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Codificada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 09/06/2025.

Tentei abrir meus olhos, mas o sono absurdo que estava sentindo não me permitiu e eu sabia que aquilo era por causa do remédio que tinha tomado no meio da madrugada para dor. Geralmente, ele abaixava minha pressão e eu praticamente desmaiava, dormindo mais do que o normal para uma pessoa comum, já que o meu normal era apenas umas quatro horas de sono diário. Passei a mão em meu rosto e percebi que não iria conseguir sair dali, então me virei e abracei o travesseiro, percebendo que ali tinha espaço demais. A única coisa que consegui fazer foi passar o braço pela cama e confirmar que não estava ali. Porcaria, onde ele estava? Então em uma busca cega procurei pelo meu iPhone, mas também não o encontrei e antes que eu tentasse fazer qualquer coisa, já estava dormindo de novo.
Senti algo me sacudir e isso me fez resmungar. Depois disso tudo ficou calmo de novo e eu retornei a dormir. Ao certo não sei se dormi logo em seguida ou se a pessoa realmente foi embora, me deixando em paz. Definitivamente não queria saber daquilo naquele momento, o sono não me permitia tanto.
Abri finalmente meus olhos, mas tudo estava escuro. Uni as sobrancelhas e me sentei na cama, procurando o interruptor do abajur para poder encontrar meu celular. Achei os dois e arregalei os olhos quando vi que era oito da noite. Meu Deus do céu! Eu hibernei! Levantei da cama ainda com sono, sentindo minhas pernas doloridas e fui ao banheiro, tomando um banho para ver se melhorava, ou se pelo menos aquela lombeira desgraçada fosse embora, mas não melhorou muito.
Coloquei uma roupa limpa que estava pendurada atrás da porta e saí do quarto. O pessoal estava na sala, jogando um jogo de tabuleiro que não consegui ver qual era, mas pararam quando me viram passar, ficando todo mundo em silêncio. Não entendi o motivo daquilo, mas ignorei e fui até a geladeira, a abrindo e vendo o que tinha de interessante para comer. Peguei ovos, bacon e manteiga, colocando tudo em cima do balcão. Às vezes vegetava simplesmente do nada, olhando para algum ponto cego enquanto fazia as coisas.
Quando acabei de fritar os ovos e o bacon, os comi em pé mesmo no balcão. Lavei tudo o que sujei e, por fim, voltei para o quarto, escovei meus dentes e me deitei no escuro mesmo. Peguei meu iPhone e procurei uma playlist de um gênero que estava com saudades de ouvir, Lo-fi. A batida era muito gostosa, me fazia relaxar e até mesmo dormir. Eu ficava viajando ouvindo aquele tipo de música.
Conectei meu celular na minha caixinha de som que havia trazido, coloquei algodão no ouvido, apenas para ouvir a música que estava um pouco mais alta e não os barulhos exteriores do quarto. Me virei de barriga para cima, olhando a sombra no teto da luz que o pequeno aparelho de som fazia, enquanto deixava a batida da música me levar. Se as meninas entrassem ali agora, certamente pensariam que eu era louca.
O ar-condicionado estava ligado em uma temperatura gostosa, que não necessitava ficar de coberta. Coloquei a mão sobre meus peitos que nem uma defunta e fechei meus olhos, respirando fundo, relaxando e voltando a pegar no sono aos poucos, sem pensar em absolutamente nada. Eu estava levemente sonolenta, quando senti algo passar pela minha canela, me fazendo pular assustada e abrir os olhos, vendo ali de pé ao meu lado, me olhando.
— Está querendo me matar do coração? — Perguntei, tirando os algodões do ouvido.
— Não, só estou preocupado contigo — respondeu, já deitando na cama ao meu lado. — Ficou aqui o dia inteiro e, quando saiu, não falou nada com ninguém. Está tudo bem? — Seu jeito de falar me fez sorrir, estava sendo fofo.
— Está sim, só estou com sono — disse, me aproximei dele e encostei minha cabeça em seu ombro. — Eu tomei remédio de dor ontem e quando faço isso, eu durmo muito.
— Então seu problema de insônia é facilmente resolvido com um analgésico? — Brincou e rimos juntos. — Mas você dormiu muito.
— Eu sei, e ainda estou com sono, mas é porque tenho dormido muito pouco. Provavelmente amanhã estarei ligadona — expliquei e coloquei minha cabeça em seu peito, seus braços me envolveram, fazendo um carinho gostoso em minhas costas.
— O que é isso que você está escutando? — Tinha uma certa estranheza em sua voz, o que me fez rir.
— Lo-fi — falei, mas nem me mexi. — Gostou?
— Não sei dizer. — Riu um pouco. — É estranho. — Ele tinha razão, era estranho, mas eu gostava. — Preciso escutar mais um pouco para dizer o que achei.
— Fique à vontade. Eu sigo algumas playlists no Spotify, mas tem uns vídeos dos Simpsons no YouTube de mais ou menos meia hora que talvez você vá gostar, e outros que são rádios, mas esses eu não conheço muito. Se quiser, posso te mostrar depois — ofereci.
— Me manda depois que irei ouvir. — Me apertou um pouco em seus braços.
Levantei um pouco minha cabeça e passei meu nariz em seu pescoço, depois beijei de leve sua pele, lhe causando um arrepio. Sua mão desceu e apertou minha cintura, me puxando para mais perto. Coloquei minha perna entre as dele e deslizei meus lábios pelo seu queixo e o mordisquei depois, bem de leve.
— Você não disse que estava com sono? — perguntou de um jeito provocativo.
— Estava com sono até você chegar aqui e roubar ele — sussurrei por cima de seus lábios. — Mas se quiser, eu posso tentar voltar a dormir. — Me afastei, mas ele segurou rapidamente minha nuca e me beijou de um jeito que chegou a roubar todo meu ar. — Sem dúvidas você está afim de me matar hoje — comentei quando começou a beijar meu pescoço.
— Na verdade, eu quero te matar apenas de uma forma... — falou em meu ouvido, me deixando completamente arrepiada.
— Chega, para com isso. — Me afastei dele, rindo um pouco. Ele estava me fazendo ficar excitada e não era nada bom ficar daquele jeito em uma casa cheia de gente. — Você vai me deixar louca desse jeito.
— Você fala como se fosse a única. — Riu um pouco. — E outra, não fui eu quem começou. — Estreitei meus olhos e o empurrei de leve seu ombro. — Ué, só estou dizendo que estava na minha aqui.
— Você não precisa começar nada para me provocar, só de me olhar com essa sua cara aí, já é o suficiente. — Mordi meu lábio inferior.
— Então a culpa é minha? — ria de um jeito que me fazia rir junto a ele.
— Claro, sempre foi sua culpa. — Voltei a me aproximar dele. — E mesmo quando não sabia como você era fisicamente, continuava sendo a sua culpa. — Passei meu indicador pelo seu peito.
— É mesmo? Me diz como isso era possível — quis saber.
— Oras, eu me apaixonei por quem você é, pelo seu jeito, pela sua voz. — Então fechei meus olhos com força, me dando conta do que eu tinha acabado de falar. — É, quero dizer... — Já comecei a ficar envergonhada. — Quero dizer que não gostei de você por causa da sua aparência... Que merda. Esquece. — Percebi que estava me enrolando cada vez mais, então segurou meu queixo e o ergueu, me dando um selinho leve, mas demorado.
— Também me apaixonei por quem você é — disse por fim, e eu apenas o abracei com força, escondendo meu rosto em seu pescoço.
Ficamos abraçados até que eu finalmente relaxei e acabei dormindo novamente. E mais uma vez o sono foi tão pesado que nem acordei quando as meninas entraram no quarto e desligaram o som. Não sei bem dizer se era por causa do ou o que realmente era, mas sabia que estava bem, e em muito tempo que não dormia daquele jeito.
Acordei e não era nem dez da manhã, ouvindo e conversando baixinho. Abri meus olhos e olhei para elas, que nem sequer viram que eu tinha acordado. Senti o braço de em cima de minha cintura, então me virei, ficando de frente para ele. Era inexplicável como aquele garoto era lindo, até dormindo ele conseguia tirar meu fôlego. Fiquei observando-o por algum tempo, até que levantei e as meninas pararam de falar.
— Estou com fome, acho que vou ao mercado comprar algo para comer — comentei com elas antes de entrar no banheiro. — Vocês querem ir comigo? — Perguntei de bom humor.
realmente faz milagres — falou, aparecendo na porta do banheiro. — Você acordando cedo e de bom humor. Realmente ele operou um milagre. — Joguei a toalha de rosto em cima da minha amiga, que riu. — Acho que o mau humor já voltou.
— Larga de ser chata. — Peguei minha escova de dente. — Vão querer ir comigo?
— Eu quero — respondeu do quarto. — Podemos comer em uma lanchonete nova lá perto do mercado mesmo. O que acham? — Ela parou ao lado de na porta.
— Justo. — Afirmei com a cabeça e cuspi na pia. — Vou trocar de roupa. — Coloquei minha escova de volta no copo.
Tentei chamar , mas ele nem sequer se mexeu, então deixei para lá e apenas troquei minha roupa e fui para a sala, esperar as meninas. Todo mundo ainda estava dormindo, e também pudera, devem ter ido dormir tarde, além do que os meninos nunca acordam cedo. Me sentei sobre o balcão até que e apareceram. Saímos com a pick-up e fomos para a lanchonete que minha prima havia falado. Escolhemos uma mesa ao lado da enorme janela de vidro que tinha no local. Fizemos nossos pedidos e nos entreolhamos, depois as duas se encararam e eu sabia que seria zoada.
— Você e o estão namorando? — logo soltou aquilo de cara, o que me fez arregalar os olhos.
— O quê? Não, claro que não! Nós nos beijamos tem dois dias! — Gesticulei com as mãos. — De onde você tirou isso?
— Ué, ele dormiu dois dias seguidos lá no quarto contigo — explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Ele dormiu lá ontem porque os meninos estavam todos espalhados lá em cima de qualquer jeito, e o Eric dormiu lá também — tentei justificar, mas sabia que aquilo não seria o suficiente. — E hoje ele acabou pegando no sono. — Dei de ombros.
— Ah! Ele pegou no sono! Sei! — me jogou uma bolinha de papel. — Fala logo que vocês transaram ontem. — Arregalei meus olhos.
— Meu Deus, eu não seria tão burra assim de transar com o com vocês perambulando pela casa. — Ergui minhas sobrancelhas e joguei a bolinha de volta. — Por quê? Você e o já transaram? — se engasgou com o ar.
— Oi. Tudo bom? — Se fez de boba.
— Anda, responde! — Mandei, rindo um bocado, e olhei para , que estava se fazendo de sonsa, olhando para o lado de fora como se nem ao menos estivesse ouvindo o que falávamos.
— Nós viemos aqui para comer ou para saber sobre mim e o ? — E lá estava minha prima tentando sair fora.
— Os dois. Comer enquanto falamos sobre a gente. Não é mesmo, ? — Chamei e minha amiga nos olhou se fazendo de desentendida. — Como está o ?
— Bem, ué. Como ele estaria? — Respondeu simplesmente.
— Você sabia que é a minha cunhadinha favorita? — Abri um sorriso largo e revirou os olhos.
— Cala a boca, — mandou e voltou a olhar pela janela.
— Eu também te amo. — Joguei um beijo para ela, que acabou rindo. — Então, . Você ainda não respondeu à pergunta que não quer calar — insisti.
— Espera. A tem mesmo que ser sua cunhada favorita, você só tem o como irmão. — não iria responder o que eu queria saber tão cedo.
— E quem disse que ele só tem a ? — Soltei e minha amiga me encarou na mesma hora.
— O que você quer dizer com isso? — perguntou rapidamente e eu ri jogando minha cabeça para trás.
— Olha só quem já está plantando a discórdia — falou e a olhei ainda rindo. — Você sabe que ela vai perguntar que história é essa para o quando chegarmos em casa, não sabe?
— Vai? — Encarei . — De qualquer forma, eu já sei que irei para o inferno. — Ri mais um pouco.
— Você ainda não nos contou como o te beijou — minha prima tentou mais uma vez mudar de assunto.
— Com a boca.
— Nossa, você acordou gozada hoje, hein. — riu um pouco.
— Estou me perguntando se você dormiu com o ou com um palhaço — falou e eu fiz cara de pensativa.
— Na verdade, não faz muita diferença, o é um palhaço mesmo — rebati e joguei uma bolinha de papel de minha amiga.
— Eu desisto. — Ela ergueu as mãos. — E você não vai responder se fez ou não aquilo com o ? — Se virou para .
— E a não falou como a beijou. — Jogou para cima de mim. — Eu só percebi o que estava acontecendo quando freou o carro.
— Já respondi, com a boca. — Dei de ombros e jogou a bolinha de papel que estava na mesa em minha cara. — Ok, eu conto. Alguém tem que ser mulher o suficiente aqui nessa mesa, não é? — Encarei minha prima por ficar fugindo da resposta se tinha transado com ou não. Então contei como foi e as duas me olhavam atentas, esperando os detalhes. — Foi isso. Agora responde, ! — Bati com a mão sobre a mesa. — , não pense que vai escapar, não, porque eu vi você e o se agarrando às escondidas em Hollywood.
— E daí? — Ela ergueu uma sobrancelha.
— Ué, como foi? — Perguntei, cruzando meus braços sobre a mesa.
— Todos queremos saber, . — colocou pilha.
— Sinceramente, falar sobre como beijo seu irmão e onde não é um dos meus assuntos favoritos. — Ergui as sobrancelhas com a patada que levei.
— Olha ela! — Ri alto. — Essa doeu um pouco, mas só um pouco mesmo.
— Eu conto se a contar. — Olhou para minha prima.
— Eita, a batata quente está pegando fogo. — Era impossível não rir.
— Ok, ok! — bateu de leve com sua testa sobre a mesa. — Nós fizemos — mas ela falou tão baixo que mal deu para ouvir.
— Fala para fora, minha filha. Eu sou surda — impliquei e ergueu a cabeça, me olhando com os olhos estreitados. Eu só conseguia rir.
— Larga de ser chata, você ouviu muito bem o que falei. — Então nossos pedidos chegaram.
— Ok, onde foi então? — Continuei mesmo que a garçonete estivesse ali.
— Não quero saber os detalhes — cortou o assunto, pegando seu prato com panquecas e puxando para sua frente.
— Eu só estou perguntando onde foi e não como foi — falei, pegando uma fatia de torrada com manteiga de amendoim. — E quando, claro.
— Nossa, isso aqui é uma conversa ou um interrogatório? — quis saber, dando um gole em seu chá.
— Veja como você quiser. — Sorri de lado.
— Foi no banheiro do segundo andar, na quarta-feira — soltou aquilo tão rápido que quase não peguei todas as palavras. — Agora é a vez da . Como é estar com o ? — Minha amiga tomou um gole de seu suco de laranja para não se entalar com a panqueca.
— Vocês não querem saber. — Nós duas não falamos nada, apenas ficamos encarando , esperando que ela parasse de bobeira e falasse logo. — Ah — começou a dizer enquanto encarava seu prato —, posso dizer que ele é o dono do melhor beijo da minha vida, até mesmo superou anos de expectativa. — Eu me segurei para não berrar quando ouvi aquilo, ou ela acabaria ficando quieta e não contaria mais nada. — Não falamos nada para ninguém ainda porque não queremos ninguém no nosso pé. — Me lançou um olhar e voltou a comer. — Além do que pode não acontecer nada realmente entre nós e não quero perder a amizade de ninguém. — E no fim eu a entendia perfeitamente.
— Você sabe que independente de qualquer coisa, vou continuar sendo a sua melhor amiga, não é? — Segurei sua mão por cima da mesa e me deu um sorriso fraco.
— Não é assim que as coisas funcionam. Independentemente do que acontecer, você vai ficar do lado do por ele ser seu irmão — disse e soltou minha mão, pegando sua faca e cortando um pedaço da panqueca.
Acabamos de comer em silêncio e depois fomos ao mercado comprar coisas para os meninos comerem quando acordassem. Quando chegamos, eles já estavam de pé, revirando a despensa, caçando alguma coisa para comer. Juntamos todo mundo e fizemos um mega café da manhã. Assim como , os garotos também zoaram meu bom humor, culpando por isso, e por mais que eu negasse, ele era realmente o responsável pelos meus sorrisos. O que por acaso ainda não tinha levantado, então fui atrás dele.
Abri a porta do quarto bem devagar e vi que ainda estava dormindo. Tirei meus sapatos sem fazer barulho e corri, pulando em cima dele, que soltou um gemido e depois riu, cobrindo seu rosto com o travesseiro. Tirei aquilo de sua cabeça e comecei a dar travesseiradas nele, que logo me segurou pela cintura e me tirou de cima, rolando na cama e ficando por cima, me cobrindo de travesseirada também. Tentei me defender, mas foi inútil, ele era muito bom em guerra de travesseiros.
, tira o daí. — abriu a porta do quarto. — O pai, a mãe e a tia Anne estão aí, vem logo. — Arregalei meus olhos e já ia perguntar o que eles estavam fazendo aqui, mas meu irmão já saiu do quarto.
— Merda. Levanta — falei rapidamente e saiu de cima de mim. — Dá a volta pela porta do corredor e passa pela frente — pedi.
— Por quê? — Perguntou, unindo as sobrancelhas sem entender nada.
— Se a minha mãe desconfiar que você dormiu aqui comigo, vai dar uma merda gigantesca — avisei e levantei da cama, calçando meus sapatos. — Por via das dúvidas, nem ao menos nos conhecemos — brinquei, dando um sorriso.
— É sério isso? — Ele já se levantava me olhando.
— Dela não poder saber que você dormiu aqui comigo, sim. — Me aproximei dele e lhe dei um selinho apertado, mas ele acabou segurando minha cintura e aprofundou o beijo.
? — Ouvi minha mãe chamar e isso me fez soltar rapidamente.
— Esconde no banheiro — sussurrei para ele e apontei para a porta.
— Está de sacanagem, né? — Não respondi, apenas o empurrei para lá.
— Oi, mãe — falei e já fui correndo até a porta do quarto, que se abriu antes que eu chegasse a ela. — Já estava indo, estava apenas fazendo xixi. — Peguei sua mão e a tirei dali.
— Pensei que estava dormindo até essa hora. Já são onze e meia da manhã — recriminou enquanto passávamos pelo corredor. — Meu Deus do céu, menina! O que aconteceu com suas pernas? Está achando que é menino para ficar brincando com essas coisas brutas. — Me puxou para me examinar. — O que aconteceu?
— Eu só caí da escada duas vezes e do iate. — Ela uniu as sobrancelhas. — As vizinhas, elas têm um iate, fomos lá no domingo e eu acabei caindo para fora dele porque escorreguei e bati com a perna no ferro — expliquei bem porcamente.
— Você está com problemas nas pernas? Precisa de um ortopedista ou só desaprendeu a andar como uma dama? — Aquilo poderia ser até uma piada se ela não estivesse tão séria me olhando.
— Talvez eu esteja com problema mental mesmo. — Sorri sem mostrar os dentes e saí andando. — Pai! — Joguei os braços para cima e corri em sua direção.
— Minha menina! — Ele me abraçou e me rodou. — Como você está? — Beijou minha bochecha.
— Estou ótima, e você? — Ainda continuava abraçada com ele.
— Estou muito bem. — Papai me soltou, então me virei para tia Anne.
— Tia! — Ergui meus braços.
— Sobrinha! — Ela levantou os braços também e começamos a fazer algo que parecia uma dancinha e por fim nos abraçamos. — Parabéns atrasado. — Me deu um beijo forte na bochecha e começou a me desejar felicidades. — Roger, essa menina está cada vez mais linda. O que vocês andam dando para ela?
— Culpa do — Troy berrou e eu já o olhei com as sobrancelhas erguidas, que era para ele calar a boca. — Falando nisso, cadê ele?
? — Minha mãe perguntou, então a olhei quase dando um filho. — Aquele ? — Fez um gesto com desdém. — Ele está aqui?
— Está sim — Troy como o bom língua solta continuava a falar. — Ele estava com a ainda pouco.
— Não estava coisa nenhuma. Acabei de chegar da rua. — Eu queria enfiar meu sapato na boca dele.
— Hm, por que parece que você está mentindo? — Minha mãe me olhou e eu ri um pouco. — Qual é a graça?
— Você é paranoica demais — disfarcei, olhando para o lado. — Você já falou com o Bradley? — O puxei e o coloquei na minha frente. — Ele veio também. — Sorri e empurrei meu amigo em cima dela.
— É claro que falei com ele. — Minha mãe sorriu e o abraçou de novo. — Foi a primeira pessoa com quem falei. Fiquei muito feliz que tenha vindo. — Ela passou as mãos no rosto dele. — Você e a estão se entendendo? — E eu sabia muito bem o que aquele “se entendendo” dela queria dizer.
— Não, mãe, não estamos ficando — respondi rispidamente.
— E por que não? Bradley é o rapaz mais agradável que conheço. — O abraçou de lado como se apresentasse um de seus produtos. Minha mãe era modelo fotográfico de meia idade e trabalhava em um catálogo de compras. — Vocês deveriam ficar juntos. — E nisso vi que estava parado na porta da varanda, ouvindo tudo com os braços cruzados. — Você não acha, Roger?
— Eu não acho nada. — Meu pai se virou e pegou um copo o enchendo de café. — Cadê o e a ? Não os vi desde que chegamos. — Uni minhas sobrancelhas, pois tinha ido me avisar que nossos pais tinham chegado, pensei que eles tinham se falado.
— Excelente pergunta — mamãe falou e olhou para os lados, sem soltar Brad, que já me olhava com cara de desesperado querendo sair dali.
— Estão me procurando? — já descia as escadas.
— Misericórdia menino! — Nossa mãe falou bem alto. — O que é isso na sua cara? — Ela se referia sobre sua barba estar grande. — Pelo amor de Deus, suba e tire isso, só volte aqui quando estiver com essa cara limpa. — Assim como eu, ele também ergueu as sobrancelhas. — Isso está horrível, está parecendo um cafetão. — Os meninos começaram a rir, mas se eu bem conhecia meu irmão, aquilo estava irritando ele profundamente. — Está parecendo seu tio Jeremy, vai tirar essa porcaria.
— Tio Jeremy mora no brejo. — Llembrei o lugar pantanoso que o cara morava. — Ele não deve fazer a barba já há uns cinco anos.
— Exatamente! — Mamãe me olhou. — Como você pode deixar seu irmão ficar com a barba desse jeito?
— Ué, você queria que eu o amarrasse na cadeira e fizesse a barba dele? E outra, a cara não é minha mesmo. — Dei de ombros e fui andando até . Precisava tirar a atenção de cima de antes que começasse uma briga. — Mãe, esse aqui é o . — Segurei em sua mão e o puxei para dentro, soltando logo em seguida.
— Muito prazer, senhora . — Ele estendeu a mão para minha mãe, que a olhou, reparando ele de cima embaixo e depois a segurou.
— Pode me chamar de Senhorita Jess — respondeu e eu queria simplesmente desaparecer. — Até que você é bonitinho. — Soltou a mão dele e eu virei a minha cara para o lado, encarando a parede para não falar meia dúzia de merdas. — Trabalha de quê?
— Aliciando mulheres — respondi e segurei a mão do . — Seja mais discreta — falei com minha mãe, e puxei o menino comigo até a cozinha. — Quer comer o quê?
— O que foi isso? — cochichou perto do meu ouvido.
— O que é isso, essa seria a pergunta mais adequada — rebati, já colocando manteiga na frigideira. — Essa coisa é a minha mãe e ela vai fazer os nossos dias o inferno na terra, se prepara.
— Se ela é tão ruim assim, por que você e o ainda moram com seus pais? — o olhei por cima de meu ombro.
— Não moramos na mesma casa. Eu e moramos na casa da piscina — expliquei, e por mais absurdo que aquilo era, aquele foi o único jeito que arranjamos para nos livrar de nossa mãe, já que nem deixar irmos embora de casa, ela havia deixado.
— E por que ainda moram lá? — Respirei fundo com a sua pergunta.
— Porque não conseguimos sair — falei simplesmente. — Me dê os ovos. — Apontei para a caixa que estava aberta sobre o balcão.
— E eu achando que a minha mãe era ruim. — Ergui uma sobrancelha, pegando os ovos que me entregava. — Você acha que eu moro em Vegas porque gosto?
— Sempre achei que fosse. — E aí que reparei que nunca tinha falado muito da família dele. — Achei que gostasse de ficar se mudando e viajando.
— Antes fosse. — Deu um pequeno sorriso. — Mas não me dou muito bem com a minha mãe. — Fiquei triste por saber daquilo. — Me deixe fazer isso antes que sua mãe reclame que você está fazendo algo para mim. — Tentou pegar a espátula de minha mão.
— Deixa ela reclamar. — O empurrei, batendo com meu quadril no dele e nós rimos. — Desculpe por te enfiar nisso, eu não sabia que eles viriam do nada.
— Relaxa, eu teria que conhecer seus pais de qualquer jeito. — Ele passou seu braço pelos meus ombros.
— Verdade! Nem te apresentei ao meu pai — lembrei e me virei, puxando comigo. — Pai! — Chamei, cutucando seu ombro por cima do balcão. — Esse aqui é o , o senhor ainda não o conhece. É aquele menino de Las Vegas que falei aquela vez.
— Ah sim, o que trabalha no cassino. — Meu pai deu a volta no balcão e abraçou . — Muito prazer. Minha filha falou muito bem de você. — Deu dois tapinhas de leve no rosto dele.
— O prazer é todo meu, senhor . — deu um de seus belos sorrisos. — Então quer dizer que a falou de mim? — Passou as mãos em meu cabelo o bagunçando, então o empurrei enquanto riamos daquilo.
— Por favor, apenas me chame de Roger. Jess que gosta dessa palhaçada de Senhor, Mister e essas coisas pomposas. — Meu pai fez um gesto banal com a mão. — E sim, ela fala o tempo todo de você. Estou feliz por conhecê-lo. — Sorriu e eu fiquei feliz por aquilo, por meu pai ser uma pessoa gentil. — Anne, venha cá — chamou e minha tia se aproximou. — Já conheceu o ? O mais novo membro da família.
— E que membro, hein. — Tia o olhou e fez uma careta de satisfação muito engraçada. — Caprichou dessa vez, . — Nós rimos. — Me conte, de onde você vem tem mais rapazes bonitões assim? — Perguntou a , que soltou uma gargalhada alta. — Estou falando sério, preciso arrumar um garotão que nem você.
— Olha, por modéstia parte, muito obrigado, porém mais bonito do que eu acho que vai ser difícil, mas posso te ajudar a encontrar alguém — se ofereceu. — Mas olha, acho que você consegue um homem bem rápido sendo bonita desse jeito.
, sinto lhe informar, mas você acabou de perder. — Tia Anne pegou a mão do e saiu puxando ele, mas logo em seguida voltou, nos fazendo rir. — Você está de parabéns. — Deu dois tapinhas no ombro dele e me olhou. — Agora me falem que vocês estão dando uns beijinhos. — Senti minhas bochechas ficarem vermelhas. — Porque senão estão, vocês precisam começar isso para ontem!
— Anne, não acho que a vá querer responder isso. — Meu pai falou e nos olhou. Embora tivesse dito aquilo, ele mesmo estava curioso para saber. Olhei para o , pensando se respondia aquilo ou não. — Estão? — Ele não se aguentou, o que nos fez rir.
— É, estamos. — Olhei para o chão, sentindo que meu rosto deveria estar extremamente vermelho. — Mas a mãe não precisa saber disso agora, ou vai fazer um inferno na nossa cabeça. Você sabe como ela é.
— Eu sei, fica calma, não vou falar nada — meu pai garantiu. — Mas cuidado para ela não descobrir, ou vai ficar furiosa por você não ter contado antes — avisou e eu assenti com a cabeça. — E não é por nada, não, mas acho que tem algo queimando. — Apontou para o fogão.
— Puta merda. — A frigideira estava pegando fogo, então corri até lá sem saber o que fazer.
— Olha a boca, garota! — Minha mãe berrou, mas não me importei com isso. — Nem fritar um ovo você sabe — reclamou e se aproximou, apenas desligando o fogo. — Não sei como você e seu irmão fazem comida.
— Eu me distraí — rebati, já abrindo a janela da cozinha para sair aquele cheiro de queimado horrível.
— Você sempre se distrai com tudo. — Me lançou um olhar recriminador. — Você também estava distraída quando caiu da escada?
— Não, me joguei dela de propósito. — Sorri mostrando todos os dentes. — Vamos comer em outro lugar — falei com e o puxei para que saísse dali comigo.
— Me respeita, ! Só porque está na frente dos seus amigos não ache que vá falar comigo de qualquer jeito. — Revirei meus olhos ouvindo aquilo, e na hora que ela estava sendo super superior falando daquele jeito.
, você já comeu? — berrei do pé da escada, ignorando minha mãe completamente. Meu irmão tinha sumido, então supus que estivesse lá em cima fazendo a barba para agradar a dondoca.
— Já. — respondeu, aparecendo no pé da escada passando a toalha em seu rosto, e pude ver que ele tinha mesmo tirado a barba.
— Não deveria ter tirado apenas para agradá-la. — falei alto e em bom tom para quem quisesse ouvir.
Por fim apenas me virei e levei comigo. Saímos da casa e vimos o carro de meus pais bloqueando a saída da pick-up. Maravilha. Eu não estava com a menor vontade de voltar lá dentro de pedir para meu pai tirar o carro, e não queria que fosse lá pedir ou então buscasse a chave de seu Corolla. Ouvimos a voz de Naomi e olhamos para a casa do lado, vendo a morena acenar para nós. Fomos até lá ver o que ela queria.
— Vocês já comeram? Acabamos de fazer waffles. — ela sorriu para nós, como sempre muito gentil.
— Na verdade eu já, o que ainda não comeu. — expliquei, e antes que eu completasse minha frase, Naomi segurou nossas mãos e nos arrastou para dentro de casa. — Licença. — falei quando passei pela porta, não tinha entrado ali dentro ainda, que por sinal era o dobro ou o triplo do tamanho da nossa.
— Bom dia! — Sophie já apareceu na nossa frente, e automaticamente segurou minha mão entrelaçando nossos dedos, e isso me causou uma risada discreta.
— Bom dia. — respondi sorrindo para ela. Embora o universo esteja conspirando para que meu bom humor vá embora, eu não deixaria que isso acontecesse. — Desculpa está invadindo assim, mas...
— Eu os convidei. — Naomi já me cortou e voltou até onde estávamos, nos puxando dali. — Vamos comer lá em cima na sacada do quarto aonde estou ficando. — falou enquanto nos guiava pela casa.
— Está tudo bem? — perguntei notando que tinha algo estranho aquilo tudo.
— Sophie está um saco, obcecada pela , e não para de falar dele nenhum segundo. — bufou enquanto nos colocava para dentro do seu quarto. — Não queria ficar perto das meninas e também eu não queria comer sozinha. — foi andando até a sacada onde tinha uma linda mesa de quatro lugares cheia de coisas. — Mandei uma mensagem para o Joe, mas ele não me respondeu. Eu ia até lá chamá-lo, mas quando vi vocês achei que seria melhor convidá-los do que simplesmente parecer que estou desesperada por ele, o que não é o caso. — deixou bem claro, mas nós dois rimos daquilo. — Vamos, sentem-se. — gesticulou com a mão e fizemos o que ela pediu.
Não era bem aquilo que eu tinha em mente no momento. Queria ficar sozinha com para poder explicar tudo o que estava acontecendo, e tentar conversar com ele sobre sua família, pois aquilo tinha me deixado realmente curiosa. Talvez não fosse a hora de falar sobre aquilo também. Fiquei misturando o suco enquanto pensava sobre isso, submersa demais em meus pensamentos para me tocar que aquele barulho no inox batendo no vidro estava realmente incomodando, até que segurou minha mão me fazendo parar de mexer aquilo.
— Está tudo bem? — Naomi perguntou, e eu balancei a cabeça.
— Sim, desculpe por isso. — tirei a colher do copo e coloquei na mesa.
— Acho que nosso dia só não começou muito bem. — disse e apenas o encarei. — Mas vai melhorar. — ele sorriu e apertou de leve minha mão me fazendo sorrir de leve.
— Vocês são fofos. — ri do comentário dela. — É sério, só de pensar na Sophie tentando estragar o que relacionamento de vocês, já fico com raiva. — ergui uma sobrancelha. — Não é a primeira vez que a vejo fazer isso. Então tomem cuidado.
— O que ela poderia fazer? — quis saber, mas nem sequer soltou minha mão.
— Tantas coisas. — Naomi fez uma careta. — Dar um jeito de parecer que vocês transaram, ou te beijar a força apenas para a ver. Sei lá, vai saber o que a cabeça doente dela.
— Pensei que vocês eram amigas. — observei achando bem estranho ela falando aquilo.
— Não. Aquela menina não tem amigos. — fez uma cara de nojo. Nossa, aquilo foi pesado. — Nunca fomos amigas, eu sou amiga da Samanta. — agora fazia total sentido. — E até converso com a Sara, mas a Sophie não consegue me descer de jeito algum. — deu de ombros. — Mas quem se importa, não é mesmo? — Naomi sorriu. — Me passa a geleia, por favor. — lhe entreguei o que pediu.
— Pelo menos assim sabemos que você não vai falar nada para Sophie. — e Naomi me olharam. — Ué, o Troy e o fizeram o maior escândalo na quinta porque eu e o nos beijamos, e você certamente percebeu isso e se tocou que era mentira sobre nós sermos namorados.
— Ah, sobre isso. — ela riu dando um tapinha no ar. — Eu já tinha visto que era mentira, mas não se preocupem, sou cega, surda e muda. — nós três rimos juntos. — E qualquer coisa ainda aumento um pouco e falo que na verdade o te pediu em casamento.
— Olha, acho que ela iria morrer de ódio se você falasse isso. Gostei, mate ela de ódio. — brinquei dando um sorriso largo.
— Hm, então vamos precisar de um anel. — entrou na minha brincadeira. — Espera, vou dar um jeito nisso. — catou algo em cima da mesa e ficou mexendo naquilo. — Pronto. — pegou minha mão e colocou uma argola branca feita com o arame de amarrar o pão em meu dedo anelar. — Estamos noivos agora. — suspendi a mão analisando meu novo anel.
— O que você acha Naomi? — mostrei para ela segurando minha risada.
— Achei maravilhoso. — pegou minha mão e o analisou também. — O que importa é o que simboliza, não é mesmo? — com aquilo nós gargalhamos, e automaticamente as pontas de meus dedos tocaram o cordão de que estava em meu pescoço. — Quero ser uma das madrinhas desse casamento.
— Pode deixar que iremos te chamar. — garanti e senti a mão se repousar em minha coxa. Olhei para ele com um sorriso singelo e seu olhar se cruzou com o meu. — Podemos nos casar na praia?
— Só se for nessa praia aqui. — alisou minha perna. — Não aceito outra.
— Justo. — encostei minha cabeça em seu ombro.
— Ai, desculpa, mas derreti aqui com vocês dois. — Naomi disse dando uma risada. — Parem de ser lindos juntos, assim eu vou querer até arranjar alguém também.
— Joe está aí para isso. — soltei e ela me olhou rapidamente. — Não? Ok. Sem Joe.
E para não precisarmos voltar para casa e lidar com a minha mãe enchendo o nosso saco, passamos o dia com a Naomi, conversando com ela, vendo filme e comendo. A cozinheira fazia tanta coisa gostosa que sentia que tinha engordado no mínimo uns vinte quilos de tanto doce que comi. Tirando o almoço espetacular, aquela coisa bem de rico mesmo, com frutos do mar e vinho. Nossa, eu comi que quase cheguei a lamber meus dedos de tão gostosa que estava àquela comida. No meio da tarde nós até chegamos a cochilar os três deitados na cama vendo um filme chato na Netflix, mas nosso sossego teve fim quando Joe apareceu e nos acordou.
— Caralho! — soltou bem alto me fazendo acordar em um pulo. — Todo mundo está procurando vocês dois a porra do dia todo! — reclamou parecendo bem irritado. — Custa levar a merda do celular quando vai sair?
— Calma, cara. — já acordou passando a mão no rosto. — Nem lembramos de pegar o celular quando saímos. — tentou nos defender.
— O vai matar os dois. — ergui minhas sobrancelhas com o que Joe falou. — A Jess está torrando a paciência dele por causa do sumiço de vocês, e ele está quase surtando.
— Maravilha. — me sentei na cama e passei a mão no cabelo de minha nuca. — Fica aqui que vou resolver as coisas por lá. — falei com .
— Claro, e você vai levar esporro sozinha. Não estou vendo muita lógica nisso. — rebateu no mesmo instante. — Nem pensar que você vai sozinha bater de frente com sua mãe e o . — já se levantava da cama passando a mão em seu cabelo tentando arrumá-los.
— É sério, . Minha mãe não precisa pegar mais birra de você por nada. — disse para ele levantando também. — Deixa que resolvo essa merda. — esfreguei meu olho com o indicador tentando espantar o sono.
— Não. — então segurou meu rosto com as duas mãos me fazendo olhar dentro de seus olhos. — Não vou deixar você sozinha, ok? Agora e nem nunca. Estou do seu lado. — a única coisa que fiz foi juntar meus lábios nos dele. — Vamos antes que a sua mãe coloque a polícia atrás de nós. — se afastou e segurou minha mão.
— Beija mesmo, pois será o último beijo de vocês depois que chegarem naquela casa. — Joe comentou e saiu andando na frente.
— Tchau, Naomi. — acenei para ela. — Foi bom passar o dia contigo. Muito obrigada por tudo.
— Que isso, não precisa agradecer. Foi ótimo passar o dia com vocês. — sorriu para nós.
— Valeu por tudo, ficamos te devendo essa. — agradeceu, então saímos do quarto. — Espera. — disse me puxando para dentro do banheiro.
— O que foi? — perguntei preocupada tentando entender o que estava acontecendo.
— Só quero fazer uma coisa que fiquei com vontade de fazer o dia todo. — respondeu juntando seus lábios nos meus logo em seguida.
Automaticamente fiquei na ponta dos pés para ganhar mais altura e passei meus braços ao redor de seu pescoço, o puxando ao meu encontro já retribuindo o beijo com intensidade. Suas mãos seguraram minha cintura com força, fazendo nossos corpos se encontrarem. A forma como ele me beijava me deixava completamente inebriada, e desejando por mais daquilo. Sentia que não conseguiria parar de beijá-lo se alguém não nos separasse, ou se ele mesmo não fizesse aquilo. Até que alguém bateu na porta, mas mesmo assim não nos afastamos, apenas ignoramos intensificando ainda mais o beijo.
— Tem como vocês saírem daí de dentro? — Joe pediu sem paciência.
— Estamos indo. — respondeu afastando sua boca da minha. — Mais cinco minutos. — nós dois rimos.
— Mais cinco minutos e a Jess abre essa porta com uma arma. Andem logo. — voltei a beijar , que agora me encostou contra a porta fazendo um barulho alto. — Visivelmente vocês não sabem o que é limite.
— Joe, larga de ser chato. Já estamos indo. — reclamou, e mordi seu lábio inferior o sugando de leve. — Ou não. — falou comigo com um sorriso no rosto.
— Ou não. — segurei sua nuca e juntei nossas bocas com urgência.
! — Joe chamou muito contrariado. — Dá para ser ou está difícil? — e nos separamos enquanto eu rolava os olhos.
— Você não sabe o quanto está difícil. — respondeu me fazendo rir, então passou seus lábios por cima dos meus.
— Me poupe dos detalhes e saiam daí. — rebateu, então me virei para abrir a porta, mas me prendeu contra ela, beijando meu ombro e passando as mãos na minha barriga.
— Assim fica mesmo difícil sair. — comentei virando meu rosto para o lado que o dele estava. — Muito difícil. — segurei a maçaneta e a puxei para baixo, mas segurou minha mão. — Não quero sair daqui, mas prometo que vou dar um jeito de ficar sozinha contigo mais tarde.
— Vou cobrar. — então finalmente se afastou dando um sorriso safado.
Saímos do banheiro e Joe estava encostado na parede ao lado da porta com os braços cruzados. Ele olhou para mim e depois para que estava logo atrás, revirou os olhos e bufou saindo andando em direção a porta da frente. Segurei a mão de e fomos andando atrás de nosso amigo. Quando colocamos o pé para fora da casa, eu já ouvi minha mãe berrando e a vi passar pela calçada e vir em nossa direção.
— Sua irresponsável! — segurou meu antebraço com força e começou a me puxar. — Aonde você estava o dia todo com esse garoto? — ela me arrastava em direção à casa de tia Anne. — Está achando que pode sair desse jeito, como bem entender e falar o que quiser?!
— Hey, para com isso! Não tenho mais dez anos! — puxei meu braço de volta, ela estava realmente me machucando. — Primeiro de tudo, não quer dizer que sou irresponsável apenas porque sai sem celular, até onde eu saiba não tinha compromisso contigo e nem com ninguém! — comecei a falar alto. Se ela queria show, ela teria um show. — Segundo, estamos de férias aqui, e viemos para curtir, não para ficar trancados dentro de casa olhando para a sua cara de que nada está do seu agrado. — minha mãe me olhava com muita raiva. — Terceiro! Esse garoto tem nome e sobrenome, e se chama . Acho bom você começar a tratar ele direito, pois não sou obrigada a te ver tratando meus amigos como bem entende apenas por achar que não são bons o suficiente para andar comigo ou com o . — apontei para que estava com as sobrancelhas erguidas surpreso com meu ataque. — Estamos cansados de você julgar nossos amigos! Um tem muito dinheiro e é filhinho de papai, o outro tem de menos e é um pobre. Que inferno! Se decida o que é realmente bom, pois parece que nada nunca está bom! — levantei meus braços e bati com minhas mãos em minhas coxas com tanta força que chegou a arder. — E quarto, se quer tanto saber aonde passamos o dia. Nós estávamos aqui à porra do tempo todo, com a Naomi. — então levei um tapa na boca.
— Não fala palavrão! — berrou comigo, e eu já senti o gosto de sangue na boca. — Não foi assim que te eduquei! Você está andando muito com esses garotos mal educados, está ficando que nem eles! — e voltou a segurar, mas agora foi meu braço, o apertando com força.
— Jess, solte ela. — mandou usando um tom de voz bem sério. Então paramos e eu o olhei desesperada, implorando com o olhar para que ficasse calado. — Ela é sua filha, e não uma qualquer para estar tratando-a assim só porque estava comigo o dia inteiro. Não estávamos fazendo nada de errado, ficamos vendo filme com a Naomi. — vi a morena aparecer na porta de casa assustada com aquele escândalo.
— E quem você acha que é para me dizer o que devo ou não fazer com a minha filha? — fechei meus olhos vendo que aquilo só faria minha mãe odiar ainda mais . — Você nunca mostrou a cara, ficou se escondendo atrás de uma tela por três anos, e agora aparece achando que pode falar assim comigo? — abri meus olhos e olhei para que estava extremamente sério. — No caso, se você não for um maníaco, no mínimo não é ninguém relevante que eu deva me importar com a opinião.
— E como você chegou nessa brilhante conclusão? — tirou sarro e riu um pouco, debochando. Nossa, minha mãe iria enfiar a mão na cara dele. — Só porque não gosto muito de tirar fotos e ficar mostrando quem sou por aí, expondo minha vida por todos os cantos, isso não quer dizer que seja um psicopata, ou menos importante que você, ou sei lá que bosta você acha de mim, quer dizer apenas que gosto de ser discreto. — se aproximou de nós. — Mas na minha frente você não vai tratar a desse jeito. — segurou o pulso de minha mãe. — Então a solte agora, ou vamos ter realmente uma briga de verdade aqui. — ele a encarou com suas sobrancelhas unidas, e finalmente minha mãe me soltou. Pude sentir a circulação de meu braço voltar. — Muito obrigado. — me puxou para perto dele. — E eu agradeceria muito mais se parasse de julgar as pessoas sem conhecê-las.
— Chega, , ela já te odeia o suficiente agora. — sussurrei para ele que passou a mão pela minha cintura como se estivesse me protegendo.
— Sujeitinho petulante! — disse e se virou voltando para casa quase furando o concreto.
Me virei e abracei , enfiando o rosto em seu peito e começando a chorar de nervoso. Ele me envolveu com meus braços, me prendendo contra seu corpo afagando meu cabelo e dando um beijo no topo de minha cabeça. Odiava ficar brigando assim com minha mãe, na verdade detestava discutir com os outros, apesar de fazer isso à maioria das vezes, só que eu não podia deixar que ela falasse daquele jeito, ainda mais se referir a de tal maneira. Eu estava cansada de ter que ouvi-la sempre falar merda dos meninos, era a mesma coisa com , , Charlie, Derik, Troy, Stephen e Miguel. Acho que as únicas pessoas que ela realmente gostava era o A.J., Theo, Joe, Bradley e , isso porque não conhecia o Eric, ou também não gostaria dele apenas pelo fato dele ser gay, e achar que por esse motivo eu e nos tornaríamos também. No fim, quase ninguém era bom o suficiente para ela, e eu simplesmente já estava farta daquilo, em ter sempre que tolerar o olhar recriminador dela ou sua cara feita para os meus amigos. E embora não gostasse de falar aquilo, ele reclamava sempre a mesma coisa comigo, sobre ficar irritado como nossa mãe tratava os outros, principalmente as pessoas que gostamos. Já ele, ou contrário de mim, se mostrava a disposição em ouvir as merdas calado, e obedecer absolutamente tudo o que lhe era mandado, mas eu simplesmente não conseguia ficar na minha, e quando não começava a discutir ou a ser irônica, apenas pegava minhas coisas e saia de perto.
Senti alguém me abraçar também, e virei o rosto vendo Joe ali, e logo depois outra pessoa, mas pelo perfume senti que era Naomi. Ficamos os quatro ali por um tempo até que me afastei, secando meu rosto molhado e passando as mãos na regata branca de como se aquilo fosse secá-la. Ele segurou meu rosto e o levantou me fazendo encará-lo, mas só consegui fechar meus olhos e sentir mais um par de lágrimas escorrem pelas minhas bochechas. Seus polegares deslizaram sobre meu rosto e seus lábios tocaram minha testa dando um beijo suave ali.
— Não fica assim. — pediu, e eu apenas assenti com a cabeça. — Estou contigo. — abri meus olhos e o encarei, forçando um pequeno sorriso. — Vamos entrar, os vizinhos não param de nos olhar. — olhei discretamente ao redor e percebi que algumas casas tinham suas portas abertas com seus respectivos donos na frente. — Odeio muita atenção em cima de mim. — apesar de ser verdade aquilo me fez rir pelo jeito que ele falou.
— Ok. — foi tudo o que consegui dizer.
Joe e Naomi nos soltaram, e enfim fomos para a casa de tia Anne. Quando entramos estava o maior silêncio, estava sentado no sofá da sala mexendo em seu celular e quando me viu entrar me encarou com raiva. Apenas abaixei a cabeça e segui para o quarto que estava dormindo, Joe e vieram atrás, e quando abri a porta me deparei com meus pais, tia Anne, e , enquanto minha mãe fazia um discurso sobre educação, aquela que eu e nem tínhamos, mas parou quando nos viu de pé ali na porta. Já senti meu rosto se esquentar de raiva, e eu estava pronta para começar mais uma briga, até que papai sorriu e se levantou.
— Estava pensando que poderíamos ir comer fora, o que acham? — ele ignorou completamente minha mãe e veio em nossa direção. — Pelo amor de Deus, digam que é uma ótima ideia, não aguento mais Jess reclamando o dia inteiro no meu ouvido. — sussurrou para nós que rimos daquilo.
— Podemos ir na Toppers. Lá é grande, podemos montar a nossa própria pizza e a massa é ótima. — Naomi sugeriu, e eu agradeci por aquilo, pois não fazia ideia de onde poderíamos comer. — E é perto daqui, uns cinco minutinhos de carro.
— Perfeito. — disse meu pai e depois apontou para Naomi. — Gostei dessa menina.
— Muito obrigada. — ela fez reverência e nós rimos.
— Avise aos meninos, e você leve suas amigas. Quanto mais gente melhor, sua mãe reclama menos. — a última parte ele cochichou para mim.
— Acho que ultimamente ela não tem ligado muito para plateia. — comentei e meu pai riu. — Sério, ela deu um belo show lá fora, você perdeu.
— Não tem problema, estava tendo reprise aqui dentro. — deu um soquinho em meu ombro. — Agora vá avisar aos outros, nós saímos daqui há meia hora.
— Está bem. — saímos do quarto e fomos para a sala. — , o pai disse que vamos sair para comer, fala com os meninos e se arrumem, vamos sair em meia hora. — passei o recado.
— Aonde você estava a merda do dia todo? — perguntou meu irmão bem irritado jogando seu celular de lado.
— Não começa você também, . — o cortou usando um tom de voz tão irritado quanto o dele. — O dia estava ótimo até dez minutos atrás, você não precisa estragá-lo ainda mais.
— Só se foi para os dois, porque o nosso foi um inferno por causa de vocês. — acusou se levantando do sofá.
— Nossa gente, era só ir lá em casa perguntar se sabíamos dos dois, qualquer uma de nós teria dito que eles estavam comigo, até mesmo se o Joe tivesse respondido minha mensagem eu teria falado isso à ele. — Naomi rebateu jogando uma indireta em nosso amigo que a olhou no mesmo instante. — Tanto estresse por pouca coisa, vocês deveriam tomar um calmante. — falou e saiu andando. — Nos vemos daqui a pouco. — bateu a porta da frente assim que passou por ela.
— Sua pergunta está respondida agora? — questionei e me olhou respirando fundo. — Ótimo, agora vai falar com os outros. — fez um gesto para que ele saísse logo dali e parasse de nos olhar daquele jeito.
passou pelo e fez questão de esbarrar no ombro dele que não fez nada apenas ergueu as sobrancelhas com tamanha idiotice. Soltei o ar e joguei minha cabeça para trás me perguntando quantos dias meus pais ficariam ali, pois achava que já tinha sido o suficiente para um dia só, e olha que nem fiquei muito tempo perto de minha mãe. Sem dúvidas as férias tinham começado a ficar comprometidas, e sentia que iríamos todos surtar em pouco tempo.
Suspirei e senti a mão de segurar a minha, então olhei para ver o que era e percebi que ele estava olhando meu pulso, desci meu olhar e vi a marca dos dedos de minha mãe ali. Fechei seus olhos já sabendo que as coisas iriam começar a ficar piores, mas aquela não era a primeira vez que eu tinha marcas daquele tipo. As pontas do dedo de tocaram meu ombro e eu apenas abaixei a cabeça supondo que o local também deveria estar marcado. Ele me puxou em direção as escadas, então o acompanhei indo para o segundo andar e entrando no banheiro. Fui colocada sentada em cima da pia sem entender o que estava fazendo, até que levantou meu lábio superior e aquilo doeu, me fazendo recuar.
— Me deixe ver. — pediu, e fiz uma careta. — Acho que cortou na hora que sua mãe bateu na sua boca àquela hora.
— Cortou. — confirmei sua dúvida, pois ainda sentia gosto de sangue na boca. — . — segurei suas mãos, mas ele não queria ficar parado, queria ver como estava meu machucado.
— Me deixe ver. — me olhou sério, então deixei. — Nossa, está bem feio isso. — fez uma careta. — Como vou te beijar agora? — uniu as sobrancelhas parecendo bem irritado com aquilo.
— Assim. — o puxei pela camisa fazendo com que ficasse entre minhas pernas. Então juntei nossos lábios com cuidado, iniciando um beijo calmo. — Quero que você relaxe. — falei assim que nos afastamos. — Já estou acostumada com isso. — sorri sem vontade.
— Relaxar? — ergueu as sobrancelhas. — Ela te machucou, não tem como ficar relaxado com isso. — segurei seu rosto para que se acalmasse.
— Relaxa. — falei baixo e bem devagar na esperança de que aquilo fosse realmente fazer com que ficasse calmo. — Não vai adiantar nada você ficar nervoso, ela não vai mudar por isso. — encostei minha testa na dele. — Só fica comigo. — pedi e ele me beijou.
— Isso é sério? — perguntou, e nos afastamos vendo ele parado na porta do banheiro. — Se a mãe sabe que você está no banheiro...
— Foda-se a mãe. — falei um pouco nervosa. — Quer usar o banheiro?
— Quero. — respondeu, então desci da pia. — Ela te bateu de novo? — quis saber, e percebi que meu irmão estava me reparando.
— Nada de novo sob o sol. — disse saindo do banheiro deixando eles dois para trás. — Vou me arrumar. — avisei e desci.
Entrei no quarto e ignorei todo mundo, indo direto para o banheiro. Tranquei a porta, prendi meu cabelo e me despi, tomei um banho rápido. Quando saí do box, já me sequei rapidamente, me maquiando logo em seguida. Refiz o curativo de minha mão, enrolando uma atadura dela, o corte ainda estava bem grandinho e não tinha cicatrizado ainda. Acho que no final das contas aquilo tinha sido mais fundo do que realmente parecia.
Sai do banheiro quando terminei e vi tia Anne, e estavam se arrumando. Não falei nada e fui até minha mala pegando um vestido preto que era coladinho no corpo com mangas compridas e bem aberto na parte de cima que deixava meus ombros expostos e meu colo bem amostra, mas ele era um pouco mais comprido, e isso era bom, pois esconderia o roxo enorme que ainda tinha na minha coxa. O vesti, colocando um sutiã tomara que caia para me dar um pouco mais de peito, e puxei o cordão de deixando que caísse sobre a roupa. Calcei meu Vans sk8-hi, e por fim passei meu perfume. Amarrei meu cabelo em um coque bem alto e bagunçado deixando alguns fios soltos. Já que iríamos na pizzaria tomei minha enzima para não passar mal.
— Aonde você e o estavam? — perguntou com cautela, então a olhei dando um pequeno sorriso demonstrando que estava tudo bem falar comigo.
— Na casa das meninas, ficamos lá o dia todo com a Naomi, comendo e vendo filme. — expliquei e me sentei na cama. — Minha mãe irritou muito vocês?
— Sua mãe estava deixando o louco. — disse se sentando na cama e calçando seu sapato. — Podia ter pelo menos avisado que estava aqui do lado.
— Eu não sabia que íamos para lá, a pretensão era sair para comer e voltar logo depois. — torci os lábios sabendo que minha amiga tinha razão.
— A Jess pode ser minha irmã, mas tem horas que ela é insuportável. — tia Anne começou a falar enquanto passava seu batom. — Não achei nada demais vocês ficarem fora. Super normal.
— É, geralmente só avisar onde estamos já é o suficiente, e ela não costuma encher o saco por isso. — me encostei na parede, vendo minha tia limpar o canto da boca que tinha borrado. — Não que esteja errada em ficar preocupada, só que achei que não tinha necessidade de fazer aquele escândalo todo e ainda mais infernizar vocês por conta disso.
— Infernizar? — minha tia me olhou de um jeito sério. — Não queria, se ela tivesse infernizado teria sido menos pior. Ela criou o perfeito caos nessa casa. Parecia que o tinha te sequestrado e vendido para algum país do norte da Europa. — acabei rindo do que ela disse. — Ainda mais depois que você disse que ele era um aliciador de mulheres, acho que ela realmente acreditou nisso.
— Coitado do , não alicia nem a cachorra da vizinha. — soltou e eu senti um duplo sentido naquela frase, mas aquilo fez todas nós rimos.
— Enfim, desculpe por isso. Da próxima vez eu aviso aonde estou... — parei para pensar um pouco. — Inclusive se eu sumir novamente, inventem uma desculpa qualquer para minha mãe.
— Ah, não. O que você vai fazer?! — já perguntou em um tom de acusação. — Se você desaparecer de novo eu te busco pelo cabelo. — levei minha mão até meu peito e fiz cara de surpresa, rindo depois.
— Nada demais. —torci meus lábios. — Talvez eu e o daremos um perdido na saída da pizzaria.
— Meu Deus, vocês vão transar? — berrou, e eu arregalei meus olhos.
— Não! Que mané transar. Não sou você. — joguei na cara dela dando uma risadinha. — Eu quero conversar com ele, e não consegui fazer isso hoje porque estávamos com a Naomi. Só isso.
— Hm, conversar. Sei como vai terminar a conversa. — minha prima me lançou um olhar maldoso. — Usa camisinha. — rolei os olhos e dei as costas saindo do quarto e indo para a sala.
— Não, não! — ergui minhas sobrancelhas ao ouvir minha mãe falar. — Você não vai sair com esse tênis.
— Qual é o problema com o tênis? — olhei para ele. Até que não estava tão sujo.
— É um tênis! — a encarei ainda sem entender o que tinha demais naquilo. — Esse vestido é lindo para usar com essa porcaria que está no seu pé... De onde saiu isso? — apontou para o cordão.
— Eu dei de presente de aniversário para ela. — respondeu por mim já descendo as escadas.
Quando vi como ele estava vestido cheguei a suspirar. Como sempre estava lindo, cheio de anéis, e seu relógio com pulseira de couro. Seu cabelo estava molhado e jogado para o lado, e ele vestia uma calça preta, rasgada nos joelhos, uma blusa azul clara de botões, com as mangas dobradas até os cotovelos, e parecia que ela tinha pequenas estampas de flor de lis em um tom de azul um pouco mais escuro. Em seus pés tinha um par de botas de couro preto e com bico fino. Vi que ele tinha colocado um colar com uma pena de prata pela abertura de sua camisa que até mesmo deixava suas tatuagens do peito a mostra, algo que minha mãe certamente iria reprovar. Ela não gostava de tatuagens e vivia recriminando as minhas, e , bem, ele era um copo cheio, com seu braço lotado delas.
— Gostou? — ele quis saber, e minha mãe o olhou o reparando de cima embaixo no mínimo umas três vezes.
— É de prata? — minha mãe se aproximou de mim e pegou o pingente.
— Claro que é de prata. — afirmou dando um sorriso de lado. — Acha mesmo que eu daria para ela qualquer porcaria? — ri um pouco e minha mãe soltou o pingente como se estivesse com nojo de ter tocado.
— Mas acho que você errou o presente, não é nenhum pouco religiosa. — o olhou com um sorrisinho no rosto e foi até onde estava. — Nem me lembro quando foi a última vez que ela foi a uma igreja.
— Não importa se é religiosa ou não, o que importa é que ela gostou. — rebateu, e minha mãe riu.
— Acha mesmo que ela gostou? — fez uma cara de desdém. — só está usando aquilo para não te magoar. — deu dois tapinhas leves no ombro de , e eu achei aquilo bem afrontoso, ela certamente queria ver até aonde ele iria. — Talvez você devesse conhecer melhor a minha filha antes de falar essas coisas, ela tem o péssimo habito de dizer que gostou das coisas e até mesmo usá-las na frente da pessoa apenas para não deixá-las tristes. — falou enquanto fechava os botões da camisa dele. — Está melhor assim, agora parece gente decente. — ajeitou sua camisa.
— Gosto de parecer indigente mesmo. — ele apenas foi passando os dedos pelos botões que foram fechados os abrindo novamente. — A propósito. — se esquivou de minha mãe e veio andando em minha direção. — Você está magnífica. — disse pegando minha mão direita e beijando as costas dela.
— Muito obrigada. — agradeci abaixando e dobrando minha perna. — Você está deslumbrante. — sorri para ele.
— Tudo isso para você. — falou mais baixo apenas para que eu escutasse dando um lindo sorriso, que me fez sorrir também.
— Olha que daqui a pouco eu acredito. — brinquei e ele riu.
— Nossa, Bradley! — minha mãe disse empolgada nos fazendo olhar para ver do que ela estava falando. — Você está lindo. — é, ele estava bem vestido, mas não chegava nem aos pés do . — Não é mesmo, ? — pegou Brad pela mão e o virou em minha direção.
— Bradley sempre está bem vestido. — respondi dando um sorriso sem mostrar os dentes. — Gosto do estilo dele, das roupas que usa. — aquilo era verdade, e eu não deixaria de elogiar meu amigo por causa da gracinha que minha mãe estava fazendo.
— Muito obrigado, você também está linda. — Bradley sorriu para mim. — E você também Jess. — se virou para minha mãe.
— Então, vamos esperar lá fora. Vou no carro do já que provavelmente vai na pick-up, e a no Honda dela. — apontei com meus polegares para a porta.
— E por que você não vai com o Bradley? Ele está aqui por sua causa. — minha mãe questionou e eu passei minha língua por dentro de minha bochecha achando aquilo extremamente irritante. — Eu sei que você gosta de conversar com esse rapaz, mas acho injusto deixar seu melhor amigo de lado. — senti o sangue me subir quando ela chamou o de rapaz, era impressionante como minha mãe gostava de me deixar nervosa simplesmente de graça.
— Não se preocupe com isso, Jess. — Brad sorriu para minha mãe e depois nos olhou. — Já combinei com as meninas de dar carona a elas. — respirei aliviada por ele ter feito algo para me ajudar.
— Que meninas? — minha mãe olhou para ele muito interessada em saber quem eram.
— As vizinhas, elas vão conosco. — deu de ombros, e eu sorri.
— Já que isso está resolvido, vamos esperar o pessoal lá fora. — me virei e sai andando.
— Você vai mesmo com esse tênis horroroso? — apenas ignorei e continuei a ir para o lado d fora com em meu encalço.
Eu realmente estava tentando entender o motivo dela estar tratando o daquele jeito. Tudo bem que ele falou umas verdades para minha mãe, mas ela já não gostava dele antes disso. Sei que minha mãe queria que eu ficasse com Bradley, só que mesmo assim nada justifica, e isso me deixava profundamente irritada. Parecia que sabia que eu estava com e fazia questão de tentar me fazer ficar infeliz só porque ele me fazia bem. Sei lá, eu não queria pensar naquilo.
— Ela é sempre assim? — perguntou quando saímos de casa.
— Não, geralmente é pior. — brinquei e me virei o puxando pela camisa, me encostando na lateral de seu Corolla. — Ainda não te agradeci por estar sendo tão maravilhoso hoje. — segurou minha cintura e juntou seu corpo no meu. — Na verdade você é sempre maravilhoso, mas hoje em especial está sendo mais. — sorri de leve. — Obrigada por tudo que está fazendo por mim. — passei meu nariz na lateral do seu fechando meus olhos.
— Não tem o que agradecer. — seu nariz deslizou pela lateral do meu e seus lábios quase me beijaram. — Eu só quero te ver bem, e vou fazer qualquer coisa para isso.
— Vou cobrar. — abri meus olhos e o olhei, seus olhos estavam me encarando com intensidade. — Ai, para de me olhar assim. — ri um pouco e virei seu rosto.
— Olhar como? — ele já estava rindo comigo e voltou a me olhar dentro dos olhos do mesmo jeito que antes.
— Assim! — joguei minha cabeça para trás escorrendo um pouco pela lateral do carro e encostando minha cabeça no teto dele. — Fico mole assim. — brinquei e voltei a ficar de pé normalmente.
— Acho que o carro está um pouco sujo para você estar se esfregando nele desse jeito com esse vestido preto. — ai que me toquei o que estava realmente fazendo. — E vou admitir que está me deixando louco com esse vestido. — fingi ter ignorado o que ele disse e me virei de costas.
— Aí, vê se sujou. — empinei minha bunda e olhei por cima do meu ombro. me olhou quase me engolindo com os olhos e deu um sorriso safado de lado.
— Você gosta de me provocar, não é? — comentou passando a mão nas minhas costas a limpando, até chegar em minha bunda dando uns tapinhas nela para tirar a sujeira. — Caralho, . — disse puxando meu vestido para baixo e cobrindo novamente um pedaço de minha coxa, já que o tecido tinha subido quando deslizei pela lateral do carro. — Você vai me fazer perder a cabeça desse jeito. — sussurrou em meu ouvido me deixando arrepiada, colocou suas mãos sobre a minha que estavam no teto do Corolla e juntou seu corpo no meu.
— Gente, que menino tarado. — soltei uma risadinha e mordiscou meu pescoço. — Eu nem fiz nada. — falei em um tom malicioso e passei minha bunda dele, dando um sorriso de lado.
— Não está fazendo nada, né? — passou seu nariz em minha orelha e depois os dentes por ela. — Sonsa. — rimos juntos. — Já disse que acho seu pescoço lindo?
— Não. — olhei por cima de meu ombro.
— Eu acho ele muito bonito, mas seria uma pena se ficasse marcado, não é? — e então colocou seus lábios contra a pele de meu pescoço, mas me fazendo pular e afastá-lo, enquanto riamos.
— Idiota. — me virei e o empurrei pelo peito, mas ele segurou meus pulsos e me puxou para perto, me dando um selinho. — Vai borrar meu batom! — reclamei rindo, e ele me soltou, então comecei a limpar seus lábios que tinham ficado manchados de vermelho.
— Me provoca mais um pouco que você vai ficar sem batom e mais outras coisas. — disse segurando minha cintura.
— É? Mais o que você vai tirar? — provoquei terminando de limpar a boca dele.
— Seu... — antes de conseguir terminar a frase, Sophie já apareceu.
— Oi! — ela sorriu, então a olhei vendo que estava com uma saia jeans tão curta que se abaixasse daria facilmente para ver a bunda dela.
— Oi. — uni as sobrancelhas. Logo as outras meninas foram aparecendo. — Naomi e Ella vão comigo, com o e com o Joe. — informei antes que a Sophie entrasse no Corolla e não saísse de lá por nada.
— Ué, vocês já dividiram quem vai com quem? — Sophie me olhou de nariz torcido.
— Não, só quem vai no carro comigo e com o . — rebati e coloquei a mão no bolso da frente da calça dele puxando a chave de seu carro. — Você pode ir com quem quiser, tem mais cinco carros a sua disposição. — dei uma piscadinha e destravei o Corolla. — Licença. — abri a porta do carro e entrei nele.
entrou no carro deixando Sophie para trás. Já peguei meu celular que tinha enfiado no decote do vestido, preso no sutiã e mandei uma mensagem para Joe, avisando que ele iria conosco ou a loira oxigenada iria acabar se enfiando no carro, e ficaria enchendo a nossa paciência, ou menor, do . Coloquei meu celular no console e abaixei o quebra-sol, olhando no espelhinho se meu batom não tinha borrado. Ri quando vi chegando perto de mim e passando seu nariz em minha orelha, me provocando.
— Para que está ajeitando o batom se vou tirar ele? — perguntou já beijando meu pescoço me causando um arrepio.
— Porque preciso chegar inteira na pizzaria, ou minha mãe vai dar mais escândalo. — me virei de lado no banco e coloquei meu pé direito em cima de sua perna, deixando as minhas abertas. — É uma pena que você não pode fazer nada. — comentei passando o indicador em minha coxa e levantando um pouco a barra de meu vestido, mas do que já estava.
Mordi o canto de meu lábio inferior enquanto olhava para fixamente, e aos poucos fui soltando, os deixando entreaberto. Seus olhos estavam encarando meus lábios, depois foram descendo pelo meu corpo até parar em minhas pernas, fui deslizando minha mão por minha coxa e puxei o meio da barra do meu vestido para baixo, escondendo minha calcinha que embora fosse preta e não desse para ver por ali dentro estar com uma meia luz que vinha do lado de fora, ainda assim estava à mostra. Sorri de lado e fiz um biquinho, negando com a cabeça, indicando que ele não deveria nem ao menos se mexer, e isso o fez rir baixinho, balançando sua cabeça fazendo seus cabelos caírem sobre seu rosto.
— Caralho, . — Murmurou, e eu continuei do jeito que estava. — Você está muito ferrada. Só isso que tenho para te dizer. — Disse e se ajeitou no banco, arrumando sua calça e depois tirando meu pé de sua coxa, limpando o jeans preto que tinha sujado. — Você vai pagar muito caro por isso.
— Ainda bem, porque não gosta de coisas baratas. — Voltei a me sentar normal no banco do carona, puxando meu vestido para baixo, o arrumando em meu corpo.
Naomi, Ella e Joe entraram no carro, fazendo nosso assunto terminar. O pessoal foi saindo de casa, então tivemos que esperar para poder sair, já que o Silverado dos meus pais em cima da calçada bloqueando a passagem de todo mundo. Nem ao menos podia reclamar do tamanho do carro deles, pois o Ford F-150 meu e de era tão grande quanto. Talvez fosse de família gostas e pick-up, e das monstruosas ainda.
Olhei para e vi que ele estava bem sério, olhando para o lado de fora, com a mão na boca segurando seu lábio inferior. Eu sabia perfeitamente o que estava fazendo. Provocar e ver louco era meu objetivo, e parecia que estava conseguindo fazer isso perfeitamente com tão pouco. Gostava de fazer isso por saber o que viria depois seria melhor do que o esperado, pois quando ficamos com muita vontade de fazer ou comer algo, quando fazemos, era extremamente gostoso. Sei disso por experiência própria. A vontade elevava os sentidos e tudo virava um grande “boom” de sensações, bem, pelo menos era assim para mim.
Meus pais saíram de casa com tia Anne, que trancou a porta. Finalmente tiraram o carro de trás do nosso. O pessoal foi entrando nos outros carros, enquanto já tirava o dele da vaga. Como Naomi sabia aonde era a pizzaria, fomos na frente e os outros vieram nos seguindo. Era bem perto, como a menina tinha falado, em cinco minutos chegamos lá. pegou outro caminho para buscar Eric, e eu achava engraçado que agora, depois de ter descoberto que o loiro não tinha nada com e que não tinha ficado comigo no dia da festa, ele o tratava super bem, como se já fossem amigos há anos.
Desci do carro com meu celular na mão e puxando meu vestido para baixo, e estava começando a me lembrar o motivo de não usá-lo muito, aquela porcaria ficava subindo o tempo todo por ser colado no corpo. Entreguei meu iPhone para que guardasse no bolso de sua calça, eu detestava ficar carregando as coisas. Caminhamos os cinco juntos até a porta da pizzaria e esperamos pelo resto do pessoal, inclusive que estava demorando um pouco, e com isso minha mãe já começava a reclamar. Para sair de perto e não ficar ouvindo as bobagens que dizia, entrei no lugar e pedi para a moça arrumar uma mesa com vinte e sete lugares.
Por fim meu irmão chegou, e fomos nos sentar. Deixamos nossas coisas na mesa e fomos montar nossas pizzas. Acabei dividindo uma de pepperoni com . Entregamos a pizza no balcão, pagamos e pegamos o alarme, que apitaria quando ela estivesse pronta. Voltamos e nos sentamos no nosso lugar, e nem ali no meio de todo mundo ele deu trégua, e passou a mão em minha coxa disfarçadamente. Dei um tapinha nela, para que a tirasse ali, mas me apertou, e eu não pude fazer nada, a não ser olhá-la com as sobrancelhas erguidas. A sorte que meus pais estavam sentados na outra ponta, bem longe de nós para ver qualquer coisa.
— Isso não vale. — Reclamei segurando uma risada.
— Agora existem regras? — Rebateu me fazendo ficar boquiaberta.
— Regras? É um jogo agora? — Questionei.
Nós sabíamos a resposta para aquilo, e sim, era um jogo, onde o primeiro a ceder às provocações iria perder. E ali estava o grande problema, nós éramos jogadores do mesmo nível e perder não era uma opção, só que a carne era fraca, então não tinha menor ideia de como aquilo poderia terminar, mas sabia que os ataques ficaram cada vez mais arriscados e intensos, e honestamente, eu amava aquilo.
— E não é? — ergueu uma sobrancelha.
— raposavermelha527 acabou de entrar no jogo. — Sorri de lado, e ele riu. — Se prepare para perder duendeverde669.
— Eu nunca perco. — Então soltei uma gargalhada alta. — É mentira?
— Claro que é mentira! Quem te matou da última vez que jogamos? — Joguei em sua cara, lembrando bem que eu tinha quase descarregado toda a minha AK nele.
— Aquilo não valeu, foi roubado. — Riu também.
— Roubado? Admita, Stytes, você não consegue ganhar de mim nem em um joguinho de tiro. — Falei me aproximando dele em um tom baixo de voz. — E admita que vai perder esse jogo também. — Coloquei minha mão em sua coxa e passei minhas unhas compridas por cima de seu jeans, e ele segurou minha mão na mesma hora, me causando uma risada.
— Se eu ficar duro aqui no meio da pizzaria quero ver o que você vai fazer. — Resmungou com seu rosto quase colado no meu.
— Eu vou rir, oras. O que você acha que eu iria fazer? — Me afastei dele e peguei meu celular que ele tinha colocado sobre a mesa. — E claro, declarar que ganhei.
— Ah, então quer dizer que se eu ficar com uma ereção que você vai ganhar? — estava muito indignado.
— Exatamente. — Respondi sem tirar os olhos da tela de meu celular.
— E como eu ganho isso? Não dá para saber quando você fica excitada. — Arrancou o aparelho da minha mão. — Estou vendo uma desigualdade aqui. — Colocou seus cotovelos sobre a mesa, fechando suas mãos com meu iPhone no meio delas e apoiando seu queixo nelas.
— Dá sim. — Tentei pegar meu celular, mas ele não deixou.
— Sobre o que vocês estão falando? — perguntou sentando na nossa frente junto com .
disse que não dá para saber quando fico excitada. — Respondi com simplicidade e riu ato.
— Claro que dá, você vai ficar molhada. — Minha prima respondeu e a encarou em uma pergunta muda de como ele iria descobrir quando eu estava ou não daquele jeito. — Ué, é só enfiar a mão na calcinha dela, simples. — E naquele momento eu tive que rir.
— Nossa, mas é óbvio que a vai me deixar enfiar a mão na calcinha dela sem enfiar a mão dela no meio da minha cara. — falou fazendo uma cara muito engraçada. — Gostei muito do seu conselho, depois você pode me pagar um tratamento dentário.
— Disponha. — sorriu para ele enquanto riamos. — Olha, uma sugestão, você pode fazer que nem a , usar uma dentadura e com isso não terá mais problemas em perder os dentes. — Uni as sobrancelhas tentando entender do que ela estava falando. Que dentadura? Eu não usava dentadura, o máximo que tive foi um dente quebrado, mas ele já estava colado no lugar como se nunca tivesse acontecido nada. — Ué, tanto tapa na boca que essa menina leva, daqui a pouco vai está que nem o Dustin do Stranger Things. — Embora ela estivesse falando sério, eu dei uma risada daquilo achando engraçado, me lembrando do menino gordinho e fofinho falando. — Acho que vou te dar um Corega de presente de aniversário atrasado para você colocar a perereca na sua boca para ela não cair com o próximo tapa na boca que a tia Jess te der. — ria tanto que estava quase caindo da cadeira, e eu não estava muito atrás, mas estava sério. — O que foi, ? Why so serious? — Imitou o coringa falando.
— Só não vejo graça na apanhando. — Explicou cruzando os braços, e isso nos fez parar de rir. — A boca dela está toca cortada por causa dessa babaquice. Até parece que um tapa na boca vai fazer com que ela deixe de falar as coisas, isso não resolve nem para criança, quem dirá para uma mulher de 25 anos. — Nossa, ele estava realmente incomodado com aquilo.
— Tia Jess te bateu de novo? — e me encaram bem sérios. — Eu falei de brincadeira, não pensei que ainda fazia isso. — Abaixei levemente a cabeça um pouco sem jeito por causa daquilo. — Ela só te deu um tapa na boca? — Minha prima segurou minha mão que estava sobre a mesa. — Você sabe que pode me contar as coisas.
— A está com o braço roxo também. — dedurou bem nervoso.
— Está de sacanagem, né? — começou a ficar irritado. — Essa mulher tem que parar com essa merda! — Disse um pouco alto, e tampou a boca dele. — O que é? Não vou ficar quieto. Ela acha que pode fazer o que quiser só por que é mãe? Já estou cansado disso!
, não faz escândalo aqui dentro. — Minha prima pediu. — Só vai fazer as cosias ficarem piores. — Mas meu amigo apenas se remexeu na cadeira contrariado.
— Fico puto com essa merda. — bufou e me olhou. — Que nem aquela vez que você fez a tatuagem no braço. Nossa, eu queria matar aquela mulher, mas você não deixou! — Passou as mãos nos cabelos se lembrando do episódio, e me lembro bem que se não fosse pelo , sabe-se lá o que teria acontecido de verdade.
— O que ela fez? — quis saber na mesma hora.
— Nada, deixa isso para lá. — Interrompi, mas sabia que não iria ficar de boca fechada.
— O que ela não fez. — Já começou a falar, e eu apenas cobri meu rosto com a mão, com vergonha daquilo. — Cara, eu cheguei na casa deles, e a e a Jess estavam aos berros no banheiro. Eu fui correndo para ver o que estava acontecendo, e as duas estavam embaixo do chuveiro de roupa e tudo. A Jess batia na com um cinto. Essa menina já estava toda machucada, com nariz sangrando, com a cara cortada, teve que levar ponto no supercílio e tudo. A louca até bateu com a cabeça dela contra a parede do box... — Não estava mais aguentando lembrar daquilo, então o interrompi.
— Chega de lembrar isso. — Pedi, e agora me olhava, certamente reconhecendo a cicatriz que eu tinha certinha logo embaixo da sobrancelha.
— Você disse que tinha se machucado quando perguntei como conseguido a cicatriz. — Falou muito sério, e comecei a achar que aquilo daria uma briga entre nós.
— Eu machuquei, oras. Quando ela me jogou para dentro do box molhado eu escorreguei e bati com o supercílio no registro. — Expliquei o que realmente tinha acontecido, e engoli em seco. — Não foi nada demais. — riu sem vontade. — E também não gosto de falar dessas coisas, deixa isso quieto. Já passou de qualquer forma.
— O demais seria a sua morte por espancamento, né. — Meu amigo rebateu. — Mulher maluca, precisa de tratamento.
— Agora faz sentido a e o terem ficado irritados com você por ter batido no Daniel. — finalmente encaixou as peças, e isso me fez abaixar a cabeça. — Eles não querem que você seja que nem ela.
— Gente, vamos mudar de assunto. — Pedi e levantei a mão, chamando a garçonete. — Vão querer beber o que? — Forcei meu melhor sorriso.
E o clima ficou super pesado entre nós quarto. Eu queria apenas desaparecer e só voltar quando minha mãe fosse embora, já que parecia que seria a única coisa que faria tudo ficar normal novamente. devolveu meu celular, então fiquei mexendo nele, vendo fotos no Intragram tentando distrair a minha cabeça, até que entrei no meu perfil e comecei a ver as minhas fotos, até que cheguei nas da época que minha mãe havia me batido por causa da tatuagem, e eu simplesmente soltei meu iPhone, o fazendo com que batesse sobre a mesa de madeira. Levantei sem falar nada e desci as escadas. Fui para o lado de fora, olhando para os lados procurando um lugar que eu podia ficar sozinha só por um momento. Vi um velho fumando, então andei até ele.
— Licença. — Dei um pequeno sorriso. — O senhor poderia me arrumar um cigarro? — Pedi.
— Posso. — Tirou seu maço do bolso e me entregou. — Isqueiro? — Ofereceu, e eu peguei de sua mão já acendendo o cigarro que estava entre meus lábios.
— Obrigada. — Devolvi o maço de cigarros e o isqueiro ao velho.
Sai andando, procurando a minha pick-up pelo estacionamento, e achando o enorme carro azul parado no final do lugar. Abri a caçamba e subi nela, sentando de lado e encostando, dobrando uma perna minha para cima sem me importar de estar de vestido, já que para o outro lado dava para o canal, além de estar bem escuro ali. Encostei meu cotovelo em meu joelho e levei minha unha do dedão até minha boca, a mordendo sem roer, enquanto pensava nas coisas e tentava abstrair, separar tudo e colocar em seu devido lugar.
Não queria que meu dia terminasse mal, eu tinha acordado tão feliz e não podia deixar que minha mãe estragasse as coisas desse jeito, mas aquilo tudo era uma perfeita teoria do caos. Fiz coisas para que elas chegassem naquele ponto, e mesmo que se eu voltasse no tempo e começasse tudo de novo, tomando cuidado para não errar em nada, ainda assim algo ainda daria errado, poderia não ser comigo, mas poderia ser com ou com , poderia ser com qualquer um. Só o que acabei aprendendo com o tempo, é que as coisas não podem ser mudadas, elas têm que acontecer exatamente daquele jeito, e pensar que tudo poderia ser diferente se apenas mudasse um ponto, poderia me levar facilmente à loucura, como já aconteceu antes. Então, agora em vez de me lamentar e chorar sobre o leite que foi inevitável de ser derramado, eu me distanciava da situação, para me acalmar e depois retornar, para enfim, lidar com mais clareza, embora que às vezes eu simplesmente perdesse o meu próprio controle e agisse com a minha mãe, usando minha imponência e agressividade para dar um jeito no que estava acontecendo, sabia perfeitamente que fazer aquilo, daquela forma, só me levava ainda mais para o meio do caos no qual se tornaria um grande efeito borboleta, pois absolutamente tudo estava conectado.
Traguei meu cigarro lentamente, sentindo a fumaça me invadir e joguei a cabeça para trás, soprando para cima, vendo a pequena nuvem branca se formar e logo depois sumir vagarosamente no ar. Fechei meus olhos apenas ouvindo o barulho as coisas ao meu redor, me aclamando aos poucos. Respirei fundo e levei novamente o cigarro até meus lábios, e os deixei ali, soltando a fumaça pelo nariz.
Fiquei ali até acabar de fumar, e aqueles cinco minutos foram o suficiente para conseguir encaixar as peças no lugar e decidir que não deixaria minha mãe influência no meu dia daquela forma. Embora eu ainda não estivesse bem, pelo menos agora estava mais calma. Não queria mais entender os motivos dela para me tratar daquele jeito, eu só queria que o problema fosse resolvido, e esse problema era comigo, o problema era me importar demais com coisas que não mereciam nem ao menos um terço da minha atenção, o problema estava dentro de mim, e só eu poderia resolver aquilo. Então era isso que iria fazer.
Levantei, joguei a guimba do cigarro fora e puxei meu vestido para baixo. Desci da caçamba da pick-up e a fechei. Passei a mão em minha roupa, a limpando e por fim, caminhei lentamente de volta para a pizzaria, com a cabeça erguida, determinada de que nada o que a minha mãe fosse falar, me colocaria para baixo novamente. Passei pela porta, cruzei as mesas e subi as escadas, indo direto para a mesa que estávamos. Vi o pessoal conversando e quando passei alguns olhares viraram em minha direção. Puxei minha cadeira e me sentei ao lado de , que ficou me olhando, assim como e . Abri um sorriso e peguei meu celular, já procurando por um aplicativo na App Store.
— Estava fumando? — perguntou, e o olhei, certamente eu deveria estar com cheiro de cigarro.
— Uhum. — Murmurei ainda olhando para o celular.
— Você quer ir embora? — Ofereceu em um tom de voz bem cuidadoso, como se eu fosse explodir para cima dele a qualquer segundo.
— Não, estou com fome. — Respondi e achei o que queria, então coloquei para baixar, me virando e dando atenção para . — Sei que está preocupado, mas está tudo bem. — Sorri de forma meiga para ele.
— Não está. — Disse colocando a mão sobre minha perna e olhando dentro dos meus olhos.
— Então faça ficar. — Pedi deixando meu sorriso sumir. — Eu preciso de você. — E ele me abraçou de lado, me fazendo encostar a cabeça em seu ombro.
— Vou fazer de tudo para te ver sorrir. — Beijou o topo de minha cabeça. — A propósito, você está chamando bastante atenção com esse vestido. — Começou falando de um jeito divertido. — Uns caras quase quebraram o pescoço quando você passou, e o Bradley foi um deles. — Ri um pouco daquilo. — Não vou mentir que estou incluído no meio deles, até porque seria impossível não te olhar. — O empurrei e cutuquei sua costela, o fazendo pular e rimos juntos. — Mas tenho um segredo sobre isso. — Uni minhas sobrancelhas sem entender sobre o que estava falando. — Vem cá, é um segredo, não posso falar alto. — Chamou com o indicador, então me aproximei e levou seus lábios até minha orelha. — Eles podem olhar o quanto quiserem. — Sussurrou de um jeito sexy, me fazendo ficar arrepiada, sua mão alisou minha coxa. — Mas mal sabem que não vão conseguir nada, porque você é minha. — Fechei meus olhos e abaixei a cabeça, ele sabia perfeitamente como me provocar.
— Só sua? — Questionei baixinho só para que ouvisse.
— Me diga você. — Falou passando os dentes no lóbulo de minha orelha.
— Chega. — Me afastei sentindo que não iria conseguir me controlar por muito tempo.
— Ora, ora, isso quer dizer que ganhei? — tinha um sorriso vitorioso no rosto.
— Melhor de três. — Ergui uma sobrancelha e dei um sorrisinho de lado.
— Fechado. — Fechou a mão e nós demos um soquinho, selando o acordo.
O nosso alarme começou a apitar e a piscar, então fomos buscar a nossa pizza. Quando voltamos, a dos outros já foram ficando prontas. Pelo jeito todo mundo estava com bastante fome, pois ninguém falou nada quando estava comendo. Eu como a boa abusada ainda peguei um pedaço da pizza de , que estava com uma cara deliciosa. Quando terminei me joguei para trás na cadeira e passei a mão em minha barriga, a estufando parecendo que eu estava grávida.
— Quero ser a madrinha. — comentou soltando uma risada.
— Só se eu for padrinho também. — rebateu nos fazendo rir.
— Meu filho! — brincou e colocou sua cabeça em minha barriga. — Chuta para o papai. — Então fiz pressão, a fazendo pular. — Nossa, ele tem um chute forte. — Caímos na gargalhada com isso. — Vai ser Placekicker. — Neguei com a cabeça com aquela palhaçada toda nossa.
Olhei para a tela do meu celular e lembrei do aplicativo que tinha colocado para baixar mais cedo. Peguei aparelho e já sorri, olhando para , e . Eles já começaram a rir sabendo que tinha algo por vir.
— Baixei um aplicativo de Karaokê! — Virei meu iPhone para eles.
— Eu quero jogar! — Troy já se meteu na conversa pegando o celular da minha mão, nos fazendo rir. — Vamos fazer batalhas! — Já começou a ditar as regras como sempre fazia.
— Como vai ser as baralhas? — Perguntei interessada naquilo já apoiando meus braços sobre a mesa.
— Vou sortear quem vai ir contra quem, e vamos fazendo por eliminatórias de pontuação. — Explicou e pegou seu celular. — Vou sortear, vocês podem ir escolhendo as músicas que vão cantas. — Me devolveu o aparelho.
— Já sei qual que vou cantar! — já disse todo empolgado com algo em mente. — Você vai cantar o que? — Já virou para , colocando seu braço no encosto da cadeira dela.
— Não sei, estou pensando. — Comentou e pegou seu celular.
— Deixa eu ver se tem a música que pensei. — Comentei e joguei o nome da banda na busca. — Meu Deus! Tem! — Já dei um pulinho.
— E que música seria para não ter? — já esticou o olho para cima de mim, e eu escondi meu iPhone em meus peitos. — Segredo, é? — Cutucou minha cintura, me fazendo rir.
— Você vai ver. — Fiz cara de metida. — Troy, já fez o sorteio?
— Já. — Mostrou quem iria com quem.
Troy seria contra , eu iria contra Eric, contra Naomi, Joe contra e contra . Troy já colocou sua música para tocar, que era My First Kiss, e ficamos o ouvindo cantar enquanto fazia uma performance muito engraçada, eu e já começamos a bater palma no ritmo da música para animar a coisa toda, e o pessoa foi nos acompanhando, e fazíamos parte do “Ooooooh”. E não é por nada não, mas ele cantava muito bem, sua carinha de criança enganava bastante, pois ninguém nunca dava nada por ele, e aquele menino sempre se superava, dando sempre o melhor de si. Assim como para mim, perder não era uma opção.
— 94! — Berrou colocando o aparelho na mesa e se levantando da cadeira, pulando. — Chupa essa Styes! Quero ver você ganhar! — Minha mãe já olhava para ele com um olhar recriminador, mas apenas fingi não ver.
— Troy, Troy, você esta jogando com o cara errado. — Pegou o celular com um sorrisinho no rosto. — Vamos ver aqui. — Digitou o nome da música. — Preparado para perder? — Ergueu uma sobrancelha.
— Você pode tentar, mas duvido que vá conseguir. — Troy o desafiou.
Ouvi então Locked Out Of Heaven tocar, e eu arregalei meus olhos. Não tinha ideia se sabia cantar e se ele não tivesse voz para alcançar as notas mais altas iria perder bem fácil. Então ele começou a cantar e eu pendi minha cabeça de lado, até que ele era afinado. Todo mundo ficou quieto e começou a prestar atenção em , e como um bom amigo fazia os “Ooh!” que tinha no meio da letra. Meus olhos iam se arregalando conforme ele ia cantando, e não era apenas por causa de sua voz maravilhosa e sim pela letra, nunca tinha reparado nela apesar de gostar da música. Meu Deus! queria acabar comigo! Só podia ser! Mordi o canto de meu lábio inferior enquanto o olhava com atenção, fascinada em sua voz e no que cantava. Céus, eu precisava daquele homem mais do que qualquer outra coisa na minha vida, ele mexia comigo de uma forma surreal que eu não sabia lidar com aquilo, só queria sentir e sentir, até meu coração parar de bater.
soltou o celular e me olhou dentro dos olhos, tacando o foda-se para a legenda, mas visivelmente não precisava dela, pois continuou perfeitamente sem errar. Ele soltou três rasgados que fez o pessoal gritar, vibrando com aquilo, eu até queria fazer o mesmo, mas estava hipnotizada demais em seus olhos que olhava dentro dos meus, me causando arrepios apenas com aquilo e um frio gostoso na barriga.
‘Cause you make me feel like. — Seu tom elevou, me fazendo ficar impressionada com aquilo mais do que antes. — I've been locked out of heaven. — Podia ver a veia de seu pescoço saltando, e eu sentia que iria escorrer pela cadeira e cair no chão. — For too long. — Segurei meu queixo e cobri meus lábios com meu indicador, sem tirar os olhos do , ainda abismada com aquela criatura.
Ele não podia estar fazendo isso comigo! Não mesmo! Eu queria beijá-lo até ficarmos com falta de ar, roubar todo seu fôlego para mim, e dizer o quanto gostava dele. Respirei fundo, mas ela foi entrecortada, sentia que meu coração batia cada vez mais forte dificultando o ar entrar em meus pulmões. Definitivamente não sabia mais como reagir, só conseguia ficar olhando para fixamente enquanto ele cantava, fazendo caras e bocas, que digam-se se passagem eram deliciosas. Isso me fazia até mesmo juntar as sobrancelhas e puxar fortemente a barra de meu vestido para baixo, juntando minhas pernas que começavam a ficar suadas enquanto meus pés iam se levantando, ficando na ponta dos dedos. Aquilo era tortura demais, não poder tocá-lo naquele momento, não poder fazer absolutamente nada a não ser olhá-lo tão de perto, sendo tão... tão... Que inferno! Tão gostoso! Tão maravilhoso! Tão delicioso cantando daquele jeito! Eu sentia que estava ficando louca, e não podia demonstrar nada para mudar aquilo ou acabar com aquela vontade dele que só crescia cada vez mais dentro de mim. Sem dúvidas tinha ganhado o nosso jogo de provocação depois daquilo, pois meu corpo reagia ao dele de forma monstruosa, era completamente inexplicável aquilo.
Acho que só consegui respirar que nem uma pessoa normal quando finalmente acabou aquela música. Cara, eu iria sonhar com aquilo. Nossa, minha cabeça estava até levemente tonta, e acho que era pela falta de oxigenação, pelo menos era isso que eu queria pensar no momento.
— 100. — Disse simplesmente virando o celular para Troy, que o encarou assim como todos nós estávamos, boquiaberto.
— Puta que pariu! — bateu na mesa super empolgado! — Esse é o cara! — Apontou para e o pessoal começou a gritar. — Vou ser seu agente!
— Menos, . — ria um pouco. — Bem menos.
, fecha a boca, está babando na mesa. — zombou e eu a olhei, rindo de mim mesma.
— Boba. — Senti minhas bochechas ficarem vermelhas. — Nós ainda vamos continuar jogando depois disso, é bem obvio que o vai ganhar.
— Eu ainda não cantei. Como pode dizer que ele vai ganhar? — disse bem brincalhão, e eu gostei daquilo, era sinal que ele estava relaxando.
— Verdade. é muito bom. — Observei e peguei meu celular. — Quer passar a baralha sua e do na frente? — Ofereci. — Tudo bem para você, Eric? — Olhei para o loiro.
— Sem problema. — Sorriu.
— Pode ser, me passa o celular. — Meu irmão pediu, e eu estiquei meu braço, mas pegou o aparelho e entrou para . — Me deixe escolher. — Começou a procurar. — , você nunca vai me ganhar.
— É o que vamos ver, coloca a música ai e o aplicativo quem vai decidir. — disse como se já estivesse garantido.
— Ok. — Deu o play, e quando ouvi as primeiras notas não acreditei.
Era Can't Help Falling In Love, do Elvis que meu irmão iria cantar, eu amava Elvis! E quem não amava Elvis, não e mesmo?! Ele começou a cantar de um jeito tão lindo que meus olhos se encheram d’água. Meu Deus! Que coisa mais linda, e ele ainda deu uma olhadinha para a . Minha mãe olhou atenta para , certamente analisando o que estava acontecendo, e eu só vi minha amiga afundando na cadeira como se quisesse se esconder. Encostei minha cabeça no ombro de e passei meu braço pelo dele, sem tirar os olhos de . Nossa, ele cantava tão bem, e a forma como fazia parecia tão apaixonado, que a minha vontade era de colocar ele e dentro de um potinho, e guardar para que ninguém fosse capaz de estragar o que eles tinham.
For I can't help. Falling in love with you. — Cantou a última parta da música olhando para . Céus, eu iria dar um treco por eles! — 100. — Virou o celular para .
— Esse negócio ai está errado! — acusou, não querendo perder.
— Cala a boca, ! Ele foi maravilhoso. — Defendi secando o canto de meus olhos que estavam molhado. — Escolhe sua música, vai. — Falei na tentativa de tirar atenção de cima de e , pois a minha amiga estava extremamente vermelha.
— Me dê esse celular aqui que vou mostrar quem manda. — Pegou o aparelho e colocou Wiggle, eu quase cai da cadeira dando uma gargalhada. — I got one question. How do you fit all that in them jeans?
, você não presta! — Falei ainda rindo enquanto ele continuava.
Hot damn it, your booty like two planets.
o olhou cruzando os braços quando ele começou a cantar, como se estivesse em uma batalha de rap com a minha prima. Eu estava vendo a hora que o prato iria voar na cara dele por causa da letra daquela música. Ela estava bem séria olhando para , enquanto todo mundo zoava, e ria. Minha prima passou a mão nos cabeço os jogando para trás, e pela sua cara, estava se segurando para não enfiar a mão nele.
You know what to do with that big fat butt — Nossa, quando ele cantou aquilo dando uma checada em , eu senti que ele perderia alguns dentes.
, vai ter volta. — Foi à única coisa que disse e se virou para frente. — Idiota.
— Cara, ela vai te socar. — Comentei, e riu do meu lado. — Não ri não que o que é seu está guardado.
— Meu? O que eu fiz? — Arregalou os olhos e fez cara de inocente.
— Nada. Como era mesmo a letra da música? Ah, sim. Open up your gates ‘cause I can't wait to see the light. — Joguei na cara dele uma parte dela. — Espera só para você ver. — A única coisa que fez foi rir.
— O que? — gritou. — Esse celular está roubando! Não posso ter tirado só 85! — riu gostando bastante daquilo.
— Agora é minha vez. — Ela tomou o aparelho da mão dele e colocou Womanizer.Superstar. Where you from, how's it going? — Apontou para que ergueu as sobrancelhas.
— Uh!!! — Nós falamos em coro enquanto ela cantava fazendo gestos.
You say I'm Crazy, I got you crazy, you're nothing but a womanizer — Ele podia ter dormido sem essa. — Daddy-O You got the swagger of champions — Então virou a cara para ele e deu um sorrisinho.
— Pode ir para casa, ela te colocou no chinelo! — Charlie que nem estava na brincadeira se meteu apenas para zoar. — Regra número um, nunca brinque com um , eles não sabem brincar. — eu o dedo do meio para o amigo.
— Não sabem mesmo. — concordou e nós rimos.
Lollipop, must mistake me as a sucker — Se virou novamente para e deu um toque em seu queixo. — To think that I would be a victim not another — Apontou para si mesma e deslizou a mão por seu corpo. — Say it, play it how you wanna, but no way I'm ever gonna fall for you, never you, baby — Novamente berramos em coro e batemos na mesa.
— Essa doeu até em mim! — Theo berrou da outra ponta fazendo todos rirem.
Ficamos vendo tirar , e aquilo estava engraçado demais! O meu amigo tinha uma cara de merda muito engraçada, eu ria tanto que minha barriga estava até doendo. Quando minha prima acabou ela eu um beijinho no ombro e sorriu para , entregando o celular para Naomi, que já logo escolheu uma música qualquer e começou a cantar. ganhou a partida delas, e Joe pegou meu iPhone colocando o que ele iria cantar para tocar, quando terminou passou para , e ai todos já a olharam, ansiosos para saber o que ela iria cantar. Então ouvi os primeiros acordes de Still Into You, do Paramore. Aquela música era muito fofa, e meus olhos já brilharam.
It's not a walk in the park to love each other, but when our fingers interlock — E novamente eu queria berrar! Não tinha casal mais fofo que aquele na face daquela. e foram feitos um para o outro! — Can't deny, can't deny you're worth it — Minha amiga cantava, mas nem sequer tirava os olhos da tela do celular. — ‘Cause after all this time I'm still into you — Vi suas bochechas ficarem vermelhas, mas ninguém ousou falar nada, e ela continuo cantando de forma séria. — Let 'em wonder how we got this far — Foi inevitável não soltar um gritinho nessa parte e , mas eu não recebi um olhar de reprovação como imaginei, muito pelo contrário, em seu rosto tinha um sorriso enorme. Eu queria abraçar os dois. — Some things just make sense and one of those is you and I — Me joguei para trás e a cadeira desequilibrou, então me agarrei na mesa como um gato, fazendo até mesmo errar a letra, e por fim desistir, soltando o celular.
— Não! — Gritei. — Você vai terminar essa música! — Apontei para ela.
— Eu já errei a letra, vou perder de qualquer jeito. — Deu de ombros, e eu torci os lábios.
— Sem graça. — Reclamei e peguei meu iPhone. — Já sei que vou perder, mas preciso cantar assim mesmo.
Então bem plena limpei minha garganta e fiz uma pose, arrumando minha roupa segurando uma risada, pois sentia o olhar de todos sobre mim, inclusive de que estava ao meu lado. Sua mão passou pela minha coxa, e eu apenas a tirei dali com um tapa, mas não o olhei para ver qual foi sua reação com aquilo. Joguei Push And Shove, do No Doubt na busca e logo apareceu ela, a música era grande, mas eu sabia a letra dela todinha de tanto que já cantei a mesma aos berros no chuveiro, pulando e usando o vidro de shampoo como microfone. Coloquei para tocar e deixei o aparelho sobre a mesa, não precisava ver a letra. me olhou e riu quando reconheceu a música, eu gostava tanto dela que até ele já estava de saco cheio de ouvi-la. Abaixei a cabeça e a balancei um pouco, e quando chegou a parte do primeiro verso, a levantei.
You can work it give it to me straight when you smooth operate. Can you come out and play? — Comecei a cantar e olhei para com um sorrisinho de lado. — Make my tic talk step up to the plate. No underestimate. No, never play it safe — Neguei com o indicador.
— Que isso hein! — Charlie lá estava novamente colocando pilha.
Continuei cantando e fui mexendo meu corpo, em uma dança em cima da cadeira, fazendo caras e bocas provocando que me olhava atentamente. Passei a mão em meus peitos e fui descendo pela lateral de meu corpo, sem me preocupar se aquilo deixaria minha mãe irritada por ser um pouco obsceno, ainda mais por causa da letra da música.
You work it hard — Joguei meu corpo para frente, aproximando meu rosto do dele e fui vindo para trás lentamente, como se tivesse sido jogada para frente e puxada para trás. — Boy you got me good — Cantei de um jeito sexy olhando dentro dos olhos de . — How you push and shove — Sorri de lado e rebolei em cima da cadeira, fazendo até mesmo os pés dela arrastarem no chão. — Ooh boy you’re hustlin’ me.
Então começou a cantar a parte do rap que ele tanto gostava, e eu continuei dançando e apontei o dedo para meu amigo, que mandava ver na letra. Passei as mãos em meu pescoço e olhei para com um sorrisinho safado. Eu e íamos intercalando os refrãos que eram cantados e com rapper.
Anytime anyplace we blaze — Cantei e joguei minha cabeça para trás.
Fui cantando a letra até o final, fazendo questão de provocar em todos os pedaços possíveis, para ele sentir o que eu senti quando ele cantava. Sabia que minha voz não chegava nem aos pés da dele, mas aquela música não exigia muito da minha capacidade vocal que era péssima, então abusava das caras e bocas que podia fazer, além as passadas de mão em meu próprio corpo, demonstrando que ele não poderia me tocar mesmo se quisesse muito, além de chegar bem perto dele e sair logo em seguida, rindo da sua cara. O pessoal ria com a minha zoeira, mas sabia que aquilo era muito mais do que uma brincadeira. E por fim acabei de cantar.
— Olha! 89. — Até me impressionei quando deu aquela nota.
— Mas não valeu, o te ajudou. — Troy rebateu no mesmo instante.
— Relaxa, vou perder de qualquer jeito. — Ri e passei meu celular para Eric
— Você não faz ideia da vontade que estou de te beijar agora. — falou discretamente em meu ouvido. — Se a sua intenção era aguçar a minha imaginação, você conseguiu com perfeição. — Seu tom de voz era muito provocativo. — Você deveria correr o mais rápido que consegue agora, ou vou te beijar aqui mesmo, na frente de todo mundo. — Riu um pouco, passando seu lábio inferior pela minha orelha.
— Então vou faz isso agora. — Simplesmente me levantei da mesa e sai andando, me plena com passos rápidos. Ouvi o arrastar de cadeira e olhei por cima do ombro, vendo levantar. — Fodeu! — Gritei já rindo e comecei a correr, descendo as escadas rapidamente e pulando os últimos degraus.
Quase derrubei uma mulher que passava com sua pizza, mas me esquivei dela e fui em direção à saída. Não parei quando cheguei do lado de fora, se fizesse isso iria me alcançar, e eu sabia que o juízo dele não era muito bom, e seria capaz de me agarrar ali mesmo. Sem pensar muito foi em direção aos carros, pelo menos no estacionamento eu poderia me esconder. Olhei para a pizzaria e eu vi alguns amigos de pé na enorme janela, olhando lá para baixo, certamente apostando se iria conseguir me pegar ou não. Entrei atrás de um carro e corri abaixada, e entrei atrás de outro, para ele não ver para onde eu tinha ido. Agachei atrás de um Nissan, e coloquei minha mão na boca para não rir e me entregar. Conseguia ouvir os passos dele, pois o salto de sua bota fazia bastante barulho quando andava, mas eles pararam, então me levantei bem devagar e olhei discretamente por cima da mala do carro, e me viu. Voltei a correr o mais rápido que minhas pernas conseguiam, e fui para a rua, correndo pela calçada. Olhei por cima do ombro e não vi mais ele. Uni as sobrancelhas achando estranho ter desistido, mas meus olhos se arregalaram quando viram o Corolla vinho saindo do estacionamento. Ferrou muito! Me virei e voltei a correr, dobrando a esquina, mas parei abruptamente quando o carro invadiu a calçada fechando meu caminho, comecei a andar de costas, só que já deu a volta por trás, me cercando. Não tinha mais para onde eu ir, mas ainda assim tentei fugir.
— Foi bom jogar com você. — Disse e me pegou pela cintura me impedindo de dar um jeito de sair dali. Ele tomava um pouco de fôlego, enquanto eu estava ofegante. — Mas eu ganhei. — Repousei as mãos sobre seu peito rindo um pouco. estava certo, ele havia ganhado, mas antes que eu rebatesse qualquer coisa, seus lábios se juntaram com os meus.
Automaticamente fiquei na ponta dos pés e segurei sua nuca com um pouco de força, o beijando com vontade. Eu queria aquilo tanto quanto ele desde que saímos de casa. Sabia que já estava bem na cara que tínhamos algo, afinal, minha mãe de burra não tinha nada, mas deixaria explicito que tínhamos, seria bem pior, já que ela falaria na nossa cara que não estava de acordo com aquilo, argumentando que o não era bom o suficiente que ele não que me daria um futuro. Sinceramente a única coisa que eu queria era ele no meu futuro, onde estaríamos seria de menos importava. Ai que droga, estava muito apaixonada pelo . Sentia que tinha entrado em um caminho sem volta, e dali para sempre seria ladeira abaixo.
Senti a mão de segurar minha cintura com mais força, e juntar ainda mais nossos corpos. Nos beijávamos com tanta intensidade que meu ar estava começando a faltar, e minha cabeça estava dando uma pequena vertigem por isso. Então me afastei dele rindo um pouco daquilo, afinal, era engraçada aquela euforia toda, e ele acabou rindo comigo, me abraçando.
— Foi ótimo jeito que você arranjou para sairmos da pizzaria sem precisar que ninguém viesse atrás de nós. — Comentou e rimos mais um pouco daquilo. — Mas de qualquer forma não sei se iria aguentar ficar muito tempo sem te beijar.
— Isso só por que cantei aquela música? — Ergui as sobrancelhas com um sorriso no rosto.
— Não, a música foi de menos, apesar de que você ficou bem sexy cantando ela. — Brincou mordendo a ponta e meu nariz. — Vem, vamos sair logo daqui antes que alguém venha atrás e nos encontre.
— Seria uma pena se nossos celulares tivessem ficado lá dentro, não é? — Soltei uma risada o empurrando pelo peito, enquanto ria junto comigo.
— Seria uma pena mesmo. Talvez eu tenha deixado o meu em cima da mesa na hora que sai correndo atrás de você. — tinha um sorriso enorme no rosto. — Para onde você quer ir? — Perguntou dando uns passos para trás.
— Eu pediria para você me levar para os céus, mas isso seria humanamente impossível. — Já fui andando até a porta do carro e a abrindo.
— Posso te levar aos céus de outro jeito. — Ele fez uma cara de pervertido.
— Ah, cala a boca, . — Mandei entrando no lado do carona enquanto ria.
Ele entrou e nós saímos logo dali, ficamos ouvindo música sem falar nada. Abri a janela do Corolla e coloquei metade no meu corpo para fora quando passamos na frente da praia. O em vez de virar a rua que continuava para a direita, ele entrou na areia, me fazendo gritar e rir por causa daquilo. Aquele garoto era louco, acabaríamos ficando entalados ali, mas ele não era tão idiota assim e logo chegou na parte aonde a areia era dura, bem perto da água. Só paramos quando se criou um banco de areia impedindo a nossa passagem.
A Central elétrica de Oxnard estava bem perto dali, e aquilo me deu uma ideia. Olhei para por cima de meu ombro e sem falar nada lhe dei um selinho apertado, abri a porta do carro e sai correndo. Subi no banco de areia escorregando por ele e sentindo a areia entrar em minha bota, me segurei para não cair e continuei até conseguir. Limpei minhas mãos sujas em meu vestido, e voltei a correr até chegar na grade que me impedia de continuar. Não fiz cerimônia, me agarrei nela e comecei a escalar até chegar no topo dela e pular pelo outro lado. Abaixei meu vestido e olhei para os lados, vendo se alguém tinha me visto. Então votei a correr me desviando das plantas que nasciam ali, pois elas ficavam prendendo meu pé. E lá estava eu novamente, parada na frente de um muro que deveria ter no máximo uns dois metros de altura. Olhei para os lados vendo qual ponto era mais longe da iluminação e então tomei distancia, corri e pulei, me agarrando na parte de cima do muro e começando a escalá-lo. Meu tênis escorregava, mas consegui um ponto de apoio e me empurrei para cima.
— Meu Deus, ! — disse e olhei para baixo, o vendo de pé do outro lado. — Isso está sendo demais até para mim. Vamos ser presos.
— Não seria a primeira vez que vou ser presa nesse verão. — Sorri para ele e olhei para o outro lado. — Não tem ninguém aqui. Parece até abandonado senão fosse pelas luzes acesas. — Analisei o lugar. — Agora larga de ser marica e vem logo! — Passei minha perna esquerda por cima do muro e pulei dele.
Novamente arrumei meu vestido e sai correndo, me escondendo. Fiquei vendo pular o muro, então assobiei e acenei para que ele me visse, então veio correndo em minha direção. Segurei sua mão e corremos em direção de uma torre, que na verdade parecia um farol, ou era uma chaminé? Tanto faz. Fomos até ela e coloquei para subir na minha frente, ou ele ficaria vendo meus fundos, e isso não era uma opção muito agradável. O vento sobrava cada vez mais forte conforme íamos subindo e quando finalmente chegamos no topo, senti falta de um casaco. Nos sentamos na beira da passarela que tinha ao redor da torre e ficamos olhando para o mar. Fiquei balançando minhas pernas até que encostei minha cabeça no ombro de e passei meu braço pelo dele, sentindo um pouco de frio, ele me abraçou, mas aquilo não adiantou muito.
— Vem, senta aqui. — Se afastou um pouco da beira abrindo espaço para que eu sentasse entre suas pernas, então fiz, segurando na barra de proteção para não cair lá embaixo. Seus braços em envolveram em um abraço quente, e agora sim tinha melhorado um pouco. — Melhorou?
— Perfeito. — Sorri e encostei minha cabeça em seu ombro enquanto olhava as ondas quebrando e virando uma espuma branca. — . — Chamei ainda incerta sobre se deveria falar aquilo ou não.
— Oi. — Sua bochecha encostou ao lado de minha cabeça.
— Como é a sua mãe? — Soltei de uma só vez e mordi meu lábio inferior sem saber se deveria de fato tocar naquele assunto.
— Hoje em dia? — Suspirou e eu senti que ele tinha ficado chateado. — Não faço ideia, já tem uns anos que não falo com ela.
— Por que você não fala mais com ela? — Queria ficar quieta, mas a minha curiosidade era maior.
— É complicado. — Seus braços me apertaram um pouco, depois relaxaram. — Meu pai a pegou traindo ele com o vizinho, então se separou dela. Eu tinha uns 15 anos na época, e meu irmão tinha um... — Fiquei surpresa em saber que ele tinha um irmão. — Ele pegou o Noah, as coisas dele e me chamou para ir junto, mas fui idiota o suficiente para ficar. — ficou calado por um momento, certamente esperando que eu perguntasse algo, mas fiquei quieta. — Ela começou a beber e a colocar qualquer um dentro de casa, e os caras abusavam dela... — Tinha um tom de irritação em sua voz. — E nada que eu fizesse ou falasse adiantava. Ela preferia ficar vivendo daquela maneira a dar um jeito naquela situação. Nós só não passamos fome porquê meu pai me mandava dinheiro, então eu sempre fazia comprar lá para casa, apesar de que muitas vezes quando chegava da escola me deparava com um daqueles babacas comendo o que tínhamos. — Aquilo ia ficando cada vez mais pesado, e eu já estava com medo de saber o final daquilo. — Mas a coisa chegou a um limite extremo depois que me formei. Foi na noite do baile da escola, quando cheguei em casa e ela estava brigando com um cara lá, acho que ele se chamava Ralph, sei lá, eram tantos que não dava para gravar o nome de todos. Enfim, eles estavam se atracando, um batendo no outro, minha mãe já estava toda machucada, então me meti na briga. — Ele riu sem graça e negou com a cabeça. — Então ela a me xingar, dizendo que eu não tinha que me meter naquilo. Rebati, falando que não aguentava mais aquela merda toda, falei merda para o cara também, mas ele era três vezes maior... — Se mexeu e levantou a manga de sua camisa. — Essa marca foi da briga. O cara me deu a pior surra que já levei na minha vida, no nível que tive uma fratura exposta aqui. — Olhei a linha que indicou na qual sua tatuagem escondia. — E sabe o que a minha mãe fez? — Voltou a abaixar sua manga enquanto eu negava com a cabeça. — Me mandou embora de casa. Pegou todas as minhas coisas e começou a jogar porta a fora, aos berros. Falando que não precisava de mais problemas na vida dela. — Soltou o ar pelo nariz em uma pequena risada nasalada. — Os vizinhos chamaram a polícia, foi uma confusão enorme. Eu e muito menos a minha mãe prestamos queixa, então não aconteceu nada com o cara. Fui para o hospital e quando voltei ela estava sentada na frente de casa chorando, e quando perguntei o motivo, simplesmente falou que eu não podia ficar ali, porque ela não era capaz de me criar ou cuidar de mim, mas que me amava demais para que visse minha vida arruinada por causa dela, pois tudo que tocava ela conseguia destruir e que não queria que isso acontecesse comigo. — Seus dedos se entrelaçaram com os meus, então o segurei com força. Estava aflita por causa daquilo que estava me contando. — Por fim mandou que eu fosse embora e não procurasse por ela ou nem nada do tipo. Fiquei com tanta raiva daquilo que peguei minhas coisas que ainda estavam espalhadas na frente da casa, coloquei dentro do carro que eu tinha na época e fui embora sem olhar para trás. — Respirou fundo passando seu rosto na lateral da minha cabeça. — Fiquei viajando mais de um ano, procurando uma cidade que eu me sentisse bem, confortável, que me fizesse sentir que estava em casa, mas no final das contas descobri que não acharia nenhum lugar, porque casa quer dizer família, e eu não tenho uma.
— Você ainda tem seu pai e seu irmão. — Lembrei, duvido que eles não o receberiam de braços abertos depois de tudo.
— Não queria que meu pai soubesse o motivo que sai de casa, ou isso só daria mais brigas, e também não queria ir morar com ele na época, só queria ficar sozinho, então disse apenas que estava tirando um tempo para mim antes de entrar na faculdade. — Suspirou e deixou a cabeça cair, dando um beijo em meu ombro nu. — Mas esse tempo nunca acabou, e ai decidi parar em Las Vegas. Arrumei um trabalho por lá e me acomodei, tentando fazer com que lá fosse minha casa. Lá as coisas parecem que estão paradas no tempo, nada muda, pessoas vem e vão, mas sempre são os mesmos tipos, estão ali apenas para curtir uma noite. As luzes continuam piscando na mesma sequência e nunca se apagam, e eu nunca vejo o dia já que fico dormindo para poder ir trabalhar à noite.
— Mas ainda assim você não se sente em casa. — Completei e ele concordou com a cabeça. — E é como se estivesse em um piloto automático.
— Um piloto automático que está ligado há três anos. As mesmas emoções, as mesmas palavras, os mesmos pensamentos e os mesmos sentimentos. — Aquilo era triste eu não conseguiria nunca saber como era aquela solidão que ele sentia, pois ela parecia extremamente profunda. — A única coisa que me fazia sair do padrão era as noites nas quais eu te ligava. — Meu coração ficou acelerado ao ouvir o que disse. — Por mais que às vezes você estivesse triste, ainda assim era a única coisa que me dava um pouco de vida. Falar contigo era como se me mostrasse que o mundo ainda existia fora daquele deserto, mas nunca quis perceber que meu dia dependia da sua voz para ganhar vida. — Ele me abraçou com mais força escondeu seu rosto na curva de meu pescoço. — E ainda não quero. Então esquece isso que falei.
— Não quero esquecer. — Falei e ainda assim não levantou seu rosto. — Fico feliz em saber que faço bem a alguém, e que esse alguém é você. — Passei meu polegar por cima do dele. — Porque você me faz sentir coisas que eu nem lembrava mais como eram, me faz sentir também coisas que nem sabia que era capaz. — Mordi meu lábio inferior com um pouco de vergonha de falar aquilo. — Você me faz feliz, . Eu sou contigo alguém que não era há muito tempo. E quanto estou contigo sorrir se torna algo fácil, e não uma coisa forçada e mecânica. Então não me peça para esquecer algo do tipo, porque não tem como esquecer. — Ele finalmente levantou a cabeça.
— Precisa parar de me fazer gostar de você mais do que já gosto. — Sussurrou em meu ouvido me fazendo ficar arrepiada. — Obrigado. — Me apertou novamente me fazendo sorrir.



’s POV

! — Dei um pulo de susto na cadeira quando ouvi Jess berrar. — Vai atrás da ! — Mandou e isso fez com que ele me encarasse de um jeito cansado.
estava quase tendo um surto de estresse desde que sua mãe chegou, ela só sabia berrar o tempo inteiro com ele e com , mas especialmente com ele por estar por perto o tempo todo. E os berros dela já estavam me dando dor de cabeça. Ela não podia ser um pouco mais calma? Ficar gritando não faria as coisas se resolverem e muito menos que corrêssemos para dar um jeito nelas, só deixaria todos muito nervosos, como estávamos agora.
Olhei para o lado e vi o celular de sobre a mesa e o de estava com Troy. Eles não podiam ser menos displicentes? Podiam pelo menos ter avisado aonde iríamos. Mas não, tinham mesmo que dar o fora e nos deixar com a bruxa, digo, com a Jess? Todos nós queríamos fugir, mas não podíamos. Porém acho que entendia o motivo de fazer isso, talvez se ela falasse aonde iria e que iria sair, sua mãe não deixaria, muito menos se fosse com . Não entendia o motivo, mas ela nutria uma raiva por ele assim que o olhou pela manhã.
, é para hoje! — Jess bateu palmas para que ele se levantasse logo. — Só vamos sair daqui quando e aquele garotinho petulante aparecer — disse com total desdém e isso me incomodou. — Já não basta aquela cena ridícula da sua irmã cantando aquela música nojenta, ela ainda tinha que sair correndo que nem uma criança? Mas deixa estar, vai se arrepender de estar fazendo isso. — Abaixei minha cabeça e fechei meus olhos com força, sentindo minha cabeça doer ainda mais por causa da voz estridente dela. — ! — Cada berro que ela dava do nada era um pulo que eu levava de susto.
— Eu já vou! Tem como você esperar um minuto? — falou alto com ela, claramente começando a perder o controle. — Desculpe.
— Vai atrás da sua irmã! Agora! — mandou e ele se levantou da cadeira.
A grande maioria do pessoal estava ignorando o show que Jess estava dando, essa maioria que sempre a ignorava, enquanto eu, Theo, A.J., Anne, Joe, Brad e Roger tínhamos que ficar ouvindo aquela mulher falar sem parar reclamando de e , sem podermos rebater absolutamente nada, ou entraríamos para sua listinha negra dos odiados, e eu sinceramente não queria entrar nela ou sabia que nunca, e nem nos meus melhores sonhos, conseguiria ter algo de verdade com .
— Eles não estão lá embaixo — disse assim que voltou, ele tomava um pouco de ar.
— Você não procurou direito, procura de novo! — ordenou e eu precisava intervir nisso, ou ela ficaria mandando ir e voltar até ele ter alguma resposta que a agradasse.
— O carro do não está no estacionamento, eles não estão lá embaixo — repetiu com mais calma agora e pausadamente para ver se dessa vez sua mãe entendia.
— Olha, por que não vamos todos para casa e depois eu saio com o para poder ver se achamos a e o ? — sugeri de forma cautelosa, com medo que Jess não gostasse daquilo.
— Hm. — Ela me encarou e depois olhou para . — Pode ser. Mas só me voltem para casa com aqueles dois! — falou com seu jeito prepotente e se levantou da cadeira. — Vamos, Joe e... Como essa garota se chama mesmo? — Apontou para Naomi.
— Meu nome é Naomi. E se a senhora ainda não entendeu, eu posso escrever na minha testa — respondeu se levantando parecendo bem irritada. — E não vou a nenhum lugar com a senhora. Eu vim com o e se ele não está mais aqui, prefiro pegar um uber ou ir a pé do que ir de carona contigo — respondeu em alto e bom som, me fazendo erguer as sobrancelhas com tamanha coragem que teve para falar daquele jeito com Jess.
— Olha aqui garotinha... — Jess começou já toda superior para cima de Naomi, que a cortou logo em seguida.
— Olha aqui você! — Apontou o dedo para ela. — Nem a minha mãe fala desse jeito comigo, não vou deixar qualquer um falar. Aprenda a respeitar os outros, inclusive seus filhos, ninguém é capacho seu para você ficar pisando! Com licença e passar bem! — Bateu com sua mão em cima de sua bolsinha que estava em cima da mesa e saiu andando.
Todos nós ficamos espantados com aquilo, ninguém esperava aquela reação de Naomi. Eu não a conhecia, mas ela sempre me pareceu ser uma garota bem calma, engano meu. Peguei a chave do meu Honda em cima da mesa, juntamente ao meu celular e fui andando de fininho, rezando para que Jess não começasse a fazer escândalo de novo lá dentro. Fiquei lá embaixo esperando o resto do pessoal descer.
Acabou que Joe e A.J. quem foram no carro dos pais de e Naomi acabou indo no utilitário que Theo estava dirigindo. Ella, que tinha ficado sobrando, pegou carona com Bradley, e no fim deu todo mundo nos carros sem que ninguém precisasse ir embora de uber. O caminho até em casa foi bem rapinho, mas tive que esperar para sairmos novamente, pois ele foi levar Eric em casa. Quando ele voltou, o carro estava vazio. Uni minhas sobrancelhas, achando aquilo estranho.
— Vem, vamos logo. — Ele abriu a porta do carona e eu já subi apressada.
— Cadê a , e Troy? — perguntei, já colocando o cinto de segurança.
— Ficaram no Eric, ninguém aguenta mais a minha mãe. Eles nos chamaram para ficar lá, você quer? — ofereceu, mas olhei para a casa de Anne, pensando que aquilo só nos renderia mais dores de cabeça. — Essa vai ser a nossa única oportunidade de ficarmos juntos enquanto minha mãe estiver aqui. — Agora o encarei sem saber o que responder.
— Mas a sua mãe nos mandou ir atrás da . — Usei aquilo como resposta.
— Acha mesmo que vou atrás da minha irmã? Se bem a conheço, ela se escondeu e não vamos conseguir achá-los nem se rodarmos Oxnard toda. — Naquilo ele tinha razão. — Então, vamos para o Eric? Ou podemos ficar andando por aí também até o sol nascer. — Sorriu abertamente e eu estava com saudades daquele sorrisão. — Você escolhe.
— A casa do Eric já deve estar parecendo um motel, aquele lugar não precisa de mais um casal. — Só depois que falei é que me toquei que nos chamei de casal, então olhei para frente, sentindo minhas bochechas queimarem. — A praia... Er, digo, andar na praia, não, andar no sol e ver na praia. Porcaria, você me entendeu. — Nesse momento queria esconder meu rosto enquanto ria da minha trapalhada. — Para de rir! — pedi, mas isso só o fez rir ainda mais.
— Desculpa, é mais forte do que eu. Foi engraçadinho demais você se enrolando. — segurou meu queixo e virou me rosto, me fazendo encará-lo. — Juro que não vou rir de novo — falou, só que soltou uma risada. — Ok, a partir de agora. — E me deu um selinho. — Para qual sol devemos ir? Digo, praia? — zombou.
— Vai se ferrar, — mandei, rindo um pouco apesar da vergonha.
— Não conheço essa praia em Oxnard. Para onde é que fica? — perguntou com seu jeito brincalhão e eu estava feliz de vê-lo melhor.
— Para lá! — Apontei para frente, indicando qualquer lugar para podermos sair logo dali.
— Ok. Você indica o caminho, pois não faço ideia de onde é. — Ligou novamente o carro e finalmente saímos da frente daquela casa.
Ficamos dando voltas pela cidade para ver se achávamos uma praia que nos agrava e acabamos indo para Ventura, conhecido também como San Buenaventura. parou o seu Ford no estacionamento do píer de Ventura, que por sorte conseguimos passar, pois só faltava cinco minutos para dez da noite. O lugar já estava prestes a fechar, mas agora teríamos que ficar ali até as seis da manhã, pois não conseguiríamos sair. Ainda achava melhor termos estacionado na rua, mas parecia que ele sabia daquilo e por isso quis parar ali dentro como pretexto para não irmos embora antes que o sol nascesse. Talvez a noite seria mais longa do que o esperado, não sabia se conseguiria ficar acordada por tanto tempo. Tinha levantado cedo demais para aquilo.
Subimos as escadas que davam acesso ao píer e fomos andando abraçados por ele que era muito maior do que parecia. Tinha um restaurante de frutos do mar ali, e se não tivéssemos acabado de sair da pizzaria, eu até me animava a comer algo. Continuamos caminhando até o final e nos sentamos em um banco, optando pelo que tinha encosto. A brisa estava soprando bem gelada e eu me encolhi um pouco, lembrando do casaco que tinha deixado dentro de meu carro. Poderia ter lembrado de trazê-lo.
Vi se mexendo um pouco inquieto ao meu lado, e comecei a achar que talvez ele estaria incomodado por não estar falando nada. Então comecei a vasculhar a minha mente, procurando por assuntos que não teriam nada relacionados àquela noite, especialmente na parte dele cantando Can't Help Falling In Love enquanto me olhava e na qual cantei Still Into You tão dura que mais parecia uma estátua do que qualquer outra coisa. Nossa, que mico! Preciso me lembrar de não fazer isso novamente, quase morri de vergonha com todo mundo me olhando sem falar nada. Suspirei e abaixei minha cabeça.
— Está tudo bem? — ousei perguntar, mas minha voz saiu tão baixa que fiquei na dúvida se ele tinha ouvido, ainda mais pelo longo silêncio que se formou depois.
— É. — Estalou os lábios, parecendo contrariado e eu não entendi o motivo daquilo. — Estava pensando na minha irmã e tentando entender o motivo dela estar agindo de tal forma ultimamente. — Franzi o cenho com aquilo. O problema não era estar feliz e agindo impulsivamente e sim se incomodando demais e a tratando mal por conta disso.
— Nossa, você está ficando chato que nem a sua mãe — falei contrariada, me desencostando dele, e me olhou sem entender nada. — Ninguém aguenta vocês dois! Já estou com dor de cabeça por causa dos berros que Jess dá o tempo inteiro — continuei e suas sobrancelhas se ergueram, demonstrando sua surpresa. — E outra, deixa a sua irmã ser feliz. Me responda, qual foi a última vez que você viu a tão feliz assim? — Lhe dei um tempo para responder, mas ele não conseguiu formular nada. — Nunca, . Desde quando a conheço, sempre a vejo se esforçando ao máximo para ficar no mínimo bem. pode ter momentos felizes, rindo de algo engraçado, mas ela nunca esteve feliz, não como agora, e você sabe disso! — O olhei seriamente, e seu olhar caiu. Eu sabia daquilo não apenas por observá-la e sim porque nós éramos melhores amigas, ela me contava tudo, mas isso em especial só me contou apenas uma vez, alegando que não era algo que queria que as outras pessoas soubessem, pois queria parecer que estava sempre bem, e fazer com que os outros acreditarem naquilo tornava tudo mais fácil. — Então para de implicar com tudo que ela faz. Sua mãe já dá conta disso muito bem e não precisa de apoio. — Ele nem sequer me olhava e aquilo estava me irritando um pouco. — Sei que tenta tirar o seu da reta para Jess não pegar no seu pé, mas, caramba, você está ficando muito chato! Até tirou sua barba! Eu tinha até gostado dela, mas prefiro sem — falei em um tom de brincadeira para tentar quebrar um pouco do clima pesado que se instalou entre nós.
— Eu sei, eu sei de tudo isso que você falou, mas é que fico tão irritado como a mãe, e ainda mais como ela trata a ... — O interrompi, não fazia o menor sentido o que estava falando, mas ele não deixou. — Minha mãe fica jogando tudo em cima de mim e eu fico louco. As coisas pioram muito quando ela machuca a minha irmã e eu... — Prendeu o ar e passou a mão no rosto. — E eu não sei o que fazer para parar! Como fazer ela parar com essa merda toda! Meu pai não fala nada e eu... Eu... Eu só não sei o que fazer.
— Quem está irritada agora sou eu! Na verdade, a única coisa que você sabe fazer com isso tudo é ficar com cara de bunda e enterrar ainda mais a sua irmã! Já seria um começo se não brigasse ainda mais com a . — Revirei meus olhos e percebi me encarar. Aquilo era tão óbvio. — Primeiro, esquece a sua mãe, ok? — pedi agora tentando ficar calma. — Abstrai o que ela diz. Deleta as besteiras que saem da boca dela.
— Eu tento. — Jogou a cabeça para trás e deslizou seu corpo pelo banco, esticando suas pernas e as deixando no meio do caminho, fechando os olhos. — Mas a é fora do controle. Eu não consigo deter as coisas que minha irmã faz e ela se machuca por isso, e isso me irrita, e eu quero que ela fique bem. me deixa louco! — reclamou no final. Na verdade, quem estava fora do controle era ele. — A mãe fica jogando isso na minha cara, que eu deveria controlar a minha irmã, que eu sou o mais velho, então preciso ter essa responsabilidade! — A única coisa que consegui foi rir daquilo, pois era ridículo.
— Eu entendo que você quer cuidar dela — falei, parando de rir e tentando ficar séria. — Só que a sempre foi sem controle e nunca morreu por isso. Ela sabe se cuidar sozinha, do jeito insano dela, mas sabe, então só relaxa. — Segurei sua mão e ele abriu os olhos e virou o rosto, me encarando. — Você só vai conseguir afastar a sua irmã — avisei, já que isso era algo bem claro começando que ela não confiava mais nele para contar nada. — sabe que você está aqui quando ela precisar... ou não — brinquei, mas era verdade. Talvez nem tanto assim, pois ficou claro isso no dia que nós fomos presas e ela pediu ajuda para o em vez de pedir para o . — Só para de ficar em cima dela o tempo todo brigando e sendo uma Jess 2.
— Eu sou um inútil mesmo, não é? Nunca consigo ajudar a minha irmã quando ela precisa. — Provavelmente chegou àquela conclusão quando falei o “ou não”.
— Não diga isso. — Me aproximei dele e o abracei. — Você não é inútil. Na verdade, acho que a faz tudo isso, essa loucura toda dela, porque sabe que você vai estar sempre aqui. — Dei um beijo em sua cabeça. — Afinal, alguém tem que ter juízo. E se você não tivesse, provavelmente ela teria. Porque tem sempre que ter alguém para segurar as pontas — brinquei mais um pouco. — Você já viu uma família a qual não tivesse o filho com cabeça no lugar? Sempre tem um. E nessa família esse filho é você. — riu.
— Não queria ser esse filho. É chato tentar ser o certo o tempo todo. — Fez uma careta enquanto me abraçava de volta. — Você ainda vai querer ficar comigo mesmo eu sendo chato?
— Só se você não se tornar uma Jess 2. — Sorri para ele, que riu um pouco. — Está ficando rabugento demais, até parece um velho — coloquei pilha.
— Acho que foi tudo culpa da barba, ela me deu muitos anos. — começou a rir e eu não aguentei e ri junto com ele. — Agora é sério. Vou tentar ser melhor e ser menos chato. Quando eu começar a ser um mala você pode me bater.
— Eu não bato em ninguém. — Torci o nariz. — Mas posso te chamar de Jess — sacaneei.
— Acho que prefiro levar um puxão de cabelo ou de orelha. — Fez uma careta muito engraçada, me causando mais risadas. — Um chute na canela também serve.
— Não, sem agressão. Não quero ser comparada com sua mãe por isso — disse, fazendo cara de nojo. — Vou pensar em algo.
— Está bem. — Encostou sua cabeça em meu peito.
Ficamos em silêncio apreciando um a companhia do outro. Ficamos vendo a lua aparecer e deixar seu belo reflexo na água. Acho que aquele era o lugar mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha vida, só que ele se tornava ainda mais especial por estar ali comigo. Eu achava engraçado como em toda a minha vida perdi meu tempo procurando por algum sentido, enquanto ele estava bem aqui ao meu lado. Sempre foi o o meu sentido, o que realmente faltava em mim. Meu coração nunca esteve satisfeito e eu me enganava, dizendo a mim mesma que era apenas coisa da minha cabeça, mas não, nunca foi. Na minha cabeça, nós seríamos sempre amigos e isso ainda me assustava um pouco, pois sabia que se não déssemos certo eu iria perdê-lo para sempre, e não só ele, como a também. Sabia que isso era um caminho sem volta. Estava jogando alto demais, mas não conseguia mais deixar meus sentimentos de lado e mais uma vez ignorar aquilo tudo, não mais.
Passamos a noite toda ali, abraçados, conversando e até mesmo nos beijando. E por mais incrível que fosse, eu não estava com o menor sono. tinha conseguido me deixar acordada para poder ver o sol nascer, já que eu nunca tinha visto. Eu fiquei maravilhada com os primeiros raios que começaram a aparecer, aquilo era muito lindo, não conseguia tirar meus olhos daquela belo espetáculo.
Senti os braços de me envolverem por trás, então olhei por cima de meu ombro e pude ver o sorriso enorme que ele estava dando, assim como eu. Não resisti e me virei. Segurei seu rosto com as duas mãos olhando dentro de seus olhos cor de avelã, e em apenas um impulso o beijei. E como eu tinha dito para as meninas mais cedo: era o dono do melhor beijo de toda a minha vida.


Continua...

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Nota da autora: Sem nota.

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