia seu corpo parecendo uma vassoura dançante. — De qualquer forma, vocês não fizeram nada.
— Como você sabe? — eu quis saber no mesmo instante.
— Eu estava lá com vocês — começou a falar. — passou mal e vomitou em cima de você. — Fiz uma cara de nojo. — Você o xingou, tirou a roupa e colocou para lavar, ficou de calcinha e sutiã no meio de todo mundo. — Nossa, adorava saber das coisas que eu fazia quando ficava bêbada. Eu realmente não ligava para nada quando meu nível de álcool estava elevado demais. — Aí você voltou para o quarto para me ajudar com , nós demos banho nele e o colocamos na cama. Ele dormiu e você não conseguia dormir, ficou reclamando que tudo estava girando e que parecia que estava em uma montanha russa. — Começamos a rir. — Depois voltou até a lavanderia, arrumou confusão com alguém na sala que quebrou um vaso qualquer. Tive que te buscar, você voltou para o quarto me xingando e jogou suas roupas secas em cima de mim, deitou na cama abraçando o e do nada dormiu. — Realmente, eu era completamente louca. — Eu deitei na cama e dormi um pouco, mas levantei quando era sete horas porque tinha que ir trabalhar.
— Então eu e a nunca ficamos? — Theo negou com a cabeça. Fiquei aliviada em saber daquilo.
— Ae! — berramos juntos e começamos a pular, nos abraçamos e ficamos rodando como se tivéssemos ganhado um jogo.
— Isso tudo é felicidade por saber que vocês não se pegaram? — perguntou rindo da gente.
— Claro, eu tinha nojo de mim mesma só de me imaginar beijando o — falei e me soltei dele.
— Nojo por quê? — me olhava tentando entender.
— Você é como se fosse o , só que um irmão mais novo — disse, dando de ombros e ele riu. — It’s our party, we can love who we want — cantei para encerrar aquele assunto.
Eric se juntou a nós, abraçado com Troy, e aquilo era extremamente engraçado, pois Troy era quase da minha altura, enquanto Eric era bem alto. Sorri shippando os dois, eu amava shippar todo mundo. Começou a tocar Starphips, da Nick Minaj, e veio puxando e a colocou no meio da rodinha, então fizemos ela começar a dançar mesmo que estivesse morrendo de vergonha, que logo me puxou, me trocando de lugar com ela. Passei a mão em meu cabelo, o jogando para trás, rindo um pouco. Puxei Theo para dançar comigo e aquilo me arrancou muita risada, ele era muito duro dançando. Miguel apareceu, furando a rodinha e roubando o meio, fazendo passinhos de dança, então a gente deu espaço para ele, o incentivando a continuar, até que Ruby apareceu e o empurrou, fazendo cara de nojo e o olhando de cima a baixo.
— Aprenda como se faz, gato — disse e começou a dançar de um jeito que até me senti humilhada.
— Ow! Se fosse eu, não deixava! — berrei colocando a maior pilha.
Mas não deu tempo do Miguel revidar, já que e Joe invadiram a rodinha, dançando de um jeito muito retardado, como se fossem lombrigas e fazendo passos de dança de 1980, muito brega. Começamos a rir e Naomi entrou no meio deles, descendo até o chão com as pernas abertas, mexendo as mãos para frente e para trás e balançando sua cabeça de um lado para o outro, fazendo seu cabelo curto bater em seu rosto. A coisa toda estava ficando muito engraçada. Alguém empurrou Ella para dentro da rodinha e os outros três deram espaço para a menina, que dançava de forma meiga e tímida.
— Vamos lá, garota. Se solta! — Peguei sua mão e a rodei, fazendo seu vestido levantar um pouco.
Comecei a pular, balançando a minha cabeça, e recebi uma bundada forte, me fazendo cair em cima de Joe, que me segurou para que eu não voasse de cara na areia. Tirei o cabelo de meu rosto, olhei para ver quem tinha feito aquilo e vi Sophie no meio da roda, me olhando com um sorrisinho. Mocreia, tinha feito de propósito! , , e já me olharam preocupados, certamente pensando que eu a empurraria de volta, ou faria algo tipo jogar cerveja em sua cara. O que não eram ideias tão ruins assim.
— Você está bem? — Joe perguntou e eu balancei a cabeça, afirmando. — Releva, ela só quer chamar atenção — falou em meu ouvido.
— Está tudo bem. Não vou fazer nada — garanti. Vi entrando na roda e me puxando, tomando o lugar da Barbie Malibu.
— Vamos mostrar para ela do que somos feitas — falou, dando um sorriso e colocando a mão no chapéu. — , troca a música! — pediu e ele colocou Lose My Breath. — Boa! — Neguei com a cabeça, rindo por causa da música. Aquele menino não prestava.
já começou a dançar e eu fiquei olhando com um sorrisinho de lado, ela não entrava em um jogo para perder. Entreguei minha cerveja para Sophie como se ela fosse minha serviçal. Prendi meu cabelo em um coque com ele próprio e me aproximei dando passos lentos. Eu estava bêbada e aquilo me deixaria mais tonta ainda. Coloquei as mãos nas laterais do corpo de , de frente para ela, e comecei a descer de forma sensual, rebolando e movendo meus ombros, então voltei a subir e virei de costas para minha prima em um giro, fazendo meu cabelo se soltar. Chutei a areia para cima da loira. Automaticamente, a roda se abriu, dando mais espaço para a gente. Estufei o peito e passei a mão em mim mesma, do meu pescoço até minhas coxas. passou à minha frente, foi andando em direção de e o puxou com força, fazendo ele vir parar na minha frente. Sorri para ele e o virei para minha prima, que veio andando de forma sensual e pulou em cima dele. Ele a pegou com firmeza e rebolou em cima de . Jogou seu corpo para trás e depois voltou a subir, pulando de cima dele.
Então Sophie voltou a entrar na roda e puxou para si. Meu Deus! Isso vai dar merda. Peguei a mão de e a puxei para trás, enquanto a loira passou apenas uma perna na cintura dele e moveu seu quadril contra o de , depois virou de costas para ele e se esfregou mais um pouco enquanto nos olhava. Ergui minhas sobrancelhas quando a garota empinou a bunda e passou em meu amigo. Ow. Senti apertar minha mão com força, mas não parou ali. A Barbie Malibu pegou as mãos de e as colocou em seus peitos siliconados. Nessa hora segurei minha prima pela cintura, que já foi para avançar em cima dela. A joguei em cima de Miguel, que a segurou por trás, e apontei para mim para que ela me olhasse.
— Foca em mim — mandei e comecei a dançar de forma sexy, mas olhava por cima do meu ombro. Me aproximei dela e passei a mão em sua cintura. — Sophie quer nos provocar. Se você perder o controle, ela ganha — falei em seu ouvido. — Puxa o para dançar, vai afetar ela.
— E você? — Eu ri com sua pergunta.
— Eu não me importo em você dançando com ele — disse simplesmente. — E eu vou dançar também.
— Mas você está puta com ele — lembrou de forma preocupada.
— Segundo a , eu não tenho limites — brinquei e sorri, me afastando e virando. Minha cabeça estava muito tonta. Passei a mão em meu cabelo e fui na direção de . — Se você abrir a boca para falar qualquer coisa, eu te soco — falei com ele.
Eu mesma o puxei pela gola da camisa e o joguei para o meio da roda. já o segurou por trás e eu fui dando passos de lince em direção a eles, olhando dentro dos olhos de . Parei na sua frente e coloquei a mão em seu peito, o acariciando enquanto o olhava e dançava. Fui descendo e segurei no cós de sua calça, depois subi e o puxei de encontro ao meu corpo. Segurei seu pescoço e passei minhas unhas por ali, mordendo meu lábio inferior e lambendo o superior depois. Então o virei de costas para mim para que ficasse de frente para , que já o puxou para si. Virei de costas para ele, deslizei encostada em seu corpo e subi, já virando de novo e passando a mão nele, a colocando por debaixo de sua camisa e arranhando sua barriga. Ele se virou e pegou minha cintura, então dei uma quebrada de quadril e coloquei as mãos em seus ombros.
— Você está fazendo isso para provocar quem dessa vez? — perguntou, puxando com força meu corpo de encontro ao dele, me fazendo ficar na ponta dos pés.
— Ninguém. — Ergui minha sobrancelha e subi minha perna pelo meio das dele. — Estou te provocando? — Dei um sorrisinho e aproximei meu rosto do seu. Já que ele estava olhando para baixo, eu tive alcance fácil.
— Isso te responde? — Puxou meu quadril contra o seu e eu senti um certo volume.
— Ops. — Fiz um biquinho e aproximei meus lábios dos dele. — Não foi intencional. — O soltei, peguei suas mãos e as tirei de mim. Começou a tocar outra música, então peguei . — Já deu. Preciso de algo para beber, estou com sede. — Saí a puxando dali.
— O que houve? — minha prima perguntou.
— Cansei de dançar, só isso. — Peguei uma cerveja gelada e uma bebida colorida para ela.
— O que o falou com você? — perguntou, já me olhando enquanto abria a garrafa.
— — chamou se aproximando, então nós duas o olhamos. — Me desculpa por aquilo, eu não sabia que aquela maluca iria colocar minhas mãos nos peitos dela.
— Tanto faz, . — O ignorou e voltou a me olhar. — Então, sobre o que falávamos mesmo?
Já passava de quatro da manhã e o pessoal tinha sumido, pelo menos alguns meninos, e eu não fazia ideia de para onde tinham ido e nem queria, tinha medo de saber a resposta. Vi e sentadas na escada da varanda e as duas estavam abraçadas chorando enquanto cantavam Big Girls Don’t Cry. Eu entendi perfeitamente o motivo de estar chorando, mas não tinha ideia do porquê a estava em prantos com a garrafa de cerveja na mão.
Levantei da cadeira de praia que estava sentada e fui até lá, elas precisavam de mim. Não podia ignorar aquilo por mais nervosa que estivesse com a confusão toda que tinha conseguido causar nas últimas 24hs. Parei na frente das duas e tirei as garrafas delas, que me olharam sem entender nada, então apareceu e sentou-se ao lado de , passando o braço pelo ombro dela e começando a chorar também. Ergui as sobrancelhas, tentando entender o que estava realmente acontecendo, mas parecia que se eu perguntasse, a resposta seria algo incompreensível.
Eu não conseguiria cuidar de três bêbados, então peguei pelas mãos, pois parecia que ela estava mais bêbada que a e o juntos. Quando ela se levantou, me abraçou, jogando todo o seu peso em cima de mim, quase fazendo nós duas cairmos no chão. Vi se aproximando com uma pequena corrida e pegando minha amiga de meus braços.
— Deixa que eu cuido da , ela está assim por minha causa. — E pela primeira vez no dia falou algo que fizesse realmente sentido.
— Ainda bem que sabe que a culpa é sua — falei, o vendo pegando-a como uma criança.
— Me solta, ! — Começou a se debater nos braços dele. — Eu estou bem.
— Ok, então anda em linha reta. — Ele a colocou no chão e, no primeiro passo que deu, quase caiu se não fosse por segurar ela a tempo. — Realmente, está bem. Bem bêbada.
— Não preciso da ajuda de ninguém. — Se soltou dele e caiu em cima de e . — Cadê a minha cerveja que estava aqui agora? — Olhou para os lados a procurando.
— Para de bobeira. — Agora eu a peguei e puxei para cima. — Você está tão ruim que nem se lembra de eu ter acabado de tirar a cerveja da sua mão. — tentava se soltar de minhas mãos. — Para com isso — pedi, mas a tirou de mim e colocou em seu ombro fazendo seu chapéu cair de sua cabeça.
— Me solta, ! — começou a berrar, socando as costas dele enquanto já a levava para dentro de casa. — Eu vou vomitar, seu idiota! — falava embolado. Aquilo era uma cena deplorável. Fui andando atrás deles. — Eu te odeio tanto. — Voltou a chorar, perdendo as forças e parando de socar e chutar o menino.
— Vamos dar um banho nela — falei, passando à frente dele e entrando no corredor, abrindo a porta do quarto e dando passagem para passar com .
— Vocês não vão me dar banho nenhum, eu me viro sozinha! — reclamou como uma velha rabugenta.
— Relaxa, . Pode ir ajudar a e o que dou conta da . — estava extremamente calmo e já levava minha amiga para o banheiro.
— Eu sei que é pequena perto de você, mas também sei a força que esses braços finos tem. Ela é bem difícil de controlar quando está agressiva — avisei, o vendo colocá-la sentada em cima do vaso enquanto fui abrir o chuveiro na água gelada.
— Não tem ninguém agressiva aqui! — Cruzou suas pernas sobre a tampa do vaso e depois os braços, fazendo uma cara emburrada.
— Ela não vai fazer nada comigo. — Ele me olhou e deu um sorriso fraco que me pareceu bem triste, até mesmo fiquei com um pouco de pena.
— Quem te garante? — rebateu e era impossível não concordar com ela. — E você pode fechar esse chuveiro aí, não vou entrar embaixo dele. Você deve ter colocado ele gelado, odeio banho gelado. — Apontou para mim e depois para o box.
— Um banho gelado vai te ajudar a ficar bem — disse com toda a calma do mundo, se abaixando na frente dela.
— A única coisa que vai me fazer ficar bem é nunca mais precisar olhar na sua cara. — Ergui minhas sobrancelhas com a forma que falou. Ela estava bem irritada com .
— Você quer realmente que eu vá embora e nunca mais volte? — Colocou as mãos sobre as coxas dela, que virou o rosto para o lado para não o olhar. Pude ver as lágrimas escorrendo pelo rosto de minha amiga. — Olha para mim — pediu, mas ela negou com a cabeça. — Se é isso que quer, eu posso pegar minhas coisas agora e ir. Você não é obrigada a ficar olhando...
— Cala a boca, ! — mandou e abraçou ele pelo pescoço, chorando ainda mais. — Só fica calado, por favor. — a abraçou de volta, concordando com a cabeça enquanto acariciava as costas dela.
Não falei mais nada também e saí dali, fechando a porta do quarto quando passei por ela. Vi carregando , então fui ajudar. Levamos ele para cima e quase caímos da escada, e percebi que não estava tão bêbada quanto pensei que estivesse. O carregamos para o banheiro e quando chegamos lá, se jogou no chão e agarrou o vaso, vomitando dentro dele. Fiz uma cara de nojo e saí dali de dentro e fez o mesmo.
— Por que você está chorando? — perguntei, vendo escorar na parede se esvaindo em lágrimas.
— Porque nunca tomei conta de bêbado. — Aquilo me fez rir.
— E antes, lá na varanda? — quis saber. Ela me olhou.
— Sei lá, por tudo. Por ontem, por ver a chorando, por ter ficado com raiva daquela garota colocando a mão do nos peitos dela e por ele não ter feito nada... — No fim só deu de ombros e voltou a chorar.
— Não fica assim. — Me abaixei na frente dela. — Daniel é um babaca que não merece nenhuma lágrima sua. — Dei um meio sorriso e passei as costas de meus dedos em sua bochecha. — E o é meio retardado às vezes, mas é uma boa pessoa. Ele não fez aquilo para te magoar, com certeza deve ter ficado em choque como todo mundo ficou.
— Mas ele podia ter tirado a mão de lá! — estava mesmo chateada com aquilo. — Mas agora tanto faz, eu não tenho nada com ele mesmo.
— Não é tanto faz, você ficou chateada com o que aconteceu. Conversa com ele amanhã. — Ela afirmou com a cabeça. — Vou descer para arrumar as coisas. Você vai ficar bem?
— Vou. — Esboçou um pequeno sorriso.
— Qualquer coisa me chama — avisei e me olhou, novamente balançando a cabeça de forma positiva.
Quando me virei para descer, eu vi alguns meninos jogados nos colchões, dormindo até mesmo de tênis, todos tortos, atravessados e ocupando o espaço de duas pessoas. Desci e vi A.J. deitado no sofá, dormindo com a cara encostada no braço e com a boca aberta. Ri daquela cena e já comecei a pegar os copos vermelhos e azuis que tinham por ali. Fui até a cozinha, peguei um saco de lixo preto e comecei a jogar as coisas dentro dele. Por onde passava e via lixo eu ia pegando. Cheguei à varanda e vi Miguel deitado na rede com Ruby, os dois abraçados, dormindo. Eles até que formaram um casal bem fofinho. Peguei as coisas que tinha ali e depois caminhei até as mesas na areia. estava ali separando as comidas que tinham sobrado. Acho que nós dois éramos os únicos que estávamos sóbrios, além do .
Não falamos nada, apenas ajudei com as coisas. Eu estava morrendo de vergonha de olhar para ele ou falar qualquer coisa desde o lance do banheiro. Embora tenhamos trocado algumas palavras pelo resto da festa, apenas respondia o que me perguntava e depois dava um jeito de sair fora. Não conseguia acreditar mesmo que ele ia me beijar, aquilo era uma coisa que não entrava em minha cabeça de forma alguma. Parecia que era mais um dos meus sonhos malucos que eu tinha com .
— — chamou e eu senti um frio percorrendo minha espinha.
— Vou jogar o lixo fora — falei e já saí andando e arrastando o enorme saco de lixo.
— Eu te ajudo. — Veio andando atrás de mim.
— Não precisa. — Dei um sorriso, mas ele já tinha segurado do outro lado do saco e agora me ajudava a carregar.
— Relaxa. — sorriu e eu abaixei o olhar. — Por que você queria ir embora mais cedo? — O olhei rapidamente, não esperava por aquela pergunta.
— Todo mundo estava emburrado por alguma coisa, sua irmã fazendo aquilo tudo e por eu ter gritado com vocês de manhã. Foi tudo, sabe? Não estava me sentindo bem para ficar aqui. — Respirei fundo. — Me odiei por ter gritado contigo. — Encarei ele rapidamente. — Além do mais, a festa parecia uma obrigação e não mesmo uma festa. Pelo menos foi isso que senti. — Voltei a olhar para frente já que estávamos passando pelo corredor lateral da casa. — Ainda estou me sentindo mal por ter arranhado o carro de vocês.
— Acho que não foi só você, ninguém estava no clima de festa. Parecia mesmo uma obrigação — disse, mas não o olhei. — Você deveria ignorar os surtos da minha irmã, ela sempre fica bem depois e a gente que fica mal. — Bem, em partes era verdade, mas era impossível ignorar. — E em relação ao arranhado, está tudo bem, já passou. Vou mandar arrumar quando voltarmos para Dana Point. — Abri o portão e colocamos a sacola dentro do latão de lixo que tinha ali do lado. — Sabe qual é o motivo pelo qual queria tanto saber o que acontecer em Riverside? — O olhei no mesmo instante.
— Eu ajudo a pagar a pintura — rebati logo, não o deixaria arcar com aquilo sozinho. — Por que nós demoramos muito para voltar? — sugeri, fechando o lixo e entrando no corredor lateral.
— Não precisa se preocupar com isso, pagar a pintura é o de menos. — vinha andando atrás de mim, mas segurou minha mão, fazendo meu coração ficar acelerado. Parei e olhei para ele para saber o que queria. — Eu sei que aconteceu alguma merda em Riverside, mas o que quero realmente saber é o que aconteceu contigo. Porque eu vi que você não estava bem.
— Não aconteceu nada comigo. — Abaixei a cabeça e encarei sua mão segurando a minha.
— Qual é, vai mesmo mentir para mim? — Ele chegou mais perto e eu congelei sem conseguir me mexer. — O que aconteceu contigo? O que te deixou tão chateada? — Segurou meu rosto e o ergueu.
— Eu e a só brigamos em Riverside. — Em partes era verdade. Eu tentava não olhar para diretamente, mas estava difícil não fazer isso com ele tão perto. — Você realmente precisa ficar tão perto para perguntar isso? — Engoli em seco e me mandei calar a boca mentalmente.
— Não, mas... — uniu as sobrancelhas e desceu o olhar até meus lábios — estou com muita vontade de fazer uma coisa.
— Coisa? Que coisa? — ainda ousei perguntar achando que podia estar alucinando.
— Isso. — E ele quebrou o resto da distância que tinha, beijando meus lábios com delicadeza.
Prendi minha respiração e minhas sobrancelhas se ergueram em surpresa com aquilo. Meu Deus, o estava me beijando! O que eu faço? Meus dedos seguraram os dele com mais força, então aos poucos fechei meus olhos. Soltei o ar e deixei que ele me beijasse. Coloquei a mão em seu ombro, sentindo o gosto de cerveja de sua boca se misturar com a minha de forma suave. O frio na barriga começou a surgir. Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. A mão de segurou minha cintura, me puxando para mais perto, isso fez meus dedos se fecharem na malha de sua camisa, fazendo com que ele se aproximasse mais de forma involuntária. Ouvimos um barulho no final do corredor e isso fez a gente se separar no mesmo instante com o susto que levamos. Sentia que meu coração estava quase pulando da boca.
— Vou acabar de pegar o resto das coisas — falei e saí andando apressada, sentindo meu rosto todo esquentar.