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Codificada por: Saturno 🪐

Última Atualização: Setembro/2024.

Tamborilava os dedos impaciente sobre a bancada, o movimento estava fraco e ela não sabia se agradecia ou se praguejava. Olhou o relógio, ainda faltavam duas horas para terminar seu turno, e tudo que ela pensava era em como gostaria de estar em seu quarto, deitada em sua pequena cama com as cobertas até o pescoço e chorando.

Um cliente se dirigiu até o balcão e pediu uma bebida qualquer e ela prontamente começou a preparar a mesma. Enquanto preparava ela pensou na época da faculdade, onde as coisas eram extremamente mais fáceis, os pais a ajudavam com tudo que era necessário enquanto ela fazia planos para a carreira de professora que ela levaria ao fim do curso.
era formada em pedagogia e queria ser professora de criancinhas, essas do pré–escolar e jardim, porque ela definitivamente amava crianças e esse era o seu sonho desde que ela era uma. Passou um ano estudando dia e noite sem parar para o vestibular e conseguiu entrar para a federal. Os pais ficaram orgulhosos e disseram que a filha somente ia estudar, se dedicar e eles pagariam todas as suas despesas até ela se formar. Ela queria pelo menos um pouco de independência, então resolveu que moraria sozinha, foi aí então que ela encontrou um apartamento próximo a faculdade onde dividiria o aluguel com a moça que já morava lá.

pensou na amiga e sorriu. Terminou de fazer o drink do cliente e entregou para o mesmo e limpou as mãos no avental preto.

Ela e se deram bem logo de cara! Mesmo sendo um pouco diferentes, tanto na idade quanto na personalidade, elas conseguiram criar um vínculo forte. Moravam no mesmo apartamento até hoje.
Porém, muita coisa havia mudado.
por ser dois anos mais velha se formou primeiro em Arquitetura, depois de um ano de muita procura, ela conseguiu um emprego em uma construtora e estava mega feliz. , claro, ficou radiante pela amiga, e estava ansiosa para sua formatura e para logo começar a trabalhar.

Mas diferente de , a amiga estava há dois anos procurando uma oportunidade que nunca chegava. Os pais estavam extremamente desapontados com a menina e quase não a ajudavam mais, por isso ela acabou aceitando trabalhar no bar/restaurante do filho de um amigo dos pais, afinal de contas precisava de dinheiro.

E aí os problemas de autoestima começaram a perturbar sua mente: sentia–se uma fracassada, não achava mais graça nas coisas, se olhava no espelho e não gostava nada do que via, estava farta de levar a vida daquele jeito. Vislumbrou mais uma vez o local que trabalhava e sentiu os olhos se encherem de lágrimas.

***


estava com o notebook aberto tentando finalizar um projeto que teria que entregar no dia seguinte, enquanto tomava um vinho tinto. Havia tomado banho, estava mais calma da correria do dia–a–dia. estava dando o seu máximo no trabalho, pois pretendia crescer dentro do escritório e até quem sabe juntar um dinheiro e abrir seu próprio escritório.

Os pais de moravam em outra cidade, numa cidade pequena. Eles eram agricultores e tinham uma vida confortável lá. sentia falta deles todos os dias. Mas era muito difícil conseguir tempo e dinheiro para visitar os pais, então eles se falavam quando dava. Sentia falta do ex namorado também, que havia deixado lá para vir para a cidade grande estudar. Nunca mais teve notícias dele… Como será que ele estaria hoje? Será que ainda usava o mesmo perfume? Será que tinha alguém? Claro que tinha! Anos haviam se passado, ele não esperaria por ela esse tempo todo. Balançou a cabeça para afastar os pensamentos e voltou a se concentrar no projeto.

Nunca mais havia se envolvido com alguém de forma séria ou oficial, não conseguia se apaixonar por ninguém, além de estar sempre muito focada em seus estudos e em sua carreira. Mas às vezes sentia falta de ter alguém para encostar a cabeça, um pé para esquentar os seus.

***


Segurava a mão do mouse com tanta força que poderia até se machucar. A lista com os roteiros já estava pronta. Faltava fazer todas as contas e ver qual lugar compensava mais.

O quarto estava uma bagunça, havia roupa e embalagens de comida espalhados pelo quarto, ela não abria a porta do mesmo para ninguém desde o ocorrido. Faziam cinco dias só, e ela sentia o peito arder 24 horas por dia e sete dias da semana. Ela não sabia o que fazer da vida, parecia que nada mais tinha sentido, além da tristeza ela sentia um vazio, um enorme buraco no peito. Queria sumir no mundo, mudar de casa, de nome, de país, de vida. A perda repentina e prematura do irmão dilacerou seu peito.

Nada nunca mais seria igual.

A mãe e o pai também estavam sofrendo, e em dobro: pela perda do filho e pelo medo de perder a outra filha. Eles tentavam de tudo, mas o esforço estava sendo em vão.

Saiu do quarto vagarosamente, sentindo seu peito doer a cada passo que dava. Viu a mãe e o pai sentados em suas poltronas “vendo” TV. respirou fundo.

— Preciso falar com vocês!

Os pais olharam assustados para a filha e o pai se levantou da poltrona e abraçou a filha. Ela fez o mesmo, retribuindo o abraço.

— Graças a Deus você saiu daquele quarto, ! — a mãe murmurou.

voltou a respirar fundo e então se sentou no sofá, olhando os pais. Os amava muito, mas precisava fazer aquilo.

— Eu vou passar uns dias fora!

Os pais se entreolharam e voltaram a fitar a filha.

— Como assim, filha?

Respirou fundo novamente tentando não chorar desesperadamente na frente dos pais, pois não queria que eles se preocupassem e sofressem ainda mais.

— Eu não consigo ficar nessa casa! Tudo aqui me lembra o Mário! Eu não vou suportar tudo isso se continuar aqui! Eu preciso de um ar, preciso de um tempo, preciso sair daqui, ficar longe um pouco, por favor!

Os pais voltaram a se entreolhar, a mãe de acabou deixando algumas lágrimas rolarem por seu rosto, mas entendia a filha.

— Filha... — ela disse limpando as lágrimas — Se isso vai te fazer ficar melhor, então vá!

O pai assentiu, com o semblante triste.

— Fique o tempo que achar necessário.

— Só mande notícias.

assentiu negativamente com a cabeça.

— Vou deixar meu celular aqui, eu quero realmente ficar sozinha, sem contato com absolutamente ninguém, além do pessoal do trabalho!

Os pais de voltaram a se entreolhar.

— Mas , como vamos ficar sem ter notícias suas, minha filha?

— E se acontecer alguma coisa com você, pelo amor de Deus, !

deixou algumas lágrimas descerem por seu rosto.

— Se acontecer alguma coisa, vocês vão ficar sabendo. A minha decisão está tomada!

***


Acordou e sentou–se na cama, espreguiçou–se. Olhou a parede amarela do quarto, pegou o celular na escrivaninha ao lado da cama, e olhou as horas: eram treze e quinze da tarde, ela precisava almoçar e se arrumar para mais um plantão. Estava exausta, o plantão da noite passada havia sido agitado, precisava urgentemente de férias ou no mínimo uma folga.

Desceu as escadas ainda sonolenta e a sala estava silenciosa. Chamou então pelo irmão.

— Tae? — nenhuma resposta.

Andou até a cozinha e lá estava o irmão. Chamou de novo.

— Tae? — ela bufou.

O irmão estava de costas para ela e de frente para o balcão da pia, ele amava cozinhar e sempre viajava em um mundo só dele quando o fazia. encostou uma das mãos nas costas de Tae, acariciando levemente, e o mesmo tomou um susto ao ver a irmã.

— Ai que susto, ! — ele colocou a mão livre sobre o peito.

— Desculpa! — ela riu — Fiquei preocupada!

— Que horas você começa hoje?

bufou amarrando o cabelo com uma xuxinha que estava sobre a mesa da cozinha.

— As quatro da tarde!

— Quer comer alguma coisa enquanto o almoço não fica pronto? Mas olha, tá quase saindo.

— E o que você fez hoje?

— Ah, um estrogonofe.

lambeu os lábios.

— Eu amo seu estrogonofe! Na verdade, amo tudo o que você faz.

Desde que haviam perdido os pais, e Taehyung decidiram morar juntos, um apoiava e sustentava o outro nos momentos difíceis, e eram muito unidos. sempre agradecia ao Universo por ter um irmão como Tae.

— Quando vai ter um tempinho para gente curtir? Já sabe?

balançou a cabeça, respondendo com um “não”. Ouviu o celular tocar em cima do sofá e correu até lá para atender, afinal de contas poderia ser alguém do hospital solicitando que ela fosse mais cedo, ou mais tarde.

Atendeu rapidamente sem nem olhar o número.

— Alô? — silêncio do outro lado da linha — Alô?

E nada. Era a quarta vez que aquilo acontecia só nessa semana.

Taehyung olhou para a irmã, assustada.

— Quem é?
— De novo aquela pessoa que liga e não fala nada, só fica respirando.

Tae cruzou os braços, preocupado.

— Vamos fazer um B.O.
— Não. Não deve ser nada, deve ser engano! — ela deu de ombros.
Largou o celular no sofá e olhou o mesmo. Não deixaria Taehyung saber, mas ela estava com medo sim.

***


Cruzou as pernas impaciente com o moço ao lado com as pernas abertas roçando as suas de propósito. Voltar para casa era sempre esse sufoco, ou ela ia em pé e espremida, ou se sentava ao lado de alguém que a importunava. A cabeça dela doía, parecia que ia estourar a qualquer momento.

— Será que dá para você fechar essas pernas? Não é possível que suas bolas sejam tão grandes assim pra você poder fechar elas um pouco! — ela esbravejou chamando a atenção de todos dentro do metrô.
— Calma aí, bonitinha! Você está muito nervosa! — debochou.

bufou alto e se levantou bruscamente. Preferia ir em pé do que passar por aquele abuso.

Mordeu o lábio torcendo para chegar em casa logo, os saltos estavam a matando e a cabeça também, sem contar o calor devido a camisa social.

Enquanto olhava a cidade passar rápido por sua vista, ela pensou em como a vida era frágil, havia perdido um amigo recentemente, muito novo… Pensou na mãe. Havia três anos que não se viam ou se falavam. nem se lembrava mais do porquê daquela briga ridícula que a fez sair de casa, sem um tostão furado.

Será que a mãe pensava nela? Será que ela sentia falta da filha?
Os olhos da pequena marejaram e ela sentiu um aperto no peito. E só queria chegar logo em sua casa.

***


Detestava dirigir, só havia tirado a carta devido à pressão da família, que achava que saber dirigir era uma necessidade quase que básica. Pelo menos os pais adotivos lhe deram o carro. O trânsito a estressava muito, e ela sentia enjoo todas as vezes que pegava no volante de um carro. Mas pelo menos ela não dependia de nada e nem de ninguém para ir e vir. Até porque ela não tinha mais com quem contar.

Jogou a bolsa no banco do passageiro enquanto encostava a cabeça no banco, estava cansada. O trabalho a estava sugando esses últimos dias. sentia falta de poder ir à praia ao sair do serviço para ver o pôr do sol, mas fazia semanas que ela saía do trabalho após as oito da noite. Só pensava em ir para casa quando saia.

Ao chegar em casa a rotina era sempre a mesma, jogar a bolsa no sofá, afagar e matar as saudades dos animais de estimação, verificar se eles haviam comido, colocar mais comida e água, limpar a bagunça que eles faziam no quintal, tomar um banho quente, preparar algo para comer ou pedir, sentar no sofá junto dos bichinhos, ver TV, mexer nas redes sociais e dormir.

Os pais adotivos morreram há alguns meses, e ela havia ficado sozinha na casa, e no mundo. Não conhecia seus pais biológicos e tinha poucas informações sobre eles. Depois da morte dos pais adotivos, sentiu a solidão lhe atingir em cheio, a não ser pelos poucos amigos que tinha — três — e dos bichos de estimação, não tinha mais ninguém. Prestes a completar vinte e sete anos, ela vinha pensando muito nisso: na solidão que sentia.



Abriu os olhos com dificuldade, a claridade já adentrava o pequeno apartamento. Colocou as mãos sobre o rosto e esfregou as mesmas pelos cabelos negros. Se sentou na beirada da cama, ainda com os olhos semicerrados, pegou o celular na mesa de cabeceira, olhou as horas no relógio. Hoje ele tinha o dia livre, não estava com cabeça para atender ninguém, então pediu à sua secretária que remarcasse todos os pacientes para dali a dois dias.

Eram quase dez da manhã e Suga olhou o lado direito da cama, intacto, com o travesseiro no mesmo lugar e o lençol não muito amassado. Lembrou–se do cheiro do cabelo dela, da maciez de sua pele, da risada gostosa dela, respirou fundo antes de levantar.

Suga se olhou no espelho por alguns segundos antes de começar a escovar os dentes. A rotina da casa havia mudado há uma semana. Uma semana que Charlotte havia deixado o apartamento, uma semana que ele não a via, uma semana que ela não atendia suas ligações ou respondia suas mensagens. Eles haviam brigado outra vez, pelo mesmo motivo de sempre: a frieza de Suga.

Suga saiu de casa ainda aos dezesseis anos, seu pai vivia bêbado 24/7, enquanto a mãe trabalhava dia e noite para conseguir suprir as despesas da casa, e apanhava muito. Aquilo feria Suga de todas as formas possíveis, e ele se sentia impotente. Até que fez dezesseis anos, teve uma briga horrenda com o pai para defender a mãe, e foi expulso do lar. Morou com alguns amigos, até arranjar um emprego temporário e alugar um pequeno quarto.
Ele terminou o ensino médio com muitas dificuldades, depois conseguiu entrar na universidade, e escolheu o curso de fisioterapia. Não tinha uma razão especial, ele só leu que na época os profissionais dessa área estavam em falta e a procura havia aumentado. Queria ganhar dinheiro, queria poder tirar a mãe daquela vida. Pensava nela todos os dias.
Yoongi cresceu num lar desestruturado, onde só presenciou violências e abusos. E depois passou todo o final da adolescência sem ninguém, além de alguns poucos amigos. Toda personalidade dele, havia sido moldada na solidão, ele tinha dificuldade em demonstrar seus sentimentos e simplesmente não sabia como o fazer. Não tinha coragem de fazer terapia ou tratamento, pois detestava ser vulnerável na frente das pessoas, e achava que ninguém tinha nada a ver com seus problemas.

Suga gostava da namorada, era a primeira garota que havia despertado seus sentimentos. E ele a tratava bem, do jeito dele, mas tratava. A namorada sabia que Yoongi havia tido um passado conturbado com a família, mas ele nunca se abria, nunca contava tudo. Aquilo estava cansando Charlotte, até que ela explodiu e decidiu voltar para a casa dos pais.

E Suga estava tentando trazer a namorada de volta, mas até o momento sem sucesso. Abriu o guarda roupas, e pegou a única foto que tinha com a mãe. Ele pensou mais uma vez que gostaria de poder ter feito mais por ela em vida. Agora só restavam os pensamentos e um tracinho de saudade do sorriso tímido da mãe.
***


Vislumbrou a irmã vestida de branco com o jaleco nos braços. pegou a bolsa que estava sobre o sofá e olhou para o irmão. Taehyung, ou V, como os amigos o chamavam, andava preocupado com a irmã. Ela só trabalhava desde que havia se formado, dia e noite. Não tinha tempo para nada, mal comia e estava perdendo peso.
era tudo o que V tinha, ela era a família dele e ele a família dela. Perderam os pais ainda novos, e tiveram que aprender a se virar sozinhos jovens demais. Os dois não tiveram uma juventude normal, eles tiveram que virar adultos muito cedo. E V, se sentia responsável pela irmã, se algo acontecesse com ela, certamente ele se culparia o resto da vida, e não aguentaria.

— Vê se consegue uma folga para esse final de semana. Faz dias que a gente só se vê uma vez. — disse o irmão enquanto lavava as louças.

A irmã se aproximou dele e depositou um beijo delicado na bochecha dele.

— Vou fazer o possível,Tae! — ela piscou — Volto hoje lá pelas duas da manhã.

Ela pegou as chaves do carro e o irmão assentiu com a cabeça, um tanto quanto desgostoso.

Depois que acabou de arrumar a cozinha, ele foi para o escritório. Trabalhava em casa, só ia na empresa quando muito necessário. V é Analista de Sistemas numa empresa que está se expandindo no mercado de tecnologia. Mas na verdade, o que ele queria mesmo era ser chefe de cozinha e ter seu próprio restaurante. Deveria ter escutado : “faça o que seu coração quer, Tae!” Mas ele preferiu fazer algo que os pais se orgulhassem na época, por isso acabou entrando no curso de Analista de Sistemas, mas um ano depois eles acabaram falecendo num acidente de carro.

Como Taehyung queria que tudo tivesse sido diferente, queria que os pais estivessem vivos, queria ter tido uma vida normal, como todos da sua idade. Queria ter ido a festas, queria ter conhecido muitas pessoas, queria ter viajado. Mas ao contrário disso, ele precisou trabalhar para conseguir manter ele e sua irmã. E com isso, ele virou adulto cedo demais.

***


Vislumbrou o quadro à sua frente. Aquele seria o último e pronto, a exposição poderia ter a data marcada. Continuou olhando o quadro, e pensou em voz alta.

— Quem é você? — ele soltou um suspiro — Por que você aparece todas as noites para mim?

Balançou a cabeça algumas vezes sacudindo os cabelos, pensou que pintando a garota que estava vendo em seus sonhos nos últimos dias pudesse tirá-la de sua cabeça, então ele decidiu finalizar sua exposição com um quadro dela.

Engoliu em seco e viu sua assistente e empresária caminhar até ele.

— Jin? — ela chamou enquanto sorria — E aí? Como estamos com esse último quadro?

— Finalizamos. — ele apontou para o mesmo — Já pode marcar a data da exposição!

Seokjin limpou as mãos com uma toalha, enquanto caminhava para dar uma última verificada nos quadros. A empresária ficou olhando o quadro e pensou que pudesse ser alguma namorada secreta.

— Tá de namoradinha nova? — Serena perguntou divertida. indo atrás de Jin — ele virou–se bruscamente, assustado com a pergunta. De repente a boca secou.

— Claro que não, Serena! É só um quadro! É só um rosto!

Serena balançou a cabeça desconfiada.

— Eu não gostei desse tom de “namoradinha nova”, ficou parecendo que sou galinha, um cara boêmio! — ele lambeu os lábios ainda secos.

Serena riu.

— Bom, de fato, galinha você não é, me desculpe! Não foi isso que eu quis dizer, querido! Agora boêmio… — ela pausou.

— Eu não sou boêmio! — ele reclamou fazendo um bico e cruzando os braços como uma criança mimada — Eu aproveito a minha vida, só isso!

Serena concordou e levantou os braços, dando-se por vencida.

Seokjin era formado em Artes, pintava desde criança, como um hobby, mas se apaixonou pelo hobby e decidiu que era aquilo que queria fazer pro resto da vida.
Quando estava na faculdade conheceu o mundo da fotografia, e quando se graduou em Artes, ele fez um curso bem extenso de Fotografia. Se especializou mais um pouco na pintura, trabalhou bastante como fotógrafo e juntou dinheiro.
Queria abrir seu próprio ateliê/estúdio.
E com a ajuda da avó, conseguiu. Os pais não quiseram saber de Jin quando souberam o curso que ele escolhera, o pai queria que ele o substituísse nos negócios da família, a mãe concordava com o marido. Durante os anos da faculdade as brigas dentro de casa eram constantes, mas Jin nunca se deixou abalar. Ele se manteve alegre e otimista como sempre fora. Hoje Jin falava o básico com os pais, estava começando a ser um artista reconhecido, estava sempre fazendo exposições de suas artes, e estava ganhando bem. Ele até chamava os pais para as exposições, mas eles nunca apareciam. Não davam parabéns pro filho, ou um boa sorte. Mas Jin não lutava mais contra aquilo, ele não brigava mais com os pais. E estava focado agora em sua carreira e em descobrir se a garota do quadro existia.

***


Cruzou os braços atrás da cabeça, se espreguiçando na cadeira. Os olhos já estavam começando a arder depois de tanto tempo olhando para a tela do computador. Mas estava decidido a não sair do jornal enquanto não acabasse aquele roteiro.

O celular vibrou na mesinha, e ele sorriu. Leu a mensagem e bateu a mão na testa.

— Meu Deus, eu me esqueci completamente do encontro! Ainda bem que ela também não vai poder! — suspirou aliviado.

A garota havia dito que não poderia comparecer ao encontro por um motivo pessoal, o qual JK não se atreveu a perguntar. Esse era o quinto encontro que eles não conseguiam ir. Era incrível como sempre que eles marcavam acontecia alguma coisa em que um dos dois não comparecia ou não poderia comparecer, cancelando o encontro. Mas Jungkook não desistiria!

Ele andava trabalhando muito, sempre fazendo horas extras e às vezes até trabalhando aos finais de semana. JK era novo, estava recém formado e havia conseguido o emprego dos sonhos, em menos de um ano de formado. Então ele estava se dedicando o máximo possível, para permanecer no cargo e trabalhar com o que gostava. Jungkook sabia que tinha tirado a sorte grande e estava na hora de amadurecer, de ser adulto, afinal de contas ele já tinha vinte e quatro anos. Precisava deixar as brincadeirinhas de lado, precisava parar de procrastinar e de achar que ainda era universitário, agora a vida não é só festa e bebida. Os pais estavam cansados das farras de JK, e de ter que pagar por elas, portanto o pai havia lhe dado um apartamento e dito à ele que teria que se virar para viver. Jungkook ficou desesperado e mal acreditou quando arrumou aquele emprego. Agora era sério, ele precisava levar uma vida de adulto.

***


Ao chegar em casa cumprimentou a mãe com um beijo no rosto e olhou o padrasto largado no sofá com uma cerveja na mão, enquanto a mãe lavava algumas vasilhas. O sangue de Jimin ferveu por dentro das veias. Odiava aquela cena que se repetia todas as noites desde que Jimin se entendía por gente.

— Venha jantar, querido! — a mãe tocou o rosto do filho.

— Eu estou sem fome agora, mas eu janto mais tarde!

— Você é um ingrato mesmo não é, Park Jimin? Sua mãe fez o jantar com todo o carinho para
você! Deixe de frescura e coma a comida!

A mãe de Jimin engoliu seco e segurou a mão do filho que direcionou o olhar raivoso na direção do padrasto que permanecia imóvel no sofá. O maxilar de Jimin travou.

— Você não me ouviu dizer que só não vou jantar agora? Mas que mais tarde eu virei? Mãe, eu mesmo esquento a comida e lavo todas as louças, não se preocupe! Eu só preciso de um banho e um descanso, estou sobrecarregado no trabalho.

A mãe assentiu com a cabeça, enquanto o padrasto de Jimin se levantava.

— Vê lá como fala comigo, moleque! Às vezes acho que você se esquece que fui eu quem salvou você e sua mãe daquela favela que vocês moravam! Eu dei tudo para vocês, o mínimo que você deve é respeito, seu moleque!

Jimin fechou os olhos, engoliu em seco o ódio que sentia e cerrou os punhos.

— Eu vou tomar um banho e já desço para comer! — ele sussurrou para mãe.

Bateu a porta do quarto com força e ainda conseguiu ouvir o padrasto resmungar algo. De fato, o padrasto havia dado uma certa dignidade a sua mãe, porém eles pagavam um preço muito caro por isso. Jimin odiava o padrasto e todas humilhações que já havia passado nas mãos do mesmo. Com seu próprio esforço ele passou em um uma prova e ganhou uma bolsa de estudos em uma boa faculdade, se formou em publicidade e estava agora trabalhando na área, seu único objetivo no momento era juntar a maior quantidade de dinheiro que conseguisse para que ele e sua mãe sumissem dali.

***


Questionou ao chefe se seria necessário que ele ficasse por mais algum tempo e o chefe disse que ele estava liberado, e agradeceu à Hoseok pela disponibilidade. O garoto disse que não precisava agradecer e que se necessário, era só avisar.

Fechou a porta da sala do chefe e caminhou até o estacionamento onde estava sua moto. Abriu o guarda volumes e pegou sua bolsa, tirou o jaleco, dobrou cuidadosamente e o guardou dentro da mesma, colocando-a de volta no guarda-volumes. Chovia delicadamente, mas Hoseok não se importou, decidiu que tomaria um pouco de chuva, não era de açúcar, e sentiu que talvez a chuva o fizesse se sentir um pouco mais vivo.

Ao chegar em casa, cumprimentou o pai que estava vendo TV.

— Veio mais cedo hoje, meu filho? — Hoseok assentiu com a cabeça.

— Ainda bem! Hoje eu estou um pouco cansado.

O pai olhou para o filho, e ele realmente parecia estar cansado. O rosto estava pálido, ele havia emagrecido muito. As mãos até tremiam. O pai balançou a cabeça e antes de Hoseok subir as escadas o pai o chamou.

— Por que você não sai com seus amigos no final de semana? — o pai sugeriu.

Hoseok soltou um riso nasalado.

— Quais amigos? — ele deu de ombros — Se esqueceu que não tenho?

O pai percebeu que magoara o filho sem querer.

— E no trabalho?

— Eu tenho colegas no trabalho, pai, não amigos! E eles são todos mais velhos e casados. Posso subir? Quero um banho!

— Claro, meu filho! — o pai assentiu com a cabeça.

Jogou a bolsa em cima da cama, sentou-se na mesma e tirou os sapatos e as meias. Ele realmente estava cansado. Pensou que talvez tivesse sido muito grosso com o pai. Eram só os dois e Hoseok fazia de tudo pelo pai. A mãe o abandonou muito pequeno e ele não tem nenhuma lembrança dela.
Hoseok nunca teve muitos amigos na escola, os garotos e as garotas zombavam dele, especialmente pelo fato de a mãe o ter abandonado. Isso fez com que ele crescesse tímido, inseguro e extremamente fechado. Ele tinha medo de deixar alguém se aproximar e ser só uma brincadeira de mal gosto, tinha medo que pudessem voltar a feri-lo como fizeram durante sua infância e adolescência.
Ele teve um amigo na faculdade, Park Jimin era o nome dele. Mas já fazia anos que não se viam, e Hoseok não sabia mais nada dele. Quando Hoseok era criança, seu pai costuma chamá-lo de J–Hope, porque o filho era a única esperança que ele tinha. Mas ninguém sabia disso, ele gostava do apelido, mas tinha medo que o pai o chamasse assim na frente dos colegas de escola e a zoação aumentasse.
Ele balançou a cabeça afastando os pensamentos daquela época que vez ou outra ainda o assombravam. E entrou no banheiro terminando de se despir lá mesmo. A água quente tocou seu corpo e ele finalmente relaxou o corpo.

***


— Dona Yuna? — a enfermeira chamou — Seu filho está aqui!

Yuna virou o rosto na direção do rapaz, que tinha as mãos no bolso e encarava a mãe com um sorriso que escondia seus olhos.

— Que rapaz mais bonito! Quem é?

O sorriso de Kim Namjoon se desfez na hora e a enfermeira olhou com pesar para o rapaz.

— Sou eu, mãe! — ele se ajoelhou na frente da mãe e segurou uma de suas mãos.

— Ei, não me toque! Eu nem sei quem você é! — ela retirou bruscamente a mão dela da de Namjoon — Saia daqui! Eu não sei quem é você! Meu filho morreu no parto!

Namjoon sentiu os olhos marejarem e abaixou a cabeça, ainda ajoelhado em frente a mãe. Yuna sofria de esquizofrenia, assim que o irmão de Namjoon morreu no parto, ela não suportou e acabou desenvolvendo a doença. Na cabeça de Yuna, Namjoon não existia, ela não tinha nenhuma lembrança dele, apenas do irmão morto. Mesmo assim, Namjoon ia todos os dias ver a mãe. Alguns dias ele entrava e tentava uma aproximação com a mãe, mas eram todos em vão como esse de hoje. Outros dias ele apenas ficava a observando de longe.
Ele amava a mãe, e tinha esperanças de que algum dia ele se lembrasse dele e o amasse de volta.



Adentrou o bar sozinha. O lugar estava lotado, já não haviam mais mesas disponíveis e se espremeu entre as mesas e algumas pessoas em pé, e foi para o balcão. Sentou em um dos bancos e piscou para Jack, amigo de anos que trabalhava na Bodega de la Ardosa, bar em que se encontrava. Sempre que queria afogar as mágoas e ficar sozinha — isso quando trabalhava na parte da manhã — era para lá que ela corria.

— O de sempre, bebê? — exclamou Jack limpando um copo com um pano de prato.

— Sim, por favor! Eu preciso muito hoje!

O amigo se afastou para preparar a gin tônica de e ela virou seu corpo e rosto olhando as pessoas no bar. Será que todos ali estavam felizes? Ou será que assim como ela todos estavam ali para se distrair e esquecer momentaneamente os fracassos e as frustrações?

Jack voltou com o drink e eles logo engataram uma conversa, parando rapidamente quando ele atendia uma pessoa ou outra. Abaixou a cabeça sentindo a visão começar a ficar turva e resolveu pegar um ar na área externa do bar. Se sentou ao lado de um rapaz, que ela achou que estivesse dormindo, pois sua cabeça estava escorada no assento do sofá e havia tantas garrafas de cerveja por ali que parou de contar na quinta. Ela olhou novamente para o mesmo de canto de olho e pode ouvir ele resmungando alguma coisa, ela resolveu pegar o celular para não incomodar o moço.

O rapaz abriu os olhos, vislumbrou sentada a seu lado pelo canto dos olhos, se ajeitou no sofá. Um dos garçons do bar passou e o rapaz o chamou pedindo mais uma cerveja, e ele então cutucou desajeitadamente com uma das mãos e olhou para ele. Ele era bonito! Tinha o rosto delicado, o nariz pequenininho, a boca também. Os olhos eram puxados, será que ele era daqui?

— Vai querer alguma coisa? — ele perguntou.

— Acho que não.

— Ah, por favor! Vai? Bebe comigo! Estamos os dois aqui abandonados nesse sofá! Traz uma cerveja pra ela!

franziu a testa e fez uma careta na direção do moço. Ele olhou para ela e sorriu. não aguentou e começou a rir, ele ficou fofo.

— Eu sou o Suga! — ele estendeu a mão.

fitou a mão dele estendida em sua direção, ele se aproximou mais dela no sofá fazendo com que o quadril dos dois se chocassem levemente.
Suga? Que tipo de nome era aquele?

— E eu sou a ! — ela pegou na mão do estranho e balançou.

Ficaram um tempo com as mãos dadas e se olhando. Ele realmente era bonito! E Suga pensou a mesma coisa. Ela tinha as bochechas rosadas, usava um batom vermelho. Olhou os lábios da mesma e achou eles incrivelmente bonitos. Quando o garçom voltou com as cervejas, os dois se deram conta que ainda estavam segurando as mãos um do outro e soltaram rapidamente, um pouco envergonhados.

Os dois pegaram a garrafinha long neck e tomaram um longo gole. Depois Suga olhou para .

— Por que você tá aqui sozinha?

resolveu olhar para ele também. Aquela pergunta era muito pessoal, mas ele era um estranho, estava bêbado e eles nunca mais se veriam depois dali.

— Porque quando me sinto um fracasso, gosto de vir para cá sozinha para beber e espairecer.

Suga assentiu dando mais um gole da cerveja.

— E por que você está se sentindo um fracasso? — ele voltou a mirá-la.

Os olhos dele, mesmo fechadinhos eram intensos. sentiu um arrepio correr por sua espinha e bebeu mais um pouco.

— Você quer mesmo saber? — ela perguntou escorando a cabeça no sofá e fechando os olhos.

Suga passou a observar o rosto da garota, os traços fortes do rosto, o nariz arrebitado, um piercing estava preso ali, ele achou bonito.

— Claro que quero! A não ser que você não goste de desabafar com um estranho no bar que provavelmente nem vai lembrar! — ele deu de ombros.

continuou com os olhos fechados.

— Eu me formei há dois anos atrás em Pedagogia, e sempre foi meu sonho dar aulas para crianças, sabe? — ela abriu os olhos para ter certeza que Suga ainda estava lá.

Ele fez uma careta e bebeu outro gole.

— Nossa, crianças são difíceis! — ele balançou a cabeça.

— Não são! — ela se ajeitou no sofá — Você só precisa saber como tratá-las, como brincar com elas! Elas são muito mais fáceis do que nós adultos, cheios de prisões mentais, cheios de exigências.

Suga pareceu pensar no que a garota disse, e fez outra careta.

— Não sei. Pode ser! Mas e aí? O que rolou?

suspirou voltando a se jogar no encosto do sofá.

— Eu não consigo emprego na minha área de jeito nenhum! Eu já tentei de tudo, mas ninguém me dá uma oportunidade. E para completar, meus pais não me ajudam mais e eu só consegui um emprego de garçonete!

Suga soltou uma risada, cuspindo a cerveja que estava em sua boca e assustando .

— Ei! — ela lhe deu um tapa nas costas — Saiba que é um emprego muito digno!

Ele levantou os braços e as mãos, se rendendo.

— Me desculpe, foi muito indelicado da minha parte, mas é que da forma que você falou ficou engraçado. Me desculpe mesmo, !

Suga balançou a cabeça tentando não rir novamente.

— E você? Tá fazendo o quê aqui, sozinho e bêbado como um gambá?

Suga passou a língua pelos lábios — uma mania que ele tinha desde a adolescência — tomou mais um longo gole da cerveja e viu fazer o mesmo.

— Tive uma briga feia com minha namorada, ou melhor, ex namorada e ela saiu de casa.

não sabia o que falar. Nunca tinha tido um namorado sério, nunca tinha se apaixonado de verdade por alguém, então era uma péssima conselheira amorosa.

— E você já procurou ela, desde o ocorrido? — se contentou em questionar. Suga assentiu que sim.

— Um milhão de vezes! Mas ela não me atende e não responde minhas mensagens.

— Já foi na casa dela? — voltou a jogar a cabeça no encosto do sofá preto.

Suga riu, bêbado, e o acompanhou, também já começando a ficar alterada.

— Capaz dela me expulsar de lá com pauladas! — disse Suga também se escorando no sofá, com a cabeça próxima a de e os dois de olhos fechados.

— Foi um vacilo tão sério assim, Suga?

Ele abriu os olhos.

— Acho que sim, eu não entendo!

— Não entende o quê?

— Vocês mulheres! — riu — Eu a amo, do meu jeito, mas a amo! E ela acha que não!

— Que pesado!

Os dois abriram os olhos e se encararam por alguns segundos. Quando se deram conta, os lábios dos dois já estavam grudados, num beijo com gosto de cerveja.

— Espera! — interrompeu o beijo segurando no rosto de Suga — Isso não é, errado?

Suga tomou outro gole da cerveja e fitou . Nunca a mais a veria, e Charlotte não queria mais saber dele, o que tinha de errado?

— Não. Não se nós dois quisermos! — ele deu de ombros.

terminou sua cerveja, olhou para Suga que também terminava a dele.

— Pode ser no meu apartamento? — questionou Suga arqueando a sobrancelha e se perguntando se aquilo não estava sendo tosco demais.

— Sim, eu moro com uma amiga, portanto...

Os dois sorriam, meio bêbados. Um ajudou o outro a se levantar — se é que isso era possível — e saíram bar adentro, escorando um no outro e tomando cuidado para que não se estabacassem no chão.

Suga pegou o celular no bolso, porém deixou o mesmo cair trincando a tela. Os dois começaram a rir, até que estavam se beijando novamente. Era estranho para Suga sentir os lábios e o gosto de outra que não fosse Charlotte, mas era gostoso!

— Deixa que eu peço aqui!

Suga digitou o endereço e logo eles estavam no apartamento do rapaz. avisou que não dormiria em casa, e compartilhou a viagem com a amiga. Afinal de contas, ela só sabia que ele se chamava Suga.



Selena Gomez tocava no último volume dos fones de . Algumas pastas nos braços com toneladas de trabalho feitos e por fazerem, o cansaço era aparente em sua feição, mesmo com os óculos escuros. O dia havia sido pesado e ela só queria chegar em casa logo.
O sol já estava se pondo e ela precisava correr para a estação de metrô antes que escurecesse, detestava andar sozinha pelas ruas quando estava escuro. Lembrou da quantidade de coisas que ainda teria que fazer quando chegasse em casa.

V pedalava pela ciclovia com a mochila pesada nas costas, precisou resolver uma emergência na empresa, e resolveu que usaria a bike que estava parada há algum tempo. Até que avistou uma garota, casacos pretos, calça preta vindo em sua direção. O garoto achou estranho, afinal de contas aquilo era uma ciclovia, e ela não deveria estar ali, mas com certeza ela estava o vendo e passaria para a calçada assim que se aproximasse.

Mas não foi bem isso que aconteceu, quando V tentou desviar da garota acabou não conseguindo e esbarrou na mesma com certa força, caindo no chão com tudo e se dando conta de que a garota também caíra. Taehyung retirou a mochila das costas , se levantou limpando os braços e as calças, e correu em direção à garota.

Taehyung ajudou a garota a se levantar com cuidado.

— Tá tudo bem com você? — questionaram os dois ao mesmo tempo.

percebeu que um dos braços do rapaz estava com alguns arranhões e cortes e se preocupou.

— Nossa, me desculpa! Eu estava distraída e nem vi que estava na ciclovia, assim como nem vi você vindo! Você quer ir pro hospital dar uma olhada nisso aí?

V deu uma olhada nos braços e fez uma careta com os lábios.

— Imagina, são só arranhões! Eu tô bem, e você? Se machucou, está com dor em algum lugar?

Ele apertou o braço dela com delicadeza como se quisesse se certificar que não havia nada quebrado ali. fitou os olhos do garoto. Ficou perdida ali por alguns segundos até que ele a apertou de novo chamando sua atenção.

— Hã? — ela questionou voltando a si — Eu tô bem! Não me machuquei não.

V a olhou ainda desconfiado.

— Tem certeza? — sorriu sem mostrar os dentes afirmando que sim com a cabeça — Vou te ajudar a pegar suas coisas!

Taehyung se abaixou pegando a bolsa e as pastas de .

— Me desculpe, eu tentei desviar, mas já estava muito perto de você.

— Imagina. Eu que te peço desculpas! Eu estava no lugar errado.

Os dois ficaram algum tempo se encarando. V reparou que ela quase não tinha maquiagem alguma no rosto e mesmo assim era muito bonita.

— E a sua bike? — ela perguntou.

Taehyung entregou as coisas pra ela e foi até a bike, a levantou e andou com a mesma até um banco que havia ali na pequena praça. o acompanhou se sentando no banco enquanto o garoto dava uma olhada na bicicleta. Ao que poderia ver, a bicicleta não parecia estar das melhores, as correntes pareciam ter estragado e começou a ficar apreensiva. Onde estava com a cabeça? Fazia aquele caminho todos os dias, sabia da ciclovia, por que diabos havia se metido ali?

V tentou arrumar as correntes da bike, mas foi em vão, somente uma bicicletaria para resolver o problema. Ele bufou e se sentou ao lado da garota que ele não sabia o nome.

— E aí? — questionou olhando o rapaz.

— Bom, eu vou ter que mandar consertar.

se sentiu culpada pelo estrago, afinal de contas ela quem havia provocado o “acidente”.

— Ei! Não se preocupe, eu faço questão de pagar pelo conserto!

— Não, imagina! — Taehyung balançou a cabeça em negativa.

— Não, eu faço questão, moço! Se não eu vou ficar a noite toda pensando nisso, vou ficar remoendo isso dentro de mim!

tinha um senso de justiça muito aguçado desde pequena. Ela realmente estava se sentindo culpada.

— Isso aqui não é nada! Eu mesmo... — ela interrompeu.

— Por favor! — tocou o braço dele.

Os dois cruzaram os olhares de novo. Havia algo nos olhos dele que ela não sabia explicar, mas gostava de olhar para eles.

V deu de ombros.

— Tá bom, mas só porque você insiste muito!

sorriu, aliviada e ele sorriu timidamente de volta.

— Toma aqui o meu cartão! Tem meus telefones aí. Quando você for consertar me liga, vamos juntos e eu pago!

retirou de dentro da bolsa o cartãzinho de seu escritório com seu nome e seus contatos.

Taehyung observou o cartão e nele dizia: “Concrete Escritório de Arquitetura e Projetos” embaixo o nome dela completo, um telefone fixo e um celular.

Ela era arquiteta, design de interiores ou algo assim, ou só trabalhava lá com alguma outra função? Ele não se atreveu a perguntar, afinal de contas não tinha intimidade nenhuma com a menina. Mas já sabia que seu nome era .

— Bom, eu já vou indo, não quero chegar tarde em casa. — ela se levantou do banco — Mil desculpas mais uma vez pelo incidente, eu não queria estragar sua bike.

V também se levantou e guardou o cartão de no bolso.

— Imagina, isso acontece! — ele sorriu.

— Me liga, hein? Por favor, eu faço questão de pagar o conserto. E cuida desses arranhões aí!

— Pode deixar. E eu espero que você não tenha mesmo se machucado!

Os dois sorriram novamente e deu um tchau para V com a mão e voltou a fazer seu caminho, agora na calçada para não ser atropelada novamente.

Parou no meio do caminho, girou o corpo e gritou.

— EI! — Taehyung se virou.

correu desajeitadamente até ele com certa dificuldade por causa das pastas que carregava. Taehyung achou fofo e então começou a rir.

— Qual o seu nome? Você não me disse. — ela coçou a cabeça meio sem jeito.

— Taehyung, mas pode me chamar de V!

— Bom, como diz aí no cartão eu sou a . Você vai me ligar mesmo não é V?

Taehyung voltou a gargalhar com o desespero de .

— Vou sim, . — ele disse o nome dela e sentiu o coração dar uma leve acelerada.

Ela sorriu sem mostrar os dentes e estendeu a mão pra ele.

— Prazer então, V! — ele tocou a mão dela com delicadeza.

— Prazer .

Os dois voltaram a seguir seus caminhos, mas hora ou outra olhavam para trás e se olhavam. se sentia estranha, um estranho havia mexido com ela? E V sentia a mesma coisa, e aquilo estava esquisito para os dois. E ainda se veriam de novo, o que poderiam esperar desse segundo encontro?



Carregava uma mochila nas costas e duas malas. Afinal de contas ela não sabia quanto tempo passaria fora de casa. Primeiro resolveu que queria ir para algum lugar que tivesse praia. Sua cidade tinha praia, mas ela já conhecia as de lá e queria ver novos mares, pisar em areias diferentes, e sentir o vento de outro lugar bater em seu rosto e bagunçar seus cabelos.

Pegou um táxi e foi para sua pousada. Estava cansada, então pensou em chegar e dormir um pouco para recarregar as energias, depois iria ver o pôr do sol em alguma praia e andar um pouco. Afinal de contas, ela precisava daquilo.
O pôr do sol acalmava , era assim desde que era pequena, ela e seu irmão sempre assistiam, não importava aonde estivessem. O intuito de tudo isso era que pudesse entender melhor e aceitar a morte do irmão. Ela precisava aceitar que agora somente ficariam as lembranças, e precisava conviver com elas em paz, precisava que elas não a machucassem mais, para assim voltar para casa e para sua vida sem todo o sofrimento que isso causava. Ela não queria também perder mais ninguém, então não queria deixar mais ninguém se aproximar, pois sabia muito bem o quão doloroso poderia ser perder mais alguém.

Abriu a porta do quarto, bem simples. Uma cama de casal, pois estava acostumada a dormir em uma, um banheiro, uma televisão, a janela dava direto para o jardim da pousada, ficou ali admirando o lugar por um tempo, fechou os olhos sentindo o vento e o cheiro que a maresia trazia.

Não havia levado o celular, apenas o computador, pois precisava trabalhar pelo menos durante as manhãs. Resolveu mandar um e-mail para o pai e para as amigas para dizer que havia chegado ao seu primeiro destino e informar que estava tudo bem e não precisavam se preocupar. Sabia que as amigas e os pais estavam preocupados, mas pelo menos estava dando notícias de seu paradeiro, então se acalmou quanto a isso.

Resolveu tirar apenas os sapatos e se deitou na cama, fechando os olhos e sentindo o corpo relaxar gradativamente e assim adormeceu.

Acordou assustada, procurando pelo celular sobre a cama e se sentou. Abriu os olhos com dificuldade e se escorou na cabeceira da cama. Lembrou-se de onde estava e que não estava com o aparelho. Olhou as horas no relógio e percebeu que precisava se apressar se quisesse ver o pôr o do sol, então se levantou e tomou um banho. Vestiu-se de um short jeans, seu biquíni preferido e uma regata.

Caminhou pela avenida alguns quilômetros até chegar à praia, tirou os chinelos e colocou os pés na areia, fechou os olhos sentindo seu corpo ser energizado pelo quentinho da areia. Caminhou mais um pouco e sentou-se por ali mesmo em cima de sua canga. Tirou os óculos escuros e vislumbrou a imensidão azul e infinita do mar. Amanhã certamente tomaria um banho de mar, carregando ainda mais suas energias. Pensou no irmão, fechou os olhos, e lembrou deles juntos na praia.
gostava de vê-lo surfar, por horas. Depois os dois se sentavam, assim como estava, e conversavam até o sol começar a se pôr. Ali, ela chorou. Sem barulho, sem escândalo nenhum, sem alarde.
Ali, agora, aquela dor era só dela. Sem os pais por perto, sem os colegas de trabalho, sem as amigas. E ela precisava daquilo, precisava sentir aquela dor para que ela pudesse ir embora, mesmo que aos poucos.

Assim ficou até que o sol começasse a se esconder, vislumbrou a imagem como sempre fazia desde pequena, sentiu o coração apertar, mas de uma forma boa, como se fosse o irmão a tranquilizando. comeu um crepe de um sabor qualquer, afinal de contas precisava se alimentar.

Depois disso resolveu caminhar pela praia, sem rumo algum, só para pensar na vida, em como seria dali para frente. Até que avistou uma fogueira, um grupo de pessoas com violões, cantavam, dançavam, riam, pareciam estar se divertindo. cruzou os braços e ficou os observando, havia algum tempo que ela não se divertia daquela forma. Sentiu uma imensa vontade de se juntar a eles, mas como? Era uma garota estranha, desconhecida, não podia simplesmente chegar e se juntar a eles do nada.

Ficou mais um tempo os observando, até que uma garota de cabelos enrolados e com uma coroa de flores e colar havaiano veio em sua direção. se assustou e pensou que a garota certamente estava indo tirar satisfações com ela por estar bisbilhotando a festa deles.

— Oi! — ela disse acenando com a mão — Vem! O que vocês dois estão fazendo aí parados?

Dois? pensou. E só aí então ela viu um garoto bem alto e magro parado perto dela, ela nem tinha se dado conta. E ele parecia também estar observando o luau assim como ela.

A garota, até então desconhecida, segurou a mão de e do garoto e saiu os levando para onde estava a fogueira e todo o resto do pessoal. sorriu achando engraçado aquilo tudo, mas não se opôs.

A garota disse que eles podiam ficar à vontade, se sentar, dançar, comer e beber. E se sentou na areia perto do fogo, estava com um pouco de frio e havia saído da pousada sem uma blusa de frio, apenas com uma fina regata. Sentiu alguém se sentar ao seu lado. Se atreveu a olhar para a pessoa e viu que era o garoto que foi arrastado para o luau junto com ela, e uau, ele era muito bonito.
pôs-se a observar o rosto do garoto. O nariz, a boca, parou um pouco ali, a boca dele era de um vermelho tão intenso que Vivan podia jurar que ele usava algo para deixá-la naquela cor, e os lábios eram carnudos, os mais bonitos que já havia visto. Os cabelos eram bem pretos e ela reparou que ele era asiático ou descendente dos mesmos. Foi aí que os olhos dele se encontraram com os dela.

Jin sentiu o coração acelerar por debaixo da blusa que usava, e ele simplesmente não conseguia acreditar no que seus olhos viam ali. Ele engoliu seco e sua visão ficou turva, ele achou que ia desmaiar ali na areia da praia. Fechou os olhos, achando que agora a garota além de persegui-lo em sonhos, perseguia-o acordado também em alucinações. Assim que abriu os olhos, ela continuava ali na frente dele, o olhando assustada.

— Tudo bem, moço? — ela questionou.

O que estava acontecendo? Ela era real? Ele não estava alucinando? Como aquilo era possível? Ela era exatamente igual a garota que ele sonhava todos os dias. Jin estava tão perplexo que abriu a boca para falar, mas não conseguiu.

A garota então se aproximou dele, abanando Jin com as mãos, achando que ele talvez estivesse passando mal, e de certa forma ele estava mesmo.

— Moço? — ouviu ela questionar de novo.

Nada. Jin mal respirava e não conseguia reproduzir nenhum som. A menina então pediu para a garota que os levou até ali, pegar água, e ela mesmo não entendendo nada, o fez. entregou a garrafa para Jin, que aceitou e bebeu quase a garrafa toda de uma vez. A menina o olhava, apoiada em seus joelhos, ainda assustada.

Jin passou novamente os olhos por ela, e sim era ela! Ele tampou a garrafa e começou a tentar se acalmar, ou ela acharia que ele era maluco.

— Me desculpe! — ele finalmente conseguiu falar — Acho que minha pressão baixou! Obrigada pela gentileza da água.

Ele entregou a garrafa para ela que pegou e deu um gole. Depois os dois se olharam. Jin ainda não acreditava que estava de frente para a garota dos seus sonhos.

— Imagina! Você está melhor mesmo?

Jin sorriu, ainda nervoso. pensou em como ele conseguia ficar ainda mais bonito sorrindo.

— Estou sim! Muito obrigado, mesmo. — ele passou a língua pelos lábios — Qual seu nome?

já tinha ensaiado todo um roteiro para caso conhecesse alguém pelo caminho que questionasse seu nome. Não estava ali para criar laços, para paquerar, só queria se reconectar consigo mesma, aceitar a morte do irmão, pensar no que fazer dali para frente. Não contaria seu nome de verdade para ninguém.

— Olívia! — ela mentiu.

Jin balançou a cabeça, encantado, com a boca meio aberta. Estava hipnotizado.

— E você? — “Olívia” questionou.

— Pode me chamar de Jin! — respondeu o moreno dizendo a verdade.

sorriu e estendeu a mão, Jin queria abraçá-la e dizer que sonhava com aquilo há meses, mas aí sim a garota o acharia um completo maluco, então ele apertou a mão dela. Os dois sorriam abertamente um para o outro, e engataram uma conversa.

Jin queria saber tudo sobre a garota que invadia seus sonhos todas as noites. O problema é que não havia falado a verdade de basicamente nada. Até que eles resolveram levantar um pouco, dançaram, beberam um pouco. Até que resolveu que precisava ir embora, estava ficando tarde.

— Eu levo você até onde está hospedada. É perigoso!

não queria ter que mentir mais uma coisa para Jin, ela havia gostado dele, ele parecia ser uma ótima companhia, mas realmente era perigoso ir embora sozinha aquela hora da noite numa cidade que não conhecia nada nem ninguém. Então aceitou. Assim que chegassem em alguma pousada perto da sua, ela diria que era lá e quando Jin fosse embora ela caminharia para sua verdadeira pousada.

— Você está sozinha, aqui? — Jin atreveu a se perguntar.

— Estou, vim sozinha! — ela olhou para ele.

Deus, como ele era bonito!

— Eu também vim sozinho. — ele jogou a isca.

, não era boba e percebeu o que ele estava querendo dizer.

— Se quiser, podemos nos encontrar amanhã! — mordeu o lábio com medo se arrepender.

Jin sorriu, como se fosse uma criancinha ganhando um presente.

— Eu posso vir te buscar na sua pousada.

— NÃO! — se exaltou e Jin se assustou.

— Imagina! Você tá longe daqui! Não vou me sentir confortável em te dar esse trabalho. A gente se encontra aqui nesta praia, perto do quiosque onde tava acontecendo o luau e decidimos para onde vamos, pode ser?

— Se você achar melhor, claro! Que horas? Umas nove?

assentiu que sim, e percebeu que sua pousada estava próxima, então parou de andar.

— É aqui! Prontinho, pode voltar para sua pousada. — ela sorriu sem graça por estar mentindo — Muito obrigada!

— Obrigado você também! Bom, então até amanhã! — ele levantou a mão dando um tchau sem saber direito o que fazer.

— Até! — retribuiu o aceno.

Jin não se aguentou e acabou depositando um beijinho rápido no canto da boca de e logo saiu correndo, tal qual mais uma vez como uma criança, e riu. Havia realmente gostado dele.



Jungkook detestava cozinhar, era péssimo nisso, mas precisava almoçar e não queria pedir nada, pois estava economizando. Decidiu que faria um yakisoba, corria o risco de ficar horrível? Obviamente, mas ele tentaria.
Agora ele precisaria cortar a cenoura, na receita falava que era para cortá-la em diagonal, então lá foi JK tentar fazer o processo, habilidoso que só, ele acabou por cortar a palma da mão com a bendita faca. Assustado com a quantidade de sangue que estava saindo e com a dor que estava sentindo, ele pôs a mão debaixo d'água na pia mesmo, com a intenção de estancar o sangue, mas não estava adiantando. JK começou a se desesperar e ele não tinha nenhuma caixinha com coisas de primeiro socorros em casa, então resolveu que iria ao pronto socorro mais próximo, como não estava em condições de dirigir, foi até o vizinho da frente e pediu que o mesmo solicitasse um carro pelo aplicativo e o vizinho questionou se ele queria companhia para ir até o hospital e Jungkook agradeceu. Pegou um pano de prato qualquer e cobriu o corte, que só sangrava. A cabeça de JK começou a doer assim que ele entrou no carro, devido a dor que sentia.

Pensou que nunca mais chegaria ao hospital, assim que chegou, se aproximou da recepção e contou o que havia acontecido, a recepcionista fez um breve cadastro do mesmo e pediu que ele aguardasse que seria chamado.

— Mas moça, está doendo muito e não para de sangrar!
— Vamos lhe atender rapidamente, peço que espere!

Jungkook assentiu e se sentou em um assento qualquer, o sangramento não parava e ele começou a perceber que não conseguia sentir a mão. Ficou imediatamente muito preocupado. Tirou o pano que cobria o corte e só via sangue. A cabeça e o corte latejavam sem parar.
Ouviu seu nome ser chamado em uma pequena porta por uma moça vestida de branco, então ele finalmente foi em direção à mesma que pediu que ele a seguisse.
Ela abriu uma portinha, adentrou por ela e JK fez o mesmo, de costas para ele, a moça pediu que ele se sentasse na cadeira preta e ele assim o fez. Quando a moça finalmente o olhou, JK pensou conhecê-la de algum lugar. E então ela se aproximou, ele finalmente a reconheceu. Mas estava um pouco atônito.

— Cortou com uma faca de cozinha, Senhor Jeon?
— Sim. — ele respondeu enquanto a ruiva tirava o pano de sua mão.
— Está conseguindo mexer os dedos?

Jungkook fez que sim com a cabeça, um pouco assustado.

— Só não sinto a palma da mão.

A enfermeira então pediu que ele se levantasse e ele assim o fez.

— Provavelmente você vai precisar dar alguns pontos aí, tá bom? Pode me acompanhar até a sala do médico, por favor?

Ele assentiu, olhando a enfermeira. Tinha certeza, era ela! Será que ela não havia o reconhecido ou estava apenas sendo profissional por causa de algum protocolo ou algo assim?
Assim que os dois adentraram a sala branca do hospital, pôs-se a falar com o médico, que aparentava estar já na casa dos seus quarenta e poucos anos. O médico cumprimentou Jungkook com um aperto no ombro e então pôs-se a olhar o machucado em sua mão.

— Olha, nada que alguns pontos não resolvam viu, Jeon Jungkook?

Jungkook fez uma careta ao ouvir a solução para o ferimento, mas fazer o quê?
A água gelada escorreu pelo corte de Jungkook e ele fechou os olhos, soltando um gemido de frustração e contraiu a mão.

— Calma! Vai passar rapidinho essa dor, me deixe limpar o ferimento, hum?

Ele abriu os olhos e ela o fitava com um sorriso terno nos lábios. Os cabelos castanhos estavam presos em uma trança, e ela parecia exausta. Jungkook sabia que ela era enfermeira e que os plantões dos últimos dias estavam sendo exaustivos.
Jungkook abriu a mão e deixou que a enfermeira limpasse o lugar. Após o feito, ele se sentou novamente e a enfermeira avaliou o ferimento em sua mão.

— O procedimento é bem rápido, o doutor já vem para fazer a sutura, ok?
— Seu nome é ? — ele questionou não prestando muita atenção ao que a enfermeira falava.

A morena olhou para ele assustada.

— Por que a pergunta? — ergueu uma sobrancelha.
— Porque se você não for, é muito parecida com uma que eu conheço! Nos conhecemos num aplicativo de relacionamentos!

começou a reparar nas feições do garoto. O cabelo roxo e cumprido, a pele branquinha. Pegou o celular, abriu o aplicativo, ampliou a foto e sim, era ele!
começou a rir e Jungkook também. Eles estavam há meses conversando e há dias tentando marcar um encontro, que nunca acontecia, sempre acontecia algo com ela ou com ele. Quem diria que eles iriam se encontrar num plantão de , cuidando de um ferimento feito a faca na mão de JK?

— Eu não consigo acreditar! — ela disse se recuperando da crise de risos.
— Nem eu!
— A gente foi se encontrar logo aqui? Logo desse jeito?

Jungkook riu e logo em seguida fez uma careta, sentiu o corte dar uma fisgada intensa.

— O que você tava fazendo Jungkook? E como eu não fui me ligar! Não existem muitos “Jeon's Jungkook 's" no mundo. Caramba!

abriu um armário, pegando os materiais necessários para já deixar tudo pronto para o médico.

— Eu te reconheci assim que entramos naquela primeira sala.

ficou vermelha. Ela estava um trapo, não dormia há dois dias, o cabelo sem lavar, não havia uma maquiagem sequer no rosto, ficou envergonhada de ser vista por Jungkook naquele estado. Ele era tão bonito! Como ela pôde não tê-lo reconhecido? Precisava muito de algumas folgas, sua cabeça não funcionava mais direito.
O doutor retornou para sala e permaneceu ao lado dele para caso ele solicitasse algo ou precisasse de ajuda. Nisso ela foi conversando com Jungkook, tentando distraí-lo da dor. Assim que o doutor acabou o procedimento ele passou as instruções para JK.

— Prontinho! Olha, isso é tipo uma mini cirurgia, viu mocinho? Você tem que tomar cuidado para não infeccionar isso aí, e para os pontos não arrebentarem. Em cerca de sete dias tem que voltar aqui para tirar eles.

Jungkook assentiu com a cabeça e agradeceu ao médico que saiu para fazer um receituário.

— Com você, no caso? — Jungkook se aproximou de ficando cara a cara com ela.

sentiu a garganta fechar e olhou os lábios do garoto próximo aos seus.

— O quê? Retirar os pontos? Com o Doutor, mas talvez a enfermeira de plantão seja eu! Quem sabe?!

se afastou de Jungkook, mesmo que sua vontade fosse de não o fazer. Mas estava em seu local de trabalho.

— E quando a gente vai de fato se encontrar? Já que nosso primeiro encontro foi graças a uma tragédia! — exagerou Jungkook.

riu, enquanto guardava os materiais de volta no armário.

— A gente se fala! Minha vida é uma bagunça JK, você sabe! — ela fez um muxoxo.

Jungkook mordeu o lábio.

— Você vai precisar comprar anti-inflamatórios. Aqui perto tem uma farmácia, passa lá agora e já compra. Você vai tomar um a cada oito horas, entendido?
— Qualquer anti-inflamatório? — perguntou Jungkook.
— O nome está aí na receita! — sussurrou fazendo JK ficar sem graça.

Agradeceu ao médico e se despediu dele, sendo acompanhado por até a saída da sala. Os dois se olharam e ficou na ponta dos pés para dar um abracinho em JK, que retribuiu com os braços em suas costas. Ela estava cheirosa.

— Até mais! A gente ainda vai conseguir se encontrar direito, eu juro! E se cuida! Qualquer coisa, qualquer dúvida me manda mensagem, tá?

JK sorriu ao vê-la preocupada.

— Pode deixar. Bom trabalho, e vê se arruma um tempo pra você! — ele piscou.

sorriu vendo-o sair pela porta que dava acesso à recepção do pronto socorro.

JK foi até a farmácia, comprou o anti-inflamatório, a mão ainda doía. Depois acabou por almoçar ali perto. Passou pela porta do hospital de novo, e ficou se perguntando que horas o plantão de acabaria. Decidiu que a esperaria, afinal de contas, ele não sabia quando finalmente teriam outra oportunidade de se verem. Esperaria por ela até a hora que fosse. Ali na porta mesmo.

JK olhou as horas no celular e já eram dez da noite, ele bufou e estava prestes a desistir quando apareceu no estacionamento do pronto socorro. Ela avistou Jungkook e esforçou as vistas, como se quisesse se certificar que era ele mesmo. O garoto correu até ela.

— Uau! Como você trabalha! — ele coçou a nuca.
— Você está fazendo o quê aqui, até agora? Passou mal?
— Não! Quer dizer, tá doendo um pouco, mas já tomei o anti-inflamatório. Eu estava te esperando!

JK abriu um grande sorriso. abriu a boca em formato de “o” e passou as mãos pelo rosto, cansada. Analisou o garoto, e pensou por alguns instantes: e se fosse ele que estivesse ligando para ela todos esses dias? Ficou assustada, ainda mais por ele ter esperado mais de 8 horas por ela ali. Será que ele sabia dos horários dela e havia cortado a mão de propósito só para ser atendido por ela?

— Putz, Jungkook! Como assim?
, quando é que teremos outra oportunidade como essa? — ele ergueu a sobrancelha — Você trabalha quase todos os dias, nos horários mais variados possíveis! Eu estou trabalhando até tarde e em alguns finais de semana também!

olhou bem dentro dos olhos de JK. Ele não parecia ser um psicopata. Mordeu o lábio, pensativa.
— Eu entendo, JK! Mas eu estou exausta! Não durmo há dois dias! Não como direito há semanas!
— Justamente! Vou te levar num lugar com a melhor comida dessa cidade, você se distrai, come bem, descansa e a gente ainda tem o nosso encontro. , pensa bem!

Ela finalmente estaria de folga amanhã, estava com um pouco de medo de Jungkook ser o seu stalker, mas ele estava a olhando com tanta vontade que ela decidiu aceitar.

— Tá bom, você tá de carro?
— Não, eu não consegui vir dirigindo.
— Claro! — ela bateu a mão na testa — Então vamos no meu. Pra onde você vai me levar?
— É surpresa! — JK piscou.

dirigia de acordo com as orientações de JK. Ele era muito engraçado, então ela e ele riram o caminho inteiro, até finalmente pararem em frente ao grande Philadelfia Park e Bowling.

Estacionaram o carro e desceram.

— Você me trouxe para jogar boliche?
— Sim! Lembra que você me disse que o primeiro encontro ideal seria num lugar onde pudesse jogar boliche? A gente inclusive marcou de vir aqui umas três vezes.

sentiu que havia ficado corada de novo, como ele lembrava daquilo?
Os dois adentraram o lugar, que estava um pouco cheio, logo conseguiram uma pista.

— JK, sua mão? — questionou enquanto se ajeitava para pegar uma bola.
— Eu tenho duas mãos e você é enfermeira! — ele piscou fazendo a ruiva gargalhar.

era ótima no boliche, enquanto Jungkook… Coitado, era péssimo! Pelo menos estava fazendo rir. Ela bem que tentou dar algumas dicas pro garoto, mas de nada adiantava.

— Eu não sou tão ruim assim, é porque estou capenga da minha melhor mão!
— Aham, sei! — gargalhou outra vez.

Depois de algumas partidas, os dois resolveram pedir algo para comer.

— Que bom que você insistiu para que eu viesse!

Jungkook sorriu e pegou a mão dela sobre a mesa. subiu o olhar até ele.

— Então, você não se arrependeu?

riu.

— Claro que não! Eu me diverti muito hoje. Como não me divertia há tempos com alguém, obrigada mesmo.
— Eu que te agradeço! Foi o encontro mais inesperado da minha vida! Ainda bem que cortei a minha mão!

deu um leve tapinha no ombro de JK.

— Credo! — eles riram — Espero de verdade que a gente possa ter outros encontros.
— Teremos! Você não vai se ver livre de mim assim tão fácil, Senhorita !



Jimin era só sorrisos quando chegou ao escritório, agora verdadeiramente um funcionário. Havia sido efetivado, finalmente, depois de dois anos de estágio. Hoje nada poderia acabar com sua alegria e tirar o sorriso estampado em seu rosto, nem mesmo o infeliz de seu padrasto.
Adentrou a sala de seu chefe que havia o chamado assim que ele chegasse. Sentou-se de frente ao mesmo, que o parabenizou pela contratação e não poupou elogios ao desempenho do rapaz durante o período de estágio. Jimin aumentou o sorriso e agradeceu o chefe pela oportunidade e prometeu ao mesmo que não o decepcionaria.

— Jimin, a partir de hoje, sua rotina e funções mudam um pouco tá?

Jimin ficou um pouco preocupado, bom quando estagiário, ele aprendeu um pouco de cada função, mas a que ele ficou mais tempo foi ajudando Leona com a parte de desenvolver e manter a imagem das marcas dos clientes. Mas ele topava qualquer coisa, afinal de contas se sentia completamente capacitado para assumir qualquer função e sabia que era muito bom em tudo que se propunha a fazer.

— Certo! Como quiser! — Jimin voltou a sorrir.
— Leona não faz mais parte do quadro de funcionários da empresa. O marido dela foi promovido e eles vão se mudar, e eu resolvi que a , vai assumir o lugar dela por já ter trabalhado lá antes de termos você! Eu já até falei com ela! E você fica com as funções dela.

Jimin tentou buscar a imagem de na mente, e se lembrou de ter falado brevemente com ela quando aprendeu um pouco de cada função, e se ele bem se lembra ela ficava responsável por desenvolver produtos, desenhos de embalagens, criar conteúdos para rótulos, participava de escolhas de formatos, cores, materiais e etc.

— Certo! Sem problemas nenhum!
— Você vai ter a como parceira, ok? Vou mantê-la na função, porque ela entende muito e desde que entrou aqui, ela fica com essa parte, tudo bem?
— Tudo bem! — Tentou se lembrar da tal , mas sem sucesso.
— Pode se sentar lá na mesa dela e esperar por ela, já já ela deve estar aí!

Os dois deram as mãos e o chefe o desejou boa sorte. Assim que Jimin saiu da sala do chefe, acenou para ele, sorridente. Ele acenou de volta e caminhou até a morena.

— Bem vindo, oficialmente agora Park Jimin! — estendeu a mão para o rapaz e depositou um beijinho em sua bochecha.

Ele retribuiu o beijo na bochecha da mesma e agradeceu.

— Pode sentar aqui, na minha mesa ou na da , ela já deve estar chegando. Eu vou indo, tenho muita coisa para fazer, você bem sabe como é lá né?
— Sei sim, é bem corrido lá! Boa sorte, ! Se precisar de ajuda! — Ele piscou.

Jimin escolheu uma das mesas e logo começou a colocar suas coisas sobre a mesma, ignorando completamente as coisas de , já postas ali. Terminou de arrumar suas coisas e saiu para pegar um café.
cumprimentou alguns colegas enquanto caminhava em direção à sua mesa. Quando chegou até a mesma, notou logo de cara que tinha algo estranho, suas coisas estavam todas num canto e havia coisas de outra pessoa dispostas ali. Olhou a mesa de , que estava quase vazia e achou estranho. O dia mal havia começado e ela já estava estressada.
Jimin voltou e se sentou na cadeira de , ajustando a mesma para suas medidas e fitou a garota de cabelos loiros claros olhando-o com cara de poucos amigos.

— Pois não? — Ele ergueu uma sobrancelha.
— Pois não? — ergue a sobrancelha de volta e bufou logo em seguida — O que você está fazendo na minha mesa estagiário?
— Sua mesa? — Ele olhou ao redor — Estagiário?

Jimin gargalhou, o que fez com que sentisse cada poro de seu corpo ferver, e claro, provavelmente seu rosto estava vermelho como um pimentão, pois ela sempre ficava assim quando ficava com raiva. era conhecida por ter o pavio curto. Jimin estava provocando a garota errada.

— Ah, eu errei? Você não é estagiário, é menor aprendiz né? — Ela jogou a pasta sobre os papéis dele.
— Olha, querida — Ele começou, irônico. — Nem um, nem outro, agora acredito que sou seu mais novo parceiro de trabalho! Você é a não é?

olhou para Jimin com cara de desdém. Novo colega de trabalho? Como assim? O aprendiz só podia estar delirando.

— Muito boa a piada, aprendiz! Agora vaza da minha mesa e chame a por favor!

Jimin voltou a gargalhar e cruzou os braços abaixo do tórax fazendo com que alguns músculos se destacassem na camisa branca perfeitamente passada. passou a língua pelos lábios ao observar, algo que não passou despercebido por Jimin, que sorriu, maliciosamente.
balançou a cabeça, voltando para a realidade, quando o chefe a chamou até a sala dele.

— Quando eu voltar, quero minha mesa do mesmo jeito que eu encontrei, aprendiz!

O chefe gritou para que Jimin viesse também e voltou a arquear as sobrancelhas estranhando o fato.
Os dois se sentaram e o chefe disparou:

— Já conheceu seu novo parceiro de trabalho? — O chefe sorriu.

voltou o olhar para Jimin, que sorriu debochado de volta para a nova parceira.

— O menor aprendiz? E a ? Ela não comentou nada comigo de uma possível mudança!

O chefe a corrigiu:

— O Jimin não é menor aprendiz , por favor, não comece com suas implicâncias com os novatos! O Jimin era estagiário e foi efetivado.
— Certo, meus parabéns Jimin! — Ela lançou um olhar furioso na direção dele que lhe lançou um beijo com as mãos — E porque ele não está com a Leona?

cruzou os braços irritada e o chefe revirou os olhos. Só não a mandava embora porque ela era extremamente competente.

— Porque a Leona pediu demissão e a foi para lá, ela só soube hoje quando chegou, assim como você!
— Então bota ele com a , horas! É a única coisa que ele tem experiência.
, por favor! — O chefe bateu a mão sobre a mesa fazendo com que os dois se assustassem.

Jimin segurou o riso.

— Eu acho que o Jimin tem perfil e gabarito o suficiente para assumir essa função, e você vai me prometer, que não vai sabotá-lo, porque se isso acontecer já sabe, não é? E vai ajudá-lo, vai ensiná-lo com paciência e competência, porque isso eu sei que você é!

bufou, ainda irritada, mas o que ia fazer? Ele era o chefe. Olhou Jimin que mantinha aquele maldito sorriso debochado.

— Tudo bem! Não tenho outra escolha! Vamos aprendiz! — Ela se levantou dando as costas aos dois.
! — repreendeu o chefe — Jimin, ela é uma boa pessoa! Com o tempo você vai ver! Me desculpe!
— Imagina! Ela não me intimida! Mesmo que ela não me aceite, eu farei o meu melhor.

Ele saiu da sala e viu de longe resmungando, fazendo caretas e gestos com as mãos, mudando suas coisas para a mesa que era de . Jimin sorriu.

— Jimin um, zero!

Ele gargalhou e lhe tacou um caderno.



Jimin buzinou três vezes, e logo o amigo apareceu. Jimin sorriu, estava feliz de ter reencontrado Hoseok. Na faculdade, os dois mesmo de cursos distintos faziam tudo juntos. Estudavam juntos na biblioteca, lanchavam juntos, até os trabalhos faziam juntos, mesmo os cursos não tendo nada a ver um com o outro. Depois que se formaram, nunca mais se viram ou se procuraram. Devido a correria da vida, os dois se distanciaram, mas por um acaso do destino os dois se esbarraram em uma farmácia. Jimin logo reconheceu o amigo que mesmo loiro, tinha os mesmos traços da época da faculdade. Hoseok mal acreditou quando o rapaz disse que era Park Jimin.
Depois da farmácia, os dois foram comer alguma coisa para que pudessem conversar sobre como a vida andava. Jimin contou que ainda tinha problemas com o padrasto, mas que agora estava efetivado numa empresa de publicidade com um bom salário e que assim, logo poderia sumir com a mãe da casa do padrasto, Jimin estava muito feliz e Hoseok se alegrou pelo amigo, ele era uma boa pessoa. Já Hoseok contou que pouca coisa havia mudado, ele também estava trabalhando na área, continuava morando e cuidando do pai, mas que ainda era muito fechado, e ainda não conseguia fazer amigos. Foi aí que Jimin teve a ideia: no sábado haveria uma confraternização do escritório para comemorar as metas batidas. Seria numa chácara com tudo pago e se os funcionários quisessem poderiam dormir por lá e cada um poderia levar um acompanhante. Jimin não levaria ninguém até aquele momento, então resolveu ajudar o amigo a se soltar mais e fazer amizades, e também ele não tinha muitos amigos no escritório. Além de e , bom, não era bem uma amiga, eles se aturavam, e Jimin e estavam ficando muito amigos, e como ela era amiga de e sua parceira de trabalho, eles eram obrigados a conviver juntos nos almoços e cafés, além das oito — às vezes dez — horas de trabalho.
Jimin chamou Hoseok para ser seu acompanhante na confraternização, o que o garoto de primeira recusou, pois não se sentiria confortável e achou que Jimin só o estava chamando por pena. Mas Jimin não aceitou a resposta do amigo e insistiu, disse que passaria em sua casa às quatorze horas no dia, pediu que o amigo fizesse uma pequena mochila e que não aceitava não como resposta. Os dois trocaram telefones, se despediram e voltaram para suas casas. Ambos felizes de terem se reencontrado, especialmente Hoseok. O sentimento de solidão, havia diminuído em seu peito. Conversou com o pai sobre o passeio, com receio do mesmo ficar sozinho, mas o pai estava adorando a novidade e incentivou o filho a ir com o amigo.
Os dois se cumprimentaram assim que Hoseok entrou no carro. O amigo reparou que Hoseok estava cheiroso.

— Tomou banho no perfume? — os dois gargalharam.
— Meu pai também disse que eu exagerei! — ele ficou vermelho enquanto rodava um dos anéis no dedo.
— Olha, eu não tenho intimidade assim com todo mundo não, sabe? Tipo, eu ainda sou meio novato, e acabou que por eu ser estagiário sou um dos mais novos lá, tipo você lá no seu trabalho. Eu tenho duas amigas lá. Bom, mais ou menos, uma delas eu só aturo porque é minha parceira de trabalho, ela é insuportável, então por favor nada se apaixonar por ela!

Hoseok riu alto — como sempre fazia — e bateu a mão na perna de Jimin.

— Só estou indo porque você me obrigou, esqueceu?

Jimin olhou ofendido para o amigo que voltou a gargalhar.

— Brincadeira, amigo! Fiquei muito feliz com o convite, e estou indo para te fazer companhia.

Jimin estacionou o carro e os dois desceram, se aproximando de onde estava vindo o barulho, todos esperavam um dia ensolarado para cair na piscina, mas o dia estava nublado e frio o que fez com que pelo menos Jimin e Hoseok se agasalhassem. Jimin vestia uma camiseta branca e calças jeans e um casaco com estampas em cores claras que refletia certo brilho e o cabelo loiro dessa vez, diferente do dia a dia não estava em um topete e sim partido ao meio, fazendo com que ele parecesse mais informal e Hoseok não estava muito diferente do amigo, vestia uma camiseta branca com calças jeans, um casaco lilás bem claro com bolsos com algumas plumas e o cabelo também não estava liso como de costume, estava um pouco bagunçado e parecia até meio enrolado.

Assim que os dois adentraram Jimin começou a cumprimentar alguns colegas que estavam por ali e apresentou Hoseok a eles, é claro. E começou a procurar e , bom não que ele fizesse questão de ver , mas como as duas eram grudadas, se visse uma, ele com certeza veria a outra.

Hoseok apertou o ombro do amigo.

— Onde você quer sentar?
— Estou procurando as meninas, vamos nos sentar com elas.

Hoseok assentiu.

— Esse lugar é enorme e tem bastante gente. — Hoseok comentou — Me descreva elas que eu te ajudo a procurar.
— Ah, uma delas é minúscula e tá sempre com a cara feia, parece o zangado dos sete anões.

Hoseok gargalhou levando as mãos até a boca para abafar o som de sua risada.

— Essa provavelmente é a sua parceira?
— Sim.
— Mas eu perguntei de aparência!
— Ah, eu não reparo nela! — mentiu Jimin.
— Ok! — Hoseok deu de ombros — Então como é a outra?
— Tem os cabelos bem curtinhos, bem curtinhos mesmo, e pretos.

Hoseok se afastou um pouco do amigo e deu uma geral no lugar, até que vislumbrou uma garota que se enquadrava na descrição dada pelo amigo. Hoseok estreitou os olhos e bom, ela era a única garota com os cabelos curtos por ali. E gargalhava de algo que outra garota em pé ao seu lado dizia.

— Acho que achei! — Hoseok chamou Jimin com a mão — São elas?
— ISSO! São elas! Vamos!

Jimin saiu na frente com Hoseok logo atrás.

— Nem para pegarem uma mesa? Aposto que foi a que escolheu sentar aqui.
— Ai, menino, me esquece! Nós vamos ter que aturar ele a festa inteira? , você me paga!

e Jimin se olharam e ele como sempre sorriu debochado, afinal de contas adorava implicar a parceira. E fez uma careta para ele.

— Não sei se você tá vendo direito, talvez esteja com problema de visão, mas não tem mais mesas! Chegamos agora mesmo e agradeça a que achou esse lugar aqui para a gente sentar, Park Jimin!

balançou a cabeça enquanto os amigos se implicavam e então reparou no garoto que estava ao lado de Jimin observando e Jimin discutirem, segurando o riso.
Ele era tão bonitinho, pensou . Seria irmão de Jimin?

— Vocês estão assustando o rapaz! Tenham modos! — interrompeu a discussão inútil dos amigos.

Hoseok direcionou o olhar para onde vinha a voz e uau. Assim de perto ela era incrivelmente bonita. E tinha um sorriso ainda mais bonito. Hoseok sentiu que estava para ficar vermelho e Jimin bateu uma das mãos nas costas do amigo.

— Esse é o Hoseok, meninas!
— Seu irmão? — questionou para Jimin.
— Se for seu namorado não precisa mentir, viu? Nem eu, nem a somos homofóbicas! E ninguém na empresa é também! Inclusive, ele é muito bonito para você, Jimin! Prazer Hoseok, eu sou a ! Infelizmente sou parceira de trabalho do seu namorado, mas olha que somos só parceiros mesmo, viu?

Hoseok apertou a mão de rindo. E Jimin revirava os olhos.

— Sei que está fazendo isso para me tirar do sério! Como se não bastasse você me encher a paciência de segunda a sexta.

gargalhou ao ver que tinha conseguido.

— Brincadeira, Hoseok! Vocês são irmãos?
— Não! Somos amigos da época da faculdade.
— Ah, então posso te cumprimentar direito.

depositou um beijo na bochecha de Hoseok.

— Nada de tentar seduzir meu amigo! Prefiro que ele fique com você, ! Deus me livre de ter que aturar a com um dos meus melhores amigos!

Hoseok ficou vermelho e então deu um soquinho nas costas do amigo. e riram da reação do garoto.

— Ele não faz meu tipo, aprendiz! Nada contra, Hoseok! Mas eu prefiro homens com barba, sabe?

Hoseok voltou a gargalhar, ainda vermelho.

— Vamos parar com isso! O menino está assustado, com certeza! Não liga, Hoseok, eles são assim, 24/7.
— Como você aguenta? — os dois riram e Jimin e ficaram ofendidos.
— É uma boa pergunta, Hoseok! Você também é publicitário?

se levantou de onde estava sentada.

— Não, sou químico! — respondeu sem jeito.
— Uau! — colocou uma das mãos nos ombros de Hoseok — Amiga, pode investir!

fez uma cara séria para como se dissesse que a brincadeira não tinha sido de bom tom e ela deu de ombros.

— Que legal! Nunca conheci um químico! — ela piscou e Hoseok voltou a ficar vermelho.

achou ele a coisa mais graciosa que ela poderia ver naquela noite. Garotos tímidos tinham um lugar em seu coração. Ela mesmo havia demorado muito tempo para superar a timidez, e sabia muito bem como Hoseok estava se sentindo.

— Você não queria uma bebida, ? Eu também quero, vamos pegar?

finalmente tirou a mão do ombro de Hoseok e falou que sim. Antes, passou por Hoseok e depositou um beijo em sua bochecha, segurando a outra parte do rosto dele com uma das mãos.

— Prazer Hoseok!

Ele nada conseguiu dizer, apenas sorriu para a garota.

— Olha só! Você tá fazendo sucesso J—Hope, tem até marca de beijinho na bochecha!

Hoseok fez uma careta pro amigo ao ouvir o apelido.

— Elas só estão sendo educadas, Jimin. Mas elas são bonitas! Especialmente a .

Jimin começou a fazer cosquinhas no amigo, que ria enquanto tentava segurar as mãos do amigo.

— Quer beber alguma coisa? — Jimin questionou.
— Sim, o mesmo que você beber.
— Senta aí que eu vou lá com as meninas e a gente já volta.

Hoseok assim o fez. Despercebidamente ele levou a mão até a bochecha onde o amigo havia dito que estava a marca e sorriu.

Jimin alcançou as meninas, puxou o cabelo de que resmungou e lhe deu um tapa.

— O que tem para beber?
— Você não pode beber, menor aprendiz!

Jimin revirou os olhos.

— Você com um metro e meio quer falar o quê? Você parece ter quinze anos, !
— Fico feliz de parecer mais nova! — ela pegou no queixo dele rindo e Jimin achou estranho.
— Tem cerveja, tem caipirinha e um monte de drinks e você pede ali! — apontou para uma espécie de bar — Você deixou o seu amigo sozinho?

Jimin disse que sim e perguntou porque.

— Coitado, Jimin! Ele é super tímido. Não se larga pessoas tímidas sozinhas!
— Mas eu tenho certeza que ele preferiu ficar lá sentado quietinho do que encarar essa multidão toda aqui!
— Ele é tão bonitinho! — fez um biquinho.

Jimin sorriu para a amiga, deu mais um puxão no cabelo de e foi para o bar. Quando voltou passou por e novamente, elas conversavam com Dinah, uma senhora que era responsável por captar novos clientes para o escritório.

Sentou—se ao lado de Hoseok e lhe entregou a cerveja.

— Tudo na paz por aqui?
— Claro! — Hoseok ergueu a cerveja e os dois brindaram.

Jimin olhou para as garotas e voltou a olhar para J—Hope — gostava do apelido e não entendia porque o amigo não — e teve uma ideia. Assim que olhou para eles para se certificar que eles estavam mesmo ali, Jimin se afastou de J—hope, deixando um bom espaço entre os dois, ergueu as sobrancelhas e ele bateu com a mão no lugar dizendo a mesma que era para ela se sentar ali ao lado do amigo, no meio dos dois. Ela fez um gesto com as mãos que já estava indo.

— O que você tá fazendo, Jimin? — Hoseok questionou o amigo sem entender.

Jimin voltou a se aproximar do amigo e cochichou em seu ouvido.

— Dando espaço para que a se sente ao seu lado. Quando fui pegar as cervejas ele me disse que você era bonito.

Hoseok sentiu as bochechas esquentarem, e então gargalhou dando um tapa no ombro do amigo.

— Não seja bobo, Jimin! Você espera que eu acredite? — ele voltou a rir.
— Eu mentiria uma coisa dessa pra você Jung Hoseok? — Jimin colocou a mão no peito, ofendido.

J—Hope olhou pro amigo e bagunçou—lhe os cabelos. voltava para onde eles estavam e Jimin abriu novamente espaço para a amiga que segurou o vestido longo para não pisar na barra do mesmo enquanto passava por Jimin. Sentou—se no meio dos amigos.

— Seu amigo te deixou aqui sozinho, né? Eu briguei com ele, ele te falou?

Hoseok sentiu o hálito quente e bater em seu pescoço enquanto ela falava com a boca próxima a seu ouvido. O corpo dele havia reagido, e ele estava arrepiado. Engoliu seco enquanto tomava um gole da cerveja.

— Não! Ele é muito vaidoso para contar isso! — os dois gargalharam.

Depois disso se aproximou e deu um sorrisinho ao ver a amiga com Hoseok, sentou—se ao lado de Jimin, e colocou um dos braços sobre um dos ombros dele. Jimin a olhou com cara de assustado.

— Ai, eu estou bêbada, ok? Me deixe! Aliás, obrigada por ter trago seu amigo, a estava precisando conhecer gente nova! Pelo menos uma dentro, né menor? Eu até poderia te dar um beijinho na bochecha por isso!

Jimin fez cara de nojo, o que fez rir. Mas ele não tirou o braço dela de lá e ela também não se afastou.

Hoseok e conversavam sobre as profissões e disse que estava impressionada com o trabalho do rapaz.

Até que a cerveja de ambos acabou.

— Vai querer mais uma, Hoseok? — apontou para a cerveja —
— Vou sim, e você?
— Vou! Bora lá buscar?

Hoseok se levantou e ergueu a mão gentilmente para que aceitou. Assim que ela se levantou acabou pisando na barra do vestido e se desequilibrando um pouco, Hoseok com o reflexo mais rápido que de um gato a segurou pela cintura impedindo que ambos caíssem no chão. Agora ali estavam os dois, com os rostos colados um no outro, tanto que podia sentir a respiração dele bater em seus lábios. Ambos não reagiram de primeira, e Hoseok acabou por apertar a cintura fina de que fez o mesmo com os ombros do loiro. O que era aquela sensação?


Continua...


Nota da autora: Olá! Se gostar da história, não esqueça de me dizer o que tem achado!


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